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DO PROCESSO DE CONHECIMENTO
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
O Código de Processo Civil, a partir do art. 282, trata do procedimento ordinário, que
está dividido em quatro fases:
Essa divisão foi realizada considerando o tipo de ato predominante em cada fase.
FASE POSTULATÓRIA
Nesta fase, prevalecem os atos de requerimento das partes. Mas isso não
significa que já não sejam produzidas provas (em regra documentais, que irão instruir a
petição inicial, por exemplo).
1 - PETIÇÃO INICIAL
1.1 – CONCEITO
Nelson Nery Jr. e Maria de Andrade Nery (Código de Processo Civil Comentado e
Legislação Extravagante, 10, Ed., São Paulo, RT, 2007) conceituam: “A petição inicial
é a peça inaugural do processo, pela qual o autor provoca a atividade
jurisdicional, que é inerte (art. 2 º e 262 do CPC). É a peça processual mais
importante pelo autor, porque é nela que se fixam os limites da lide (CPC 128 e
460), devendo o autor deduzir toda a pretensão, sob pena de preclusão
consumativa, isto é, de só poder fazer outro pedido por ação distinta.”
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É por seu intermédio que se fixam os contornos da pretensão, pois nela são
indicados os pedidos do Autor e os fundamentos nos quais eles estão baseados,
indicando quem ocupará os pólos ativo e passivo da ação, contendo os seus elementos
identificadores.
É pelo seu exame que se verificará quais são os limites e os contornos do pedido
e de seus fundamentos. Por causa disso, o exame da inicial tem enorme repercussão
sobre a distinção ou identidade entre duas ações e para outras questões.
A petição inicial deverá obedecer aos requisitos enumerados nos arts. 282 e 283
do Código de Processo Civil.
No art. 282, estão elencados os requisitos intrínsecos, isto é, aqueles que devem
ser observados na própria peça que a veicula.
Em relação aos nomes e à qualificação dos Autores, a exigência não pode ser
afastada, pois, sendo eles que propõem a demanda, não terão como identificar-se.
Mas pode haver dificuldade para nomear ou qualificar os réus. Pequenos equívocos
na indicação do nome ou da qualificação das partes são considerados meros erros
materiais, não implicando nulidade, desde que não tragam prejuízos.
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A narração dos fatos deve ser feita de foram inteligível, e manter estreita correção
lógica com a pretensão inicial. Não basta ao Autor narrar a violação de seu direito,
mas é preciso que ele descreva também os fatos em que ele está fundado.
e) O valor causa: Estabelece o art. 258 do CPC, que a toda causa será atribuído
um valor certo, ainda que não tenha conteúdo imediato. O valor da causa deve
corresponder ao do conteúdo econômico do pedido.
Mas existem ações que não o têm, ou em que esse conteúdo é inestimável. Nelas,
o valor da causa será fixado por estimativa ou de acordo com os critérios
estabelecidos nos regimentos ou leis estaduais de custas.
f) As provas com que o Autor pretende provar a verdade dos fatos alegados:
Tem havido tolerância quanto ao descumprimento desta exigência. A sua falta
não enseja o indeferimento da inicial, nem torna preclusa a oportunidade de o
autor, posteriormente requerer às provas que lhe pareçam cabíveis. Isso se
justifica porque o Autor não tem como saber quais as matérias fáticas que se
tornarão controvertidas antes da resposta.
Além dos requisitos intrínsecos, a inicial deve preencher outros que não
propriamente formais, nem dizem respeito ao seu conteúdo. Por isso, são chamados
extrínsecos.
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Estabelece ao art. 283 que a petição inicial deverá vir instruída com os
documentos indispensáveis.
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1.5 – PEDIDO
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Nas relações jurídicas de trato sucessivo (ou seja, prestações que vencem em
regime de repetição, geralmente a cada novo período de 30 dias).
