Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
08-07799 CDD-595.79906
23 a 26 de julho de 2008
Hotel JP, Ribeirão Preto
Comissão Organizadora
Editores
David De Jong
Tiago Mauricio Francoy
Weyder Cristiano Santana
Comissão Científica
David De Jong
Ademilson Espencer Egea Soares
Alexandre dos Santos Cristino
Anete Pedro Lourenço
Camila Maia da Silva
Daiana Almeida de Souza
Francis de Morais Franco Nunes
Geusa Simone de Freitas
Ivan Paulo Akatsu
Marcia Regina Cavichio Issa
Marina Lopes Grassi
Matheus de Oliveira Bazoni
Michelle Manfrini Morais
Michelle Prioli
iv
Assessoria
Patrocinadores
CNPq
CAPES
FAPESP
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Universidade de São Paulo (USP)
Pró-Reitoria de Pós-Graduação-USP
Pós-Graduação em Entomologia, FFCLRP-USP
Pós-Graduação em Genética, FMRP-USP
Pós-Graduação em Biologia Comparada, FFCLRP-USP Apis Flora
6-P Marketing & Propaganda
v
Prefácio
O Encontro Sobre Abelhas, evento científico realizado a cada dois anos em Ribeirão Preto,
para discussão de temas nas amplas áreas da biologia, genética e comportamento de abelhas em
geral e tecnologias vinculadas a essas áreas, tem crescido cada vez mais, servindo como uma
vitrine da pesquisa Brasileira sobre abelhas.
Para o VIII Encontro são previstos sete conferências plenárias, 17 simpósios com 72
palestrantes, e 326 trabalhos científicos em forma de posters (painéis) sobre Avanços em criação
de abelhas, Avanços em genética e fisiologia de abelhas, Biologia da polinização, Biologia e
manejo de abelhas africanizadas, Comportamento de abelhas, Conservação da biodiversidade de
abelhas tropicais, Ecologia de abelhas nativas, Morfologia de abelhas, Ninhos de abelhas, Pragas,
parasitas e doenças de abelhas tropicais, Produtos das abelhas, Sistemática e biogeografia de
abelhas e Uso sustentável de abelhas.
O tema principal do VIII Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto é “Biodiversidade e Uso
Sustentável de Abelhas” . Neste ano de 2008 comemoramos 10 anos do International Workshop on
the Conservation and Sustainable Use of Pollinators in Agriculture, with Emphasis on Bees, que
deu origem à Declaração de São Paulo sobre a conservação e uso sustentado dos polinizadores.
Esta Declaração foi o documento apresentado à Convenção da Diversidade Biológica para a
criação de um programa relacionado à conservação e uso sustentado de polinizadores, concretizada
na Conferência das Partes 5, ocorrida em Nairóbi no ano de 2000.
Desde então, o tema tem sido trabalhado nos Encontros Sobre Abelhas de Ribeirão Preto,
que congregam os pesquisadores brasileiros da área, em números expressivos. Cada vez mais este
é um fórum de debates de idéias e de apresentação de panoramas globais sobre as pesquisas que
se destacam no momento nas diversas áreas que usam as abelhas como objeto de estudo.
Reunimos aqui no VIII Encontro Sobre Abelhas de Ribeirão Preto pesquisadores de quatro
países da América Latina (México, Colômbia, Argentina, Brasil), Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, Espanha, Inglaterra, Polônia, Suécia e Austrália. Pesquisadores do Brasil todo estarão
presentes, de Norte ao Sul do País.
Paulo Nogueira Neto é um nome importante quando falamos do estudo das abelhas indígenas
sem ferrão no Brasil e no mundo. Durante muitos anos tem atuado incansavelmente para o maior
conhecimento e preservação destas abelhas. Como preservá-las, o que comem, onde vivem, como
criá-las em pequenas populações e como utilizá-las na polinização, são alguns dos pontos de
interesse de suas pesquisas.
Dr. Paulo é uma pessoa extraordinária, generosa nas suas ações e ao mesmo tempo rígida
em relação aos seus princípios inabaláveis. Sempre apoiou o desenvolvimento de seus alunos e
colegas de trabalho; é um conciliador, com sabedoria.
INDICE
C o n f e r ê n cia s
s i mpó sio S
Simpósio 1
A Tecnologia da Informação e os Polinizadores
Coordenador: Antonio Mauro Saraiva
Simpósio 2
How to find a Flower –
Small Brains Resolving Complex Tasks
Coordenador: Michael Hrncir
Simpósio 3
Patologia de Abelhas
Coordenadores: David De Jong, Dejair Message
Simpósio 4
Genomics, proteomics and molecular evolution
Coordenador: Zilá Luz Paulino Simões
Simpósio 5
Polinização na Agricultura:
uma abordagem ecossistêmica
Coordenador: Breno Magalhães Freitas
Simpósio 6
Apresentações Orais dos Pós Graduandos do
Programa de Entomologia - FFCLRP-USP
Coordenadores: Aline Mackert dos Santos, Cristiano Menezes
Simpósio 7
Biologia e Genética de Abelhas sem Ferrão
Coordenador: Ana Maria Bonetti
Simpósio 8
Meliponicultura Sustentável
Coordenadores: Betina Blochtein, Giorgio Cristino Venturieri
Simpósio 9
Ninhos Armadilha
Coordenadores: Carlos Alberto Garófalo, Isabel Alves dos Santos
Simpósio 10
Causas, conseqüências e controle de
enxameações em Apis mellifera
Coordenador: Lionel Segui Gonçalves
Simpósio 11
Comportamento de abelhas sem ferrão
Coordenadores: Sidnei Mateus, Fabio Santos do Nascimento
Simpósio 12
Ferramentas para avaliação da
biodiversidade em abelhas
Coordenador: Tiago Mauricio Francoy
Biodiversidade de Meliponineos:
Contribuição da Biologia Molecular 268
Rute Magalhães Brito, Flavio de Oliveira Francisco, Geraldo Moretto, Maria Cristina Arias*
Simpósio 13
Biologia de Abelhas Solitárias
Coordenadores: Celso Feitosa Martins, Maria Cristina Gaglianone
Simpósio 14
Biogeografia de abelhas em áreas
abertas na América do Sul
Coordenador: Fernando Amaral da Silveira
Simpósio 15
Apresentações orais dos Pós Graduandos
do Laboratório de Biologia do
Desenvolvimento de Abelhas - LBDA - USP
Coordenador: Aline Mackert dos Santos
Simpósio 16
Avanços obtidos após 10 anos da
Declaração de São Paulo sobre Polinizadores
Coordenadores: Vera L.I. Fonseca, Marina C. P. P. Landeiro
Simpósio 17
Desvendando a própolis: da abelha ao homem
Coordenador: Ademilson E.E. Soares
RESU MOS
Avanços em criação de abelhas 410
IDENTIFICATION OF CALMODULIN-BINDING
PROTEINS IN BRAIN OF WORKER HONEYBEES 455
Luciana Karen Calábria, Liudy Garcia Hernandez, Renata Roland Teixeira,
Marcelo Valle de Sousa, Foued Salmen Espindola
ECOLOGIA DA POLINIZAÇÃO DE
Lycopersicon esculentum (SOLANACEAE) 496
Thálita Gianini Brito Franco, Fátima Cristina De Lazari Manente Balestieri,
José Benedito Perrella Balestieri
CO N F E RÊ NCIAS
How does complex social behavior evolve? What are the developmental building blocks of
division and labor and specialization, the hallmarks of insect societies? Recent behavioral, ge-
netic, and genomic studies have revealed the developmental origins in the evolution of division of
labor and specialization in foraging worker honey bees, the hallmarks of complex insect societies.
Selective breeding for a single social trait, the amount of surplus pollen stored in the nest (pollen
hoarding) revealed a phenotypic architecture of correlated traits at multiple levels of biological
organization in facultatively-sterile female worker honey bees. Genetic mapping has demonstrated
that the phenotypic architecture is a consequence of a genetic architecture rich in pleiotropy and
epistasis possibly affecting a reproductive signaling pathway. Gene knockdown of a single hor-
mone involved in reproductive signaling affects the entire phenotypic architecture and provides
strong support for our hypothesis that division of labor and foraging specialization are derived from
the reproductive cycle of solitary insects.
Insects, in general, and honeybees, in particular, perform remarkably well at seeing and per-
ceiving the world and navigating effectively in it, despite possessing a brain that weighs less than a
milligram and carries fewer than 0.01% as many neurons as ours does. Although most insects lack
stereo vision, they use a number of ingenious strategies for perceiving their world in three dimensions
and navigating successfully in it.
Our studies of honeybee vision reveal that flying insects perceive the world in three di-
mensions and navigate safely in it by using cues derived from image motion, rather than com-
plex stereo mechanisms. The talk will describe the visual cues that insects use to regulate flight
speed, compensate for headwinds and crosswinds, negotiate narrow gaps, estimate distance
flown, and execute smooth landings.
Our research on honeybee perception and cognition is also beginning to reveal that these insects
may not be the simple, reflexive creatures that they were once assumed to be. For example, bees can
learn rather general features of flowers and landmarks, such as colour, orientation and symmetry,
and apply them to distinguish between objects that they have never previously encountered. Bees
exhibit “top-down” processing: that is, they are capable of using prior knowledge to detect poorly
visible or camouflaged objects. They can navigate through labyrinths by learning path regularities,
and by using symbolic signposts. They can learn to form complex associations and to acquire abstract
concepts such as “sameness” and “difference”. Bees are also capable of associative recall: that is, a
familiar scent can trigger recall of an associated colour, or even of a navigational route to a food loca-
tion. Recent work suggests that honeybees are capable of counting landmarks that are encountered
sequentially on the way to a food source. And, like humans and a range of other animals, bees display
left-right asymmetries in brain function, learning sights and smells better with their right eye and right
antenna, respectively.
All of these observations suggest that there is no hard dichotomy between invertebrates and
vertebrates in the context of perception, learning and “cognition”; and that brain size is not necessar-
ily a reliable predictor of perceptual capacity.
Several vertebrate studies highlight neuroligins and neurexins (cell adhesion binding partners)
as critical to synapse development and function in the central nervous system. Our genome analysis
concerning enzyme families associated with environmental response provided the first comprehen-
sive look at these molecules in invertebrates. We isolated and characterised five neuroligins and one
neurological neurexin from the honeybee, and examined localisation and developmental expression
of these molecules. Neuroligins and neurexin I were found to be highly expressed throughout the
adult honeybee brain including the higher order processing centre, the mushroom bodies. This sug-
gests that the neuroligin/neurexin system has a broadly similar role in synaptogenesis in insects as in
vertebrates, with the scope to generate substantial functional diversity through alternative splicing. To
investigate the role of neuroligins and neurexin I in the adult honeybee brain, we conducted a quan-
titative expression analysis using three different experimental paradigms: environmental deprivation,
associative learning, and unilateral or bilateral amputation of the antennae. Neuroligin 1 and neurexin
I expression was clearly correlated with sensory input, learning and memory. Our results establish the
honeybee as a model for investigating neurological disease, as aberrations to the neuroligin/neurexin
complex have been associated with a number of neuro-psychiatric disorders such as autism, Asperg-
ers and schizophrenia in humans.
Honey bees have become an essential farming input for modern intensive cultivation of numer-
ous crops – yet the number of managed colonies has been in decline for decades. Recent sudden and
mysterious declines (Colony Collapse Disorder) compounded this problem and left bee-keepers and
growers in the United States in a panic last year. Can native bee communities fill the gap? I will
explore two farming landscapes – one in New Jersey/Pennsylvania and one in California – to ask
under what conditions native bees can meet demands for pollination services and/or alleviate our sole
dependence on honey bees.
More specifically, in California, only farms near natural habitat had bee communities sufficient-
ly diverse and abundant to provide complete pollination services to watermelon, a highly pollinator-
dependent crop. In contrast, most farms in a New Jersey landscape had diverse bee communities
capable of providing complete pollination. I argue that both proximity to natural habitat and habitat
heterogeneity within the vicinity of the farm determine the characteristics of bee communities and
thus of the pollination services they provide. In New Jersey, agricultural landscapes are a heteroge-
neous mix of natural habitat patches, old fields, organic and conventional farms. Thus, in New Jersey,
whether bees are nesting on a farm, in natural habitat patches or in old fields, smaller farm sizes and
heterogeneous landscapes lessen the distance between nesting and feeding sites, so that bees can find
ample forage resources within foraging range of the nest anywhere in the landscape. In contrast, in
California, where the landscape is dominated by large, intensively-managed farms that contain few
floral resources, floral resource distribution may limit nest site selection and hence bee distributions.
Bee species may not find enough forage resources in the intensively managed landscape to nest there,
accounting for the low diversity communities found in such landscapes. Abundant, high diversity
communities may therefore be limited to natural areas or farms bordering natural areas.
SI MPÓS IOS
SI MPÓSIO 1
A TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO E OS POLINIZADORES
The International Pollinator Initiative (IPI) is an important element of the Convention on Bio-
logical Diversity’s work program for agricultural biodiversity. There are four major components of
the IPI: assessment, adaptive management, capacity building, and mainstreaming. Several interna-
tional activities have begun that support these components, including the North American pollinator
Protection Campaign, IABIN Pollinator Thematic Network, GBIF Global Pollinator Species Cam-
paign, FAO Conservation and Management of Pollinators for Sustainable Agriculture through an
Ecosystem Approach, and other regional efforts. It is important that all of these activities cooperate
so that the data collected and knowledge developed are not lost and time and money are not wasted.
One way of achieving cooperation is through the common use of data standards and exchange proto-
cols. The standards and protocols that have been developed and adopted are reviewed.
Desde 1999 diversas atividades e projetos vêm sendo realizados em parceria pelo Labo-
ratório de Automação Agrícola (Poli-USP) e o Laboratório de Abelhas (IB-USP) visando aplicar
as tecnologias da informação no desenvolvimento de ferramenta de apoio às pesquisas e à dis-
seminação da informação sobre polinizadores, com foco em abelhas meliponini. Essas iniciati-
vas cresceram em importância com a confirmação do declínio dos polinizadores e das mudanças
globais e a conseqüente urgência de se estudar esses polinizadores visando a sua preservação e uso
sustentado. Sistemas de instrumentação são fundamentais para melhorar a qualidade e aumentar a
quantidade dos dados coletados em experimentos. Para atender essa demanda estão em desenvol-
vimento redes de sensores para variáveis ambientais e para atividade de vôo em colônias, sistemas
de aquisição de dados de áudio e vídeo em tempo-real, via Internet, com software de gravação e
análise dos sinais (www.ib.usp.br/vinces). O uso de computadores de mão como ferramenta para
coleta de dados em campo, também foi explorado, gerando os softwares Etholog (para estudos
comportamentais) e TrapNestScouter (para ensaios com ninhos armadilha). Para a organização e
a disponibilização dos dados coletados e das informações processadas é necessário dispor-se de
sistemas de informação adequados que prioritariamente devem ser acessáveis via Internet. Ex-
emplos desses sistemas a WebBee (www.webbee.org.br) e, mais recentemente, a Rede Temática
de Polinizadores (pollinators.iabin.net) da Rede Interamericana de Informações sobre Biodiver-
sidade, IABIN, em parceria com o CoEvolution Institute, Smithsonian Institution e NBII, dos
EUA. A evolução dos sistemas acompanha a evolução da tecnologia, com a adoção de modelos
distribuídos para esses sistemas, baseados em portais e provedores de dados que se comunicam
segundo protocolos e padrões de dados aceitos internacionalmente.
A disseminação do uso da Tecnologia da Informação (TI) pode ser notada nos mais diversos
setores do conhecimento, produção e de serviços.
Com a TI é possível implementar desde um simples sistema de informação para auxílio nas
atividades até a criação de novas ferramentas e processos. Mais recentemente, e com a disseminação
das redes de computadores mundial, a Internet, novas possibilidades foram lançadas como a utiliza-
ção da Internet para a monitoração e controle de processos à distância.
Nasce assim o conceito dos laboratórios à distância por meio da Web, ou o WebLab, que per-
mite realizar experimentos à distância utilizando os recursos e os serviços da Internet, originando
então a instrumentação virtual.
Nesse contexto, o projeto Vinces (FAPESP/KyaTera) tem como um dos objetivos a pesquisa e o
desenvolvimento de uma infra-estrutura, que inclui uma rede de computadores de alta velocidade, fer-
ramentas de software e serviços da Web, para auxílio nas atividades de pesquisa em meliponíneos.
Por meio do uso de equipamentos (sistema de captação de áudio e vídeo e instrumentos
diversos) instalados em computadores conectados à rede de alta velocidade, utilizando-se tam-
bém de ferramentas de software, é possível disponibilizar informações dos experimentos em
colméias de meliponíneos.
As informações dos experimentos compõem a gama de instrumentos virtuais, e que, para o
projeto Vinces, inclui: a aquisição do som emitido pelas abelhas; o vídeo da colméia em tempo-real;
variáveis ambientais na colméia de temperatura e umidade; e a contagem de abelhas.
As informações dos instrumentos virtuais são transmitidas por meio da Internet e podem ser
acessadas pelo uso de um Browser (navegador) típico.
Apesar da aparente virtualização, as informações provenientes dos experimentos refletem estri-
tamente (no tempo e espaço) o que ocorre fisicamente na colméia. As vantagens do uso de WebLab
são: o grande poder de disseminação e a capilaridade elevada aliada ao baixo custo envolvido.
SI MPÓS IO 2
Colonies of highly eusocial bees (honey bees and stingless bees) often comprise several hun-
dred to several thousand individuals. The survival of the colonies greatly depends on the success of
foraging individuals in finding and in collecting carbohydrates (usually nectar) and proteins (usually
pollen). Both are stored within the nest to guarantee a permanent food supply. Thus, the foragers’
ability to find and exploit profitable food sources is a crucial pre-requisite to ensure the survival of the
colony during possible events of resource scarcity.
How do bees find a flower? Although this question appears to be childish at first sight, it inte-
grates different sophisticated problems: Do “naïve” foragers have any innate preferences to approach
a certain food source? Do foraging bees have any information about a food source prior to leaving the
nest? How do bees find the food source? What kind of information do bees gather on their foraging
trip? Do foraging bees pass on the gathered information and how does this information spread among
the members of the colony? Hence, the “simple” act of finding a flower actually comprises a variety
of sensory challenges for bees both at the individual level and at colony level.
Insects have traditionally been considered small and simple reflex machines. Studies in honey-
bees, however, revealed that these insects, besides the small size of their brain, are capable to provide
solutions to a wide range of ecologically relevant problems. The present symposium intends to give
an insight into these fascinating capacities and abilities of bees using the example of how foraging
individuals cope with the challenge to “find a flower”.
Although most insects lack stereo vision, they use a number of ingenious strategies for perceiv-
ing their world in three dimensions and navigating successfully in it. Our studies reveal that flying
insects perceive the world in three dimensions and navigate safely in it by using cues derived from
image motion, rather than complex stereo mechanisms. For example, distances to objects are gauged
in terms of the apparent speeds of motion of the objects’ images, rather than by using complex stereo
mechanisms (Lehrer et al., 1988; Srinivasan et al., 1989). Objects are distinguished from backgrounds
by sensing the apparent relative motion at the boundary (Srinivasan et al., 1990). Collisions with ob-
jects or surfaces are avoided by turning away from areas in the visual field that produce high speeds of
image translation (Srinivasan and Zhang 1997) or high rates of image expansion (Tammero and Dick-
inson 2002). Narrow gaps are negotiated safely by balancing the apparent speeds of the images in the
two eyes (Kirchner and Srinivasan 1989; Srinivasan et al., 1991). The speed of flight is regulated by
holding constant the average image velocity as seen by both eyes (David, 1982; Srinivasan et al., 1996;
Baird et al., 2005). This ensures that flight speed is automatically lowered in cluttered environments,
and that thrust is appropriately adjusted to compensate for headwinds and tail winds. Visual cues are
also used to compensate for crosswinds. Bees landing on a horizontal surface hold constant the image
velocity of the surface as they approach it, thus automatically ensuring that flight speed is close to zero
at touchdown (Srinivasan et al., 2000). Bees approaching a vertical surface hold the rate of expansion
of the image of the surface constant during the approach, again ensuring smooth docking. Foraging
bees gauge distance flown by integrating optic flow: they possess a visually-driven “odometer” that is
robust to variations in wind, body weight, energy expenditure, and the properties of the visual environ-
ment (Esch and Burns, 1995; Srinivasan et al., 2000; Esch et al., 2001; Dacke and Srinivasan, 2007).
Some of these principles are offering novel, computationally elegant solutions to persistent
problems in machine vision and robot navigation (Horridge, 1987; Franceschini et al., 1992; Duchon
and Warren, 1994; Sobey, 1994; Santos-Victor et al., 1995; Chahl and Srinivasan, 1997; Weber et al.,
1997; Chahl and Srinivasan, 2000; Lambrinos et al., 2000; Chahl et al., 2003; Corke, 2004; Ruffier and
Franceschini, 2004; Srinivasan et al., 2004; Beyeler et al., 2006; Srinivasan et al., 2006; Zufferey and
Floreano, 2006; . The talk will also describe the use of insect-based strategies to design, implement and
test biologically-inspired algorithms for the guidance of autonomous terrestrial and aerial vehicles.
References
Baird E, Srinivasan MV, Zhang SW and Cowling A (2005). Visual control of flight speed in honey-
bees. J. Exp. Biol. 208: 3895-3905.
Beyeler A, Mattiussi C, Zufferey JC and Floreano D (2006). Vision-based altitude and pitch estimation
for ultra-light indoor microflyers. In: Proceedings of the IEEE International Conference on
Robotics and Automation, Orlando, USA, 2836-2841.
Chahl JS, Thakoor S, Bouffant NL, Stange G, Srinivasan MV, Hine B, Zornetzer S (2003). Bioinspired
engineering of exploration systems: A horizon sensor/attitude reference system based on the
dragonfly ocelli for Mars Exploration Applications. J. Robot. Syst. 20: 35-42.
Chahl JS and Srinivasan MV (1997). Reflective surfaces for panoramic imaging. Appl. Optics 36:
8275-8285.
Chahl JS and Srinivasan MV (2000). A complete panoramic vision system, incorporating imaging,
ranging, and three-dimensional navigation. In: Proceedings, 2000 IEEE Workshop on
Omnidirectional Vision, Hilton Head Island, USA, 104-111.
Corke P (2004). An inertial and visual sensing system for a small autonomous helicopter. J. Robot.
Syst. 21: 43-51.
Dacke M and Srinivasan MV (2007). Honeybee navigation: Distance estimation in the third dimension.
J. Exp. Biol. 210: 845-853.
David CT (1982). Compensation for height in the control of groundspeed by Drosophila in a new
‘Barber’s Pole’ wind tunnel. J. Comp. Physiol. A 147: 485-493.
Duchon AP and Warren WH (1994). Robot navigation from a Gibsonian viewpoint. In: Proceedings
of the IEEE International Conference on Systems, Man and Cybernetics, San Antonio, USA,
2272-2277.
Esch H, and Burns JE (1995). Honeybees use optic flow to measure the distance of a food source.
Naturwissenschaften 82: 38-40.
Esch H, Zhang SW, Srinivasan MV and Tautz J (2001). Honeybee dances communicate distances
measured by optic flow. Nature (Lond.) 411: 581-583.
Franceschini N, Pichon JM and Blanes C (1992). From insect vision to robot vision. Phil. Trans. R.
Soc. Lond. B 337: 283-294.
Horridge GA (1987). The evolution of visual processing and the construction of seeing systems. Proc.
R. Soc. Lond. B 230: 279-292.
Kirchner W and Srinivasan MV (1989). Freely-flying honeybees use image motion to estimate object
distance. Naturwissenschaften 76: 281-282.
Lambrinos D, Moller R, Labhart T, Pfeifer R and Wehner R (2000). A mobile robot employing insect
strategies for navigation. Robot. Auton. Syst. 30: 39-64.
Lehrer M, Srinivasan MV, Zhang SW and Horridge GA (1988). Motion cues provide the bee‘s visual
world with a third dimension. Nature (Lond.) 332: 356-357.
Ruffier F and Franceschini N (2004). Visually guided micro-aerial vehicle: automatic take off, terrain
following, landing and wind reaction. In: Proceedings of the IEEE International Conference on
Robotics and Automation, New Orleans, USA, 2339-2346.
Santos-Victor J, Sandini G, Curotto F and Garibaldi S (1995). Divergent stereo in autonomous
navigation: From bees to robots. Int. J. Comput. Vis. 14: 159-177.
Sobey PJ (1994). Active navigation with a monocular robot. Biological Cybernetics 71: 433-440.
Srinivasan MV and Zhang SW (1997). Visual control of honeybee flight. In: Orientation and commu-
nication in arthropods (Lehrer M, ed.). Birkhäuser Verlag, Basel, pp. 95-114.
Srinivasan MV, Lehrer M, Zhang SW and Horridge GA (1989). How honeybees measure their distance
from objects of unknown size. J. Comp. Physiol. A 165: 605-613.
Srinivasan MV, Lehrer M and Horridge GA (1990). Visual figure- ground discrimination in the
honeybee: the role of motion parallax at boundaries. Proc. R. Soc. Lond. B 238: 331-350.
Srinivasan MV, Lehrer M, Kirchner WH and Zhang SW (1991). Range perception through apparent
image speed in freely-flying honeybees. Vis. Neurosci. 6: 519-535.
Srinivasan MV, Zhang SW, Lehrer M and Collett TS (1996). Honeybee navigation en route to the
goal: visual flight control and odometry. J. Exp. Biol. 199: 237-244
Srinivasan MV, Zhang SW, Altwein M and Tautz J (2000). Honeybee navigation: nature and calibration
of the ‚odometer‘. Science 287: 851-853.
Srinivasan MV, Zhang SW, Chahl JS, Barth E and Venkatesh S (2000). How honeybees make grazing
landings on flat surfaces. Biol. Cybern. 83: 171-183.
Srinivasan MV, Zhang SW, Chahl JS, Stange G and Garratt M (2004). An overview of insect inspired
guidance for application in ground and airborne platforms. Proc. Inst. Mech. Engnrs. Part G: J
Aerospace Engineering 218: 375-388.
Srinivasan MV, Thurrowgood S and Soccol D (2006). An optical system for guidance of terrain
following in UAVs. In: Proceedings of the IEEE International Conference on Advanced Video
and Signal Based Surveillance (AVSS ’06), Sydney, Australia, 51-56.
Tammero LF and Dickinson MH (2002). The influence of landscape on the free flight behaviour of
the fruit fly Drosophila melanogaster. J. Exp. Biol. 205: 327-343.
Weber K, Venkatesh S and Srinivasan MV (1997). Insect inspired behaviours for the autonomous
control of mobile robots. In: From living eyes to seeing machines (Srinivasan MV and Venkatesh
S, eds.). Oxford University Press, Oxford, 226-248.
Zufferey JC and Floreano D (2006). Fly-inspired visual steering of an ultralight indoor aircraft. IEEE
Trans. Robotics 22: 137-146.
Honeybees (Apis mellifera L.) are exposed to countless floral scents in their natural foraging envi-
ronment, most of which are complex chemical mixtures (Chen et al., 2003; Knudsen et al., 2006). While
processing of single odorants has been well studied in honeybees, it is still unclear how bees learn and
process scent mixtures - even though complex scents play a crucial role in finding the right flowers.
Using the well-known Proboscis-Extension-Reflex Assay (Kuwabara, 1957), we investigated
olfactory learning of floral scent mixtures. In this assay bees were first trained to associate a mixture
of 14 odorants with a sugar reward, until they responded by extending their probsocis every time they
smelled the scent mixture. The thus trained bees were then tested with the single odorants: A positive
response, i.e. extension of the proboscis, to smelling a single odorant meant that bees “recognized”
the single odorant as representative of the previously learnt scent mixture. As scents we used experi-
mental mixtures of commonly occurring floral odorants, that are found in at least 50% of all the plants
investigated so far, including limonene, (E)-Ocimene, Myrcene, Linalool, α-Pinene, β-Pinene, Ben-
zaldehyde, Benzyl alcohol, Methyl-2-hydroxybenzoate, 2-Phenylethanol, and 6-Methyl-5-hepten-2-
one (Knudsen et al., 2006).
Our results show that honeybees only learn a selection of key compounds as representative of
the entire mixture. The number and type of key compounds learnt is not fixed but depends on the
composition of the scent mixture. We will discuss the potential neural mechanisms underlying this
process. Together with the bees’ well-known ability to generalize, the strategy of key compound
learning keeps flower recognition flexible: Bees are able to find and return to rewarding flowers
within the constantly varying scent environment presented by flowering plants.
References
Chen F, Tholl D, D’Auria JC, Farooq A, Pichersky E and Gershenzon J (2003). Biosynthesis and
emission of terpenoid volatiles form Arabidopsis flowers. The Plant Cell 15: 481-494.
Knudsen JT, Eriksson R, Gershenzon J, and Stahl B (2006). Diverstiy and distribution of floral scent.
The Botanical Review 72: 1-120.
Kuwabara M (1957). Bildung des bedingten Reflexes von Pavlovs Typus bei der Honigbiene, Apis
mellifica. J. Fac. Sci. Hokkaido Univ. Ser. VI, Zool. 13: 458-464.
References
Farina WM, Grüter C and Díaz P (2005). Social learning of floral odours inside the honeybee hive.
Proc. R. Soc. B 273:1923-1928.
Grüter C, Acosta LE and Farina WM (2006). Propagation of olfactory information within the honey-
bee hive. Behav. Ecol. and Sociobiol. 60: 707–715.
Farina WM, Grüter C, Acosta LE and Mc Cabe S (2007). Honeybees learn floral odors while receiv-
ing nectar from foragers within the hive. Naturwissenschaften 94: 55-60.
Grüter C and Farina WM (2007). Nectar distribution and its relation to food quality in honeybee (Apis
mellifera) colonies. Insect. Soc. 54: 87-94.
Arenas A and Farina WM (2008). Age and rearing environment interact in the retention of early olfac-
tory memories in honeybees. J. Comp. Physiol. A, DOI:10.1007/s00359-008-0337-z.
Floral scents guide insect pollinators during their final approach to flowers (Menzel, 1999).
In eusocial insects this cue can be learned during foraging in the field (Gerber et al., 1996), but also
within the nest (Farina et al., 2005; Arenas et al., 2007). We assessed the Brazilian stingless bee Me-
lipona quadrifasciata for individual olfactory learning abilities and evaluated the possibility that the
food scent could be learned during social interactions occurring within the nest.
We performed a differential classical conditioning assay using the Proboscis extension response
(PER) paradigm (Takeda, 1961; Bitterman et al., 1983), which is a powerful tool to study associative learn-
ing in honeybees. First, we olfactory-conditioned M. quadrifasciata workers in the PER protocol that until
now had not been successfully established for a stingless bee species (Mc Cabe et al., 2007; Figure 1).
Figure 1. Example of naïve Meli-
pona quadrifasciata bees’ performance
during a differential PER condition-
ing using Phenylacetaldeyde (PHE) or
Linalool (LIO) alternatively as rewarded
(CS+) or non-rewarded (CS-) odors. Per-
centage of bees that extended the pro-
boscis (% PER) during five pairs of tri-
als (Training, left panels), and bees that
responded during a testing period 15 min
after training (Test, right panels). * Dis-
crimination index (CS+-CS-) different
from zero (Hypothesis testing, p<0.05).
** p<0.01, Fisher’s exact test. (Modified
from Mc Cabe et.al., 2007)
After verifying that they perform
satisfactorily in this task, we evaluated
the influence of prior food-odor experi-
ences within the colony over their lean-
ing performance. Previous exposure
to scented sucrose solution inside the
nest increased the learning performance
compared to bees fed with unscented so-
lution. Focusing on the recruitment behavior we trained bees to collect scented sucrose solution and
then captured the recruits before contacting the solution at the feeder. In this way, any interaction with
the food odor must have occurred inside the hive. Recruits were able to discriminate better than those
recruited to unscented food. This implies that M. quadrifasciata bees are able to learn the association
food - odor inside their colonies during social interactions with nestmates.
References
Arenas A, Fernández VM and Farina WM (2007). Floral odor learning within the hive affects honey-
bees’ foraging decisions. Naturwissenschafften 94: 218-222.
Bitterman ME, Menzel R, Fietz A and Schäfer S (1983). Classical conditioning of proboscis exten-
sion in honeybees (Apis mellifera). J. Comp. Psychol. 97: 107-19.
Farina WM, Grüter C and Díaz PC (2005). Social learning of floral odours inside the honeybee hive.
Proc. R. Soc. B 272:1923-1928.
Gerber B, Geberzahn N, Hellstern F, Klein J, Kowalksy O, Wüstenberg D and Menzel R (1996).
Honey bees transfer olfactory memories established during flower visits to a proboscis exten-
sion paradigm in the laboratory. Anim. Behav. 52: 1079-1085.
Mc Cabe SI, Hartfelder K, Santana WC and Farina WM (2007). Odor discrimination in classical
conditioning of proboscis extension in two stingless bee species in comparison to Africanized
honeybees. J. Comp. Physiol. A 193: 1089-1099.
Menzel R (1999). Memory dynamics in the honeybee. J. Comp. Physiol. A 185: 323-340.
Takeda K (1961). Classical conditioned response in the honey bee. J. Insect. Physiol. 6: 168-179.
by recruited nestmates to orient towards the feeding site. The arrow points to the extended glossa of
the bee, which is rubbed over the surface while the labial glands’ secretion containing the pheromone
is released. (Photograph by Stefan Jarau)
Whereas the importance of cues for stingless bee foraging behaviour and their chemical nature
is only little explored, trail pheromones have received more attention by researchers. However, only
recently have the glands that produce them as well as the chemical structure of some pheromone
compounds unequivocally been elucidated for a few species. All compounds identified so far belong
to the chemical class of esters and are secreted from the bees’ labial glands (Figure 1) (Jarau et al.,
2004, 2006; Schorkopf et al., 2007; reviewed in Barth et al., 2008), which disproves the formerly
prevailing “mandibular gland paradigm”. Experiments with both natural gland extracts and synthetic
compounds have further revealed that the chemical composition of trail pheromones (relative propor-
tions of single compounds) is nest specific in Trigona corvina, Scaptotrigona pectoralis (Dambacher
and Jarau; Hemmeter and Jarau; unpublished data). The effect of the pheromones in releasing trail
following behaviour is also nest specific in these two species, but there are interesting differences
between them, which probably can be explained by the different foraging strategies and/or levels of
aggressiveness of T. corvina and S. pectoralis. The demonstrated nest specificity may help to avoid
competition for resources and, at least in the aggressive species, costly combats between foragers
belonging to different colonies that can lead to considerable losses of workers in the involved colo-
nies. Future research should focus on the possible role of nest specific trail pheromones for resource
partitioning between neighbouring conspecific nests in natural habitats using species with different
levels of aggressiveness to test this hypothesis.
References
Barth FG, Hrncir M and Jarau S (2008). Signals and cues in the recruitment behavior of stingless bees
(Meliponini). J. Comp. Physiol. A 194: 313-327.
Jarau S, Hrncir M, Zucchi R and Barth FG (2004). A stingless bee uses labial gland secretions for
scent trail communication (Trigona recursa Smith 1863). J. Comp. Physiol. A 190: 233-239.
Jarau S, Schulz CM, Hrncir M, Francke W, Zucchi R, Barth FG and Ayasse M (2006) Hexyl de-
canoate, the first trail pheromone compound identified in a stingless bee, Trigona recursa. J.
Chem. Ecol. 32: 1555-1564.
Lindauer M and Kerr WE (1960). Communication between the workers of stingless bees. Bee World
41: 29-41 and 65-71.
Schorkopf DLP, Jarau S, Francke W, Twele R, Zucchi R, Hrncir M, Schmidt VM, Ayasse M and Barth
FG (2007). Spitting out information: Trigona bees deposit saliva to signal resource locations.
Proc. R. Soc. B 274: 895-898.
Wilson EO (1990). Success and dominance in ecosystems: the case of the social insects. Ecology
Institute, Oldendorf/Luhe.
Wyatt TD (2003). Pheromones and animal behaviour. Communication by smell and taste. Cambridge
University Press, Cambridge.
SI MPÓS IO 3
PATOLOGIA DE ABELHAS
Periodical losses of honey bee colonies are a well known and are reported over decades from
different countries phenomenon (Wilson & Menapace 1979, Gnaedinger 1984). In temperate climates
most colony collapses occur over winter. In tropical and subtropical climates, weakening and collapse
of bee colonies can also be observed during the dry season. Some typical factors are suspected to be
responsible for the weakening or dying of colonies: Bee diseases, insufficient nutrition (including
lack of pollen sources), bad weather and pesticides.
During the winter 2002/ 2003 both in Germany and in most other European countries more
than a third of the bee colonies died. However, two aspects complicated the analysis of this di-
saster: First, the data based on reports from the beekeeper organizations and not on independent
surveys. Second, we observed an extremely uneven distribution of the damages: Some beekeeper
did not loose a colony at all, other lost 60 to 100%. Beekeeper in France (Bonmatin et al. 2005)
and in Germany blamed the use of Neonicotinoides for the above average losses. This new gen-
eration of active ingredients (for instance Imidacloprid, Fipronil, Clothianidin) is widely used as
insecticides in plant protection particularly for the dressing of seed in sunflower, maize and oils
seed rape. Most Neonicotinoides are poisoning to bees, even in extremely low concentrations.
Therefore, representatives of the professional beekeeper organizations are afraid that traces of
residues in pollen or nectar may cause death or weakening of bees and brood. Unfortunately, a
clear scientific explanation for the periodical colony losses was lacking and the discussion about
the reasons for the “Bienensterben” became more and more emotional, speculative and political.
The CCD discussion at the United States enforced this discussion (Johnston 2007, Van Engelsdorp
et al. 2007). Therefore, we decided to establish a long-term monitoring project in order (i) to col-
lect exact and independent data on colony losses and (ii) to collect continuously colony data over
several years. Therefore, in the case of extraordinarily colony losses we should be able to analyze
“retrospective” certain factors of the dead colonies.
A “project board” was established including the German Ministry of Agriculture, 9 German
Apicultural institutes, the beekeeper organizations, the farmer organizations and three companies of
the plant protection industry. The latter participated in financing the project however, without enjoy-
ing any privilege on methods, data and interpretation of results. One meeting of the project board and
a yearly report published in the Net are obligatory. For the project we established cooperation with
125 beekeepers with more than 7.000 colonies distributed all over the country (Fig 1). “Problematic”
agricultural crops like maize and rape are sufficiently represented around the apiaries. All together,
more than 7,000 colonies are kept by the beekeepers. Ten colonies of each beekeeper are used for
detailed data sampling.
Data Record
The statistics of colony losses and management details like movement of colonies, swarming,
honey yields, treatments etc. are recorded by the beekeeper. All “monitoring beekeepers” are super-
vised by scientists from the institutes. Four times a year, the each beekeeper is visited for exchange
of experience and taking samples of honey, bee bred (collected pollen) and bees. These samples are
analyzed at the laboratories of the institutes for:
- Pollen analysis in order to specify the foraging activities
- Residue analysis of bee bred: a “multi method” based on HPLC-MS-MS was developed to
analyze about 560 active ingredients with detection limits between 1 – 5 (10) ppb (µg per kg).
- Honey bee diseases: . two times a year, Varroa infestation before winter, tracheal mites, Amer-
ican foulbrood (AFB), 4 honey bee viruses before winter (DWV, APV, SBV, KBV).
We developed a special data base system where all data can be registered online by the respon-
sible scientists of each bee institute.
Statistical Analysis
Two factors were used for statistical analysis: colony mortality over winter (yes or no) and
“quality” of overwintering. For the latter, the colonies were classified in 5 groups according to the
difference in colony strength before and after winter.
Based on the nominal scaling of the colony mortality, a non-parametric Mann-Whitney-U-Test
was used to compare certain factors in survived and collapsed colonies, respectively. Homogeneity
of data was confirmed by Chi-Square-tests and a Bonferroni-Fisher correction was used for the sig-
nificance values.
The colony winter mortality within the “monitoring beekeeper” ranged, on average, from 7
to 13% (Fig 2). This represents the “normal” and by the beekeepers accepted loss of colonies over
winter. The somewhat higher loss in the second year may be caused by the extreme cold weather with
about 3 month of continuous frost. However, the losses calculated from surveys (between 2,000 and
4,000 beekeepers) indicated significant higher losses (14 – 26%, Fig 2). Obviously, our “monitor-
ing beekeepers” do reflect a positive selection rather than the standard beekeeper. Some individual
monitoring beekeepers complained exceptional losses; most of them could be explained by the lack
of treatment in late summer. This is also supported by the experience during last winter. The higher
losses during the winter 2007/ 2008 are related to extraordinary high infestation levels which have
already been detected within the project during the summer 2007. Although we recommended an in-
tensive treatment against Varroosis by time, many of the “standard beekeepers” did not perform this
treatment consequently.
The honey yields during the seasons of the years 2005 – 2007 were good and above average
indicating that the colonies were in a good shape during these periods:
In the bee bred from 105 colonies in spring 2005 and 2006 we could detect 42 active ingre-
dients, most of them in traces near the detection limit. Most abundant were Coumaphos (acaricide),
fungicides and herbicides detectable in more than 30 samples each. Insecticides were analyzed only
in few cases, most abundant were Thiaclopride which is used in flowering rape as a non bee toxic
compound. Neonicotinoides (Imidaclopride, Fipronil, Clothianidine) were not found with 1ppp de-
tection limit. For Imidaclopride in rape (Gaucho®) an additional experiment were performed in 2004
revealing no detectable levels of residues in flowers and nectar. In two samples of bee bred (n=48),
residues of 1ppb were measured.
The analysis of honey bee diseases did not reveal tracheal mites at all and only in less than 10%
of the samples low levels of AFB spores (no clinical symptoms). Infestations with were found in 17%
(year 2007) to 45% (year 2006) of the samples. Most infestations were at low or middle level without
clinical symptoms:
Spring 2005 67 13 12 8
Spring 2006 55 24 13 8
Spring 2007 83 10 5 3
The average Varroa infestation levels of adult bees at the beginning of the winter (most colonies
were brood-free at that time) were about 5% in all years. However, at single apiaries or in individual
colonies infestation levels of 10% and more could be measured. Such apiaries and colonies, respec-
tively, had clearly exceeded the damage threshold.
The levels of Virus infestations varied according to Virus, year and region (Fig 3) with abun-
dances from 6% to 18% in all Viruses except Kashmir Bee Virus (KBV). It should be mentioned that
only the heads of the bees were used for PCR analysis. This results in lower abundances than whole
body analysis but reflects better the clinical situation within the colony.
Correlation analysis:
In total, 3.198 data sets were used for the analysis. We could not detect any correlation between
the locations of the apiaries (i.e. the presence of certain crops) and mortality during winter or quality
of overwintering (p>0.1). The correlation coefficients were:
Oil seed rape: r = 0.173 (2005) / 0,005 (2006)
Maize: r = 0.063 (2005 – 2007)
Sunflower: r = 0.324 (2005 – 2007)
Also the infestation did not show any correlation with colony losses. It should be mentioned
that in the year 2007 we already had more than . In the positive 2008 samples, we only detected so
far. It seems that currently in Europe is replaced by the (Higes et al. 2006).
Colony losses are highly significant correlated with the infestation level of adult bees before
winter and the presence of Deformed Wing Virus (DWV) in autumn. The infestation with Acute
Bee Paralysis Virus (ABPV) is just not significant due to the Bonferoni correction. Surprisingly,
also the age of the queen has a significant effect on the risk of colony loss (one year old queens
are better than older ones).
As the level of Varroa infestation itself is significantly correlated with the abundance of DWV
(Yue et al. 2007), the Varroa infestation in autumn is the most striking and probably crucial factor for
the mortality of honey bee colonies during winter. The abundance of DWV and the colony strength
in October are also influenced by the level of Varroa infestation (Yue et al. 2007) and may, therefore,
only reflect secondary symptoms of damages due to Varroosis.
Concluding Remarks
Our monitoring project is worldwide unique. An important point is that we only use colonies
and data from beekeepers. Therefore, we really reflect the situation in the field and not the results of
special experimental designs.
From the experience of the first 4 years we can state the following:
- The amount of work has been underestimated, especially for coordination, organization and
control of the data base. Depending on the number of monitoring beekeeper, a 50% position is cov-
ered exclusively with monitoring activities.
- Also the financing of the project was underestimated. About € 750,000 per year would be
necessary to cover the full costs.
- The cooperation with the beekeeper worked and works pretty well. Three are only very few
cases of beekeeper who abandoned the cooperation, most of them because of personal reasons. This
is important for the interpretation of results with the beekeeper organization and with politicians.
- Through the project we have “hard data” on colony mortality at our disposal. This reduces
speculations on the extinction of honey bees.
- Especially the results of our residue analysis facilitate an objective and constructive discus-
sion on the reasons for colony losses.
- We could clearly show that winter mortality is not directly correlated with environmental fac-
tors an. Also the emotionally discussed seed dressing by Imidacloprid did not create significant resi-
dues not did we see any effect on honey bee colonies in the field. However, the current case of damage
and dying of about 12,000 honey bee colonies in the Rhine valley through the drift of Clothianidin
from badly dressed maize seed demonstrates that there remains a risk through insecticides which are
extremely toxic to bees.
- Honey bee colonies rather succumb to a permanent pressure through Varroosis. Even small
inattentiveness during treatment will increase the risk of colony damages. This was also supported by
checking the treatment methods in the apiaries of our beekeepers.
- However, our monitoring project can not finally answer the question whether sublethal or
synergistic effects of several factors (including plant protection) cause a weakening of bees and a
dwindling (Bortolotti et al. 2003, Bonmatin et al. 2005) of bee colonies during the season. To clarify
this, more detailed projects with specific data collections are necessary.
- However, our monitoring project is a crucial tool to detect future problems of honey bee health and
represents an important basis for a constructive dialogue with beekeepers and farmers organizations.
References
Bonmatin JM, Moineau L, Charvet R, Colin ME, Fleche C, Bengsch ER (2005). Behaviour of imidacloprid
in fields. Toxicity for honey bees. In: Environmental Chemistry, Green hemistry and Pollutants in
Ecosystems. Lichtfouse R, Schwarzbauerm J and Robert D (eds), Springer, New York, Pp. 483-494.
Bortolotti LR, Montanari J, Marcelino P, Medrzycki S, Maini A, Porrini C (2003). Effects of sub-
lethal imidacloprid doses on the homing rate and foraging activity of honey bees. Bulletin of
Insectology 56:63-67.
Gnaedinger F (1984). Winter losses of bee colonies at the region of Baden (South Germany). , 297-299
(in German).
Higes M, Martin R, Meana A (2006). , a new microsporidian parasite in honeybees in Europe.
92:93-95.
Johnson R. (2007). Recent Honey Bee Colony Declines; Updated August 14, 2007; Order Code
RL33938
http://www.fas.org/sgp/crs/misc/RL33938.pdf
Van Engelsdorp D, Cox Foster D, Frazier M, Ostiguy N, Hayes J (2007). “Fall dwindle disease”:
Investigations into the causes of sudden and alarming colony losses experienced by beekeepers
in the fall of 2006. Preliminary report: First revision.
http://maarec.cas.psu.edu/pressReleases/FallDwindleUpdate0107.pdf
Yue C, Schroeder M, Gisder S, Genersch E (2007). Vertical transmission routes for deformed wing
virus (DWV) of honey bees. . 88, 2329-2336.
Wilson WT, Menapace DM. (1979). Disappearing disease of honey bees: a survey of the United
States. 119:Part I:118-119, Part II:184-186, 217.
Abstract
Alternative approaches including metagenomic and genetic screening can be extremely useful
and can accelerate important discoveries related with a current phenomenon that is affecting honey
bees around the world (characterized by the depopulation or sudden losses of hives). To determine
possible causes for the decline in honey bee colonies from southeastern Brazil, and in particular to test
the likelihoods of specific predicted causative agent(s) for this condition, a diverse set of analyses was
proposed. These analyses form part of a more extensive Epidemiological Evaluation Program for bees
in southeastern Brazil. Here we present an overview about part of this Program. Three viruses were
identified (Acute bee paralysis virus - ABPV, Black queen cell virus - BQCV, and Deformed wing
virus - DWV) in 1,920 analyzed bees, and a multiplex RT-PCR assay was developed and validated. Al-
though strategy adopted to analyze data in details is still being evaluated and prepared by the authors,
the first results indicated that ca. 26 % of the samples carried Israeli Acute Paralysis Virus (IAPV), and
some isolates for this virus were found. Nosema ceranae, Melissococus pluton, Leptomonas apis, and
Spiroplasma apis were also detected. Pathological, epidemiological, and widespread studies remain to
be conducted once no single pathogen seems overly predominant in declining bee colonies.
Key words: Africanized honey bees; pathogens; RT-PCR; real-time RT-PCR; colony col-
lapse disorder.
Introduction
In a strict sense metagenomic surveys provide data for understanding the genetic com-
ponents of entire ecological communities. Recently, metagenomic efforts have focused on de-
scribing the microbial components of ecosystems ranging from the open ocean, to the human
digestive tract. In the last few years this cultivation-independent approach has produced many
exciting discoveries, and especially the identification of many organisms that are either new
to science or not previously associated with a given ecosystem or biological sample. The fea-
sibility and applicability of modern molecular techniques in identifying organisms is evident
and such techniques are being used widely. A current phenomenon that is affecting honey bees
around the world, characterized by the depopulation or sudden losses of hives, remains without
a recognizable underlying cause, despite much effort using many analytic strategies. As such,
alternative approaches including metagenomic and genetic screening, can be extremely useful
and can accelerate important discoveries.
Honey bees, like other organisms, face disease agents including viruses, bacteria, fungi, pro-
tozoa, parasitic mites and nematodes (Bailey and Ball, 1991; Ellis and Munn, 2005). One factor in
the success of Africanized honey bees (AHBs, hybrid resulted from crosses between European and
African honey bee subspecies) across the Americas seems to be higher levels of resistance toward
mites and other pathogens (Aumeier, 2001; Guzmán-Novoa et al., 1999; Mondragón et al., 2005;
Moretto and Mello Jr., 1999; Moretto and Mello Jr., 2001; Rosenkranz, 1999; Vandame et al., 2002).
Nevertheless, in the last five years, decreased worker bee populations can be observed in some areas
of southeastern Brazil. These losses tend to occur between March and July, and have in some cases
been correlated with specific brood symptoms and, sometimes, few dead adult bees in front of the
colony. Nevertheless, the defining trait observed by beekeepers is simply the occurrence of significant
and unexpected production losses. Consequently, in Brazil terms like “depopulation” or “decline”
best describe the observed problem. This contrasts somewhat with Colony Collapse Disorder (CCD),
a recent phenomenon observed in the USA, and defined by:
“sudden loss of the colony’s adult population with very few bees found near the dead colo-
nies; several frames with capped brood indicating that colonies were relatively strong shortly
before the loss of adult bees; food reserves that have not been robbed, despite living colonies
in the area, suggesting avoidance of the dead colony by other bees; minimal evidence of wax
moth or small hive beetle damage; a laying queen often present with a small, 100-bees, cluster
of young attendants” (Pettis, 2007).
To determine possible causes for the decline in honey bee colonies from Brazil, and in
particular to test the likelihoods of specific predicted causative agent(s) for this condition, a
diverse set of analyses was proposed. These analyses form part of a more extensive Epidemio-
logical Evaluation Program for bees in southeastern Brazil. All analyses converged to the same
purpose: to evaluate the prevalence of various parasites and pathogens of brood and adults bees,
or other causes (like pesticides and toxic nectar and pollen), which could be involved directly
or indirectly in such losses. Based on the obtained results, the intention is to develop control
methods without the use of chemotherapy, to make sure that the apicultural products in Brazil
will remain viable productive without drugs.
Here we present an overview about part of this Program that is being addressed in collab-
oration among Brazilian and American scientists from USDA, Beltsville, USA. Initially, and
considering the fact that viruses have emerged as one of several candidates for these losses,
we developed a study termed “Virus infections in Brazilian honey bees”. In this study differ-
ent viruses were detected and a multiplex RT-PCR assay was validated (Teixeira et al., 2008).
After that, searching for similarities between the problem that is happening in the USA (CCD)
and the problem that is severely impacting beekeepers in southeastern Brazil we evaluated the
presence of Israeli Acute Paralysis Virus (IAPV) in those samples, since IAPV was detected
in 83% CCD-affected honey bee colonies in the USA, and could be involved in such phenom-
enon maybe like a good marker for that (Cox-Foster et al., 2007). Additionally, the presence of
others microorganisms was evaluated (Nosema apis, Nosema ceranae, Paenibacillus larvae,
Melissococus pluton, Spiroplasma apis and Leptomonas apis), and lastly, applying knowl-
edge about honey bee immune gene expression, we evaluated genes related to antimicrobial,
melanization and recognition processes, as well.
Africanized adult honey bees were sampled from 200 colonies from 10 apiaries (20 colo-
nies/apiary and 20 bees/colony) located in a representative area (Altinópolis, São Paulo, Brazil)
where the abnormality has been observed in the last five years, during the autumn time in 2007.
Prior to shipment to the United States, to avoid RNA degradation all samples were grounded in
RNAlater® Tissue Collection (RNA stabilization solution, Ambion). After shipment time (~3 days)
at room temperature all samples were stored at -800 C. RNA isolation, cDNA synthesis, primers
designed, amplicon sizes, amplification conditions, sequences, and other details related with virus
identification and multiplex RT-PCR assay are described in Teixeira et al. (2008). Nucleotide se-
quences of the amplified products were determined and confirmed to be the expected species using
BLAST at the US-NIH National Center for Biotechnology Information (www.ncbi.nlm.nih.gov).
In order to address if IAPV nucleic acid was present, PCR primers were the same used in Chen
and Evans (2007; IAPV-F1a: GCGGAGAATATAAGGCTCAG, IAPV-R1: CTTGCAAGATAA-
GAAAGGGGG). Strategy adopted to analyze data in details is still being evaluated and prepared
by the cooperative group (Teixeira et al., unpublished data).
RT-PCR assays were conducted for five additional pathogens (the bacteria Melissococcus plu-
ton and Paenibacillus larvae, the microsporidian Nosema apis and Nosema ceranae, the trypanosoma
Leptomonas apis, and Spiroplasma apis). DNA extraction was performed using 5 µL of the superna-
tant from each collection above in 100 µL of a 5% Chelex-100 (Bio-Rad). The solution was incubated
at 950C for five minutes, performing a total of 192 compound samples, randomly sorted in two 96-well
plates. The DNA concentrations and purity were evaluated by Thermo Scientific NanoDropTM.
Oligonucleotide primer pairs previous designed were used to amplify nucleic acid of two
Nosema species (Chen et al., 2008), Paenibacillus larvae (PLS18, Evans, 2006; F: 5’-TTCACG-
GCTAACAAAATTAAACA-3’, R: 5’-TTCGCAGAAGTTCCGGTTAC-3’), Melissococcus pluton
(F 5’-ACGCCTTAGAGATAAGGTTTC-3’ R 5’-GCTTAGCCTCGCGGTCTTGCGTC-3’), and
Spiroplasma apis (F: 5’-cttttagtttgacggtaccttaccag-3’, R: 5’-aaccgcctacg-
caccctat-3’). For Leptomonas apis we designed a primer pair (TrypITS1 F: 5’-GTCGTTGTTTC-
CGATGATGG-3’, TrypITS1 R: 5’-CCGTTTGCGTTCAAAGATTC-3’) to generate a 120 bp product,
based on a partial rRNA sequence generated in our initial screening (Genbank accession pending).
PCR reaction mixture of 25 μL consisted of a primer concentration of 0.2 μM each, 1 U Taq
with proscribed 1× buffer (Roche Applied Sciences), a final concentrations of 1 mM dNTP mix and 2
μL of DNA template (~ 45.85 ng/ µL). Reactions were carried out with a thermal protocol consisting
of 960 C for 2 min., then 3 cycles of 960 C for 30 sec., 600 C for 30 sec. (-10C/Cycle), 650 C for 1 min.,
followed by 35 cycles of 960 C for 30 sec., 560 C for 30 sec., 650 C for 1 min, and a final extension at
650 C for 2 min. Positive and negative controls were included. PCR products were visualized on a
1.7% (w/v) agarose gel containing ethidium bromide. Nucleotide sequences of the amplified products
were determined and confirmed to be the expected species using BLAST at the National Center for
Biotechnology Information (NCBI).
Conditions described by Evans (2006) were adopted as to develop real-time RT-PCR like an
initial diagnosis for viruses (except for IAPV), as to develop a quantitative-PCR array to measure
transcript levels for 192 compound samples of 10 bees each and a set of four honey bee immune-
genes selected validated previously (Evans, 2006).
The four-set genes’ included in this study comprises different categories of gene function
in bees: immune end product – abaecin F (5’- CAGCATTCGCATACGTACCA - 3’) R (5’- GAC-
Results
While screening for the six more common viruses in adult honey bees from Brazil (Acute bee
paralysis virus - ABPV, Black queen cell virus - BQCV, Deformed wing virus - DWV, Chronic bee
paralysis virus - CBPV, Kashmir bee virus - KBV, and Sacbrood virus – SBV), nucleic acid only of
the three first viruses were identified (ABPV, BQCV, and DWV) in 1,920 analyzed bees (Teixeira
et al., 2008). In order to detect simultaneously these three target viruses (ABPV, BQCV, and DWV)
the authors developed and validated a multiplex RT-PCR assay, which generated unique amplicon
sizes of 700 bp, 500 bp and 129 bp., respectively. Products of the expected size and sequence were
obtained (Genbank accession numbers EU292210, EU292211 and EU292212 for ABPV, BQCV, and
DWV, respectively). In relation to the prevalence of the virus, 52, 71 and 39 samples were positive for
ABPV, BQCV, and DWV, respectively. Forty three samples were co-infected colonies 15 with ABPV
and DWV, 19 with BQCV and DWV, and 21 with ABPV and BQCV, and among them only 6 with all
of three viruses. Among adult bee samples analyzed from brood area, our first results indicated that
ca. 26% carried IAPV.
Transcript abundances of immune-response genes in honey bees in relation to Nosema ceranae,
N. apis, ABPV, BQCV, and DWV are shown in the Figure 1. The colors, ranging from green to red,
corresponding to relatively low levels to high levels of expression, while dark ray cells represent mod-
erate expression levels. N. apis was essentially absent from our analyses (green cells). There is not a
strong trend in terms of immune-gene expression in samples collected from declining versus healthy
colonies. Correlations between the Ct values of pathogens were low (from -0.005 to 0.19), although
significant (P< 0,05) in some cases (ABPVxBQCV, ABPVxDWV, Leptomonas apisxABPV, and Nose-
ma ceranaexDWV). These few cases may indicate synergistic impacts of pathogen species.
In RT-PCR gel assays, no samples were positive for either N. apis or P. larvae. Only two
samples were infected with M. pluton. Leptomonas apis nucleic acid was present in 36/94 samples
that were screened and sequenced. Spiroplasma apis was detected in 68 samples, but these primers
co-amplified other 18S sequences, and so need further analysis. Correlations between the Ct values
of pathogens are shown in Table 1.
Figure 1. Array diagram showing expression patterns of honey bee immune genes and patho-
gens in relation to sample disease status (S = “sick”, H = “healthy”), and collection site (I = inside
bees, O = outside bees) for colonies collected in 10 apiaries (as in Teixeira et al., unpublished data).
Genes surveyed (vertical names) are the honey bee genes Abaecin, cytochrome P450, hymenoptae-
cin, and B-glucan recognition protein and bee pathogens Nosema apis, Deformed wing virus, N.
ceranae, trypanosome, Black queen cell virus and Acute bee paralysis virus.
* P< 0.05
Discussion
Three different bee viruses, ABPV, BQCV and DWV, were described during a screening of
RNA’s from 1,920 individual adult bees from Brazil and a multiplex RT-PCR assay was developed
and standardized for these target viruses, validated to be precise and sensitive (Teixeira et al., 2008).
The authors demonstrated in this first published assay using molecular techniques in Brazilian bees
that viruses are considerably less prevalent compared to elsewhere, including when compared with a
previous South American evaluation from Uruguay (Antúnez et al., 2006). Previously, Message et al.
(1996), using double-immune diffusion, detected the presence of APV (=ABPV), BQCV, FV (Fila-
mentous Virus), and CWV (Cloud Wing Virus) in Brazil, but not DWV, CBPV, KBV, and SBV.
Although our IAPV data set is still under evaluation, we found at least several isolates for this
virus that are distinct from other discistroviruses. We could observe that IAPV from Brazil seems to
be different in average 2.18 % (by 1.54 % - 3.11 %) from isolates from Israel (Maori et al., 2007)
and differs on average 2.44 % (by 0 % - 4.94 %) from isolates in the U.S. (Chen and Evans, 2007).
Additionally we found an interesting diversity among Brazilian samples (by 0 % to 4.23 %, and
1.8 % in average), considering the total alignment length of 462 base pairs. Leptomonas apis, a try-
panosome parasite of bees, was the microorganism most frequently found in all analyzed adult bee
samples. This species appears not to be strongly tied to disease, either by presence/absence tests or
quantitative PCR (Figure 1). It is important consider that all insect species are known to harbor a
rich and complex community of microorganisms in their guts and other body regions. This micro-
biota participates in many types of interactions ranging from pathogenesis to obligate mutualism
(Dillon and Dillon, 2004; Dharne et al., 2006).
It is interesting to mention that part of the symptoms described by beekeepers and scientists for
CCD are observed in Brazil when the honey bees collect pollen from Stryphnodendron spp. In this
case strong colonies abandon their hives in a few days leaving strong amounts of brood with Bra-
zilian Sac Brood-like disease and food reserves. Normally the strongest colonies are more affected
because necessity of pollen is higher. On the other hand some of these symptoms are quite different
of CCD because strong brood mortality is observed. The larvae fail to pupate and remain stretched
on their backs, with their heads towards; fluid accumulates between the body of the diseased larvae
and its unshed skin (Carvalho & Message, 2004). Such observation permit us wonder about possible
involvement of toxic nectar or pollen in the actual abnormality.
Conclusion
While the results presented here confirm the presence of diverse microorganisms carried by
AHB samples from Brazil, pathological, epidemiological, and widespread studies remain to be con-
ducted. In addition, no single pathogen seems overly predominant in declining bee colonies.
Acknowledgements
We thank David De Jong for sample help and Dawn Lopez for laboratory assistance. This work
was supported by CNPq, Brazil (EW), and by USDA-NRI grants AG2004-36504-14277 (JDE).
References
Ellis JD and Munn PA (2005). The worldwide health status of honey bees. Bee World. 86: 88-101.
Evans JD (2006). Beepath: An ordered quantitative-PCR array for exploring honey bee immunity and
disease. J. Invertebr. Pathol. 93: 135-139.
Evans JD and Pettis J (2005). Colony-level impacts of immune responsiveness in honey bees, Apis
mellifera. Evolution 59: 2270-2274.
Guzmán-Novoa E, Vandame R, Arechavaleta ME (1999). Susceptibility of European and Africanized
honey bees (Apis mellifera L.) to Varroa Jacobsoni Oud. in Mexico. Apidologie 30: 173-182.
Maori E, Lavi S, Mozes-Koch R, Gantman Y, Peretz Y, Edelbaum O, Tanne E, Sela I (2007). Iso-
lation and characterization of Israeli acute paralysis virus, a dicistrovirus affecting honey-
bees in Israel: evidence for diversity due to intra- and inter- species recombination. J. Gen.
Virol. 88: 3428 - 3438.
Message D, Ball B V, Allen M (1996). Ocorrência de viroses em abelhas no Brasil e na Argentina. In:
Anais dos Congressos, Seminários e Encontros Brasileiros de Apicultura. CD (Coordenador:
Aroni Sattler, UFRGS). 11º Congresso Brasileiro de Apicultura. Painel (Portuguese).
Mondragón L, Vandame R, Spivak M (2005). A multifactorial study of the resistance of honeybees Apis
mellifera to the mite Varroa destructor over one year in Mexico. Apidologie 36: 345-358.
Moretto G, Mello Jr LJ (1999). Varroa jacobsoni infestation of adult Africanized and Italian honey
bees (Apis mellifera) in mixed colonies in Brazil. Genet. Mol. Biol. 22,: 321-323.
Moretto G, Mello Jr LJ, (2001). Infestation and distribution of the mite Varroa jacobsoni in Afri-
canized honey bee (Apis mellifera) colonies. Interciencia 26: 394-396.
Pettis, J. (2007). Honey Bee Colony Collapse Disorder in the United States. Ann. 9th International
Pollination Symposium on Plant-Pollinator Relationships – Diversity in Action. Ames, Iowa,
U.S. June 24-28. 206 pp.
Rosenkranz P (1999). Honey bee (Apis mellifera L.) tolerance to Varroa jacobsoni Oud. in South
America. Apidologie 30: 159-172.
Teixeira EW, Chen Y, Message D, Pettis J and Evans JD (2008). Virus infections in Brazilian honey
bees. J. Invertebr. Pathol. In press (DOI: 10.1016/j.jip.2008.03.014).
Vandame R, Morand S, Colin M-E, Belzunces LP (2002). Parasitism in the social bee Apis mel-
lifera: Quantifying costs and benefits of behavioral resistance to Varroa destructor mites.
Apidologie 33: 433-445.
Abstract
Irrational use of insecticides in agroecosystems may provoke the unbalance on bees popula-
tion, causing the disappearance of several species in fields of crops and concerning many researchers
around the world. Most of the scientific papers only mention the effects of acute toxicity to bees and
the effects of sub lethal doses of insecticides are little studied, mainly in Brazil. These studies are im-
portant, because pollinators have great economic value in agriculture, primarily for the conservation
of plant species and allow the reduction of negative effects on apiculture industry. The purpose of
this research was to analyze the assess the presence of insecticides in samples of dead bees, sent from
crops from São Paulo state and morphological changes in bees Apis mellifera after application of
insecticides. Two analytical methods were used to detect residues of groups of pesticides in the bees
and in the honey: technique of gas chromatography (GC / MS) and technique in a liquid phase chro-
matography (LC / MS). The results showed no pesticide residues within the limits of detection setted
(0.01 mg / kg). Already the technique of chromatography liquid phase was done only for the group of
neonicotinoids, the results identicated wastes of insecticides above the permitted limit (0.01 mg / kg)
for samples of bees collected in Boa Esperança do Sul. Although the morphology of the brain has not
presented any apparent structural change, the morphological analysis of the ventricles of larvae and
workers suggest a significant change in cell tissues, after application of fipronil.
