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Trabalho de Fund. Met. Ens.

Música Arthur Souza 110101142


Sobre concepção de técnica no estudo musical.

Partindo de uma formação autodidata, carente de orientação adequada a respeito


da fundamental importância do conceito de técnica no estudo instrumental, minha
concepção de técnica inicialmente se limitava a uma busca pela virtuosidade sem
praticamente nenhuma metodologia específica para alcançá-la. Tendo pouco
interesse no sistema de educação musical tradicional, realizava os estudos
baseados em repetições auxiliadas por softwares de notação alternativa, mais
especificamente as tablaturas para violão e guitarra, que são sistemas de notação
baseados no braço do instrumento e no número da casa que se encontra a nota,
sem nenhuma indicação de ritmo e nome de nota.

Tal entendimento foi suficiente para desenvolver minha prática musical como
amador, inclusive permitindo me destacar entre amigos que estudavam com
professores ou em escolas tradicionais, visto que enquanto meus colegas
estudavam leitura e escrita musical eu tinha um software que reproduzia o ritmo
ausente nas tablaturas e apontava exatamente onde eu deveria colocar os dedos,
permitindo um adiantamento no estudo de um repertório de maior grau de
dificuldade de execução, ignorando os difíceis conceitos teóricos que na educação
musical tradicional são pré-requisitos incontornáveis para essa prática.

Quando finalmente aderi ao sistema formal de organização da teoria musical já em


idade adulta, tive minha iniciação na flauta transversa e o primeiro contato com
espaço informal de educação musical na escola de choro (EPM-UNIRIO). Por
necessidades específicas do instrumento e pela orientação que até então não tive
acesso, iniciei uma lenta transição do entendimento da técnica vindo de um conjunto
acrobático de virtuosismo adquirido, passando por um atalho ou modo mais fácil de
obter resultado até finalmente alcançar um menor esforço adequado a intenção
musical desejada.

A necessidade de atenção adequada para a técnica na prática instrumental diária


veio com minha iniciação nos metais, principalmente o trombone de vara. O
desenvolvimento da embocadura dos instrumentos de metal, no meu entendimento,
é muito mais dependente de uma correta abordagem de redução de esforço e de
intencionalidade prévia a execução de cada nota, articulação e respiração. Não era
mais suficiente o processo de desconstrução que realizava com as peças que
julgava elevado grau de dificuldade, e sua progressiva simplificação. Pela natureza
destemperada do instrumento tive de incluir na rotina diária estudos de escalas e
arpejos até então só realizados mediante e em função de eventuais dificuldades
encontradas no repertório.

Partindo de experiências com pouco ou nenhum fundamento até meu ingresso na


universidade como primeiro espaço de educação formal pude lapidar o
entendimento de uma “Interdependência entre o desenvolvimento da técnica
instrumental e o da sensibilidade e do conhecimento; juntos se constituem em um
processo único, ligado a competência e criatividade na arte de estudar.”
(Gandelman, Salomea - O Gênero Estudo e a Técnica Pianística - Debates nº1
Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música, p. 27, UNIRIO 1997)

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