• Simples: Quando o Autor formula, em face do mesmo réu, dois ou mais pedidos
somados, pretendendo obter êxito em todos. Para que a cumulação seja simples, é
preciso que os pedidos sejam interdependentes e que o resultado de um não dependa
do outro.
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Os pedidos serão interpretados restritivamente –art. 293 –ou seja, limitado ao que
foi pedido expressamente pela parte.
Contudo, há alguns pedidos que podem ser deferidos pelo magistrado ao Autor
independente de sua formulação na inicial, e mesmo que não requeridas
expressamente na inicial.
Prestações periódicas.
2.1 – Conceito
É a citação que irá completá-la com a inserção do Réu ao processo. Somente com
a citação do Réu é que a relação jurídica processual assume a configuração triangular.
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O Código de Processo Civil, no art. 213, define a citação como “o ato pelo qual se
chama a juízo o Réu ou interessado, a fim de se defender.”
Tão importante é a citação, que não se pode falar na existência de processo sem
que tenha ocorrido a citação do Réu. Isso porque nenhum efeito terá a sentença, se ao
Réu não se tiver dado a oportunidade de se defender.
Por esta razão, dispõe o art. 214 do CPC “para a validade do processo é
indispensável a citação inicial do Réu.”
Embora a citação seja ato processual que apresenta requisitos específicos, sua
finalidade essencial é dar ciência ao Réu que a demanda foi proposta. Se por outro
modo a ciência chegou ao destinatário, e por isso houve o comparecimento
espontâneo, não há necessidade de se realizar a citação: a falta será suprida.
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encontrar em lugar incerto e não sabido) como também quando, embora correta a
modalidade tenha faltado algum requisito exigido pela lei.
Se, por exemplo, o oficial de justiça tiver conhecimento de outro local onde
encontrar o Réu, que não a residência ou domicilio deste, e ai citá-lo, isto não anula a
citação realizada.
2.5 – Classificação
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I – Citação Real: Assim denominada porque, nessa, exige a certeza jurídica que o
Réu foi cientificado da propositura da Ação. Nessa categoria, incluem-se:
Na citação pelo correio, será remetida ao Réu uma carta de citação, contendo
obrigatoriamente cópia da petição inicial e do despacho do juiz, fazendo a menção ao
prazo para oferecer a resposta, e o endereço do juízo.
A carta será registrada com o Aviso de Recebimento, sendo que, ao ser citado,
deverá o Réu assinar o respectivo recibo que, ao ser devolvido, será juntado aos autos
como comprovante de entrega da carta. Sendo o Réu pessoa jurídica, considera-se
realizada a citação com a entrega da carta a pessoa com poderes de gerência ou
administração.
I.2 - por oficial de justiça: Somente nos casos em que for inadequada a citação
pelo correio, ou quando frustrada esta, a citação se dará por oficial de justiça, em
cumprimento a mandado para tanto expedido (art. 2247).
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Ocorre que o art. 6° da lei 11.419/06 prevê que as citações, possam ser feitas por
meios eletrônicos, observem as formas e as cautelas do art. 5º da mesma lei.
Para que a regra da citação eletrônica tenha um alcance maior, será preciso uma
generalização do cadastramento dos próprios jurisdicionados.
II – Citação Ficta : Nesta, não existe uma certeza jurídica, mas a suposição de
que a notícia da propositura da Ação chegou até o Réu. Somente é admissível na
hipótese de frustração real. Incluem-se:
II.1 – por edital : Somente se admite a citação por edital se o Autor demonstrar
ter esgotado as tentativas de localizá-los, pois sempre será preferível a citação real.
O Código exige (Art. 232, I), para o deferimento da citação por edital, que o Autor
afirme, ou o oficial de Justiça, ser o Réu desconhecido ou incerto, ou ainda, que
conhecido, que se encontra em local ignorado, incerto. Caso se verifique que o Autor
faz tais afirmações dolosamente, ou seja, com o intuito de frustrar a citação real,
incorrerá em multa em favor do Réu (art. 233).