Introdução
Os agentes polinizadores e a reprodução vegetal proporcionada por sua ação são elementos cru-
ciais no funcionamento de quase todos os ecossistemas terrestres, incluindo aqueles dominados pela
agricultura (KEVAN, 1999). No entanto, o uso irracional de inseticidas nos agroecossistemas pode
ocasionar o desequilíbrio da população de abelhas que visitam estes locais.
O consumo anual de agrotóxicos no Brasil é superior a 300 mil toneladas de produtos formu-
lados. Expresso em ingredientes ativos, isto representa mais de 130 mil toneladas de consumo anual
destes produtos químicos no país. Nos últimos quarentas anos, o consumo de agrotóxicos aumentou
700%, enquanto a área agrícola aumentos apenas 78% (Spadotto et. al., 2004). Estes dados mostram
a situação alarmante da agricultura, o que pode acarretar em sérios danos ao meio ambiente.
Essa cultura pode ser uma das possíveis causas do desaparecimento de várias espécies de abel-
has dos campos de cultivo, e isso vem preocupando muitos pesquisadores no mundo todo, o que pode
ser demonstrado pela publicação de artigos na Europa (OSBORNE et al. 1991; WILLIANS, 1988;
PORRINI et al., 2002; CELLI e MACCAGNANI, 2003), Estados Unidos (BATRA, 1995; MAYER,
LUNDEM, 1999), América Central (ROUBIK, 1978) e na América do Sul (AIZEN, FEISINGER,
1994; MORAES et al., 2000, MALASPINA, SILVA-ZACARIN, 2006).
Recentemente, Fletcher e Barnett (2003) realizaram um levantamento sobre os freqüentes aci-
dentes de envenenamento de abelhas com pesticidas nos apiários do Reino Unido. O trabalho foi feito
em conjunto com apicultores e agricultores e os principais componentes encontrados em amostras de
abelhas mortas foram organofosforados (42%) e carbamatos (29%). Os acidentes foram provocados
pelo uso incorreto na aplicação de inseticida (32%) e principalmente pelo uso de inseticidas proibidos
ou não-especificados (48%).
Em 2002, nos apiários franceses, foram realizados monitoramentos em colônias de abelhas Apis
mellifera. Os estudos foram realizados em cinco apiários, distribuídos ao acaso. Para cada apiário,
cinco colônias de abelhas receberam coletores de pólen, que foram visitados quatro vezes por ano.
Nessas visitas, o pólen coletado foi enviado para analises residuais, onde foram encontrados 19 com-
postos de elevada toxicidade para as abelhas, entre estes foram citados, fipronil, imidaclopride, ciper-
metrina, aldicarb, lindane, deltametrina, endosufan, dimetoato e outros (Chauzat et al., 2006).
Além dos efeitos de toxicidade aguda levando a morte das abelhas, os inseticidas podem tam-
bém provocar alterações comportamentais nos indivíduos, que ao longo do tempo acarretará sérios
prejuízos na manutenção da colônia. Segundo para Medrzychi et al. (2003), em algumas circunstân-
cias, o efeito de inseticidas nas abelhas não é imediatamente notado, sendo necessárias avaliações das
doses subletais de seus princípios ativos para que seja possível observar sua influência na sobrevivên-
cia e comportamento destas. Uma das hipóteses para este fato foi sugerida por Bortolotti et al. (2003),
estudando os efeitos das doses subletais de imidaclopride sobre as abelhas, verificou que estes inseti-
cidas atuam sobre o as atividades de comportamento de forrageamento, alterando-as e dificultando o
seu retorno à colônia na província de Bologna, Itália.
Decourtye et al. (2003) verificou redução da movimentação, da mobilidade e diminuição da ca-
pacidade de comunicação das abelhas, interferindo em suas atividades sociais e dificultando retorno
à colônia logo após as coletas, quando submetidas a doses subletais do inseticida “Gaúcho”, cujo
princípio ativo é o imidaclopride. Decourtye et al. (2004, 2005) também verificaram que as abelhas
tratadas com doses subletais de inseticidas imidaclopride, fipronil e deltametrina, apresentam alter-
ações no desempenho de aprendizado e memória durante o processo de forrageamento.
O fipronil, conhecido comercialmente como Regent, é um inseticida fenilpirazólico introduzido
no controle de pragas, mas que afeta outros insetos não-alvo, causando a sua mortalidade. Em doses
subletais, o fipronil pode afetar a percepção gustativa, o aprendizado olfatório e a atividade motora
das abelhas que são funções essenciais no forrageamento destes insetos (HASSANI et al., 2005).
Pesquisas atuais realizadas na Europa revelam que o inseticida fipronil, utilizado nos cultivares
explorados pelas abelhas, provoca a morte de 10 a 65% dos indivíduos depois de 10 dias da aplicação
deste composto químico (COLIN, 2004).
A disseminação do uso de muitos agrotóxicos, porém, não é consenso em países da Europa e Esta-
dos Unidos, haja vista que a França proibiu o inseticida “Gaúcho”, cujo princípio ativo é o imidaclopride,
em 1999, após uma longa batalha judicial. O inseticida Regent foi igualmente proibido naquele país, pois
da mesma forma seu componente químico, o fipronil, mostrou ser altamente tóxico para muitos animais,
especialmente as abelhas, causando baixas de até 40% nos apiários franceses (Godoy, 2005).
No Brasil, têm ocorrido muitos relatos de apicultores sobre a mortalidade súbita de suas abel-
has, em diversas regiões do país, como Piauí no município de Simplício Mendes, no interior do Rio
Grande do Sul, Minas Gerais e no interior Estado de São Paulo. No Estado de São Paulo os relatos
foram mais presentes na região central, nos municípios de Rio Claro, Pirassununga, Araras, Mogi
Mirim, Piracicaba, Brotas, Boa Esperança do Sul, São Rita do Passa Quatro, São Carlos e Tabatinga.
Em todos os casos foram relatos dos apicultores e a média de número de colméias atingidas e perdidas
foi ao redor de 400 para cada caso. Infelizmente na grande maioria dos casos, não foi possível coletar
amostras das abelhas mortas para análise e comprovação da contaminação.
Inúmeras suspeitas já foram levantadas a fim de encontrar os motivos da intoxicação e morte
das abelhas. Entre alguns motivos estão as mudanças climáticas globais, que alteram o regime de
chuvas de muitas regiões, provocando secas prolongadas, a intoxicação por plantas tóxicas e, princi-
palmente a exposição das abelhas aos agrotóxicos em nossos campos de cultivo.
Objetivos
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a mortalidade de abelhas africanizadas pela apli-
cação de agrotóxicos e verificar seus efeitos na morfologia interna de larvas e operárias.
Materiais e Métodos
Amostras com abelhas mortas foram coletadas em apiários onde ocorreram mortalidade de
grande número de indivíduos e provenientes dos municípios de São Carlos, Tabatinga e Boa Esper-
ança do Sul, localizados nos Estado de São Paulo. Em muitos desses casos foi possível a confirmação
através de relatos pessoais de testemunhas, da aplicação dos agrotóxicos em culturas próximas aos
apiários (50 a 800m) por avião.
Posteriormente, as amostras foram encaminhadas para um laboratório especializado em análises
de resíduos de pesticidas. Foram utilizados dois métodos analíticos para detecção de resíduos de grupos
de pesticidas nas abelhas: técnica em cromatografia em fase gasosa, com detector seletivo de massas
(GC/MS) e pela técnica em cromatografia em fase líquida, com detector seletivo de massas (LC/MS).
Para os estudos dos efeitos na morfologia interna, os experimentos foram realizados em
condições de laboratório e as analises foram feitas através de microscopia de luz e eletrônica de trans-
missão. As análises morfológicas dos órgãos/tecidos foram realizadas após a aplicação do inseticida
fipronil nas larvas e operárias de Apis mellifera. Regiões do intestino e do cérebro, escolhidas para os
estudos foram dissecadas e fixadas em formalina neutra, tamponada em acetona, na proporção 9:1,
durante uma hora e trinta minutos a 4 °C. Posteriormente, o material foi hidratado em quatro banhos,
de cinco minutos cada, em mistura de acetona e fixador em que, gradualmente, a concentração de ac-
etona foi aumentada até obter a condição de acetona pura, quando foram realizados mais três banhos
com duração de cinco minutos cada.
Após o material ser desidratado, foi transferido para a resina de embebição, onde permaneceu
durante mais 24 horas e, posteriormente, incluído em moldes plásticos contendo resina como polim-
erizador. A embebição e inclusão foram efetuadas com resina Leica. Os blocos foram mantidos em
estufa a 37°C e depois de polimerizados, foram colocados em suportes de madeira para a secção (4μm
de espessura) em micrótomo.
As secções foram recolhidas em lâminas de vidro, previamente limpas, e coradas com hematoxili-
na de Harris durante 5 minutos, depois lavadas em água corrente por aproximadamente 5 minutos e, em
seguida, corado com eosina também por 5 minutos. As lâminas foram novamente lavadas em água corr-
ente para retirar o excesso de corante. Posteriormente foram secas e diafanizadas em xilol, montadas em
Bálsamo do Canadá e cobertas com lamínulas para a observação do microscópio de luz e eletrônico.
Resultados e Discussão
A técnica de cromatografia de fase gasosa foi realizada para identificar compostos químicos dos
grupos dos organoclorados (aldrin, endosulfam, DDT, DDE, dodecaclaro, BHC), organofosforados
(acefato, azinfós, dimetoato, diclorvós, esfenvalerato), piretróides (bifentrina, cipermetrina) e fenil-
pirazólicos (fipronil) em um total de 75 compostos para 4 amostras de abelhas. Para essa técnica, os
resultados obtidos com estas análises não apresentaram resíduos de pesticidas nos limites de detecção
estabelecidos (0,01mg/kg). Já a técnica de cromatografia em fase líquida foi realizada apenas para o
grupo dos neonicotinóides e identificou em seu resultado, resíduos acima do permitido (0,01mg/kg)
por lei. Essa amostra foi coletada em apiário localizado no município de Boa Esperança do Sul, onde
ocorreu a mortalidade de 400 colméias. O apiário estava localizado próximo a uma cultura de citrus
e a aplicação do agrotóxico foi feita por avião.
O inseticida fipronil foi aplicado em doses subletais para operárias recém-emergidas e lar-
vas de Apis mellifera. Dessa maneira, foram realizados bioensaios em que abelhas operárias recém-
emergidas receberam alimento contaminado com com fipronil nas concentrações de 0,1µg/kg. Para
as larvas, o tratamento o fipronil foi adicionado ao alimento nas seguintes concentrações: 0,1 µg/g,
0,4 µg/g e 1 µg/g.
Analisando o ventrículo de abelhas tratadas durante quatro dias das abelhas adultas tratadas
com fipronil e coletadas 48h após a administração oral, observou-se intensificação da liberação de
células mortas para o lúmen (Fig. 2), além de variação quanto ao nível de compactação do núcleo das
células digestivas presentes no epitélio, podendo ser encontrados alguns núcleos com maior compac-
tação cromatínica, nas células com características de autólise, enquanto grande parte das células apre-
senta núcleos com cromatina descompactada e contendo grande quantidade de nucléolos. A secreção
apócrina continuou sendo liberada por várias células digestivas. Quanto às células regenerativas não
foi observada nenhuma alteração morfológica evidente, somente presença, ao seu redor, de células
digestivas com extensa área citoplasmática degradada e com núcleo condensado. O grupo controle
apresentou morfologia típica (Fig. 1).
Quanto aos núcleos, foram observados blebs (borbulhas) e sinuosidades no envoltório nuclear,
também encontradas durante a degeneração das células do intestino de Apis mellifera (GREGORG e
BOWEN, 1996) e em células de glândulas salivares larval em processo de degeneração de Apis mel-
lifera (SILVA-ZACARIN et al., 2007)
Todavia, foram encontradas, no grupo tratado com fipronil, células cujo núcleo apresentava
um halo pericromatínico, diferindo do típico núcleo apoptótico em que a cromatina condensada se
deposita na periferia do núcleo (SILVA-ZACARIN et al., 2007 in press). Todo o grupo experimental
continha células com sinais de alterações citoplasmáticas, mas com o núcleo aparentemente íntegro,
provavelmente entrando em numa fase autofágica, podendo levar posteriormente a morte celular ou
não (LOCKSHIN; ZAKERI, 2004).
No grupo experimental analisado também foram encontradas mitocôndrias alteradas, inchadas
com evidências de perda de cristas ou altamente compactadas. Alterações na mitocôndria também são
encontradas em células dos músculos intersegmentares ventrais de insetos, que são reabsorvidos na pas-
sagem da larva para a pupa (LOCKSHIN; WILLIAMS, 1964; LOCKSHIN; BEAULATON, 1974).
Para os experimentos com larvas, análise ultraestrutural dos ventrículos evidenciou algumas
alterações morfológicas nas larvas tratadas com 0,1 μg/g de fipronil, tais como pequenos vacúolos na
região apical das células digestivas, retículo endoplasmático rugoso iniciando a formação de futuras
figuras mielínicas e áreas vacuolizadas no citoplasma basal (Fig. 3). Além disso, as mitocôndrias
apresentaram-se muito elétron-densas e os núcleos apresentaram-se picnóticos, contendo um halo
pericromatínico, ou com pronunciadas evaginações do envelope nuclear (Fig. 3). O grupo controle
apresentou morfologia típica (Fig. 4).
Embora, experimentos comportamentais realizados por Hassani et. al. (2005) sugerem que o
inseticida fipronil altera a percepção gustativa, o aprendizado olfatório e a atividade motora das abel-
has, as analises morfológicas realizadas no cérebro destes insetos, após a aplicação tópica de fipronil
com doses subletais e letais (0,1 e 1,0ng/abelha, respectivamente), não apresentaram nenhum tipo de
alteração estrutural ou de morte celular. As regiões analisadas são principalmente aquelas ligadas a
memória e ao aprendizado, situadas nos corpos pedunculados (“mushroom bodies”).
Agradecimentos
FAPESP, CNPq.
Figura 1. Secções histológicas coradas com He- Figura 2. Secções histológicas coradas com
matoxilina-Eosina (H-E). Ventrículo de abelha Hematoxilina-Eosina (H-E). Ventrículo de
do grupo controle, mostrando integridade das abelha tratada com fipronil (0,1ng/abelha), co-
células digestivas (Dc) com secreção apócri- letada após 48 horas da administração do xa-
na (as) típica e ninho de células regenerativas rope contaminado. Nota-se intensa eliminação
(Rc). Aumento: 200x. Dc: célula digestiva; Rc: de células para o lúmen. Aumento: 200x. as:
células regenerativas. secreção apócrina; Dc: célula digestiva; Ec:
célula eliminada para o lúmen; L: lúmen; N:
núcleo; Rc: células regenerativas.
Referências Bibligráficas.
AIZEN, M.A.; FEINSINGER, P. Forest fragmentation, polination, and plant reproduction in a Chaco
dry Forest, Argentina. Ecology. Durham. n.75, p.330-351, 1994.
BATRA, S.W.T. Bees and polination in our changing environmente. Apidologie. Avignon. n. 26, p.
361- 370, 1995.
BORTOLOTTI, L.; MONTANARI, R.; MARCELINO, J.; MEDRZYCHI, P.; MAINI, S.; PORRINI,
C. Effects of sub-lethal imidacloprid doses on the homing rate and foraging activity of honey
bees. Bulletin of Insectology. Bologna. v. 56, n. 1, p. 63-67, 2003.
CELLI, G.; MACCAGNANI, B. Honey bees as bioindicators of environmental pollution. Bulletin of
Insectology. Bologna. v. 56, n. 1, p. 137-139, 2003.
CHAUZAT, M.; FAUCON, J.; MARTEL, A.; LACHAIZE, J.; COUGOULE, N.; AUBERT, M. A
survey of pesticides residues in pollen loads collected by honey bees in France. Journal of
Economic Entomology. Lanham. v. 99, n. 2, p. 253-262, 2006.
COLIN, M.E. Un medio ambiente que mata las abejas. Estudios de imidacloprid y fipronil en Europa.
Vida Apícola. Barcelona. n.128, 2004.
DECOURTYE, A.; LACASSIE, E.; PHAM-DELEGUE, M. H. Learning performaces of honey bees
are differentially affected by imidacloprid according to the season. Pest Management Science.
Brighton. v. 59, p. 269-278, 2003.
DECOURTYE, A.; DEVILLERS, J.; CLUSEAU, S.; CHARRETON, M.; PHAM-DELEGUE, M.
H. Effects of imidacloprid and deltamethrin on associative learning in honeybees under semi-
field and laboratory conditions. Ecotoxicology and Environmental Safety. New York. v. 57,
p. 410-419, 2004.
DECOURTYE, A.; DEVILLERS, J.; GENECQUE, E.; LE MENACH, K.; BUDZINSKI, H.; CLU-
SEAU, S.; PHAM-DELEGUE, M. H. Comparative sublethal toxicity of nine pesticides on
olfactory learning performances of the honeybees Apis mellifera. Archives of Environmental
Contamination and Toxicology. New York. v. 48, p. 242-250, 2005.
FAO (Organizações das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação). Pesticides Residues in
food. Report of the joint meeting of the FAO Painel of Experts on Pesticides Residues in Foods
and the Environment and the WHO Core Assessment Group. Lyon, 215p, 1998.
FLETCHER, M; BARNETT, L. Bee poisoning incidents in the United Kingdom. Bulletin of Insec-
tology. Bologna. v. 56, n. 1, p. 141-145, 2003.
HASSANI, A. K.; DACHER, M.; GAUTHIER, M. ARMENGAUD, C. Effects of sublethal doses of
fipronil on the behavior of the honeybee (Apis mellifera). Pharmacology Biochemistry and
Behavior. Fayetteville . v. 82, p. 30-39, 2005.
GODOY, J. Alarme contra inseticidas assassinos de abelhas. Lunes, México. online. http://tierra-
merica.net/2004/0313/pacentos.shtml . Acesso em 15 out. 2005.
GREGORC, S.; BOWEN, I.D. Programmed cell death in honeybee (Apis mellifera) larvae midgut.
Cell Biol. Int. London, v.21, p.151-8,1996.
KEVAN, P. G. Pollinators as bioindicators of yhe state of the environment:: species, activity and di-
versity Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 74, p. 373-393, 1999.
MALASPINA, O.; SILVA-ZACARIN, E. C. M. Cell makers for ecotoxicological studies in target
organs of bees. Brazilian Journal of Morphological Scienses. São Paulo. v. 23, n. 3/4, p.
303-309, 2006.
MAYER, D. F.; LUNDEN, J. D. Field and laboratory tests of the effects of fipronil on adult female of
Apis mellifera, Megachile rotundata and Nomia melanderi. Journal of Apicultural Research.
Cardiff. v. 38, v. 3-4, p. 191-197, 1999.
MEDRZYCKI, P.; MONTANARI, R.; BORTOLOTTI, L.; SABATINI, A. G.; MAINI, S.; PORRINI,
C. Effects of imidacloprid administered in sub-lethal doses on honey bee behaviour: Laboratory
tests. Bulletin of Insectology. Bologna. v. 56, n. 1, p. 59-62, 2003.
MORAES, S. S.; BAUTISTA, A. R. L.; VIANA, B. F. Avaliação da toxicidade aguda (DL50 e CL50)
de inseticidas para Scaptrotigona tubiba (Smith) (Hymenoptera: Apidae): via de contato. Anais
Sociedade Entomológica Brasil. Jaboticabal. v. 29, n.1, p. 31-37, 2000.
LOCKSHIN, R.A.; BEAULATON, J. Programmed cell death. Cytochemical evidence for lysosomes
during the normal breakdown of the intersegmental muscles. J. Ultrastruct. Res. New York,
v.46, p.43-62, 1974a.
Many of the known diseases and pests of honey bees have not yet become established in Brazil.
Therefore, it is important to maintain vigilance to avoid new problems that could affect bee health,
and consequently colony production, the quality of bee products and the important pollination ser-
vices that the bees provide. Fortunately, till now the Africanized bees in Brazil have been capable of
adapting to the diseases and pests that have been introduced to this country.
Recently, there has been news from the states of Rio Grande do Sul and Parana about bees and
honey contaminated with the bacteria Paenibacillus larvae. These contaminations were associated
with honey illegally imported from other countries. Fortunately, this disease is not yet established in
Brazil, even though it has been present in a neighboring country, Argentina, since at least 1989. This
disease causes concern because it kills affected colonies. In many countries, the colonies are treated
by burning the bees, frames and combs. It is also possible to treat affected colonies with antibiotics,
such as Terramycin; however, this has resulted in problems with resistance and contamination of the
honey (De Jong, 1996; Message and De Jong, 1998).
Chalkbrood disease, caused by the fungus Ascosphaera apis (De Jong, 1976; De Jong and
Morse, 1976), has been found in several states, including Rio Grande do Sul, Minas Gerais and São
Paulo. It began to appear about 10 years ago, but still has not spread to most of Brazil, and it has not
caused serious problems till now. This fungus was probably introduced in imported pollen, because
bee larvae that have died of this disease have been found in imported pollen. Unfortunately, when
importers package the pollen pellets, they find it difficult to market the remaining powdered pollen,
which is not well accepted by consumers. Instead of disposing of this powdered pollen, they often
feed it to the bees. Contaminated pollen can easily transmit chalkbrood (De Jong and Morse, 1976)
and other diseases. Till now, perhaps because of the warm climate and the hygienic capacity of our
bees, chalkbrood has not been as serious a problem as it was in the USA and Europe.
Large-scale losses of honey bees in the USA, which has been named “disappearing disease” or
“colony collapse disease” (CCD), has been associated with a recently described virus, “Israeli Acute
Paralysis Virus” (IAPV) (Cox-Foster et al., 2007). Many samples of bees collected from Brazilian
apiaries who had disease problems were analyzed in 2007 to check for this virus, but it has not bee
found yet in this country. This virus was found in royal jelly imported from China into the USA (Cox-
Foster et al., 2007). Since Brazil also imports royal jelly from China, and knowing that beekeepers
sometimes rear queens using royal jelly that they purchase in the market, the currently policy of al-
lowing importation of this product should be revised.
A pathogen that has been associated with bee mortality and colony loss in this country in recent
years is Nosema. Nosema apis, a protozoan that attacks the intestine (ventriculus) of adult bees, has
been known from Brazil since before the arrival of the African bee in 1956; however, Nosemosis was
not a problem for our bees, as it was considered to be a disease of bees in cold climates. The finding
of large quantities of spores of Nosema in colonies with signs of weakening and even colonies losses,
led to an investigation to determine if this pathogen had changed. It was found that a new species,
Nosema ceranae, which was already causing problems with bee mortality in Europe (Paxton et al.
2007), was associated with these losses. It is quite probable that this disease was introduced through
the importation of honey bee queens from Europe or the USA.
The mite Varroa destructor has been found in Brazil since 1978, and has not provoked serious
problems (De Jong 1997); however, a new haplotype of this mite, which is called the Korean/Russian
haplotype of Varroa destructor, has been provoking higher infestations in recent years. Initially, only
the Japanese/Thai type (less virulent) was found (Carneiro et al., 2007). Apparently, our honey bees
initially adapted to a less virulent mite and now were are experiencing an adaptation to this new type
of Varroa. This demonstrates that even diseases and parasites that already exist in our country should
be carefully observed and regulated, because the introduction of new genetic lines from other coun-
tries, to which our bees are not adapted, can be prejudicial.
The small hive beetle, Aethenia tumida, originally from African, has destroyed thousands of
colonies in the USA in recent years; however, this pest has not yet been found in Brazil. As this beetle
is not a parasite, but instead lives on various types of food found in the colony, including pollen, bee
brood and other organic matter, there is great danger of introducing this new pest in bee products or
bee hives. This beetle does not depend on a live host and can live for long periods away from bees
(Hood and Miller, 2005).
Another bee mite, Tropilaelaps clareae, is a very lethal parasite for Apis mellifera in Asia and
parts of Africa. Different from Varroa, which in tropical regions of South America generally does not
kill honey bee colonies, Tropilaelaps clareae is especially mortal in tropical regions, and does not sur-
vive freezing winters. This mite cannot survive for more than a few days without access to honey bee
brood. However, it outcompetes Varroa destructor when the two mite species are in the same Apis
mellifera colonies. It is quite likely that this mite would provoke massive loss of honey bee colonies
if it were to be introduced to South America (De Jong, 1997).
Another pest that is both very dangerous and biologically interesting is a subspecies of Apis
mellifera found in South Africa, Apis mellifera capensis, the Cape bee. This bee has seriously affected
beekeeping in South African and neighboring countries. Though it had already existed on the south-
ern coast of South Africa, the introduction of hundreds of colonies to the interior of the country, well
past the zone of hybridization with Apis mellifera scutellata, has had grave consequences for the latter
subspecies, the same bee that was introduced to Brazil, giving origin to the Africanized bees. A clone
of this parthenogenic bee has invaded and eliminated hundreds of thousands of commercial honey
bee colonies in south Africa. Small groups of workers of Apis mellifera capensis invade colonies of
Apis mellifera scutellata; the capensis workers become “pseudo-queens” with the capacity to produce
diploid worker or queen larvae. The original queen of the colony ends up dying, with great loss of
colonies and production (Beekman and Oldroyd, 2008).
Beekeepers and authorities should know about these exotic pests and diseases and should avoid
the importation of bees, used beekeeping equipment (including hives and combs), and uncontrolled
bee products, especially pollen, honey and royal jelly. It would also be very useful to have illustrated
manuals of both established and exotic diseases and pests so that new introductions can be rapidly
found, identified and controlled.
One important aspect of bee pathology that can no longer be ignored is the action of pesticides.
Although they have always been a problem for bees in Brazil, there have been increasing losses in
recent years that have sometimes been confused with possible bee disease problems. Specifically, a
new and extremely deadly group of insecticides, the neo-nicotinoids, including Fipronil and Imida-
cloprid, have been introduced into Brazilian agriculture with deadly consequences. Though they are
extremely toxic for bees, even with normal usage as systemics applied in the soil, they are often being
applied as sprays, both from the ground and the air, killing both honey bees and native stingless bees,
constituting both a menace to beekeeping and an ecological disaster. Some countries, such as France,
have banned these insecticides due to their affects on bees. The amount of active material needed to
kill a bee is so small that it is difficult to detect these pesticides in dead and dying bees. It is also nec-
essary to know before the tests which chemicals have been applied, information that is often hard to
obtain by the beekeeper. Recently, a fully documented case of the loss of over 400 colonies in Brotas,
SP, due to a neonicotinoid, thiametoxam, was reported by Malaspina and de Souza (2008). Both of
us have witnessed considerable honey bee colony mortality due to these insecticides in recent years,
including mortality of colonies of four species of stingless bees and an apiary of 15 colonies of Afri-
canized honey bees in an incident in 2007 in São Simão, SP. Certainly, if we are wish to maintain a vi-
able beekeeping industry and the bees of all species that we need for pollinating cultivated and native
plants, we will need to find ways of controlling the use of these extremely deadly new pesticides.
References
Beekman M, Oldroyd, BP. 2008. When workers disunite: Intraspecific parasitism by eusocial bees.
Annual Review of Entomology 53:19-37.
Carneiro FE, Torres RR, Strapazzon R, Ramirez SA, Guerra JCV, Koling DF, Moretto G. 2007.
Changes in the reproductive ability of the mite Varroa destructor (Anderson e Trueman) in Af-
ricanized honey bees (Apis mellifera L.) (Hymenoptera : Apidae) colonies in southern Brazil.
Neotropical Entomology 36:949-952.
Cox-Foster DL, Conlan S, Holmes EC, Palácios G et al. 2007 A Metagenomic Survey of Microbes in
Honey Bee Colony Collapse Disorder. Science 318:283-287.
De Jong, D. l976. Experimental enhancement of chalk brood infections. Bee World 57:114-115.
De Jong D. 1996. Loque americana, o grande perigo para o futuro da apicultura brasileira. Mensagem
Doce 39:11-12. http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/72/artigo.htm
De Jong D. 1997. Varroa and other mite parasites of brood. In: Morse, RA. Pests, Predators and Dis-
eases of Hoeny Bees. 3ed. A.I. Root Co., Medina, Ohio, USA. pp. 279-327.
De Jong D, Morse RA. l976. Chalk brood: a new disease of honey bees in the U.S. New York’s Food
and Life Sciences Quarterly 9(2):12-14.
De Jong D, Morse RA, Eickwort GC. 1982. Mite pests of honey bees. Annual Review of Entomol-
ogy 27:229-252.
Hood WM, Miller GA. 2005. Evaluation of an upper hive entrance for control of Aethina tumida (Co-
leoptera : Nitidulidae) in colonies of honey bees (Hymenoptera : Apidae). Journal of Economic
Entomology 98:1791-1795.
Message D, De Jong D. 1998. Dispersão internacional da bactéria Paenibacillus larvae, causadora da
doença de abelhas Cria Pútrida Americana através da comercialização de mel. Mensagem Doce
50: 8-12. http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/50/artigo.htm
Malaspina O, de Souza TF. 2008. Reflexos das Aplicações de Agrotóxicos nos Campos de Cultivo para a
Apicultura. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Apicultura, Belo Horizonte, MG, Brasil (CD). 4 pp.
Paxton RJ, Klee J, Korpela S, et al. 2007. Nosema ceranae has infected Apis mellifera in Europe since
at least 1998 and may be more virulent than Nosema apis. Apidologie 38:558-565.
SI MPÓS IO 4
As an experimental scientific area developmental biology needs to test the behavior of the
studied phenomenon in varied and controlled conditions, for example, after disturbing a develop-
mental path, thus allowing the identification of underlying key factors. In addition of doing that,
developmental biologists can also rely on natural experiments. A plethora of these can be found
in nature and many occur in insects. The differential horn and testis development in beetles, head
width in ants, seasonal forms in butterflies, are only some of these examples. In highly eusocial
bees, polyphenism is generally determined by discrete switches during postembryonic develop-
ment, and commences with the differential feeding of female larvae. The nutritional stimuli trigger
an endocrine response that is manifested by an elevated juvenile hormone (JH) titer in queen larvae
when compared to workers. In honeybees, differential feeding of female larvae promotes the oc-
currence of two different phenotypes, the queen and the worker, from a single genotype, through
incremental alterations which affect general growth and character state alterations that result in the
presence or absence of specific structures. Microarray analyses of Apis mellifera ESTs revealed 240
differentially expressed genes between developing queens and workers (Barchuk et al. 2007, BMC
Dev Biol). Many genes recorded as up-regulated in prospective workers appear to be unique to A.
mellifera, suggesting that the worker developmental pathway involves the participation of novel
genes. Workers up-regulate more developmental genes than queens, whereas queens up-regulate a
greater proportion of physiometabolic genes, including genes whose products are known to regu-
late the rate of mass-transforming processes and the general growth of the organism, like tor. Many
differentially expressed genes are likely to be involved in processes favoring the development of
caste-biased systems, like brain, legs and ovaries. Putative gene regulatory networks suggest usp,
crc, RfaBp and actin as key genes in the developmental pathway leading to the worker phenotype.
In addition, key genes in leg development (ultrabithorax and abdominal-A) turned out to be over-
expressed in early pupal stages of workers (Bomtorin et al., poster at this meeting). Silencing these
genes would be particularly advantageous for gaining novel insights into the biological function
of these genes in the context of caste differentiation in honeybees. Preliminary knock-down ex-
periments using usp as target showed that Usp participates in the mechanism that regulates the
progression of pupal development in A. mellifera. Knock down experiments also suggest that the
expression of regulatory genes like ftz-f1 and jhe, a gene encoding a juvenile hormone esterase
(Mackert et al. 2008, Comp Biochem Physiol B Biochem Mol Biol), depends on Usp. Vitellogenin
(vg), the gene coding for the main yolk protein in honeybees is differentially expressed between
castes (Barchuk et al. 2002, J Insect Sci; Piulachs et al. 2003, Insect Biochem Mol Biol), and does
not seem to be under Usp regulation, thus suggesting that the previously observed induction of vg
expression by JH during the final stages of pupal development is mediated by yet unknown tran-
scription factor complexes (Barchuk et al. 2008, J Insect Physiol). Combinations of knock down
experiments to down-regulate genes like usp, EcR, ftz-f1 (Palo Mello et al., poster at this meeting),
RfaBp and ubx during larval and pupal development are currently underway to help unravel the
proximal mechanisms leading to the caste-specific development of honeybee systems.
Honeybees (Apis mellifera L.) are exposed to countless floral scents in their natural foraging
environment. Type and abundance of floral scents vary with geographic location and season. Bees are
known to show preferences for certain scents, but reports on these preferences are inconsistent. Using
the well-known Proboscis-Extension-Reflex Assay (PER), we investigated olfactory learning prefer-
ences of individual floral scent components, and determined expression patterns of olfactory receptor
proteins (OR) potentially involved in floral scent processing using qRT-PCR. Our results demonstrate
that honeybees indeed learn certain floral odorants better than others, however the preferences are in
no correlation to the molecular structure or physico-chemical properties of the tested odorants. Be-
havioural data and OR expression patterns indicate that sensory exposure in the foraging environment
may cause olfactory preferences, suggesting that honeybee olfaction is not entirely hard-wired, but
subject to experience-based modulation at the molecular level.
Funded by CSIRO Food Futures Flagship.
SI MPÓS IO 5
POLINIZAÇÃO NA AGRICULTURA:
UMA ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA
Abstract
Floral visitors and pollination of Brazil nut (Bertholletia excelsa) in a commercial cultiva-
tion within the Amazon rainforest
The Brazil nut (Bertholletia excelsa) is an economically important nut crop of Brazil, though
knowledge of its pollination biology is scant and restricted to studies with wild trees. The present
work aimed to investigate some aspects of the Brazil nut tree floral biology and the potential impact
of a cultivation of Brazil nut within the rainforest in the diversity and abundance of floral visitors.
The experiment was carried out in the farm Aruanã, county of Itacotiara, state of Amazonas, Brazil
in a cultivated area of 600 ha of Brazil nut trees. Blooming was monitored throughout the season for
information on floral biology as well as floral visitors. Results suggests that the flowering pattern of
the Brazil nut tree produces an attractive floral display to a variety of visitors, among them 19 bee
species out of which 16 are potential pollinators and the specific frequency and abundance to flowers
vary along the blooming period. It was concluded that commercial cultivation of the Brazil nut tree in
the rainforest keeps the diversity of floral visitors and potential pollinators similar to that of wild trees
and field size probably do not constitute a problem because these large bees usually fly long distances
between different groups of Brazil nut tree within the forest.
Introdução
Não existem informações sobre os requerimentos de polinização de B. excelsa, assim como há poucas
e localizadas informações de polinizadores potenciais, principalmente em áreas experimentais de universi-
dades ou em estado nativo na mata, havendo assim a necessidade de observações em áreas de cultivo. Na
Amazônia existem algumas iniciativas de cultivo de castanheira visando sua exploração racional. No entan-
to, são escassas as informações sobre a polinização desses indivíduos mesmo em ambientes naturais, apesar
de sua importância para o estabelecimento de plantações e atividades de enriquecimento (Zuidema, 2003).
Nunca se investigou como ocorreria a polinização em áreas de monocultivo de B. excelsa, uma
vez que este constitui um ambiente totalmente artificial e pouco comum na produção dessa espécie.
Porém, áreas cultivadas de castanha-do-Brasil estão se tornando mais comuns e se torna necessário
conhecer o que ocorreria quando ao invés de uma ou poucas árvores de castanheira cercada por mata
nativa, passa-se a ter centenas ou milhares dessas árvores quase que de forma contínua. Esta nova
situação pode interferir de forma decisiva na diversidade, quantidade e eficiência dos visitantes florais
e potenciais polinizadores da castanheira, com consequências diretas na produtividade, rentabilidade
e sustentabilidade do empreendimento.
Material e Métodos
Resultados e Discussão
O período da florada foi de três meses, sendo precedida pela troca total da folhagem da árvore.
As flores são todas hermafroditas e se desenvolvem em panículas retas verticais nas extremidades
dos ramos com um número médio de inflorescências por ramo de 4,01± 0,11 (n=143), uma média
de 27,55±0,68 flores por inflorescência (n=101), e as inflorescências com uma média de 17,39±0,40
cm de comprimento (n=124). A abertura das flores ocorreu da base para o ápice da inflorescência,
com uma média de 0,59±0,04 flores abertas por dia por inflorescência (n=173), variando de zero
a três flores abertas. A antese iniciava ainda na escuridão, às 3:00 horas, sendo que todas as flores
encontravam-se abertas as 4:00 horas da manhã (n=150).
cercada por matas ainda intactas parece minimizar esses efeitos, fundamentais para a sua manutenção
e reprodução, considerando a diversidade e quantidade visitantes nas flores desse estudo.
RICKETTS et al. (2007) sintetizando resultados de 23 estudos (com 16 culturas em cinco con-
tinentes) para estimar o padrão geral do relacionamento entre os serviços de polinização e distância
das áreas de habitat natural e semi natural, verificaram uma redução de 50% na riqueza de espécies à
distâncias de 1500m e queda na taxa de visitação de 50% já com distâncias inferiores a 1km do habitat
natural. No entanto, na floresta nativa as castanheiras se encontram em pequenos agrupamentos, mas
dispersos a grandes distâncias de outros agrupamentos, fazendo com que esses polinizadores nativos
tenham que voar longos percursos em busca do pólen e néctar dessas plantas. Assim, provavelmente
o tamanho das áreas cultivadas com a castanheira não seja um problema para seus polinizadores.
Conclusões
Figura 1: Abundância relativa das abelhas coletadas nas flores de uma árvore no A) primeiro
(5%), B) segundo (25%) e C) terceiro (50%) momento da florada da castanheira-do-Brasil (Berthol-
letia excelsa), no município de Itacoatiara (AM) em 2007.
abelhas/ espécie
19 4 7 Xylocopa frontalis
4
20 Centris denudans
19 Eulaema meriana
Centris americana
Bombus transversalis
188 Eufrisea purpurata
Eulaema mocsaryi
abelhas/ espécie
18 5
Xylocopa frontalis
22 Centris denudans
Eulaema meriana
2 Centris americana
5
4 Eulaema mocsaryi
124
Epicharis conica
Epicharis zonata
abelhas/ espécie
2 6 Xylocopa frontalis
2 3 28
3 Centris denudans
Eulaema meriana
Eulaema mocsaryi
Epicharis conica
Epicharis flava
8
37 Megachile sp. 1
11 Eufrisea flaviventris
Centris denudans
Figura 2: Abundância relativa das abelhas coletadas nas flores durante todo período de floração
da castanheira-do-Brasil (Bertholletia excelsa), no município de Itacoatiara (AM) em 2007.
2 5 32 Xylocopa frontalis
21 6 Centris denudans
66 Eulaema meriana
4
19 Centris americana
6
Bombus transversalis
36 Eufrisea purpurata
340 Eulaema mocsaryi
31
Epicharis conica
Epicharis flava
Epicharis zonata
Megachile sp. 1
Eufrisea flaviventris
Centris denudans
Agradecimentos
Referência Bibliográficas
Abstract
Flower visitors are an important ecological group for environmental risk analysis of genetically
modified cotton because of the possible direct effects of the transgene on pollination service and pol-
len transportation and gene flow. Flower visitors were surveyed in three cotton species and five pro-
duction areas in Brazilian Mid-west. Seventy seven species of wild bees were colleted on cultivated
cotton, Gossypium hirsutum latifolium, besides Apis mellifera. The bee faunas were different among
the sampling sites with only two species out of 78 being common to all areas. The large number of
species and the difference on local bee fauna makes the selection of priority species on a regional
scale necessary before analysis of potential impacts of Bt cotton are proceeded. The framework out-
lined by the GMO ERA Project (www.gmo-guidelines.info) was used for species prioritization. From
four species preliminarily selected, Trigona spinipes and A. mellifera were used as model for the
development of bioassay methodology for toxicity tests on larval stages. In addition, we studied, in
the field, the forage behaviour of the most abundant pollinator species on cultivated cotton and G.
barbadense, wild cotton, to evaluate the role of the selected species on pollen transference and what
resource those species carry to the nest (pollen/nectar). The degree of exposure of that species to the
toxin expressed by the plant was accessed throughout this study. These results will support the de-
velopment of strategies to minimize or prevent gene flow among cotton species and to promote the
co-existence between GM and non-GM cotton.
Key words: biossafety, bees, gene flow, Gossypium hirsutum, Gossypium barbadense.
Introduction
Embrapa - Brazilian Enterprise for Agriculture Research supported a network of biosafety re-
search projects with the objective to develop methodologies for the environmental risk assessment of
genetically modified (GM) plants. One project focused on insect resistant GM cotton. This crop raises
important environmental risk assessment (ERA) issues in Brazil. Cotton is cultivated in small and
large areas and in regions with distinct environmental conditions. A high diversity of arthropods is
found associated with the genus Gossypium and significant variations exist among different regions.
Wild relatives of cotton occur in the country, what raises the possibility of gene flow and possible
reductions of crop genetic diversity.
The analyses of environmental risk of GM plants begin with the identification of important
ecological functions in production systems and natural environments that could be affected by the
introduction of a GM plant. In the case of cotton in Brazil, four ecological groups were selected:
natural enemies, non-target herbivores of the GM plant, pollinators and soil micro-organisms, besides
the issue of transgene flow to wild cotton species. In this context, flower visitors were considered as
an important ecological function for ERA because of the possible direct effects of Bt cotton on pol-
lination service in natural and agroecosystems, and the role of flower visitors on pollen transportation
and consequent gene flow.
With regard to non-target organisms, for assessing the environmental safety of GM cotton resis-
tant to insects it was used the methodology proposed by Hilbeck et al. (2006) to: identify the possible
adverse effects on biodiversity; select functional groups (or ecological functions) for risk assessment;
select species and the ecosystem processes. The first step in implementing this methodology was the
construction of lists of species considering the different production regions and production systems
(Arpaia et al. 2006, Hilbeck et al. 2006). Official lists of endangered species can help in that process,
but publications with faunistic surveys are indispensable. Data from literature on biodiversity associ-
ated with cotton to the Brazilian situation was initially incomplete. In the specific case of pollinators,
even species of bees that does not occur in the neotropical region are erroneously cited in the national
literature as pollinators of cotton in the country (Silveira, 2003).
Initially, for selecting species of pollinators for the ERA, inventories of flower visitors in Gos-
sypium hirsutum var. latifolium were conducted in different regions of production during the years
2003, 2004, 2005 and 2006 (Cardoso 2008; Pires et al. 2006). Additionally, we collected bees visiting
the wild/ feral species of G. barbadense, G. mustelinum and G. hirsutum var. marie-galante (mocó
cotton) in one location in Paraíba satate in 2003, and in G. barbadense and G. mustelinum in the Fed-
eral District in 2005, 2007 and 2008. The studies on G. hirsutum latifolium were conducted on com-
mercial farms with and without insecticide applications and also on experimental fields. For the wild
species, the samplings were conducted on individuals planted in the experimental fields and also in
backyard plants kept in rural areas. In general, the surrounding landscape in which the sampling areas
were inserted consisted of a mixed of landscape elements including, pasture, other crops, riparian
vegetation and Cerrado vegetation, most of the natural vegetation with high anthropic interference.
Information about diversity and abundance of bees on flowers was obtained.
Bees are the main flower visitors of cultivated and wild/feral species of cotton. Taking in ac-
count the flower visitor sampling of 2003 in Federal District and 2005 in Bahia, Goiás, Mato Grosso
and São Paulo states, from 153 insect species collected on flowers, 47.40% (72 species) are from
three families of bees (Apidae, Halictidae, Megachilidae) and 49.78% (1,630) of the total number of
individuals collected (3,274) are bees (Pires et al. 2006). One species of the genus Exomalopsis is a
new species, not described in the literature. As predicted, more species were collected in areas with-
out insecticide application and in areas nearby natural vegetation.
Seventy seven species of wild bees were colleted on cultivated cotton, G. hirsutum latifolium,
besides Apis mellifera, a domesticated species introduced in the country 163 years ago for commercial
purpose (table 1). In G. hirsutum latifolium, 48 species of bees were collected in the Federal District
(DF), 19 in Bahia (BA), 29 in Mato Grosso (MT), nine in Goiás (GO), five in São Paulo (SP) and
only Apis mellifera in Ceará (CE). The most abundant wild species on flowers of G. hirsutum were:
Geotrigona mombuca (BA), Melissoptila cnecomala (DF), Paratrigona lineata (DF, MT), Partamona
mulata (MT), Trigona spinipes (DF, BA), Tetragonisca angustula (SP), Scaptotrigona depilis (GO) and
Xylocopa hirsutissima (GO). On the wild species of Gossypium, 23 species were collected in the state
Table 1. Absolute and relative abundance of the most abundant species of bees collected on
Gossypium hirsutum latifolium flowers in three Brazilian states from 2003 to 2006.
1
Absolute abundance = total number of individuals per species
2
Relative abundance (number in parenthesis) = number of individuals per hour. The relative abun-
dance of each species in the different locals was calculated dividing the total number of individuals
by the sampling effort.
3
The sampling effort in each local, expressed in hours, was calculated multiplying the number of
hours of sampling by the number of collectors.
NTotal = total number of specimens collected per state.
of Paraíba, 10 in DF and three species in the northwest of Minas Gerais. In the state of Paraíba, Cera-
tina sp.3 and C. chloris were the most abundant species, followed by Melitoma segmentaria, Lithurgus
huberi, Ptilothrix cfr. plumata, T. spinipes and Augochlora sp.2. Other insects were collected in lower
abundance. Apis mellifera was the most abundant species on cultivated cotton in all sampling areas,
however, with very low abundance on the wild species and was not found in G. mustelinum. Only three
specimens of A. mellifera were found on G. barbadense out of total 316 individuals collected in 2007
and 2008 (V. Pires, unpublished data). The bee faunas on cultivated cotton were very different among the
sampling sites with only two species out of 78 being common to all cotton-producing areas. The large
number of flower-visiting species and the difference on local bee fauna make the selection of priority
species on a regional scale necessary before analysis of potential impacts of Bt cotton are proceeded.
Based on the 2003 inventory, a list of possible pollinator species was compiled for Mid-west re-
gion, the largest cotton production area. The framework and criteria outlined by the Arpaia et al (2006)
and Hilbeck et al (2006) were used for species prioritization: a) geographic distribution, b) abundance
in the crop and the surrounding environment, c) association with the crop, d) significance as pollinator
on GM crop, in others crops and in natural areas, e) direct probability of exposure to Cry1Ac protein
insecticide and for establishment of risk hypotheses and planning experiments to test these hypotheses.
Information from literature about life history and ecology of different species was used in the process.
Even with lack of information for the majority of the wild bees, such as significance as pollinator, four
species were preliminarily selected. From those, one of the wild species (Trigona spinipes) and Apis
mellifera were used as model for the development of bioassay methodology for acute toxicity and sub-
lethal effect evaluations on worker larvae (Siqueira, 2008). For T. spinipes the natural food collected in
the nests was used in the bioassays. The concentration of the toxin to be tested was defined, taking into
account the amount of pollen in the larval food and the level of expression of the toxin in the cotton
pollen. The activity of the toxin after incorporation in the natural food of bees was tested in a bioassay
using a target insect. A protocol was developed for worker bees reared from egg to adult (91% of sur-
vivorship in the control). No significant differences among the tested treatments were found in relation
to mortality, corporal size and weight, and developmental time of the larvae (Siqueira, 2008). These
results indicated that the developed methodology is adequate for toxicity tests on T. spinipes larvae and
could easily be adapted to other stingless bee species.
To fill out the gaps in the base line information (see Species Selection Matrix in Arpaia
et al 2006) and proceed with the risk assessment, the forage behaviour of the most abundant
bee species on G. hirsutum latifolium and G. barbadense was studied in the field. These stud-
ies were conducted to evaluate the role of different species on pollen transference and conse-
quent gene flow, and to confirm what resources those species carry from the cultivated cotton
to the nest (pollen and/or nectar). Knowledge about forage behaviour is important to access
the degree of exposure of that species to the GM crop and to the toxin expressed by the plant.
This information also will be useful to support the development of strategies to minimize or
prevent gene flow among cotton species and to promote the co-existence between GM and
conventional cotton fields.
Twelve bee species were common to G. hirsutum latifolium and G. barbadense (V.Pires, un-
published data). The majority of wild bee species, such as Paratrigona lineata, besides A. mellifera,
collected preferentially nectar in the flowers of cultivated cotton, G. hirsutum latifolium (Cardoso,
2008). During the foraging behavior, A. mellifera rarely touchs the stigma, but touchs the anthers
and loads pollen on the body surface, which could be carried to their nests. Although, Melissodes
nigroaenea and Melissoptila cnecomala occur in very low abundance on cultivated cotton flowers,
they collected pollen on approximately 100% of the flower visits. These two wild species were more
common on cotton areas without or with low insecticide application and in cotton areas nearby natu-
ral vegetation, such as experimental fields. This behavior favors the exposure of these species to the
Bt protein contained in the pollen grain.
Experiments of first visit showed that M. nigroaenea, M. cnecomala and A. mellifera are equally
efficient pollinators of cultivated cotton. Melissodes nigroaenea touched the stigma in approximately
100% of the flower visits on cultivated cotton (Cardoso, 2008) and on G. barbadense (V. Pires un-
published data). Apis mellifera, due to the high abundance and distribution on the different cotton
production areas could be considered the major carrier of pollen among flowers of cultivated cotton,
G. hirsutum latifolium. However, because of their almost absence on flowers of G. barbadense, the
chances of A. mellifera to transport pollen from cultivated cotton to this wild cotton species is very
small (V. Pires unpublished data). Additional studies run on field conditions and in different regions
of Brazil are necessary to evaluate the role of bees on natural cross-pollination and consequent gene
flow from cultivated cotton to G. barbadense.
Our experience with visiting bees on cotton shows that, for many crops with potential to be
genetically modified, relevant information needed for the evaluation of the potential risk to non-target
organisms, especially bees, and those needed to support the development of strategies of gene flow
management is not yet available for the Brazilian environmental conditions. Also, we found that
significant resources and time needs to be allocated to raise information that forms the baseline for a
solid, scientifically founded risk assessment.
Acknowledgments
We would like to thank the FINEP, FACUAL, CAPES and CNPq for the financial support.
References
Arpaia S, Fonseca VLI, Pires CSS, Silveira FA (2006). Non-target and biodiversity impacts on polli-
nators and flower visiting insects. In: Environmental Risk Assessment of Genetically Modified
Organisms: A Case Study of Bt Cotton in Brazil (HILBECK A, ANDOW D, FONTES E, eds.).
CABI Publishing, London, 155-174.
Cardoso CF (2008). Abelhas (Hymenoptera, Apoidea) nas flores do algodoeiro (Gossypium hirsutum
var. latifolium cv. Delta Opal - Malvaceae) no Distrito Federal - contribuição aos estudos de
biossegurança, no contexto da introdução de variedades transgênicas no Brasil. Master’s thesis,
Instituto de Ciências Biológicas, UFMG, Belo Horizonte.
Hilbeck A, Andow D, Fontes E. (2006). Environmental Risk Assessment of Genetically Modified Or-
ganismos - Methodologies for Assessing Bt Cotton in Brazil. v. 2, CABI Publishing, London.
Pires C, Silveira FA, Cardoso CF, Oliveira GM, Pereira FFO, Souza VV, Nakasu EYT, Paes JS de
O, Teles E, Silvie P, Rodrigues S, Miranda J, Scomparini A, Bastos C, Oliveira GS, Oliveira
JE, Santos JB, Barroso PAV, Sujii E, Fontes E (2006). Visitantes florais em espécies cultivadas
e não cultivadas de algodoeiro (Gossypium spp.), em diferentes regiões do Brasil. Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia (2006). Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento no. 148.
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília.
Silveira F. 2003. As abelhas e o algodão Bt no Brasil – Uma avaliação preliminar. In: PIRES, C. S. S. ,
FONTES, E. M. G., SUJII, E. R. (eds). Impacto Ecológico de Plantas Geneticamente Modifica-
das – O Algodão Resistente a Insetos como Estudo de Caso. Brasília, EMBRAPA. p. 195-215
Siqueira MAL (2008). Avaliação dos efeitos da toxina Cry1Ac do Bacillus thuringiensis em
abelhas indígenas sem ferrão e africanizadas. Doctoral thesis, Departamento de Biologia
Animal, UFV, Viçosa.
Previous work has shown that bee pollinator communities in the most intensively farmed re-
gions of California’s Central Valley are depauperate and low in abundance relative to less intensively
farmed regions. Although on-farm management is probably partially responsible for some of these
differences, the principal factor appears to be the proximity and proportion of the landscape that con-
tains natural or semi-natural habitat. Is it possible to restore pollinator communities and pollination
function within this intensively farmed region by restoring pollinator habitat? Since 2006, we have
worked with farmers in this region to install pollinator-friendly riparian buffers (20 – 30 m but ex-
tending up to several km in length) along the edges of farm fields, and have monitored pollinator com-
munities before and after restoration on both restored and control sites along 350 m transects using a
beyond-BACI design. We encouraged farmers to utilize buffer plantings of shrubs, forbs and trees
that bloom successively across the flight periods of the most important crop pollinating bees. We
also selected plants that appear to be the most important floral resources for this group of bees, based
on our prior plant-pollinator network studies. Each year, we monitor pollinator communities utiliz-
ing two main techniques standard for sampling these taxa (netting at flowers and pan-trapping with
blue, white and yellow bowls, http://online.sfsu.edu/~beeplot/) three times during the spring-summer
season. We simultaneously monitor floral diversity and abundance, vegetation, and score sites for po-
tential bee nesting suitability. We are also developing a protocol for monitoring pollination function
at replicated sets of potted crop plants (canola, sunflower) at each site. Use of potted plants assures
both that nutrients, water and soil can be controlled, and that we can measure pollination function on
the same crop across all restored and control sites. The measure of function at each site will be the
difference between seed set for flowers exposed to the ambient pollinator community compared to
flowers given supplemental cross-pollen to establish maximum seed set. Finally, we have developed
a protocol for training citizen scientists in collecting observational data on the pollinator fauna. We
will train citizen scientists using this protocol, which classes pollinators into rough categories) and
then test the effectiveness of data collected by citizen scientists in identifying diversity and abundance
trends among sites by comparing it against specimen-based data from netting and pan-traps collected
simultaneously across sites. The talk will primarily explain the study design and methods employed,
given that only the data from before restoration is currently available for analysis.
Pollination of oil-producing crops with potential to biodiesel production: a case study with
castor bean (Ricinus communis L.)
Abstract
Brazil has a well-succeeded historic in biofuel (alcohol) production and is now investing heav-
ily in biodiesel derived from a variety of crops. However, little is known about pollination system in
most of these crops. The present work aimed to assess the pollination requirements, role of floral visi-
tors and potential yield increment with bee introduction to a castor bean (Ricinus communis L.) crop.
The work was carried out in Núcleo de Produção Comunitária Santa Clara (NPCSC), county of Canto
do Buriti, state of Piauí, Brazil. Results showed that honeybee (Apis mellifera) is the only floral visi-
tor in commercial crops, flowers set fruits by both hand cross-pollination and hand autopollination,
but the latter sets significantly (p<0.05) higher numbers of fruits. Wind is the main pollinating agent,
but areas with honeybees produce significantly (p<0.05) heavier seeds, with more oil content and oil
with higher caloric value. It was concluded that the castor bean plant pollination system is anemoph-
ily with predominance of autopollination, but the action of pollen harvesting by honeybees probably
increases the amount of self pollen in suspension around the panicle affecting the crop productivity
producing heavier fruits and seeds and greater amounts of oil of higher caloric value.
Introdução
de biodiesel, combustível com grandes vantagens ecológicas e sociais quando comparado ao com-
bustível tradicional derivado do petróleo, o diesel (Holanda, 2004). O biodiesel pode ser produzido
a partir de uma série de espécies vegetais, como o babaçu (Orbygnia speciosa Mart., Barb. Rodr.),
canola (Brassica napus L. e Brassica rapa L.), dendê (Elaeis guineensis, Jacq.), girassol (Helianthus
annuus L.), mamona (Ricinus communis L.), pinhão manso (Jatropha curcas L.), soja (Glycini max
L., Merril), entre outras, bem como a partir de gordura animal e restos de frituras.
Devido ao elevado teor de óleo nas sementes, tolerância a diversas condições edafoclimáticas
e adaptação ao semi-árido, a mamoneira pode ser considerada uma alternativa para a agricultura fa-
miliar, sendo a mais difundida para a produção de biodiesel no Nordeste Brasileiro. É uma espécie
vegetal oleaginosa de origem africana, que se acredita ter sido introduzida no Brasil pelos escravos
durante a colonização portuguesa. Adaptou-se tão bem às condições brasileiras que hoje é encontrada
em várias regiões, desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas, crescendo de forma subespontânea
em áreas rurais, cuja vegetação nativa original foi removida e também em terrenos não edificados de
áreas urbanas. Atualmente, é cultivada em vários países ao redor do mundo, sendo a Índia, China e
Brasil os maiores produtores. Seu cultivo ainda visa à extração do óleo, mas como principal foco a
produção de biodiesel.
Apesar do potencial produtivo da cultura da mamona, observado em ensaios experimentais
(Severino et al., 2006), com produções acima de 1500 kg/ha para diversas variedades cultivadas no
município de Quixeramobim, sertão cearense, a produtividade média brasileira é baixa, 673kg/ha
(CONAB, 2007). Mesmo com o acentuado acréscimo de produtividade em relação aos 321 kg/ha do
final da década de 90, este valor é bem inferior à China (978kg/ha), Índia (1.221 kg/ha) e a média
mundial (1.014 kg/ha) (Alves et al., 2004).
No entanto, questões relacionadas à produtividades inferiores ao potencial agronômico da cul-
tura não são peculiaridades à exploração comercial da mamona, mas um problema que vem afetando
a maioria dos cultivos mundiais e que têm preocupado produtores e entidades envolvidas com o
sistema agrícola global (FAO, 2004). Mesmo com o crescimento da agricultura mundial a partir de
1960, que transformou pequenos plantios manuais em grandes áreas de produções intensivas e tec-
nificadas, com monoculturas, plantio direto, aplicações maciças de defensivos agrícolas etc., levan-
tamentos têm mostrado um crescente declínio na produtividade de algumas culturas. Quando avali-
adas em pequenos canteiros são de ótima produção, mas em grandes áreas nem sempre atingem os
objetivos previstos. Isto pode ser atribuído a vários fatores, como maior exigência de nutrientes, pH
do solo, requerimento de água e clima, além da perda de polinizadores naturais que são responsáveis
pela polinização de diversas espécies vegetais cultivadas pelo homem. A perda de agentes bióticos
em áreas agrícolas já chegou a situações tão extremas que em culturas como maçã (Malus domestica
Borkh), melão (Cucumis melo L.), maracujá (Passiflora edulis Sims), kiwi (Actinidia deliciosa A.
Chev, C.F. Liang & A.R. Ferguson), melancia (Citrullus lanatus Thunb., Matsun & Nakai), entre
outras, para assegurarem níveis de produtividade competitivos no mercado e que possam gerar algum
lucro, os produtores têm que optar entre alugar abelhas ou pagar pessoas para fazerem à polinização
manual (Free, 1993; Freitas, 1995).
A mamoneira, no entanto, é uma incógnita. Embora existam indicações de que seja polinizada
pelo vento (Távora, 1982; Beltrão e Severino, 2006), não há nas literaturas nacional e internacional
qualquer trabalho consistente que possa fornecer alguma informação sobre os requerimentos de po-
linização desta espécie. Assim sendo, o presente trabalho se propôs a investigar aspectos da biologia
floral, requerimentos de polinização e o papel de agentes polinizadores bióticos na sua polinização.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em uma área de 3.115ha destinados ao plantio de mamona, predomi-
nantemente da variedade BRS 149 Nordestina, no Núcleo de Produção Comunitária Santa Clara
(NPCSC), situado no município de Canto do Buriti - PI (08°08’32,4”S e 43°27’12,9”W e 441m de
altitude. O clima do município é Semi-Árido Úmido, com temperatura média de 30,2°C e 64,80% de
umidade relativa (Medeiros, 2000).
As avaliações referentes a biologia floral foram feitas através da marcação de flores masculinas
e femininas e acompanhamento desde a antese até a senescência ou vingamento de frutos, aos 15
dias. Quanto ao requerimento de polinização da cultura e eficiência de polinização por Apis mellifera
foram realizados através do método de ensacamento de flores com telas de filó ou sacos de papel, e
com avaliação de áreas com ou sem introdução de colônias de abelhas melíferas, alojadas em colmé-
ias racionais, em cultivo de mamoneira.
A análise estatística foi realizada através da metodologia de Modelos Lineares Generalizados
(Demétrio, 1993; Dobson, 2001). A resposta considerada segue uma distribuição binomial(n,p) e a
função de ligação utilizada foi a logit=log(p/(1-p)), sendo p a proporção de frutos vingados.
Os frutos das áreas com e sem introdução de abelhas foram colhidos e conduzidos aos Labo-
ratórios de Nutrição Animal e Laboratório de Sementes da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza
- CE, para determinações da matéria seca, extrato etéreo, energia bruta do extrato etéreo (Silva e
Queiroz, 2002), e testes referentes à qualidade fisiológica das sementes: Teste de germinação (Brasil,
1992), vigor-primeira contagem de germinação, emergência de plântulas (Nakagawa, 1999), índice
de velocidade de emergência (Maguire, 1962) e peso seco da parte aérea. A comparação das médias
foi realizada através da ANOVA, para p<0,05.
Resultados e Discusão
A mamoneira mostrou-se uma planta monóica com racemos terminais, que na variedade
BRS149 Nordestina é constituído basicamente por flores femininas na região apical e masculinas na
porção basal, com raras flores hermafroditas. A antese ocorreu a qualquer momento do dia ou durante
a noite e, 15 dias após a fecundação, os frutos apresentaram-se desenvolvidos, com os estiletes secos,
ou as flores não fecundadas em senescência.
Devido ao padrão de abertura das flores masculinas e deiscência das anteras, a maior disponibili-
dade de pólen ocorreu entre 6h e 8h da manhã, decrescendo nas horas mais quentes do dia, e apresentando
um leve aumento a partir das 16h com abertura de novas flores (Rizzardo, 2007). Este decréscimo da
disponibilidade de pólen estava atrelado a senescência de grande parte das flores masculinas (Figura 1).
Em plantio comercial, a Apis mellifera foi a única espécie de abelha observada visitando as
flores/nectários da mamoneira, constituindo-se no visitante mais freqüente, tanto para coleta de pólen
quanto de néctar. Por outro lado, em mamoneiras situadas próximas a vegetação nativa, além de for-
migas (Formicidae), vespídeos (Vespidae) e abelhas Apis, a abelha sem ferrão canudo (Scaptotrigona
sp.) também foi observada fazendo visitas.
A abelha melífera visitou a mamoneira durante todo o dia: a coleta de pólen ocorreu princi-
palmente cedo da manhã, as 7h, aumentando progressivamente até as 9h, acompanhando a maior
liberação de pólen pela planta; a coleta de néctar teve início por volta das 7h, estendendo-se por todo
dia, com picos as 9h e 15horas (Rizzardo,2007). Não há na literatura mundial referências ao padrão
de forrageamento de Apis ou qualquer outra espécie de abelha em R. communis.
60 Liberação de pólen
Abscição
50 Curva ajustada à equação
Número de flores m
40
y = -0,2348x4 + 4,0354x3 - 21,833x2 + 35,039x + 30,714
R 2 = 0,9515
30
L
20
10
0
06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00
Horário
A mamona vingou significativamente (p<0,01) mais frutos quando autopolinizada do que por
meio de polinização manual cruzada (Tabela 1). Embora possa ser polinizada e vingar frutos tanto
por meio do próprio pólen quanto do de outras plantas da mesma espécie, conforme observado por
Gurgel (1945) e Ribeiro Filho (1966), a mamoneira se beneficiou mais da autogamia, uma vez que a
autopolinização manual, ao colocar nos estigmas uma grande e ilimitada quantidade de auto-pólen,
vingou mais de 98% de vingamento, enquanto que o mesmo tratamento realizado com pólen cruzado
levou a apenas 80,49% de vingamento (Tabela 1). Segundo Távora (1982), a mamoneira é uma planta
predominantemente autógama, mas isto não acarreta em problemas de endogamia para a cultura.
O tratamento de polinização restrita com filó apresentou índices de vingamento semelhantes
aos obtidos com a polinização manual cruzada e polinização livre. Isto permite inferir que o vento é o
principal agente polinizador da mamoneira, já que as flores protegidas por filó da visitação de agentes
Tabela 1 – Vingamento de frutos da mamoneira (Ricinus communis L.) sob diversos tratamen-
tos de polinização. Canto do Buriti, PI, 2006.
Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si, (p<0,05).
bióticos vingaram igualmente àquelas expostas aos visitantes florais (polinização livre testemunha).
Essas observações estão de acordo com outros autores que também relatam anemofilia na mamoneira
(Távora, 1982; Beltrão e Severino, 2006). No entanto, o vento, seja no caso da polinização restrita com
filó ou na polinização livre, promove essencialmente a polinização cruzada entre as plantas, pois seus
índices também não diferem daqueles produzidos pelo tratamento de polinização cruzada. A poliniza-
ção restrita com saco de papel produziu resultados insignificantes já que o pólen cruzado trazido pelo
vento não pôde penetrar nos sacos e também permite concluir que a planta não possui mecanismos de
autopolinização. Provavelmente, a taxa de alogamia na mamoneira seja bem maior do que os 40% pre-
conizados por Gurgel (1945) e Ribeiro Filho (1966). Finalmente, pode-se concluir que para incremen-
tar a produtividade da mamoneira seria necessário aumentar a quantidade de auto-pólen depositada nos
estigmas a níveis similares aos produzidos pelo tratamento de autopolinização manual.
