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“ © Folclore “uss? Historia: Costumes |¢ As Teatro Ovodoro © Antropologie © Sociologia IGREJA DO LIVRAMENTO @ Ernani Méro i MACEIO" < rnin m Maceid, como nas demais cidades antigas teve as suas igrejas construidas E pelos brancos, negros e mulatos. A igreja do Livramento tinha a sua irmandade que era constituida de homens mulatos conforme reza o seu estatuto. No local onde se ergue o simpatico templo, entdo rua da Rosa, depois do Livramen- 1 © hoje Senador Mendonga, foi construfda uma modesta capela coberta de palha em honra da Senhora do Livramento Pelo final do século XVIII 0 devoto José de Mendonga Matos Moreira construiu 0 pequeno templo, cuja fotografia encontramos na obra de Craveiro Costa a pagina 104 Em 1820, Melo Povoas ordenou a José da Silva Pinto a tragar a planta da Vila de Maceid, constando a capelinha do Livramento. Em 2de marco de 1825 foi organizada a Irmandade da Senhora do Livramento, ten- do 0 seu compromisso a aprovagdo do Bispo de Olinda em 20 de novembro do mesmo ano. Teatro Deodoro No primeiro capitulo do Compromisso esta escrito: “pfimeiramente ordenamos que nao serio admitidos a esta Irmandade para irméos dela sengo homens pardos Irmandades de Felix Lima Junior Em nosso Brasil foi costume existir uma discriminagio racial entre as irmanda- s. Assim, tivemos as dos negros, mulatos e brancos. Mesmo chegando ao absurdo em. ‘ermos de religido, houve um lado positivo que foi o grande mimero de templos cons truidos de grande expresso artisti Em 1825 foi iniciada a construcao de outro templo no local do primitivo. O terreno da capela havia sido doado pelo irmao benfeitor Antonio José Branco ¢ entre os demais encontramos 0 nome de Antonio Ferreira Batalha, Ouvidor da Comarca ¢ personagem da historia de nossa Emancipacio Politica, Em 1870 0 Capuchinho Frei José Maria Cataniceta nas missbes pregadas moti povo acolaborar na construcio do novo templo. O Governo da Provincia esteve presen te concedendo donativos Coube ao Vigitrio Cénego Antonio Procépio da Costa a conclusio da obra, tendo.co tocado a eumieita em 17 de fevereiro de 1883 Data de 1996 a construgao da torre, tendo trés sinos e um deles fundido em Coruri pe por Nicolau de Oliveira e Silva & Cia. Na torre existe un rel6gio que fora ofertado pelo dr. José de Barros Wanderley de Mendonca. Sio estes os iinicos registros encontrados nas minhas pesquisas, alias, cada dia torna-se mais dificil as fontes de informacao. A seguir tentaremos descrever os detalhes do estilo do templo e caracteristicas ou: tras ASPECTos ARTISTICOS A fachada do simpattico templo da Senhora do Livramento é de uma traca de linha eclética, onde existem detalhes de um barroco tardio e neoclassico, este trazido@ja Missio Francesa e tido como estilo oficial da Corte no Brasil ‘A porta central é almofada, tendo ombreiras em fingimento de pedra com verga em arco pleno e bandeira em madeira, também almofadada. As portas laterais sac duas em estilo almofadado com fingimento de colunas Déricas nas ombreiras, vergas curvas e banderas," igualmente de madeira almofadada. ‘A jamela central tem verga horizontal e gradil tinico de ferro trabalhado, sendo que as duas laterais seguem 0 mesmo estilo ‘No todo da fachada tém fingimentos de colunas Déricas, sendo que nos panos late~ rais existem de cada lado um nicho com as imagens de Santa Helena ¢ Nossa Senhora 40 Livramento, amparando uma crianga, creio que € de pedra ou marmore, apresentando-se como uma boa escultura. : ‘A torre é central e tinica de forma quadrangular e meio esguia com quatro sinei- ras. Em cada dngulo da torre vemos fingimentos de colunas Jénicas jé meio arruinadas Teatro Deodaro pelo tempo. E interessante que o mestre cesprezou a linha Dori usar o estilo Jénico, Nos cunhas da tore tem fingimento de piesa Joncas gee se bem ¢ entregam em cima numa cornija sobre a qual esti construida uma balaustrada que liga os quatro coruchéus em forma de pirdmides, arrematando as pilastras. A co- bertura ¢ bulbar revestida de azulejos de um bom estilo, Ainda, podemos notar que sob 4 sineira central existe um éculo que foi prejudicado com a colocagio do relégio. No imo do bulbo tem uma cruz de ferro trabalhada. Um aspécto importante que passa de- apercebido € que a torre unica e central esta construida sobre quatro pilustras com. cos plenos 3 maneira de alpendre, sendo que um da acesso ao templo no nivel da rua, outro a nave e dois laterais que se encontram fechados por paredes, motilando a unida- oa Fm resumo a fachada é elegante e bem dentro de uma traga que podemos conside- rar