Deferida essa modalidade, será expedido o edital, que obedecerá aos seguintes
requisitos:
• Será publicado por, no mínimo, três vezes: uma no órgão oficial e pelo menos
duas vezes em jornal local, sendo que o prazo entre as publicações não pode exceder
quinze dias.
• Afixação do edital na sede do juízo, certificada nos autos pelo escrivão.
• Fixação pelo juiz, do prazo do edital (vinte e sessenta dias)
• Menção a admissão de veracidade os falos alegados pelo Autor.
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Citado por edital, se o Réu não comparecer, ser-lhe-á nomeado curador (art. 9°,
II).
II – com hora certa. Trata-se de citação realizada por oficial de justiça, mas
também sem a certeza jurídica de que o Réu foi cientificado da propositura da ação.
Assim como ocorre com na citação por edital, também será nomeado curador ao
réu citado por hora certa.
O Réu, quando citado, pode apresentar uma série de reações, além de,
propriamente, responder a ação.
De fato, pode ter o réu diversas reações, que vão desde a pura e simples omissão
até a apresentação de pedido contra o autor, passando pelo reconhecimento do pedido
ou pela reconvenção e pela apresentação de defesa propriamente dita.
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I - DEFESA DE MÉRITO
Nessa modalidade, o réu procura resistir ao pedido mediato do autor, ou seja, visa
atacar o mérito da causa e não o processo. É defesa por excelência, pois o réu objetiva
demonstrar que ao autor não assiste razão naquilo que postula. Subdivide-se em:
Na defesa de mérito direta, o réu nega a ocorrência dos fatos que o autor alegou
na petição inicial, afirmando que tais fatos não ocorreram, ou que ocorreram de
maneira diversa, ou aceita como verdadeiros os fatos, mas discorda das
conseqüências jurídicas pretendidas pelo autor.
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a) Quando a citação for realizada pelo correio ou por oficial de justiça, o prazo
para apresentação da resposta inicia-se com a partir da juntada aos autos
do aviso de recebimento (AR) ou do mandado de citação cumprido.
b) Quando a citação for procedida por meio eletrônico, o prazo correrá da data
do efetivo acesso ao teor da citação acompanhada da íntegra eletrônica
dos autos ou no primeiro dia útil a tal acesso se ele ocorrer em dia não útil.
d) Se houver vários réus, o prazo para resposta é comum (art. 298), mas só
se inicia após realizadas todas as citações.
3.4 - FORMA
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3.5 - CONTESTAÇÃO
O art. 302, caput, expressa o ônus que tem o réu de impugnar especificamente os
fatos narrados na petição inicial.
Se o réu não impugnar os fatos (ou um fato) apresentado pelo autor, estes serão
admitidos como verdadeiros.
Não impugnados os fatos narrados na petição inicial, sobre eles não haverá
necessidade de produção de provas, por se tornarem fatos incontroversos (art. 334,III).
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O art. 300 do CPC dispõe que “compete ao réu alegar, na contestação, toda a
matéria de defesa, expondo as razoes de fato e de direito, com que impugna o pedido
do autor e especificando as provas que pretende produzir”.
Este artigo consagra o principio da eventualidade, que determina que o réu deverá
apresentar na contestação toas as matérias que possa invocar em sua defesa, sob
pena de preclusão.
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Finalmente, deve o Réu especificar as provas que pretende produzir (art. 300 ) e
juntar à Contestação os documentos destinados a provar suas alegações(art. 396).
Também deve acompanhar a contestação a procuração outorgada pelo Réu ao
advogado, sendo imprescindível a assinatura deste na contestação escrita.
3.6 - RECONVENÇÃO
A Reconvenção é uma nova ação, proposta pelo réu contra o autor, no bojo do
mesmo procedimento já em curso e foi iniciado pelo autor.