O tratamento livre com introdução de abelhas foi o que alcançou percentuais de vingamento
mais próximos do de autopolinização manual. De fato, a análise estatística mostra significância mar-
ginal (p=0,081) com relação ao vingamento em áreas com e sem introdução de abelhas (93,62% con-
tra 81,67%, respectivamente), sugerindo haver realmente uma diferença no percentual de vingamento
(14,63%) quando as abelhas estão presentes ou ausentes (Rizzardo, 2007). Novos experimentos com
um número de repetições maiores do tratamento de polinização livre com abelhas potencialmente
demonstrariam essas diferenças com maior clareza.
Considerando que a deiscência da antera da mamoneira é explosiva e dispara ao toque (Bian-
chini e Pacini, 1996) e que o pólen da mamoneira é leve e pulverulento, facilmente mantido em sus-
pensão no ar e carregado pelo vento, é possível que devido à maneira pela qual as abelhas melíferas
coletam pólen, rebuscando as anteras com as pernas dianteiras e jogando o pólen sobre o corpo
(Winston, 1987), uma grande quantidade deste seja dispersado no ar, aumentando a proporção de
auto-pólen que atinge os estigmas das flores femininas na mesma panícula. Isto elevaria os índices de
autopolinização, explicando o percentual de vingamento marginalmente superior do tratamento livre
com introdução de abelhas em relação à testemunha (livre, sem introdução de abelhas) e próximo ao
de autopolinização manual. Finalmente, é necessário observar que o tratamento com introdução de
abelhas foi, dentre os tratamentos que podem ocorrer naturalmente no campo, aquele que produziu
os melhores índices de polinização, uma vez que a autopolinização manual seria uma condição ideal,
mas inviável de se praticar em larga escala até o presente momento (Rizzardo et al., submetido).
Comparando-se os resultados obtidos em áreas com e sem introdução de colônias de A. mellif-
era, o peso médio do racemo secundário foi 63,77% superior ao peso daqueles produzidos na área sem
introdução de abelhas (66,67g e 40,71g, respectivamente). O número de frutos por cacho comportou-
se da mesma forma, com acréscimo de 41,35%, aumentando a produção média de 15,84 para 22,39
frutos. Bem como no peso dos frutos, onde o acréscimo foi de 15,15%, elevando-se de 2,31g na área
sem introdução de abelhas para 2,66g para a área com colméias de abelhas melíferas (Tabela 2).
Provavelmente as abelhas contribuíram para aumentar a disponibilidade de auto-pólen nos es-
tigmas, promovendo uma melhor polinização, tanto quantitativamente quanto qualitativamente. A
maior quantidade de grãos de pólen presentes no ar aumenta a possibilidade de que estes cheguem aos
estigmas de forma mais homogênea, em maior quantidade e beneficiando mais flores. Quanto maior
a quantidade de grãos de pólen depositados no estigma, melhor será a competição destes em fecundar
o óvulo, possibilitando que os grãos com maior viabilidade, vigor e velocidade para emissão do tubo
polínico, possam efetuar a fecundação (Free, 1993).
Para as análises físico-químicas, as sementes provenientes da área povoada com colônias de
abelhas melíferas apresentam valores significativamente superiores (p<0,05) em todos os parâmetros
analisados. Além do maior peso registrado, as sementes possuem maior teor de óleo (extrato etéreo)
e energia bruta, quando comparadas com as sementes oriundas de área sem introdução de abelhas. Os
pesos de 100 sementes (54,46g com abelhas e 47,32g sem abelhas) estão abaixo daqueles relatados
como padrão, 68g, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Algodão, 2001),
produtora da BRS 149 Nordestina. Porém, Severino et al. (2004), encontraram variação entre 36,0 a
75,0g no peso de sementes da mamoneira BRS 149 Nordestina, mostrando que essa característica é
bastante instável nesta variedade (Tabela 2).
Tabela 2 – Número de frutos, peso médio do racemo secundário, peso do fruto, avaliação do
peso médio (g) de 100 sementes, extrato etéreo e energia bruta do óleo de sementes de mamoneira,
proveniente de áreas com introdução e sem introdução de colméias racionais povoadas com abelhas
melíferas (Apis mellifera). Canto do Buriti, PI, 2006.
Médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem significativamente entre si, (p<0,01).
*Dados expressos em matéria natural. ** Cada repetição representa o valor médio de um lote com
100 frutos. + Cada repetição representa o valor médio de um lote de 25 sementes.
O rendimento de óleo nas sementes oriundas da área sem introdução de abelhas, 49,94%, foi
superior ao relatado pela EMBRAPA Algodão (2001), 48,90%. Bem como aos 48,09% por Tambas-
cia e Teixeira (1986), e próximo aos 50,20% encontrados por Severino et al. (2006b). Porém, o teor
de óleo encontrado nas sementes da área com introdução de abelhas, 54,48%, foi 9,1% superior,
(p<0,01), aos obtidos no tratamento sem introdução de abelhas e também aos encontrados na litera-
tura, sugerindo que a abelha melífera, de fato, contribuiu para uma melhoria na qualidade dos frutos,
no que diz respeito ao conteúdo de óleo.
Além das sementes terem apresentado maior peso e maior teor de extrato etéreo, pôde-se per-
ceber que a introdução de abelhas em área de mamona também afetou a qualidade do óleo produzido,
apresentando-se com valor energético significativamente maior (p<0,01) em relação àquela sem in-
trodução de abelhas (Rizzardo, 2007). Costa Neto et al. (2000) encontraram que o óleo da mamoneira
possui 8.913 kcal/kg. Este resultado é superior aos obtidos nas sementes da área sem introdução de
colônias de abelhas, 8.843 kcal/kg, porém, inferiores aos da área com colméias, 9006,81 kcal/kg. De
acordo com Free (1993) e Freitas (1995), a polinização intermediada pelas abelhas pode contribuir
para incrementos na produção de várias culturas por meio da formação de frutos mais pesados, com
maior teor de óleo e melhor conformação.
Conclusões
O presente estudo permite concluir que a mamoneira é uma espécie vegetal de polinização pre-
dominantemente anemófila, que aceita tanto a autopolinização quanto a polinização cruzada, mas se
beneficia principalmente da autopolinização.
A mamoneira constitui fonte de néctar e pólen para as abelhas Apis mellifera.
A presença de Apis mellifera no cultivo da mamoneira apresenta potencial de aumento na prod-
utividade da cultura, peso de frutos e sementes, teor e energia do óleo das sementes.
Agradecimentos
Ao BNB: ETENE-FUNDECI, pelo apoio financeiro ao projeto. À FUNCAP e CNPq por bolsas
de mestrado para M.O. Milfont e R.A.G. Rizzardo, respectivamente e Produtividade em Pesquisa
para B.M. Freitas. Também a Brasil Ecodiesel, na pessoa da Dr. Francineuma Ponciano de Arruda,
por ceder a área de estudo e incondicional apoio logístico.
Referências Bibliográficas
Alves MO et al. (2004). Possibilidades da mamona como fonte de matéria-prima para a produção de
biodiesel no Nordeste Brasileiro. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil.
Beltrão NEM e Sevevino LS (2006). Ecofisiologia. In: Mamona: o produtor pergunta, a Embrapa
responde (Severino LS, Milani M e Beltrão NEM, eds.) Embrapa Informação Tecnológica,
Brasília, DF, 171-179.
Bianchini M, & Pacini E (1996). Explosive anther dehiscence in Ricinus communis L. involves cell
wall modifications and relative humidity. Inter. Journal of Plant, v.157, n.6, p.739-745.
BRASIL (1992), Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:
SNAD/CLAV.
CONAB. Quinto levantamento de avaliação da safra 2006/2007. Ministério da Agricultura Pecuária
e Abastecimento. Fevereiro – 2007.
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/5levsafra.pdf. Acessado em 19 fev. 2007.
Costa Neto PR et al. (2000). Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel através da trans-
esterificação de óleo de soja usado em frituras. Química Nova, v.23, n.4, p.531-537.
Demétrio CGB (1993). Modelos Lineares Generalizados na Experimentação Agronômica, 5o SEA-
GRO e 38a RBRAS. Porto Alegre, DE/UFRGS.
Dobson AJ (2001). An Introduction to Generalized Linear Models. 2nd ed. London: Chapman & Hall/
CRC.
EMBRAPA ALGODÃO. O cultivo da mamona – GERANEGÓCIO. 1998-2001. http://www.gerane-
gocio.com.br/html/geral/mamona/mamona.html, acessado em 14 fev. 2007.
FAO (Food and Agriculture Organization) (2004). Conservation and management of pollinators
for sustainable agriculture - the international response. In: Solitary bees: conservation,
rearing and management for pollination. (Freitas BM, Pereira JOP, eds.) Imprensa Univer-
sitária. Fortaleza, CE. 19-20.
Free JB (1993). Insect pollination of crops. 2 ed. London: Academic Press.
Freitas BM (1995). The pollination efficiency of foraging bees on apple (Malus domestica Borkh) and
cashew (Anacardium occidentale L.). Thesis, University of Wales, Cardiff, UK.
Gurgel JTA (1945). Estudos sobre a mamoneira (Ricinus communis L.). Piracicaba, s.ed.
Holanda A (2004). Biodiesel e inclusão social. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação
de Publicações.
Maguire JD (1962). Speed of germination – aid in selection aid evolution for seedling emergence and
vigor. Crop Science. v.2, n.2, p.176-177.
Medeiros RM (2000). Estudo agrometeorológico para o estado do Piauí. Teresina, PI.
Nakagawa J (1999). Testes de vigor baseados no desempenho de plântulas. In: Vigor de sementes: con-
ceitos e testes (Krzyzanowski FC, Vieira RD, França Neto JB, eds.). Londrina: ABRATES. 1-24.
Ribeiro Filho J (1966). Cultura da mamoneira. Viçosa, MG: UFV.
RIZZARDO RAG, (2007). O papel de Apis mellifera L. como polinizador da mamoneira (Ricinus
comunis L.): avaliação da eficiência de polinização das abelhas e incremento da produtividade
da cultura. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
Rizzardo, RAG et al. (submetido) Increasing yield and quality of castor bean (Ricinus communis L.)
oil by honey bee (Apis mellifera) pollination. Apidologie.
Severino LS et al. (2004). Caracterização do volume, densidade, germinação e desenvolvimento
inicial de sementes de mamona em diferentes faixas de peso. EMBRAPA Algodão, Campina
Grande, PB. (Embrapa Algodão. Documentos, 123). Campina Grande.
Severino LS (2006). Curiosidades. In: Mamona: o produtor pergunta, a Embrapa responde.
(Severino LS, Milani M, Beltrão NEM, eds.) Brasília, DF: Embrapa Informação Tecno-
lógica, p.243-248.
Severino LS et al. (2006). Growth and yield of castor bean fertilized with macronutrients and micro-
nutrients. Pesq. Agrop. Bras., v.41, n.4, p.563-568.
Silva DJ, Queiroz AC (2002). Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos. 3 ed. Viçosa:
UFV, 2002. 235p.
Tambascia MB e Teixeira JPF (1986). Mamona: determinação quantitativa do teor de óleo.
Bragantia, v.45, n.1, p.23-27.
Távora FJAF (1982). A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE.
Winston ML (1987). The Biology of the honey bee. Harvard University Press.
SI MPÓS IO 6
Abstract
The ability to discriminate among genetic related individuals has a main importance in the
Kin selection Hamilton’s theory. Social insects use odor cues in recognition systems, and the main
used cues are compounds present in their cuticle. These cues may originate from endogenous and
exogenous sources. The exogenous cues may be absorbed from nest materials, food or even from the
queen. There are numerous reports concerning the origin of these cues in ants, termites, honeybees
and solitary bees, although, little is known about the stingless bees. Therefore, the present work aims
at to study the chemical composition of Frieseomelitta varia’s cuticle and the verification of food and
nest materials influence in the constitution of the cues used in recognition systems. A total of 48 com-
pounds were identified in the cuticle of F. varia. The behavioral tests, in agreement with the chemical
analyses, showed that the individuals absorb chemical compounds from the nest material. However,
the results show that food convergence imply neither in the higher acceptance of the individuals, nor
in a chemical convergence.
Introdução
Os ninhos de insetos sociais apresentam uma grande variação na complexidade de suas estru-
turas, abrigando uma série de recursos indispensáveis à manutenção da estrutura social, tais como:
ovos, larvas, indivíduos jovens, estoques de alimento, entre outros. Nesses casos, a capacidade de
reconhecimento entre companheiros de ninho é de fundamental importância, impedindo possíveis
danos causados por inimigos naturais, representados tanto por indivíduos da mesma espécie quanto
por animais parasitas e cleptobióticos (Wilson, 1971; Hölldobler and Wilson, 1990).
O reconhecimento ocorre através de duas etapas principais: a liberação de uma pista pelo ani-
mal e o reconhecimento dessa pista por um segundo indivíduo (Beecher, 1982; Sherman and Holmes,
1985). Tanto em invertebrados como vertebrados, o reconhecimento é mediado por pistas olfativas
(revisado por Hepper, 1986). A utilização de sinais olfativos provavelmente decorre do baixo custo
energético, tanto na produção das pistas quanto na recepção e no processamento (Alcock, 1993). Di-
versos estudos químicos e comportamentais confirmam que as pistas utilizadas no reconhecimento
são representadas por compostos químicos associados à cutícula dos insetos, sendo a maior parte dos
compostos identificados hidrocarbonetos, divididos em alcanos, alcenos e alcanos com ramificação.
(Pfennig et al., 1983; Breed and Stiller, 1992; Singer and Espelie, 1992; Gamboa et al., 1996).
A cutícula dos insetos é recoberta por uma camada de ceras impermeáveis, constituídas por
hidrocarbonetos de alto peso molecular, cuja função primária seria a de proteção contra desidratação
(Lockey, 1988). Secundariamente, estes compostos também apresentam funções comunicativas, tais
como reconhecimento de espécies, importantes para a manutenção social e comportamentos relacio-
nados à corte em várias espécies. Nos insetos sociais, esses compostos estão relacionados à discri-
minação entre companheiros e não companheiros de ninho, reconhecimento de castas, além de apre-
sentar pistas específicas para cada tarefa em execução. Além disso, esses compostos podem indicar
dominância e sinalizar fertilidade. Finalmente, uma outra função identificada para tais compostos é a
de feromônio utilizado na marcação de trilhas de forrageamento (Howard, 1993; Clément and Bag-
nères, 1998; Singer et al., 1998; Vander Meer and Morel, 1998; Steinmetz et al. 2003; revisado por
Howard and Blomquist, 2005).
Nos insetos sociais, cada indivíduo na colônia possui seu próprio perfil de compostos cuti-
culares, que constitui uma assinatura química individual. Essas substâncias podem ter origem
endógena, ou seja, ser produzidas pelo próprio indivíduo, caracterizando uma origem genética;
ou apresentar uma origem exógena, sendo adquiridos a partir do meio externo (Carlin, 1989;
revisado por Lorenzi et al., 1996).
A origem desses compostos apresenta uma grande variação nos diversos grupos de insetos
sociais analisados e, embora possa ser encontrada uma extensa literatura a respeito da origem de tais
compostos em formigas, cupins, vespas e abelhas do gênero Apis, pouco se conhece a respeito da
composição e origem de tais compostos nas abelhas sem ferrão (Meliponini).
Até o presente momento, a origem, constituição química e o papel dos compostos cuticulares
nos Meliponini são virtualmente pouco conhecidos em relação a outros grupos de insetos sociais.
Desta forma, uma grande área da biologia das abelhas sociais Neotropicais ainda permanece desco-
nhecida. Este estudo é motivado pela oportunidade de se conhecer melhor os compostos químicos
cuticulares de abelhas sem ferrão e compreender a função desses na mediação do reconhecimento
intra- e inter-colonial em Frieseomelitta varia.
Materiais e Métodos
dois minutos, a abelha a ser testada era retirada do frasco e inserida na caixa experimental através
do tubo lateral. As interações apresentadas entre o indivíduo introduzido e os demais indivídu-
os da caixa experimental foram registradas durante cinco minutos. Comportamentos agressivos
apresentados pelos guardas como mordidas nas pernas e asas, imobilização e deposição de resina
foram considerados como rejeição, enquanto que a ausência de tais comportamentos e a entrada
do indivíduo introduzido na colônia foram consideradas como aceitação.
Manipulações experimentais
Além da caracterização do perfil químico da espécie foram realizados testes de reconheci-
mento e análises químicas buscando avaliar a origem das pistas utilizadas no reconhecimento.
Para essas investigações foram testados a influência do contato (por dez e vinte minutos) de in-
divíduos recém emergidos com os materiais de construção do ninho; e o efeito da convergência
alimentar por um mês.
Resultados
Discussão
Os resultados encontrados estão de acordo com a maioria dos estudos com compostos cuticula-
res de insetos sociais encontrados na literatura, os quais apontam essas substâncias como assinaturas
químicas individuais que carregam informações a respeito da casta, idade, sexo e status reprodutivo
dos indivíduos (revisado por Howard and Blomquist, 2005).
A maior parte dos compostos encontrados na análise do perfil cuticular de operárias de F. varia
também foram descritos para as outras espécies de abelhas sem ferrão já analisadas e presentes na li-
teratura (Melipona bicolor: Abdalla et al., 2003; Melipona scutellaris e Melipona rufiventris: Pianaro
et al., 2007; Scaptotrigona bipunctata: Jungnickel et al., 2004; Frieseomelitta varia e Lestrimelitta
limao: Nunes et al., 2008a; Schwarziana quadripunctata: Nunes et al., 2008b). Para todas essas es-
pécies, os compostos foram principalmente hidrocarbonetos de cadeias variando de 19 a 33 átomos
de carbono. As maiores concentrações são encontradas para os compostos de cadeias ímpares. Com
exceção de Melipona bicolor, estudada por Abdalla et al. (2003), todas as demais espécies já estuda-
das apresentaram maiores concentrações de alcanos, principalmente aqueles com cadeias com 27 e
29 átomos de carbono.
Dentro das questões relacionadas ao desenvolvimento ovariano das operárias dos himenópteros
sociais, um problema a longo tempo levantado é o meio através do qual as rainhas mantêm seu status
reprodutivo e reconhecem o status dos demais indivíduos. Embora nas abelhas melíferas tenham sido
identificados feromônios provenientes da glândula mandibular exercendo as funções acima citadas,
muitos estudos recentes indicam que os hidrocarbonetos cuticulares atuam como pistas primárias de
fertilidade em alguns insetos sociais (Monnin et al., 1998; Peeters et al., 1999; revisado por Howard
and Blomquist, 2005). Endler et al. (2004) mostraram que em colônias de formigas da espécie Cam-
ponotus floridanus, a rainha “marca” seus ovos com hidrocarbonetos cuticulares e esses compostos
atuam como indicadores da presença da rainha resultando na não oviposição de operárias. De modo
semelhante, os compostos identificados para as rainhas fisogástricas de F. varia podem atuar como
sinalizadores da presença da rainha, desencadeando toda a gama de comportamento apresentada pelas
operárias com a rainha, tais como corte, alimentação e aqueles relacionados ao processo de aprovi-
sionamento e postura (POP).
Os resultados dos experimentos de reconhecimento e das análises químicas realizados com os
indivíduos que permaneceram em contato com cerume do próprio ninho ou de um segundo ninho
mostram claramente que ocorre uma transferência de pistas utilizadas no reconhecimento através de
um breve contato com o cerume. Na verificação da influência da alimentação nas pistas utilizadas no
Agradecimentos
Bibliografia
Abdalla FC, Jones GR, Morgan ED and Cruz-Landim Cda (2003). Comparative study of the cuticular
hydrocarbon composition of Melipona bicolor Lepeletier, 1836 (Hymenoptera, Meliponini)
workers and queens. Genetics and Molecular Research 2: 191-199.
Alcock J (1993). Animal Behavior: An Evolutionary Approach, 5th edn. Sinauer, Sunderland.
Beecher MD (1982). Signature systems and kin recognition. American Zoologist. 22: 477-490.
Breed MD and Stiller TM (1992). Honey bees, Apis mellifera, nestmate discrimination: hydrocarbon
effects and the evolutionary implications of comb choice. Animal Behaviour. 43: 875–883.
Carlin NF (1989). Discrimination between and within colonies of social insects: Two null hypotheses.
Netherlands Journal of Zoology. 39: 86-100.
Clèment J-L and Bagnères AG (1998). Nestmate recognition in termites. In: Pheromone communica-
tion in social insects (Vander Meer RK, Breed MD, Winston, ML and Espelie KE, eds). West-
view, Boulder, 57-58.
Endler A, Liebig J, Schmitt T, Parker JE, et al. (2004). Surface hydrocarbons of queen eggs regulate
worker reproduction in a social insect. Proceedings of the National Academy of Sciences of the
United States of America. 101: 2945-2950.
Gamboa JG, Grudzien TA, Espelie KE and Bura EA (1996). Kin recognition in social wasps: combin-
ing chemical and behavioural evidence. Animal Behaviour. 51: 625-629.
Hepper PG (1986). Kin recognition: functions and mechanisms. Biological Reviews. 61: 63–93.
Hölldobler B and Wilson EO (1990). The Ants. Cambridge, Massachusetts: Harvard University
Press.
Howard RW (1993). Cuticular hydrocarbons and chemical communication. In: Insect lipids: chem-
istry, biochemistry and biology (Stanley-Samuelson DW and Nelson DR, eds) University of
Nebraska Press. Lincoln, 179-226.
Howard RW and Blomquist GJ (2005). Ecological, behavioral, and biochemical aspects of insect
hydrocarbons. Annual review of entomology. 50: 371-393.
Jungnickel H, da Costa AJS, Tentschert J, Patricio EFLRA, et al, (2004). Chemical basis for inter-co-
lonial aggression in the stingless bee Scaptotrigona bipunctata (Hymenoptera: Apidae). Jour-
nal of Insect Physiology. 50: 761-766.
Liang D and Silverman J (2000). “You are what you eat”: Diet modifies cuticular hydrocarbons
and nestmate recognition in the Argentine ant, Linepithema humile. Naturwissenschaften. 87:
412–416.
Lockey KH (1988). Lipids of the insect cuticle: origin, composition and function. Comparable Bio-
chemistry and Physiology. 89B: 595-645.
Lorenzi MC, Bagnères AG and Clément JL (1996). The role of cuticular hydrocarbons in social
insects: is it the same in paper wasps? In: Natural History and Evolution of Paper Wasps (Tu-
rillazzi S and West-Eberhard MJ, eds.) Oxford University Press, UK, 178-189.
Monnin T, Malosse C and Peeters C (1998). Solid-phase microextraction and cuticular hydrocarbon
differences related to reproductive activity in queenless ant Dinoponera quadriceps. Journal of
Chemical Ecology. 24: 473–490.
Nunes TM, Nascimento FS, Turatti ICC, Lopes NP, et al, (2008a). Nestmate recognition in a stingless
bee: does the similarity of chemical cues determine guard acceptance? Animal Behaviour. 75:
1165-1171.
Nunes TM, Turatti ICC, Mateus S, Nascimento FS, et al, (2008b). Cuticular hydrocarbons in the
stingless bee Schwarziana quadripunctata (Hymenoptera, Apidae, Meliponini): differences be-
tween colonies, castes and age. Genetics and Molecular Research. Accepted.
Peeters C, Monnin T and Malosse C (1999). Cuticular hydrocarbons correlated with reproductive
status in a queenless ant. Proceedings of the Royal Society of London. 266: 1323–1327.
Pfennig DW, Gamboa GJ, Reeve HK, Shellman-Reeve J, et al, (1983). The mechanism of nestmate
discrimination in social wasps (Polistes, Hymenoptera: Vespidae). Behavioral Ecology and So-
ciobiology. 13: 299–305.
Pianaro A, Flach A, Patricio EFLRA, Nogueira-Neto P, et al, (2007). Chemical changes associated
with the invasion of a Melipona scutellaris colony by Melipona rufiventris workers. Journal of
Chemical Ecology. 33: 971-984.
Sherman PW and Holmes WG (1985). Kin recognition: issues and evidence. Fortschritte der Zoolo-
gie. 31: 437-460.
Singer TL and Espelie KE (1992). Social wasps use nest paper hydrocarbons for nestmate recogni-
tion. Animal Behaviour. 44: 63-68.
Singer TL, Espelie KE and Gamboa GJ (1998). Nest and nestmate discrimination in independent-
founding wasps. In: Pheromone communication in social insects (Vander Meer RK, Breed MD,
Winston ML and Espelie EK,eds). Westview, Boulder, 104-125.
Steinmetz I, Schmolz E and Ruther J (2003). Cuticular lipids as trail pheromone in a social wasp.
Proceedings of the Royal Society of London. 270: 385-391.
Vander Meer RK, Morel L (1998). Nestmate recognition in ants. In: Pheromone communication in
social insects (Vander Meer RK, Breed MD, Winston ML and Espelie EK, eds). Westview,
Boulder, 79-103.
Wilson EO (1971). The insect societies. Belknap Press. Harvard, University Press Massachussets.
Abstract
The use of trap-nests of different lengths by Centris (Heterocentris) analis (Fabricius, 1804)
(Hymenoptera, Apidae: Centridini) females was studied at three habitats in Ribeirão Preto, SP, Brazil,
from January 2006 to November 2007. The goal of this study was to evaluate the effects of the length
of trap-nests in the selection of the nesting cavities by females of C. analis and in the number of brood
cells constructed per nest. The trap-nests consisted of tubes made with black cardboard, with four
different sizes of trap-nests (6 mm (inside diameter) x 5.5 cm (length), 6 mm x 6.0 cm, 6 mm x 6.5
cm and 6 mm x 7.0 cm). A total of 221 nests and 726 cells were built at three habitats, and the high-
est nesting frequencies occurred during the hot and wet season. The frequency of occupation of the
trap-nests by females ranged among the habitats: on the campus of USP the females used mainly the
smallest traps while in other habitats the different traps were used in similar proportions. Concerning
the number of brood cells constructed per nest, three-celled nests occurred with highest frequency in
the smallest trap-nests; three- and four-celled nests occurred in similar frequencies in trap-nests of 6.0
cm length; in the 6.5 cm and 7.0 cm trap-nests, four-celled nests were the most frequent; furthermore,
five-celled nest occurred only in 7.0 cm trap-nests. With the results here obtained is possible to affirm
that C. analis has potential to be used as pollinator in agricultural fields.
Introdução
Atualmente, é estimado que existam mais de 16.000 espécies de abelhas em todo mundo, com
a maioria delas sendo de espécies solitárias (Michener, 2000). Cerca de 5% do total das espécies de
abelhas solitárias (Krombein, 1967) apresentam o hábito de nidificar em cavidades preexistentes. Es-
sas cavidades podem ser o interior da medula de plantas, orifícios existentes em árvores, galerias feitas
em madeira por besouros ou outros insetos, em gomos de bambu, em orifícios existentes em paredes
de construções de alvenaria, em ninhos abandonados de outras espécies, etc. As cavidades preexisten-
tes naturais representam um recurso escasso no ambiente, devido a mudanças ambientais tais como
o desmatamento, fragmentação, queimadas e monoculturas, geradas pela expansão e mecanização
da agricultura, o que limita o crescimento das populações de abelhas que as utilizam (Vinson et al.,
1993). Diante disso, a ausência ou um acentuado declínio de polinizadores em determinadas locali-
dades do mundo tem estimulado o uso de ninhos-armadilha para proporcionar locais de nidificação e,
conseqüentemente, com uma adequada técnica de manejo, aumentar as populações e assim garantir a
polinização de diversas culturas (Bosch & Kemp, 2002; Garófalo et al., 2004). As espécies de Centris
são importantes polinizadores de plantas que produzem óleo, como a família Malpighiaceae, sendo
inclusive conhecidas como abelhas coletoras de óleo (Buchmann, 1987; Vogel & Machado, 1991).
Centris analis é uma espécie de abelha solitária bastante comum, ocorrendo desde o México até o Bra-
sil (Moure, 1960). C. analis tem sido a espécie mais abundante nos ninhos-armadilha em estudos feitos
no estado de São Paulo (Camillo et al., 1995; Garófalo, 2000; Gazola, 2003). Essa abundância é uma
característica importante quando buscamos identificar espécies potenciais que possam ser trabalhadas
no sentido de manejá-las adequadamente em programas de polinização controlada. Vieira-de-Jesus
& Garófalo (2000) descreveram o comportamento de nidificação de C. analis em ninhos-armadilha;
Gazola & Garófalo (2003) estudaram o comportamento de ataque de Leucospis cayennensis (Leucos-
pidae) a ninhos de C. analis e Couto & Camillo (2007) estudaram a influência da temperatura na mor-
talidade de imaturos de C. analis. Embora tais trabalhos tenham fornecido informações importantes
sobre a biologia daquela espécie, vários outros aspectos necessitam ainda ser abordados para que seja
possível o desenvolvimento de técnicas de manejo adequadas a uma população de polinizadores. Entre
aqueles aspectos, merecem destaques as abordagens experimentais que relacionam as dimensões das
cavidades usadas para a nidificação e produtividade. Como observado em outras espécies (Stephen &
Osgood, 1965; Torchio & Tepedino, 1980; Vicens & Bosch, 2000; Bosch & Kemp, 2002), tais aspectos
têm forte influência no número de células produzidas por ninho. O objetivo deste estudo foi avaliar os
efeitos do comprimento dos ninhos-armadilha na seleção das cavidades de nidificação pelas fêmeas de
C. analis e no número de células de cria construídas por ninho.
Material e Métodos
O estudo foi desenvolvido em três locais de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil: no Campus da
Universidade de São Paulo, de janeiro de 2006 a novembro de 2007, em um ambiente urbano e uma
área rural, de janeiro a novembro de 2007. Seguindo a metodologia apresentada por Serrano & Garó-
falo (1978), os ninhos-armadilha consistiam de tubos confeccionados com cartolina preta, com uma
das extremidades fechada com o mesmo material. Foram usados ninhos-armadilha (=NA) de quatro
tamanhos diferentes: 6,0 mm (diâmetro interno) x 5,5 cm (comprimento), 6 mm x 6,0 cm, 6 mm x
6,5 cm e 6 mm x 7,0 cm. Esses tubos foram inseridos em orifícios feitos em placas de madeira (55
orifícios por placa), que foram colocadas em prateleiras sob coberturas (no Campus da USP e na Área
rural) existentes nos locais de estudo, e suspensa em uma árvore na área urbana. Nas três localidades,
as placas foram colocadas a uma distância de 1,5 m do solo. Um total de 65 ninhos-armadilha de cada
tamanho foi disponibilizado no Campus da USP, 26 na área rural e 13 na área urbana. Durante o pe-
ríodo de estudo, os ninhos-armadilha colocados no Campus da USP e na área rural foram inspeciona-
dos, diariamente, com o auxílio de um otoscópio. As atividades de nidificação das fêmeas em ambos
os locais foram monitoradas durante o período de estudo. Após serem completados, os ninhos eram
levados para o laboratório e substituídos por NA similares aos retirados. No laboratório, os ninhos
foram introduzidos em tubos de ensaio, de tamanhos apropriados. Quando da emergência dos adultos,
eles eram coletados, marcados e liberados no local de estudo do Campus da USP. Após alguns dias da
última emergência, os ninhos eram abertos e seus conteúdos analisados. De acordo com o Sistema In-
ternacional de Köppen, o clima de Ribeirão Preto é AW: tropical, com uma estação, quente e chuvosa,
estendendo-se de setembro a abril; e uma estação fria e seca, estendendo-se de maio a agosto.
Resultados
Figura 1 - Número total de ninhos construídos por fêmeas de Centris analis de acordo com o
comprimento do ninho, durante o período de janeiro de 2006 a novembro de 2007, nas três locali-
dades de Ribeirão Preto, SP (letras diferentes, em colunas pertencentes a um mesmo local, indicam
diferença estatisticamente significante) (teste do x2).
40 a
Número total de ninhos
35
30
construídos
b
25 a
b a a
20 a a a
15 c a a
10
5
0
Campus USP Área rural Área urbana
Local de estudo
Atividades de nidificação
Os ninhos construídos no Campus da USP possuíam um total de 277 células. O número de
ninhos por fêmea variou de um (38 fêmeas) a seis (uma fêmea) e o número de células de uma
(três fêmeas) a 18 (uma fêmea). Cada fêmea construiu, em média, 1,57 ± 0,97 ninhos e 4,7 ±
3,23 células. O tempo máximo em que uma fêmea permaneceu nidificando na área foi 22 dias e
o tempo utilizado por cada fêmea para construir uma célula variou de um a três dias, com maior
freqüência para a construção de uma célula por dia. As fêmeas que ocuparam os NA na área rural
construíram 260 células. O número de ninhos por fêmea variou de um (26 fêmeas) a quatro (duas
fêmeas) (x = 1,65 ± 0,87 ninhos) e o de células de duas (uma fêmea) a 12 (cinco fêmeas) (5,65 ±
2,97 células). O tempo máximo em que uma fêmea permaneceu nidificando na área foi 15 dias.
O tempo utilizado por cada fêmea para construir uma célula variou de um a três dias, com a maior
freqüência sendo uma célula por dia.
Analisando a utilização dos NA por cada fêmea, verificou-se que das 59 fêmeas que nidificaram
no Campus da USP, 38 delas construíram apenas um ninho. Entre as fêmeas que construíram dois
ninhos (n=12), apenas cinco delas (41,67%) fizeram seus ninhos em NA de mesmo comprimento.
Das fêmeas que construíram três ninhos (n=7), duas (28,57%) usaram NA de tamanhos idênticos,
três fêmeas (42,86%) construíram dois dos seus ninhos em NA de dimensões idênticas e duas fêmeas
(28,57%) construíram seus ninhos em NA de diferentes comprimentos. A única fêmea que construiu
quatro ninhos utilizou três NA de comprimentos semelhantes e a fêmea que construiu seis ninhos
utilizou cinco NA de dimensões similares.
Das 46 fêmeas que estiveram em atividades na área rural, 26 fizeram apenas um ninho
e 12 fêmeas construíram dois ninhos, sendo que apenas uma delas (8,33%) estabeleceu seus
ninhos em NA de iguais comprimentos. Das fêmeas restantes, seis fizeram três ninhos, sendo
que duas delas (33,33%) ocuparam dois NA de comprimentos iguais para a construção de
dois dos seus ninhos. As duas fêmeas que construíram quatro ninhos utilizaram apenas dois
NA de dimensões idênticas.
Figura 2 - Número de células construídas por ninho pelas fêmeas de Centris analis, de acordo
com o comprimento do ninho-armadilha, no período de janeiro de 2006 a novembro de 2007. Os
ninhos-armadilha com 6,0, 6,5 e 7,0 cm apresentaram maior número de células por ninho que os
ninhos-armadilha de menor comprimento (letras diferentes indicam haver diferença estatisticamente
significante) (teste de Kruskal-Wallis e Dunn’s Method, H= 45,95, gl= 3; p<0,001).
uma célula duas células três células quatro células cinco células
b a a a
100%
90%
80%
70%
Porcentagem
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
5,5 6 6,5 7
Comprimento dos ninhos (cm)
Discussão
Segundo Jesus (1995), Gazola & Garófalo (2003) e Couto (2004), e semelhante ao observado
neste trabalho, C. analis nidificou preferencialmente na estação quente/úmida e esteve ausente ou
em pequena freqüência na estação fria/seca. Esse padrão de nidificação deve estar relacionado com
fatores climáticos, uma vez que eles influenciam a disponibilidade de recursos necessários para a
construção das células e o aprovisionamento dos ninhos. Com isso, pode-se afirmar que C. analis
apresenta uma sazonalidade pronunciada. Este fato deve ser cuidadosamente considerado para o de-
senvolvimento de uma técnica de manejo, pois o serviço de polinização controlada dessa espécie deve
apresentar eficiência em campos agrícolas, em períodos pré determinados.
Diversos trabalhos mostraram certa constância no diâmetro dos NA utilizados pelas fêmeas
de C. analis, baseados na estreita relação entre o diâmetro corporal da fêmea e o da cavidade.
No entanto, os efeitos que diferentes comprimentos poderiam acarretar na utilização de tais
cavidades, não foram abordados em experimentos anteriores. Em Osmia cornuta (Megachili-
dae), contudo, Bosch (1994) disponibilizando NA com três diferentes comprimentos, observou
que os maiores foram os mais atrativos. Em outro trabalho, Bosch (1994b) ofereceu NA de
quatro diferentes comprimentos e verificou que o menor foi o menos aceito e que os demais
foram utilizados de forma semelhante. Visando o incremento populacional de Ancistrocerus
gazella (Eumenidae), Wearing & Harris (1999) verificaram que a disponibilidade de ninhos
com diferentes comprimentos não resultou em uma utilização diferenciada deles. No presente
estudo, os resultados mostraram que a utilização diferencial dos NA ocorreu apenas em um dos
locais de nidificação, pois as fêmeas de C. analis que nidificaram no Campus da USP usaram
principalmente os NA de menor comprimento, enquanto que as fêmeas que fundaram ninhos nas
outras duas localidades usaram os NA de forma similar, independente do comprimento. Esses
resultados mostram que fêmeas de C. analis não apresentaram restrições no uso das cavidades
de diferentes comprimentos disponibilizadas. Isso sugere que cavidades de outros comprimen-
tos devem ser testadas a fim de se estabelecer o comprimento ideal para aumentar a produção
de indivíduos, por ninho, de C. analis em agroecossistemas.
Considerando as atividades de nidificação das fêmeas, Vieira-de-Jesus & Garófalo (2000) relat-
aram que três e nove foram os maiores valores para o número de ninhos e número de células, respec-
tivamente, que uma fêmea de C. analis produziu e que o tempo máximo que uma fêmea permaneceu
nidificando na área de estudo foi 30 dias. No presente trabalho, o tempo de permanência das fêmeas
nas áreas de nidificação foi menor do que aquele relatado por aqueles autores, embora os valores para
produtividade máxima por fêmea, tanto em relação aos números de ninhos como o de células, tenham
sido maiores. Apesar do tempo utilizado por cada fêmea para completar uma célula variar de um a
três dias, em geral, elas fizeram uma célula por dia, como também reportado por Jesus (1995). No
Campus da USP foi observado um maior número de fêmeas utilizando NA de mesmo comprimento
em comparação com os ninhos construídos pelas fêmeas da área rural. Esse aspecto deverá ser melhor
compreendido em trabalhos futuros para avaliar se ocorre preferência por um tamanho específico de
NA ou se a utilização dos ninhos é aleatória.
Diversos estudos mostram que a dimensão da cavidade pode influenciar o número de células
construídas por ninho pelas fêmeas de abelhas solitárias. Contudo, poucos estudos tiveram o en-
foque direcionado para os efeitos dos diferentes comprimentos de NA no número de células feitas
por ninho. Alguns trabalhos mostraram não haver relação entre o comprimento do NA e o número
de células construídas (Boesi et al., 2005; Mendes & Rêgo, 2007) enquanto outros, como observado
neste trabalho, mostraram que o aumento do comprimento dos NA gerou um aumento no número
de células construídas por ninho (Tepedino & Parker, 1983, 1984; Bosch, 1994b; Wearing & Harris,
1999). O número máximo de células por ninho observado neste trabalho, similar ao encontrado por
Aguiar et al. (2005), não havia sido relatado em trabalhos anteriores com C. analis (Vieira-de-Jesus
& Garófalo, 2000; Gazola & Garófalo, 2003; Couto & Camillo, 2007). Isso decorreu do fato daqueles
autores usarem, praticamente, apenas ninhos similares aos menores aqui disponibilizados.
A necessidade de incrementar a população de C. analis visando sua utilização em progra-
mas de polinização controlada indica que trabalhos futuros deverão testar NA de outros compri-
mentos com o objetivo de identificar o número máximo de células que uma fêmea dessa poderá
aprovisionar por ninho.
Conclusão
Com os resultados aqui obtidos é possível afirmar que C. analis possui potencial para ser uti-
lizada como espécie polinizadora em campos agrícolas, através do desenvolvimento de técnicas ad-
equadas de manejo, uma vez que além de utilizar frequentemente NA, já possui muitos aspectos de
sua ecologia conhecidos.
Agradecimentos
Referências
Aguiar CML, Garófalo CA and Almeida GF (2005). Trap-nesting bees (Hymenoptera, Apoidea) in areas
of dry semideciduous forest and caatinga, Bahia, Brazil. Revta. Bras. Zool. 22(4): 1030-1038.
Boesi R, Polidori C, Tormos J, Bevacqua S, Asís JD and Andrietti F (2005). Trap-nesting Ancistroce-
rus sikhimensis (Hymenoptera: Eumenidae) in Nepal: Nest structure and associates (Hymenop-
tera: Chrysididae; Acarina: Saproglyphidae). Florida Entomol. 88(2): 135-140.
Bosch J (1994). Improvement of field management of Osmia cornuta (Latreille) (Hymenoptera, Meg-
achilidae) to pollinate almond. Apidologie. 25: 71-83.
Bosch J (1994b). Osmia cornuta Latr. (Hym., Megachilidae) as a potencial pollinator in almond
orchards. J. Appl. Ent. 117: 151-157.
Bosch J and Kemp WP (2002). Developing and establishing bee species as crop pollinators: the example
of Osmia spp. (Hymenoptera: Megachilidae) and fruit trees. Bull. Entomol. Research. 92: 3-16.
Buchmann SL (1987). The ecology of oil flowers and their bees. Annu. Rev. Ecol. Syst. 18: 343-369.
Camillo E, Garófalo CA, Serrano JC and Muccillo G (1995). Diversidade e abundância sazonal de
abelhas e vespas solitárias em ninhos armadilhas (Hymenoptera, Apocrita, Aculeata). Revta.
Bras. Entomol. 39(2): 459-470.
Couto RM (2004). Influência da temperatura e umidade no desenvolvimento de imaturos de Centris
(Heterocentris) analis (Fabricius 1804). Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia Ciên-
cias e Letras de Ribeirão Preto - USP. 60 p.
Couto RM and Camillo E (2007). Influência da temperatura na mortalidade de imaturos de Centris
(Heterocentris) analis (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Iheringia. 97(1): 51-55.
Garófalo CA (2000). Comunidades de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) que utilizam ninhos-armadil-
ha em fragmentos de matas do Estado de São Paulo. Anais do IV Encontro sobre Abelhas.
Ribeirão Preto, SP, Brasil. p. 121-128.
Garófalo CA, Martins CF and Alves-dos-Santos I (2004). The brazilian solitary bee species caught in
trap nests. In: Solitary bees: Conservation, Rearing and Management for Pollination. (Freitas
BM, Pereira JOP, eds.)Fortaleza: Imprensa Universitária. p.77-84.
Gazola A L (2003). Ecologia de abelhas e vespas solitárias (Hymenoptera, Apoidea) que nidificam em
ninhos-armadilha em dois fragmentos de floresta estacional semidecidual no Estado de São Pau-
lo. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto -USP. 106 p.
Gazola AL and Garófalo CA (2003). Parasitic behavior of Leucospis cayennensis Westwood (Hy-
menoptera: Leucospidae) and rates of parasitism in populations of Centris (Heterocentris) ana-
lis (Fabricius) (Hymenoptera: Apidea: Centridini). J. Kansas Entomol. Soc. 76 (2): 131-142.
Jesus BMV (1995). Comportamento de nidificação e abundância sazonal de Centris (Heterocentris)
analis (Fabricius, 1804) (Hymenoptera, Anthophoridae). Dissertação de Mestrado. Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP. 69 p.
Krombein KV (1967). Trap-nesting wasps and bees: life histories, nests and associates. Washington:
Smithsonian Press. 569p.
Mendes FN and Rêgo MMC (2007). Nidificação de Centris (Hemisiella) tarsata Smith (Hymenop-
tera, Apidae, Centridini) em ninhos-armadilha no Nordeste do Maranhão, Brasil. Revta. Bras.
Entomol. 51(3): 382-388.
Michener CD (2000). The Bees of the World. Baltimore: The John Hopkins University Press. 913 p.
Moure JS (1960). Notes on the types of the Neotropical bees described by Fabricius (Hymenoptea:
Apoidea). Studia Ent. 3: 97-160.
Serrano JC and Garófalo CA (1978). Utilização de ninhos artificiais para o estudo bionômico de abe-
lhas e vespas solitárias. Ciênc. Cult. 30: 597-598.
Stephen WP and Osgood CE (1965). Influence of tunnel size and nesting medium on sex ratio in a
leaf-cutter bee, Megachile rotundata. J. Econ. Entomol. 58: 965-968.
Tepedino VJ and Parker FD (1983). Nest size, mortality and sex ratio in Osmia marginata Michener.
Southwest. Entomol. 8(3): 154-167.
Tepedino VJ and Parker FD (1984). Nest selection, mortality and sex ratio in Hoplitis fulgida (Cres-
son) (Hymenoptera: Megachilidae). J. Kansas Entomol. Soc. 57(2): 181-189.
Torchio PF and Tepedino VJ (1980). Sex ratio, body size and seasonality in a solitary bee, Osmia
lignaria propinqua Cresson (Hymenoptera: Megachilidae). Evolution. 34: 993-1003.
Vicens N and Bosch J (2000). Pollinating efficacy of Osmia cornuta and Apis mellifera (Hymenop-
tera: Megachilidae, Apidae) on “red delicious” apple. Environ. Entomol. 29(2): 235-240.
Vieira-de-Jesus BM and Garófalo CA (2000). Nesting behaviour of Centris (Heterocentris) ana-
lis (Fabricius) in southeastern Brazil (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Apidologie. 31:
503-515.
Vinson SB, Frankie GW, Barthell J (1993). Threats to the diversity of solitary bees in a neotropical
dry forest in Central America, p.53-81. In: Hymenoptera and biodiversity (LaSalle J and Gauld
ID, eds.). Wallingford, UK: C.A.B.International. 348p.
Vogel S and Machado ICS (1991). Pollination of four sympatric species of Angelonia (Scrophular-
iaceae) by oil-collecting bees in NE Brazil. Plant Syst. Evol. 178: 153-178.
Wearing CH and Harris AC (1999). Evaluation of the predatory wasp, Ancistrocerus gazella, for
biological control of leafrollers in otago fruit crops: Prey composition, nest structure and wasp
productivity from artificial nests. Bioc. Sci. Tech. 9: 315-325.
2
Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo – SP,
Brasil. 05508-900.
Swarming and initial growth in stingless bee colonies: the case of Plebeia remota.
Abstract
In honey bees and stingless bees colony multiplication occurs through swarming. In this study,
we observed the sequence of the colony foundation process and the initial growth of the combs. Four
swarms of this species were observed. These swarms occupied hives that had the storage pots and
building material of the colonies that previously occupied these hives. During the beginning of the
establishment of the new colonies, all swarmed colonies used superseded colonies’ build materials
that were inside the hives they occupied. The period between the starting of occupation and the begin-
ning of queen oviposition was variable and ranged from 4 to 13 days. The colonies did not have the
same initial growth and those with a queen that started ovipositing ealier constructed bigger brood
combs. This species showed periodicity in POP (provisioning and oviposition process). The periods
between each oviposition varied more in the beginning of the queen oviposition than two years after
the swarming, including the number of cells in each POP, but it was not found differences between the
periods of the two moments. This might be a reflex of the varying conditions of the nest, especially
in relation to the food available for provisioning the cells. The presence of resources in the occupied
cavity and the fecundity of the queen are factors that might influence the success of a new colony.
Introdução
Nos insetos sociais, a reprodução dos indivíduos não é o único tipo de reprodução. Ocorre
também a reprodução das colônias, que nas abelhas Apis e nas abelhas sem ferrão, ocorre por enxa-
meação, ou seja, uma rainha e um grupo de operárias partem da colônia-mãe para fundar uma nova
colônia (Oster & Wilson, 1978; Nogueira-Neto, 1954). Várias diferenças são encontradas entre o
processo enxameatório desses dois grupos de abelhas. Uma diferença marcante é que nas abelhas sem
ferrão, mesmo após a partida da rainha com o grupo de operárias, ainda há ligação entre a colônia mãe
e a colônia filha através de forrageiras que levam recursos (alimento e materiais de construção) para
a colônia filha. Já nas abelhas Apis, após a partida do enxame, não há mais nenhuma conexão entre as
duas colônias (Nogueira-Neto, 1954; Michener, 1974; Sakagami, 1982; Nogueira-Neto, 1997).
A primeira descrição do processo enxameatório de abelhas sem ferrão foi feita por Noguei-
ra-Neto (1954), baseada em suas observações em várias espécies. Desde então poucos estudos
abordaram o comportamento enxameatório dessas abelhas (ex. Juliani, 1967; Da Silva et al.,
1972; Terada, 1972; Wille & Orozco, 1975; Inoue et al., 1984; Nogueira-Ferreira & Soares, 1998;
van Veen & Sommeijer, 2000).
Em geral, o processo enxameatório consiste nos seguintes passos: encontro de um local
adequado para nidificação; transporte de materiais de construção para esse local, construção de
uma entrada, remoção do lixo e cobertura das paredes com batume; construção de potes de ali-
mento; chegada da rainha virgem com o grupo de operárias; realização do vôo nupcial pela rainha,
construção das células de cria pelas operárias e início da oviposição pela rainha. Ao longo desse
processo, as forrageiras tornam a colônia filha progressivamente mais independente da colônia
mãe (Engels & Imperatriz-Fonseca, 1990).
Existe pouca informação sobre as condições da colônia mãe antes da enxameação, o inves-
timento (operárias e recursos) na colônia filha e a influência dos fatores ambientais neste processo
(Inoue et al., 1984; Roubik, 1989; Engels & Imperatriz-Fonseca, 1990). Além disso, o processo de
escolha do local de nidificação também não está claro. As abelhas devem ser atraídas pelo odor do
cerume ou por outros estímulos presentes em locais que já foram habitados, e os recursos presentes
nele devem significar uma economia em trabalho e material (Nogueira-Neto, 1954).
A periodicidade do processo de aprovisionamento e postura (POP) da colônia filha no início de
seu desenvolvimento nunca foi estudada. Na verdade, nenhum aspecto deste comportamento neste
momento inicial da colônia. O POP de Plebeia remota é caracterizado por uma construção sincrônica
de células, aprovisionamento simultâneo dessas e uma rápida sucessão de oviposição (Sakagami &
Zucchi, 1974; Zucchi et al., 1999). Cada ciclo de construção e oviposição dura de quatro a seis horas
e meia, ocorrendo de quatro a seis ciclos por dia (van Benthem et al., 1995)
Neste trabalho, estudamos a seqüência do processo de fundação da colônia, o crescimento
inicial dos favos e o ritmo do POP durante esta fase, para entender a dinâmica do estabelecimen-
to de um novo ninho. Além disso, discutimos alguns fatores que devem determinar o sucesso de
colônias recém-fundadas.
Material e métodos
média do número de células construídas por dia por colônia calculada. Essas médias foram compara-
das pelo teste de Kruskal-Wallis. Apenas favos terminados foram considerados na análise.
Cinco parâmetros foram inter correlacionados (correlação de Spearman, n=4): número de dias
entre começo da ocupação e o início da oviposição pela rainha, número máximo e mínimo de células
ovipositadas em um dia e tamanho médio do favo de cria (número de células).
Após aproximadamente dois anos, as condições das três colônias que sobreviveram foram aval-
iadas pelo número total de potes de alimento e células de cria (de favos terminados) em cada colônia.
Não foi considerado o número médio de células de cria por favo porque a colônia 4 possuía favos com
tamanhos muito variáveis. Além disso, as colônias 2, 3 e 4 foram filmadas continuamente por sete
dias e estes filmes usados para avaliar a periodicidade da construção de células e da oviposição pela
rainha (processo de aprovisionamento e postura – POP).
Foi verificado se havia um ritmo, se esse ritmo era estável e se o ritmo do início da construção
de células logo após a enxameação era diferente do ritmo observado dois anos após o estabelecimento
das colônias. Esse ritmo foi analisado através do período entre oviposições. Foi possível analisar 23
seqüências dos filmes do primeiro mês de oviposição, cujas durações variaram entre oito e 24 horas.
Já os filmes de dois anos após a enxameação forneceram sete seqüências de 24 horas.
Tabelas de Buys-Ballot foram construídas para as seqüências e o periodograma de Enright usado
para determinar o período (P) da construção de células e oviposição pela rainha nessas seqüências (Enri-
ght, 1965; Minors & Waterhouse, 1989; Benedito-Silva, 1997). Períodos de duas a oito horas foram tes-
tados para cada seqüência e um teste de significância (Qp) aplicado a eles (Sokolove & Bushell, 1978).
Os períodos usados para representar uma seqüência foram aqueles que tiveram a maior significância.
A moda dos períodos dessas seqüências foi calculada, visto que esta medida indica a concentra-
ção dos dados em um valor (Zar, 1999) e, nesse caso, o período mais repetido na seqüência, ou seja,
o período predominante, e assim, o que é mais representativo.
A proporção freqüência da moda/total de períodos também foi calculada. O teste de Mann-
Whitney foi usado para verificar se os períodos do primeiro e do segundo momento foram iguais. O
primeiro momento da colônia 1 foi comparado com o segundo momento da colônia 4 (que a substi-
tuiu) e o primeiro momento das colônias 2 e 3 foram comparados com seus respectivos segundos mo-
mentos. Nessas análises apenas os períodos significantes foram considerados, no entanto, na análise
da variação, os períodos não significantes também foram considerados.
Resultados
O número médio de células construídas e operculadas por dia foi diferente em cada colônia (H
= 52.0567; p = 0.0000; Tabela 1) e o tamanho dos favos construídos por essas colônias também foi
diferente (H = 9.8692; p = 0.0197; Tabela 2). A colônia 4 teve o maior número de células construídas
por dia, seguida pelas colônias 3, 2 e 1. Assim como o número médio de células construídas por dia,
o crescimento das colônias medido em número total de células operculadas também foi maior na
colônia 4, seguido pelas colônias 3, 2 e 1. Dessa maneira, é evidente que as colônias não tiveram o
mesmo crescimento inicial.
Tabela 1 - Números mínimo, máximo e médio de células construídas por dia por colônias
recém-enxameadas de Plebeia remota, e respectivos desvios padrões.
Tabela 2 - Tamanho dos favos (número de células) construídos por colônias recém enxa-
meadas de Plebeia remota. *favos não terminados no final do período de observação não foram
considerados na análise.
Número médio de células 240,0 ± 54,4 184,8 ± 61,2 251,5 ± 95,5 380,3 ± 113,1
por favo ± desvio padrão
Apenas a correlação entre o número de dias do começo da ocupação até o início da oviposição
pela rainha e o tamanho médio do favo (número de células) foi significativa (rs = -1.000, p = 0.0005, n
= 4). Isto indica que o tamanho médio do favo foi inversamente relacionado com o número de dias até
a rainha começar a ovipositar. Dessa forma, o vigor da rainha deve ser refletido pela sua maturação
precoce e pelos favos grandes produzidos nos ninhos em que elas estão. Duas tendências sugeriram
que as rainhas que começaram a ovipositar precocemente também tiveram maior fecundidade: a
correlação entre o número de dias até começar a ovipositar e o número máximo e mínimo de células
ovipositadas em um dia. No entanto, essas correlações não foram estatisticamente significantes.
Tabela 3 - Proporção do número de repetições da moda dos períodos do total de períodos dos
dois momentos (início da postura da rainha e dois anos após a enxameação). * e **: conjunto dos
períodos, considerando também os períodos que não foram significativos (p>0.05). NRm: número de
repetições da moda. ***de cada moda (3 modas). ****da moda de maior repetição.
Discussão
A seqüência observada no processo enxameatório dessas quatro colônias de P. remota foi simi-
lar à seqüência geral observada nas abelhas sem ferrão (Engels & Imperatriz-Fonseca, 1990). Como
van Veen & Sommeijer (2000), também observamos a presença de potes de alimento antes do início
da oviposição pela rainha. No entanto, não observamos o transporte de materiais de construção da co-
lônia mãe para a colônia filha, como visto em muitos outros estudos (Terada, 1972; Wille & Orozco,
1975; Inoue et al., 1984; van Veen & Sommeijer, 2000). Ao invés disso, as novas colônias utilizaram
os recursos que já existiam nas colméias que ocuparam, como também observado por Nogueira-
Neto (1954). Dessa maneira, a intensidade do transporte de recursos da colônia mãe para a colônia
filha deve depender das condições do local de nidificação, como verificado por Inoue e cols. (1984).
Nesses quatro casos de enxameação, havia muito material de construção nas colméias, e no caso da
colônia 4, possivelmente até alimento, o que deve ter provido condições para o desenvolvimento das
colônias sem a necessidade de transporte desses materiais da colônia mãe. Considerando esse fato e
que as colônias não tiveram o mesmo desenvolvimento, hipotetizamos que a colônia 4 teve um cres-
cimento maior porque havia maior quantidade de recursos disponíveis para esta colônia. Isto deve ter
facilitado o crescimento e, dessa forma, esta colônia cresceu mais rapidamente.
Concordamos com Nogueira-Neto (1954) que a presença de cerume no local de nidificação
possa ser um atrativo para as abelhas escoteiras, visto que observamos a ocupação de colméias
com este material, mas raramente observamos a ocupação de colméias vazias e não usadas man-
tidas fora do laboratório.
Embora o número de colônias observadas seja pequeno, a sobrevivência de colônias de P. re-
mota foi similar à relatada por Slaa (2006) para colônias silvestres de Tetragonisca angustula (0,75)
e de outras abelhas sem ferrão em conjunto (0,86).
Muitos fatores afetam a reprodução, o desenvolvimento e a sobrevivência das colônias, como
a disponibilidade de locais de nidificação, de materiais de construção e de alimento (Roubik, 1989) e
o esforço reprodutivo (operárias, recursos e duração da dependência) da colônia mãe na colônia filha
(Inoue et al., 1984). Dessa maneira, a condição inicial da colônia deve ter um impacto no desenvol-
vimento futuro de novas colônias, porque mesmo após dois anos de enxameação, as colônias que
tiveram um maior desenvolvimento inicial ainda são as mais fortes. Além disso, como as rainhas que
começaram a ovipositar mais cedo pertenciam a colônias que apresentaram favos maiores, a fecundi-
dade da rainha que fundou o ninho também deve ser um fator importante para o sucesso do enxame.
Detectamos periodicidade no POP de P. remota. Assumimos que essa periodicidade seja o rit-
mo, visto que, apesar de não terem sido controladas as condições ambientais, já foi detectado ritmo no
POP de outras espécies de abelha sem ferrão, como em Scaptotrigona aff depilis (Giannini, 1999).
O período entre os POP em P. remota varia entre quatro a seis horas e meia (van Benthem et
al., 1995). Neste estudo, períodos de quatro a seis horas foram encontrados, mas os períodos mais
comuns foram os de cinco e seis horas, como no estudo citado. Aqui, o período é o tempo entre um
ciclo de oviposição e o próximo. A duração deste ciclo é característico de cada espécie (Sakagami,
1982; Oda et al., 2007). Dessa forma, é esperado que os períodos encontrados no primeiro mês de
oviposição não difiram dos períodos encontrados dois anos após a enxameação, como verificado.
No entanto, os períodos do primeiro mês de oviposição foram mais variáveis que os de dois anos
após a enxameação, incluindo o número de células ovipositadas por POP. Isto mostra que quando a
oviposição pela rainha tem início, as colônias ainda estão em adaptação e as condições devem variar
muito neste momento. Uma das razões possíveis é que o alimento ainda esteja sendo estocado, possi-
velmente havendo grande flutuação de alimento disponível para aprovisionar as células. Observamos
abelhas, provavelmente forrageiras, que depositaram suas cargas de pólen diretamente nas células de
cria que foram ovipositadas e operculadas posteriormente, indicando essa possível ausência temporá-
ria de alimento para aprovisionar as células. No entanto, essas oscilações podem ser comuns e não é
possível descartar a influência da temperatura (Velthuis et al., 1999).
Este estudo aponta alguns fatores que podem determinar o desenvolvimento e estabelecimento
dos enxames, que claramente depende, entre outros fatores, dos recursos disponíveis para a nova
colônia, assim como possivelmente a escolha do local de nidificação. Estudos sobre a dinâmica popu-
lacional das abelhas sem ferrão apontam que a disponibilidade de locais de nidificação e de alimento
são importantes fatores para a enxameação (Hubbell & Johnson, 1977; Slaa, 2006). Entretanto, a
enxameação é muito pouco estudada nas abelhas sem ferrão e ainda estamos começando a entender
as regras que comandam a reprodução das colônias.
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
Nogueira-Neto P (1954). Notas bionômicas sobre Meliponíneos. III. Sobre a enxameagem. Arq Mus
Nac (Rio) 42: 419-451.
Nogueira-Neto P (1997). Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão. Nogueirapis, São Paulo.
Oda GA, Bellusci S & Marques MD (2007). Daily rhythms related to distinct social tasks inside an
eusocial bee colony. Chronobiol Int 24: 845-858.
Oster, GF & Wilson EO (1978). Caste and ecology in the social insects. Princeton University Press,
Princeton.
Roubik DW (1989). Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press, Cam-
bridge.
Sakagami SF (1982). Stingless bees. In: Social insects III (Hermann HR, ed). Academic Press, New
York, 361-423.
Sakagami SF & Zucchi R (1974). Oviposition behavior of two dwarf stingless bees, Hypotrigona
(Leurotrigona) muelleri and H. (Trigonisca) duckei, with notes on the temporal articulation of
oviposition process in stingless bees. J Fac Sci Hokkaido Uni Ser VI., Zool 19: 361-421.
Slaa, EJ (2006). Population dynamics of a stingless bee community in the seasonal dry lowlands of
Costa Rica. Insect Soc 53: 70-79.
Sokolove PG & Bushell WN (1978). The chi square periodogram: its utility for analysis of circadian
rhythms. J Theor Biol 72: 131-160.
Terada Y (1972). Enxameagem em Frieseomelitta varia Lep. (Hymenoptera, Apidae). In: (Cruz
Landim C, Heblin NJ, Lello E & Takahashi CS, (eds) Homenagem à Warwick E. Kerr. Editora
UNESP, Rio Claro, 293-299.
Wille A & Orozco E (1975). Observations on the founding of a new colony by Trigona cupira (Hy-
menoptera: Apidae) in Costa Rica. Rev Biol Trop 22: 253-287.
Van Benthem FDJ, Imperatriz-Fonseca VL & Velthuis HHW (1995). Biology of the stingless bee
Plebeia remota (Holmberg): observations and evolutionary implications. Insect Soc 42: 71-87.
Van Veen JW & Sommeijer MJ (2000). Colony reproduction in Tetragonisca angustula (Apidae,
Meliponini). Insect Soc 47: 70-75.
Velthuis HHW, Koedam D & Imperatriz-Fonseca, VL (1999). The rate of brood cell production in the
stingless bee Melipona bicolor fluctuates with nest box temperature. Rev Etol 2: 141-145.
Zar JH (1999) Biostatistical analysis. Prentice Hall Inc., New Jersey.
Zucchi R, Silva-Matos EV, Nogueira-Ferreira FH & Azevedo GG (1999). On the cell provisioning
and oviposition process (POP) of the stingless bees – nomenclature reappraisal and evolution-
ary considerations (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Sociobiology 34: 65-86.
Abstract
The commercial use of stingless bees is limited by difficulties to produce colonies in a large
scale. The aim of this work is to test a new methodology for colony multiplication, which is based
on the foundation of small colonies with in vitro produced queens. The experiment was performed
based in two strong colonies of Nannotrigona testaceicornis. We produced 21 in vitro queens and
each one was introduced in one small colony. The colonies were kept closed for 18 days to make sure
that the gynes would be mature enough when the colonies were opened to outside. Out of 21 gynes,
eight died before the opening of the hive to outside and two died after it. Six of them made the nuptial
flight, but never came back. Five queens succeeded and founded new colonies. Although the number
of successful colonies was not as big as expected, this method is very promising. This was the first
trial of founding colonies with the new method of in vitro rearing queens in Nannotrigona testacei-
cornis, where the experimental conditions are still being improved. The number of founded colonies
certainly will increase as the experimental conditions progresses.
Introdução
1996; Nogueira-Neto, 1997; Heard e Dollin, 2000; Quezada-Euán et al., 2001; Cortopassi-Laurino
et al., 2006; Klumpp, 2007). Entretanto, todos os métodos baseiam-se na formação de apenas uma
colônia filha a partir de uma colônia forte. Assim, considerando um período de recuperação de três
meses para a colônia mãe, no máximo quatro colônias filhas podem ser formadas em um ano e nem
sempre todas conseguem sobreviver. Dependendo da espécie e das condições ambientais esse número
pode ser ainda menor.
Os fatores que restringem a multiplicação de colônias para a maioria das espécies são o
número restrito de rainhas (para todos os gêneros e espécies que produzem células reais), o longo
tempo de amadurecimento da nova rainha e o lento crescimento das colônias filhas. É possível
que esse processo seja otimizado com a utilização de rainhas produzidas in vitro, pois permitiria
a obtenção de grandes quantidades de rainhas em curtos períodos de tempo e aceleraria o pro-
cesso de formação de novas colônias. O objetivo do presente trabalho é verificar a viabilidade
de um novo método de multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão, baseado na produção de
rainhas in vitro, fundação e crescimento de pequenas colônias, utilizando a espécie Nannotrigo-
na testaceicornis como modelo experimental.
Material e Métodos
forma, a população das mini-colônias foi mantida com cerca de 100-150 operárias até o momento
da postura. Quando a postura foi iniciada as mini-colônias receberam cerca de 80-100 operárias, um
favo com cerca de 80-100 pupas prestes a emergir, dois potes de pólen de N. testaceicornis e a col-
méia foi acrescida com mais uma gaveta simples (10x10x4cm). A evolução da postura das rainhas foi
acompanhada diariamente, por meio de mapeamento de favo.
