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Lei N° 10831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 Situagao: Vigente Publicado no Diario Oficial da Unido de 24/12/2003 , Seco 1, Pagina 8 Ementa: Dispe sobre a agricultura orgéinica e dé outras providéncias. Histérico: Vide Decreto n° 6323 de 27/12/2007 Os textos legais disponiveis no site sio meramente informativos e destinados a consulta / pesquisa, sendo imprépria sua utilizacao em aces judi PRESIDENCIA DA REPUBLICA LEI N° 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 © PRESIDENTE DA REPUBLICA: Faco saber que 0 Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lel: Art, 1° Considera-se sistema orgnico de produgdo agropecuaria todo aquele ‘em que se adotam técnicas especificas, mediante a otimizagao do uso dos recursos naturais € socicecondmicos disponiveis e 0 respeito & integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econdmica e ecolégica, a maximizaco dos beneficios sociais, a minimizago da dependéncia de energia ndo- renovavel, empregando, sempre que possivel, métodos culturais, biolégicos & mecdnicos, em contraposicao ao uso de materiais sintéticos, a eliminacao do uso de organismos geneticamente modificados e radiacdes ionizantes, em qualquer fase do processo de producao, processamento, armazenamento, distribuicao comercializacéo, e a protecéo do meio ambiente. § 1° A finalidade de um sistema de produc&o organico é. T- a oferta de produtos saudaveis isentos de contaminantes intencionais; Il - a preservacéo da diversidade biolégica dos ecossistemas naturais e a recomposic&o ou incremento da diversidade biolégica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de producao; III - incrementar a atividade biolégica do solo; IV - promover um uso saudavel do solo, da agua e do ar; e reduzir a0 minimo todas as formas de contaminacéo desses elementos que possam resultar das praticas agricolas; V - manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo; VI - a reciclagem de residuos de origem orgnica, reduzindo ao minimo 0 emprego de recursos néo-renovaveis; VIL - basear-se em recursos renovaveis e em sistemas agricolas organizados localmente; VIII - incentivar a integraco entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos organicos e a regionalizacdo da produgéo e comércio desses produtos; IX - manipular os produtos agricolas com base no uso de métodos de elaboracao culdadosos, com o propésito de manter a integridade organica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas. § 2° O conceito de sistema organico de produgSo agropecuaria e industrial abrange os denominados: ecolégico, biodinémico, natural, regenerativo. biolégico, agroecolégicos, permacultura e outros que atendam os principios estabelecidos por esta Lei. Art, 2° Considera-se produto da agricultura organica ou produto orgénico, seja ele in natura ou processado, aquele obtido em sistema organico de producdo agropecuério ou oriundo de processo extrativista sustentavel e nao prejudicial a0 ecossistema local. Paragrafo tnico. Toda pessoa, fisica ou juridica, responsavel pela geragéo de produto definido no caput deste artigo é considerada como produtor para efeito desta Lei. ‘Art. 3° Para sua comercializagéo, os produtos orgdnicos de verdo ser certificados por organismo reconhecido oficialmente, segundo ci estabelecidos em reguiamento. § 1° No caso da comercializacéo direta aos consumidores, por parte dos agricultores familiares, inseridos em processos préprios de organizacao e controle social, previamente cadastrados junto ao érgao fiscalizador, @ certificagio sera facultativa, uma vez assegurada aos consumidores e ao érgao fiscalizador a rastreabilidade do produto e 0 livre acesso aos locais de -producéo ou processamento, § 2° A certificagio da produc&o organica de que trata o caput deste artigo, enfocando sistemas, critérios e circunstdncias de sua aplicacdo, sera matéria de regulamentacdo desta Lei, considerando os diferentes sistemas de certificacdo existentes no Pais. Art, 4° A responsabilidade pela