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A Reconvenção não é obrigatória, o que se verifica no art. 315 ao dispor que o réu
pode reconvir. É que a reconvenção funda-se no princípio da economia processual. Se
o réu tem pedido a formular contra o autor, ligado àquele que contra si foi formulado,
não há necessidade de instaurar ação em separado, se um processo já pende entre as
mesmas partes. Todavia, se o réu não reconvier, poderá promover ação autônoma.
Como são duas ações, distintas uma da outra, nada impede que ambas sejam
julgadas procedentes, tanto a ação principal quanto a ação reconvencional.
3.6.2 – PRESSUPOSTOS
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3.6.4 – PROCEDIMENTO
A reconvenção será formulada por petição escrita e juntada aos autos principais,
porque ambas as ações seguirão no mesmo processo.
As exceções são incidentes processuais, que podem ser provocados por qualquer
das partes (art. 304), mas que, ainda que acatadas, não ocasionam a extinção do
processo, pois objetivam apenas o acerto de alguma irregularidade de que o processo
padece.
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A incompetência relativa, porém, tem de ser alegada por exceção ritual, sob pena
de tornar-se preclusa. Não pode ser conhecida de ofício (súmula 33 do STJ), nem se
for alegada por outro meio que não a exceção.
Se não houver concordância, a exceção será julgada pelo juiz que preside o
processo no prazo de 10 dias.
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“ Art. 134 - É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do
Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente
seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na
colateral, até o terceiro grau;
Sua finalidade é assegurar que o processo seja julgado por um juiz imparcial. Mas
há importantes diferenças entre o impedimento e a suspeição
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em
linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
Parágrafo único - Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.”
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Art. 261 - O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor. A
impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz,
sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo
de 10 (dez) dias, o valor da causa.
Parágrafo único - Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causa na
petição inicial.
Assim, tem o réu o interesse em provocar a alteração do valor que o autor deu à
causa, pois, na hipótese de restar vencido na demanda, o valor da causa determinará o
valor dessas despesas.
Se o Réu não impugnar o valor da causa, tem-se que aceitou como consta na
petição inicial.
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3.9 – REVELIA
A defesa é o comportamento que se espera do réu, ante a ação que lhe foi
proposta em juízo pelo autor.
Os fatos alegados pelo autor tornam-se incontroversos (fato alegado pelo autor e
não impugnado pelo réu) pela falta de contestação, e, nesse caso, tais fatos não
dependem de prova (art.334, IV).
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A presunção relativa de veracidade dos fatos narrados pelo autor não significa
automática procedência do pedido, pois o efeito da revelia alcança apenas os fatos
alegados na petição inicial, e não o direito que se postula. Pode ocorrer, por
exemplo, de mesmo reputando-se verdadeiros, os fatos narrados pelo autor serem
inverossímeis, insuscetíveis de credibilidade, e o juiz não está obrigado a aceitar como
verdadeiros fatos impossíveis de terem ocorrido.
Por isso, nada impede que, mesmo em caso de revelia, o juiz profira sentença de
improcedência do pedido.
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FASE ORDINATÓRIA
A conduta do juiz na fase ordinatória variará de acordo com a atitude das partes
no processo.
A matéria a ser alegada na Réplica é restrita àquilo que o Réu tenha argüido em
sua Contestação, como preliminar ou como fato extintivo, impeditivo ou modificativo do
direito do Autor.
b.1) Verificado que o Réu não apresentou Contestação e portanto a revelia produz
os seus efeitos ( desnecessidade de produção de prova – presunção de veracidade
dos fatos – fato não impugnado, não haverá necessidade de produção de prova – art.
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334, III), o juiz promoverá o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330, II do
CPC.
4.2 – Hipóteses
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Esse dispositivo só tem aplicação quando a irregularidade for sanável. As que não
podem ser superadas conduzirão à extinção do processo sem resolução do mérito. Se
o vício for sanável, o juiz determinara a regularização.
É preciso lembrar, por fim, que essa não é a única oportunidade que o juiz tem de
determinar a regularização do processo. Desde a fase inicial, verificando qualquer
irregularidade, ele pode mandar proceder à correção, não havendo por que aguardar a
fase ordinatória, quando deverá examinar com toda minúcia o processo, buscando
saná-lo de qualquer vício, para que ele possa seguir sem problemas.