Resultados
Entre as 100 transferências larvais realizadas, emergiram 21 indivíduos adultos com morfologia
de rainha. Duas das rainhas apresentaram problemas de formação nos tarsos das pernas posteriores.
As 21 rainhas introduzidas em mini-colônias foram aceitas pelas operárias, pois não foram
observadas agressões sérias contra elas. Apesar de terem sido aceitas, nove rainhas (43%) morreram
durante a primeira etapa do experimento, ou seja, enquanto foram mantidas fechadas na estufa.
As 13 mini-colônias que possuíam rainhas vivas foram abertas ao ambiente quando elas possuíam
18 dias de vida. Baseado nos dados existentes para o amadurecimento das rainhas virgens de Scap-
totrigona postica (Engels e Engels, 1988), estima-se que todas as rainhas já estavam maduras no mo-
mento da abertura para o ambiente, assim o vôo nupcial deveria ocorrer imediatamente ou nos próximos
dias. Duas dessas rainhas foram encontradas mortas dentro da colônia; seis realizaram o vôo nupcial e
não retornaram; cinco realizaram vôo nupcial e retornaram, fundando sua mini-colônia com sucesso.
A oviposição iniciou-se, em média, com 55 dias de vida (n = 5, ± 21), mínimo de 43, máximo de
81. Três das rainhas iniciaram postura poucos dias após se tornarem fisogástricas (6 dias, 2 dias e 1 dia,
respectivamente), enquanto as outras duas demoraram muitos dias (22 dias e 27 dias, respectivamente).
Discussão
A técnica de criação de rainhas in vitro desenvolvida por Conceição Camargo (1972b) tem
sido estudada e aprimorada nos últimos anos, o que permitiu aumentar as taxas de sobrevivência nas
transferências larvais, chegando a mais de 90% em alguns casos (Menezes e Imperatriz-Fonseca,
2007). Estes aprimoramentos têm permitido realizar pesquisas básicas e aplicadas que antes eram in-
viáveis para a maioria das espécies de abelhas sem ferrão. A técnica já está sendo usada para estudar
o comportamento das abelhas sem ferrão, aspectos da comunicação química e atuação de feromônios,
pressões seletivas envolvidas na escolha e aceitação das rainhas, determinação de castas, programas
de melhoramento de colônias, entre outros (Flach et al., 2006; Menezes et al., 2006; Pianaro, A, Me-
nezes, C, Imperatriz-Fonseca, VL e Marsaioli, AJ, dados não publicados).
Contudo, a utilização da técnica freqüentemente esbarrava em um obstáculo crucial, a dúvida
sobre a capacidade dessas rainhas de fundar colônias. Conceição Camargo (1972a) foi a primeira a
mostrar que rainhas produzidas in vitro são capazes de fundar colônias normalmente. Essa autora
realizou um experimento com Scaptotrigona postica semelhantemente ao presente trabalho, utili-
zando 5 rainhas. Duas foram mortas pelas operárias, duas voaram e não voltaram e uma conseguiu
fundar uma colônia. Recentemente, Mauro Prato (2008) conseguiu fundar uma colônia de Tetrago-
nisca angustula com uma rainha produzida in vitro, introduzindo-a em uma colônia órfã. O presente
trabalho confirmou que as rainhas de N. testaceicornis produzidas in vitro também são aptas a fundar
colônias e realizar oviposição normalmente. Esses dados representam um avanço muito importante
para futuras pesquisas que dependem de grande número de rainhas em curtos períodos de tempos ou
de condições alimentares controladas e manipuláveis.
Agradecimentos
Bibliografia
Heard TA and Dollin AE (2000). Stingless bee keeping in Australia: snapshot of an infant industry.
Bee World. 81: 116-125.
Kerr WE, Carvalho GA and Nascimento VA (1996). Abelha uruçu: biologia, manejo e conservação.
Ed. Fundação Acangaú, Belo Horizonte.
Klumpp J (2007). Australian stingless bees: a guide to sugarbag beekeeping. Earthling Enterprises,
Brisbane.
Menezes C and Imperatriz-Fonseca VL (2007). Stingless bees in vitro rearing in Scaptotrigona aff.
depilis (Apidae, Meliponini) In: Proceedings of the 40th Apimondia International Apicultural
Congress, Melbourne.
Menezes C, Bonetti AM and Kerr WE (2006). Quantidade de alimento larval necessária para pro-
dução de rainhas de Nannotrigona testaceicornis em laboratório. In: Anais do XVI Congresso
Brasileiro de Apicultura, Aracaju.
Nogueira-Neto P (1997). Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. Editora Nogueirapis,
São Paulo.
Prato M (2008). Produção “in vitro” de rainhas em Tetragonisca angustula Latreille, 1811 (Hyme-
noptera, Apidae, Meliponini). In: Anais do 17º Congresso Brasileiro de Apicultura e 3º de Me-
liponicultura, Belo Horizonte.
Quezad-Euán JJG, May-Itza WJ and Gonzalez-Acereto JA (2001). Meliponiculture in Mexico: prob-
lems and perspectives for development. Bee World. 82: 160-167.
Slaa EJ, Sánchez-Chaves LA, Malagodi-Braga KS and Hofstede FE (2006). Stingless bees in applied
pollination: practice and perspectives. Apidologie, 37: 293-315.
Velthuis HHW (2002). The historical background of the domestication of the bumble-bee, Bombus
terrestris, and its introduction in agriculture. In: Kevan P and Imperatriz-Fonseca VL (Eds.)
Pollinating Bees - The Conservation Link Between Agriculture and Nature, Brasília.
Velthuis HHW and Van Doorn A (2006). A century of advances in bumblebee domestication and the eco-
nomic and environmental aspects of its commercialization for pollination. Apidologie 37: 1-31.
Abstract
The hygienic behavior of the honey bees is based in a three steps process including punctuation
of the cell followed by uncapping and removing diseased, dead, damaged or parasited brood inside
the cell. We evaluated in periods of one hour the time that hygienic and non hygienic colonies of Afri-
canized honey bees spend to detect, uncap and remove pin killed brood using “small spinning frames”
placed in observation hives. We found out that hygienic colonies are significantly faster in detecting,
uncapping and removing dead brood in the cells (P < 0.001). Our results indicate that hygienic bees
should have physiological and behavioral differences, what leads to the better performance in this
task. When compared with other data from honey bees of European origin, the Africanized bees were
also more efficient when performing the hygienic behavior.
Introduction
The hygienic behavior of the Apis mellifera bees consists on the detection by workers
of diseased, dead or damaged brood. This detection is normally followed by the uncapping of
the cells and the selective removal of the abnormal brood. This behavior is genetically con-
trolled by two pairs of recessive genes (u=uncapping and r=removal). When in homozygosis
(uu/rr), they allow the bee to detect and to remove the abnormal brood (Rothenbuhler, 1964a,b).
Though other studies suggest different numbers of genes responsible for the control of this be-
havior (Moritz 1998; Gramacho, 1999; Lapidge et al., 2002), the hypothesis of Rothenbuhler is
the only one experimentally proved.
In a colony of A. mellifera, a great intra colonial variability is found due to the great number of
males which mates with the queen (Adams et al., 1977), leading to the existence of several subfami-
lies inside a colony (Page & Robinson, 1991). Thus, all the colonies are able to detect and remove
diseased or dead brood, but in different rates (Gramacho & Spivak, 2003). In addition, the expression
of this behavior can vary in colonial or in individual levels (Spivak et al., 2003). Typically, bees from
a hygienic colony uncap and remove abnormal brood faster than a non hygienic colony.
However, in spite of being a very important behavior, the mechanisms used by the bees to iden-
tify the dead or diseased brood is not completely clarified yet.
Masterman et al. (2001) demonstrated through proboscis extension reflex that hygienic bees
can discriminate between healthy and diseased brood at lower thresholds than non hygienic bees.
Gramacho and Spivak (2003) also found out that the bees collected while uncapping cells were more
sensitive to odors than those collected while removing the brood.
Gramacho (1995) compared the hygienic behavior of Africanized, Italian, Carniolan and hybrids
and was able to demonstrated that Africanized bees presented a more efficient hygienic behavior than
all other groups (P< 0.05) while Carniolan bees were the least efficient in the removal of dead brood.
In 1999, Gramacho studied with more details in Germany the uncapping and removal time of
dead brood in colonies of A. m. carnica. Palacio et al. (2005) evaluated the time that selected hygienic
and non hygienic colonies of European bees spent to uncap and to remove dead brood in observation
hives and verified that the hygienic colonies were much more efficient than the non hygienic.
It is well known that Africanized bees are resistant to brood diseases and one of the factors that
lead to this resistance is the accentuated hygienic behavior. Thus, the aim of this study is to evaluate
the time of uncapping and removal of dead brood by hygienic and non hygienic colonies of African-
ized honey bees in order to verify the efficiency of these bees in this task.
Seventy colonies of Africanized honey bees were tested to hygienic behavior using the pin-
killed test (Newton & Ostasiewsk (1986) modified by Gramacho & Gonçalves 1994). These colonies
were classified in three different groups according to the percentage of removed brood after 24 hours.
Those which removed 80% or more of the dead brood were classified as hygienic colonies and those
which removed 40% or less were classified as non hygienic. The colonies which removed values be-
tween 41%and 79% were classified as intermediate and were not used in this study. These percentages
were obtained after three consecutive tests with an interval of 15-20 days between them .
Four hygienic and four non hygienic colonies with the most extreme values were selected and
queens were produced from two colonies of each type. They were instrumentally inseminated with
the semen of about 10 drones, which were produced by the other two colonies and introduced in four-
frames Langstroth nucleus. After 60 days, two hygienic (H) and two non hygienic (NH) observation
hives were mounted using bees from these colonies in order to verify the time of uncapping and re-
moval of the dead brood.
For a better visualization of the hygienic behavior, the observation hives were adapted with the
introduction of a small special fixed “spinning frame” based in the “rotatory comb device” described
by Gramacho (1999). It consists of a small part of comb inserted between two glass pieces of 2.54 cm
x 15 cm x 5 cm with a small wood block in each extreme. These spinning frames were introduced in
normal Langstroth hives in our apiary (21º10’06”S 46º51’36”W). When the brood reached 10 to 14
days old, the spinning frame was removed from the colonies, the brood was pin-killed using number 1
entomological pin and the spinning frame was introduced in the observation hives. The “fixed spinning
frame” allows the observation of the whole process of detecting, uncapping and removal facilitating
the visualization of the contact between adult bees and the dead brood during the hygienic process.
Ten pupae were killed at each of the three tests and the stages of uncapping and removal were
recorded according to the methodology proposed by Palacio et al. (2005). We inspected the stages in
intervals of one hour from 0 hours until the complete removal of the dead brood.
The following codes were used to analyze the uncapping stages: U0: Only the hole made by the
pin-kill test was detected. No honey bee activity was detected. U1: Less than a half of the cell was
uncapped. U2: Fifty percent of the cell was uncapped. U3: More than half of the cell was uncapped.
U4: The cell was completely uncapped.
The stages of removal were recorded as follow: R0: The worker brood was untouched. R1: The
honey bees began removal but the worker brood was still inside the cell. R2: Less than 50% of the
worker brood was removed. R3: Fifty percent of the worker brood was removed. R4: More than 50%
of the worker brood was removed. R5: Less than 50% of the worker brood remained in the bottom of
the cell. R6: Worker brood was totally removed.
A total of 60 cells were analyzed for each group (hygienic and non hygienic) and the mean
times of detection, uncapping and removal were compared using Mann-Whitney test.
Results
We compared the stages of detection (punctuation of the cell), uncapping and removal of
hygienic (H) and non hygienic (NH) bees. When comparing the time of detection of the dead
brood in the cells, the H bees were significantly more efficient than the NH bees (P < 0.001)
(Table 1). We considered the time of detection the moment when the brood was first uncapped
in any stage. In one hour after the beginning of the test, 43% of the dead brood had already been
detected in H against 25% in NH. After 3 hours 93% of the dead brood had already been detected
in H against 70% in NH. The maximum time that a brood became undetected was 6 hours in H
against 28 hours in NH (Figure 2).
Table 1 - Total time spent by hygienic and non hygienic Africanized bees for detecting, un-
capping and removing the dead brood in hours since the perforation of the brood. Different letters in
the same row indicate significant statistical differences at a P < 0.001.
The total time of uncapping was significantly different in H and NH (P < 0.001) with H being
more efficient (Table 1). After one hour, 43% of the dead brood was completely uncapped in H and
just 7% in NH. The most pronounced difference between two observation times was after two hours
of the perforation, when 67% of the brood in H colonies was already uncapped against 25% in NH
colonies. The maximum time to uncap a cell was 7 hours in H and 29 hours in NH (Figure 3).
As the other two observations, the total time of removal of the dead brood was also significantly
shorter in H colonies than in NH colonies (P < 0.001) (Table 1). NH colonies took 6 hours to remove
completely the first brood. At this moment, 53% of the dead brood had already been removed by H
colonies. The most pronounced difference between the two groups in this task happened 8 hours after
the beginning of the experiments, when 87% of the brood had already been removed in H colonies
and just 32% in the NH colonies (Figure 4). The maximum time to remove a dead brood by the H
colonies was 15 hours while the NH colonies took 35 hours. It is worth to mention that the H colonies
removed two dead pupae in less than 10 minutes after the beginning of the experiments, demonstrat-
ing the great sensibility of these bees.
Figure 2 - Time of detection of the pin killed brood by hygienic and non hygienic bees in ob-
servation hives.
Hygienic Non Hygienic
100%
80%
% of removed brood
60%
40%
20%
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Hours
Figure 3 - Total time of uncapping of dead brood by hygienic and non hygienic Africanized
bees after the perforation of the cell
80%
% of uncapped brood
60%
40%
20%
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Hours
Figure 4: Time of removal of the dead brood by hygienic and non hygienic Africanized bees
after the perforation of the brood.
100%
80%
% of detected brood
60%
40%
20%
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Hours
Discussion
In spite of hygienic behavior is a very well studied subject, most of the research is focused
on the final efficiency of the colonies and the intermediate steps of this behavior are still not clear.
In this work we analyzed hour per hour the stages of uncapping and removal of the dead brood to
verify if there are differences in these intermediate procedures in two groups of honey bees (H and
NH). As the hygienic colonies were more efficient in detecting the dead brood inside the capped
cell, there may be some physiological differences between the two groups. In fact, differences in
the olfactory discrimination hability between H and NH honey bees were already detected using
proboscis extension reflex (Masterman et al., 2000). Gramacho et al. (2003), despite not showing
significant differences in the number of olfactory structures in the antennas, found out that this
number is slightly higher in the hygienic bees.
The hygienic bees were also more efficient in uncapping and removing the dead brood, in-
dicating that, besides physiological, there is also a behavioral difference between the two groups.
Pereira et al. (in prep) showed that non hygienic bees spend more idle time than the hygienic ones.
This may also help to explain the more effective work of the hygienic bees in uncapping and re-
moving the dead or damaged brood.
Gramacho (1999), studying the time of uncapping and removal of dead brood in A. m. carnica,
found that the bees started to work on the perforated cell after two hours. Palacio et al. (2005) ob-
served that one hour after the pin killing of the brood is already enough time to verify the detection
of the dead brood. In fact, our data show that some dead brood were already uncapped and removed
after 5 to 10 minutes, indicating the great sensibility of the Africanized hygienic bees in this behavior.
The accentuated hygienic behavior are claimed to be one of the most important factors contributing
to the great disease resistance in these bees (Guerra Jr et al., 2000).
Gramacho (1995) demonstrated that the Africanized bees presented a more efficient hygienic
behavior than the European bees. However the first study that evaluated the intermediate stages of
hygienic behavior was done by Gramacho (1999), with intervals of two hours and using Langstroth
hives and by Palacio et al. (2005) using observation hives. Gramacho (1999) evaluated the uncap-
ping and removal stages until 10 hours after the perforation and Palacio et al. (2005) observed until 6
hours after the perforation. Both studies verify the stages just 24 hours after the perforation once they
checked the maximum time in the initial stages. Gramacho (1999) found removal rates between 1%
and 31.6% of removed brood 6 hours after the pin killing and Palacio et al. (2005) found relative per-
centages of removal of 64% for H colonies and 26% for NH colonies. Our data show that H colonies
removed 58% and NH colonies removed only 8% of the dead brood. Despite both works (Gramacho,
1999; Palacio et al., 2005) are done with honey bees of European origin, a fair comparison is only
possible with the data from Gramacho (1995, 1999), since she uses real percentages while Palacio
et al. (2005) work with relative percentages. Thus, we come to the conclusion that the efficiency of
the hygienic behavior is higher in Africanized bees not only in the final results, but in all the stages
involved in this task.
Acknowledgements
We dedicated this work to Prof. Dr. Warwick Estevam Kerr in the occasion of his 85th birthday.
We are also profoundly in debt with our apiary technician Adelino Penatti. Financial support was
provided by CAPES, CNPq and FAPESP.
Bibliography
Adams, J., Rothman, E.D., Kerr, W.E. and Paulino, Z.L. (1977). Estimation of Number of Sex
Alleles and Queen Matings from Diploid Male Frequencies in a Population of Apis mellifera.
Genetics 86: 583-596.
Gramacho, K.P. (1995). Estudo do Comportamento Higiênico em Apis mellifera como subsidio a
programas de seleção e Melhoramento Genético em abelhas . M. Sc. Thesis, Faculdade de Fi-
losofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Gramacho, K.P. (1999). Fatores que interferem no Comportamento Higiênico das abelhas Apis
mellifera. Ph.D. thesis, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP, Ribei-
rão Preto, SP, Brasil.
Gramacho, K.P. and Gonçalves, L.S (1994). Estudo comparativo dos métodos de congelamento e
perfuração de crias para avaliação do comportamento higiênico em abelhas africanizadas. In:
Anais do Congresso Latinoiberoamericano de Apicultura, 4: Cordoba, Argentina, p - 45.
Gramacho, K.P.; Gonçalves, L.S; Stort, A.C. and Noronha, A.B. (2003). Is the number of antennal
plate organs (sensilla placodea) greater in Africanized honey bees ? Genetics and Molecular
Research 2:309-316.
Gramacho, K.P. and Spivak, M (2003). Differences in olfactory sensitivity and behavioural re-
sponses among honey bees bred for hygienic behavior. Behav Ecol Sociobiol. 54: 472-479.
Guerra, Jr; J.C.V.; Gonçalves, L.S. and De Jong, D. (2000). Africanized honey bees (Apis mel-
lifera L) are more efficient at removing works brood artificially infested with the parasitic mite
Varroa jacobsoni than are Italian bees or Italian/Africanized hybrids. Genetics and Molecular
Biology. 23: 89-92.
Lapidge, K.L, Oldroyd, B.P. and Spivak, M. (2002). Seven suggestive quantitative trait loci influence
hygienic behavior of honey bees. Naturwissenschaften 89: 565-568.
Masterman, R, Ross, R, Mesce, K and Spivak, M (2001). Olfactory and behavioral response thresh-
olds to odors of diseased brood differ between hygienic and non-hygienic honey bees (Apis
mellifera L.). J Comp Physiol. 187: 441-452.
Moritz, R.F.A. (1988). A reevaluation of the two-locus model for hygienic behavior in honey bees
(Apis mellifera L.). J. Hered., 79: 257-262.
Page, R.E.Jr. and Robinson, G.E. (1991). The genetics of division of labour in honey bee colonies.
Adv Insect Physiol 23: 117-169.
Palacio, M.A., Flores, J.M., Figini, E., Ruffinengo, S., Escande, A., Bedascarrasbure, E., Rodriguez,
E. and Gonçalves, L.S. (2005). Evaluation of the time of uncapping and removing dead brood
from cells by hygienic and non-hygienic honey bees. Genetics and Molecular Research 4, 1:
105-114.
Rothenbuhler, W.C. (1964a) Behaviour genetics of nest cleaning in honey bees. I. Responses of four
inbred lines to disease-killed brood. Anim. Behav. 12: 578-584.
Rothenbuhler, W.C. (1964b) Behaviour genetics of nest cleaning in honey bees. IV. Responses of F1
and backcross generations to disease-killed brood. Am. Zool. 4: 111-123.
SI MPÓS IO 7
BIOLOGIA E GENÉTICA DE
ABELHAS SEM FERRÃO
Abstract
Social bees are one of the most studied insect groups, due to its popularity, economic and eco-
logical importance. However, some of the biological questions about these animals has constituted a
challenge. One of these questions is the origin of social life. In stingless bees Melipona (Hymenoptera;
Apidae) many studies has been conducted throughout the years and showed important implications
in the caste and sex determination system. A well feed brood can produce ¼ of virgin queens, and the
late larval stages have a crucial role in the caste determination due to the Juvenile Hormone levels
produced. In the other hand sex determination happens according to the csd gene segregation which
seems to be regulated in the first hours of development in Apis honeybees. How does caste and sex de-
termination mechanisms may interact and how does it work to determine the social role in the colony?
This questions can possibly be answered by studies at genomic level, using molecular biology ap-
proaches. Using the RACE (Rapid Amplification of cDNA Ends) technique, a novel gene was cloned,
sequenced and analyzed. The analysis show that this predict gene product have 64% of identity and
75% of similarity with its equivalent feminizer gene (fem) in A.mellifera.
Introduction
Stingless bees
Stingless honeybees (Apidae, Meliponinae) are distributed over the tropical and southern sub-
tropical regions throughout the word (Michener, 2000). The genus Melipona (Apidae, Meliponini)
holds approximately 50 species, occurring along the Neotropical region. At least 40 species exist in
Brazil, most of them in the Amazon basin (Silveira et al., 2002). These native bees have an essential
role in the ecosystem maintenance, mainly due to its pollination service (Kerr et al., 1996). As well,
Melipona bees are the most extensively reared stingless bee in the Brazilian territory (Carvalho-Zilse,
unpublished data). The variability in physiological, ecological and behavioral traits makes Melipona
stingless bees unique among other groups of social hymenoptera.
hemizygous. However, males also can originate from fertilized eggs producing the so called diploid
males which are always homozygous. As observed in honeybees and some stingless bees species,
diploid males can be produced by inbreeding (Dzierzon, 1845; Adams et al, 1977; Kerr, 1987; Car-
valho, 2001). In Apis this homozygous males are eaten by workers before they emerge from its brood
cells (Woyke, 1980) . Instead, no contact between larvae and workers occurs in Melipona bees, which
brood cells are sealed by the workers after queen oviposition. In this case diploid males are killed as
they leave the brood cell (Kerr et al., 1996). Therefore, there is a lethality being diploid male and,
this means a selection pressure to increase the number of distinct alleles of the sex determiner gene
(Yokoyama and Nei, 1979; Charlesworth, 2004). Studies estimate to exist around 20 alleles of the sex
determiner gene (designated as csd – complementary sex determiner) in honeybee (Mackensen, 1955;
Laidlaw et al., 1956; Adams et al., 1977; Cook, 1993; Cook and Crozier, 1995; Beye et al., 2003)
and from 16 to 36 in Melipona bees (Kerr and Vencovsky, 1982; Carvalho, 2001) which are among
several estimation of allele number for other species (se recent review in Wilgenburg et al., 2006). In
honeybees, a single queen can be mated many times, therefore the number of distinct alleles is greater
than in single or low mated stingless bees (Contel and Kerr, 1976; Peters et al. 1999; Paxton et al.,
1999b; Palmer et al 2002; Paxton, 2003).
With the cloning of the csd and its molecular analysis (Beye et al., 2003, Beye 2004; Has-
selmann and Beye, 2004; Hasselmann et al., 2008) and, the honeybee genome released (Honeybee
Genome Consortium, 2006), the virtually known csd gene became real and, to understand the sex
determination mechanism in honeybee and other bee species, turned it in a feasible task.
The presence of castes among females and a system of seasonal production of males is essential
to life in society for the high eusocial bees. The sex determination genes appear to be in the beginning
of a regulatory cascade in which originate different phenotypes.
The caste, in bees, is determined by means of biochemical pathways during the development,
regulated by genetic expression capable to generate two alternative phenotypes: worker (sterile fe-
male) and queen (complete female). However, the caste determination systems existing among the
high eusocial bees are yet poorly understood in their genetic basis and seems to be fairly complex
as diverse (Evans and Wheeler, 2000; Hartfelder et al. 2006). There is a known caste determination
mechanism proposed by Kerr (1946, 1948, 1950) to the Melipona genus, in which the quantity of
food versus genetics (genes xa and xb - each one with two alleles) lead the whole downstream events
in caste determination. These genes, when in double heterozygosis, would be activated by the Juve-
nile Hormone (HJ) which limit of production would be determined by a minimum of intake food for
the larvae at the developmental stage (Bonetti, 1984; Nunes-Silva et al., 2006). In adequate feeding
conditions, there is the enough HJ production by the corpora allata glands which would activate
other different feminizing genes bringing to a segregation of three workers to one queen (25% of
queens) (Kerr et al., 1996). The search for morphological markers, experiments with JH and, molecu-
lar genetic markers are the approaches used to tackle such issues, confirming or adjusting the Kerr’s
genetic hypothesis (see extent review in Hartfelter, 2006).
Conserved sets of primers were designed based on sequences of 5’ and 3’RACE (Rapid Amplifica-
tion of cDNA Ends) fragments by following the protocol of the FirstChoice RLM-RACE kit (Ambion).
PCRs were performed under standard conditions (Hasselmann and Beye, 2004) including
proofreading Pwo DNA Polymerase. PCR fragments were cloned into pGEM-T vector (Promega).
Cloned fragments were subjected to sequencing (MWGBiotech, Ebersberg, Germany). Reads were
assembled by using STADEN PACKAGE VERSION 4.6. To verify sequence similarities between
A. mellifera’s fem sequences they were aligned by using the CLUSTALX program (Thompson et al.,
1997). The sequences were manually edited by using the BIOEDIT program. At the present time we
are setting RT-PCR experiments to verify the gene fem expression in all the bee stages of develop-
ment.
Using the RACE technique, the gene fem was cloned, sequenced and analyzed.The analysis
show that this predict gene product have 64% of identity and 75% of similarity with its equivalent
(Fem) in A. mellifera, possessing the same protein domains: Arginine-Serine (RS-domain) and Pro-
line (Proline rich domain). Besides that, fem is expressed in all immature instars and adults. It has
been found expressed in males, workers and queens, showing the same pattern of A. mellifera, in
which this gene is also expressed in all developmental stages and in both sex and caste. The gene fem
in M. compressipes as in Apis , lacks the hyper variable region which characterizes its paralogue csd
(Beye et al., 2003; Hasselmann et al. 2008). So far there is no indication of csd presence as it occurs
in the genus Apis, suggesting a distinct way of regulation. Thus, both genes csd and fem, are evidently
paralogues coding for SR-type proteins, which are thought to be involved generally in the regulation
of RNA splicing (Blencowe et al., 1999). Probably, the csd gene is not the universal molecular basis
of complementary sex determination in Melipona bees, suggesting that other unknown molecular
signals are the primary sex determiners in this species (Hasselmann et al., 2008). Therefore, further
analysis are needed to uncover molecular characterization of this primary signal (Evans, et al., 2004)
in stingless bees in order to elucidate population-genetics issues since the haplodiploidy has unique
consequences to the population ecology and social evolution in these insects. In eusocial bees, the
reproductive roles of the colony members would be frequently set by events that occur in the de-
velopment stages (Evans and Wheeler, 1999 and 2000). Among these events, could the fem gene be
involved in caste determination as well?
The sequence generated in this study is available in GenBank under the accession number
EU139305 (M. compressipes fem).
Acknowledgments
We are grateful to CNPq, DAAD, FAPEAM and IBAMA for the grants, financial aid and part-
nership. Also we thank to Profs. Martin Beye and Martin Hasselmann and, as well, their lab team for
the support, ideas, facilities and great research environment.
References
Adams J, Rothman ED, Kerr WE, Paulino, ZL (1977). Estimation of the number of sex alleles
and queen matings from diploid male frequencies in a population of Apis mellifera. Genet.,
86(3):583-596.
Beukeboom LW (1995). Sex determination in Hymenoptera: a need for genetic and molecular stud-
ies. BioEssays, 17(9): 813-817.
Beye M (2004). The dice of fate: the csd gene and how its allelic composition regulates sexual devel-
opment in the honey bee, Apis mellifera. BioEssays, 26 (10): 1131-1139.
Beye M, Hasselmann M, Fondrk MK, Page RE, et al. (2003). The gene csd is the primary signal for
sexual development in the honeybee and encodes an SR-type protein. Cell, 114: 419-429.
Blencowe B, Bowman J, McCracken S, Rosonina E (1999). SR-related proteins and the processing
of messenger RNA precursors. Biochem. Cell Biol., 77: 277-291 .
Bonetti AM (1984). Efeitos do hormônio juvenil no desenvolvimento ovariano de Melipona quadri-
fasciata. Rev. Bras. Biol., 44(4): 509-518.
Bull JJ (1983). Evolution of Sex Determining Mechanisms. Benjamin/Cummings Publishing Com-
pany Menlo Parck. 92p.
Carvalho GA (2001). The number of sex alleles (CSD) in a bee population and its practical impor-
tance. Jour. Hym. Res., 10(1): 10-15.
Carvalho GA, Kerr WE, Nascimento VA (1995). Sex determination in bees XXXIII. Decrease of
xo heteroalleles in a finite population of Melipona scutellaris (Apidae, Meliponinae). J. Braz.
Genet. 18(1): 13-16.
Charlesworth D (2004). Sex determination: balancing selection in the honey bee. Curr. Biol., 14: R5
68–R569.
Contel EPB, Kerr WE (1976). Origin of males in Melipona subnitida estimated from data of an iso-
zymic polymorphic system. Genetica 46, 271–277.
Cook JM, Crozier RH (1995). Sex determination and population biology in the Hymenoptera. Trends
in Ecol. Evol.,10: 281-286.
Cook JM. (1993). Sex determination in the Hymenoptera: a review of models and evidence. Heredity,
71: 421-435.
Dzierzon, J. (1845). Gutachen über die von Herrn Direktor Stöhr im ersten und zweiten Kapitel des
General-Gutachens aufgestellten Fragen. Eichstädt Bienenzeitung 1:109-113, 119-121.
Evans JD, Shearman DCA, Oldroyd BP. 2004. Molecular basis of sex determination in haplodiploids.
Trends Ecol. Evol. 19(3):120.
Evans JD, Wheeler DE (1999). Differential gene expression between developing queens and workers
in the honey bee, Apis mellifera. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 96(10):5575-5580.
Evans JD, Wheeler DE (2000). Expression profiles during honeybee caste determination. Genome
Biol., 2(1):222-234.
Hartfelder K, Makert GR, Judice CC, Pereira GAG, et al. (2006). Physiological and genetic mecha-
nisms underlying caste development, reproduction and division of labor in stingless bee. Apid-
ologie, 37:144–163.
Hasselmann M, Beye M (2004). Signatures of selection among sex-determining alleles of the honey
bee. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 101: 4888–4893.
Hasselmann M, Gempe T, Schiott M, Nunes-Silva CG, et al. (2008). Evidence for the evolutionary
nascence of a novel sex determination pathway. Nature. In press
Kerr W.E. (1950b) Genetic determination of castes in the genus Melipona, Genet. 35, 143–152.
Kerr WE (1946). Formação das castas no gênero Melipona (Illiger, 1806). In: Anais Esc. Sup. Agric.
“Luiz de Queiroz” 3:299-312.
Kerr WE (1948) Estudos sobre o gênero Melipona. In: Anais Esc. Sup. Agric. “Luiz de Queiroz”
.5: 181– 291.
Kerr WE (1987). Sex determination in bees. XXI. Number of xo-heteroalleles in a natural population
of Melipona compressipes fasciculata (Apidae). Insect Soc., 34(4):274-279.
Kerr WE (1997). Sex determination in honey bees (Apinae and Meliponinae) and its consequences.
Braz. Journ. Genet., 4: 601-611.
Kerr WE, Carvalho GA, Nascimento VA (1996). Abelha Uruçu: biologia, manejo e conservação.
Fundação Acangaú, Paracatu-MG.143pp.
Kerr WE, Vencovsky R (1982). Melhoramento genético em abelhas. I. Efeito do número de colônias
sobre o melhoramento. Braz. Journ. of Genet. (5): 279-285.
Laidlaw HH, Gomes FP, Kerr WE (1956). Estimations of the number of lethal alleles in a panmictic
population of Apis mellifera. Genet. 41: 179-188.
Mackensen O (1955). Further studies on a lethal series in the honey bee. J. Hered. 46: 72-74.
Michener CD (2000). Bees of the world. The Johns Hopkins University Press, Baltimore and
London. 453pp.
Nunes-Silva CG, Kerr WE, Bonetti AM, Carvalho-Zilse GA (2006). Effect of juvenile hormone
III and heat shock in caste determination in Melipona scutellaris Latreille, 1811 (Hymenoptera,
Apidae). Magistra, 18:100-102.
Palmer KA, Oldroyd BP, Quezada-Euan JJG, Paxton RJ, et al. (2002). Paternity frequency and ma-
ternity of males in some stingless bee species. Mol Ecol., 11:2107–2113
Paxton RJ, Bego LR, Shah MM, Mateus S (2003). Low mating frequency of queens in the stingless
bee Scaptotrigona postica and worker maternity of males. Behav Ecol Sociobiol., 53:174–181
Paxton RJ, Weißchuh N, Engles W, Hartfelder K, et al. (1999b). Not only single mating in stingless
bees. Naturwissenschaftern, 86:143–146.
Peters JM, Queller DC, Imperatriz-Fonseca VL, Roubik DW, et al. (1999). Mate number, kin selec-
tion and social conflicts in stingless bees and honeybees. Proc R Soc Lond B, 266:379–384.
Silveira FA, Melo GA, Almeida EAB (2002). Abelhas brasileiras: sistemática e identificação. 1st edn.
Fund. Araucária, Belo Horizonte - MG.204pp.
Staden R Beal KF, Bonfield JK (2000). The Staden pack- age, 1998. Methods Mol. Biol.,
132, 115–130.
The Honeybee Genome Sequencing Consortium (2006). Nature, 443, 931–949.
Thompson JD, Gibson TJ, Plewniak F, Jeanmougin F, et al. (1997). The CLUSTAL_X windows
interface: flexible strategies for multiple sequence alignment aided by quality analysis tools.
Nucleic Acids Res., 25:4876–4882.
Whiting PW (1943). Multiple alleles in complementary sex determination of Habrobracon. Genet.,
24: 110-111.
Wilgenburg E, Driessen G, Beukeboom LW (2006). Single locus complementary sex determination
in Hymenoptera: an “unintelligent” design? Frontiers in Zoology, 3:1-6.
Woyke J (1980). Effect of sex allele homo-heterozigozity on honeybee colony populations and their
honey production. I. Farovable development conditions and unrestricted queens. Journ. Api-
cult. Res., 19(1):53-63.
Yokoyama S, Nei M (1979). Population dynamics of sex-determining alleles in honey bees and self-
incompatibility alleles in plants. Genet., 91, 609-626.
Abstract
Rio Grande do Sul state is the austral limit for stingless bees occurrence in Brazil, and for sur-
vival in its temperate climate stingless bees need special adaptations. Among others, the brood cells
construction stops or diminishes in autumn and winter, and the flight activity of foragers diminishes
as well. Here we analyze the published papers according to the behavioral answers of stingless bees
to the temperate climate conditions. Concerning the brood cells construction, variations are inter
and intraspecific, and 3 patterns occur: obligate reproductive diapause; facultative reproductive
diapause; absence of reproductive diapause. In all studied colonies, the lower brood cell construc-
tion occurred at lower temperature and solar incidence. Nevertheless, during the reproductive dia-
pause flight activity occur when temperature is enough to allow the bee flights. Among the abiotic
conditions, temperature is limiting for flight activity. Nowadays, when climate change occurs, it is
necessary to monitor bee species concerning diapause behavior in order to help management for
their conservation and sustainable use.
Resumo
O Rio Grande do Sul representa o limite austral de distribuição da maioria dos Meliponini no
Brasil e as condições de clima temperado exigem adaptações para a sua sobrevivência. Entre ou-
tras mudanças comportamentais verifica-se a redução ou interrupção das atividades reprodutivas e
a diminuição das atividades de vôo. Este estudo reavalia a questão das respostas comportamentais
de abelhas Meliponini sob condições de clima temperado do Sul do Brasil, a partir da análise de
trabalhos existentes. Quanto ao ritmo de oviposição há variações entre espécies e entre colô-
nias da mesma espécie, nas quais evidenciam-se três padrões: 1.diapausa reprodutiva obrigatória;
2.diapausa reprodutiva facultativa; 3.ausência de diapausa reprodutiva. Em todas as colônias, o
menor ritmo de postura coincidiu com as menores taxas de temperatura e de insolação mensal.
Apesar da redução das atividades no interior das colônias em períodos adversos, quando as con-
dições meteorológicas são favoráveis, há atividade de vôo mesmo durante a diapausa reprodutiva.
Dentre os fatores abióticos que influenciam a atividade de vôo, analisados nas distintas estações
do ano, somente a temperatura é um fator limitante. No atual cenário de mudanças climáticas é
Introdução
Durante este período adverso as atividades externas das abelhas também diminuem e é comum a escassez
de floradas. Assim, a reduzida disponibilidade de alimentos e a elevada necessidade de consumo de mel
para a termorregulação das colônias tornam-se fatores críticos à sobrevivência das abelhas.
A adoção de medidas para a conservação e manejo racional das espécies de Meliponini
de regiões de clima temperado depende do conhecimento da ecologia das espécies. Visando
caracterizar sazonalmente as respostas comportamentais das abelhas sob condições de clima
temperado, este trabalho tem como objetivo compilar e analisar comparativamente os conhe-
cimentos sobre meliponíneos do RS, especificamente quanto à produção de crias e ao compor-
tamento no interior dos ninhos.
Material e Métodos
Origem dos dados e locais dos estudos. Os dados utilizados nesta síntese foram obtidos de
Freitas (1994), Pick & Blochtein (2002a,b), Borges & Blochtein (2005, 2006) e Ferreira (2008). As
colônias de Plebeia saiqui (n=4), Melipona marginata obscurior (n=4) e M. bicolor schencki (n=5),
consideradas nestes estudos, são oriundas do nordeste do Rio Grande do Sul, respectivamente dos
municípios vizinhos de São Francisco de Paula, Cambará do Sul e Rolante. Foram realizados em am-
biente natural da região de origem dos ninhos, a qual é marcada pelo encontro de três formações fito-
ecológicas que compreendem as Florestas Ombrófila Mista (Mata com Araucaria) e Ombrófila Densa
(Mata Atlântica senso estrito) e os Campos de Altitude. As colônias foram instaladas no Centro de
Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata da PUCRS (Pró-Mata), em São Francisco de Paula,
RS (29°27’S/29°35’S e 50°08’W/50°15’W), onde a maior extensão da área está na cota altimétrica
de 900m, e a vegetação predominante é a Mata com Araucária. O clima é temperado superúmido com
regime pluviométrico anual de 2.162mm anual (Maluf, 2000).
As colônias de P. wittmanni são (n=3) oriundas de Canguçu, no sul do RS, Brasil, na área de
domínio do bioma Pampa onde predomina a vegetação de Campo. As abelhas foram estudadas em
Porto Alegre, na Depressão Central do Estado, onde o clima é temperado perúmido com precipitação
anual média de 1.309 (Maluf, 2000).
Resultados
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte
Plebeia saiqui n=1
Pick & Blochtein, 2002b
n=3
P. wittmanni n=3 Freitas, 1994
Melipona m.
n=1
obscurior
n=1
Borges & Blochtein 2006
n=1
n=1
M. bicolor
n=5 Ferreira 2008
schencki
Entre as espécies que realizam paradas de postura pelas rainhas, respectivamente P. saiqui, P.
wittmanni e M. marginata obscurior a diapausa limita-se a meses de outono e inverno. Acrescenta-se
que neste período as colônias de M. bicolor schencki, apesar de não exibirem diapausa reprodutiva,
reduzem significativamente a quantidade de crias. Comparando-se o ritmo de oviposição sazonal das
colônias, evidenciam-se três padrões:
1. diapausa obrigatória, exibida por P. saiqui e P. wittmanni (diapausa em todas as colônias)
2. diapausa facultativa em M. marginata obscurior (diapausa em parte das colônias)
3. ausência de diapausa, em M. bicolor schencki (diminuição das células de cria nos favos)
Tabela II - Elementos climáticos mensais do Rio Grande do Sul dos municípios de (1) São Fran-
cisco de Paula e (2) Vacaria*, RS, Brasil, respectivamente dos períodos de 1931-1960 e 1957-1984.
Fonte: Instituto de Pesquisas Agronômicas (1989). *Devido à ausência de dados de umidade relativa
para São Francisco de Paula usou-se os dados da cidade próxima (Vacaria).
Tabela III - Valores mínimos e máximos dos fatores meteorológicos registrados durante o
período de vôo de espécies de Meliponini em São Francisco de Paula, RS, Brasil. (POST) período
de postura da rainha, (DIA) período de diapausa reprodutiva, (P-V) primavera-verão, (O-I) outono-
inverno, (-) ausência de dados.
Espécie Ano Período Irrad. solar (W/m²) Temp. (ºC) Umid. (%) Vento (m/s) Fonte
Melípona bicolor schencki 2006/2007 POST 2-2620 9,2-38,4 20-98 0-39,8 Ferreira 2008
V 7-17 10
I 9-16 7
As atividades de vôo mais intensas das abelhas também são registradas sob distintas condições
meteorológicas ao longo das estações do ano. Nos períodos adversos as operárias de P. saiqui e M.
marginata obscurior tornam seus vôos mais tardios e necessitam de temperaturas mais elevadas, en-
quanto para M. bicolor schencki não são evidenciados picos de vôo ao longo do dia (Tabela V). Com
relação à irradiação solar e a umidade relativa ao longo do ano (Tabela V), não se verificou correlação
com os picos de atividades de vôo. Dentre os fatores analisados tanto nos períodos de diapausa e
oviposição quanto nas distintas estações do ano, somente a temperatura é diretamente relacionada às
atividades externas das abelhas das três espécies estudadas, em todas as situações (Tabela VI). Quanto
aos demais fatores, em ordem de importância estão à irradiação solar, a umidade relativa e finalmente,
com menor valor o vento (Tabela VI).
Tabela V - Horários e fatores meteorológicos com registros dos picos de atividades de vôo
de espécies de Meliponini em São Francisco de Paula, RS, Brasil. (POST) período de postura da
rainha, (DIA) período de diapausa reprodutiva, (P-V) primavera-verão, (O-I) outono-inverno, (-)
ausência de dados.
Espécie Ano Estado da colônia Irrad. solar (W/m²) Temp. (ºC) Umid. (%) Vento (m/s) Fonte
Melípona marginata
2002/2003 P-V +/- + - - Borges &
obscurior
Blochtein 2005
O-I + + +/- -
Melipona bicolor
2006/2007 POST +/- - - Ferreira 2008
schencki +
Discussão
Embora os estudos sobre os padrões reprodutivos sazonais no Sul do Brasil sejam restritos,
verifica-se que as abelhas de diferentes espécies respondem distintamente às condições climáticas
adversas. A diapausa em P. wittmanni e P. saiqui parece característica das espécies do gênero também
na região Sudeste do Brasil, onde foi constatada em P. julianii (Juliani, 1967), P. droryana (Terada,
1980), P. emerina (Kleinert-Giovannini, 1982; Santos, 2007) e P. remota (Holmberg, 1903) (Benthem
et al., 1995; Ribeiro et al., 2003).
Com relação às espécies de Melipona, Nogueira-Neto (1970) comenta que M. quadrifasciata,
em São Paulo, às vezes paralisa temporariamente a construção de favos de cria no início do inverno
ou mesmo no final do verão. Entretanto não há registros detalhados sobre este comportamento. Até o
momento, o único registro de ocorrência de diapausa reprodutiva para o grupo Melipona reporta ao
RS. Em M. marginata obscurior (Borges & Blochtein, 2005) as colônias exibem diapausa facultativa,
justamente em período coincidente com P. wittmanni e P. saiqui. Em contrapartida, na espécie simpá-
trica M. bicolor schencki (Ferreira, 2008) as rainhas não cessam a postura de ovos.
Levando-se em consideração que a temperatura parece ser um dos fatores diretamente relacio-
nados a diapausa, e as abelhas têm baixa capacidade de termorregulação, sugere-se que o tamanho
das operárias possa estar associado ao fenômeno da diapausa em ambientes com clima temperado, a
exemplo do RS. Esta suposição pode ser reforçada quando se compara o tamanho, progressivamente
maior das espécies de Plebeia (diapausa obrigatória) com M. marginata obscurior (diapausa faculta-
tiva) e M. bicolor schencki (ausência de diapausa).
Diferenças inter e intraespecíficas na duração da diapausa no mesmo local e no mesmo período
são evidentes. Em colônias da mesma espécie e no mesmo local observam-se períodos diferencia-
dos de diapausa, a exemplo de P. saiqui com respectivamente 76, 80, 100 e 169 dias de interrupção
de atividades de postura (Pick & Blochtein, 2002). O mesmo ocorre em P. remota, sobre a qual se
notou uma diferença de 6 semanas no período de diapausa das colônias (Van Benthem et al., 1995).
Fenômeno semelhante também foi constatado em M. marginata obscurior, em que uma colônia não
apresentou diapausa e nas demais este estado de inatividade reprodutiva perdurou por cerca de 1, 3
e cinco meses, respectivamente (Borges & Blochtein, 2006). Além da assincronia da diapausa, tam-
bém verificada em P. remota, colônias comportaram-se distintamente quanto aos períodos de início
e término da diapausa ao longo de três anos (Ribeiro et al, 2003). Possivelmente estas variações es-
tão relacionadas a mecanismos endógenos, associados às condições climáticas originais, bem como
outros fatores a exemplo da oferta de floradas. Este último fator também foi referido por Winston
(2003) que relata que a oferta de recursos florais para abelhas domésticas é um fator que influencia
significativamente na produção da cria.
Velthuis et al. (1999) mencionam que o número de células de cria produzidas é influenciado
pela temperatura no interior da colônia, sendo que em temperaturas baixas a produção é menor. Pos-
sivelmente o investimento energético para a termorregulação e a diminuição das taxas metabólicas
dos insetos em temperaturas baixas (Kitazawa et al., 1963; Danielviskii, 1965; Tauber et al., 1986;
Xu et al., 1995) induzem à redução do investimento das colônias na produção da cria. Uma análise
preliminar realizada por Ribeiro e Imperatriz-Fonseca (2000), relacionando fatores meteorológicos à
diapausa indicou que o número de colônias inativas de P. remota foi maior quando a temperatura foi
menor, sugerindo a temperatura como a variável mais relacionada à diapausa. Ribeiro et al. (2003)
identificaram correlação entre a diapausa e a temperatura, precipitação e comprimento do dia, entre-
tanto somente o último fator foi significativo em todos os casos analisados. No RS percebe-se, nas
distintas espécies de Meliponini, estreita relação entre a redução da postura/diapausa e os períodos
com temperaturas mais baixas e insolação reduzidos. Entretanto, em setembro embora as temperatu-
ras e a insolação ainda estejam relativamente baixas, as atividades de vôo aumentam relativamente e
a postura reinicia ou se eleva. Possivelmente a oferta de floradas da região estimule as atividades de
coleta de alimentos e seu ingresso nos ninhos estimule a produção de crias, pois mesmo em diapau-
sa, quando há condições para vôo, as abelhas visitam flores e coletam néctar e pólen corroborando
com as observações de Kleinert-Giovannini (1982) e Hilário (2000). Dentre os fatores determinantes
para o vôo a temperatura é a variável mais diretamente relacionada a esta atividade e, em M. bicolor
schencki responde por até 32,3% do vôo.
As características climáticas, especialmente a temperatura e a precipitação, também estão dire-
tamente correlacionadas com a distribuição de espécies arbóreas de Mata Atlântica (Salis et al, 1995;
Torres et al, 1997; Scudeller, 2002). Segundo Joly (2007), neste cenário de mudanças climáticas é
necessário o monitoramento de espécies de diversos grupos taxonômicos para ajudar a detectar mu-
danças em padrões e determinar a capacidade de dispersão e/ou migração de espécies. Estas informa-
ções são de fundamental importância para a adoção de políticas que assegurem a conservação e o uso
sustentável da biodiversidade.
Referências Bibliográficas
Benthem FDJV, Imperatriz-Fonseca VL, Velthuis HW. (1995). Biology of the stingless bee Plebeia re-
mota (Holmberg). Observation and evolutionary implications. Insectes Sociaux 42 (1): 71-87.
Blochtein B & Marques BH (2003). Himenópteros. In: Livro vermelho da fauna ameaçada de ex-
tinção no Rio Grande do Sul (Fontana CS, Glayson AB and Reis RB Org.). EDIPUCRS, Porto
Alegre, 95-109.
Borges FV & Blochtein B (2005). External activities of Melipona marginata obscurior Moure (Hy-
menoptera, Apidae), in distinct times of the year, at São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul,
Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. 22 (3): 680-686.
Borges FV & Blochtein B (2006). Variação sazonal das condições internas de colônias de Melipona margin-
ata obscurior Moure, no Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 23 (3): 711-715.
Danilevskii, AS (1965). Photoperiodism and Seasonal Development of Insects. Oliver and Boyd,
Edinburgh.
Delinger, DL (1986). Dormancy in tropical insects. Annual Review Entomology. 31: 239-264.
Ferreira NT. (2008). Atividades de vôo e representatividade de sexos e castas em favos de Melipona
bicolor schencki Gribodo, 1893 (APIDAE; MELIPONINI) em ambiente natural, no sul do
Brasil: uma abordagem sazonal. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Biociências, PUCRS,
Porto Alegre.
Freitas SW (1994). Polietismo etário entre operárias, oviposição e substituição de rainhas em Ple-
beia wittmanni Moure & Camargo, 1989 (Hymenoptera: Apidae, Meliponinae). Dissertação de
Mestrado, Instituto de Biociências, PUCRS, Porto Alegre.
Freitas S & Wittmann D (1997). Poliginia temporária em Plebeia wittmanni Moure & Camargo, 1989
(Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Biociências. 5 (2): 61-69.
Gary W, Gretchen LI, Daily C, Ehrlich PP (2003). Population diversity and ecosystem services. Ecol-
ogy and Evolution. 18 (7):331-336
Hilário SD; Imperatriz-Fonseca VL & Kleinert AMP (2000). Flyght activity and colony strength in
the stingless bee Melipona bicolor bicolor (Apidae, Meliponinae). Revista Brasileira de Biolo-
gia. 60 (2): 299-306.
Imperatriz-Fonseca V.L. & Oliveira MAC (1976). Observations on a queenless colony of Plebeia
saiqui (Friese) (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Boletim do Museu de Zoologia, da Uni-
versidade de São Paulo. 1: 299-312.
Instituto de Pesquisas Agronômicas (1989). Atlas agroclimático do Estado do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre. Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Joly CA (2007). Biodiversidade e mudanças climáticas: contexto evolutivo, histórico e político. Am-
biente e Sociedade. 10 (1): 165-168
Juliani L (1967). A descrição do ninho e alguns dados biológicos sobre a abelha Plebeia julianii
Moure, 1962 (Hymenoptera, Apidae). Revista Brasileira de Entomologia. 12: 31-58.
Kitazawa T, Kanda T, Takami T (1963). Changes of mitotic activity in the silkworm egg in relation to
diapause. Bull. Seric. Exp. Sta. 18: 283-295.
Klein A, Vaissieri BE, Cane JH, Stefan-Deventer I, Cunninghan SA, Kremen C, Tscharntke T (2006). Impor-
tance of pollinators in changing lanscapes for world crops. Proceedings of the Royal Society. 1-11.
Kleinert-Giovannini A (1982). The influence of climatic factors on flight activity of Plebeia emerina Friese
(Hymenoptera, Apidae, Meliponinae) in winter. Revista Brasileira de Entomologia. 26 (1): 1-13.
Leather SR, Walters KFA, Bale JS (1993). The ecology of insect overwintering. Cambridge, Univer-
sity Press.
Maluf, JRT (2000). Nova classificação climática do Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira
de Agrometeorologia. 8(1):141-150.
Michener CD (1974). The Social Behavior of the Bees. Cambridge, Harvard University Press.
Nechols JR, Tauber MJ, Tauber CA, Masaki S (1999). Adaptations to hazardous seasonal conditions:
dormancy, migration and polyphenism. In: Ecological Entomology (Huffaker CB & Gutierrez
AP, eds). John Wiley & Sons, New York, 159-200.
Nogueira-Neto P (1970). A Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão (Meliponinae). São Paulo,
Chácaras e Quintais.
Pick AR, Blochtein B (2002a). Atividades de coleta e origem floral do pólen armazenado em colônias
de Plebeia saiqui Holmberg (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae) no sul do Brasil. Revista
Brasileira de Biologia. 19 (1)1: 289-300.
Pick AR & Blochtein B (2002b). Atividade de vôo de Plebeia saiqui (Holmberg) (Hymenoptera,
Apidae, Meliponini) durante o período de postura da rainha e em diapausa. Revista Brasileira
de Zoologia. 19 (3) 827-839.
Ribeiro MF, Imperatriz-Fonseca VL (2000). Seasonal partial inactivity in the stingless bee Plebeia
remota(Hymenoptera, Apidae). P.849. In: Abstracts of XXI International Congress of Entomol-
ogy. Foz do Iguaçu. 1288p.
Ribeiro MF, Imperatriz-Fonseca VL, Santos Filho PS (2003). A interrupção da construção de célu-
las de cria e postura em Plebeia remota (Holmberg) (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). p.
177-188. In: Apoidea Neotropica: homenagem aos 90 anos de Jesus Santiago Moure. (Melo
GAR & Alves dos Santos I eds.) Editora UNESC, Criciúma, 320p.
Ricketts TH, Regetz J, Steffan-Dewenter I, Cunninghan SA, Kremen C, Bogdanski A, Gemmill-
Herren B, Greenleaf SS, Klein AM, Mayfield MM, Morandin LA, Ochieng A, Viana BF
(2008). Landscape effects on crop pollination services: are there general patterns? Ecology
Letters. 11 (5), 499–515.
Roubik DW (2006). Stingless bee nesting biology. Apidologie. 37:124-143.
Salis SM, Shepherd GJ, Joly CA (1995). Floristic comparison between mesophytic forests of the in-
terior of the state of São Paulo, S.E. Brazil. Vegetatio. 1(119):155-164.
Santos CG (2007). Aspectos comportamentais e morfológicos de Plebeia emerina (Friese, 1900)
(Hymenoptera, Apidae, Meliponini) relacionados à própolis. Dissertação de Doutorado. Facul-
dade de Biociências PUCRS, Porto Alegre.
Scudeller VV (2002). Análise fitogeográfica da Mata Atlântica, Brasil. Tese de Doutorado, Pós-Grad-
uação em Biologia Vegetal, IB, UNICAMP, Campinas.
Seeley T.D. (1985). Honeybees Ecology. Princeton, Princeton University Press. 201p.
Slaa EJ, Sanches-Chaves LA, Malagodi-Braga KS, Hofstede FE (2006). Stingless bees in applied
pollination: practice and perspectives. Apidologie. 37(2):293-315.
Tauber MJ, Tauber CA & S. Masali (1986). Seasonal adaptations of insects. New York, Oxford Uni-
versity Press, 411p.
Terada Y (1980). Estudos bionômicos em colônias de Plebeia (Plebeia) droryana Friese 1900 (Hy-
menoptera, Meliponinae) na região de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
Torres RB, Martins FR, Kinoshita LS (1997). Climate, soil and tree flora relationships in forests in the
state of São Paulo, southestern Brazil. Revista Brasileira de Botânica. 20 (1):41-49.
Velthuis HHW, Koedam D. & Imperatriz-Fonseca VL (1999). The rate of brood cell production in
the stingless bee Melipona bicolor fluctuates with nest box temperature. Revista de Etologia.
2 (1): 141-145.
Winston, M. L. 2003. A biologia da abelha, Porto Alegre, Magister. 276p.
Witter S, Lopes L, Dias F, Imperatriz-Fonseca VL (2006). A guaraipo negra (Melipona bicolor schencki
Gribodo 1893) uma rara espécie de abelha nativa sem ferrão (Meliponini) e sua conservação em
um fragmento de Mata de Araucárias do Rio Grande do Sul. Mensagem Doce. 8: 12-21.
Witter S, Blochtein B, Andrade F, Wolff LF, Imperatriz- Fonseca VL (2007). Meliponicultura no Rio
Grande do Sul (1): Contribuição sobre a biologia e conservação de Plebeia nigriceps (Friese,
1901) (Apidae, Meliponini). Bioscience Journal. 23: 134-140.
Xu WH, Sato Y, Ikeda M, Yamashita O (1995). Stage-dependent and temperature-controlled expression of
the gene encoding the precursor protein of diapause hormone and pheromone biosynthesis activat-
ing neuropeptide in the silkworm, Bombyx mori. Journal of Biological Chemistry. 270: 3804-3808.
Melipona scutellaris é a principal espécie de abelha sem ferrão em volume de mel produzido
por colônia na Bahia. Com ampla distribuição na região litorânea e na Chapada Diamantina, as suas
colônias apresentam características que possibilitam a seleção de acessos com características de inte-
resse para a produção de mel. Nesse sentido, iniciou-se em 2006 um programa de seleção de colônias
visando o aumento de produtividade, que se constituiu das seguintes etapas: a) transferência de 60
acessos provenientes de várias regiões da Bahia para o Meliponário da UFRB em Cruz das Almas-
BA; b) aclimatização das colônias e padronização do tipo de caixa; c) mensuração dos parâmetros:
diâmetro dos favos, altura e diâmetro dos potes de mel e de pólen, número e volume dos potes de
mel, peso das rainhas e comprimento da glossa das operárias; d) divisão dos acessos aos 90 dias –
formação das rainhas F1; e) mensuração dos parâmetros das colônias com rainhas F1; f) divisão das
colônias com rainhas F1, após 90 dias da sua formação – formação das rainhas F2; g) mensuração dos
parâmetros das colônias com rainhas F2, após 90 dias da sua formação; h) agrupamento das colônias
em classes de desempenho; i) orfanação das 25% colônias menos produtivas e introdução das rainhas
das 25% colônias mais produtivas; j) mensuração dos parâmetros das colônias que tiveram substi-
tuição de rainhas; k) transferência de dez colônias de cada classe de desempenho (pouco produtiva,
medianamente produtiva e produtiva) para floradas eucalipto; l) avaliação quinzenal da produtividade
em mel das colônias.
Introdução
As abelhas sociais destacam-se nos ecossistemas, pois são importantes polinizadores das flores-
tas úmidas (Momose et al., 1998). Dentre as abelhas sociais, a maior parte das espécies de Meliponini
depende de árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik 1983, 1989,
2006; Vergara et al., 1986), ocupando ocos, tanto nos troncos como nos ramos das árvores.
O tamanho das abelhas sem ferrão bem como a população de seus ninhos varia muito
(Roubik, 1983, 2006), assim como suas necessidades de nidificação, apresentando, portanto,
exigências diferentes com relação à qualidade do habitat (Batista et al. 2003, Antonini & Mar-
tins, 2003). Com a diversidade encontrada nos Meliponini espera-se uma grande variação nos
quesitos relacionados com a nidificação. A literatura sobre ninhos de Meliponini na natureza é
bastante reduzida. Pouco se conhece sobre a distribuição natural destes ninhos e, em especial
sobre gênero neotropical Melipona. De acordo com Silveira et al. (2002) várias espécies de
Melipona têm se mostrado dependentes dos ambientes florestais, não sendo encontradas nos
ambientes abertos, a não ser nas margens das matas.
Os ninhos naturais Melipona bicolor schencki são pouco conhecidos e raramente encontrados.
Além disso, trata-se de uma espécie que se encontra na lista da fauna ameaçada de extinção no Rio
Grande do Sul. Melipona bicolor schencki foi inicialmente descrita como Melipona nigra Lepeletier,
1836 e colocada na sinonímia de Melipona bicolor Lepeletier, 1836 por Moure (1975). Observações
referentes à morfologia de Melipona bicolor mostram que existem diferenças marcantes relacionadas
com a coloração dos pêlos do mesoscuto e metassoma nas populações ao longo de sua distribuição
geográfica (ferrugem ou preto). Melipona bicolor schencki apresenta os pêlos do tórax predominant-
emente negros e as cerdas eretas dos tergos abdominais douradas, enquanto que em Melipona bicolor
bicolor os pêlos do tórax são fulvos e os do abdômen são negros na base e palha para o ápice. Não
está esclarecido ainda se são espécies distintas (Camargo, comunicação pessoal). Segundo Moure et
al. (2007), Melipona bicolor schencki ocorre em Misiones (Argentina), Alto Paraná (Paraguai), Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro.
Plebeia saiqui ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul (Moure et al. 2007). Seus ninhos são encontrados em ocos em árvores, barrancos, ou
outros locais, desde que os ocos sejam de tamanho apropriado e não aquecidos pelo sol em demasia
(Nogueira-Neto, 1970). As entradas dos ninhos são curtas e construídas com própolis e das colônias
são de tamanho médio (Nogueira-Neto, 1970). A construção dos favos de cria é suspensa em períodos
de outono e inverno, característica da diapausa reprodutiva (Pick & Blochtein, 2002).
Nos levantamentos realizados desde 1984 no Rio Grande do Sul, exemplares de Melipona bicolor
schencki foram coletados nas flores nos municípios de Osório, Canela e Cambará do Sul e Plebeia sai-
qui em Osório, Canela, Cambará do Sul, São Francisco de Paula e Planalto (Wittmann & Hoffmann,
1990; Alves-Dos-Santos, 1999). No estado, verifica-se uma predominância de ocorrência natural dessas
espécies na Região Ecoclimática Planalto Superior – Serra do Nordeste com vegetação típica da Flo-
resta com Araucária, Floresta Subtropical e Campos (Maluf & Caiaffo, 2001). O bioma Mata Atlântica,
um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do planeta (MMA,
1998), engloba a Floresta com Araucária e Campos de altitude. São os mais altos, frios e úmidos ecos-
sistemas representantes nos trópicos (Lauer, 1989; Por et al, 2005). Entretanto, os desmatamentos, a
fragmentação dos ecossistemas, a introdução da abelha doméstica e a coleta predatória são apontadas
como fatores que comprometeram a sobrevivência dessas abelhas (Blochtein & Harter, 2003).
Este trabalho fornecerá subsídios para programas de conservação e manejo Melipona bicolor
schencki em seu habitat natural, incentivando atitudes conservacionistas, oportunizando ações que
possam gerar benefícios econômicos para as comunidades que interagem em ambiente ecologica-
mente importante como o da Mata de Araucárias. Assim pretende-se responder as seguintes questões:
Quais as espécies de árvores que Melipona bicolor schencki e P. saiqui usam para construção dos seus
ninhos na Mata de Araucária? Qual a altura dos ninhos? Qual o padrão de distribuição destes ninhos,
e qual a densidade dos mesmos na área estudada?
Material e Métodos
Área de Estudo
No nordeste do Rio Grande do Sul predominam as Florestas com Araucária, Subtropical e
Campos (Maluf & Caiaffo, 2001).O trabalho foi realizado em um fragmento conservado de Floresta
Ombrófila Mista de 250 ha, localizado em Cambará do Sul (29°02’S 50º08’W) com altitudes de 980
a 1047m. A região se enquadra no clima Cfb (temperado úmido) de acordo com a classificação de
Koeppen, tendo temperaturas médias oscilando entre 14,4 a 16,8°C, com mínimas de - 5,4 e máximas
de 38,4°C (Vianello & Alves, 1991). As precipitações pluviais anuais variam de 1.412 a 2.162 mm e
a umidade relativa é de 76 a 83% (Maluf & Caiaffo, 2001).
Ninhos
A localização dos ninhos foi realizada em dois anos consecutivos (2006/2007), através de in-
speções em árvores, com auxílio do proprietário da área que é meliponicultor e adota práticas conser-
vacionistas. Para a identificação das espécies de abelhas, indivíduos foram coletados junto às entradas
dos ninhos ou, em colônias estabelecidas no alto dos troncos, as mesmas foram observadas com auxí-
lio de binóculos. As amostras de abelhas coletadas nos ninhos encontram-se depositadas no Museu de
Ciências e Tecnologia da PUCRS.
A altura dos ninhos em relação à base dos troncos foi medida com auxílio de trena. Os dados ob-
tidos das coordenadas geográficas de cada ninho, bem como os limites da propriedade foram plotados
no programa computacional GTM PRO® , o qual foi utilizado para obter-se a área total de mata a fim de
calcular a densidade dos ninhos, obtida através do número de ninhos (60) por área de floresta (171 ha).
O material botânico foi coletado para preparação de exsicatas e identificado por especialista. O
material foi depositado nos Herbários da PUCRS e da FEPAGRO.
Análise estatística
O índice de dispersão do vizinho mais próximo (R) (Clark & Evans, 1954) foi usado a fim
verificar o padrão de distribuição dos ninhos. O índice de distribuição é a razão entre a distância mé-
dia observada do vizinho mais próximo e a distância média esperada do vizinho mais próximo se os
ninhos forem distribuídos aleatoriamente. Se a distância dos ninhos é aleatória, R aproxima-se de 1.
Se a distribuição for agregada o valor de R aproxima-se de 0.
