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Beyond Therapy de Christopher Durang – Tradução e adaptação de Beatriz

Melim

STUART. Bom dia. Então, o que se tem passado esta semana? Caramba, não me

apetece nada arrancar de si as palavras esta semana. Você paga-me para ouvir por isso

fale, caramba. (pausa) Peço desculpa, hoje estou um bocadinho no limite. Todos os

meus pacientes são assim. Nenhum deles fala. Bem, há um indivíduo que fala, mas ele

fala bastante em Ucraniano, e eu não percebo um caraças do que ele está a dizer. Como

foi a sua semana? Mais uma série de serões solitários e sem amor. Eu ainda estou aqui,

boneca. Estou a brincar. Agora, não estamos a atingir a parte mais rica do nosso

processo terapêutico e eu já começo a ver resultados. Mas acho que você está prestes a

entrar numa parte muito pouco familiar da sua vida, por isso deve continuar em terapia.

Tem sido com homossexuais, não é verdade, Deus sabe o que fará depois. Agora, estou

a falar muito a sério. Eu sou a sua única linha de apoio. Não me vire as costas. Você é

uma mulher muito doente, e não deve ficar sem um terapeuta, nem sequer por um dia. O

que quer dizer com isso, vai descontinuar a terapia? Você obviamente tem medo de um

verdadeiro homem. Vá em frente e deixe-me, e sabe o que vai acontecer-lhe sem

acompanhamento terapêutico? Você vai tornar-se uma solteirona velha muito patética,

muito solitária. Sabe o que vai acontecer-lhe? Dentro de uns dias, vai acabar tudo com

aquele palhaço, e aí nunca mais vai voltar a sair com homens. A sua vida emocional vai

ser unicamente constituída pelos seus gatos. Sabem o que é que ela faz no apartmento

dela? Ela tem gatos! Havia um indivíduo, o ano passado, que quase casou com ela mas

ele era alérgico a gatos e então, ela escolheu os gatos! Você vai acabar a fazer aqueles

pequenos cruzeiros para as Canárias com os seus gatos e outras bibliotecárias

solteironas, quando tiver 50 anos, a menos que decida matar-se antes disso! E tudo
porque foi demasiado covarde e auto-destrutiva e estúpida para manter-se na terapia e

assim evitar tornar-se numa solteirona velha. (Histérico) Você é uma paciente terrível.

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