Como bem afirma Cândido Rangel Dinamarco, possuía essa audiência um tríplice
escopo: conciliação, saneamento do processo e delimitação da instrução1.
1
A reforma do Código de Processo Civil. 4ª edição, São Paulo, Editora Malheiros
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O art. 331,§3º dispõe acerca das situações em que a audiência preliminar pode
ser dispensada, cabendo ao juiz sanear o processo e decidir sobre a prova, por escrito,
sem a sua designação.
“Art. 331 - Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções
precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará
audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as
partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou
preposto, com poderes para transigir.
§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a
serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.
FASE INSTRUTÓRIA
É por meio das atividades probatórias que o juiz terá elementos suficientes para
decidir sobre a veracidade e assim, formar o seu convencimento.
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Mas também são admissíveis meios atípicos de prova, isso é, meios que, embora
não expressamente disciplinados na lei, permitem ao juiz a constatação da existência
ou inexistência de fatos. Para tanto, basta que tais meios atípicos não sejam ilícitos
nem moralmente inadmissíveis (CPC, art. 332, CF, art. 5º, LVI)
Também se diz mihi factum, dabo tibi jus (“dê-me o fato, que lhe dou o direito”),
para significar que basta que à parte demonstre os fatos ocorridos para que o juiz
aplique o direito correspondente.
2
Luiz Rodrigues Wambier, Curso Avançado de Processo Civil I, pag.450.
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À parte, que busca a conseqüência jurídica dos fatos alegados, interessa a prova
de tudo quanto seja elemento fático que envolva a questão posta a julgamento.
a. Fatos incontroversos (art. 334,III) : São aqueles sobre os quais as partes não
discutem. Como cabe ao réu o ônus da impugnação específica dos fatos
alegados pelo autor (art. 302), aqueles que o réu não impugnar, não necessitam
de prova.
b. Fatos notórios (art. 334, I): São aqueles de conhecimento geral, na região em
que o processo tramita. Não é preciso que o fato seja de conhecimento global,
bastando que seja conhecido pelas pessoas da região, no tempo em que o
processo tramitava.
A revelia, por exemplo, gera uma presunção de veracidade relativa, que pode
ceder ante os elementos contrários que auxiliem a formação da convicção do
juiz.
A redação do artigo deixa claro que ao julgador não cabe mais o papel passivo,
de mero espectador, que se limitava a procurar a verdade formal dos fatos, na forma
como era trazida aos autos pelas partes.
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Neste, o juiz apreciará livremente a prova, observando o que consta dos autos,
mas ao proferir a sentença, deve indicar os motivos que lhe formaram o
convencimento.
O que geralmente acontece é que, num caso concreto, determinada prova tenha
sido mais contundente na formação do convencimento do magistrado e no
esclarecimento dos fatos, o que não significa dizer, que esta prova valha mais do que
outra.
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Em regra, compete àquele que formula uma alegação o ônus de prová-la. A prova
de um fato, a princípio, compete a quem alegou.
O dispositivo que trata distribuição do ônus da prova é o art. 333 do CPC que
estabelece:
Podem ser: legal, convencional ou judicial. Nas três hipóteses o resultado será o
mesmo, a alteração da distribuição legal do ônus.
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O ordenamento jurídico veda a utilização de prova obtida por meio ilícito (art. 5º,
LVI).
O conceito de meio ilícito deve ser obtido considerando o disposto no art. 332 do
CPC, que prevê a utilização das provas obtidas pelos meios legais e os moralmente
legítimos, que não repugnam ao senso ético.
b) Permissiva: aceita a prova obtida por meio ilícito, por entender que o ilícito
se refere ao meio de obtenção da prova, não o seu conteúdo. Entende
ainda que aquele que produziu a prova por meio ilícito deve ser punido,
mas o conteúdo probatório aproveitado.