Resultados
Discussão
Os resultados indicam que os ninhos naturais de Melipona bicolor schencki e P. saiqui na Mata
de Araucária são preferencialmente encontrados em Lauraceae (51,6% dos ninhos). Kerr (1980) ob-
servou que as abelhas sem ferrão constróem seus ninhos em apenas 12 das mais de 200 espécies de
plantas no cerrado e Antonini & Martins (2003) verificaram especificidade no cerrado entre árvores e
ninhos de abelhas, isto é, Melipona quadrifasciata nidificando em Caryocar brasiliense (95,83% dos
ninhos localizados). De acordo com Martins et al. (2004), as abelhas sem ferrão nidificam em difer-
entes espécies arbóreas na caatinga, entretanto mais de 75% dos ninhos localizam-se em apenas duas
espécies Caesalpinia pyramidalis (41,9% dos ninhos) e Commiphora leptophloeos (33,9%). Metade
dos ninhos de Melipona subnitida foi encontrada em C. leptophloeos enquanto Melipona asilvai nidi-
ficou principalmente em C. pyramidalis. Hubbell & Johnson (1977) estudando os padrões de dispersão
das abelhas Meliponini da Costa Rica e, observaram que as abelhas ocupavam apenas 25 das 74 espé-
cies de árvores disponíveis. Mas algumas das espécies de árvores que não continham ninhos na Costa
Rica apresentavam ninhos em outras regiões, não encontrando especificidades entre árvores e ninhos.
Aparentemente o índice de dispersão dos ninhos das duas espécies de Meliponini, na área de
estudo, é aleatório. Embora o esforço de amostragem não tenha sido igual em toda área, a identifica-
ção de ninhos pelo agricultor ao longo de pelo menos 30 anos de observação confirma que o número
de ninhos de Melipona bicolor schencki represente à totalidade na área estudada. Exceção feita à
área próxima ao Arroio Taimbezinho (Figura 1), excluída da área de estudo, que não foi investigada
pelo produtor por possuir relevo acidentado, havendo probabilidade de encontrar novos ninhos. Já
o número de ninhos de P. saiqui na área precisa ser mais investigado. Acredita-se que numa análise
mais aprofundada a dispersão dos ninhos de meliponíneos na área esteja relacionada com a sucessão
florestal dentro da propriedade (visível empiricamente), assim, avaliações da fitossociologia são fun-
damentais para confirmar a dispersão aleatória dos ninhos de meliponíneos verificada nesse estudo. O
cálculo para o índice de dispersão proposto por Clark & Evans (1954) sugere a inclusão de faixas de
fronteiras ao redor dos ninhos. Nesse trabalho a área utilizada para o cálculo restringe-se aos limites
da floresta delimitada na propriedade rural. Assim em etapa futura pretende-se aprofundar esse estudo
a fim de compatibilizar o cálculo com a metodologia proposta.
A área de estudo é um fragmento bastante conservado de Mata de Araucária protegida há mais
de 70 anos pelos proprietários. Pouco se conhece sobre quais plantas atraem abelhas sem ferrão para
construção dos ninhos. O diâmetro relativamente grande dos troncos onde foram encontrados os
ninhos de Melipona bicolor schencki e a consciência conservacionista do proprietário pode ter con-
tribuído para existência de tantos ninhos naturais dessa espécie na área de estudo, cercada por reflo-
restamento com Pinus. De acordo com Antonini & Martins (2003) a estreita associação encontrada
entre Melipona quadrifasciata e Caryocar brasiliense pode ser devido ao tamanho relativamente
grande dessa árvore, que é protegida naquele bioma, em relação a outras do cerrado. Segundo esses
autores, a descoberta de ninhos naturais dessa espécie de abelha até o momento na área de estudo
deve-se à grande distribuição da espécie arbórea preferencial para nidificação e sua proteção por
regulamentações federais.
O plantio de Pinus no entorno da propriedade estudada acaba reduzindo a pastagem apícola, por
que resulta na substituição de áreas com diversas espécies vegetais por uma única espécie de planta
que não produz flores, portanto sem interesse apícola (Amoroso & Ries, 2005). Além disso, retiram
da região os potenciais locais para construção dos ninhos das abelhas sem ferrão e em especial de
Melipona bicolor schencki, uma espécie ameaçada.
O desaparecimento de espécies de abelhas sem ferrão pelo desmatamento ou extrativismo im-
plica na diminuição de espécies vegetais importantes em nossos ecossistemas, pois as plantas cujas
flores são polinizadas pelas abelhas terão sua capacidade de produzir sementes diminuídas e em breve
desaparecerão. Entretanto, a meliponicultura traz para a região onde é praticada melhores frutos e
maior produção de sementes. O declínio das populações de abelhas pode acarretar na queda da produ-
tividade agrícola. Fica evidente a necessidade de ampliar os conhecimentos sobre ninhos de abelhas
sem ferrão em estado natural, e incentivar o replantio das árvores que servem de abrigo aos ninhos.
Sugerimos a implantação de viveiros com mudas das plantas importantes para nidificação de
abelhas nativas como atividade que gera renda para a propriedade rural, e campanhas para o plantio
destas mudas incluídas em programas de reflorestamento na região.
Agradecimentos
Ao meliponicultor Sélvio de Macedo Carvalho cuja consciência conservacionista possibilitou a
realização desse estudo e trabalhos futuros. Ao Dr. Luciano Kayzer Vargas pelo auxílio com a estatís-
tica. Ao CNPQ, processo 311381/2006-5.
Referências Bibliográficas
MOURE JS (1975). Notas sobre as espécies de Melipona descritas por Lepeletier em 1836 (Hyme-
noptera - Apidae). Revista Brasileira de Biologia. 35(4)615-623.
MOURE JS, URBAN D, MELO GAR (2007). Catalogue of bees (Hymenoptera, Apoidea) in the
neotropical region. Sociedade Brasileira de Entomologia, Curitiba.
NOGUEIRA-NETO P (1970). A Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão Meliponinae). Chácaras
e Quintais, São Paulo.
PICK RA and BLOCHTEIN B (2002). Atividades de vôo de Plebeia saiqui (Holmberg) (Hymenop-
tera, Apidae, Meliponini) durante o período de postura da rainha e em diapausa. Revista Brasi-
leira de Zoologia. 19:827-839.
POR F. D. (1992). Sooretama the Atlantic Rainforest of Brazil. SPB Academic Publishing, The Hague.
ROUBIK DW (1983). Nest and colony characteristics of stingless bees from Panama (Hymenoptera:
Apidae). Journal of the Kansas Entomological Society. 56:327–355.
ROUBIK DW (1989). The Ecology and Natural History of Tropical Bees. Cambridge University
Press, Cambridge.
ROUBIK DW (2006). Stingless bee nesting biology. Apidologie. 37:124-143.
SILVEIRA FS, MELO GA, ALMEIDA EA (2002). Abelhas Brasileiras: Sistemática e Identificação.
Fernando A. Silveira, Belo Horizonte.
VIANELLO RL and ALVES AR (1991). Meteorologia Básica e Aplicações. Universidade Federal de
Viçosa, Imprensa Universitária, Viçosa.
VERGARA C, VILLA A, NATES G (1986). Nidificación de meliponinos (Hymenoptera: Apidae) de
la región central de Colombia. Revista de Biologia Tropical. 34(2):181-184.
WITTMANN D and HOFFMAN M (1990). Bees of Rio Grande do Sul, southern Brazil (Insecta,
Hymenoptera, Apoidea). Iheringia. 70:17-43.
SI MPÓS IO 8
MELIPONICULTURA SUSTENTÁVEL
Para quem estuda a formação dos sexos e castas das abelhas Meliponini, é necessário, antes
de mais nada, verificar quais os processos vitais que levam a isso. A confusão é enorme, nesse
campo. Warwick E. Kerr (1987, p.83-84 e 1996 tiúba, p. 111) disse ser “cada vez mais evidente
que as interações genéticas para a determinação do sexo se dão em duas etapas, uma no embrião
e outra no larvão pré-defecante” (=prepupa). Trata-se de um evidente equivoco, pois antes da se-
gunda etapa o sexo já está determinado. A segunda etapa trata apenas da determinação das castas
(operárias e rainhas). Assim, é necessário esclarecer primeiro que a formação dos sexos começa
algumas horas após a postura dos ovos. Segundo Warwick E. Kerr (1987 p. 82-92), em 1909 e
1911 Hegner notou que as primeiras células da nova abelha em formação, migram dentro do ovo.
Células haplóides (com apenas uma série de cromossomas) determinam o testículo. Células di-
plóides (com 2 séries de cromossomas, uma do pai e outra da mãe) determinam em conjunto o
ovário. Assim, basicamente, nos insetos Himenópteros os organismos haplóides são masculinos e
os diplóides são femininos, com a exceção dos machos diplóides.
W. E. Kerr e A. B. Cunha (1957) atribuem o sexo principalmente a um interessante balanço
genético entre genes masculinizantes e genes feminilizantes, embora no caso dos machos diplóides
a explicação de Warwick E. Kerr (1987) seja diferente, passando por uma mutação e uma situação
especial, complicada.
A intervenção de um forte estresse é aqui apresentada pela primeira vez, para explicar a existência
de machos diplóides. Seja lá como for, é nas primeiras horas de vida de um embrião de abelhas Melipo-
nini, que se define o sexo da abelha em formação. Conceição A. Camargo (1974) mostrou a existência
de um lócus genético (lugar cromossômico) xo ou XO ocupado por um gene sexual ou por um dos seus
alelos, que depois W. E. Kerr (1987 p. 274) calculou ao todo serem 20, em M. compressipes fasciculata
(tiúba). Mais adiante veremos melhor o que é um gene alelo. Os genes que ocupam os loci xo dão ori-
gem a uma ou mais enzimas que constituem a meu ver a base do hormônio sexual dos Meliponini.
Os machos diplóides praticamente não servem para nada. São verdadeiros parasitas, pois
prejudicam as colônias de Meliponini. A presença desses machos, a meu ver poderia ser explicada
como conseqüência de uma grave situação de estresse, que tornaria não aditivos os genes sexuais
feminilizantes. Isso daria em todas as células de uma abelha diplóide uma pequena vantagem aos
genes masculinizantes, mesmo em se tratando de genes homozigotos. Em outras palavras, os genes
masculinizantes normalmente não são aditivos, ao contrário do que ocorre com os genes femini-
lizantes. Assim, normalmente há uma vantagem dos genes feminilizantes nas abelhas diplóides, o
que determina que estas sejam fêmeas. Mais adiante mostrarei, também, porque as minhas peque-
nas populações de abelhas Meliponini, embora normais são fortemente homozigotas, apesar disso
ser considerado pelo Professor e amigo Warwick Kerr como algo impossível. Para ele, todos os ho-
mozigotos no lócus XO são machos diplóides. Discordo desse ponto de vista, por motivos ligados
à deriva genética (Princípio de Sewal Wright), como explicarei.
Os machos diplóides, a meu ver, são também caracterizados por terem no embrião presu-
mivelmente uma baixa produção do hormônio sexual. Essa baixa produção pode ser causada por
uma situação ambiental de estresse, ou porque seus portadores têm uma situação genética que
leva a essa baixa produção. A causa próxima que torna não aditivos os genes feminilizantes se-
ria direta ou indiretamente a presença de uma baixa quantidade de hormônio sexual no embrião.
Contudo, como expliquei acima, tanto o estresse ambiental de causas diversas, como o estresse
fisiológico causado pela baixa quantidade de hormônio sexual, têm o mesmo efeito prático,
ou seja, são fatores responsáveis pela perda da capacidade aditiva dos genes feminilizantes.
O resultado é a formação de machos diplóides, quando essas causas ocorrem em conjunto ou
separadamente. No decorrer deste item do Dicionário vou insistir, repetidamente, nos conceitos
e fatos aqui expostos. Constituem novas explicações para a presença dos machos diplóides na
vida real das colônias de abelhas Meliponini.
NOTA: Este trabalho é parte do Dicionário da Meliponicultura (Criação das Abelhas Indígenas
sem Ferrão), de minha autoria e já em processo de publicação (Paulo Nogueira-Neto, 2008).
Bibliografia
The eusocial stingless bees are amongst the most important pollinators in the subtropics due to
the diversity of species and number of individuals. In México 46 species of stingless bees have been
reported (Ayala 1999) of which a third inhabit the Yucatan Peninsula (Quezada-Euán 2005).
Mexico has a long tradition in the use of native bees that dates back to Prehispanic times
when their honey was subject of intensive commerce. Presently, the Yucatan Peninsula remains as
the main center of stingless bee culture in the country. Stingless beekeeping (meliponiculture) in
this area is based on one species, Melipona beecheii (locally called “Xunan kab” -lady bee) whose
colonies are kept in hollow logs (González-Acereto et al. 2006). The honey and wax of other sting-
less bee species (including M. yucatanica) traditionally have been obtained by harvesting feral
colonies but were not domesticated. In central México (Puebla and Veracruz) meliponiculture is
based on the exploitation of Scaptotrigona mexicana that is kept in clay pots (Quezada-Euán 2005).
In the Yucatan Peninsula, heavy deforestation, extensive live stock production and poor economic
profits, are threatening M. beecheii due to a reduction of places where feral and managed colonies
can feed and nest (González-Acereto et al. 2006).
We are currently developing a program to rescue colonies of M. beecheii considering four main
objectives:
The use of traditional hollow logs has many disadvantages in terms of the care and super-
vision that can be provided to colonies (Quezada-Euan et al 2001; Gonzalez Acereto and De
Araujo-Freitas 2005). We have proposed the use of hive boxes as an alternative to hollow logs.
Several types of hive boxes have been successful at keeping stingless bees (Nogueira-Neto
1997). We aimed for a simpler and cheaper model and suggest the use of the called FMVZ/
UADY hinge model. The model consists of a simple box which walls are attached by means
of hinges. This simple system makes the box easy to open from any side and thus division and
transference of colonies is not damaging. Boxes of appropriate sizes have been developed for
M. beecehii and other species based on the natural space occupied by feral colonies in hollow
trees. Techniques for feeding colonies and control of parasitic flies have also been important to
ensure survival of colonies after transferring or dividing them.
Apart from xunan kab, at least 3 other species are prone to domestication and could be used
either for their good honey or alternative uses, namely: Scaptotrigona pectoralis (kan ts’ak), Trigona
nigra (xiik) and Nannotrigona perilampoides (bol). Cephalotrigona zexmeniae is another honey pro-
ducing species but its nests have proven difficult to keep alive in artificial lodges.
A system to provide colonies to peasant farmers and train them in their use.
The stingless bee colonies at the CCBA are mainly obtained from rural villages after the clear-
ance of forest patches for agriculture, thus rescuing them from dying out. Presently, our stingless bee
yard has ca. 250 colonies of 10 species of which 40% are kept in hive boxes. Our stingless bee yard
is used as a source of biological material to groups of beekeepers and as a teaching center to train
beekeepers in the management and reproductions of stingless bee colonies. Several courses are given
all year round not only at the faculty but also in situ at the communities. This has proven extremely
useful in increasing the interest and promoting the keeping of stingless bees even in areas where they
had been unknown. At least 400 colonies of stingless bees have been incorporated to meliponaries
in the villages where the courses have been held, reflecting the positive effect of the extension work
(Gonzalez-Acereto et al. 2006).
Another positive effect of the extension courses is the creation in 2003 of the so-called Ecologi-
cal Farms. This project is a joint effort of the CCBA/UADY and the agency for Rural Development
of the local government. The objective of these farms is promoting the use of agroecological activities
including stingless bee keeping as part of an integral program of crop and livestock production. To
date there are three of these farms.
At the present time stingless bee products still face the problem of marketing. The small amounts
produced and the lack of characterization prevents the establishment of a secure and large scale mar-
ket. However, some local producers have started selling honey, propolis and pollen and the demand
also seems to be increasing due to the ecological production and attributed medicinal properties
(Quezada-Euán 2005). Efforts to characterize and evaluate such medicinal properties are urgent. The
growing interest in these products abroad and their status as agro ecological products may well gain
them a position in the local and international market provided they are in a continuous supply and
with the required quality.
One major line for the alternative use of stingless bees is the pollination of commercial crops.
There is evidence that stingless bees are efficient pollinators of some neotropical crops like tomato,
pepper, squash and avocado (Meléndez 1997, Slaa et al., 2000; Can-Alonzo et al 2005). Some of the
stingless bee species with potential for pollination in enclosures are: Trigona nigra, Scaptotrigona
pectoralis, Melipona beecheii and Nannotrigona perilampoides.
Our efforts have concentrated on N. perilampoides because it is an adaptable, rustic and widely
distributed species. In a first study we provided evidence that N. perilampoides adapted well to enclo-
sures and efficiently pollinated greenhouse tomatoes in tropical climates and suggested that it could
be used as an alternative to bumble bees (Bombus spp.) (Cauich et al 2004; Cauich et al 2006).
In a second experiment, we evaluated N. perilampoides on large-scale greenhouse pollination
against the imported bumble bee, Bombus impatiens. The results showed that tomato pollinated by N.
perilampoides set less fruit than B. impatiens but that hot pepper pollinated with N. perilampoides set
more fruit than those visited by B. impatiens . It was also evident that N. perilampoides has the advan-
tage of foraging at higher temperatures. Moreover, the risk of introducing exotic and expensive pollinat-
ing bees could be greatly reduced and this needs to be considered too (Palma et al. 2008 a; 2008b).
Vast extensions of the Yucatan Peninsula were deprived of their original forests in the XIX –early
XXth centuries for sisal (Agave fourcroydes) cultivation. Nowadays most sisal plantations are aban-
doned; however, many plants in these secondary growth patches have become central as sources of nec-
tar for the important beekeeping industry of the Yucatan Peninsula. But most important, these patches
also provide refuge and nesting places for many stingless bees and solitary bees that act as pollinators
of nearby crops (Quezada-Euán et al. 2008; submitted). Nevertheless, these sites are considered with no
utility and thus are being removed to expand suburban areas and roads. A campaign to preserve these
sites that are the source of the Yucatan honey and many wild pollinators needs to be established.
Recent studies have also shown the existence of ecotypes in local stingless bee species (De la Rua
2007; Quezada-Euán et al. 2007). It is important that these ecotypes are preserved since they may repre-
sent genetic pools better adapted to their regions. The movement of colonies between regions should be
avoided in order to stop loosing locally adapted resources and reducing the genetic diversity.
The study of stingless bees started in Yucatan in the 1980s, since then it has experienced an
increasing interest from farmers, scientists and government. The recent advances in the study of the
biology and management techniques provide a support for the future growth of the activity. We have
organized a project where all these different aspects have been combined with promising results and a
positive perspective for the activity in the future. Similar projects conducted at other states of the Yu-
catan Peninsula and México could guarantee a conservation of stingless bees and provide additional
income to rural families. Nevertheless, there are still major problems to be solved: deforestation is
increasing and the niches for food collection and nesting are rapidly diminishing so regulations for
logging and reforestation need to be urgently applied. A positive factor for the activity is the grow-
ing investment in enclosed crop production. Research needs to be conducted on the management of
colonies for prolonged use under these conditions and on methods to induce growth and production
of colonies in order to avoid decimation of feral populations for pollination.
References
Ayala, R. (1999) Revisión de las abejas sin aguijón de México (Hymenoptera: Apidae: Meliponini).
Folia Entomol. Mex. 106: 1-123.
Can-Alonzo C.; Quezada-Euán, J.J.G.; Xiu-Ancona, P.; Moo-Valle, H.; Valdovinos-Nuñez, G. R.;
Medina-Peralta, S. (2005) Pollination of “criollo” avocados (Persea americana) and the behav-
ior of associated bees in subtropical México. J. Apic. Res. 44: 3-8.
Cauich, O.; Quezada-Euan, J.J.G.; Macias-Macias, O.; Reyes-Oregel, V.; Medina-Peralta, S.; Par-
ra-tabla, V. (2004) Behavior and pollination efficiency of Nannotrigona perilampoides (Hy-
menoptera: Meliponini) on greenhouse tomatoes (Lycopersicon esculentum) in subtropical
México. J. Econ. Entomol. 97(2): 475-481.
Revision of the interactions between phorid flies (Diptera: Phoridae) and stingless bees (Api-
dae: Meliponini), and control techniques.
Abstract
Phorid flies are one of the most important plagues of stingless bees. The majority of phorid
flies species (Megaselia scalaris and Pseudohypocera kertezsi) that attack stingless bees invade their
nests to oviposit in the pollen pots, in the cells with exposed larval food and in the garbage area. The
emerging larvae originated from these eggs nourish with the resources from the colony, leading to its
weakening and even to its destruction. Other species, such as from the genus Melaloncha, oviposit
directly in the workers and drones that are outside the nests, leading them to death, what makes them
parasitoids. However, the diversity and biology of phorid flies are poorly known. From the estimated
10,000 species that exist in the Neotropics, just 10% are known. Stingless beekeepers from several
regions from Brazil and from other locations from Americas use several techniques for the control of
phorids, based in its vast majority in traps containing vinegar. In this article are reviewed the main
aspects of phorid flies biology, and the effectiveness of traditional control techniques commonly used
by stingless beekeepers was tested. In colonies of Melipona fasciculata infected by phorid flies, three
phorid-traps were placed, one with red vinegar, the other with white vinegar and other with a mixture
3:1 of water and pollen of M. flavolineata. There was no significant difference between treatments,
but the phorid-traps based on pollen and water were ineffective in protecting the colony, because
phorid flies were able to oviposit in and the larvae were able to survive inside them.
Key-words: Phorid flies, Megeselia scalaris, Pseudohypocera kertezsi, Melaloncha spp., stin-
gless bees, acetic acid
Resumo
Os forídeos são uma das pragas mais importantes das abelhas indígenas sem ferrão. A maioria das
espécies de forídeos (e.g. Megaselia scalaris e Pseudohypocera kertezsi) que atacam abelhas sem ferrão,
invade seus ninhos para ovipositar dentro dos potes de pólen, nas células de cria com alimento larval ex-
posto e lixeira. As larvas originadas desses ovos então se alimentam dos recursos da colméia, levando ao
seu enfraquecimento e podendo até mesmo levá-lo a sua destruição. Outras espécies, como as do gênero
Melaloncha, ovipositam diretamente nas operárias e zangões que estejam fora dos ninhos, levando-os à
morte, sendo assim parasitóides. Entretanto, a diversidade e biologia dos forídeos são pouco conhecidas.
Do total estimado de 10.000 espécies existentes nos Neotrópicos, apenas 10% é conhecida. Meliponi-
cultores de várias regiões do Brasil e outras partes das Américas utilizam diversas técnicas artesanais de
controle de forídeos, baseados em sua grande maioria em armadilhas contendo vinagre. Neste artigo são
revisados os principais aspectos da biologia dos forídeos, e a eficiência de métodos de controle tradicional-
mente usados pelos meliponicultores foram testados. Em colônias de Melipona fasciculata que continham
forídeos, foram colocadas três caça-forídeos, um com vinagre tinto, outro com vinagre branco e outro com
uma mistura 3:1 de água e pólen de M. flavolineata. Não houve diferença significativa entre os tratamen-
tos, embora os caça-forídeos à base de pólen e água tenham se mostrado pouco eficientes por permitirem
que forídeos adultos ovipositassem neles e que as larvas de forídeos fossem capazes de sobreviver neles.
Introdução
Os forídeos (Diptera, Phoridae) são um dos grupos mais importantes de parasitas e parasitóides das
abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponini) nos Neotrópicos, causando a morte de muitas colméias e podendo
provocar dessa maneira muitos prejuízos aos meliponicultores (Nogueira-Neto, 1997; Alves et al., 2006).
O grupo ainda é muito pouco conhecido, e somente se conhece aproximadamente 10% do total
de espécies que existam (cerca de 10.000), de acordo com Brown (2005a).
Segundo Nogueira-Neto (1997) diversos gêneros de forídeos podem parasitar ou predar as co-
lônias de abelhas sem ferrão, como Aphiochaeta, Melaloncha, Melitophora Megaselia e Pseudohypo-
cera, além de Apocephalus altaviporous e A. apivorous, que parasitam ninhos de Trigona fulviventris
e T. dorsalis, respectivamente. (Brown, 1996, 1997). Além dessas espécies, Dohrniphora trigonae,
parasita ninhos de T. carbonaria na Austrália (Disney and Bartareau, 1995).
A amplamente distribuída P. kerteszi (foto em http://www.phorid.net/central_american_diptera/
diptera_central_america_image_pseudohypocera.html) é uma das maiores pestes de ninhos de abelhas
sem ferrão nas Américas Central e do Sul, além de também atacar ninhos de Apis mellifera (Robinson,
1981; Nogueira-Neto, 1997). Dentre os forídeos, esta é a espécie de maior ocorrência no Sul do Brasil, e
também na Amazônia (Nogueira-Neto, 1997). Os adultos desta espécie são pequenos, de 2,25 a 3,0 mm
de comprimento (ver revisão da sua morfologia e morfometria em Pereira, 2006). Os machos e fêmeas
são similares em aparência, sendo as fêmeas geralmente maiores (Robinson, 1981; Pereira, 2006).
O acasalamento das moscas adultas ocorre no ar, fora dos ninhos (Portugal-Araújo, 1977), em-
bora Pereira (2006, p. 30) sugira que machos possam entrar nos ninhos para procurar acasalar com as
fêmeas. A cópula também pode ocorrer em laboratório, com o tempo de acasalamento variando de 32
a 90 segundos (Chaud-Netto, 1980). As fêmeas adultas dessa espécie procuram entrar nos ninhos de
meliponíneos para ovipositar. Os adultos não causam danos diretos às colônias, mas as larvas se desen-
volvem se alimentando dos recursos da colméia, principalmente o pólen (Disney and Bartareau, 1995),
e quando alcançam altas densidades, podem matar as larvas das abelhas, para se alimentarem delas,
sendo nesse caso parasitas, embora sejam primariamente cleptoparasitas (Robroek et al., 2003b).
mochiras) nas abelhas halictídias Megalopta ecuadoria e M. genalis (Wcislo et al., 2004). O compor-
tamento de ataque registrado para as diferentes espécies de Melaloncha geralmente consiste na mosca
procurando inserir seu ovipositor (mantido curvado) na região da cabeça das abelhas atacadas, para
injetar seus ovos (Brown and Kung, 2006).
Uma revisão recente do grupo aumentou o número conhecido de espécies de 32 a 167, com
uma estimativa que existam de 200 a 300 espécies desse gênero (Gonzalez and Brown, 2004; Brown,
2005a; 2005b; Brown and Kung, 2006; Kung, 2008).
Brown & Kung (2006) fizeram uma revisão das espécies de abelhas sem ferrão atacadas pelas
diferentes espécies de Melaloncha, que são as seguintes: Leurotrigona muelleri, Partamona cupira,
Paratrigona ornaticeps, Plebeia frontalis, Plebeia. aff. jatiformis, Plebeia spp, Tetragona clavipes,
Tetragona sp., Tetragonisca angustula fiebrigi, Trigona corvina, T. fulviventris, T. setentrionalis, T.
silvestriana, Trigonisca atomaria, T. scabiosa e Trigonisca sp.
Neste trabalho foi testada a eficiência de técnicas de controle de forídeos tradicionalmente utilizadas no
Brasil, com dados obtidos em experimentos com a espécie Melipona fasciculata (tiúba ou uruçu-cinzenta).
Materiais e Métodos
Um dos métodos de controle de forídeos mais populares (além do uso de óleos de copaíba e
andiroba (Freire et al., 2006)), é a utilização de armadilhas internas à base de vinagre (ácido acético),
que denominaremos a partir de agora de “caça-forídeos”. Segundo Nogueira-Neto (1997, p. 375), esses
caça-forídeos foram idealizados pela Profa. Dra. Vera Lúcia Imperatriz-Fonseca por volta de 1994. Eles
consistem em pequenos tubos de vidro que se comunica com o exterior através de um funil de plástico
ou vidro ou através de uma abertura direta numa tampa de plástico. Segundo Nogueira-Neto (1997,
p. 375), o funil parece funcionar melhor que a abertura direta na tampa, embora não existam dados a
respeito da eficiência de cada abertura. A entrada do funil ou o buraco da tampa de plástico devem ser
suficientes para que o forídeo possa entrar, mas não as operárias. O caça-forídeo então é preenchido até a
metade (ou menos) com vinagre, cujo odor ácido parece atrair as moscas, que caem no líquido e morrem
(Nogueira-Neto, 1997). Além dos tubos de vidro, podem ser usados também frascos de exames labora-
toriais, ou frascos de filmes fotográficos vazios, que funcionam tão bem quanto os tubos de vidro.
Tradicionalmente, utiliza-se vinagre tinto para compor o caça-forídeo, pois se acredita que ele
tenha uma maior atratividade que o vinagre branco. Entretanto, não existe nenhum dado que compro-
ve a maior eficiência do vinagre tinto em detrimento do vinagre branco. Alguns meliponicultores da
região Amazônica, por pouco acesso a vinagres e ao custo extra que ele traria à sua prática, preferem
usar uma mistura de pólen da própria colônia com água ao invés do vinagre.
Para avaliar a eficiência de cada tipo de armadilha,foram feitos experimentos (ainda em anda-
mento) com a espécie M. fasciculata no Campus experimental da Embrapa Amazônia Oriental, em
Belém (PA), iniciados em julho de 2007. Caso fosse constatada a presença de forídeos em colônias
da espécie estudada (através de inspeções rotineiras), três caça-forídeos eram colocados nas colônias.
Um dos frascos continha vinagre tinto comercial (acidez volátil 4,4%, conforme fabricante), outro
vinagre branco (acidez volátil 4,0%, conforme fabricante), da mesma marca, e o outro continha uma
mistura 3:1 de água e pólen de M. flavolineata que tínhamos armazenado em refrigerador. As arma-
dilhas foram deixadas dentro das colméias (próximo à tampa) durante 7 dias, pois muitas vezes as
operárias tampavam a entrada do frasco com resina e cerume. Foram usados caça-forídeos com uma
abertura direta na tampa, sem funil nesse experimento. Após o período de coleta, as armadilhas eram
retiradas e o número de forídeos era contado, discriminando entre sexo e espécie.
Resultados
A espécie mais freqüente nos ninhos foi a P. kertezsi, seguida da M. scalaris, com uma pre-
dominância de fêmeas em ambas as espécies (Tabela 1). Não houve diferença significativa entre os
tratamentos tanto para a P. kertezsi (Kruskal-Wallis: H =1,72; G.L.=2; N= 51; P =0,42, Figura 1),
quanto para a M. sacalaris (Kruskal-Wallis, H =2,26; G.L.=2; N= 51; P =0,32, Figura 2) embora os
caça-forídeos à base de pólen e água tenham se mostrado pouco eficientes. Isso se deu porque, embo-
ra elas tenham capturado forídeos adultos, as fêmeas puderam botar seus ovos no líquido, e as larvas
permaneceram vivas dentro do frasco até o momento da sua retirada das colméias. Muitas dessas
armadilhas à base de pólen e água também acabaram propiciando um ambiente para a proliferação de
fungos, devido às condições quentes e úmidas das colônias.
Figura 2 - Média de fêmeas de Megaselia scalaris capturadas dentro de colônias de Melipona fas-
ciculata através de caça-forídeos contendo vinagre tinto ou vinagre branco ou uma mistura 3:1 de água e
pólen de Melipona flavolineata. As letras iguais acima dos eixos indicam não haver diferenças significa-
tivas entre os caça-forídeos (teste de Kruskal-Wallis). EP = Erro Padrão e DP = Desvio Padrão).
Discussão
Os resultados mostram que não existe diferença significativa entre os caça-forídeos contendo
vinagre tinto ou branco, embora os experimentos ainda estejam em andamento. Também existe a
possibilidade de serem feitos ensaios com ácidos acéticos de diferentes concentrações, mas para o
meliponicultor comum, muitos deles agricultores familiares, com pouco acesso a materiais caros, as
armadilhas à base de vinagre são mais acessíveis e práticas. Os caça-forídeos à base de pólen e água
se revelaram pouco eficientes e é desaconselhável o seu uso, por permitirem a oviposição dos forídeos
e por serem um meio para a proliferação de fungos dentro das colméias.
Agradecimentos
Agradecemos ao Dr. Brian Brown (Natural History Museum of Los Angeles County, EUA) e ao
Dr. Henry Disney (Cambridge University Museum of Zoology, Reino Unido) pela ajuda com a iden-
tificação dos forídeos e pela bibliografia oferecida, e ao CNPq pela bolsa de pesquisa concedida ao
primeiro autor (Processo 553390/2006-6).
Referências
Alves RMO, et al. (2006) Criação de abelhas nativas sem ferrão (Hymenoptera: Apidae): autosus-
tentabilidade na comunidade de Jóia do Rio, município de Camaçari, Estado da Bahia. Magis-
tra 18: 221-228.
Borgmeier T (1930) Zur Morphologie und Biologie von Pseudohypocera nigrofascipes Borgmeier &
Schmitz. Zool. Anz. 90: 92-104.
Brown BV (1996) A further species of Apocephalus, sungenus Mesophora (Diptera, Phoridae) para-
sitic on stingless bees (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Studia Dipterologica 3: 231-235.
Brown BV (1997) Parasitic phorid flies: a previously unrecognized cost to aggregation behavior of
male stingless bees. Biotropica 29: 370-372.
Brown BV (2005a) Malaise trap catches and the crisis in Neotropical dipterology. Am. Entomol.
51: 180-183.
Brown BV (2005b) Revision of the Melaloncha (M.) furcata-group of bee-killing flies (Diptera:
Phoridae). Insect Systematics & Evolution 36: 241-258.
Brown BV; Kung G-A (2006) Revision of the Melaloncha Ungulata-group of bee-killing flies (Dip-
tera: Phoridae). Contrib. Sci. (Los Angel.) 507: 1-31.
Brues CT (1928) Some Colombian Phoridae from the nests of stingless bees. Psyche (Stuttg).
35: 134-137.
Chaud-Netto J (1980) Biological studies on Pseudohypocera kerteszi (Phoridae, Diptera). Experien-
tia 36: 61-62.
Disney RHL (1994) Scuttle Flies: The Phoridae. Chapman & Hall; London, pp.
Disney RHL (2008) Natural History of the Scuttle Fly, Megaselia scalaris. Annu. Rev. Entomol. 53: 39-60.
Disney RHL; Bartareau T (1995) A new species of Dohrniphora (Diptera: Phoridae) associated with
a stingless bee (Hymenoptera: Apidae) in Australia. Sociobiology 26: 2292-239.
Freire DdCB; Brito-Filha CRdC; Carvalho-Zilse GA (2006) Efeito dos óleos vegetais de andiroba
(Carapa sp.) e Copaíba (Copaifera sp.) sobre forídeo, pragas de colméias, (Diptera: Phoridae)
na Amazônia Central. Acta Amazonica 36: 366-368.
Gonzalez L; Brown BV (2004) New species and records of Melaloncha (Udamochiras) bee-killing
flies (Diptera: Phoridae). Zootaxa 730: 1-14.
Kerr WE (1996) Biologia e manejo da tiúba: a abelha do Maranhão. EDUFMA; São Luís, 156 pp.
Kung G-A (2008) Two New Species of the Melaloncha ungulata Group of Bee-Killing Flies (Diptera:
Phoridae). Sociobiology 51: 491-496.
Macieira OJD; Chaud-Netto J; Zanon AM (1983) Oviposition rate and relative viability of descend-
ants from couples of Megaselia scalaris (Diptera: Phoridae) reared in different experimental
conditions. Rev. Bras. Biol. 43: 223-228.
Moretto G (2000) Treatment against the forid fly Pseudohypocera kerteszi in Melipona quadrifas-
ciata Lep. Acta Scientiarum 22: 651-653.
Nogueira-Neto P (1997) Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. Editora Nogueirapis; São
Paulo, 445 pp.
Pereira CD (2006) Atividade sazonal e morfometria de forídeos (Diptera: Phoridae) e seus para-
sitóides em colméias da Tribo Meliponini (Hymenoptera: Apidae) na Amazônia. Doctoral Th-
esys. Instituto de Pesquisa da Amazonia/Universidade Federal do Amazonas; 152 pp.
Portugal-Araújo Vd (1977) Contribuição para o conhecimento da biologia de Pseudohypocera
kerteszi (Enderlein, 1912), seu acasalamento e captura (Diptera, Phoridae). Acta Amazonica
7: 153-155.
Prado APd (1976) Records and descriptions of phorid flies, mainly of the Neotropical Region (Dip-
tera; Phoridae). Studia Entomologica 19: 561-609.
Robinson GE (1981) Pseudohypocera kertezsi (Enderlein) (Diptera: Phoridae), a pest of the honey
bee. Fla. Entomol. 64: 456-457.
Robroek BJM; de Jong H; Sommeijer MJ (2003a) The behaviour of the kleptoparasite, Pseudohy-
pocera kertezsi (Diptera, Phoridae), in hives of stingless bees (Hymenoptera, Apidae) in Cen-
tral America. Proc. Sect. Exp. Appl. Entomol. Neth. Entomol. Soc. (N.E.V.) 14: 65-70.
Robroek BJM; de Jong H; Sommeijer MJ (2003b) The development of Pseudohypocera kertezsi
(Diptera, Phoridae), a kleptoparasite in nests of stingless bees (Hymenoptera, Apidae) in Cen-
tral America. Proc. Sect. Exp. Appl. Entomol. Neth. Entomol. Soc. (N.E.V.) 14: 71-74.
Salt G (1929) A contribution to the ethology of the Meliponinae. Trans. R. Entomol. Soc. Lond.
77: 431-470.
Wcislo WT, et al. (2004) The evolution of nocturnal behaviour in sweat bees, Megalopta genalis and
M. ecuadoria (Hymenoptera: Halictidae): an escape from competitors and enemies? Biol. J.
Linn. Soc. Lond. 83: 377-387.
Abstract
Nectar production potential of the assai tree (Euterpe oleracea Mart. - Arecaceae)
in western Amazon
The assai tree is a typical palm from the Amazon region, important for the diet and economy of
human populations of the Amazon estuaries. In the Amazon region, E. oleracea blossom and fructify
almost during the entire year. However, differently from what happens with the vast majority of the
plants of the region, E. oleracea blossoms more intensely in the raining period of the year, making
it an important source of nectar and pollen for native bees, especially in periods of food shortage.
The present work, performed in Belém, PA, Brazil, evaluated the volume and percentage of sugar
contained in the flowers, the number of female and male flowers produced by inflorescence and the
number of inflorescences produced by year. Volume was measured with microcapillaires, and the
percentage of sugar was measured using a portable refractometer adapted to small samples. The vol-
ume of nectar per male and female flowers was 1.84µl and 1.4µl, respectively. The sugar percentage
in male and female flowers was 46.9% and 53%, respectively. Each stem produces, in average, six
inflorescences by year. In a monoculture plantation of the assai palm, the space between shrubs is 5x5
meters, resulting in 400 shrubs by hectare. In each shrub, there are four stems, totalizing 1,600 stem
and 9,600 inflorescences per hectare. The total volume of nectar produced, by year, in these condi-
tions is 999.11 liters/ha, which for Melipona flavolineata, totalize 763.75 liters of honey by year,
since its honey has 64.1% of sugar. For M. fasciculata, which honey has 73.89% of sugar, we estimate
a production of 662.46 liters of honey by year.
Introdução
O açaízeiro é uma típica palmeira do estuário amazônico, muito importante na dieta e econo-
mia das populações tradicionais da região, em especial das populações ribeirinhas. Segundo o IBGE
(2007) o açaizeiro é o mais importante produto florestal não madeireiro do Brasil; somente com seus
frutos (desta planta também se extrai palmito, largamente exportado) foram obtidos R$ 103,2 milhões
em 2006, correspondendo à cerca de 20% de toda economia gerada neste setor.
Na Amazônia Oriental o açaizeiro flora e frutifica quase o ano todo, contudo, ao contrário do
que acontece com a maioria das plantas da região, o açaizeiro floresce mais intensamente no período
de maior intensidade das chuvas, que nas proximidades de Belém corresponde aos meses de março
a junho (Jardim, Kageyama, 1994a; Jardim, Kageyama, 1994b; Oliveira, 2002). Isso faz desta planta
uma importante fonte de néctar e pólen para as abelhas nativas, especialmente em períodos em que
normalmente existe escassez destes recursos.
O açaizeiro é altamente dependente de polinização cruzada, é auto-incompatível e possui flores mas-
culinas e femininas sendo ofertadas em períodos distintos em um mesmo indivíduo (Venturieri 2008).
Nos últimos anos, apoiada por projetos que visam o desenvolvimento sustentável da Amazônia,
a meliponicultura cresceu, sendo hoje praticada em caixas de criação padronizada que facilitam tanto
o manejo como a coleta higiênica e ágil dos produtos da colméia. Contudo, o conhecimento sobre
a flora apícola da região é restrito, se comparado com a diversidade existente na região (Oliveira
2003; Venturieri e Fernandes, 2003). Sem este conhecimento a sustentabilidade da meliponicultura
fica comprometida, impossibilitando um melhor rendimento da atividade e o consórcio com culturas
agrícolas autóctones.
Este trabalho faz uma estimativa da capacidade de produção de mel por duas espécies de abe-
lhas indígenas sem ferrão, Melipona fasciculata e M. flavolineata, introduzidas em um plantio comer-
cial de açaizeiro. O potencial produtivo foi obtido indiretamente com base nos dados quantitativos de
florescimento, volume de néctar e concentração de açucares.
Material e métodos
A contagem das flores e inflorescências e medições do néctar foram tomadas nos campos de
pesquisa da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, Brasil, utilizando-se indivíduos adultos
com cerca de 10 anos de idade. Avaliou-se a biologia floral com especial referência ao fluxo, volume
e teores de açúcares contidos no néctar. Avaliou-se também o número de flores ♂ e ♀ emitidas por
inflorescência e o número de inflorescências emitidas por ano. As inflorescências, ou ráquilas, foram
isoladas com sacos plásticos microperfurados. Esta prática foi utilizada a fim de proteger as flores da
ação de visitantes em busca de néctar. O volume foi medido com o auxílio de microcapilares de 1µl
e o teor de açúcares (ºBx) com refratômetro portátil Bellingham & Stanley) adaptado para pequenas
amostras. Neste caso eram utilizados microcapilares de 2 µl.
O volume e a concentração de açúcares, em flores ♂, foi avaliada em intervalos de 30 minu-
tos, começando às 9:30 h, quando as flores abriam, até as 12:30 h, quando as flores se desprendiam
das ráquilas. No caso de flores ♀, as medições começaram às 9:00 h e se estenderam até as 14:00
h, intervalo de tempo em que estas flores permaneciam ativas, secretando pequenas quantidades de
néctar. Para a medição do volume individual de cada flor, devido ao pouco néctar disponível, foram
utilizadas diversas flores em um mesmo horário, escolhidas aleatoriamente até completar 2 µl. Para
o cálculo do volume do néctar contido na flor, dividiu-se o volume total obtido pelo número de flores
utilizadas nas amostras.
O comportamento de coleta dos visitantes florais foi observado diretamente. Amostras de abelhas
foram coletadas, identificadas e depositadas na coleção de abelhas da Embrapa Amazônia Oriental.
Resultados e discussão
Figura 1 - Fluxo de néctar ao longo do dia em flores masculinas e femininas de açaizeiro (Eu-
terpe oleracea – Arecaceae).
Segundo Nogueira et al. (2005) cada estipe dá, em média, seis inflorescências por ano, e se-
gundo estes mesmos autores, em um plantio comercial do tipo solteiro, com o espaçamento entre
touceiras de 5 m x 5 m, são cultivadas 400 touceiras por hectare. Se em cada touceira forem deixados
quatro estipes, ter-se-ia 1.600 estipes e 9.600 inflorescências por hectare. O volume total estimado de
néctar produzido por ano, nestas condições, seria de 999,11 litros/ha, o que para méis de Melipona
flavolineata daria um potencial de produção de até 763,75 litros, considerando que seu mel apresenta
64,1% de açucares totais (Venturieri et al. 2007).
Para M. fasciculata, onde o teor de açucares totais em seu mel é de 73,89 % (Venturieri et al.
2007), estima-se uma capacidade de produção de 662,46 litros de mel. Diversos Apoidea foram ob-
servados nas inflorescências coletando néctar e/ou pólen, incluindo M. fasciculata (Figura 2a) e M.
flavolineata (Figura 2b).
Figura 2. Visitantes florais do açaizeiro (Euterpe oleracea – Arecaceae) coletando néctar e pólen
em Belém, PA. a. uruçu-amarela (Melipona flavolineata); b. uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata).
Desse modo, o açaizeiro tem um grande potencial para a meliponicultura, especialmente para
as espécies M. fasciculata e M. flavolineata, que podem explorar o grande potencial de produção de
néctar desta planta. Diversos outros fatores também indicam seu potencial, como: uma floração mais
intensa nos períodos mais chuvosos do ano, quando outras plantas não floram, além de uma floração
num horário (entre 9:30 h e 14:00 h) quando a intensidade das chuvas é menor na região de Belém.
Desse modo, em programas de produção integrada, o consórcio entre meliponíneos e esta im-
portante fruteira amazônica é uma boa oportunidade para o melhor aproveitamento dos recursos
naturais da região Amazônica.
Agradecimentos
Este trabalho recebeu o apoio financeiro do Global Environment Facility – GEF, Projeto de
Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO/Ministério do
Meio Ambiente – MMA e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Ao Dr. Felipe Contrera pelas valorosas sugestões.
Bibliografia
Abstract
The majority of stingless bees nest in hollows of trees, alive or dead. The Meliponini nests were
looked for from July/2006 to November/2007 in a cerrado area at Balsas-MA Brazil (07° 42’ 58.5” S
and 46° 11’ 19.8” W), numbered and mapped with the aid of a GPS receiver. Nest characteristics like its
height above the ground, stem diameters at breast height (DBH) of the trees and or branches diameters
were annotated, as soon as the popular name of floral species, where the nests were found. A total of 110
stingless bee nests of 22 species were located. Among those, Scaptotrigona was the most abundant genus
(36.4% of nests), followed by Frieseomellita (16.4%) and Oxytrigona (12.7%). The bees known as “tubi”
(two belonging to Scaptotrigona genus), “tataíra” (Oxytrigona), “mané-de-abreu” (Frieseomellita flavi-
cornis), “borá” (Tetragona quadrangula) and “jataí” (Tetragonisca angustula) were the most common
species. The nests were found mainly in main trunks and branches of “sucupira-amarela” (Pterodon aff.
polygalaeflorus - Fabaceae), “pequi” (Caryocar brasiliense - Caryocaraceae) and “puçá” (Mouriri gran-
diflora - Melastomataceae). Trees with larger diameter of the main trunk and bigger hollows were pref-
erentially selected by bigger bees, like “uruçu” species (Melipona flavolineata) and “tiúba” (Melipona
fasciculata), both not so abundant in the Maranhao cerrado anymore.The stingless bees from Maranhão
cerrado nest in some tree species with hollows in their trunks, but the enviroment destroyed by human
action has been slowing down the nesting places and threatening these important insects.
Introdução
O Maranhão abriga uma grande variedade de ecossistemas, como as florestas, cerrados, rest-
ingas e manguezais, com floradas freqüentes e abundantes, que proporcionam uma diversidade de
nichos para as abelhas.
Muitas espécies de plantas nestes ambientes servem de abrigo para as abelhas construírem seus
ninhos. No cerrado, por exemplo, ninhos de abelhas sem ferrão, Meliponini, têm sido localizados,
principalmente, em cavidades pré-existentes de árvores vivas ou mortas (Rêgo & Brito, 1996 a, b;
Rêgo et al, 2007; Rêgo et al, 2008).
Essas abelhas também constroem ninhos expostos, subterrâneos, no interior de ninhos ativos ou
abandonados de outros animais, como cupins, formigas e pássaros; também aproveitam construções
humanas – postes, tubulações, paredes – para instalar seus ninhos (Schwarz, 1948; Kerr et al., 1967;
Camargo, 1970, 1994; Nogueira-Neto, 1970; Wille & Michener, 1973; Wille, 1983; Almeida & La-
roca, 1988; Rêgo & Brito, 1996 a; Barreto & Castro, 2006; Roubik, 2006).
Embora não haja relatos conclusivos que atestem a vulneralidade dos Meliponini à frag-
mentação dos habitats, considerando que a grande maioria, constrói seus ninhos nos troncos das
árvores (Camargo, 1970; Rêgo & Brito, 1996 a; Antonini & Martins, 2003; Martins et al., 2004;
Camargo & Pedro, 2007) esta hipoótese deve ser avaliada. A freqüente extração da madeira quer
seja pelo corte, derrubada ou queima, nas áreas de cerrados já bastante modificadas, impede que as
populações destas espécies se mantenham numerosas. Pequenas áreas de recursos florais também
são insuficientes para a conservação de suas colônias. O processo de desmatamento e a expansão de
fronteiras agrícolas têm reduzido a riqueza e abundância dos Meliponini (Viana & Melo, 1987), o
que contribui para a sua extinção localizada. A endogamia é também outro fator a ser considerado.
Segundo Kerr & Vencovsky (1982) é necessário um número mínimo, de 44 colônias, na área de
reprodução a fim de se evitar o problema. Esses efeitos negativos já são perceptíveis em muitas
localidades pelo rareamento de espécies, em condições naturais, principalmente as do gênero Me-
lipona, em áreas antes, comumente amostradas.
No Maranhão são conhecidas cerca de 57 espécies de abelhas sem ferrão (Rebelo et al., 2006),
mas a grande maioria não produz mel indicado para o consumo humano ou em quantidade suficiente
para o aproveitamento comercial. As espécies criadas para este fim no Estado são a tiúba (Melipona
fasciculata Smith) e a uruçu (Melipona flavolineata Friese). Para a produção de própolis, a tubi
(Scaptotrigona postica (Latreille)). Outras espécies no Brasil são também utilizadas: Melipona sub-
nitida Ducke (no Ceará), M. crinita Moure & Kerr, e M. seminigra Friese (na Amazônia), M. scutel-
laris Latreille (no nordeste até o sul da Bahia) e M. quadrifasciata Lepeletier (Minas Gerais, São
Paulo e Paraná). Os Meliponini estão sendo ultizados também para a polinização de cultivares de
importância econômica, como a Melipona quadrifasciata na polinização do tomate (Del Sarto et al.
2005) e M. subnitida, do pimentão (Cruz et al. 2004).
O uso de abelhas sem ferrão para fins de comercialização de seus produtos é uma atividade já
algum tempo difundida, mas sua criação para fins de repovoamento de espécies pouco abundantes,
conservação e polinização é recente, e em alguns Estados brasileiros ainda muito incipientes. Soma-
se a isto, os efeitos negativos da destruição dos habitats sobre a comunidade de abelhas e seus hospe-
deiros florais, cada vez mais freqüentes e na maioria dos casos irreversíveis. Algumas áreas no Estado
do Maranhão, por exemplo, onde já foram realizados inventários de abelhas estão completamente
destruídas. É o caso dos cerrados no município de Chapadinha (Rêgo, 1998) que revelou uma grande
abundância de abelhas sem ferrão, e áreas de floresta como no município de Buriticupu (Rebelo et al.,
2006) onde foram amostradas inclusive espécies, até então não descritas para o Estado.
Embora seja relatado que as abelhas sem ferrão, especialmente as do gênero Melipona utilizam
determinadas espécies florais para a construção de seus ninhos (Martins & Antonini, 2003; Rêgo &
Brito, 1996 a; Rêgo et al., 2008) e aparentemente, espécies menores de Meliponini sejam consideradas
oportunistas quanto ao local de fundação dos ninhos, dependendo mais da disponibilidade dos recursos
florais e de sua própria capacidade de adaptar-se ao meio, há poucos trabalhos que confirmem ou re-
futem esses comportamentos. Trabalhos sobre inventários e distribuição de ninhos também são escas-
sos, podendo-se citar os estudos de Hubbell & Jonhson (1977); Roubik (1979, 1983), Taura & Laroca
(1991), Oliveira et al. (1995) Rêgo & Brito (1996 a); Barreto & Castro (2006) e Eltz et al. (2006).
Assim sendo, este estudo foi elaborado para responder as seguintes questões: Que espécies de
Meliponini residem no sítio de estudos? As espécies de Meliponini discriminam espécies arbóreas para
a fundação de seus ninhos? As espécies de Melipona selecionam espécies arbóreas com diâmetros mais
espaçosos para nidificar? Os ninhos de Meliponini estariam agregados uns aos outros? A exploração do
mel de abelhas sem ferrão, na área de estudos, estaria afetando a manutenção dos ninhos? O freqüente
manuseio de árvores de troncos mais espaçosos, na área de estudo, estaria afetando a fundação de ninhos,
dessas espécies? As espécies arbóreas onde as abelhas constroem seus ninhos são também suas fontes de
recursos florais? Que espécies de abelhas devem ser selecionadas para criação, na área de estudo?
Material e Métodos
Este trabalho foi conduzido de julho/ 2006 a novembro/ 2007 em uma área de cerrado, no pov-
oado de Santa Luzia, município de Balsas, sul do Maranhão (07° 42’ 58.5” S e 46° 11’ 19.8” W). Esta
área sofre intensa pressão ambiental devido à implantação de grandes projetos agrícolas e florestais,
mas ainda, com atividades extrativistas e a degradação (principalmente o fogo) causada pela popu-
lação circunvizinha que sobrevive dos seus recursos naturais. Fortalecer as comunidades da região é
o primeiro passo no sentido de minimizar as pressões antrópicas neste importante ecossistema. Estas
formações de Cerrado apresentam grande heterogeneidade ambiental e elevada biodiversidade, sendo
consideradas como “áreas de altíssima prioridade para a preservação” (vide “Hotspots da biodiver-
sidade”- Conservação Internacional).
Os ninhos de abelhas foram devidamente numerados e sua localização determinada pelo Sistema
de Posicionamento Global (GPS). Características como altura da entrada do ninho em relação ao solo,
diâmetro do tronco das árvores na altura do peito (DAP) e diâmetro dos galhos com ninhos fundados
foram anotados, assim como o nome popular das espécies florais, hospedeiras dos ninhos.
Os carregamentos polínicos das corbículas e dos potes de armazenamento de pólen de algumas
colônias selecionadas para criação foram submetidos ao processo de acetólise de Erdtman (1966); as
lâminas de pólen estão sendo analisadas por especialistas, com o auxílio da palinoteca referência das
plantas inventariadas na mesma área, e com àquelas do Museu Goeldi.
Para a implantação do Meliponário a metodologia utilizada foi a coleta de ninhos e sua transferência
para caixas racionais, que a princípio ficavam expostas no beiral das casas dos moradores, para finalmente
serem disponibilizadas no Meliponário coletivo, construído no sítio de estudos. Posteriormente foram re-
alizadas algumas divisões de colônias fortemente estabelecidas. As colônias divididas (colônias matrizes)
forneceram elementos (favos, abelhas, potes de pólen e mel, etc.) para a formação das colônias filhas. As
colônias foram alimentadas com xarope de açúcar, para acelerar o crescimento e as caixas (Modelo Em-
brapa) vedadas com fita gomada, após cada revisão. Ninhos de abelhas localizados em locais altos, como
galhos de árvores também foram coletados para compor a lista das espécies que residem na área. Foram
integrados ao Projeto moradores da própria comunidade. Para isto, o Lea - Laboratório de Estudos sobre
Abelhas/UFMA, juntamente com a EMBRAPA Amazônia Oriental ministraram treinamentos: cursos, pal-
estras e aulas práticas de campo que foram efetuadas ao longo do projeto nas dependências da comunidade
em locais com infra-estrutura pronta, que facilitou a execução das atividades.
Resultados
Foram amostrados 110 ninhos de 22 espécies de Meliponini dentre os quais, 39% estavam
agregados a outros ninhos de abelhas sem ferrão; a maioria dos ninhos (61%) encontrava-se isolado.
Do total de ninhos amostrados, apenas três (2,7%) eram de Melipona, sendo um de tiúba, Melipona
fasciculata e dois de uruçu, Melipona flavolineata (Tabela 1). Esses ninhos foram amostrados em
troncos de jatobá (Hymenaea sp.- Fabaceae), folha larga (Salvertia convallariodora - Vochysiacae) e
capitão do campo (Terminalia sp. - Combretaceae) respectivamente, e estavam isolados dos demais
ninhos de Meliponini, também inventariados.
2006 2007
Meses jul ago set out jan fev mai nov total
Total 20 18 10 16 7 14 17 8 110
Frieseomellita flavicornis (Fabricius) 1 5 0 4 0 6 1 0 17
Frieseomellita sp. 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Lestrimellita limao (Smith) 0 2 0 0 1 1 0 1 5
Melipona fasciculata Smith 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Melipona flavolineata Friese 0 1 0 0 0 0 0 1 2
Oxytrigona tataíra Smith 4 2 3 1 0 1 3 0 14
Partamona ailyae Camargo 1 0 1 2 0 0 1 0 5
Partamona sp. 1 0 1 0 0 1 2 0 5
Scaptotrigona sp. 8 7 2 7 1 1 6 5 37
Scaptotrigona sp1. 1 1 0 1 0 0 0 0 3
Tetragona quadrangula (Lepeletier) 1 0 1 1 0 1 0 0 4
Tetragona dorsalis (Smith) 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Tetragona sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Tetragona sp1. 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Tetragonisca angustula (Latreille) 0 0 1 0 1 0 0 1 3
Trigona amazonensis (Ducke) 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Trigona fulviventris Guérin 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Trigona pallens (Fabricius) 1 0 0 0 1 1 1 0 4
Trigona spinipes (Fabricius) 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Trigona sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Trigona sp.1 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Trigona sp.2 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Figura 1 - Substratos mais utilizados pelos Meliponini para nidificação, no cerrado de Balsas-
MA, Brasil.
Tabela 2 - Espécies de abelhas, substratos arbóreos, com ninhos, e suas medidas (Diâmetro na
altura do peito-DAP; e altura) inventariados no cerrado de Balsas, MA.
Os resultados da Análise multivariada/ regressão mútipla realizada entre as espécies de abelhas e o sub-
strato com ninhos fundados, e as medidas: DAP, altura e largura das espécies vegetais, mostraram que há cor-
relação entre as espécies de abelhas e a largura do substrato (R = 0,20; R2 = 0,04; p = 0,04; tolerância < 0,05).
Na área específica de estudos e em áreas adjacentes não havia até então, a criação racional de
abelhas (meliponicultura); quando ocasionalmente eram encontrados ninhos de Melipona (tiúba ou
de uruçu) o mel era retirado de forma predatória, o que ao longo do tempo, contribuiu para a diminu-
ição das populações dessas espécies no sítio de estudos. Outro fator também a ser considerado é o
freqüente corte de madeira na localidade o que impede ou retarda o crescimento das árvores deixan-
do-as pequenas e com os troncos finos, pouco espaçosos (vegetação com aspecto de “cerrado novo”)
e, portanto, não utilizado para a fundação de ninhos por espécies maiores de Meliponini.
Além de tiúba e uruçu, também foram selecionados para criação as espécies de tubi (Scap-
totrigona sp.), jataí (Tetragonisca angustula) e mané de abreu (Frieseomellita flavicornis). Estas
abelhas compõem a coleção (meliponário) e estão sendo utilizadas para fins de pesquisa e exem-
plificação da biodiversidade local. O povoado de Santa Luzia (Balsas-MA) dispõe de um balneário
aberto ao público, às margens do Rio Balsas, que a comunidade utiliza como turismo ecológico; o
meliponário estabelecido integra-se a esta alternativa de sustentabilidade.
Um total de 25 ninhos compõe o Meliponário da comunidade de Santa Luzia, no cerrado, Balsas-
MA. Estes estão sendo desmembrados até atingir um total de 40 ninhos em caixas racionais. A manuten-
ção e a multiplicação do meliponário ficou a cargo da comunidade que recebeu treinamento para tanto.
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
Almeida, MC; Laroca, S (1988). Trigina spinipes (Apidae, Meliponinae): taxonomia, bionomia e
relações tróficas em áreas de restinga. Acta. Biol. Par., 17: 67-108.
Antonini, Y; Martins, RP (2003). The value of a tree species (Caryocar brasiliense) for a stingless bee
Melipona quadrifasciata quadrifasciata. J. Ins.Cons. 7: 167-174.
Barreto, LS; Castro, MS (2007). Ecologia de nidificação de abelhas do gênero Partamona (Hymenop-
tera: Apidae) na caatinga, Milagres, Bahia. Biota Neotropica, 7(1): 137-142.
Camargo, JMF (1970). Ninhos e biologia de algumas espécies de meliponíneos (Himenóptera: Api-
dae) da região de Porto Velho, território de Rondônia, Brasil. Rev. Biol. Trop., 16(2): 207-239.
Camargo, JMF (1994). Biogeografia de meliponini (Himenoptera: Apidae, Apinae): a fauna amazôni-
ca. In: Anais do 1° Encontro Sobre Abelhas de Ribeirão Preto, pp.46-59.
Camargo, JMF; Pedro, SRM (2007). Notas sobre a bionomia de Trichotrigona extranea Camargo &
Moure (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). Rev. bras. Ent. 51(1): 72-81.
Cruz, DO; Freitas, BM; Silva, LA; Silva, EMS & Bomfim, IGA. (2004) Adaptação e comportamento de pas-
tejo da abelha jandaíra (Melipona subnitida Ducke) em ambiente protegido. Acta Sci. 26: 293-298.
Del Sarto, MCL; Peruquetti, RC & Campos, LAO (2005). Evaluation of the Neotropical stingless
bee Melipona quadrifasciata (Hymenoptera: Apidae) as pollinator of greenhouse tomatoes. J.
Econ. Entomol. 98: 260-266.
Eltz, T; Brühl, CA (2002). Determinants of stingless bee nest density in lowland dipterocarp forests
of Sabah, Malaysia. Oecologia, 131: 27-34.
Erdtman, G (1966). Pollen morphology and plant taxonomic. Stockholm, Almqvist & Wilsell.
Hubbell, SP; Johnson, L (1977). Competition and spacing in a tropical stingless bees community.
Ecology, 58: 949-963.
Kerr, WE; Sakagami, SF; Zucchi, R; Portugal-Araujo, V; Camargo, JMF (1967). Observação sobre
a arquitetura dos ninhos e comportamento de algumas espécies de abelhas sem ferrão das vizi-
nhanças de Manaus, Amazonas (Himenoptera: Apoidea). Simpósio sobre a Biota Amazônica,
Zoologia, 5: 255-309.
Kerr, WE; Vencovsky, R (1982). Melhoramento Genético em Abelhas. Efeito do Número de Colônias
Sobre o Melhoramento. Rev. Brasil.Genética. 5(2): 279-285.
Martins, CF; Cortopassi-Laurino, M; Koedam, D; Imperatriz-Fonseca, VL (2004). Tree species used
for nidification by stingless bees in the brazilian caatinga (Seridó, PB; João Câmara, RN). Biota
Neotropica, 4(2): 1-8.
Nogueira-Neto, P (1970). A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª. ed.
Tecnapis, 365pp.
Oliveira, ML; Morato, EF; Garcia, MVB (1995). Diversidade de espécies e densidade de ninhos de
abelhas sociais sem ferrão (Himenóptera, Apidae, Meliponinae) em floresta de terra firme na
Amazônia Central. Revta. Bras. Zool., 12(1):13-24 .
Rebêlo, JMM; Rêgo, MMC.; Albuquerque, PMC (2003). Abelhas (Hymenoptera, Apoidea) da regiao seten-
trional do Estado do Maranhao, Brasil. In: G.A.R. Melo; I. Alves-dos-Santos. (Org.). Apoidea Neotropi-
ca: Homenagem aos 90 Anos de Jesus Santiago Moure. Criciuma: UNESC, v. 1, p. 265-278.
Rêgo, MMC & Brito C (1996ª). Abelhas (Apidae, Meliponini) em um ecossistema de cerrado s.l.
(Chapadinha-MA): distribuição de ninhos In: Anais do II Encontro de sobre Abelhas. Re-
sumos... Ribeirão Preto, SP, v.2, p.238-247.
Rêgo, MMC & Brito, C (1996b). Meliponíneos (Hymenoptera, Apidae) em um ecossistema de cer-
rado s. l. (Leste do Maranhão, Br.) In: Anais do II Encontro sobre Abelhas. Resumos... Ribeirão
Preto, SP, v.2, p.278.
Rêgo, MMC (1998). Abelhas silvestres (Hymenoptera, Apoidea) em um ecossistema de cerrado s.l
(Chapadinha-MA, Brasil): uma abordagem biocenótica. Ribeirão Preto. Tese (Doutorado).
Universidade de São Paulo.
Rêgo, MMC; Albuquerque, PMC; Ramos, MC. & Mendes, FN (2007). Abelhas do cerrado s. l. dos
“Gerais de Balsas”. In: Cerrado Norte do Brasil (Barreto, L. org.). USEB, Pelotas, 157-163.
Rêgo, MMC; Albuquerque, PMC; Venturieri GC (2008). Menos Locais para ninhos. Ciência Hoje 247: 50-51
Roubik, D (1979). Nest and Colony Characteristics of Stingless Bees from French Guiana (Himenóptera:
Apidae). J. Kansas Entomol. Soc., 52 (3):443-470
Roubik, D (1983). Nest and Colony Characteristics of Stingless Bees from Panamá (Himenóptera:
Apidae). J. Kansas Entomol. Soc., 56 (3):327-355
Roubik, D (2006) Stingless bee nesting biology..Apidologie, 37: 124-143.
Taura, HM; Laroca, S (1991). Abelhas altamente sociais (Apidae) de uma área restrita em Curitiba
(Brasil): distribuição dos ninhos e abundância relativa. Acta. Biol. Par. 20 (1,2,3,4):85-101
Schwarz, HF (1948). Te stingless bees (Meliponinae) of the Western Hemisphere. Bull. Amer. Nat.
Hist. 90: 1-546.
Viana, BF; Melo, GAR (1987). Conservação de Abelhas. Informe Agropecuário. 13: 23-27.
Wille, A (1983). Biology of the stingless bees. Ann. Rev. Entomol., 28:41-64.
Wille, A; Michener, CD (1973). The nest architecture of stingless bees with special reference to those
of Costa Rica (Himenóptera: Apidae). Rev. Biol. Trop., 21:1-278.
SI MPÓS IO 9
NINHOS ARMADILHA
A Utilização de Ninhos-Armadilha no
Estudo da Estrutura Sociogenética de Ninhos
de Euglossini (Hymenoptera: Apidae).