qualidade relativa as caracteristicas regulamentadas para produtos orgdnicos caberé aos produtores, distribuidores, comerciantes e entidades certificadoras, segundo 0 nivel de participacdo de cada um Pardgrafo Unico. A qualidade de que trata o caput deste artigo ndo exime os agentes dessa cadela produtiva do cumprimento q de demais normas e regulamentos que estabelecam outras medidas F relativas & qualidade de produtos © processos. Art, 5° Os procedimentos relativos & fiscalizacio da producio, circulagao, armazenamento, comercializacao e certificagao de produtos organicos nacionais € estrangeiros, serao objeto de regulamentacao pelo Poder Executivo. § 1° A regulamentacdo deveré definir e atribuir as responsabilidades pela implementacao desta Lei no 4mbito do Governo Federal § 2° Para a execucio desta Lei, poderao ser celebrados convénios, ajustes acordos entre érgaos e instituides da Administracéo Federal, Estados e Distrito Federal. Art, 6° Sem prejuizo das responsabilidades civil e penal cabiveis, a infracéo das disposices desta Lei seré apurada em processo administrativo e acarretar, nos termos previstos em regulamento a aplicacdo das seguintes sangées, isolada ou cumulativamente: I~ adverténcia; II - multa de até R$ 1.000.000,00 (um milho de reais); III - suspensao da comercializagao do produto; IV - condenacao de produtos, rétulos, embalagens e matérias-primas; V - inutilizagao do produto; VI - suspenséo do credenciamento, certificago, autorizacéo, registro ou licenga; VII = cancelamento do credenciamento, ‘certificacéo, autorizacio, registro ou licenga. Art, 7° Caberé ao érgéo definido em regulamento adotar medidas cautelares que se demonstrem indispensdveis ao atendimento dos objetivos desta Lei, assim como dispor sobre a destinaco de produtos apreendidos ou condenados na forma de seu regulamento § 1° 0 detentor do bem que for apreendido podera ser no- meado seu depositério, § 2° Os custos referentes a quaisquer dos procedimentos mencionados neste artigo correrdo por conta do infrator. Art, 8° As pessoas fisicas ou juridicas, de direito publico ou privado, que produzam, transportem, comercializem ou armazenem produtos organicos ficam obrigadas a promover a regularizagdo de suas atividades junto aos érgéos competentes. Paragrafo Unico. Os procedimentos de registro, cadastramento, licenciamento outros mecanismos de controle deverao atender ao disposto no regulamento desta Lei e nos demais instrumentos legais pertinentes. Art, 9° Os insumos com uso regulamentado para a agricultura organica deverso ser objeto de processo de registro diferenciado, que garanta a simplificaco e agilizagdo de sua regularizacao. Pardgrafo nico. Os érgos federais competentes definiréo em atos complementares os procedimentos para a aplicabilidade do disposto no caput deste artigo. Art, 10. Para o atendimento de exigéncias relativas a medidas sanitérias fitossanitérias, as autoridades competentes deverdo, sempre que possivel, adotar medidas compativeis com as caracteristicas e especificidades dos produtos organicos, de modo a nao descaracteriza-los. Art, 11. O Poder Executive regulamentaré esta Lei, definindo as normas técnicas para a producdo organica e sua estrutura de gestdo no ambito da Unido, dos Estados e do Distrito Federal § 1° A regulamentaggo deverd contemplar a participacéio de representantes do setor agropecudrio e da sociedade civil, com re- conhecida atuacéo em alguma etapa da cadeia produtiva organica. § 2° A regulamentagao desta Lei sera revista ¢ atualizada sempre que necessério e, no maximo, a cada quatro anos. Art. 12. (VETADO). Pardgrafo Unico. O regulamento desta Lei deverd estabelecer um prazo minimo de 01 (um) ano para que todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva possam se adequar aos procedimentos que nao estejam anteriormente estabelecidos por regulamentacao oficial. Art, 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicago. LUIZ INACIO LULA DA SILVA Marcio Thomaz Bastos Roberto Rodrigues Marina Silva

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