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a) DEPOIMENTO PESSOAL
b) CONFISSÃO
c) PROVA DOCUMENTAL
d) EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
e) PROVA TESTEMUNHAL
f) PROVA PERICIAL
g) INSPEÇÃO JUDICIAL
5.9.1 – CARACTERÍSTICAS
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a) Tentativa de conciliação
c) Debate.
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FASE DECISÓRIA
6 - SENTENÇA
Com a redação alterada pela lei 11.232/05, a sentença deixa de ser identificada
exclusivamente por sua aptidão de pôr fim ao processo. A própria lei passa a dar
expressamente relevância ao conteúdo do ato.
O art. 267 cuida da extinção do processo sem resolução do mérito. Sempre que o
juiz, sem examinar o pedido, puser fim ao processo, proferirá sentença, contra a qual
caberá recurso de apelação. Mas, o art. 269 não menciona em extinção. Menciona
apenas que, nas hipóteses elencadas, haverá resolução do mérito.
Conclui-se que haverá sentença em duas hipóteses: sempre que o juiz extinguir o
processo sem resolução de mérito; ou quando acolher o rejeitar os pedidos do autor
(ou proceder conforme os demais incisos do art. 269).
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ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil, 11 ed., São Paulo, RT, 2007, vol. 2.
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Entre as sentenças de mérito a lei inclui não apenas aquelas que decidem a
pretensão formulada pelo autor, mas também as que reconhecem a prescrição e a
decadência, e as que homologam acordo celebrado entre os litigantes.
O art. 458 do CPC exige que a sentença seja composta por três partes: o relatório,
a motivação e o dispositivo.
Isso decorre da importância que ato assume no procedimento, como meio no qual
o juiz pode apreciar a pretensão formulada pelo autor.
6.2.1. – Relatório
O relatório deve, por fim, conter o registro das principais ocorrências relevantes
para o processo, das provas produzidas e das alegações finais.
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6.2.3 – Dispositivo
Não basta que o juiz se pronuncie àquilo que foi pedido, nos limites em que foi
pedido, mas também aos fatos em que o pedido está embasado, e que constituem um
dos elementos identificadores da ação.
a) Ultra petita, quando conferir à parte mais do que foi por ela pleiteado.
b) Extra petita, quando o juiz aprecia pedido ou causa de pedir distintos daqueles
apresentados pelo autor na inicial. A sentença extra petita é nula. Se houver
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I - para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros
de cálculo;
Essas são duas formas essenciais de correção de sentença publicada com vícios.
No entanto, há outros meios de se questionar o conteúdo de uma sentença. Uma delas
é a interposição de recurso de Apelação, que permitirá ao órgão ad quem reexaminar
todas as matérias impugnadas.
6.5 – CLASSIFICAÇÃO
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Nas mandamentais, o juiz emite uma ordem, um comando que lhe permite, sem
necessidade de um processo autônomo de execução, tomar medidas concretas e
efetivas, destinadas a proporcionar ao vencedor a efetiva satisfação de seu direito.
7. COISA JULGADA
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Toda sentença é apta a fazer coisa julgada formal. Então, faz coisa julgada formal
tanto a sentença que deixa de julgar o mérito por carência da ação, por exemplo,
quanto a sentença, de mérito, que homologa a transação ou que acolhe ou rejeita o
pedido do autor.
A coisa julgada material, a seu turno, como observado antes, só se produz quando
se tratar de sentença de mérito. Faz nascer a imutabilidade daquilo que tenha sido
decidido para além dos limites daquele processo em que se produziu, ou seja, quando
sobre determinada sentença pesar a autoridade da coisa julgada material, não se pode
mais discutir sobre aquilo que foi decidido em nenhum outro processo.
Art. 472 - A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem
prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no
processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em
relação a terceiros.
Não o são os terceiros que não participaram do processo e, por isso, não tiveram
oportunidade de manifestar-se, defender-se ou de expor suas razões.
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