Running title: Estrutura genética de ninhos de Euglossini
Rogério Oliveira Souza e Marco Antonio Del Lama*
Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos,
Rodovia Washington Luis km 235, 13565905, São Carlos, SP
* dmdl@power.ufscar.br - (16) 3351.8329 (fone); (16) 3351.8377 (fax)
Abstract
[The use of trap-nests in the study of the sociogenetic structure of Euglossini (Hymenoptera: Ap-
idae) nests]. Adults from Eulaema nigrita (n = 8), Euglossa cordata (n = 11) and Euglossa townsendi
(n = 7) nests had their DNA extracted and analysed for microsatellite loci in order to establish their
sociogenetic structure. The results showed that the El. nigrita nests were founded by one female
and, after that, other unrelated females shared the reproductive activites. Otherwise, most of the Eg.
cordata and Eg. townsendi nets were founded by one female mated with one male; however, it was
observed also one nest where different Eg. townsendi females shared the reproductive efforts. The use
of trap-nests as a tool for nest sampling is discussed.
Introdução
As abelhas euglossíneas ou abelhas das orquídeas fazem parte do grupo de abelhas corbi-
culadas. Apresentam distribuição tipicamente neotropical (Búrquez, 1997) e uma diversidade
de comportamentos que vai do solitário ao primitivamente social. A observação de que os ma-
chos coletavam fragrâncias em flores de orquídeas levou ao isolamento e utilização dos com-
postos caracterizados para atrair e capturar machos destas espécies. Graças a esta estratégia,
foi possível a descrição de um grande número de novas espécies e o estudo de fatores como
sazonalidade e preferência dos machos pelas fragrâncias, o conhecimento da diversidade de es-
pécies em diferentes ambientes, o estudo da genética de populações e a ocorrência de machos
diplóides, estimativas de tamanho populacional em experimentos de marcação e recaptura,
entre outros temas (Braga, 1976; Janzen, 1981; Powell and Powell, 1987; Roubik and Acker-
man, 1987; Ackerman, 1989; Campos et al., 1989; Wittmann et al., 1989; Roubik et al. 1996;
Takahashi et al., 2001; López-Uribe and Del Lama, 2007; López-Uribe et al., 2008). Embora
o conhecimento da biologia dos machos tenha avançado de uma forma significativa, estudos
sobre o comportamento de fêmeas são esparsos.
Como os euglossíneos constituem um grupo de abelhas que apresentam diferentes
níveis de organização social, estas espécies podem fornecer informações relevantes para
o conhecimento dos mecanismos que atuam no estabelecimento de sistemas sociais nos
Material e Métodos
Foram coletados 8 ninhos (N1 a N8) de Eulaema nigrita na área do Campus da Universidade
Federal de São Carlos, construídos no interior de blocos de concreto. Onze ninhos de Euglossa
cordata (9 em ninhos-armadilha de bambu; um em tronco de Pinus e um em tronco de Bougainvil-
le sp) e 7 ninhos de Euglossa townsendi (todos fundados em ninhos-armadilha de bambu), foram
coletados na área urbana da cidade de São Carlos, na área rural de Rifaina (SP) e nos Campi da
UFSCar de Araras e São Carlos. Os ninhos foram trazidos para o laboratório e mantidos à tempe-
ratura ambiente até à emergência das crias. Os ninhos-armadilha utilizados apresentavam com-
primento e diâmetro variáveis e os ninhos construídos em galhos de Pinus sp ou de Bougainville
sp haviam sido anteriormente ocupados por Xylocopa sp. À emergência, os indivíduos foram se-
xados, pesados e congelados à –20ºC ou mantidos em álcool absoluto. Após a última emergência
natural em cada ninho, aguardou-se um prazo mínimo de dois meses; decorrido este período, as
células fechadas foram abertas para verificação do conteúdo.
O DNA total foi extraído a partir de uma das pernas desses indivíduos utilizando ou extra-
ção salina / álcool para os indivíduos emergidos (Paxton et al., 1996) ou extração por Chelex 100
(Walsh et al., 1991) para as crias mortas. Amplificação por PCR de locos microssatélites foi realizada
utilizando-se primers de El. nigrita e Eg. cordata marcados com fluorescência (Souza et al., 2007).
Os fragmentos gerados foram analisados em seqüenciador MegaBACE – 750 (GE - Applied BioSys-
tems) de acordo com o padrão de picos gerado para cada loco.
Resultados
Biologia da Nidificação - A entrada dos ninhos de El. nigrita apresentou cerca de 1,5 cm de
diâmetro, sendo revestida de barro, formando um pequeno tubo que se iniciava no interior dos blocos
de construção, prolongando-se por cerca de 2,0 cm para o exterior e não excedendo 5,0 cm de compri-
mento total. O número de células produzidas por ninho variou de 1 a 90. Nos ninhos onde o número
de células formadas foi muito baixo (N6 e N8), a morte ou o abandono do ninho pela(s) fêmea(s) deve
ser a causa mais provável, já que nestes ninhos foi observada uma célula apical aberta.
Em dois dos blocos contendo ninhos de E. nigrita foram coletadas fêmeas mortas em seu inte-
rior (antes da operculação das células). As análises genéticas por microssatélites revelaram que estas
eram as prováveis responsáveis por parte da postura.
A mortalidade da cria em ninhos de El. nigrita oscilou entre 19% e 65%. Esta alta taxa de
mortalidade verificada em um ninho deve ser atribuída à elevada umidade no interior do bloco de
concreto onde o ninho fora construído. Os dados não indicaram mortalidade diferencial entre os sexos
(p<5%) e a mortalidade das crias se deu em diferentes estágios do desenvolvimento (ovo, larva, pupas
e adultos).
Considerando a prole de seis ninhos, uma razão sexual muito desviada para machos foi verifi-
cada em El. nigrita (188 machos : 39 fêmeas – ver Tabela 1).
Tabela 1 - Razão Sexual (RS) observada a partir de ninhos (número entre parênteses) e de in-
divíduos coletados em flores de Thevetia peruviana. O teste de χ2 foi feito para averiguar RS igual a
1:1 (NS = não significativo; * = significativo a nível de 5%).
fêmeas machos χ2
ninhos (6) 39 188
El. nigrita
flores 106 115 0.36NS
ninhos (12) 35 26 1.32NS
Eg. cordata
flores 596 53
ninhos (7) 39 19 6.89*
Eg. townsendi
flores -- --
Em três dos ninhos de Eulaema nigrita, observou-se a presença de células ocupadas por crias
de Exaerete smaragdina (Guérin-Méneville, 1845); geralmente, as células ocupadas situavam-se na
base do ninho (células basais). Em dois ninhos foi observada ainda a presença de Lasioderme sp
(Coleoptera: Amobiidae) em algumas células. Este pequeno coleóptero (2 a 3 mm) é um consumidor
de matéria orgânica, sendo um dos principais problemas para os produtores de charutos. Não foi ob-
servado, contudo, qualquer dano causado aos ninhos de El. nigrita.
O início da construção dos ninhos de E. cordata e E. townsendi foi verificado pela observação da
atividade das fêmeas ingressando nos ninhos-armadilha ou pela presença de parede resinosa no interior
destes. O término das atividades de campo foi estabelecido pela ausência de perfuração da parede de
fechamento por vários dias seguidos, indicando a provável morte da fêmea no interior do ninho.
O número de células construídas por ninho e de indivíduos emergidos variou de 1 a 14 nos ni-
nhos de Eg. cordata e de 1 a 32 emergidos nos ninhos de Eg. townsendi. Nesta espécie, um dos ninhos
apresentou 77 células, das quais emergiram 32 adultos, ou seja, mais da metade da postura ali feita já
havia emergido quando o ninho foi coletado. A taxa de mortalidade não foi significativamente diferente
entre os sexos nestas espécies. Foi observada uma razão sexual de 35 fêmeas : 26 machos (RS = 1:1) e
39 fêmeas : 19 machos (RS = 2:1) em Eg. cordata e Eg. townsendi, respectivamente (Tabela 1). A mor-
talidade verificada nestas espécies ocorreu igualmente nos diferentes estágios do desenvolvimento.
Reaproveitamento foi evidenciado no ninho do qual emergiram os 32 adultos referidos anterior-
mente. Este reaproveitamento foi presumido a partir da diferença de coloração da resina utilizada e do
estado das células. Nos demais ninhos, por se tratarem de bambus e tocos dispostos há pouco tempo,
não houve indícios de reaproveitamento de células.
Genética Intranidal - A análise genética dos ninhos utilizando os locos microssatélites revelou
a presença de mais de uma fêmea ovipositando nos ninhos de El. nigrita, com exceção de um ninho
que continha apenas duas células produzidas possivelmente pela mesma fêmea.
Considerando o número de alelos e os haplótipos observados nos ninhos, a análise de cada progê-
nie evidenciou a presença de, pelo menos, 3 (N1), 2 (N2), 8 (N3), 6 (N4) e 7 (N5) fêmeas responsáveis
pela postura em cada um dos ninhos analisados. O número de fêmeas foi estimado com base no número
de diferentes alelos apresentados pelos machos para cada um dos locos microssatélites. Para exemplifi-
car, se em um determinado ninho 15 alelos de um certo loco foram observados nos machos, como estes
são produzidos partenogeneticamente pelas fêmeas e estas podem ter, no máximo, dois alelos distintos
por loco, concluiu-se que são necessárias, pelo menos, oito fêmeas para justificar este achado.
Com relação aos adultos de Ex. smaragdina emergidos dos ninhos N2 e N3, estes foram ana-
lisados para os marcadores microssatélites e os resultados indicaram que estas fêmeas poderiam ser
consideradas irmãs completas.
Para os ninhos de E. cordata e E. townsendi, a análise genética revelou que as proles devem
ser resultantes de acasalamento único (monândrico) de uma fêmea em 15 dos 18 ninhos analisados.
Em um ninho de E. cordata e outro de E. townsendi, não foi possível atribuir a maternidade à fêmea
que ocupava o ninho no momento de sua coleta; nestes dois ninhos, o número de células formadas
era igual a dois.
Com relação ao ninho de E. townsendi com 77 células, a disposição destas no bambu era em
pequenos grupos de células, ligeiramente distantes uns dos outros e não de uma forma contínua. Os
fenótipos para os marcadores microssatélites sugerem a existência de fêmeas diferentes ovipositando
em cada um destes grupos de células; contudo, a dificuldade em delimitá-los e de identificar ine-
quivocamente a origem de cada um dos indivíduos emergidos não nos possibilita afirmações mais
conclusivas. Com base no número de alelos detectados nos machos, o número mínimo de fêmeas que
geraram os 32 adultos emergidos foi igual a 3.
Discussão
Os resultados observados sobre a biologia de nidificação (arquitetura dos ninhos) em El. nigrita
são semelhantes aos descritos por Garófalo (1994).
Não foi observada uma causa aparente (exceto a elevada umidade no bloco onde foi encontrado
o ninho N2) que pudesse justificar a alta mortalidade em El. nigrita no estágio de ovo. Nestas células
fechadas, embora os ovos não tenham sido diretamente observados, é de se supor que a postura tenha
sido realizada pois as células estavam aprovisionadas. Uma alta taxa de mortalidade na fase de ovos
foi igualmente relatada por Santos and Garófalo (1994).
A presença de Ex. smaragdina nas primeiras células construídas nos ninhos N1, N2 e N3
indica que as fêmeas desta espécie cleptoparasita aproveitam os momentos iniciais da construção
do ninho para gerar sua prole, evitando assim, conflitos diretos com as fêmeas de El. nigrita. Estas
iniciam os ninhos de forma solitária, mas podem posteriormente exibir um comportamento comu-
nal (Pereira-Martins, 1991). Entretanto, Garófalo and Rozen (2001) relataram ataques contínuos
de Ex. smaragdina a ninhos de El. nigrita, ovipositando tanto em células basais quanto nas apicais.
Estes autores observaram que as fêmeas de Ex. smaragdina faziam vôos de aproximação, de modo
a sondar a presença de fêmeas da espécie hospedeira. Caso não detectassem a presença de El.
nigrita, elas adentravam o ninho para realizar postura; porém, se alguma fêmea se encontrava no
interior do ninho, rapidamente a fêmea de Ex. smaragdina deixava o ninho para evitar confrontos,
embora o parasitismo tenha sido reportado em ninhos onde até cinco fêmeas de El. nigrita estavam
presentes (Garófalo and Rozen, 2001).
Embora em números absolutos não tenha ocorrido diferença no número de parasitas nos ninhos
N2 e N3 (dois parasitas cada), onde a postura foi realizada por n ≥ 2 e por n ≥ 8 fêmeas de El. nigrita,
respectivamente, o parasitismo foi relativamente menor em N3.
A maior defensividade do ninho contra predadores e parasitas é presumida como mecanismo
de pressão seletiva que pode ter resultado na mudança de um hábito solitário para uma vida comunal.
Esta maior defensividade não foi observada por Santos and Garófalo (1994) envolvendo o besouro da
espécie Meloetyphlus fuscatus, um parasita de ninhos de El. nigrita.
Os ninhos de El. nigrita aqui analisados apresentaram maior defensividade associada ao maior
número de fêmeas no ninho, e o aparente reaproveitamento em N5 (ninho mais antigo) não resultou
em aumento na taxa de parasitismo.
O reaproveitamento de ninhos foi observado também em Eg. cordata (Garófalo, 1985) e Eg.
townsendi (Augusto and Garófalo, 2004), onde um dos aspectos comuns a essas espécies foi a re-
distribuição das tarefas do ninho (postura e forrageamento). Usualmente, a fêmea fundadora desem-
penha ali o papel de dominante (ovipositora) e, após sua morte, tem início a disputa pela função de
ovipositora, geralmente alçada pela fêmea mais antiga do ninho (Augusto and Garófalo, 2004).
Os resultados da análise dos locos microssatélites corroboram os relatos da literatura sobre a
organização social destas espécies. El. nigrita é inicialmente solitária na fundação de seus ninhos
e, posteriormente, novas fêmeas podem se agregar. A diferença aqui observada é que o parentesco
entre as fêmeas não parece ser fator determinante para formação e manutenção a longo prazo desta
estrutura nidal (ninhos novos – N3 e N4 vs. ninhos velhos – N5). Entretanto, são necessárias maiores
informações sobre comportamentos tais como usurpação de células, divisão de trabalho e interações
agonísticas entre as fêmeas no interior dos ninhos para que se possa compreender mais claramente
como estes comportamentos estão relacionados aos níveis de parentesco e os possíveis fatores que
contribuem para a manutenção de um comportamento parasocial nesta espécie.
O acasalamento único parece ser a regra em El. nigrita como observado mais facilmente nos
ninhos pequenos, embora um acompanhamento mais refinado, principalmente envolvendo grandes
posturas, deva ser feito para que tal questão seja totalmente esclarecida. É interessante notar que em
Eg. cordata e Eg. townsendi, o hábito solitário e a monandria são eventos comuns. Contudo, parece
que a segunda espécie se comporta de forma mais flexível, assemelhando-se ao observado em El.
nigrita, ou seja, fêmeas são aparentadas podem compartilhar o ninho.
Em decorrência da grande dificuldade de se localizar os ninhos de Euglossini na natureza, a
estratégia de amostragem a partir dos ninhos-armadilha é a grande ferramenta que se pode dispor para
que estudos da genética nidal possam ser realizados. A obtenção destes ninhos permite ainda compa-
rar dados da biologia destas espécies obtidos por meio de outras estratégias de amostragem. Como
exemplo, pode-se confrontar a razão sexual estimada a partir de ninhos com a amostragem a partir de
flores (ver Tabela 1). Experimentos de marcação e recaptura de machos e adultos de Eulaema nigrita
e Euglossa cordata ao visitarem flores de Thevetia peruviana (Apocynaceae) para a coleta de néctar
em ambiente urbano revelam razões sexuais muito diferentes (López-Uribe et al., 2008). Achados
desta natureza, por exigirem uma justificativa, contribuem para o conhecimento de características da
biologia destas espécies até o momento não identificadas.
A estrutura sociogenética e o parentesco intranidal, a divisão do trabalho reprodutivo (fêmeas
ovipositoras vs. fêmeas construtoras e forrageadoras), a ocorrência de comportamentos agonísticos
ou cooperativos entre fêmeas, a determinação do sistema de acasalamento das fêmeas (monandria
vs. poliandria) são questões que podem agora ser averiguadas à luz da estrutura genética familial
mediante o uso de marcadores genéticos potentes (microssatélites). Estudos desta natureza permitirão
explorar melhor os modelos já propostos sobre a evolução e a manutenção dos diferentes níveis de
organização social.
Referências
Ackerman JD (1989). Geographic and seasonal variation in fragrance choices and preferences of
males euglossine bees. Biotropica 21: 340-347.
Arriaga ER, Aguilar-Cuadriello JI and Hernández EM (1996). Nest structure and parasite of Euglos-
sa atroveneta Dressler (Apidae: Bombinae: Euglossini) at Unión Juárez, Chiapas, México. J.
Kansas Entomol. Soc. 69: 144-152.
Augusto SC and Garófalo CA (2004). Nesting biology and social strucutre of Euglossa (Euglossa)
townsendi Cockerell (Hymenoptera, Apidae, Euglossini). Insectes Soc. 51: 400-409.
Braga PI (1996). Atração de abelhas polinizadoras de Orchidaceae com auxílio de iscas-odores
na campina, campinara e floresta tropical úmida da região de Manaus. Ciência e Cultura
28: 767-773.
Búrquez A (1997). Distributional limits of euglossine and meliponine bees (Hymenoptera: Apidae) in
northestern Mexico. Pan-Pacific Entomologist 73: 137-140.
Campos LAO, Silveira FA, Oliveira ML, Abrantes CV, Morato EF and Melo GA (1989). Utilização
de armadilhas para a captura de machos de Euglossini (Hymenoptera, Apoidea). Rev. Brasil.
Zool. 6: 621-626.
Garófalo CA (1985). Social structure of Euglossa cordata nests (Hymenoptera: Apidae: Euglossini).
Entomol. Gener. 11, 77-83.
Garófalo CA (1992). Comportamento de nidificação e estrutura de ninhos de Euglossa cordata (Hy-
menoptera: Apidae: Euglossini). Rev. Brasil. Biol. 52: 187-198.
Garófalo CA (1994). Biologia de nidificação dos Euglossinae (Hymenoptera, Apidae). Anais do En-
contro sobre Abelhas 1: 17-26.
Garófalo CA and Rozen Jr JG (2001). Parasitic behavior of Exaerete smaragdina with descrip-
tions of its mature oocyte and larval instars (Hymenoptera: Apidae: Euglossini). Am. Mus.
Nov. 3349: 1-26.
Janzen DH (1981). Reduction in euglossine bee species richness on Isla del Caño, a Costa Rican off-
shore island. Biotropica 13: 238-240.
López-Uribe MM and Del Lama MA (2007). Molecular identification of species of the genus Eu-
glossa Latreille (Hymenoptera: Apidae: Euglossini). Neotrop. Entomol. 36: 712-720
López-Uribe MM, Oi CA and Del Lama MA (2008). Nectar-foraging behavior of euglossine bees
(Hymenoptera: Apidae) in urban areas. Apidologie (DOI: 10.1051/apido: 2008023)
Myers J and Loveless MD (1976). Nest aggregations of the euglossine bee Euplusia surinamensis
(Hymenoptera: Apidae): individual interactions and the advantage of living together. Canad.
Entomol. 108: 1-6
Paxton RJ, Thoren PA, Tengo J, Estoup A and Pamilo P (1996). Mating structure and nestmate relat-
edness in a communal bee, Andrena jacobi (Hymenoptera, Andrenidae), using microsatellites.
Mol. Ecol. 5: 511-519.
Pereira-Martins SR (1991). Biologia de Eulaema nigrita. 2. Atividades nidais. Papéis Avulsos de
Zoologia 37: 237-243.
Powell AH and Powell GV (1987). Population dynamics of male euglossine bees in Amazonian forest
fragments. Biotropica 19: 176-179.
Ramírez S, Dressler RL and Ospina M (2002). Abejas euglosinas (Hymenoptera: Apidae) de la Región
Neotropical: Listado de especies con notas sobre su biología. Biota Colombiana 3: 7-118.
Roubik DW and Ackerman JD (1987). Long-term ecology of euglossine orchid-bees (Apidae: Eu-
glossini) in Panama. Oecologia 73: 321-333.
Roubik D.W., Weight L.A., Bonilla M.A. (1996) Population genetics, diploid males, and limits to
social evolution of euglossine bees, Evolution 50, 931-935.
Sakagami SF and Michener CD (1965). Notes on the nest of two euglossine bees, Euplusia violacea
and Eulaema cingulata (Hymenoptera, Apidae). Annot. Zool. Jap. 38: 216-222.
Santos ML and Garófalo CA (1994). Nesting biology and nest re-use of Eulaema nigrita (Hy-
menopetera, Apidae, Euglossini). Insectes Soc. 41: 99-110.
Souza RO, Cervini M, Del Lama MA and Paxton RJ (2007). Microsatellite loci for euglossine bees
(Hymenoptera: Apidae). Mol. Ecol. Notes 7: 1352-1356.
Takahashi NC, Peruquetti RC, Del Lama MA and Campos LAO (2001). A reanalysis of diploid male
frequencies in euglossine bees (Hymenoptera: Apidae). Evolution 55, 1897-1899.
Walsh PS, Metzger DA and Higuchi R (1991). Chelex-100 as a medium for simple extraction of DNA
for PCR-based typing from forensic material. Biotechniques 10: 506-513.
Wittmann D, Radtke R, Hoffmann M and Blochtein B (1989). Seasonality and seasonal changes in
preferences for scent baits in Euplusia violacea in Rio Grande do Sul/Brasil (Hymenoptera:
Apidae: Euglossini). Entomol. Gener. 14: 217-221.
Abstract
Some solitary bees, notably in the Megachilidae and Hylaeinae, but also in the Apinae, nest in
pre-established cavities, such as old bee or wasp nests, beetle burrows in dead wood, hollow stems, and
vacant snail shells. Because they readily accept artificial nesting materials, these species can be easily
trap-nested. Trap-nesting affords a unique opportunity to examine and manipulate nests without dam-
aging their contents, even while the nest is being constructed. In addition trap-nesting can be used as a
standardized, repeatable sampling method. In this paper, we provide examples of studies that use trap-
nests to investigate various aspects of bee ecology and behavior, namely in the fields nesting behavior,
nest location and recognition, community ecology, parental investment, and crop pollination. Our ob-
jective is to illustrate the versatility of trap-nesting as a methodological tool in bee biology studies.
Key words: nesting behavior, nest recognition, bee communities, food webs, resource alloca-
tion, crop pollination
Introduction
With more than 16,000 species described worldwide (Michener, 2000), bees (Hymenoptera,
Apiformes) display a notable variety of nesting habits (Malyshev 1935; Stephen et al., 1969; Roubik,
1989; O’Toole and Raw, 1991). Bee nesting behavior may be divided in three broad categories: 1) spe-
cies that excavate their nests, usually underground (Andrenidae, Melittidae, Stenotritidae, most Hal-
ictidae, and Colletinae, and many Apinae) but sometimes in wood (Xylocopini, Lithurgini) or in soft-
pith stems (Ceratinini, Allodapini, some Megachilidae); 2) species that build more or les free-standing
nests, usually attached to stone walls, but sometimes to vegetation (some Megachilidae, Apis dorsata);
3) species that use pre-established cavities, including both social species (Apis, Bombus, Meliponini)
that form colonies in large cavities (hollow tree trunks, abandoned rodent nests), and solitary species
that nest in small cavities such as wood borings made by xylophagous beetle larvae or abandoned bee
or wasp nests. The latter group (henceforth cavity nesters) includes most Megachilidae, most Hylaeus,
and some Centridini, Xylocopini, Euglossini and Tetrapediini, as well as a few Anthophora and Col-
letes. Some Megachilidae nest in vacant snail shells, and some Hylaeus in abandoned galls.
Because they readily accept artificial or semi-artificial nesting materials, cavity nesters can be
easily trap-nested (Krombein, 1967). Usually, females nesting in trap-nests build linear series of cells.
Each cell is typically provisioned with a loaf of pollen mixed with nectar, and one egg is laid on each
provision. From a methodological perspective, trap-nests offer a series of advantages that greatly
facilitate the study of cavity nesting species. To begin with, trap-nests are a convenient tool to obtain
large populations of the target species. Because their design and dimensions can be standardized,
trap-nests constitute a very effective, repeatable sampling method. Trap-nests can be easily trans-
ported and stored, and even relocated, without compromising bee survival. Finally, trap-nests offer a
unique opportunity to examine and manipulate the inside of a nest without destroying it, even while
the nest is being constructed. The objectives of this study are: 1) to provide an overview of trap-nest
designs; 2) to illustrate the versatility of trap-nests as a methodological tool for bee biology studies.
For convenience, we divide these studies into five broad categories: nesting behavior, nest location
and recognition, community ecology, parental investment, and crop pollination. We provide a few
examples of studies in each of these categories. Our aim is not to review the extensive literature of
studies using trap-nests, but to emphasize the methodological advantages of trap-nesting.
Trap-nests
With some variations, most trap-nests conform to one of four types (Torchio, 1982; Bosch and
Kemp, 2001): solid blocks, hollow boxes, grooved boards, and bundles. In any case, it is important
that the nesting cavities have a blind end, as females rarely accept cavities with both ends open. It
is also important to seal any crevices to prevent entry of light, which would result in diminished at-
tractiveness to females.
Blocks
Solid wood blocks with drilled holes closely reproduce conditions found by female cavity nest-
ing bees in abandoned beetle burrows in dead trees. Paper straws can be inserted in each hole, so that
the entire nest can be extracted without damaging its contents. It is advisable to use paraffined paper, as
non-paraffined straws sometimes wick humidity from the pollen-nectar provisions and increase larval
mortality. Plastic straws and paper straws coated with plastic-like materials are usually not suitable, as
they tend to promote condensation and fungal growth within the nest. It is important to waterproof wood
blocks, even inside the nest cavities. Without waterproofing, materials tend to swell with increasing
humidity, causing cavities to shrink. Waterproofing needs to be done well in advance so that the nest-
ing unit is dry when used, because the vapors of many wood finishing materials repel females and may
cause mortality of early immature stages. For a more affordable type of nesting unit, styrene blocks can
be used, but they are not as attractive as wood, and usually yield higher immature mortality.
Boxes
Paper tubes can also be set up in hollow boxes. Empty milk cartons have been extensively
used because they provide a durable, water-proof material. A milk-carton trap-nest consists of a front
wood board with drilled holes, through which paper straws sealed at the back are inserted, encased in
a milk carton. Similar nesting materials can be built using a wood box, paraffin-coated cardboard, or
some other waterproof material that does not trap excess moisture. Trap-nest boxes are inexpensive
and easy to build, but are usually less attractive than wood blocks. Mortality is usually higher than in
wood blocks because they do not provide good insulation against extreme temperatures and because
parasitoids and predators can easily move from one nest to the other.
Grooved boards
Wood boards with semicircular grooves can be stacked to form nesting units that can be easily
disassembled for nest inspection. Grooved boards should be tightly clasped together to prevent crev-
ices through which light, parasites, and water might access the nesting cavity. Grooved boards can be
used with or without paper or cardboard inserts.
Bundles
Reeds or thick cardboard tubes can be easily bundled together and used as trap-nesting units.
These bundles can be encased in water-proof containers such as milk cartons to provide extra protection
from water and direct sunlight. Reed sections should be cut so that the front of the nesting cavity is open
and the back is sealed by the reed node. Reeds can be easily split length-wise for nest inspection.
Irrespective of the trap-nest type used, it is important to adjust the size (inner diameter and length)
to the preferences of the target species. Preferred inner diameter is highly correlated with female body
size, although sometimes females will accommodate cell construction to cavity size, for example by
building two parallel series of cells in wide cavities. In general, preferred cavity length is also corre-
lated with body size, and females will typically not use all the space available in long cavities.
Trap-nests should be attached to any substrates offering natural nesting cavities. Trunks of both
live and dead trees offer good results. Old buildings, with wood beams, stone crevices or thatched
roofs are also favorable substrates. Good results are also obtained in clay embankments and adobe
walls, which usually host nests of burrowing bees that are occupied by cavity nesters when aban-
doned. For best results, trap-nests should be set up in a horizontal position.
Nesting behavior
Cavity nesters can sometimes be induced to nests in glass or clear acetate tubes, as long as these
are covered with an opaque sleeve to prevent light access. Sleeves can then be removed while the bee is
inside the nest, allowing for the observation of in-nest behavior, including cell construction, nectar and
pollen deposition, egg laying and nest guarding. The use of glass tubes also allows for the observation
of the behavior of cleptoparasites and other nests associates. Gerber and Klostermeyer (1970) used clear
acetate tubes to film egg laying in Megachile rotundata. They described how abdominal contractions
were briefly arrested during ovipositon of female eggs but not of male eggs. They related this pause to
the pumping of sperm from the spermatheca resulting in the fertilization of female eggs. Glass tubes
can also be inserted through the walls of observation booths. Upon entry of a bee inside the nest, the
observer inside the booth can pull the tube out of the wall and place it under a stereomicroscope with
a red light. When the bee is about to leave the nest, the glass tube can be re-inserted with no alteration
of the bee behavior. Torchio (1984) used this method to make detailed observations on the use of the
bilobed proboscis of Hylaeus bisinuatus as a paintbrush to spread the oral secretion used to line the nest
cavity. In other studies (Torchio, 1989a, 1989b), he observed the interactions between Osmia spp. and
their cleptoparasite Stelis montana. Among other findings, Torchio described how S. montana mimics
the ovipositing behavior of its hosts, laying eggs on the surface of the provision when parasitizing O.
lignaria, but burying it in a chamber within the provision when parasitizing O. californica and O. mon-
tana. He also observed females of S. montana entering Osmia nests and removing large bites of provi-
sion. These females then spread the chunks of robbed pollen-nectar on their body surface, presumably
to mask olfactory evidence of their visitation into host nests. Other studies have used clear acetate tubes
associated to an electronic recording balance to record nesting weight changes (corresponding to pollen-
nectar or to nesting material deposition) during nest construction (Phillips and Klostermeyer, 1978).
Once completed, nests offer a wealth of cues related to nesting behavior and life cycle, including
nesting materials used, cell and nest cap architecture, provision shape, pollen specialization, egg location,
cocoon shape and structure, shape of fecal pellets, overwintering stage and voltinism. Nests built in trap-
nests can be easily dissected without damaging their contents, so that these traits can be scored and used to
trace their evolution. Bosch et al. (2001) defined 29 characters from the nests of 11 Osmia species belong-
ing to three subgenera, O. (Osmia), O. (Helicosmia), and O. (Cephalosmia). As many as 21 of these char-
acters were informative, and thus could be used on their own or combined with other types of characters
(molecular of morphological) to infer phylogenetic relationships. They then used the adults reared from the
nests to build a molecular phylogenetic tree on which they mapped the behavioral / life cycle characters. O.
(Osmia) and O. (Cephalosmia) showed a higher degree of consistency in nest characters than O. (Helicos-
mia). Among other things, Bosch et al. traced the evolution of cocoon structure (with increasing numbers
of silk layers) and the transition from masticated leaf to mud as nest building material.
The visual appearance of trap-nests and their immediate surroundings can be easily modified.
Trap-nests can also be displaced and then relocated without damaging the contents of the nest, includ-
ing the nesting female. Various studies have used these techniques to study nest location in cavity
nesters (e.g., Osgood, 1974; Steinmann and Menzel, 1990; Torchio, 1991; Fauria and Campan, 1998;
Campan and Lehrer, 2002; Guédot et al., 2005). Fauria et al. (2004) studied the role of visual land-
marks in nest location in the leafcutting bee Megachile rotundata. They used a series of trap-nests
blocks inserted in the centre of squared metal sheets (50 x 50 cm), and placed unique constellations
of geometrical shapes around each trap-nest. They trained bees to nest in this situation and then
exchanged the shape constellations and scored the behavior (inspection of other nesting cavities, in-
correct nest choices) of returning bees. These changes resulted in only minor effects on the females,
suggesting that other visual landmarks provided sufficient cues for nest location. Fauria et al. then
conducted several manipulations to modify the edges of the nesting block and the metal sheet. As
edges were displaced further away from the nesting block, returning bees became increasingly disori-
ented. When the edges of the metal sheet were hidden all females bypassed their nesting block, and
inspected neighboring blocks in metal sheets whose edges had not been manipulated. These results
suggested a hierarchical use of edges as visual landmarks related to their distance from the nest. Us-
ing the same species, Guédot et al. (2006a) found that both color patterns and three-dimensional cues
increased the homing performance of returning females. In other studies (Vicens and Bosch 2000),
nesting shelters containing nesting blocks with established females were displaced at night to various
distances. The number of females that performed orientation flights in front of the newly located nest-
ing shelters the following morning and the proportion of females that abandoned the shelter increased
with moving distance, This trend did not change with the addition of visual landmarks in the sur-
roundings of the nesting shelter. At intermediate distances (100-200 m) many of these females were
found at the original nesting site hovering at the exact location of the missing shelter.
Artificial nesting cavities are also a convenient tool for the study of olfactory cues used in nest
marking (e.g., Steinmann, 1976; Gerber and Klostermeyer, 1972; Raw, 1992; Strohm et al.; 2002).
Guédot et al. (2006b) used glass tubes inserted in an observation booth to study individual nest mark-
ing and recognition in Osmia lignaria. It was shown that upon leaving the nest, females often smeared
an abdominal secretion on the walls of the nesting cavity. Guédot et al. then used glass tubes cut in
three sections as nesting material. Once a female had started nesting, and while she was on a foraging
bout, one or two of the sections were replaced by clean sections. They then recorded the behavior of the
female upon returning to the nest. All females exposed to a control treatment (tube sections disassem-
bled and reassembled) entered the nesting tube without hesitation and all deposited their pollen-nectar
load on the provision. When the outer section was replaced, females stopped at the entrance, which
they inspected with their antennae. Usually, these females checked adjacent nesting holes, and after
several attempts, finally entered their nesting tube and deposited their pollen-nectar load. When the
middle section was replaced, females entered their nesting tube without hesitation, but then abruptly
stopped at the beginning of the middle section. These females checked other nesting cavities and after
several attempts, most of them crossed the middle section of their own nest and deposited their pollen-
nectar load. When both sections were replaced, most females ended up abandoning their nest.
48 food webs in 5 habitat types representing a gradient of habitat modification (forests, abandoned cof-
fee agroforests, coffee agroforests, pastures and rice paddies) in Ecuador. Their results show significant
differences in food web structure along the gradient. Rate of parasitism, vulnerability (a measure of the
ratio of host to parasitoid species), and interaction evenness differed significantly among habitats. Inter-
estingly, host and parasite species richness did not vary across habitats, so that differences in food web
structure were mostly explained by habitat modification. Tylianakis et al. conclude that perturbation of
community structure may remain undetected when only conventional community descriptors are used.
Parental investment
By facultatively fertilizing their eggs, solitary bee females have a high degree of control over
both the sex of their offspring. By adjusting the amount of food provisioned in each cell, these fe-
males also have a high degree of control over the size of their offspring, since body size is highly cor-
related to provision size. For these reasons, solitary bees are very appropriate models to study parental
investment strategies. By using trap-nests, nest progression can be monitored, and the inside of the
nest can be manipulated without damaging the progeny. In this way, variables related to parental in-
vestment and sex allocation, such as daily rate of provisioning, amount of food allocated to each sex,
or sequence of male and female production, can be easily measured. Various studies have investigated
parental investment and resource allocation in cavity nesting bees (e.g., Tepedino and Torchio, 1982;
Frohlich and Tepedino 1986; Sugiura and Maeta 1989; Rust 1993; Paini and Bailey, 2002; Goodell,
2003; Bosch and Vicens, 2006; Seidelmann, 2006).
Some of these studies have tested whether parental investment strategies conform to various
theoretical models of parental investment (Conditional Sex Allocation, Optimal Allocation, Fisher’s
theory of equal investment in both sexes). In a two-year study of a wild Osmia cornuta population,
females allocated food resources in perfect agreement with Fisher’s theory (Bosch and Vicens, 2005).
Sex allocation (investment in sons / investment in daughters) was 1 in both years, regardless of the
currency used to measure parental investment (provision weight or foraging time). Despite yearly
differences in weather conditions, offspring sex ratio and body size of either sex did not vary between
years. However, in a later study (Bosch 2008), pollen-nectar availability was manipulated by releas-
ing females in an almond orchard either before or after peak bloom. When exposed to decreased flow-
er availability, females expressed slower provisioning rates, and biased the sex ratio of their progeny
towards males, which require smaller provisions than females. Male offspring body size was similar
to years with abundant resources, but body size of female offspring was smaller. This resulted in in-
creased female mortality and an extremely male-biased secondary sex ratio. Other studies have found
similar results in caged Megachile apicalis when the levels of floral resources were manipulated, and
in free-flying Megachile rotundata when females were forced to fly increasing distances to reach
their food sources (Kim, 1999; Peterson and Roitberg, 2006). Other studies have used a range of cav-
ity sizes to study the effect of nesting cavity diameter and length on progeny sex ratio (e.g., Stephen
and Osgood, 1965; Gerber and Klostermeyer, 1972; Tepedino and Torchio, 1989; Rust 1998; Bosch,
1994). The proportion of female offspring increases with increasing cavity diameter and length.
Crop pollination
Many studies have investigated the use of populations of cavity nesting bees to pollinate
crops. Management of cavity nesters offers a series of advantages compared to management of
ground nesters. Trap-nests are easily transported and stored, which facilitates the use of cav-
ity nesters as mobile pollinators. Trap-nests can also be exposed to different temperature re-
gimes, allowing for the manipulation of emergence times and facilitating the synchronization
of foraging activity with peak bloom of a diversity of crops differing in blooming time (e.g.,
Bosch and Kemp, 2003). Finally, populations in trap-nests can be easily inspected and nest-
ing materials can be disinfected to control levels of parasites and pathogens. It is not surpris-
ing that only a small proportion of the bees that have been developed as crop pollinators are
ground nesters (Nomia melanderi, Rhophitoides canus; Johansen et al., 1982; Ptacek, 1989;
Cane, 1997), compared to a larger proportion of social species nesting in large cavities (Apis
spp., Bombus spp.; Free, 1993; Velthuis and van Doorn, 2006) or solitary species nesting in
small cavities (Megachile spp., Osmia spp.). The alfalfa leafcutting bee, Megachile rotundata,
which was developed as an alfalfa pollinator in the 1960s is currently the main alfalfa polli-
nator in the USA and Canada, and has been used in several European countries (e.g., Bohart,
1962; Stephen, 1962; Hobbs, 1967; Richards, 1984; Pitts-Singer, 2008). Also in the 1960s, the
mason bee Osmia cornifrons was developed as an orchard pollinator in Japan, and is now the
main apple and plum pollinator in this country (e.g., Yamada et al., 1971; Maeta and Kitamura,
1974; Maeta, 1978). Management systems have also been developed for two closely-related
species Osmia lignaria, and Osmia cornuta, which are increasingly being used in the USA and
Europe, respectively (e.g., Torchio, 1985, 1993; Bosch and Kemp, 2001, 2002; Krunic and Sta-
nisavljevic, 2006). Many other cavity nesting species have been investigated, with promising
results, as potential crop pollinators (see references in Bosch et al., 2008). These studies have
shown that populations of cavity nesting Megachile and Osmia can be sustained and managed
in agricultural ecosystems, resulting in very significant increases in crop production (Bosch
et al., 2006). These studies have adjusted nesting material design to large-scale management,
and have outlined procedures to successfully rear populations. As a result of the establishment
of these species as large-scale crop pollinators, nesting materials that can be used in basic re-
search studies are now commercially available.
Concluding remarks
Bee nests are not easy to locate in natural habitats, and examination of their contents is time
consuming and difficult to accomplish without damaging the bees. Studies similar to those out-
lined in this paper have also been conducted on ground nesting species, but the possibility to use
artificial nesting materials allows for greater manipulation of the nest environment and facilitates
observations, as well as nest analysis and data collection. Trap-nests can be x-rayed (Stephen and
Undurraga, 1976), so that their contents can be assessed without dissecting the nest. Although most
bee species are ground nesters, trap-nests afford the possibility to easily quantify bee populations
of a variety of species in the Megachilidae, Colletidae and Apinae, as well as wasp species in the
Eumenidae, Sphecidae, Crabronidae and Pompilidae. Because bees interact with plants and wasps
with prey, and because nests in trap-nests are attacked by a variety of cleptoparasites, parasitoids
and predators, trap-nests can be used as a standardized and repeatable sampling method for the
study of biological interactions. Not surprisingly, the number of community ecology studies using
trap-nests has rapidly increased over the last few years. We hope that this overview of trap-nesting
studies will stimulate the use of trap-nests and stimulate the application of this methodology to new
areas of the study of bee behavior and ecology.
References
Aguiar CML, Garófalo CA and Almeida GF (2005). Trap-nesting bees in areas of dry semideciduous
forest and caatinga, Bahia, Brazil. Rev. Bras. Zool. 22: 1030-1038.
Albrecht M, Duelli P, Schmid B and Müller C (2007). Interaction diversity within quantified insect food
webs in restored and adjacent intensively managed meadows. J. Anim. Ecol. 76: 1015-1025.
Bohart GE (1962) How to manage the alfalfa leaf-cutting bee (Megachile rotundata Fabr.) for alfalfa
pollination. Utah Agric. Exp. Stn, Circular 144.
Bosch J (1994). Osmia cornuta Latr. (Hymenoptera, Megachilidae) as a potential pollinator in al-
mond orchards: releasing methods and nest-hole length. J. Appl. Ent. 117: 151-157.
Bosch J (2008). Production of under-sized offspring in a solitary bee. Anim. Behav. 75: 809-816.
Bosch J and Kemp WP (2001). How to manage the blue orchard bee as an orchard pollinator. Hand-
book Series, Book 5. Sustainable Agriculture Network, Beltsville.
Bosch J and Kemp WP (2002). Developing and establishing bee species as crop pollinators: the
example of Osmia spp. and fruit trees. Bull. Ent. Res. 92: 3-16.
Bosch J and Kemp WP (2003). Effect of wintering duration and temperature on survival and emer-
gence time in the orchard pollinator Osmia lignaria (Hymenoptera: Megachilidae). Environ.
Entomol. 32: 711-716.
Bosch J and Vicens N (2005). Sex allocation in the solitary bee Osmia cornuta: do females behave in
agreement with Fisher’s theory? Behav. Ecol. Sociobiol. 58: 124-132.
Bosch J and Vicens N (2006). Relationship between body size, provisioning rate, longevity and repro-
ductive success in females of the solitary bee Osmia cornuta. Behav. Ecol. Sociobiol. 60, 26-33.
Bosch J, Maeta Y and Rust RW (2001). A phylogenetic analysis of nesting behavior in the genus Os-
mia (Insecta, Hymenoptera, Megachilidae). Ann. Entomol. Soc. Amer. 94: 617-627.
Bosch J and Kemp WP and Trostle GE (2006). Cherry yields and nesting success in an orchard pol-
linated with Osmia lignaria (Hymenoptera: Megachilidae). J. Econ. Entomol. 99: 408-413.
Bosch J, Sgolastra F and Kemp WP (2008). Life cycle ecophysiology of Osmia mason bees used as
crop pollinators. In: Bee Pollination in Agricultural Ecosystems (James RR and Pitts-Singer
TL, eds.). Oxford University Press, Oxford, 83-104.
Buschini MLT (2006). Species diversity and community structure in trap-nesting bees in Southern
Brazil. Apidologie 37: 58–66.
Campan R and Lehrer M (2002). Discrimination of closed shapes by two species of bee, Apis mel-
lifera and Megachile rotundata. J. Exp. Biol. 82: 367-372.
Cane JH (1997). Ground-nesting bees: the neglected pollinator resource for agriculture. Acta Hort.
437: 309-324.
Fauria K and Campan R (1998). Do solitary bees Osmia cornuta Latr. and Osmia lignaria Cresson
use proximal visual cues to localize their nest? J. Insect Behav. 11: 649-669.
Fauria K, Campan R and Grimal A (2004). Visual marks learned by the solitary bee Megachile rotun-
data for localizing its nest. Anim. Behav. 67: 523-530.
Frankie GW, Thorp RW, Newstrom-Lloyd LE, Rizzardi MA, Barthell JF, Griswold TL, Kim JY and
Kappagoda S (1998). Monitoring solitary bees in modified wildland habitats : implications for
bee ecology and conservation. Environ. Entomol. 27 : 1137-1148.
Free JB (1993). Insect pollination of crops. 2nd Edition. Academic Press, London.
Frohlich DR and Tepedino VJ (1986). Sex ratio, parental investment, and interparent variability in
nesting success in a solitary bee. Evolution 40: 142-151.
Gathmann A, Greiler H-J and Tscharntke T (2004). Trap-nesting bees and wasps colonizing set-aside
fields: succession and body size, management by cutting and sowing. Oecologia. 98: 8-14
Garófalo CA, Martins CF and Alves-dos-Santos I (2004). The Brazilian solitary bee species caught in
trap nests. In: Solitary bees, conservation, rearing and management for pollination (Freitas BM
and Pereira JO, eds.). Imprensa Universitária. Fortaleza, 77-84.
Gerber HS and Klostermeyer EC (1970). Sex control by bees: a voluntary act of sex fertilization dur-
ing oviposition. Science 167: 82-84.
Gerber HS and Klostermeyer EC (1972). Factors affecting sex ratio and nesting behavior of the al-
falfa leafcutter bee. Wash. Agric. Exp. Stn Tech. Bull. 73: 1-11.
Goodell K (2003). Food availability affects Osmia pumila (Hymenoptera: Megachilidae) foraging,
reproduction, and brood parasitism. Oecologia 134: 518-527.
Guédot C, Bosch J and Kemp WP (2005). The relative importance of vertical and horizontal visual
cues in nest location by Megachile rotundata (F.) (Hymenoptera: Megachilidae). J. Apic.
Res. 44: 109-115.
Guédot C, Bosch J and Kemp WP (2006a). Effects of three-dimensional and color patterns on nest lo-
cation and progeny mortality in alfalfa leafcutting bee (Hymenoptera: Megachilidae). J. Econ.
Entomol. 99: 626-633
Guédot C, Pitts-Singer TL, Buckner JS, Bosch J and Kemp WP (2006b). Olfactory cues and nest
recognition in the solitary bee Osmia lignaria Say (Hymenoptera: Megachilidae). Physiol. En-
tomol. 31: 110-119.
Hobbs GA (1967). Domestication of alfalfa leaf-cutter bees. Canada Department of Agriculture Pub-
lication 1313.
Johansen CA, Mayer DF, Stanford A and Kious C (1982). Alkali bees: their biology and management
for alfalfa seed production in the Pacific Northwest. Pacific Northwest Coop. Ext. Bull. 155.
Kim JY (1999). Influence of resource level on maternal investment in a leaf-cutter bee (Hymenoptera:
Megachilidae). Behav. Ecol. 10: 552-556.
Klein AM, Steffan-Dewenter I, Buchori D and Tscharntke T (2002). Effects of land-use intensity in
tropical agroforestry systems on coffee flower-visiting. Conserv. Biol.16: 1003-1014.
Klein AM, Steffan-Dewenter I and Tscharntke T (2006). Rain forest promotes trophic interactions and
diversity of trap-nesting Hymenoptera in adjacent agroforestry. J. Anim. Ecol. 75: 315–323.
Krombein KV (1967). Trap-nesting wasps and bees: life histories, nests and associates. Smithsonian
Press, Washington, DC.
Krunic MD and Stanisavljevic L (2006). The biology of the European orchard bee Osmia cornuta.
Izdavac, Belgrade.
Loyola RD and Martins RP (2007). Habitat components are effective predictors of trap-nesting Hy-
menoptera diversity. Basic Appl. Ecol. Doi:10.1016/j.baae.2007.06016.
Maeta Y (1978). Comparative studies on the biology of the bees of the genus Osmia of Japan, with
special reference to their managements for pollinations of crops (Hymenoptera: Megachilidae).
Tohoku Natl Agric. Expt. Stn Bull., 57, 1-221. [In Japanese]
Maeta Y and Kitamura T (1974). How to manage the Mame-ko bee (Osmia cornifrons Radoszkowski)
for pollination of fruit crops. Ask Co Ltd, Naganoshi. [In Japanese]
Makino S, Goto H, Inoue T, Sueyoshi M, Okabe K, Hasegawa M, Hamaguchi K, Tanaka H, and
Okochi I (2006). The monitoring of insects to maintain biodiversity in Ogawa Forest Reserve.
Environ. Monitor. Assess. 120: 477-485.
Malyshev SI (1935). The nesting habits of solitary bees. Eos 2: 210-309
Michener CD (2000). The bees of the world. Johns Hopkins University Press, Baltimore.
Osgood CE (1974) Relocation of nesting populations of Megachile rotundata, an important pollina-
tor of alfalfa. J. Apic. Res. 13: 67-73.
O’Toole C and Raw A (1991). Bees of the world. Blandford, London.
Paini DR and Bailey WJ (2002). Seasonal sex ratio and unbalanced investment sex ratio in the Bank-
sia bee Hylaeus alcyoneus. Ecol. Entomol. 27: 713-719
Peterson JH and Roitberg BD (2006). Impacts of flight distance on sex ratio and resource allocation
to offspring in the leafcutter bee, Megachile rotundata. Behav. Ecol. Sociobiol. 59: 589-596.
Phillips JK, Klostermeyer EC (1978). Nesting behavior of Osmia lignaria propinqua Cresson (Hy-
menoptera: Megachilidae). J. Kansas Entomol. Soc. 51: 91-108
Pitts-Singer TL (2008). Past and present management of alfalfa bees. In: Bee Pollination in Agricultural
Ecosystems (James RR and Pitts-Singer TL, eds.). Oxford University Press, Oxford, 105-123.
Ptacek V (1989). Nesting strips for Rhophitoides canus Ev. (Hymenoptera, Apoidea) in lucerne seed
production. Sbornik Vedeckych Praci 11: 261-273. [In Czech]
Raw A (1992) Solitary bees (Hymenoptera: Megachilidae), restricted to identical resources for nes-
ting, recognized their own nests: an example of genetically determined personal scents? The
Entomologist 111: 79-87.
Richards KW (1984). Alfalfa leafcutter bee management in western Canada. Agriculture Canada
Publication 1495 E, Ottawa.
Roubik DW (1989). Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press,
Cambridge.
Rust RW (1993). Cell and nest construction costs in two cavity-nesting bees (Osmia lignaria propin-
qua and Osmia ribifloris biedermannii) (Hymenoptera: Megachilidae). Ann. Entomol. Soc. Am.
86: 327-332
Rust RW (1998). The effects of cavity diameter and length on the nesting biology of Osmia lignaria
propinqua Cresson (Hymenoptera: Megachildae). J. Hym. Res. 7: 84-93.
Seidelmann K (2006). Open-cell parasitism shapes maternal investment patterns in the red mason bee
Osmia rufa. Behav. Ecol. 17: 839-848.
Steinmann E (1976). Über die Nahorientierung solitärer Hymenopteren: Individuelle markierung der
Nesteingänge. Mitt. Schweiz. Ent. Ges. 49: 253-258.
Steinmann E and Menzel R (1990). Lernversuche mit der Einsiedlerbiene Osmia rufa (Linnaeus,
1758) (Hymenoptera, Apoidea). Mitt. Schweiz. Ent. Ges. 63: 99-103.
Steffan-Dewenter I (2003). Importance of habitat area and landscape context for species richness of
bees. Conserv. Biol. 17: 1036–1044.
Stephen WP (1962). Propagation of the leaf-cutter bee for alfalfa seed production. Agric. Exp. Stn
Oregon State Univ. Bull. 586.
Stephen WP and Osgood CE (1965). Influence of tunnel size and nesting medium on sex ratios in a
leaf-cutter bee, Megachile rotundata. J. Econ. Entomol. 58: 965-968.
Stephen WP and Undurraga JM (1976). X-radiography, an analytical tool in population studies of the
leafcutter bee, Megachile pacifica. J. Apic. Res. 15: 81-87.
Stephen WP, Bohart GE and Torchio PF (1969). The Biology and External Morphology of Bees. Or-
egon State University, Corvallis.
Strohm E, Daniels H, Warmers C and Stoll C (2002). Nest provisioning and a possible cost of repro-
duction in the megachilid bee Osmia rufa studied by a new observation method. Ethol. Ecol
Evol. 14: 255-268.
Sugiura N and Maeta Y (1989). Parental investment and offspring sex ratio in a solitary mason bee, Os-
mia cornifrons (Radoszkowski) (Hymenoptera: Megachilidae). Jap. J. Entomol. 57: 861-875.
Taki H, Viana BF, Kevan PG, Silva FO, Buck M. (2008). Does forest loss affect the communities of
trap-nesting wasps (Hymenoptera: Aculeata) in forests? Lanscape vs. local habitat conditions.
J. Insect Conserv. 12: 15-21.
Tepedino VJ and Torchio PF (1982). Phenotypic variability in the nesting success among Osmia
lignaria propinqua females in a glasshouse environment (Hymenoptera: Megachilidae). Ecol.
Entomol. 7: 453-462.
Tepedino VJ and Torchio PF (1989). The influence of nest-hole selection on sex ratio and progeny
size in Osmia lignaria propinqua (Hymenoptera: Megachilidae). Ann. Entomol. Soc. Amer.
82: 355-360.
Torchio PF (1982). Field experiments with the pollinator species, Osmia lignaria propinqua Cresson
in apple orchards: II, 1976 studies (Hymenoptera: Megachilidae). J. Kansas Entomol. Soc.
55: 759-778.
Torchio PF (1984). The nesting biology of Hylaeus bisinuatus Forster and development of its imma-
ture forms (Hymenoptera: Colletidae). J. Kansas Entomol. Soc. 57: 276-297.
Torchio PF (1985). Field experiments with the pollinator species, Osmia lignaria propinqua Cresson
in apple orchards: V, (1979-1980), methods of introducing bees, nesting success, seed counts,
fruit yields (Hymenoptera: Megachilidae). J. Kansas Entomol. Soc. 58: 448-464.
Torchio PF (1991). Use of Osmia lignaria propinqua (Hymenoptera: Megachilidae) as a mobile pol-
linator of orchard crops. Environ. Entomol. 20: 590-596.
Torchio PF (2003). The development of Osmia lignaria as a managed pollinator of apple and almond
crops: a case history. In: For non-native crops, whence pollinators of the future?, Stickler K and
Cane JH, eds.). Thomas Say publications, Entomological Society of America, Lahnam, 67-84.
Torchio PF (1989a). In-nest biologies and immature development of three Osmia species (Hymenop-
tera: Megachilidae). Ann. Entomol. Soc. Amer. 82, 599-615.
Torchio PF (1989b). Biology, immature development, and adaptive behavior of Stelis montana, a clep-
toparasite of Osmia (Hymenoptera: Megachilidae). Ann. Entomol. Soc. Amer. 82: 616-632.
Tscharntke T, Gathmann A and Steffan-Dewenter I (1998). Bioindication using trap-nesting bees
and wasps and their natural enemies: community structure and interactions. J. Appl. Ecol.
35: 708-719.
Tscharntke T, Steffan-Dewenter I, Kruess A and Thies C (2002). Characteristics of insect populations
on habitat fragments: A mini review. Ecol. Res. 17: 229–239.
Tylianakis JM, Klein AM, and Tscharntke T (2005). Spatiotemporal variation in the diversity of Hy-
menoptera across a tropical habitat gradient. Ecology 86: 3296-3302.
Tylianakis JM, Tscharntke T and Lewis OT (2007). Habitat modification alters the structure of tropi-
cal host–parasitoid food webs. Nature 445: doi:10.1038/nature05429
Velthuis HHW and van Doorn A (2006). A century of advances in bumblebee domestication and
the economic and environmental aspects of its commercialization for pollination. Apidologie
37: 421-451
Vicens N and Bosch J (2000). Nest site orientation and relocation of populations of the orchard pol-
linator Osmia cornuta (Hymenoptera, Megachilidae). Environ. Entomol. 29: 69-75.
Yamada M, Oyama N, Sekita N, Shirasaki S and Tsugawa C (1971) The ecology of the megachilid
bee Osmia cornifrons and its utilization for apple pollination. Bull. Aomori Apple Exp. Stn 15:
1-80. [In Japanese]
English title: The orientation and shading affect trap nesting rates?
Abstract
After the extensive work about bee and wasps caught in trap nests by Krombein, the use of traps
to get solitary Apoidea spread to many parts of the world. In Brazil the first study using the technique
was performed in Ribeirão Preto (southeastern Brazil) by Serrano and Garófalo (1978). Currently
there are people studying the trap nesting species everywhere in Brazil. The technique has been used
to survey the species and to get biological data, most about nest structure and associated parasites.
However, mainly due to the declining of bee populations related to the impact of human activities,
there is a growing need to rear and increase the populations of crop pollinators. The aim of this study
is to standardizing the techniques of rearing the Brazilian solitary bees and build large populations of
them testing if the orientation of trap nests related to cardinal points, insolation and material used to
build the blocks of trap nests have any effect on capture rates of bees and wasps species. Trypoxylon
aurifrons and Centris analis were the most abundant trap nesting species. Preliminary results show
that number of species is higher in shade and number of nests, accordingly to species and study area,
was higher in trap nests oriented to West, South and North. Thus, numbers of nests oriented to East
were lower, which is the main wind direction in the studied areas.
Introdução
utilizados, arquitetura dos ninhos, recursos fornecidos para as larvas e biologia das espécies parasitas
(Garófalo, 2000).
A utilização de ninhos-armadilha para amostrar as abelhas que utilizam cavidades preexisten-
tes foi iniciada por Krombein (1967), nos EUA. No Brasil, a técnica foi utilizada primeiramente por
Serrano & Garófalo (1978), e posteriormente inúmeros estudos foram realizados em diversas regiões
do país (ver revisão em Garófalo et al., 2004; Aguiar et al. 2005).
A ocupação dos ninhos-armadilha é influenciada por diversos fatores, como a disponibilidade
de oferta, diâmetros adequados, distribuição dos ninhos, parasitismo, grau de exposição solar, iso-
lamento térmico, entre outros. Além disso, segundo Vinson et al. (1993), as cavidades preexistentes
apropriadas para nidificação de cada espécie de abelha ou vespa, representam um recurso escasso no
ambiente que limitam o crescimento das populações destas espécies.
As atividades humanas têm causado efeitos diretos e indiretos sobre as comunidades de abelhas
e plantas, devido à expansão de áreas utilizadas na agricultura e pecuária, resultando em fragmen-
tação de matas e isolamento de habitat (Potts et al., 2005). Mais recentemente, tem sido destacado
o declínio mundial de polinizadores, com impacto direto na produtividade agrícola e a necessidade
premente de estudos para avaliar parâmetros populacionais das abelhas (Biesmeijer et al., 2006; Klein
et al., 2007).
Visando definir parâmetros e técnicas para implementar o aumento das populações de poliniza-
dores em áreas agrícolas, o presente projeto tem como objetivos verificar se há 1) influência da orien-
tação dos ninhos-armadilha em relação aos pontos cardeais, 2) do grau de insolação, e 3) da utilização
de diferentes substratos (madeira e cimento-vermiculita), nas taxas de captura das espécies de abelhas
e vespas nidificantes em cavidades preexistentes.
As respostas dessas perguntas propiciarão o aumento da produtividade de culturas polinizadas
por espécies nidificantes em cavidades preexistentes, fornecendo informações para planos de manejo
de polinizadores.
Material e métodos
Para a realização deste estudo foram escolhidas duas áreas agrícolas na mesorregião da Zona
da Mata paraibana, próximas da zona litorânea. A primeira área situa-se na Estação Experimental
de Mangabeira, pertencente à EMEPA (Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba). A
EMEPA é circundada por uma vegetação de tabuleiro com elementos de Restinga e Mata Atlântica,
que se encontra em um estágio inicial de alteração devido à presença de áreas loteadas próximas à
estação. A segunda área de estudo está localizada no Sítio Olho D’água, município de Alhandra, PB.
O município de Alhandra está localizado no litoral sul do estado, e é essencialmente agrícola, sendo
uma das principais áreas produtoras de acerola, inhame, abacaxi, manga e mamão do estado. Desta
forma, não são observadas áreas de mata conservada nas proximidades.
Nos dois locais de estudo, foram escolhidos duas áreas de amostragem com diferentes graus de
sombreamento (ensolarada e sombreada), sendo uma exposta diretamente ao sol e a outra debaixo de
locais sombreados por telhas de argila. Nessas áreas foram instalados ninhos-armadilha, constituídos
por blocos perfurados para a inserção de tubos de cartolina preta. Foram testados dois tipos de blocos:
de madeira (conforme Aguiar & Martins, 2002) e de cimento-vermiculita (baseado em Lorenzon et
al., 2004; e Cordeiro et al., 2006). Em cada tipo de bloco foram inseridos tubos de cartolina com 10
cm de comprimento, sendo 20 tubos de cada um dos diâmetros de 0,5 a 1,0 cm, diferindo em 0,1 cm
entre cada classe. Desse modo, foram disponibilizados 120 ninhos-armadilha (20 de cada um dos 6
Resultados
Neste manuscrito, são apresentados os dados referentes aos ninhos coletados nos meses de
agosto a outubro de 2007. Nos dois locais de estudo, foram coletados 538 ninhos e 810 indivíduos,
sendo a maioria amostrada em Alhandra (89,6% dos ninhos e 83,2% dos indivíduos, Tabela 1). No
total, oito espécies de abelhas, três de Sphecidae e uma de Vespidae nidificaram nos locais estudados
(sendo dez espécies em Alhandra e oito espécies na EMEPA). Centris analis e Trypoxylon aurifrons
foram as espécies mais abundantes, juntas correspondendo a mais de 95% das nidificações.
Ninhos Indivíduos
Espécies/Locais Alhandra EMEPA Alhandra EMEPA
Ancistrocerus sp1 2 5
Centris analis 89 18 264 63
Centris tarsata 3 4 5 9
Dicranthidium arenarium 2 10
Epanthidium tigrinum 1 4
Hylaeus sp1 2 4
Megachile sp1 2 1 3 1
Megachile sp2 2 2 3 4
Tetrapedia dentipes 1 4
Trypoxylon albitarse 2 1 1 2
Trypoxylon aurifrons 377 28 378 49
Sphecidae sp1 1 1
Total geral 482 56 674 136
Em ambos locais, a abundância de ninhos das duas espécies mais abundantes foi maior na área
sombreada, embora Centris analis também tenha construído alguns ninhos na área ensolarada em
Alhandra (Figuras 1 e 2).
Em Alhandra, cerca de 70% dos ninhos de Trypoxylon aurifrons foram construídos nos blocos
de cimento-vermiculita e o restante nos blocos de madeira. Por outro lado, na EMEPA houve um
maior número de ninhos em blocos de madeira, todavia, o número de ninhos construído foi bem
menor que em Alhandra (Figura 1). Com relação aos pontos cardeais, observa-se que não houve di-
ferença do número de ninhos de Trypoxylon aurifrons construídos nos blocos de cimento-vermiculita
voltados para cada direção. Entretanto, foi maior o número de ninhos construídos nos blocos de ma-
deira direcionados para o oeste, em Alhandra; e para o sul, na EMEPA (Figura 1a e b).
Quanto à Centris analis, observa-se em Alhandra que, além de terem sido utilizados principal-
mente os ninhos-armadilha oferecidos em blocos de madeira, e dispostos na área sombreada, estes
foram construídos em maior número nos tubos voltados para as direções sul e oeste (Figura 2a). Na
EMEPA, apesar do menor número de nidificações, os ninhos foram construídos quase exclusivamente
em blocos de madeira, direcionados para o norte, e na área sombreada (Figura 2b).
Discussão
De modo geral, e para as duas espécies predominantes, Trypoxylon aurifrons e Centris analis,
foi observado um maior número de nidificações na área sombreada. No caso de Centris analis, apesar
do maior número de ninhos na área sombreada, também foram construídos ninhos na área ensolarada.
Este fato foi observado por Couto & Camillo (2007), em Ribeirão Preto. Esses autores também veri-
ficaram que não houve diferença nas taxas de mortalidade entre as áreas ensolaradas e sombreadas.
Apesar de Couto & Camillo (2007), terem observado maior taxa de nidificação de Centris analis na
área ensolarada, os mesmos utilizaram um abrigo de telha de amianto para proteger os ninhos-arma-
dilha do sol. Em nosso estudo, os ninhos-armadilha foram expostos diretamente ao sol, o que parece
ter influenciado na menor taxa de nidificação na área ensolarada.
Quanto à riqueza, o número de espécies amostradas nas duas áreas de estudo é próximo aos
valores observados na Reserva Biológica Guaribas (Aguiar & Martins, 2002; Martins et al., 2002),
localizada no litoral norte da Paraíba, considerando que os dados aqui apresentados correspondem a
três meses de coleta.
Quanto ao direcionamento dos ninhos-armadilha, de modo geral foi observado que o número de
nidificações foi muito reduzido na direção leste, apesar da existência de variações entre as espécies.
Considerando que a direção predominante do vento nas áreas estudadas é leste e sudeste, os dados,
apesar de preliminares, sugerem que os ninhos-armadilha sejam voltados em direção oposta aos ven-
tos predominantes, de acordo com a região.
De modo similar, as maiores taxas de nidificação de Centris analis em blocos de madeira,
sugerem a utilização preferencial deste material quando o objetivo for a criação desta espécie
visando a polinização.
Como salientado anteriormente, os dados aqui apresentados ainda são preliminares, de modo
que uma análise mais detalhada será efetuada após completar um ano de coleta, e estudos mais apro-
fundados forem realizados.
Agradecimentos
Referências bibliográficas
Aguiar AJC and Martins CF (2002). Abelhas e vespas solitárias em ninhos-armadilha na Reserva Biológi-
ca Guaribas (Mamanguape, Paraíba, Brasil). Revista Brasileira de Zoologia. 19 (Supl): 101-116.