ecletica, onde ha uma simbiose de estilos: barroco tardio, académico e art- “Ao entrarmos no templo pela porta central, transpondo 0 alpendre com colunas Doricas chegamos 4 nave central. No coro tem um belo gradil de ferro trabalhado em. curva na parte central e dois outros nas laterais. Sob 0 coro uma rosacea trabalhada em alto relevo com frisos a ouro artistica e bela. ‘Ao longo da nave central de uma ortodoxia académica temos trés arcos de cada lado e dois outros que desaparecem na composicdo da torre em pleno coro. © ferrn & spainelado, tendo ao cent-o um medalhao representando a Virgem da Conceicao de bom gosto de autoria de B. Bernado. De cada arcada desce um candelabro e contornan- do a nave um primoroso gradil de ferro trabalhado que empresta uma elegancia aristo- cratica ao templo. Esse gradil deve ser conservado e impune dos reformadores que tra- mam contra a unidade dos estilos lamentavel! Nas naves laterais com forro liso exis- tem um altar de cada lado de mau gosto e ».1"s com imagens. Em toda a nave cen- tral temos uma composi¢ao mais ou menos conforme o estilo, todavia, lamentamos a retirada dos altares laterais. A nave é separada da capela mor por um elegante arco ruzeiros decorado com rosaceas e no centro ao alto podemos ver em alto relevoum es- ‘eudo mariano ‘A capela mor mais estreita do que a nave, e profunda, alias, caracteristica das ‘igrejas da fase colonial brasileira é simples e totalmente descaracterizada. Existe ama gritante hipertrofia entre a elegancia da nave a e a pobreza da capela mor. As suas pa- redes sio em branco e o retabulo que seria de inadeira ou alvenaria foi destruido. & Vir- gem do Livramento, bela e expressiva escultura do século XVIII esta sob um pedestal que prejudica a elegancia da mesma. Duas portas com ombreiras e vergas horizontais dao acesso as duas sacristias. fs Na sacristia do lado direito de quem entra no templo existe um arcaz com seis 6 vetas, linha académica de bom gosto, Algo derelevo €o ossino 2 Seales embora um pouco desprezado, que ‘uma época, quando os sepultamentos i * passaram a set efetuados nas igrejas, isso representando urbanizacao dos aft Come iiltimo enfoque deixei as imagens. So poueas as de valor artistico. Entre tro imagens importantes (Sio Joao de linha artesanal e Nossa Senhora das Dores em Roca), salienta-se o Cristo Crucificado da sacristia de feigao agonica e de linha de um barroce primoraso. Todavia, o realce maior éa imagem de Nossa Senhora do Livra. mento. Todos os seus detalhes dizem ser uma imagem a século XVIII: atarrancada, o rosto de uma expresso maravilhosa, os movimentos dos brages estao de acordo com o conjunta, panejamento com estofamento a ouro, vestes esvoacantes e de linhas anato- micas perfeitas, anjos com caracteristicas barrocas aos pés, cabeca coberta com o manto, pregas das vestes recortadas, pearha ao estilo D. José I. Essa imagem ao nosso ver éda Escola Pernambucana, onde esta visivel o achatamento do corpo em contraste com a exuberancia barroca do panejamento. Te:nos assim, uma analise ousada embora, dos detalhes do estilo arquetetural da igreja do Livramento, suas imagens e pintura. Em seguida tomo a liberdade de tra crever uma carta de minha estimada amiga Carlina Vieira Santos que muito frequen: tou © belo templo em sua mocidade: “A igreja era composta de cinco altares de alvenaria, o altar mor onde existia trés oratorios, no meio a Senhora dc Livramento, aos lados Coragao de Jesus e José. Nos altares laterais estavam Nossa Senhora da Conceigio e Sio Joao Batis- ta. A Pia Unido das Filhas de Maria nos dias de reuniao e Més Mariano enchia os bancos do lado esquerdo, era linda aquela irmandade composta de verdadeirs mogas e mocinhas devotas de nossa sociedade. No outro lado direito, era destin: ‘do 20 Apostolado da Oracio, formado por senhores piedosas. O coro muito bem or- ganizado com vozes maravilhosas... e assim era mais ou menos a Igreja do Livra: mento no tempo do saudoso capelao Monsenhor Manoel Ribeiro Vieira, meu pa- drinho de saudosa meméria”. ( 22/7/1981) Hoje o templo da Senhora do Livramento conta com 0 zelo e presenga do Cénego Hélio Lessa. Do pilpito daquela igreja aos domingos emana a Palavra de Deus que che- ga a0s lares e sitios da zona rual gracas ao poder da técnica da radiofonia. E um templo belo onde a liturgia da Palavra e da Eucaristia é vivida com entusiasmo e piedosamen- te. ed Fontes: Anotacdes e€ pesquisas do Autor. ESTADO ODE ALAGOAS GOVERNO Theobaldo Barbosa Presidente da FUNTED ~ Braulio Leite Junior revarvagon & Fundacto Tearro Deore

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