Aguiar CML, Garófalo CA, Almeida GF (2005). Trap-nesting bees (Hymenoptera, Apoidea) in areas of dry
semideciduous forest and caatinga, Bahia, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. 22(4): 1030-1038.
Biesmeijer JC, Roberts SPM, Reemer M, et al. (2006). Parallel declines in pollinators and insect-
pollinated plants in Britain and the Netherlands. Science. 313(5785): 351-354.
Camillo E, Garófalo CA, Serrano JC, Muccillo G (1995). Diversidade e abundância sazonal de abe-
lhas e vespas solitárias em ninhos armadilhas (Hymenoptera, Apocrita, Aculeata). Revista Bra-
sileira de Entomologia. 39(2): 459-470.
Cordeiro GD, Silva MRA and Lorenzon MCA (2006). Argamassa-cimento-vermiculita como alterna-
tiva para construção de ninhos-armadilha para abelhas solitárias (Hymenoptera, Apoidea). In:
Anais do VII Encontro sobre abelhas, Ribeirão Preto, 33.
Couto RM and Camillo E (2007). Influência da temperatura na mortalidade de imaturos de Centris
(Heterocentris) analis (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Iheringia, Sér. Zool. 97(1): 51-55.
Garófalo CA (2000). Comunidades de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) que utilizam ninhos-armadi-
lhas em fragmentos de matas do Cerrado de São Paulo. In: Anais do IV Encontro sobre Abelhas
de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 121-128.
Garófalo CA, Martins CF and Alves-dos-Santos I (2004). The Brazilian solitary bee species caugth
in trap nests. In: Solitary bees: conservation, rearing and management for pollination, (Freitas
BM and Pereira JOP, eds.). Imprensa Universitária, Fortaleza,77-84.
Klein AM, Vaissière BE, Cane JH, et al. (2007). Importance of pollinators in changing landscapes for
world crops. Proc. Royal Society B. 274: 303-313.
Krombein KV (1967). Trap nesting wasps and bees. Life histories, nests and associates. Smithsonian
Institution Press, Washington, DC, 570p.
Lorenzon MCA, Cidreira RG, Rodrigues EHV et al. (2004). Langstroth hive construction with ce-
ment-vermiculite. Scientia Agricola. 61(6): 573-578.
Martins CF, Camarotti-de-Lima MF, Aguiar AJC (2002). Abelhas e vespas solitárias nidificantes em ca-
vidades preexistentes na Reserva Biológica Guaribas (Mamanguape, PB): uma proposta de mo-
nitoramento. In: Anais do V Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 40-46.
Morato EF (2000). A técnica de ninhos-armadilhas no estudo de comunidades de Aculeata solitários.
In: Anais do IV Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 111-117.
Potts SG, Vulliamy B, Roberts S et al. (2005). Role of Nesting Resources in Organizing Diverse Bee
Communities in a Mediterranean Landscape. Ecological Entomolog. 30: 78-85.
Serrano JC and Garófalo CA (1978). Utilização de ninhos artificiais para o estudo
bionômico de abelhas e vespas solitárias. Rvta. Bras. Ent. 31: 237-241.
Tscharntke T, Gathmann A, Steffandewenter I (1998). Bioindication using trap-nesting bees and wasps
and their natural enemies: community structure and interactions. J. Appl. Ecol. 35: 708-719.
Vinson SB, Frankie GW, Barthell J (1993). Threats to the diversity of solitary bees in a Neotropical
Dry forest in Central America. In: Hymenoptera and Biodiversity (LaSalle J and Gauld ID,
eds.). CAB International, 53-81.
Abstract
In this paper we present data on the nesting biology of one Hylaeus species captured in
trap-nests at the University Campus in São Paulo, Brazil. Females construct the nests mainly in
cavities of 3mm diameter. The cells are made of a delicate and transparent membrane. The fe-
male builds opercula in the entrance from the beginnig of the nesting process, which has a small
hole in the middle and allows the passage of the female. The larvae food consists of a liquid mass
and analyses show preference for Myrtaceae and Mimosaceae pollen. Nest architecture is similar
to other species in the group.
Introdução
Abelhas solitárias que utilizam cavidades pré-existentes são passíveis de captura através da
oferta artificial de ninhos armadilhas. A técnica foi universalmente difundida a partir dos trabalhos de
Karl V. Krombein, que por 12 anos (1953-1964) coletou abelhas e vespas solitárias em armadilhas em
diferentes regiões dos Estados Unidos e estudou seus ciclos de vida (Krombein 1967). Nesta técnica,
cavidades artificiais de diferentes diâmetros e profundidades são oferecidas na natureza, podendo ser
em gomos de bambu ou blocos de madeira perfurados com o diâmetro desejado.
O uso de ninhos armadilhas permite a obtenção de muitos dados relacionados à biologia da
espécie, como: razão sexual, conteúdo do alimento larval, arquitetura do ninho, parasitas associados,
entre outros (Garófalo 2000, Morato & Campos 2000).
Um sumário das espécies de abelhas que utilizam este tipo de armadilhas no Brasil foi
apresentado por Garófalo et al. (2004). Na lista contendo cerca de 60 espécies predominam
abelhas da família Apidae (Centridini, Euglossini e Tetrapediini) e Megachilidae (Anthidiini
e Megachilini). Além destas duas famílias são raros os casos de abelhas da família Colletidae
capturadas em ninhos armadilhas. No Brasil, Camillo et al (1996) capturaram Colletes rufipes e
Alves dos Santos (2003) registrou duas espécies de Hylaeus em orifícios com 3mm de diâmetro
no campus da USP de São Paulo.
Família Colletidae
Materiais e Métodos
para aguardar a emergência dos adultos. Os indivíduos emergidos foram coletados, sacrificados e
preparados para coleção. Após a emergência dos adultos os ninhos foram abertos novamente para
exame final do interior e registro da mortalidade.
Algumas observações externa da atividade das fêmeas foram realizadas para obtenção de dados
da seqüência da construção do ninho, comportamento de parasitas, forma de coleta de alimento e
horários de atividade.
Amostras do alimento larval foram coletadas para análise polínica, em diferentes épocas do
ano. Para análise utilizamos o método de acetólise proposto por Erdtman (1969). Lâminas com os
grãos de pólen foram examinadas em microscópio para estimativa e identificação.
As abelhas foram identificadas até morfoespécies, devido à falta de chave de identificação para
espécies no gênero Hylaeus, bem como material para comparação em coleção. Os dados apresentados
neste trabalho correspondem ao material obtido de uma espécie, que foi a mais freqüente nos ninhos.
As abelhas e todo material examinado encontram-se depositados na coleção CEPANN, do Labo-
ratório de Abelhas do IBUSP em São Paulo.
Resultados
células de 11 ninhos e observamos a presença de ácaros em alguns ninhos após a emergência. Dez
parasitóides (Ichneumonidae sp.) emergiram de 11 ninhos e outros dois indivíduos deste parasita
foram registrados entre os mortos.
O período para completar o desenvolvimento (de ovo até a emergência do adulto) acompanhado
em 12 células, foi em média 35 dias. Mas, verificamos que há variação ao longo do ano, provavel-
mente de acordo com as condições climáticas. O desenvolvimento acompanhado de três células con-
struídas em meados de maio (ou seja, outono) durou entre 40-72 dias. O período de diapausa, como
em muitas abelhas, é passado na fase de larva madura.
O espectro polínico encontrado em amostras do alimento larval provenientes de 16 ninhos
revelou a predominância de grãos de pólen de Myrtaceae e Mimosaceae, sendo que em dois ninhos
foram registrados 100% pólen de Myrtaceae. Outra família considerada como pólen acessório ou
isolado ocasional foi Sapindaceae (entre 0,3-47% dos grãos das amostras).
Discussão
O revestimento celular com substância secretada pela glândula de Dufour pela fêmea é am-
plamente difundido entre as abelhas. Muitas abelhas combinam secreções da glândula de Dufour
e glândula labial (Duffield et al. 1984), aplicando a mistura com as pecas bucais. Por exemplo, em
Colletinae as secreções da glândula labial devem acelerar a polimerização de lactonas para formar o
revestimento to tipo celofane. O revestimento provavelmente previne a célula do excesso de umidade
e ressecamento e defende contra infecção microbiana.
A complexidade química da secreção da glândula de Dufour sugere que também tenha função
de comunicação, por exemplo, como reconhecimento do ninho, especialmente quando a secreção é
aplicada na entrada do ninho (Hefetz 1987, Guedot et al. 2006). Nos ninhos de Hylaeus sp. analisados
neste trabalho a fêmea espalha com a glossa uma fina camada de secreção ao redor do orifício de en-
trada, deixando um aro esbranquiçado característico. Acreditamos que além de uma possível função
anti-microbiana e hidrofóbico, esta substância sirva como reconhecimento do ninho ao retorno da
fêmea. Porém, análises da composição química de tal substância e biostestes precisam ser feitos.
Como estratégia de defesa a construção de um opérculo na entrada logo no início da fundação
do ninho deve impedir ou inibir o acesso de parasitas. Por exemplo, vespas do gênero Melittobia
que estavam presentes na área de estudo e atacaram todas as outras espécies de abelhas e vespas
ocupantes dos NA, foram raras nos ninhos de Hylaeus sp. Mas, mesmo com aparência protegida,
os ninhos foram parasitados por uma espécie de Ichneumonidae, que introduz o ovipositor através
do opérculo. Nas duas espécies de Hylaeus estudadas por Krombein (1967) nos Estados Unidos (H.
asininus e H. modestus) emergiram os seguintes parasitas: Coelopencyrtus hylaei (Encyrtidae, Chal-
cidoidea) e Anthrax irroratus (Bombylidae).
A arquitetura do ninho de Hylaeus sp. se assemelha em muitos aspectos àquela descrita por
Krombein (1967) para as duas espécies de Hylaeus norte-americanos, com membrana delicada e
transparente revestindo o ninho e células, que são divididas por partições feitas com fibras de ma-
deira. Ambas as espécies fundaram ninhos em cavidades preferencialmente com diâmetro de 3,2mm,
sendo em um caso com cavidade com 4,8mm, as células individuais foram dispostas pareadas.
Krombein (1967) suspeitou de univoltismo para as duas espécies, com período de atividade entre
abril e junho (primavera e verão no hemisfério norte). No caso de Hylaeus sp. acreditamos que seja
uma espécie com mais de uma geração por ano, talvez até multivotina, pois registramos indivíduos
emergindo na primavera, verão e outono. Estes indivíduos certamente estavam prontos para iniciar um
novo ciclo. Ninhos com ovos e larvas em diferentes fases de desenvolvimento também foram amostra-
dos nas três estações. Mas, durante o inverno, nitidamente a atividade é reduzida ou interrompida.
A análise do pólen revelou a predominância de grãos de pólen de Myrtaceae e Mimosace-
ae. Ambas famílias botânicas possuem espécies melíferas e de grande importância para as abelhas
(Moreti et al. 2000) e estão de acordo com o registro de plantas apresentados por Wilms (1995) para
as espécies de Hylaeus da Mata Atlântica. No campus da USP temos muitas áreas florestadas com
Eucalyptus (Myrtaceae) que provavelmente servem de alimento para estas abelhas.
A riqueza de espécies do gênero Hylaeus na região Neotropical é grande e merece ser estudada
com mais detalhes. Outras duas espécies de Hylaeus fundaram ninhos nas armadilhas da cidade uni-
versitária e recentemente capturamos ninhos de outra espécie no Parque Estadual da Serra da Cantar-
eira. Em todos os casos foram disponibilizados ninhos armadilhas com diâmetro entre 3-4mm, pouco
utilizado em trabalhos semelhantes. Assim, recomendamos a ampliação da oferta de cavidades com
diâmetros variados, para que esta fauna de abelhas seja amostrada e estudada.
Agradecimentos
Ao VIII Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, pela oportunidade de apresentar este tra-
balho. Aos colegas Marilda Cortopassi Laurino pelo auxílio na análise do pólen e Heber Couto Cav-
alheiro pelo auxílio na abertura dos ninhos. À Fapesp pelo apoio financeiro (Processo: 04/15801-0) e
incentivo aos nossos projetos com as abelhas nativas e pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro
autor (Processo: 07/51911-2).
Referências Bibliográficas
Alcock J.; Houston T. F. (1996). Mating systems and male size in Australian hylaeine bees (Hyme-
noptera: Colletidae). Ethology. 102 (7): 591-610
Almeida, E. A. B. (2008). Colletidae nesting biology (Hymenoptera: Apoidea). Apidologie 39: 16-29.
Alves-Dos-Santos, I. (2003). Trap-nesting bees and wasps on the University Campus in São Paulo,
Southeastern Brazil (Hymenoptera: Aculeata). J. Kansas Entomol. Soc. 76: 328-334.
Camillo, E.; Garófalo, C. A.; Serrano, J. C. (1996). Utilização de ninhos armadilhas por Col-
letes rufipes Smith (Hymenoptera, Colletidae). In: Anais do II Encontro sobre abelhas de
Ribeirão Preto. p. 332.
Cane, J.H. (1983). Chemical evolution and chemosystematics of the Dufour’s gland secretions of
the lactone–producing bees (Hymenoptera: Colletidae, Halictidae & Oxaeidae). Evolution
37: 657–674.
Duffield, R.M., Fernandes A, Mckay S, J. W. Wheeler and R. R. Snelling. (1980). Chemistry of the
Exocrine Secretions of Hylaeus modestus (Hymenoptera, Colletidae) Comparative Biochemis-
try & Physiology 67 (1): 159-162.
Erdtman, G. (1969). Handbook of palynology. An introduction to the study of pollen grains and
spores. Munksgaard, Copenhagen.
Espelie K., Cane J., Himmelsbach D. (1992). Nest Cell Lining of the Solitary Bee Hylaeus bisinuatus
(Hymenoptera, Colletidae). Experientia 48 (4): 414-416
Garófalo, C. A. (2000). Comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) que utilizam ninhos-arma-
dilha em fragmentos de matas do estado de São Paulo. In: Anais do IV Encontro sobre abelhas
de Ribeirão Preto. p. 121.
Garófalo, C. A.; Camillo, E.; Serrano, J. C.; Muccillo, G. (1995). Diversidade e Abundância Sazonal
de Abelhas e Vespas Solitárias em Ninhos Armadilhas (Hymenoptera, Apocrita, Aculeata). Re-
vista Brasileira Entomol. 39 (2): 459-470.
Garófalo, C. A., Martins, C. F., Alves-dos-Santos, I. (2004) .The Brazilian solitary bee species caught
in trap nests. In: International Workshop on solitary bees and their role in pollination, Beberibe,
CE. Solitary Bees: conservation, rearing and management for pollination. Fortaleza: Impresa
Universitária, p.77 – 84.
Guedot C., Pitts - Singer T. L., Buckner J. S., Bosch J.& Kemp W. P. (2006). Olfactory cues and nest
recognition in the solitary bee Osmia lignaria. Physiological Entomology 31: 110–119
Griswold, T., P. E. Hanson, & I. Alves dos Santos. (2006). Apoidea: Abejas. In: I. Gauld & P. Hanson.
Hymenoptera de la Región Neotropical. American Entomological Institute 77: 734-785.
Hefetz A. 1987. The role of Dufour’s gland secretions in bees. Physiological Entomology 12
(3): 243–253.
Krombein, K. V. (1967) Trap-nesting wasps and bees: life histories, nests and associates. Washington:
Smithsonian Institution Press. 570p.
Michener, C. D. (2000). The bees of the World. John Hopkins, Washington DC.
Morato, E. F.; Campos, L. A. O. (2000). Efeitos da fragmentação florestal sobre abelhas e vespas so-
litárias em uma área da Amazônia Central. Revista Bras. Zoologia 17: 429-444.
Moreti, A.; Carmello C. C.; Carvalho, C. A. L.; Marchini, L. C.; Oliveira, P. C. F. (2000). Pollen
spectrum of samples of Apis mellifera L., honey collected in Bahia State, Brazil. Bragantia
59 (1): 1-6.
Moure, J. S., Urban, D. & Melo, G. A. R. (2007). Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the
Neotropical Region. Curitiba: Sociedade Brasileira de Entomologia v. 1. 1072 p.
Paini, D. R. & Bailey, W.J. (2002). Seasonal sex ratio and unbalanced investment sex ratio in the
Banksia bee Hylaeus alcyoneus. Ecological Entom. 27 (6): 713–719.
Roberts R.B. (1971) Biology of the crepuscular bee Ptiloglossa guinnae n.sp. with notes on associ-
ated bees, mites, and yeasts. J. Kans. Entomol. Soc. 44,283–294.
Rozen J.G. Jr. (1984). Nesting biology of diphaglossine bees (Hymenoptera: Colletidae). Am. Mus.
Novit. 2786: 1–33.
Sakagami S.F., Zucchi R. (1978) Nests of Hylaeus (Hylaeopsis) tricolor: the first record of non–
solitary life in colletid bees, with notes in communal and quasi–social colonies (Hymenoptera:
Colletidae). J. Kans. Entomol. Soc. 51: 597–614.
Scott, V. (1994). Phenology And Trap Selection of 3 species of Hylaeus (Hymenoptera, Colletidae) in
upper Michigan. Great Lakes Entomologist 27 (1): 39-47
Torchio, P. (1984). The Nesting Biology of Hylaeus bisinuatus Forster and Development of its Im-
mature forms (Hymenoptera, Colletidae). J. Kansas Entomol. Soc. 57 (2): 276-297
Wilms, W. (1995). Die Bienenfauna in Kustenregenwald Brasiliens und ihre beziehungen zu Bluten-
planzen: Fallstudie Boraceia, São Paulo. Dissertation. Tübingen. Universität Tübingen.
O Uso de Ninhos-Armadilha em
Estudos Realizados no Parque Municipal
das Araucárias, Guarapuava (PR)
O uso de ninhos-armadilhas em Guarapuava (PR)
Maria Luisa Tunes Buschini1; Jesiani Rigon1; Juliano Cordeiro1; Mary Ellen Reis Diniz1
1- Departamento de Biologia da Universidade Estadual do
Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR).
Correspondência: Profa Dra. Maria Luisa Tunes Buschini, Departamento de Biologia –
UNICENTRO, Rua Presidente Zacarias 874, Cep: 85010-990, Guarapuava (PR);
email: isatunes@yahoo.com.br
Use of trap nests in studies that have been done in the Parque Municipal das Araucárias,
Guarapuava (PR).
Abstract
The species diversity and community structure of trap-nesting bees was studied from Decem-
ber 2001 to December 2003. Three different habitats (Araucaria forest, swamp and grassland) were
investigated in terms of abundance, richness, diversity and similarity of bee communities. A total of
120 nests of 11 species were collected. The most abundant species were Centris tarsata, Megachile
(Moureapis) sp. and Rinchocolletes sp. Swamp habitat yielded the greatest abundance and diversity
of bee species. In this paper we also present information on nesting biology of Centris (Hemisiella)
tarsata and Epanthidium nectarinioides and about which plants are used by Megachile (Moureapis)
sp. in provisioning of larvae. A total of 67 nests of Centris tarsata were obtained from wood trap-nests
of different diameters. This species showed a preference for open habitats, since it occurred only in
swamp and grassland areas and has never occurred in araucaria forest. Nesting activity was more pro-
nounced during the hot season, especially in December and January. Epanthidium nectarinioides also
built their nests only in swamp and in grassland areas. Its nesting activity was also more pronounced
in the hot season. A total of 80 pollen grain slides, from 16 nests of Megachile (Moureapis) sp. were
analyzed, corresponding to 53% of the number of founded nests. Of these, 13 were collected in the
swamp and 3 in the grassland. Although 99 flowering plants were collected close to the bee’s nidifica-
tion site, in nest slides, the pollen of Ludwigia peruviana and Ludwigia sericea accounted for 99,6 %
of the total amount of pollen collected.
Introdução
O uso natural da terra não apenas resultou na diminuição da cobertura vegetal como também
em uma assimétrica distribuição dos remanescentes, com tamanhos e formas variadas (Didham et
Materiais E Métodos
Esses estudos vêm sendo realizados desde dezembro de 2001 no Parque Municipal das
Araucárias, no município de Guarapuava (PR), a 1.120 m de altitude (25º 23’ 36’’ Sul, 51º27’19’’
Oeste). O Parque possui uma área de 104 ha sendo sua vegetação constituída por floresta ombrófila
mista 42,75%, floresta de galeria 10,09%, campos 6,8%, várzeas 7,13% e áreas alteradas 33,23%. De
acordo com a classificação climática de Köeppen, a região de Guarapuava é caracterizada pelo clima
mesotérmico, úmido e superúmido, sem estações secas. Os meses mais quentes apresentam tempera-
turas médias de 22ºC. As geadas são severas e nos meses mais frios a temperatura média é de 12ºC.
Para captura das abelhas foram instalados ninhos armadilhas constituídos por um bloco de
madeira com dimensão de 12 x 3,5 x 2,5 cm, serrado longitudinalmente e com um furo interno de
8 cm, e diâmetros variando de 0,7; 1,0 e 1,3 cm. Esses ninhos foram agrupados em um bloco maior
contendo 12 ninhos armadilhas, sendo 4 de cada diâmetro. Cada bloco foi fixado a 1,5 m de altura em
estaca também de madeira, em áreas de campo, de várzea e de mata com araucárias. Duas áreas fo-
ram estudadas em cada habitat, com 2 transectos por área e 4 estacas por transecto Foram realizadas
observações a cada duas semanas, sendo os ninhos ocupados retirados e substituídos por peças vazias
do mesmo diâmetro. Posteriormente, eles foram transportados para o laboratório e colocados em local
apropriado até a emergência dos adultos, os quais foram pesados, sexados e guardados na coleção
entomológica do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vespas e Abelhas da Unicentro.
Para a caracterização da comunidade de abelhas, as suas abundâncias foram agrupadas conforme
Whittaker (1965) (Figura 1) A frequência de ocorrência (FO) e a dominância (D) das espécies foram
calculadas de acordo com Palma (1975). Segundo esse autor, esses dois índices juntos podem ser usados
para agrupar as espécies em 3 categorias: espécies comuns, intermediárias e raras. A diversidade desses
insetos em cada ambiente foi calculada através dos índices de riqueza de Margaleff e de equitabilidade
de Pielou. Com o índice de Shannon-Wiener foi calculada a diversidade alfa para cada ambiente. A pos-
teriori foi realizado o teste de T para testar a hipótese nula de não haver diferença significativa entre os
valores desse índice nos diferentes ambientes (Magurran, 2004). Visando investigar mudanças na com-
posição das espécies entre os ambientes (diversidade beta) suas abundâncias foram agrupadas através do
Coeficiente de Distância da Corda. Posteriormente foi feito o Cluster (UPMA) e construído o drendro-
grama (Ludwig e Reynolds, 1988). A similaridade entre os ambientes, em termos de presença e ausência
de espécies, foi calculada através do índice de Jaccard. Através do índice de Shannon-Wiener calculou-se
a diversidade gama para o Parque Municipal da Araucárias reunindo os dados dos três ambientes.
Nos estudos sobre a biologia de nidificação de Centris tarsata os testes não paramétricos de
Mann-Whitney e de Kruskall-Wallis foram usados para ver se existe diferença significativa entre os
seus tempos de desenvolvimento e entre as larguras de suas cabeças. A razão sexual dessa espécie foi
calculada dividindo-se o número de fêmeas pelo número de machos. Posteriormente, foi aplicado o
teste do qui-quadrado para ver se ela era significativamente diferente de 1:1. Não foi usada nenhuma
análise estatística sobre os dados referentes à biologia de nidificação de Epanthidium nectarinioides
pois o número de informações foi bem reduzido.
Uma parcela dos ninhos fundados por Megachile (Moureapis) sp foi utilizada para retirada de seu
material polínico e confecção de lâminas permanentes pelo método de acetólise (Miranda e Andrade,
1990). Para cada ninho confeccionou-se 5 lâminas de grãos de pólen. Conforme verificado nos dados de
2001 a 2003, Megachile (Moureapis) sp. fundou ninhos apenas em ambiente de várzea e campo. Assim,
a coleta das plantas floridas foi realizada somente nestas áreas entre maio de 2006 a abril de 2007 num
raio de 500 m dos locais aonde os ninhos estavam sendo construídos. Foi retirado pólen de botões florais
e/ou flores de cada planta coletada para confecção de duas lâminas permanentes por planta.
Resultados e Discussão
Comunidade de abelhas
Foram coletadas de dezembro de 2001 a dezembro de 2003 120 ninhos de abelhas solitárias
pertencentes a 11 espécies distribuídas entre as famílias Megachilidae (72.7%), Apidae (18,2%) e
Colletidae (9,1%) (Figua 1). As espécies mais abundantes foram Centris (Hemisiella) tarsata Smith
com 44 ninhos (37%), Megachile (Moureapis) sp1 Raw com 30 ninhos (25,2%) e Rhynchocolletes
sp Moure com 13 ninhos (10,9%). C. tarsata (D = 36.67%; FO = 26,92%), M. (Moureapis)sp1. (D
= 25,00%; FO = 23,08%), Rhynchocolletes sp. (D = 10,83%; FO = 15,39%), Epanthidium nectar-
inioides Schrottky (D = 7,50%; FO = 11,54%), Megachile (Dactylomegachile) sp1 Mitcheell (D =
6.67%; FO = 11,54%), Anthodioctes claudii Urban (D = 4,17%; FO = 9,62%), Megachile sp1 Latreille
(D = 3,33%; FO = 5,77%) e Megachile sp2 (D = 2,5%; FO = 5,77%) foram consideradas espécies
intermediárias. Megachile (Austramegachile) fiebrigi Schrottky (D = 1,67%; FO = 3,85%), Xyloco-
pa (Neoxylocopa) augusti Lepeletier (D = 0,83%; FO = 1,92%) e Megachile (Moureapis) sp2 (D =
0,83%; FO = 1,92%) foram consideradas espécies raras. Anthodioctes claudii e Megachile (Moure-
apis) sp2 foram coletadas apenas em mata de aruacárias, Megachile sp2 apenas na várzea e Xylocopa
augusti apenas no campo. Apenas Megachile sp1 foi encontrada tanto na mata de araucárias quanto no
campo e Megachile (Austramegachile) fiebrigi na mata de Araucárias e várzea.
O número de espécies encontradas na várzea (S = 7) e no campo (S = 7) foi igual e maior do que
aquele encontrado na mata com araucárias (S = 4). O número de espécies estimado para o Parque Munici-
pal das Araucárias, através da distribuição lognormal, foi de 12. Tanto o número de espécies encontrados
nesse parque (n = 11) quanto o estimado pela distribuição lognormal são muito similares ao encontrado
por Morato e Campos (2000) na Amazônia Central (S=14) e maior do que aquele encontrado por Viana
et al. (2001) (S=7) e Aguiar e Martins (2002) (S = 8) na Bahia e na Paraíba, respectivamente. Segundo
Heithaus (1979) diferenças entre a riqueza de espécies de regiões temperadas e tropicais podem resultar
de diferenças tanto no tamanho amostral quanto no tamanho da área amostrada. Independente disto,
pode-se notar que a riqueza de abelhas no Parque apresenta um padrão que vem sendo documentado na
literatura de que esses insetos são mais abundantes em áreas semi-deserticas e temperadas (Silveira et al.,
2002). Na América do Sul a riqueza de abelhas aumenta do cerrado para os campos sulinos no Brasil, e
nas regiões semi-deserticas da Argentina (Michener, 1979). Guarapuava é uma região subtropical e está
localizada a 1.120 m de altitude e é considerada a segunda cidade mais fria do Paraná.
Várias hipóteses vêm sendo propostas para explicar a baixa diversidade de abelhas em regi-
ões tropicais (Silveira et al., 2002). Uma delas foi proposta por Roubik citada por Michener (1979),
segundo a qual essas regiões possuem um número maior de espécies eusociais do que as regiões
temperadas. Cada uma dessas espécies apresenta elevada população de operárias que provocaria uma
exaustão nos recursos alimentares tornando-os pouco disponíveis para as espécies solitárias. Dessa
forma, as espécies sociais provocariam o deslocamento das outras espécies de abelhas para grandes
Essas abelhas utilizaram ninhos-armadilha de 0,7 cm (n=18), 1,0 cm (n=39) e 1,3cm (n=10)
de diâmetro e constroem ninhos com uma mistura de areia e substâncias oleosas e, provavelmente,
resina. Os ninhos são formados de 1 a 4 células nas armadilhas com 0,7 cm e de 1 a 6 células naqueles
com 1,0 e 1,3 cm de diâmetro. No menor diâmetro as células têm um formato cilíndrico e nos dois
maiores elas são ovaladas e com formato de um barril. Internamente são brilhantes e bem lisas.
Emergiram 62 fêmeas e 42 machos dando uma razão sexual de 1,48 fêmeas para 1 macho, sig-
nificativamente diferente de 1:1 (χ2 = 3.846, df = 1, 0.05 < P < 0.0025). A disposição dos sexos nos
ninhos não é aleatória estando os machos nas células mais externas e as fêmeas nas mais internas.
Elas apresentaram cabeças significativamente mais largas que eles (Buschini e Wolff, 2006). Resulta-
dos semelhantes foram observados por Pereira et al. (1999) em Centris vittata Lepeletier e por Jesus e
Garófalo (2000) em Centris analis Fabricius. Para Pereira et al. (1999) essa disposição dos sexos nos
ninhos facilitaria a emergência, pois os machos emergem antes das fêmeas.
Seus inimigos naturais foram: Bombyliidae, Mesocheira bicolor Fabricius, Coelioxys sp La-
treille. e Meloidae. A porcentagem de parasitoides foi maior nas células mais internas. Esses para-
sitoides também foram encontrados nos ninhos de C. vittata (Pereira et al., 1999), C. analis (Jesus e
Garófalo, 2000) C. dichrootricha Moure (Morato et al. 1999).
(n=4) e várzea (n=8). Essas abelhas utilizaram apenas ninhos-armadilha de 0,7 cm (n=7) e 1,0 cm
(n=5) de diâmetro. O comprimento médio dos ninhos foi de 4,3 cm para os de 0,7 cm e 3,7 cm para
os de 1,0cm de diâmetro. O número médio de células aprovisionadas foi de 3,1 e 3,6 para os ninhos
com 0,7 e 1,0 cm, respectivamente. Foram observadas células vestibulares em três ninhos, duas em
ninhos de 0,7 cm e uma naqueles com 1,0 cm. Houve uma célula intercalar em apenas um ninho de
0,7 cm de diâmetro. As células dos ninhos de 0,7 cm são arranjadas linearmente. Já nos ninhos com
1,0 cm de diâmetro são dispostas em duas fileiras paralelas, sendo uma na metade inferior e outra
na superior dos ninhos-armadilha. Em cada uma dessas fileiras, as células são dispostas na diagonal.
Todos os ninhos são feitos com resina e folhas mascadas e alguns deles (n=8) com um pouco de areia.
A resina é marrom escura, bem dura e perfumada. Em alguns deles (n=6), além desse tipo de resina,
observou-se a presença de um outro tipo, mais clara e menos rígida, que é encontrada na entrada do
ninho, e está geralmente misturada a um pouco de areia, também clara e muito fina. Ela encontra-
se sob a forma de gotículas ou como uma larga mancha na entrada do ninho. Essas características
também foram observadas por Alves dos Santos (2004) nos ninhos de Anthodioctes megachiloides
Holmberg. A resina reveste também, todo o orifício interno do ninho, modelando as suas células e as
partições entre elas. A utilização de resina na construção do ninho é amplamente difundida entre os
diversos gêneros de Anthidiini (Roubik, 1989). Normalmente o fechamento do ninho aparece com
resina e uma maior quantidade de folhas mascadas. Os casulos tecidos pelas larvas são de cor marrom
claro, finos como papel celofane e ficam aderidos à parede da célula.
Emergiram 12 machos e quatro fêmeas sendo a razão sexual de quatro machos para cada fêmea.
Todas as fêmeas e a maioria dos machos (n=14) entraram em diapausa, com tempo médio de desen-
volvimento de 354 dias. Para as abelhas que não entraram em diapausa esse tempo foi de 77 dias.
A principal causa de mortalidade nessa espécie foi falha no desenvolvimento. Ocorreu parasi-
tismo em quatro células, sendo dois deles não identificados porque morreu ainda na fase de larva, e
os outros dois eram Coelioxys e Bombilidae. Segundo Krombeim (1967) os inimigos naturais das
abelhas da família Megachilidae são vários, entre eles abelhas do gênero Coelioxys.
Segundo Laroca (1972) para que uma espécie de abelha seja especialista, é necessário que haja
uma sincronia perfeita entre o florescimento da planta e o seu ciclo reprodutivo. Situação esta que se
torna delicada quando o período de florescimento for curto e imprevisível. Para Robertson citado por
Antonini (1995), alguns fatores que levam a evolução da oligoletia são, além da sincronização entre
o período de florescimento e atividade das abelhas, o esforço para evitar competição, vôos curtos e
nidificação próxima às plantas utilizadas no aprovisionamento.
Como estudos têm demonstrado o gênero Ludwigia é polinizada por abelhas oligoléticas.
Até o momento foram registradas 10 espécies especializadas na coleta de pólen em Ludwigia,
são elas: Panurgillus flavitarsis Schilindwein e Moure (Andrenidae), Diadasina distincta, Dia-
dasina riparia (Ducke), Ptilothrix relata (Holmberg), Melissoptila paraguayensis (Brèthes) (Api-
dae), Tetraglossula anthracina, Tetraglossula bigamica (Strand) (Colletidae) Pseudagapostemon
Referências
Aguiar AJC e Martins CF (2002). Abelhas e vespas solitárias em ninhos-armadilha na Reserva Bioló-
gica Guaribas (Mamanguape, Paraíba, Brasil). Rev. Bras. Zool. 19: 101–116.
Alves dos Santos I (2002). A vida de uma abelha solitária. http://eco.ib.usp.br/beelab/solitarias.htm. Acesso
em 12 de junho de 2008.
Antonini Y (1995). Ecologia de população de uma abelha solitária especialista Diadasina distincta (Holm-
berg, 1903): variação sazonal na razão sexual e no uso do pólen. Dissertação de Mestrado, UFMG,
Belo Horizonte.
Borges JC (1997). Interações entre espécies de Ludwigia (Onagraceae) e seus visitantes florais. Dis-
sertação de Mestrado, UFMG, Belo Horizonte.
Buschini MLT e Wolff LL (2006). Nesting biology of Centris(Hemisiella) tarsata Smith in southern
Brazil (Hymenoptera, Aidae, Centridini). Braz. J. Biol. 66: 1091-1101.
Camillo E, Garofalo CA, Serrano JC, Muccillo G (1995). Diversidade e abundância sazonal de abe-
lhas e vespas solitárias em ninhos armadilhas (Hymenoptera, Apocrita, Aculeata). Rev. Bras.
Biol. 39: 459–470.
Devries PJ e Walla TR (2001). Species diversity and community structure in neotropical fruit-feeding
butterflies. Biol. J. Linn. Soc. 74: 1–15.
Didham RK, Ghazoul J, Stork NE, Davis AJ (1996). Insects in fragmented forests: a functional ap-
proach. Trends Ecol. Evol. 11: 255–260.
Fye RE (1972). The effect of forest disturbances on populations wasps and bees in Northwestern
Ontario (Hymenoptera: Aculeata). Can. Entomol. 104: 1623–1633.
Frankie GW, Vinson SB, Newstron LE, Barthell JF (1988) Nest side and habitats preferences of Cen-
tris bees in the Costa Rican dry forest. Biotropica 20: 301-310.
Gathmann A, Greiler HJ, Tscharntke T (1994). Trapnesting bees and wasps colonizing set-aside fields:
succession and body size, management by cutting and sowing. Oecologia 98: 8–14.
Heithaus ER (1979). Community structure of neotropical flower visiting bees and wasps: diversity
and phenology. Ecology 60: 190–202.
Jesus BM e Garófalo CA (2000). Nesting behaviour of Centris (Heterocentris) analis (Fabricius) in
southeastern Brazil (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Apidologie 31: 503-515.
Krombein KV (1967). Trap-nesting Wasps and Bees Life Histories, Nests and Associates, Smithso-
nian Press, Washington.
Laroca S (1972). Notas sobre a biologia de Hylaeus cecidonastes Moure (Hymenoptera, Apoidea). Rev.
Bras. Biol. 32: 285- 290
Ludwig JA e Reynolds JF (1988). Statistical ecology: a primer on methods and computing, John Wi-
ley and Sons, New York.
Magurran AE (2004). Measuring Biological Diversity, Blackwell Science, Oxford.
Michener CD (1979). Biogeography of the bees. Ann. Missouri Bot. Gard. 66: 277–347.
Miranda MMB e Andrade TAP (1990). Fundamentos de Palinologia. Imprensa Universitária: Fortaleza.
Morato EF, Garcia MVB, Campos LAO (1999). Biologia de Centris Fabricius (Hymenoptera, Antho-
poridae, Centridini) em matas continuas e fragmentos na Amazônia Central. Rev. Bras. Zool.
16: 1213-1222.
Morato EF e Campos LAO (2000). Efeitos da fragmentação florestal sobre vespas e abelhas solitárias
em uma área da Amazônia Central. Revta Bras. Zool. 17: 429-444.
Palma S (1975). Contribución al estudio de los sifonoforos encontrados frente a la costa de Valparai-
so. Aspectos ecológicos. In: II Simpósio Latinoamericano sobre Oceanografia Biológica, Univ.
D’Oriente, Venezuela.
Perreira M, Garófalo CA, Camillo E, Serrano JC (1999). Nesting biology of Centris (Hemisiella)
vittata Lepeletier in southeastern Brazil (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Apidologie.
30: 327-338.
Péres-Maluf R (1993). Biologia de vespas e abelhas solitárias, em ninhos-armadilhas, em Viçosa-
MG. Dissertação de mestrado, UFV, Viçosa.
Raven PH (1979). A survey of reprodutive biology in Onagraceae. New Zealand Journal of Botany
17: 575- 593
Roubik DW (1989). Ecology and natural history of tropical bees, Cambridge University Press,
Cambridge.
Schlindwein C (2004). Abelhas e Flores: Especialistas são Polinizadores Efetivos? In: 55° Congresso
Nacional de Botânica e 26° Encontro Regional de Botânicos de MG, BA, ES, Viçosa, MG.
Silveira FA, Melo GAR, Almeida EAB (2002). Abelhas Brasileiras: Sistemática e Identificação, Id-
mar, Belo Horizonte.
Steffan-Dewenter I (2002). Landscape context affects trap-nesting bees, wasps, and their natural en-
emies. Ecol. Entomol. 27: 631–637.
Steffan-Dewenter I (2003). Importance of habitat area landscape context for species richness of bees
and wasps in fragmented orchard meadows. Conserv. Biol. 17: 1036–1044.
Tscharntke T, Gathmann A, Steffan-Dewenter I (1998). Bioindication using trap-nesting bees
and wasps and their natural enemies: community structure and interactions. J. Appl. Ecol.
35: 708–719.
Viana BF, Silva FO, Kleinert AMP (2001). Diversidade e sazonalidade de abelhas solitárias (Hyme-
noptera: Apoidea) em dunas litorâneas no nordeste do Brasil. Neotrop. Entomol. 30: 245–251.
Vieira AOS (2002). Biologia reprodutiva e hibridação em espécies sintópicas de Ludwigia (Onagra-
ceae) no Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado, UNICAMP, Campinas.
Whittaker RH (1965). Dominance and diversity in land plant communities. Science 147: 250–260.
Abstract
Trap-nesting bees (Hymenoptera, Apoidea) in the Caetetus Ecological Station, Gália, SP. This
paper reports data obtained concerning the occupation of trap-nests by solitary bees in a study carried
out in the Caetetus Ecological Station (22º20’ e 22º30’ S and 49º40’ e 49º45’ W), one of the larg-
est and most important remnants of semideciduous forest in São Paulo state , Brazil. Sampling was
made from June 2006 to December 2007 utilizing bamboo canes and tubes made of black cardboard
as trap-nests. The traps were inspected once a month with an otoscope. A total of 218 nests were
made by nine species belonging to five genera and two families. Tetrapedia diversipes was the most
abundant species while Epanthidium sp. occupied only one trap. Trap-nests were occupied from July
2006 to December 2007 with occupation peaks in October-November/06, February, July-August, and
October/2007, and lowest values from June to September/2006. No significant correlation was found
between the number of nests and temperature and monthly rainfall. Bamboo canes and small tubes
made of black cardboard were the trap-nests preferred by species. The natural enemies associated
with the nests were Mesocheira bicolor, Coelioxoides exulans, Coelioxoides cf. walteriae, and spe-
cies of Coelioxys, Leucospis, Anthrax and Meloidae. Comparing the data obtained with those from
other studied areas in São Paulo state, may be concluded that the Caetetus Ecological Station is one
of the areas poorest in bee species that nest in preexisting cavities.
Introdução
A floresta estacional semidecidual, caracterizada pela ausência de coníferas e pela perda parcial
das folhas no inverno, revestia quase todo o interior do estado de São Paulo, parte de Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul e Goiás, oeste do Paraná e Santa Catarina, estendendo-se até o Rio Grande do
Sul, na Bacia do Rio Turvo (Ramos et al., 2007). Esta floresta juntamente com a floresta ombrófila
densa (da encosta atlântica) e a floresta ombrófila mista (mata de araucária) compõem o denominado
domínio da Mata Atlântica (Ramos et al., 2007), um dos mais ameaçados ecossistemas florestais
brasileiros, apresentando atualmente 8% de sua área original (MMA, 2000). A floresta estacional
semidecidual foi o tipo florestal mais rápida e extensamente devastado em toda sua área de ocorrên-
cia natural. No estado de São Paulo, a devastação dessas florestas ocorreu associada à expansão da
fronteira agrícola, já que ocupavam os solos de maior fertilidade, em regiões com relevo favorável à
agricultura. Dos fragmentos remanescentes, poucos têm área representativa e encontram-se preserva-
dos (Durigan et al., 2000).
Este estudo examina a riqueza de espécies e abundância de abelhas que nidificam em cavidades
preexistentes e que ocorrem na Estação Ecológica dos Caetetus, um dos últimos fragmentos remanes-
centes significativos daquela extensa formação florestal existente no interior do estado de São Paulo.
A presente contribuição é parte de um estudo maior objetivando conhecer as comunidades de abelhas
que nidificam em cavidades preexistentes em fragmentos de floretas do estado de São Paulo, Brasil.
Material e Métodos
Área de estudo
A Estação Ecológica dos Caetetus (=EEC) está localizada entre as coordenadas geográficas
22º20’ e 22º30’ S e 49º40’ e 49º45’ W, no limite norte da bacia hidrográfica do médio Paranapanema.
A Estação possui 2176,10 ha e abrange áreas dos municípios de Gália e Alvinlândia, SP. O clima,
segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cwa, mesotérmico de inverno seco com temperaturas
inferiores a 18oC no inverno e superiores a 22oC no verão. No mês mais seco o total da precipitação
não passa de 30 mm, atingindo a precipitação anual de 1.100 a 1.700 mm (Tabanez et al., 2005). A
cobertura vegetal apresenta uma alta sazonalidade e uma queda parcial de folhas a partir de algumas
árvores durante a estação fria e seca (abril-setembro)(Ramos et al., 2007). A paisagem ao redor da
Estação é formada por remanescentes de floresta de vegetação nativa, pastagens e plantações de café
e borracha. Os remanescentes nativos são principalmente de floresta semidecídua juntamente com
floresta secundária e algumas áreas de transição entre floresta e cerrado (Nunes e Galetti, 2007).
Metodologia
Conforme descrito por Camillo et al.(1995), os ninhos-armadilha (=NA) usados neste trabalho
foram confeccionados com cartolina preta, na forma de pequenos tubos, com uma das extremidades
fechadas com o mesmo material. Esses tubos eram de dois tamanhos: os menores, denominados de
TP, possuíam 5,8 cm de comprimento e 0,6 de diâmetro, e os maiores, denominados de TG, tinham
8,5 cm de comprimento e 0,8 cm de diâmetro. O outro tipo de NA usado foi gomos de bambu (=GB),
com uma das extremidades fechadas por um nó, de vários diâmetros e comprimentos.
Em maio/06 foram selecionados três sítios para a instalação das estações de amostragens.
Em dois sítios, um localizado próximo à hospedaria e o outro junto à recepção de visitantes, foram
instalados dois suportes contendo os NA perfazendo um total de cinco estações de coletadas iden-
tificadas como: EEC-2; EEC-3, EEC-4, EEC-5 e EEC-6. Em setembro do mesmo ano, outros dois
sítios foram selecionados e cada um deles recebeu uma estação de amostragem, EEC-7 e EEC-8
(Figura 1). Em cada sítio foram disponibilizados 40 TP, 40 TG e 120 GB. Os GB foram amarrados
em conjuntos de 20 unidades e introduzidos em 6 tubos de PVC enquanto os tubos de cartolina
foram introduzidos em orifícios feitos em placas de madeira (cada uma com 40 orifícios). As pla-
cas de madeira e os tubos de PVC foram distribuídos em suportes de ferro instalados nos locais de
amostragens, protegidos de chuva e sol.
Figura 1 - Estação Ecológica dos Caetetus, Gália e Alvinlândia, SP, com indicações das local-
izações das estações de amostragem.
No período de junho de 2006 a dezembro de 2007, uma vez por mês, os NA foram inspe-
cionados com o auxílio de otoscópios e todos aqueles que tinham sido utilizados e completados
foram retirados do local, levados para o laboratório e deixados à temperatura ambiente. Para
cada ninho coletado um novo NA correspondente era adicionado ao local. No laboratório, os
TP e TG foram introduzidos em tubos de vidro transparente apresentando comprimento com 4
a 6 cm maior que os dos NA e as entradas dos GB foram introduzidas em tubos de polietileno,
de diâmetros apropriados, com comprimento variando de 8-10 cm, fechados em uma das ex-
tremidades com uma rolha de cortiça. Conforme os indivíduos emergiam, eles se dirigiam para
o interior dos tubos de vidro ou tubos de polietileno onde eram coletados. Em seguida, os in-
divíduos eram mortos sob vapor de acetato de etila, alfinetados, etiquetados e depositados na
coleção do Depto. de Biologia de FFCLRP.
Resultados
diversipes foi a espécie que apresentou maior atividade de nidificação (67,4% do total de ninhos)
seguida por Tetrapedia rugulosa e Centris analis com 9,6% dos ninhos cada uma delas. Epanthidium
sp. e Anthodioctes sp. foram as espécies que usaram os NA uma única vez (Tabela 1). Outros 16 nin-
hos foram estabelecidos nos NA. Nesses casos, contudo, as espécies não puderam ser identificadas
pelo fato dos ninhos terem todos os imaturos mortos ou parasitados. Esses ninhos foram feitos por
fêmeas de Tetrapedia (n = 8), de Centris (n = 7) e de Megachile (n = 1).
Além das espécies de abelhas que nidificaram nos NA, indivíduos de pelo menos sete espé-
cies de parasitas foram também criados a partir dos ninhos. Estas espécies pertencem às famílias
Megachilidae e Apidae (Hymenoptera, Apoidea), Leucospidae (Hymenoptera, Chalcidoidea),
Bombyliidae (Diptera) e Meloidae (Coleoptera). Tetrapedia diversipes foi a espécie hospedeira
com maior número de inimigos naturais (Coelioxoides exulans, Coelioxoides cf. waltheriae,
Leucopsis sp., Anthrax sp. e coleópteros), seguida por Centris (Hemisiella) sp. (Mesocheira
bicolor, Coelioxys sp. e Leucospsis sp.), Tetrapedia curvitarsis (Leucospis sp. e coleópteros), T.
rugulosa (C. cf. waltheriae) e Centris tarsata (M. bicolor). As espécies hospedeiras restantes não
sofreram ataques de inimigos naturais.
Das espécies que utilizaram mais de um tipo de NA, Megachile sp. e C. analis utilizaram os
TP em maior freqüência, enquanto que T. diversipes, T. rugulosa e T. curvitarsis utilizaram em maior
freqüência os GB embora a diferença na utilização em relação aos TP tenha sido apenas de 1 ou 2
ninhos. Das espécies que utilizaram apenas um tipo de NA, com exceção de Anthodioctes sp, que
nidificou em TP, as demais espécies nidificaram apenas em GB (Tabela 1).
Fenologia
Independente da espécie, os 233 ninhos obtidos foram estabelecidos no período de julho/06 a
dezembro/07 com uma maior freqüência de nidificação ocorrendo em fevereiro/07, com a construção
de 31 ninhos, seguido pelos meses de julho e agosto/07, com 23 ninhos cada um, e pelo mês de outubro,
com 22 ninhos. O período de junho a setembro/06 foi o que apresentou os menores números de ninhos
construídos (Figura 2). O número de ninhos não foi correlacionado com a temperatura média mensal (r
= 0, 27; P = 0,27; n = 19) nem com os valores mensais de precipitação (r = 0,07; P = 0,77; n = 19).
A espécie mais abundante, T. diversipes, nidificou de outubro de 2006 até dezembro de 2007,
apresentando maior atividade em fevereiro de 2007 (Figura 3). Nenhuma correlação foi também en-
contrada entre as atividades de nidificação e os parâmetros climáticos (r = 0,37; P = 0,12; n = 19, com
relação à temperatura e r = 0,14; P = 0,57; n = 19, em relação à precipitação). As atividades de nidifi-
cação de T. rugulosa ficaram restritas a apenas cinco meses do período estudado: setembro e outubro
de 2006 e julho a setembro de 2007, com maior atividade em agosto/07. Por outro lado, fêmeas de
T. curvitarsis utilizaram os NA apenas nos últimos três meses do período: de outubro a dezembro de
2007, em freqüências muito similares.
Discussão
O padrão de ocupação dos NA pelas espécies de abelhas amostradas nesse trabalho, com a ocor-
rência de um acentuado número de espécies raras (aqui representadas pelo pequeno número de ninhos
construídos) e de poucas abundantes (representadas por numerosos ninhos construídos), foi similar
àquele que tem sido reportado em outros trabalhos feitos no Brasil (Camillo et al., 1995; Garófalo,
2000; Morato e Campos, 2000; Vianna et al., 2001; Aguiar et al., 2005; Buschini, 2006; Gazola e
Garófalo, 2008), mostrando que tal padrão é compartilhado por todas as comunidades. Das espécies
amostradas na EEC, C. analis e C. tarsata ocorreram em todas as outras áreas já estudadas no estado
de São Paulo e das três espécies de Tetrapedia, curvitarsis só não ocorreu na Estação Ecológica de
Paulo de Faria, Paulo de Faria, e rugulosa só não ocorreu em Paulo de Faria e no Parque Estadual
das Furnas do Bom Jesus, Pedregulho. A dominância de T. diversipes observada neste trabalho, foi
também relata por Camillo et al. (1995) para um dos habitats amostrados na Fazenda Santa Carlota e
por Garófalo (2000) para a Serra do Japi.
Das áreas estudadas no estado de São Paulo, a EEC teve um número de espécies ocupando
os NA similar àquele reportado por Gazola e Garófalo (2008) para a Estação Ecológica de Paulo de
Faria. Ambas as Estações só não foram as mais pobres em espécies, no estado, porque no estudo de
Alves-dos-Santos (2003), em uma pequena floresta semidecidual secundária localizada no Campus
da USP na cidade de São Paulo, apenas seis espécies de abelhas foram amostradas. Por outro lado,
embora sendo similar ou mais rica em espécies do que a EEC e sendo amostradas durante 24 meses,
os NA ocupados nas Estações Ecológicas de Jataí, Luis Antônio, e de Paulo de Faria, e no Parque Es-
tadual das Furnas do Bom Jesus e na Serra do Japi, Jundiaí, foram em número inferior àquele obtido
nesse trabalho. Entre os vários fatores influenciando a riqueza de espécies e abundância nas amostra-
gens feitas com NA (Gathmann et al., 1994; Tscharntke et al., 1998; Aguiar e Martins, 2002), a lo-
calização dos sítios de amostragem (Camillo et al., 1995; Aguiar e Martins, 2002), a disponibilidade
de substratos naturais para nidificação (Frankie et al., 1988; Morato e Campos, 2000; Viana et al.,
2001) e o número de sítios de amostragem devem ter um papel significativo naqueles parâmetros. As
amostragens sendo realizadas em vários locais de uma mesma área, como nesse trabalho, aumenta,
certamente, o número de ninhos obtidos e, provavelmente, o número de espécies amostradas. Essa
diferença metodológica poderia explicar, pelo menos em parte, o maior número de ninhos obtidos
nesse trabalho do que aqueles encontrados naquelas outras áreas citadas anteriormente. Por outro
lado, mesmo amostrando vários locais da área, os números aqui apresentados quanto à riqueza de
espécies e a abundância delas são menores do que aqueles obtidos nos estudos realizados na Fazenda
Santa Carlota, Cajuru, por Camillo et al. (1995), a partir de um único local de amostragem para cada
ambiente estudado. Nesses casos, o resultado final deve estar diretamente relacionado com a riqueza
e abundância das espécies ocorrendo na área o que sugere que a Fazenda Santa Carlota era um habitat
muito mais rico e com maior abundância de recursos disponíveis às espécies do que a EEC. Evident-
emente, a confirmação disso só poderia ocorrer a partir de estudos mostrando tais diferenças. Em
relação à localização dos sítios de amostragem, tem sido enfatizado que ambientes antropogênicos
são preferidos por inúmeras espécies (Camillo et al., 1995; Aguiar e Martins, 2002; Gazola, 2003)
o que resulta, em muitos casos, em coletas significantemente abundantes de ninhos e amostragem
de espécies. Esse fato foi observado nesse trabalho ao ser constatado que as maiores freqüências de
nidificação assim como maior diversidade de espécies nidificando ocorreram exatamente nas estações
localizadas ao lado das edificações que servem de alojamentos para pesquisadores (EEC-3e 4) e re-
cepção aos visitantes (EEC-5 e 6). Informações a respeito da disponibilidade de substratos naturais
para nidificação não são disponíveis para a EEC o que dificulta uma análise desse parâmetro em rela-
ção à freqüência de utilização dos NA.
A utilização de um NA por fêmea de qualquer espécie depende, certamente, pelo menos, do diâmetro
dele. A utilização dos gomos de bambu por quase todas as espécies ocorre por eles apresentarem diâmet-
ros variáveis de forma a preencher os requisitos de escolha de cavidade de fêmeas de várias espécies.
Com exceção de Megachile sp. e C. analis, as quais ocuparam unicamente ou com maior freqüência os
TP, as outras espécies que utilizaram dois ou três tipos de NA nidificaram em freqüências muito similares
em dois deles, não evidenciando uma clara opção por um determinado tipo de cavidade.
Ocorrência de sazonalidade em insetos são características populacionais relacionadas com fa-
tores climáticos e disponibilidade de recursos (Young, 1982; Oertli et al., 2005) e tem sido reportada
por vários autores Frankie et al., 1998; Camillo et al., 1995; Pereira et al., 1999; Viana et al., 2001;
Gazola e Garófalo, 2003; Aguiar e Garófalo, 2004; Aguiar et al., 2005; Thiele, 2005) trabalhando
com NA. No período de desenvolvimento do presente trabalho não foram observadas diferenças
marcantes nas freqüências de nidificações entre as estações fria/seca e quente/úmida como também
nenhuma correlação entre os fatores climáticos com as atividades de nidificação das abelhas. É inter-
essante ressaltar que em ambas as estações ocorreram picos de ocupação dos NA. Na estação quente/
úmida ocorreu um pico no mês de fevereiro/07 enquanto na estação fria/seca os meses de julho e
agosto apresentaram um elevado número de nidificações. Por outro lado, no período compreendido
de outubro/06 a setembro/07, T. diversipes mostrou uma maior atividade de nidificação na estação
quente/úmida (outubro/06-março/07) construindo 66,2% do total de ninhos feitos naquele período.
Embora não significantemente acentuada, esses dados sugerem uma tendência para uma sazonali-
dade. Resultado similar foi reportado por Camillo (2005) para as atividades de T. diversipes no habi-
tat da Fazenda Santa Carlota onde esta espécie foi dominante.
O pouco conhecimento taxonômico sobre as espécies de inimigos naturais que atacaram os
ninhos das abelhas que nidificaram na EEC dificulta uma análise comparativa com as informações já
disponíveis na literatura. Contudo, a ocorrência de espécies de Coelioxoides associadas às espécies
de Tetrapedia tem sido reportada por outros autores (Gazola, 2003; Alves-dos-Santos, 2003; Camillo,
2005; Aguiar et al., 2005) assim como a de Mesocheira bicolor associada com espécies de Centris
(Aguiar e Martins, 2002; Aguiar et al., 2005; Gazola e Garófalo, 2008). Espécies de Leucospis, Coe-
lioxys, Anthrax e coleópteros meloídeos são conhecidos como associados a ninhos de várias espécies
de abelhas que nidificam em cavidades preexistentes.
Agradecimentos
Ao José Carlos Serrano, pelo auxílio nos trabalhos de campo e no laboratório e pela identifica-
ção da maior parte do material obtido, e Edilson Simão Ribeiro da Silva, pelo auxilio nos trabalhos
de campo. Ao Instituto Florestal de São Paulo pela permissão para o desenvolvimento deste trabalho;
aos funcionários da Estação Ecológica dos Caetetus pelo apoio logístico. A FAPESP pelo apoio ao
desenvolvimento deste trabalho
Referências
Aguiar AJC and Martins CF (2002). Abelhas e vespas solitárias em ninhos-armadilha na Reserva Biológica
Guaribas (Mamanguape, Paraíba, Brasil). Rev. Bras. Zool. 19: 101-116.
Aguiar CM and Garófalo, CA (2004). Nesting biology of Centris (Hemisiella) tarsata Smith (Hymenoptera,
Apidae, Centridini). Rev. Bras. Zool. 21: 477-486.
Aguiar CM, Garófalo CA and Almeida GF (2005). Trap-nesting bees (Hymenopera, Apoidea) in áreas of dry
semideciduous forest and caatinga, Bahia, Brazil. Rev. Bras. Zool. 22: 1030-1038.
Alves-dos-Santos I (2003). Trap-nesting bees and wasps on the University Campus in São Paulo, Southeastern
Brazil (Hymenoptera: Aculeata). J. Kansas Entomol. Soc. 76: 328-334.
Buschini MLT (2006). Species diversity and community structure in trap-nesting bees in Southern Brazil.
Apidologie 37: 58-66.
Camillo E (2005). Nesting biology of four Tetrapedia species in trap-nests (Hymenoptera, Apidae, Tetrape-
diini). Rev. Biol. Trop. 53: 175-186.
Camillo E, Garófalo CA, Serrano JC e Muccillo G (1995). Diversidade e abundância sazonal de abelhas e vespas
solitárias em ninhos armadilhas (Hymenoptera: Apocrita, Aculeata). Rev. Bras. Entomol. 39:459-470.
Durigan G, Franco GADC, Saito M e Baitello JB (2000). Estrutura e diversidade do componente arbóreo da
floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Rev. bras. Bot. 23: 371-383.
Frankie GW, Vinson SB, Newstrom LE and Barthell JF (1988). Nest site and habitat preferences of Centris bee
species in Costa Rica dry forest. Biotropica 25: 322-333.
Frankie GW, Thorp RW, Newstrom LE, Rizzardi MA, Barthell JF, Griswold TL, Kim JY and Kappagoda S
(1998). Monitoring solitary bees in modified wildland habitats: implications for bee ecology and con-
servation. Environ. Ecol. 27:1137-1148.
Garófalo CA (2000). Comunidades de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) que utilizam ninhos-armadilhas em frag-
mentos de matas do Estado de São Paulo. Anais do IV Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto, 121-128.
Gazola AL (1993). Ecologia de abelhas e vespas solitárias (Hymenoptera, Apoidea) que nidificam em ninhos-
armadilha em dois fragmentos de floresta estacional semidecidual no Estado de São Paulo. Dissertação
de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,USP, Ribeirão Preto.
Gazola AL and Garófalo CA (2003). Parasitic behavior of Leucospis cayennensis Westwood (Hymenoptera:
Leucospidae) and rates of parasitism in ppulations of Centris (Heterocentris) analis (Fabricius)(Hy-
menoptera: Apidae: Centridini). J. Kansas Entomol. Soc. 76: 131-142.
Gathmann A, Greiler HJ and Tscharntke T (1994). Trap-nesting bees and wasps colonizing set-aside fields:
succession and body size, management by cutting and sowing. Oecologia 98:8-14.
Gazola AL e Garófalo CA (2008). Trap-nesting bees (Hymenoptera: Apoidea) in Forest fragments of the State
of São Paulo, Brazil. Genet. Mol. Res. (in press).
MMA (Ministério do Meio Ambiente) (2000). Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversi-
dade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. MMA, Brasília.
Morato EF and Campos LAO (2000). Efeitos da fragmentação florestal sobre vespas e abelhas solitárias em
uma área da Amazôni Central. Rev. Bras. Zool. 17: 429-444.
Nunes MFC e Galetti M (2007). Use of forest fragments by blue-winged macaws
(Primolius maracana) within a fragmented landscape. Biodivers. Conserv. 16: 953-967.
Oertli S, Müller A and Dorn S (2005). Ecological and seasonal patterns in the diversity of a species-rich bee
assemblage (Hymenoptera: Apoidea: Apiformes). Eur. J. Entomol 102: 53-63.
Pereira M, Garófalo CA, Camillo E and Serrano JC (1999). Nesting biology of Centris (Hemisiella) vittata
Lepeletier in southeastern Brazil (Hymenoptera, Apidae, Centridini). Apidologie 30: 1-12.
Ramos VS, Durigan G, Franco GADC, Siqueira, MF e Rodrigues RR (2007). Árvores da Floresta Estacional
Semidecidual: Guia de Identificação. IF. Sér. Reg., São Paulo, n. 31, p. 137-141.
Tabanez MF, Durigan G, Keuroghlian A, Barbosa AF, Freitas CA, Silva CEF, Silva DA, Eaton DP, Brisolla G,
Faria HH, Mattos IFA, Lobo MT, Barbosa MR, Rossi M, Souza MG, Machado RB, Pfeifer RM, Ramos
VS, Andrade WJ e Contieri WA (2005). Plano de Manejo da Estação Ecológica dos Caetetus. IF Sér.
Reg., São Paulo, n. 29, p. 1-104.
Thiele R (2005). Phenology and nest site preferences of wood-nesting bees in a Neotropical lowland rain for-
est. Stud. Neotrop. Fauna Environ. 40: 39-48.
Tscharntke T, Gathmann A and Steffan-Dewenter I (1998). Bioindication using trap-nesting bees and wasps
and their natural enbemies: community structure and interactions. J. Appl. Ecol. 88: 592-599.
Viana BF, Silva, FO and Kleinert AMP (2001). Diversidade e sazonalidade de abelhas solitárias (Hymenopte-
ra: Apoidea) em dunas litorâneas no nordeste do Brasil. Neotrop. Entomol. 30: 245-251.
Young AM (1982) Population biology of tropical insects. Plenum Press. New York, USA.
There are three main types of adaptive phenomenon of nest abandonment by honeybee swarms.
Namely, swarming, absconding and migration (Hepburn and Radloff 1998). The expression of these
behaviours by highly agitated honeybees is usually preceded by expression of a series of characteris-
tic stereotypical behaviours (e.g. engorgement with nectar or honey, worker piping, dances) (Winston
1987). In general most of these behaviours can be classified either as subjective or objective symp-
toms of the emotional nature of the honeybee (Lipinski 2006a)
Considering the common adaptive manner of expression of all types of nest abandonment by hon-
eybee swarms, the whole process governing this phenomenon was called the “adaptive process of nest
abandonment by swarms” (APNAS) by Lipiński (2001). However, due to some repeatable differences in
the repertoire of behaviours performed by bees before nest abandonment, this phenomenon was catego-
rized by this author (2001) into: (1) - swarming process of nest abandonment (SPNAS), (2) - abscond-
ing process of nest abandonment (APNAS) and (3) - migration process of nest abandonment (MPNAS).
Interestingly, despite some intermediate typical and atypical forms of SPNAS, APNAS and MPNAS
(Lipinski 2001), all of these phenomena are often enriched by such adaptive behaviours as: amalgama-
tion of swarms in the air, usurpations of colonies by swarms etc (reviewed by Lipiński 2001).
Significantly for the process of complex adaptation, all types of APNAS are expressed in terms
of ongoing stress (Lipinski 1999, 2001, 2002). This psychobiological phenomenon, well known to
the whole animal kingdom (Solomon et al 1998), includes invertebrates (Stefano 2002). Interestingly
due to the psychophysiological background of stress reactions, the four groups of stimulations, also
called factors, can be identified as being responsible for APNAS. These factors are as follows:
1. the level of genetic (inborn) propensity of a given geographical race of bees to nest aban-
donment in terms of swarming stress (described by Lipinski 2001).
2. the potency of environmental (e.g. lack or surplus of nectar or pollen, lack of water, high air
pressure and temperature, robbing by other bees, strong odours, dark coloration of objects)
and/or social stress (e.g. overgrowing of the nest by bees, social competition, queen loss )
(rev. by Winston 1987, Lipinski 2001).
3. the speed of decay of calming activity of some social (e.g. queen and young brood phero-
mones) and environmental (e.g. propolis) stimulations .(Lipiński 2006b),
4. accuracy in honeybee housing and management (e.g wrong hive ventilation, lack of
space,combs, excessive smoking and hive examination Morse and Hooper 1985, Winston
1987) in terms of their growing up environmental (Morse and Hooper 1985, Winston 1987)
and social stress (Lipinski 2001).
Considering that the emotional nature of the honeybee is strongly supported by it’s individual and
per se colonial genetic make up, not only subspecies or races of bees, but also individual colonies of a
given race can differ between each other in their sensitivity to stress stimulations and ability to fall into
APNAS. As a result of this, highly emotional Africanized honey bees react faster to threatening overstimu-
lation than the quieter European bees. Due to the respectively higher level of metabolism Africanized (A.
m. scutellata) bees have compared to European ones. This is so great, that African workers and queens
not only develop faster into imago than European bees (Abramson 2002), but also are more defensive and
more prone to swarming (Caron 2001). Unfortunately for APNAS control, growing stress makes bees
more resistant to the calming properties of some social (e.g. pheromones of queen substance) and envi-
ronmental (e.g. nectar, propolis ) calming factors (Lipiński 2006b). This is because emotional agitation of
stressed bees and the accompanying disturbance of cognitive processing of information can spark anxiety
and subsequently halt expression of trophallaxis behaviour needed for the efficient spread of the mentioned
calming substances among bees, which is finally manifested by swarm lift off (Lipiński 2001.2006a).
Thus, not only emotional but also affective aspects of cognitive perception of stress stimulations
influence the discussed process of APNAS, especially in the case of SPNAS. To which young, stress
sensitive bees are particularly prone (Lipiński 2001). This is additionally confirmed by the fact that
not only the genetic make up of honeybees, but also the psychobiological value of stress stimulation,
in view of previous experiences and actual environmental and social context strongly influence the
affective aspects of cognitive perception in honeybees (reviewed by Lipinski 2006a). Which means
that emotional agitation of the colony not always means swarm release in the nearest future.
All types of APNAS are some kinds of resultant of complicated psychobiological process of
simultaneous emotional/affective perception of many different external and internal stress stimulations
by the honeybee brain. However, in the case of typical MPNAS (stable migration) perception of lack of
food, as the main environmental stimulation clearly dominates over other factors (Lipinski 2001).
Considering that the stress factors mentioned earlier can evoke SPNAS and APNAS in respec-
tively less emotional European bees, it becomes obvious that the general control of swarming, ab-
sconding and migration of honeybees depends on the effectiveness of their protection from excessive
exposition to the long list of stress stimuli (reviewed by Lipiński 2001) All in connection with control
of their genetic (calm) make up, and proper housing and management as well.
The only problem which is still not fully solved is how to control SPNAS in highly emotional/af-
fective strains of tropical bees Especially crossbreeds of Apis. mellifera. scutellata with European honey
bees, known as Africanized bees (Goncalvez 1974). Nowadays, the limited selection of calm strains of
these bees -in terms of neverlasting natural selection of drones for opposite emotional/affective traits-
makes such an enterprise difficult. Nevertheless, it can be observed that (1) - feeding can delay or even
stop hunger absconding (migration) of A. cerana bees (Olsson 1989), (2) - keeping of Africanised bees
on higher attitudes diminishes their defensiveness (reviewed by Caron 2001, Lipinski 2001) These ob-
servations clearly indicate that control of SPNAS in tropical honeybees also depends on the effective-
ness of their protection from excessive exposition to stress stimuli. Moreover fact that colonies with
African queens mated to European drones are less defensive (Caron 2001) indicates that selection can
facilitate (to some extent) the control of APNAS development in these kind of bees.
Observations made in South Africa in apiaries consisting of feral colonies of Apis mellifera
scutellata (Kolasiński personal info) indicates that is possible to achieve up to a 40% higher honey
harvest in colonies of these bees due to (1) reconstruction of standard hives and (2) - biotechnical
manipulation with queen pheromones. The main purpose of this innovation is to force bees into nec-
tar collecting instead of brood rearing, in terms of more efficient suppression of APNAS. It means
through the better contact of especially forager and honey processing bees with the calming proper-
ties of pheromones of queen substance - understood as a full blend of its pheromones. Considering
that Africanized worker bees suffer excessive agitation during nectar collecting (Caron 2001).
The other APNAS control method which works well in feral colonies of pure feral Apis mel-
lifera scutellata bees depends on keeping these bees in mentioned reconstructed hives as artificially
created “working colonies” with a supply of brood and worker bees from maternal colonies, under the
protection of an excessively enriched bouquet of queen pheromones.
In summary, the future of control of swarming, absconding and migration behaviours of tropi-
cal honeybees apart from the use of standard control measures, should undergo a more sophisticated
method of selection for less emotional and less effective traits. It seems also that contemporary meth-
ods of investigation of unconditional and conditional learning in honeybees can be useful for this
purpose. Considering lower levels of learning a proboscis conditioning task in African honey bees
(reviewed by Abramson 2002). In the above context the mentioned changes in hive construction
especially in colonies of African and Africanized bees, seems to be very useful.
References
Abramson, C.I. (2002) A scanning electron microscopy atlas of the Africanized ‘killer” honey bee of
photographs for the general publics. Artexpress Editora e Grafica. Campina Grande. Brasil.
Caron, D. (2001) Africanized honey bees in the Americas. A.I. Root Company, Medina, OH USA.
Goncalves, L.S. (1974) The introduction of the African bee (Apis mellifera adansonii) into Brazil and
some comments on their spread in South America. Am. Bee J. 114: 414-415,419.
Hepburn, H.R., Radloff, S.E. (1998) Honeybees of Africa. Springer-Verlag, Berlin, Heidelberg
Lipiński, Z. (1999). Twelve thesis of the first complex theory of swarming in honey bees. Proceedings
of XXXVI Congress of Apimondia,Vancouver 12-17 Sept.1999, 284.
Lipiński, Z. (2001) Essence and mechanism of nest abandonment by honeybee swarms. Blenam.
Olsztyn, Poland.
Lipiński, Z. (2002) Psychobiological aspects of adaptive swarming behaviour in honey bees. Pro-
ceedings of the Six European Bee Conference. Cardiff, 2002.135-139.
Lipinski, Z. (2005) Emotional nature of adaptive nest abandonment by honeybee swarms. Proceedings
of 3rd European Congress on Social Insects. St. Petersburg, Russia, 22-27. August 2005. 80.
Lipiński, Z. (2006a) The emotional nature of the honey bee. Journal of Apicultural Science
50(1): 49-62.
Lipiński Z. (2006b). The calming properties of the honeybee queen, young brood and older
bees. Journal of .Apicultural Science. 50(1): 63-70.
Morse, R.A., Hooper T. (1985) The illustrated Encyclopaedia of Beekeeping. E.P Dutton
Inc New York. First Edition.
Olsson, J. (1989). Apis cerana management methods for prevention of absconding. Proceedi- ngs
of the Fourth International Conference on Apiculture in Tropical Climates, Cairo , Egypt 6-10
November 1988. IBRA (1989) 453-457.
Solomon P.,Berg L.R., Martin D.W., Villee C.A. (1998) Biology. Third edition. Sounders College
Publishing, USA.
Stefano G.B. (2002) The Blueprint for Stress can be found in Invertebrates Neuroendocri-nology
Letters. 23: 85-93.
Winston ML. (1987) The biology of the honey bee. Harvard University Press. Cambridge, MA, USA.
A atividade de abelhas melíferas está definida como saída ou entrada de abelhas do ninho, com
ou sem material (pólen, néctar, etc). A entrada ou não de materiais está diretamente relacionada com
os fatores bióticos e abióticos, sendo importante uma boa interação entre esses fatores. Através desses
fatores, alguns comportamentos das abelhas podem ser analisados, bem como os comportamentos
enxameatórios. A enxameação tem trazido grandes prejuízos aos apicultores brasileiros e em especial
nordestinos que registram perdas anuais de 50% ou mais por abandono. São vários os fatores que po-
dem influenciar no mau funcionamento da colônia e desencadear uma enxameação, tais como: falta de
água, stress, temperatura, umidade relativa, falta de alimento, etc. Estudos de monitoramento e registro
das atividades diárias, assim como de temperatura e umidade relativa podem auxiliar em estudos com
comportamento enxameatório. Com o intuito de controlar o comportamento enxameatório de aban-
dono das abelhas africanizadas, neste estudo analisamos o comportamento de resposta de colônias de
abelhas africanizadas durante a enxameação induzida por altas temperaturas. Os experimentos foram
realizados no campus da USP de Ribeirão Preto – SP e na Fazenda Experimental da UFERSA em Mos-
soró – RN. Foram utilizadas, para cada repetição, cinco colônias de abelhas africanizadas (Apis mel-
lifera L.) instaladas em núcleos de fecundação tipo Langstroth (3 controle e 2 tratamento). Sensores
de temperatura e umidade relativa interna foram instalados em todas as colônias, na região central da
cria, bem como no ambiente externo. Todas as colônias tiveram suas atividades de vôo monitoradas
por detectores de atividade (Apidômetro), e os dados foram enviados ininterruptamente dor dia para
um software ao longo de 24 horas até a finalização completa da enxameação induzida. Duas colônias
experimentais sofreram indução a enxameação por aumento de temperatura ao mesmo tempo, propor-
cionada por uma câmara climática dotada de sensores de temperatura e apidômetros. Foram realizadas
9 repetições; com as temperaturas de indução variando de 28 a 50º C, das 8:00 às 18:00h. Os resultados
revelam que o aumento de temperatura (41ºC) provoca a saída em massa dos indivíduos da colônia
deixando cria e alimento, e, portanto, indicam abandono. A decisão de grupo para a partida é de grande
importância e a comunicação é intensa, principalmente minutos antes do vôo e na formação da nuvem
de abelhas. A temperatura e umidade relativa têm um efeito direto sobre a atividade de vôo das colônias
de abelhas africanizadas, como demonstrado nos registros dos ciclos.
Agradecimentos
Colony reproductive decisions in social insects often require extensive interactions between
sterile workers and reproductive castes. Here we investigate how workers in colonies of African
and European honey bees use two communication signals, the vibration signal and worker piping, to
influence (1) the behavior of the laying queen during swarming and colony relocation to a new nest
site, (2) the rearing and development of virgin queens in queen cells, and (3) the behavior and fighting
interactions of emerged virgin queens during the queen-replacement process.
We investigated worker interactions with laying queens by examining vibration signal and piping
activity in four European observation colonies preparing for reproductive swarming, and then inside
the resulting swarm clusters. Workers performed vibration signals on the laying queens at variable,
but increasing rates throughout the 2-4 weeks preceding swarm departure from the natal nests. Laying
queens respond to the signal with increased locomotion, which in combination with reduced feeding
from workers, may help to gradually prepare her for flight, through increased weight loss and perhaps
increased responsiveness to stimuli that promote leaving the nest. Workers also performed piping on
laying queens during the swarm-preparation period and there was always a pronounced increase in pip-
ing activity during the final 30-60 min before the issue of the primary swarm. Piping may cause queens
to warm their flight muscles in preparation for flight and may be the signal that triggers immediate
departure. When inside the swarm cluster, laying queens receive few interactions from workers and
rarely receives vibration signals. However, during the final 2-3 hours before swarm lift off, the queen
receives increasing piping activity from workers and is increasingly contacted by waggle dancers for
nest sites, some of which pipe her. Thus, worker use a combination of vibration signals and piping
to prepare the queen for flight and trigger departure with the primary swarm, and then use piping to
stimulate queen flight during relocation to the new nest site. In combination, these two signals enable
workers to coordinate queen behavior with colony reproductive and movement decisions.
We observed worker-queen interactions during the queen-replacement process in 9 African and
12 European colonies. Workers often performed vibration signals on queen cells (worker piping on
queen cells has not been observed). Queen cells that are vibrated at higher rates were more likely to
produce emerged VQs, suggesting that the signal may have promoted queen developmental success.
However, the function of vibration signals performed on queen cells is unknown.
Emerged VQs frequently received vibration signals from workers, sometimes at extremely high
rates, but there was tremendous variability in the vibration rates observed among VQs within the
same colony and between different colonies. Much of this variability depended upon whether or not
colonies produced afterswarms. In colonies without afterswarms, the queen replacement process
was completed in 24-48 hours, the first-emerging virgin queen (VQ) typically inherited the natal nest
even if multiple queens emerged, workers performed few vibration signals on emerged queens, and
all signaling activity was directed toward early emerging VQs. In contrast, if colonies did produce
afterswarms, the queen replacement process required 5-6 days, there was no advantage for first-
emerging queens, vibration rates on emerged queens were 25 times greater, and signaling activity was
directed toward all VQs. Although vibration signal activity was more pronounced in colonies with
afterswarms, the signal was consistently associated with increased VQ survival under all conditions.
These trends were exhibited similarly in the African and European colonies, suggesting that they
have broad applicability to queen-replacement decisions over a range of environmental and racial
conditions. Our results suggest that worker behavior is a major determinant for the outcome of queen
replacement, either through reduced interactions that allow first-emerged queens to rapidly eliminate
rivals, or through increased use of interactions such as the vibration signal, which may allow workers
to influence the ultimate fate of each emerged VQ. These behavior patterns may reflect the roles of
cooperation and conflict between workers and queens in shaping honey bee reproductive decisions.
Abstract
How absconding and migratory behaviors of feral Africanized honey bee (Apis mellifera l.)
made beekeeping possible in NE Brazil.
We investigated the annual movements of feral Africanized honey bee (Apis mellifera L.) colonies in
the state of Ceará, Brazil aiming to understand seasonal variation in their population. Arrival and abscond-
ing of Africanized honey bee (AHB) colonies in the semiarid county of Canindé and humid city of For-
taleza (120 km apart) were recorded weekly from January 1999 to December 2001, and the data compared
to rainfall records in both areas. Results showed that AHB colonies only nest in the semiarid during the
rainy season and abscond during the dry season, in opposition to observations taken in Fortaleza. Only 5%
colonies remained in the semiarid area for the whole year due to ant (Camponotus sp.) attacks and short-
age of nectar and water during the dry season, most colonies migrating to coastal areas where the weather
is milder and many plant species bloom at that time of the year. Excessive rainfall probably pushes AHB
colonies back to semiarid during the rainy season. We concluded that absconding and migration are strate-
gies that allow AHB colonies to survive in semiarid NE of Brazil, in opposition to European honeybees
that never succeeded in establishing wild colonies in the region.
Introdução
A abelha melífera Apis mellifera L. é uma espécie de abelha exótica às Américas trazidas por colo-
nizadores europeus. No Brasil, acredita-se que a primeira introdução ocorreu em meados do século XIX,
quando abelhas da raça européia A.m. mellifera foram trazidas de Portugal para o Estado do Rio de Janeiro
e dali disseminadas para o Sul e Sudeste do país. Posteriormente outras raças como A. m. ligustica, A.
m. carnica e A. m. caucasica vindas da Europa e/ou Estados Unidos também foram trazidas para o país
(Wiese, 2005). No entanto, nas demais regiões do Brasil, colônias dessas abelhas eram pouco comuns
e geralmente restritas a pequenos criatórios pouco tecnificados. As abelhas melíferas européias (AME)
nunca obtiveram sucesso em estabelecer colônias silvestres no Nordeste do Brasil devido ao clima semi-
árido predominante na maior parte desta região. Por causa deste fato, a apicultura na região restringiu-se a
poucas áreas costeiras e montanhosas, cujas condições ambientais eram toleradas pelas AME. Apenas após
a chegada das abelhas melíferas africanas/africanizadas (AMA) nos anos 60 é que foi estabelecida uma
população silvestre na caatinga e assim a apicultura prosperou (Freitas, 1991).
Caatinga é uma vegetação arbustiva que cobre a maior parte do nordeste brasileiro, com uma área
aproximada de 834.000 km2 (Andrade-Lima, 1981). O clima é semi-árido, com duas estações distintas ao
logo do ano: a estação chuvosa (4-6 meses) e a estação seca (6-8 meses), dependendo do ano. Durante a
estação seca, a luz solar é intensa, as temperaturas chegam a atingir 37°C, a água se torna escassa e a maio-
ria das espécies de plantas perde suas folhas (Araújo-Filho, 1990).
O termo caatinga vem da língua indígena Tupi. De acordo com Andrade-Lima (1981), caatinga de-
riva das palavras caa = vegetação ou floresta e tinga = branca, e significa floresta branca ou pálida. Porém
Lima-Verde (informação pessoal) acredita que o termo é originado das palavras caa e tininga = seca, as-
sim significando floresta ou vegetação seca. Esta última explicação parece mais provável por causa das
condições áridas que prevalecem na área na maior parte do ano.
A vida na caatinga durante a estação seca é difícil para as colônias de abelhas melíferas, devido ao
longo período sem chuva e pouquíssimas floradas. Contudo, as AMA estão hoje em dia entre os habitantes
mais comuns da caatinga. Observações preliminares mostraram que a presença de colônias silvestres de
AMA na caatinga é forte durante a estação chuvosa, mas elas se tornam escassas no período seco (Kerr,
1971; Sousa et al., 2000). O extrativismo predatório de mel tem sido culpado pela forte redução do número
de colônias residindo na caatinga após a estação chuvosa, mas um estudo realizado por Sousa et al. (2000)
no município de Caridade - CE, monitorando 31 colônias silvestres protegidas da ação dos caçadores de
mel, mostrou que apenas 10% dessas colônias não abandonaram ou morreram durante a estação seca. Kerr
(1971) sugeriu que as colônias de AMA poderiam migrar da caatinga para áreas onde as condições ambi-
entais fossem menos severas durante o período mais crítico do ano.
Termos como enxameação, abandono e migração têm sido largamente utilizados na literatura sobre abel-
has e freqüentemente empregados como sinônimos, embora signifiquem eventos distintos. Neste trabalho, o
termo enxameação é utilizado para significar uma divisão de caráter reprodutivo em colônias de AMA, pela
qual parte das operárias deixa o ninho junto com a rainha antiga em busca de um novo local, enquanto que as
outras operárias permanecem na colônia com a nova rainha; abandono quando todas as abelhas adultas deixam
o ninho para não mais retornarem a ele; enquanto que migração significa o movimento de uma colônia de AMA
entre regiões ecologicamente distintas. Comportamentos como abandono e migração tem sido relatados para
outras espécies de abelhas melíferas, como A. dorsata e A. laboriosa, em várias partes do mundo (Seeley, 2006;
Ahmad, 1989a e b; Winston, 2003). Porém pouco é conhecido sobre as estratégias de sobrevivência das abelhas
africanizadas no semi-árido do Brasil, estratégias essas que as permitiram colonizar e prosperar na caatinga, en-
quanto que as AME – apesar de terem sido introduzidas bem antes- falharam em se estabelecer na caatinga.
Material e métodos
Para identificar possíveis padrões migratórios das AMA na região nordeste do Brasil e determi-
nar a importância desses movimentos na habilidade dessas abelhas sobreviverem de modo silvestre nas
condições do semi-árido brasileiro, foram feitas observações nas cidades de Fortaleza (03°43’02’’ S e
38°32’35’’ N) e Canindé (04°21’32’’ S e 39°18’42’’ N). Fortaleza é a capital do Estado do Ceará, está
situada no litoral e cobre uma área de 336 km2. Sua temperatura média é de 23°C, e durante a estação seca
do ano apresenta florescimento de várias espécies vegetais, tais como mangueira (Mangifera indica L.),
cajueiro (Anacardium occidentale L.), coqueiro (Cocos nucifera L.), entre outras. Canindé está situada
120 km ao sul de Fortaleza, seu clima é semi-árido com uma temperatura média de 27°C, e suas plantas
florescem principalmente durante o período chuvoso (Freitas, 1991; Funceme, 1997).
A chegada e o abandono das colônias de AMA à uma área de 1 km2 em Canindé foram registradas
semanalmente durante três anos; de janeiro de 1999 até dezembro de 2001. As colônias também foram
monitoradas para registrar atividades de vôo e ataques de pagas e predadores. Durante o mesmo período,
todas as chamadas legítimas recebidas pelo corpo de bombeiros em Fortaleza, solicitando a remoção de
enxames de abelhas, foram checadas e registradas. Este método de monitoramento de chegada de enxames
à Fortaleza provou ser muito eficiente, pois normalmente os cidadãos temem as AMA e avisavam a pre-
sença das mesmas aos bombeiros assim que qualquer enxame fosse visto. Dados coletados em Canindé e
Fortaleza foram comparados aos registros pluviométricos em ambas as áreas.
Resultados e discussão
Tabela 1 – Pluviosidade (mm) no município de Canindé, Ceará, Brasil, entre 1999 e 2001, e a
média histórica de um período de 35 anos.
Ano Mês Total
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1999 8,8 32,0 152,9 28,4 67,2 17,2 0 0 0 0 18,5 45,0 370,0
2000 124,4 120,9 122,3 154,5 38,5 56,0 45,5 59,2 0 0 0 9,2 730,5
2001 2 3,9 6,4 113,5 220,2 5,0 0 0 0 0 0 0 0 369,0
Média 52,4 53,1 129,5 134,4 36,9 24,4 15,2 19,7 0 0 6,2 18,0 489,8
Média 83,3 146,8 185,6 169,7 89,0 42,5 13,4 5,6 0,3 0,6 3,4 15,9 756,1
histórica
Tabela 2 – Pluviosidade (mm) no município de Fortaleza, Ceará, Brasil, entre 1999 e 2001, e a
média histórica de um período de 35 anos.
Ano Mês Total
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1999 67,8 145,8 231,5 325,6 408,2 26,9 1,8 11,3 44,1 6,4 12,0 63,2 1344,6
2000 233,4 171,4 192,8 507,7 171,5 74,2 164,8 112,3 153,3 1,2 9,3 5,7 1797,6
2001 103,2 89,4 172,4 708,1 80,1 165,6 62,0 2,0 9,3 6,1 13,0 27,0 1438,2
Média 134,8 135,5 198,9 513,8 219,9 88,9 76,2 41,9 68,9 4,6 11,4 32,0 1526,8
Média 116,8 199,6 339,4 349,2 220,4 162,6 82,7 33,6 26,9 12,8 12,3 41,5 1597,8
histórica
A densidade de colônias na área estudada teve seu pico entre abril e maio, com valores variando
de 31 a 34 colônias/km2, dependendo do ano. O abandono aconteceu durante a estação seca, princi-
palmente entre julho e outubro (Tabela 4).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Sep Out Nov Dez
1999 0 0 0 0 0 0 9 11 6 3 2 0 31
2000 0 0 0 0 0 0 0 8 13 6 2 1 30
2001 0 0 0 0 0 0 12 6 7 6 0 0 31
Média 0 0 0 0 0 0 7,0 8,3 8,7 5,0 1,3 0,3 30,7
Em Canindé, a maioria das colônias abandonou seus ninhos tanto devido aos prolongados
ataques de formigas (Camponotus sp.), que foram observados durante várias noites, quanto também à
escassez de néctar e água. Porém, um pequeno número de colônias (média de 5%) situadas em locais
privilegiados (próximos a rios, poços e áreas frescas) permaneceu na área de um ano para o outro.
Essa valor é metade do valor encontrado por Sousa et al. (2000) para o município vizinho de Cari-
dade – CE, mas a pouca pluviosidade sobre estes três anos de estudo provavelmente teve um papel
importante no aumento do abandono das colônias. De fato, os registros pluviométricos mostraram
que a chegada e o abandono das colônias de abelhas africanizadas na caatinga estão fortemente rela-
cionados com a estação do ano (Figura 1).
Em 1999 e 2001, anos de pouca chuva e com uma curta estação chuvosa, a chegada das colônias
foi atrasada, tímida no início da estação e o abandono começou já em julho e terminou em novembro.
No ano 2000, um ano cuja pluviosidade foi similar à média histórica, as colônias de AMA chegaram
mais cedo e abandonaram mais tarde (Figura 1).
Em Fortaleza, os enxames chegaram o ano todo, mas seus números aumentaram considerav-
elmente durante a estação seca, especialmente entre julho e outubro (Tabela 5; Figura 2), o mesmo
período em que ocorria o maior abandono de colônias em Canindé (Figura 3).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1999 83 102 114 77 79 114 315 368 223 225 223 137 2060
2000 165 153 124 96 103 407 345 351 477 322 208 130 2881
2001 142 124 145 118 139 186 240 204 239 240 174 158 2109
Média 130,0 126,3 127,7 97,0 107,0 325,7 300,0 307,7 313,0 262,3 201,7 141,7 2350
Esta pesquisa sugere que a abelha africanizada habita o semi-árido nordestino do Brasil
porque ela abandona a caatinga quando as condições se deterioram, migrando para áreas mais fa-
voráveis. Entretanto, não é possível afirmar a partir desta pesquisa que as colônias de AMA aban-
donam Canindé migrando para Fortaleza. Outras localidades litorâneas ou vegetações costeiras
poderiam ser seus destinos, tão bem como áreas montanhosas úmidas situadas a 40 km do local
estudado. A maioria das colônias de Canindé e de outros municípios provavelmente voou para
uma gama de lugares diferentes, uma vez que a densidade de enxames em Fortaleza variou de ap-
enas 6,1 a 8,5 enxames km2, entre 1999 e 2001. O aumento em número de enxames que chega em
Fortaleza quando a enxameação reprodutiva já não está mais acontecendo na caatinga (depois de
junho), mas o abandono chega ao máximo lá, sugere que as colônias de AMA migram para áreas
litorâneas quando as condições ambientais se deterioram na caatinga semi-árida, como relatado
anteriormente por Kerr (1971). Dados obtidos por Sousa et al. (2000) para a cidade de Caridade
também reforçam esta hipótese.
Colônias de AMA em Fortaleza não foram monitoradas porque qualquer enxame ou colônia
encontrado era exterminado pelos bombeiros. Porém, colônias estabelecidas na copa de árvores
altas e topo de construções geralmente passavam despercebidas. A maioria dessas colônias aban-
donou seus ninhos durante a estação chuvosa em Fortaleza, ou porque não estavam adequada-
mente protegidas das chuvas intensas ou por causa da escassez de flores e outras fontes de ali-
mento durante este período do ano. O mesmo pode ocorrer em outras áreas litorâneas do nordeste
brasileiro, onde a maioria das floradas concentra-se na estação seca. Colônias que abandonam
Fortaleza e outras áreas litorâneas durante a estação chuvosa migram de volta para a caatinga
(Figura 1), fechando o ciclo.
Os comportamentos de migração e abandono mostrados pelas abelhas africanizadas, asso-
ciados à sua defensividade, têm sido considerados características indesejáveis para a apicultura
(Seeley, 2006; Winston 2003). Entretanto, foram exatamente o abandono e a migração que per-
mitiram a chegada dessas abelhas ao nordeste do Brasil, vindas da parte sul do país e trazendo
uma nova espécie à área, que mudou suas interações ecológicas (Taylor e Spivak, 1984). Tam-
bém, essas características têm assegurado a sobrevivência das abelhas africanizadas no nordeste
brasileiro por meio dos movimentos das colônias entre diferentes áreas ecológicas quando seus
recursos vitais melhoram ou deterioram, ao contrário da abelha européia, que perece devido à
reduzida mobilidade de sua colônia.
A chegada da AMA ao nordeste brasileiro provavelmente afetou a fauna de abelhas in-
dígenas, embora impactos causados nas abelhas nativas pela introdução dessa abelha no novo
mundo ainda permaneçam controversos (Roubik, 1992). Parece que o abandono e a migração das
colônias de AMA durante o período mais crítico do ano evita competição com outras espécies
de abelhas sociais e solitárias que residem na caatinga, em concordância com o observado por
Roubik et al. (1986).
A presença de colônias silvestres de AMA na caatinga permitiu que pessoas pobres vivendo
no semi-árido nordestino passassem a colher toneladas de mel e cera dos seus ninhos ao final
de cada estação chuvosa, gerando assim uma nova fonte de alimento e renda. A bem sucedida
presença das colônias de abelhas africanizadas na região também estimulou a apicultura entre
fazendeiros, e esta se transformou em uma nova atividade praticada em muitas propriedades
rurais apesar da necessidade de boas práticas de manejo das abelhas e vegetação para manter as
colônias de AMA nas colméias durante a estação seca. O abandono e a migração de colônias sil-
vestres de AMA mostraram potencial para a apicultura migratória que passou a ser praticada pela
maioria dos apicultores profissionais no nordeste do país (Souza, 2004). Entretanto, a movimen-
tação de abelhas realizada pelo homem provavelmente tem pouco impacto na região porque os
apicultores migram para as mesmas regiões e na mesma época do ano que as colônias silvestres,
e não existem áreas livres de colônias de AMA na região.
Conclusão
Agradecimentos
Nós agradecemos ao Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará, sede Fortaleza, pelos dados
das remoções de colônias e enxames de AMA desta cidade durante o período do presente estudo; A
Fundação Meteorológica do Estado do Ceará (Funceme) pelos dados históricos de pluviosidade nos
municípios de Canindé e Fortaleza; e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecno-
logia – CNPq – pela bolsa de produtividade de B. M. Freitas e pela bolsa de I. G. A. Bomfim.
Referencias Bibliográficas
Ahmad R (1989a). A note on the migration of Apis dorsata in Adaman and Nicobar islands. Bee
World, v. 70, n. 2, p 62-65.
Ahmad R (1989b). Methods to control migration of Apis dorsata colonies in Pakistan. Bee World,
v.70, n.4, p 160-162.
Andrade-lima D (1981). The caatingas dominium. Rev Bras Bot, v. 4, n. 2, p 149-153, 1981.
Araújo-Filho JA (1990). Manipulação da vegetação lenhosa da caatinga para fins pastoris. EMBRA-
PA-CNPC; Sobral, Brasil.
Freitas BM (1991). Potencial da caatinga para a produção de pólen e néctar para a exploração apícola.
M. Sc. Dissertação. Universidade Federal do Ceará; Fortaleza, Brasil.
Funceme (1997). Boletim meteorológico anual. Funceme; Fortaleza, Brasil.
Kerr WE (1971). Contribuição ecogenética de algumas espécies de abelhas. Cienc Cult, v. 23,
p. 89-90.
Roubik DW (1992). Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press;
New York, USA.
Roubik DW et al.(1986). Sporadic food competition with the African honey bee: projected
impact on neotropical social bees. J Tropic Ecol, v. 2, p. 97–111.
Seeley TD (1985). Ecologia da abelha: um estudo de adaptação na vida social. Porto Alegre:
Paixão.
Sousa RM et al. (2000). Seasonal changes in Africanized honey bee (Apis mellifera L.) population of
the caatinga vegetation in NE Brazil. In Erickson JR, EH et al. (Ed.) In: International Confer-
ence on africanized honey bees and bee mites, 2., Tucson. Proceedings… Tucson: The AI Root
Company. p. 16-24.
Souza DC (2004). Importância socioeconômica. In: SOUZA, D.C. (Org.). Apicultura: manual do
agente de desenvolvimento rural. Brasília: Sebrae. cap. 4. p. 35-40.
Taylor OR; Spivak M (1984). Climatic limits of tropical African honeybees in the Americas. Bee
World, v. 65, p. 38-47.
Wiese H (2005). Apicultura. 2. ed. Guaíba: Agrolivros, 2005.
Winston ML (2003). A biologia da abelha. Porto Alegre: Magister.
SI MPÓSIO 11
Biologia Comportamental de
Trigona pellucida Cockerell, 1912,
(Hymenoptera, Apidae, Meliponini).
Sidnei Mateus e Ronaldo Zucchi
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP, Departamento de Biologia, Av.
Bandeirantes, 3900, CEP-14040-901, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. sidneim@ffclrp.usp.br
Abstract
Behavioral aspects on the stingless bees included in the genus Trigona are quite rare. Present con-
tribution deals with the bionomics of Trigona pellucida of which results were closely compared with
Trigona cilipes cilipes. Because both taxa are morphologically similar, present comparative bionomical
account aims at to contribute towards their separate identity. Two nests of T. pellucida collected in Mato
Grosso were used. All nests were found within inhabited termite nests located in living trees hollow
trunks. Upon their transference to observation hives colonies were used for several bionomic studies
as: division of labor allied to age polyethism, cell provisioning and oviposition (POP) analysis, cyclical
royal cells production, etc. The latter aspect provided an excellent opportunity to analyze the relationships
among royal cell cyclical production, neat occurrence o physogastric queen behavioral alterations signal-
ing close gyne emergence, new gyne acceptance or rejection behaviors, etc. Moreover, undertaken com-
parative analysis shows a set of distinctive bionomical traits between T. pellucida and T. cilipes cilipes.
Palavras chave: Meliponini, Trigona pellucida, divisão de trabalho, célula real, arquitetura de
ninho, rainha virgem.
Introdução
Rasmussen & Camargo, 2008). Uma das características marcantes em colônias de insetos eusociais
é a divisão de trabalho baseada na idade (Wilson, 1971), característica que contribuiu para o sucesso
ecológico e evolutivo das abelhas sem ferrão (Beshers & Fewell, 2001). Tarefas de manutenção do
ninho, cuidados com a prole, coleta de alimento e defesa são tarefas de grupos etários de operárias,
podendo ser variável dependendo das condições e necessidades da colônia. A plasticidade na aloca-
ção de tarefas é reconhecida como essencial (Sommeijer et al., 1982; Simões & Bego, 1991; Robin-
son, 1992; Kolmes & Sommeijer, 1992; Beshers & Fewell, 2001). O processo de aprovisionamento e
postura (Provisioning and Oviposition Process, POP) nas células para produção de novos indivíduos
é autapomórfico entre os insetos sociais. As interações entre rainha e operárias são complexas, o
aprovisionamento da célula é massal e as células de cria são utilizadas uma única vez, assim, dezenas
de células são construídas diariamente (Sakagami, 1982; Zucchi et al., 1999). Operárias de algumas
espécies de meliponinae desenvolvem ovário em colônias com rainha, dependendo da espécie podem
produzir ovos tróficos e reprodutivos simultaneamente, ou apenas ovos tróficos ou ovos viáveis. Tri-
gona cilipes cilipes desenvolve ovário mas nunca realiza postura (Silva-Matos et al., 2006). Outras
espécies nunca desenvolvem ovário (Boleli et al., 1999, 2000; conf. rev. em Faustino et al., 2002).
Material e Métodos
Foram coletados dois ninhos de Trigona pellucida no município de Ribeirão Cascalheira no Es-
tado do Mato Grosso. Um ninho foi coletado em uma propriedade rural (S12º43’251” W052º04’294”),
localizado no interior do tronco de uma árvore na borda de mata ciliar, e o outro foi coletado em área
de pastagem, localizado no interior de um tronco seco (S12º45’553” W052º04’100”). No campo os
ninhos foram filmados e fotografados e suas estruturas medidas para comparações entre ninhos. No
laboratório, as colônias foram colocadas em caixa de observação e a temperatura mantida a 28oC.
Foram alimentadas regularmente com solução de água e açúcar 50% e pólen. Para o estudo da divisão
de trabalho foram retirados favos em estágio de pupa e acondicionados em uma caixa menor, também
com tampo de vidro conectada à caixa maior com tubo plástico. As abelhas recém emergidas foram
marcadas individualmente no tórax segundo um código de cores com tinta atóxica, nos períodos da
manhã e da tarde. Posteriormente, elas foram devolvidas à colônia. Uma pequena caixa com tampa de
vidro foi conectada ao tubo de entrada, assim foi possível visualizar as saídas e retornos das forrage-
adoras. Foram realizadas sessões diárias de registros em vídeo das diferentes atividades realizadas
pelas operárias dentro da colônia, além de observações diretas. A partir das análises em vídeo e das
observações diretas criou-se um catalogo comportamental das tarefas realizadas pelas operárias, e o
processo de aprovisionamento e postura (POP) foi caracterizado.
Resultados
Os dois ninhos de T. pellucida foram encontrados associados com ninhos de térmitas, local-
izados no interior de tronco de árvore com ausência total de invólucro, usando a energia térmica
originária da colônia do hospedeiro. O tamanho dos ninhos coletados diferiu pouco, sendo de forma
esférica, as estruturas que compõe a arquitetura dos ninhos foram muito semelhantes. O ninho é com-
pacto e com pouco espaço interno não utilizado, as estruturas são muito próximas como os favos e
potes de armazenamento de alimento. O batume externo forma uma carapaça grossa e resistente que
previne a ação dos cupins e protege da umidade excessiva existente no interior dos troncos.
Descrição do ninho
15 dias. Operárias jovens sem pigmento foram puxadas pelas asas ou pernas do interior de células em
construção por operárias que estavam realizando esta tarefa, (MOR, n=6), idade média de 5,8 ± 1,788,
idade mínima de 3 e máxima de 7 dias.
Trabalho com o lixo:
Foram observadas 76 operárias macerando o lixo úmido (MLU) com idade média de 17,76 ±
8,68, idade mínima de 6 e máxima de 39 dias. Macerando lixo seco foram observadas 197 operárias
(MLS), a idade média foi de 24,43 ± 4,39, idade máxima de 35 e mínima de 7 dias. A construção de
estruturas utilizando o lixo seco (CPS) foi observada 193 vezes, a idade média das operárias foi de
19,72 ± 5,53, idade máxima de 32 e mínima de 4 dias.
Atividade de coleta:
Foram observadas 89 operárias entrando na colônia com resina na corbícula (RCR), a idade mé-
dia foi de 37,40 ± 8,80, idade máxima de 58 e mínima de 26 dias. A coleta de pólen (CPO) foi realizada
por operárias (n=23) com idade média de 49,69 ± 10,01, idade máxima de 77 e mínima de 37 dias.
Atividades com cerúmen:
Atividades com cerúmen foi amplamente difundido entre as operárias, foram observadas op-
erárias raspando o fundo da caixa, raspando potes de alimento, lamelas próximas do favo e mace-
rando este material para utilização. Foram observadas 198 operárias com idade média de 22,80 ±
6,66, idade máxima de 48 e mínima de 4 dias. Operárias carregando cerúmen ou outro material nas
mandíbulas foi observada nos favos de cria e em diversos locais da colônia, a idade média foi 17,30
± 9,26, e idade máxima de 54 e mínima de 3 dias. Macerar resina (MRE) foi observado por 17 vezes,
a idade média foi de 32,41 ± 9,84, idade máxima de 55 e mínima de 16 dias.
Atos comportamentais relacionados ao POP:
Durante o POP algumas abelhas (n =8) ficaram agitam-se em volta das células sendo tratadas
sem participar do processo (PRP). Foram observadas 10 abelhas e a idade média foi de 7,2 ± 0,42,
idade mínima de 7 e máxima de 8 dias. Nas células em colar (INSC, n=20) e antes da chegada da
rainha, algumas operária faziam rápidas inserções, a idade média foi de 7,4 ± 0,68, idade mínima de
6 de máxima de 8 dias. Durante o aprovisionamento, entre uma e outra descarga de alimento ocorrem
várias inserções de operárias na célula (INSP, n=129) sem depositar alimento, a idade média destas
operárias foi de 9,32 ± 1,18, idade mínima de 6 e máxima de 15 dias. Foram observadas 40 operárias
(RGR) regurgitando alimento larval no interior da célula durante o aprovisionamento, a idade média
das operárias foi de 9,3 ± 1,23, idade mínima de 7 e máxima de 11 dias. Foram observadas (SIP) 39
operárias simulando postura após o aprovisionamento, a idade média destas operárias foi de 8,33 ±
1,77, idade mínima de 6 e máxima de 11 dias. Foram observadas 20 operárias marcadas operculando
célula (OPE), a idade média foi de 8,6 ± 2,66, idade mínima de 5 e máxima de 14 dias.
Processo de aprovisionamento e postura nas células de cria
A construção de células em T. pellucida é do tipo sucessivo (Cy), o aprovisionamento da célula
é sucessivo (Py), ocorre agitação localizada durante o pré-aprovisionamento (lpr), o tratamento das
células é facultativamente grupado (Pc), a operculação é dividida em duas fases, rotação e trabalho
lateral. Durante o aprovisionamento a rainha movimentava-se em frente à célula efetuando vibrações
alares intercaladas com curtas paradas, concomitantemente, ela gira no sentido horário e anti-horário
de forma alternada. Durante o pré-aprovisionamento, a rainha freqüentemente expõe de uma pequena
gota entre as mandíbulas. Durante o pré-aprovisionamento, 4 a 7 operárias ficavam em volta da célula
em colar, o tempo entre a chegada da rainha até a primeira deposição de alimento na célula (n=9) foi
de 3,77 ± 1,23 segundos. A duração para 72 descargas de alimento larval foi de 3,32 ± 0,83 segundos,
sendo as três primeiras mais longas e as últimas mais rápidas, e nestas as operárias giravam no interior
da célula enquanto regurgitavam. A última operária a inspecionar a célula antes da postura da rainha,
quase sempre simulava uma postura. Antes da postura, a rainha invariavelmente fazia inspeção na
célula ingerindo ou não alimento, a duração média (n=12) foi de 2,87 ± 0,95 segundos. A duração
da postura da rainha (n=12) foi 5,03 ± 0,50 segundos. A duração do tempo entre a saída da rainha da
célula até inicio da operculação foi de (n=12) 3,23 ± 1,14 segundos. A primeira fase da operculação
(rotação) foi de 2,43 ± 0,26 (n=12) segundos, a fase final da operculação (n=12) durou 1,05 ± 0,26
segundos. A simulação de postura feita por operárias variou entre 2 a 5 por célula tratada, sendo a
duração do comportamento menor do que 1 segundo.
Produção de célula real e comportamento da rainha
Neste estudo tivemos a oportunidade de observar a produção periódica (cíclica) de células reais
nas duas colônias. Na colônia (01/06) foram produzidas 13 células de rainhas no intervalo de 143
dias, o intervalo médio foi de 12,90 ± 2,84 dias, sendo o intervalo máximo de 20 e o mínimo de 10
dias. Na colônia (02/06), o fato foi observado em outro período do ano, foram produzidas 12 células
de rainhas no intervalo de 125 dias, nesta colônia o intervalo médio foi de 11,90 ± 6,33, sendo o in-
tervalo máximo de 20 e mínimo de 5 dias.
Discussão
O primeiro relato de Trigona pellucida foi feito por Cockerell 1912. A descrição é sumária.
O local de coleta foi Porto Velho e Rio Madeira, não há relatos sobre a arquitetura do ninho. No
Brasil, T. pellucida ocorre nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia (Moure, Urban & Melo,
2007). Segundo Rasmussen e Camargo (2008), T. pellucida faz parte do grupo “cilipes” ocorrendo na
região centro oeste e amazônica. Os ninhos de T. pellucida foram localizados no interior de troncos
de árvores envoltos por ninhos de térmites. Apesar de algumas semelhanças na arquitetura interna
do ninho e da ocorrência na mesma região biogeográfica com T. cilipes cilipes, a entrada do ninho,
local de nidificação, caracteres morfológicos como a forma da tíbia, cor e venação das asas diferem
muito entre estas duas espécies. Diferenças foram observadas entre as duas espécies quanto ao lo-
cal de nidificação. A colônia de Trigona cilipes cilipes (Silva-Matos, 2006) foi coletada em Nova
Xavantina MT. Estava localizado dentro de um ninho abandonado de Brachygastra lecheguana a 5
metros de altura, o tubo de entrada longo e ornamentado. Kerr et al., (1967) descrevem um ninho de
T. cilipes cilipes dentro de um ninho de Azteca a 4 metros de altura, o tubo de entrada longo e bem
ornamentado, e outro ninho desta espécies em um termiteiro, embora com características diferentes.
Rasmussen (2004) descreve um ninho de Trigona cilipes dentro de um ninho ativo de Epipona tatua
a 15 metros de altura no Peru.
Trabalhos sobre o polietismo etário em abelhas do gênero Trigona são raros, faremos compa-
rações com dados da literatura com espécies de outros gêneros, embora com algumas diferenças nos
métodos utilizados por diversos autores. A longevidade média das operárias de T. pellucida foi de
41,54 ± 18,75, sendo a idade máxima observada de 79 dias. Em T. pallens vida média das operárias
foi de 29,4 dias (Silva, 2008), em Trigona (Tetragonula) minangkabau 37 dias, em operárias de
Friesella schrottky 30,1 dias (Camilo-Atique, 1977), em Melipona bicolor 44,0 dias (Bego, 1983),
para Melipona favosa foi 40,0 dias (Sommeijer, 1984), Frieseomelitta languida 33,3 dias (Ribeiro,
1989), e para Melipona compressipes fasciculata 42,5 dias (Giannini, 1997). A seqüência temporal
dos principais atos comportamentais e tarefas realizadas de acordo com a idade das operárias de T.
pellucida foram: trabalhos nos favos com cerume, aprovisionamento das células de cria, construção
de pilares, cerúmen e trabalhos com o lixo, atividades de forrageio. A primeira tarefa realizada por
operárias foi raspar o favo novo de cria e favos velhos, o excesso de cerúmen retirado foi por elas
utilizado ou repassado para uma abelha construtora. Os resultados para construção de células de cria
são semelhantes ao encontrado em Trigona pallens (Silva, 2008), comparável com Melípona favosa
(Sommeijer, 1984) e difere de Trigona (Tetragonula) minangkabau (Inoue et al., 1996). A demais
atividades com cerúmen são comparáveis com T. pallens (Silva, 2008), Trigona (Tetragonula) mi-
nangkabau (Inoue et al., 1996), Melipona bicolor (Bego, 1983), Nannotrigona (Scaptotrigona) pos-
tica (Simões & Bego, 1991), e Melipona compressipes fasciculata (Giannini, 1997). Diferenças po-
dem ser observadas quanto ao pico das atividades para cada espécie. A faixa etária das operárias que
estiveram ligadas diretamente ao POP foi de 6 a 14 dias, realizando inspeção nas células, regurgitar
alimento larval e opercular célula. Os dados são comparáveis com T. pallens (Silva, 2008), Trigona
(Tetragonula) minangkabau (Inoue et al., 1996), e com Melipona favosa (Sommeijer, 1984), os dados
diferem quanto ao pico de atividade para cada espécie. A simulação de postura em células de cria trat-
adas durante o POP ocorreu entre 6-11 dias, as operárias passavam sobre a célula, faziam uma breve
parada, esfregavam o abdômen na margem da célula, resultados semelhantes forma encontrados em
T. cilipes (Silva-Matos, et al., 2006). O lixo produzido na colônia como fezes, cadáveres e restos de
casulo foi armazenado no fundo da caixa, este material foi macerado, misturado com cerúmen e uti-
lizado na construção de estrutura de sustentação mais periféricas como pilares, estrutura do canal de
ingresso e lamelas. A idade de operárias manipulando lixo é pouco comparável com outras espécies
estudadas, sendo que, esta espécie reutiliza o lixo para construção de estruturas do ninho. A idade das
forrageadoras de resina e de pólen diferiu dos resultados apresentados para T. pallens (Silva, 2008), e
foram comparáveis com Trigona (Tetragonula) minangkabau (Inoue et al., 1996).
Os fatores sócio-reguladores que determinam à produção de célula real nos Trigonini ainda
são pouco conhecidos, porém, possíveis sinais químicos ou comportamentais emitidos por rainhas
virgens na espécie estudada mostraram a relação entre a produção de célula real e a emergência e
eliminação de rainhas virgens na colônia. Nos primeiros dias de vida as rainhas virgens não foram
agredidas por operárias e não foram percebidas “quimicamente” pela rainha. Passado alguns dias,
provavelmente após ocorrer mudanças fisiológicas e hormonais, as rainhas virgens passaram a
ser perseguidas/agredidas pelas operárias e desestabilizar o processo aprovisionamento e postura.
Os sinais químicos (presença) da rainha virgem deixavam a rainha agitada, freqüentemente, esta
deixava o favo de cria e andava por toda colônia. Quando a rainha virgem era pressa e estava sendo
agredida por operárias, a rainha participava ativamente com mordidas, que às vezes era revidado
pela rainha virgem. Após a eliminação das rainhas virgens, o comportamento da rainha voltava ao
normal e retomava as posturas. Foi observado um caso de substituição natural de rainha, onde uma
colônia ficou órfã por 47 dias. Após o desaparecimento da rainha, uma rainha virgem permaneceu
na colônia por 10 dias, foi agredida e eliminada pelas operárias. Em 27/12/06 foi observada outra
rainha virgem, ainda pouco pigmentada, neste período foram observados machos na colônia. A
rainha virgem permaneceu na colônia, passou a revidar agressões das operárias, andava por toda
colônia vibrando as asas, tocando as operárias e fazendo contatos bucais. Em 19 e 20/01, foi até o
tubo de entrada da colônia por várias vezes, sempre muito agitada e com o abdômen inflado. Em
25/01/07, já com o abdômen pouco dilatado subiu em uma célula com alimento e não realizou pos-
tura, em 27/01/07 passou a realizar postura normalmente. Em 29/01/07 foi produzida a primeira
célula real depois do período de orfandade.
O POP observado em T. pellucida foi semelhante ao observado em T. cilipes cilipes (Silva-
Matos et al., 2006). Ocorrendo variações no número de células tratadas por processo, número de op-
erárias simulando a postura. Em colônias normais, operárias de T. pellucida não botam ovos, apenas
Agradecimentos
Referências
Bego LR (1983). On some aspects of in Melipona bicolor bicolor Lepeletier (Hymenoptera, Apidae,
Meliponinae). Rev. Bras. Entomol. 27: 211-224.
Beshers SN & Fewell HJ (2001). Models of division of labor in insect societies. Annual Review of
Entomology, 46 : 413-430.
Boleli IC Simões ZLP e Bitondi MMG (1999).Cell death in ovarioles causes permanent sterility in
Frieseomelitta varia workers bees. Journal of Morphology, 242: 271–282.
Boleli IC Simões ZLP e Bitondi MMG (2000). Regression of the lateral oviducts during the larval-
adult transformation of the reproductive system of Melipona quadrifasciata and Frieseomelitta
varia. Journal of Morphology, 243: 141–151.
Camillo-Atique C (1977). Estudo da variabilidade etológica de Friesella incluindo a caracterização
de espécies crípticas (Hym., Meliponinae). Tese de doutorado, USP, Ribeirão Preto, 203p.
Cockerell TDA (1912) New Bees From Brazil. Psyche (19) 41-61.
Faustino CD Silva-Matos EV Mateus S and Zucchi R (2002). First record of emergency queen rearing
in stingless bees (Hymenoptera, Apinae, Meliponini), Insectes Sociaux, 49. 111-113.
Giannini KM (1997). Labor division in Melipona compressipes fasciculata Smith (Hymenoptera:
Apidae: Meliponinae). An. Soc. Entomol. Brasil. 26(1): 153-162.
Inoue T Salmah S Sakagami SF (1996). Individual variations in worker polyethism of the Sumatran
stingless bee Trigona (Tetragonula) minangkabau (Apidae, Meliponinae). Jpn. J. Ent. 64(3):
641–668.
Kerr WE Sakagami SF Zucchi R Araujo VP Camargo JMF (1967). Observações sobre a arquitetura
dos ninhos e comportamento de algumas espécies de abelhas sem ferrão das vizinhas de Ma-
naus, Amazonas (Hymenoptera, Apoidea). Atas dos Simpósio sobre a biota Amazônica. (5)
255-309.
Kolmes SA & Sommeijer MJ (1992). Ergonomics in stingless bees: changes in internidal behavior af-
ter partial removal of storage pots and honey in Melipona favosa (Hym. Apidae, Meliponinae).
Insects Sociaux. 39: 215-232.
Michener CD (1974). The social behavior of the bees: a comparative study. Belknap Press of Harvard
Univ. Press, Cambridge, Massachusetts. 404p.
Michener CD (2000). The bees of the World. University of Kansas Natural History Museum and De-
partment of Entomology. The Johns Hopkins University Press Baltimore and London, 913p.
Moure JS Urban D & Melo GAR (2007). Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the Neo-
tropical Region. Sociedade Brasileira de Entomologia, Curitiba, xiv + 1054p.
Rasmussen C (2004). A stingless bee nesting with a paper wasp (Hymenoptera: Apidae, Vespi-
dae). Journal of the Kansas Entomological Society, (77) 593–601.
Rasmussen C & Camargo JMF (2008). A molecular phylogeny and the evolution of nest archi-
tecture and behavior in Trigona s.s. (Hymenoptera: Apidae: Meliponini). Apidologie. 39: 102-118.
Ribeiro MF (1989). Estudos ecoetólogicos em Frieseomelitta languida, Moure & Camargo, in
litt (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae).Tese de mestrado, USP, São Paulo, 129p.
Roubik DW (1989). Ecology and Natural History of Tropical Bees. Cambridge Tropical Biol-
ogy Series, Cambridge University Press, 514p.
Roubik DW (2006). Stingless bee nesting biology, Apidologie 37, 124-143.
Robinson GE (1992) Regulation of Division of Labor in Insect Societies. Annual Rewiew of
Entomology. 37: 637-665.
Sakagami SF (1982). Stingless bees, p. 361-423. In Hermann (ed.), Social Insects. Academic
Press, New York, 459p.
Silva FR (2008). Divisão de trabalho e processo de aprovisionamento e postura em Trigona
pallens Fabricius, 1798 (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). Monografia, FFCLRP-USP. Depto. de
Biologia, 41pp.
Silva PR Bego LR & Sakagami SF (2001). On the cell provisioning and oviposition process
(POP) of the stingless bee Scaptotrigona aff. depilis (Hymenoptera: Meliponinae). Sociobiology 38:
615–638.
Simões D & Bego LR (1991). Division of labor, average life span and life table in Nannotrigo-
na (Scaptotrigona) postica Latreille (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Naturalia 16: 81-97.
Silva-Matos EV Noll FB Mateus S and Zucchi R (2006). Non-Oviposing Nurse Workers With
Developed Ovaries In Trigona cilipes cilipes (Hymenoptera, Meliponini). Braz. J. morphol. Sci.
23(3-4), 129-136.
Sommeijer MJ Beuvens FT Verbeek HJ (1982). Distribution of labour among workers of Meli-
pona favosa F.: construction and provisioning of brood cells, Insectes Soc. 29: 222-237.
Sommeijer MJ (1984). Distribution of labor among workers of Melipona favosa F.: Age-Poly-
ethism and worker oviposition. Insectes Sociaux. (31) 2. 171-184.
Wille A (1983). Biology of the Stingless Bees. Ann. Rev. Entomol. 28: 41-64.
Wille A Michener CD (1973). The nest architecture of stingless bees with special reference to
those of Costa Rica (Hymenoptera, Apidae). Revta. Biol. Trop., Universidade de Costa Rica, v.21,
Supl.1.
Wilson EO (1971). The insect societies. Belknap Press. Harvard University Press. Massachus-
setts, 548p.
Zucchi R Silva-Matos EV Nogueira-Ferreira FH & Azevedo GG (1999). On the cell provision-
ing and oviposition process (POP) of the stingless bees nomenclature reappraisal and evolutionary
considerations (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Sociobiology 34(1):65-86.
Many stingless bee species have their typical mass-provisioning and egg-laying processes well
described (Sakagami, 1982; Zucchi, 1993). Shortly after egg deposition by the queen, brood cells
are sealed by workers in a characteristic way, although the durations of the sealing procedure seem
to differ slightly among species (Sakagami & Zucchi, 1974). From each brood cell always a single
individual emerges (Sakagami, 1982).
In many species workers are seen to lay non-functional eggs which serve as food to the
queen, so-called trophic eggs (Sakagami & Zucchi, 1967). However, under certain conditions
workers may lay functional eggs which will render male offspring (Beig, 1972; Velthuis et al.,
2005). The nature of this worker activity becomes evident as they immediately close a cell
after the deposition of such an egg. Not all functional eggs laid by workers hatch successfully
because they can be replaced by an egg of another reproductive worker, or they can, during
development, be eliminated by other offspring present in the same, sealed-off cell (Beig, 1972;
Koedam et al, 2005; Koedam et al., 2007).
We have good reasons to believe that cell sealing in Melipona bicolor for a large part serves to
prevent intra-specific parasitism to happen (Koedam & Imperatriz-Fonseca, in prep.). This does not rule
out that inter-specific parasitism does not play a role. Considering the best protection of exposed eggs in
open cells, there should be a strong selection for workers to seal cells rapidly and efficiently. This means,
for example, that unnecessary interruptions of cell-sealing behaviour should be selected against.
It was already determined that reproductive M. bicolor workers were significantly more involved
in the mass-provisioning of cells than non-reproductive workers (Cepeda, 2006). Reproductive workers
were also seen participating in the sealing of cells which had received exclusively an egg of the queen
(Koedam et al., 1999). Here we tried to find out whether these workers allocate their sealing investment
equally over all cells or that they focus their sealing efforts on those cells having their own egg.
Up till now reproductive workers have been observed to occur in small groups of which each
individual may lay a small but different amount of eggs, varying from one up to eleven (Koedam et
al., 1999; 2005; 2007). We furthermore determined whether individual differences in cell-sealing
performance are linked to these differences in egg-laying capacity.
We used a single queenright M. bicolor colony, with individually-marked workers and three
physogastric queens, and film-recorded the oviposition of 501 cells for 496 hours continuously (Koe-
dam et al., 2007). We quantified the cell-sealing performance of reproductive workers. In order to
evaluate their sealing conduct, we used the performance of non-reproductive workers as a standard.
The results show that non-reproductive workers fully shut a cell mouth in about two-and-a-
half minutes where after they finalized the sealing procedure by shortly mandibulating the cell apex.
Reproductive workers sealed cells equally fast but when cells were exclusively queen-oviposited,
they began sealing sooner and with a higher frequency than non-reproductives. Still, overall the
former executed the sealing of these cells significantly below average: they interrupted sealing more
frequently, they abandoned the sealing of these cells more often prematurely and, finally, they spent
on average less time in concluding sealing. For cells having their proper egg, they performed sig-
nificantly above average: they occasionally interrupted cell sealing, they hardly ever abandoned
sealing in advance, and they usually spent a large amount of time in finalizing the processes. This
same double standard in cell-sealing performance of individual reproductive workers would become
more distinct when they produced more eggs.
Bad helping behaviour, getting worse with higher egg-laying capacity and therefore potentially,
socially more costly, alone demonstrates why a worker caste should be in the best interest of a sting-
less bee colony when completely sterile or laying non-functional eggs only. This may be one of the
reasons why worker male production in stingless bees is in general much lower than expected on
basis of kin-selection theory (Peters et al., 1999; Tóth et al., 2002).
References
Beig, D. 1972. The production of males in queenright colonies of Trigona (Scaptotrigona) postica.
Journal of Apicultural Research, 11: 33-39.
Cepeda, O. I. 2006. Division of labor during brood production in stingless bees with special reference
to individual participation. Apidologie, 37: 175-190.
Koedam, D.; Contrera, F. A. L.; Imperatriz-Fonseca, V. L. 1999. Clustered male production by work-
ers in the stingless bee Melipona subnitida Ducke (Apidae: Meliponinae). Insectes Sociaux,
46:387-391.
Koedam, D.; Contrera, F. A. L.; Fidalgo, A. O. & de, Imperatriz-Fonseca, V. L. 2005. How queen and
workers share in male production in the stingless bee Melipona subnitida (Apidae, Meliponini).
Insectes Sociaux, 52(2):114-121.
Koedam, D.; Cepeda Aponte, O. I. & Imperatriz-Fonseca, V. L. 2007. Egg laying and oophagy by re-
productive workers in the polygynous stingless bee Melipona bicolor (Hymenoptea, Meliponi-
ni). Apidologie, 38:55-66.
Peters, J. M.; Queller, D. C.; Imperatriz-Fonseca, V. L.; Roubik, D. W.; Strassmann, J. E. 1999. Mate
number, kin selection and social conflicts in stingless bees and honeybees. Proceedings of the
Royal Society of London B, 266:379- 384.
Sakagami, S. F. & Zucchi, R. 1967. Behavior studies of the stingless bee, with special reference to
the oviposition process VI. Trigona (Tetragona) clavipes. Journal of the Faculty of Science,
Hokkaido University, Series VI, Zool., 16(2):292-313.
Sakagami, S. F. & Zucchi, R. 1974. Oviposition behavior of two dwarf stingless bees, Hypotrigona
(Leurotrigona) muelleri and H. (Trigonisca) duckei, with notes on the temporal articulation of
oviposition process in stingless bees. Journal of the Faculty of Science, Hokkaido University,
Series VI, Zool., 19(2):361-421.
Sakagami, S. F. 1982. Stingless bees. In: Hermann, H. R. (ed.), Social Insects. New York, Academic
Press, III, pp. 361-424.
Tóth, E.; Strassmann, J. E.; Nogueira-Neto, P.; Imperatriz-Fonseca, V. L.; Queller, D. C. 2002. Male
Dedicated to the memory of Eva Crane (1912 – 2007) who 40 years ago observed with us the
male aggregations in front of Scaptotrigona postica colonies in our meliponary at the Genetics De-
partment on the USP Campus in Ribeirão Preto
Abstract
Stingless bees form male aggregations close to nests containing virgin queens. Numerous males
can sit or fly around for periods of weeks or months, depending on the species-specific seasonal pro-
duction of sexuals. Such male assemblies are leks without individual male mini-territories, instead
stabilized by a male aggregation pheromone. The leks constitute of vagabonding males originating
from many colonies perhaps faraway, however, not from the nests nearby. Migration and aggregation
are essential proximate components of the male premating behaviour. A virgin queen starting for her
nuptial flight is immediately chased by the waiting males. Because of the preceding male migration,
her copulation with a brother participating in the lek is highly improbable. The panmictic effect of
such male mass gathering ensures outbreeding, in particular important in case of monandry. Ulti-
mately the role of leks in the reproductive strategy of stingless bees is contribution to the maintenance
of a diverse genetic structure in local populations.
As colônias de abelhas sem ferrão são boas candidatas para se testar o balanço entre coopera-
ção e conflitos de interesses. Como regra geral, as rainhas são fecundadas por apenas um macho e,
conseqüentemente, as operárias são mais aparentadas aos seus próprios filhos (r=0.50) ou aos seus
sobrinhos (r=0.375) do que aos seus irmãos (r=0.25). Logo, o potencial conflito de quem produz os
machos é esperado. Tal conflito entre as castas pode ser detectado durante o POP (Processo de Apro-
visionamento e Oviposição), em que algumas operárias com ovários ativos colocam ovos reproduti-
vos, geralmente após a oviposição da rainha, que darão origem aos machos. A avaliação desse conflito
pode ser realizada com o uso de marcadores moleculares, como foi o caso do presente trabalho. Para
isso, operárias e machos foram coletados em diferentes ninhos de Melipona scutellaris e as genotipa-
gens foram feitas com auxílio de loci polimórficos de microssatélites. Os resultados obtidos indicam
que uma proporção substancial dos machos eram filhos de operárias, o que corrobora com dados
presentes na literatura para essa e outras espécies de abelhas sem ferrão.
Referências Bibliográficas
Bego LR (1982). On social regulation in Nannotrigona (Scaptotrigona) postica Latreille, with special referen-
ce to male production cycles (Hym., Apidae, Meliponinae). Bol. Zool. Univ. São Paulo, 7: 181-196.
Beig D (1972). The production of males in queenright colonies of Trigona (Scaptotrigona) postica.
Journal of Apic. Res., 11: 33-39.
Chinh TX, Grob GBJ, Meeuwsen FJAJ and Sommeijer MJ (2003). Patterns of male production in the
stingless bee Melipona favosa (Apidae, Meliponini). Apidologie 34: 161-170.
Koedam D, Contrera FAL and Imperatriz-Fonseca VL (1999). Clustered male production by workers in
the stingless bee Melipona subnitida Ducke (Apidae, Meliponinae). Insectes Soc., 46: 387-391.
Koedam D, Velthuis HHW, Dohmen MR and Imperatriz-Fonseca VL (2001). The behavior of laying
workers and the morphology and viability of their eggs in Melipona bicolor bicolor. Physiol.
Entomol., 26: 254-259.
Peters JM, Imperatriz-Fonseca VL, Queller D, Roubik DW, Strassmann JE (1999). Mate number, kin
selection and social conflicts in the stingless bees and honeybees. Proc. R. Soc. of London B,
266: 379-384.
Ratnieks FLW, Foster KR and Wenseleers T (2006). Conflict resolution in insect Societies. Annu. Rev.
Entomol. 51: 581–608.
Sommeijer MJ and van Buren NWM (1992). Male production by laying workers in queenright colo-
nies of Melipona favosa (Apidae, Meliponinae). In: Biology and evolution of social insects J.
Billen (Ed.), Leuven University Press, p.89-98.
Sommeijer MJ, De Brujin LLM, Meeuwsen FJAJ and Martens EP (2003) Natural patterns of caste
and sex allocation in the stingless bees Melipona favosa and M. trinitatis related to worker be-
haviour. Insectes Soc. 50: 38-44.
Strassmann JE (2001). The rarity of multiple mating by females in the social Hymenoptera. Insectes
Soc., 48: 1-13.
Tóth E, Queller DC, Dollin A and Strassmann JE (2004). Conflict over male parentage in stingless
bees. Insectes Soc., 51: 1-11.
van Veen JW, Arce HGA and Sommeijer MJ (2004). Production of queens and drones in Melipona
beecheii (Meliponini) in relation to colony development and resource availability. Proceedings
of the Section Experimental and Applied Entomology of the Netherlands Entomological Society
(NEV), 15: 35-39.
Velthuis HHW, Koedam D and Imperatriz-Fonseca VL (2005). The males of Melipona and other
stingless bees, and their mothers. Apidologie, 36: 169-185.
Abstract
This mini-review covers selected literature on some of the behavioral aspects involving cuticu-
lar hydrocarbons in social bees. Major topics involve the composition of epicuticular hydrocarbons
and wax comb. Nestmate discrimination, food source marks and caste status may be the principal
roles played by these compounds. In addition, we devoted our discussion comparing the studies made
on honey bees, sweat bees and bumble bees with stingless bees.
Introduction
The studies on the epicuticular lipids have increased since the recent findings reported their
importance in the biology of social insects. This interest is combined with the availability of
methodologies and equipments for the analysis of volatile and semi volatile compounds, and the
relative easiness of identification of the epicuticular components, led to an increase in the num-
ber of papers published on this topic (reviewed in Howard & Blomquist, 2005). In fact, chemical
communication based on cuticular hydrocarbons without glandular origin seems to be common
among eusocial termites, bees, wasps and ants (Breed, 1998; Clément & Bagnères, 1998; Gam-
boa, 1991). Cuticular hydrocarbons are involved in kin recognition at different levels including
species, colony, gender and caste levels.
The waxes present on the surface of insects play an essential role as anti-desiccatory barrier
such as avoiding loss of water and also entry of pathogens. In social insects, the cuticle contains
a mixture of different hydrocarbons that present quantitative variations among individuals. The
best functional analogy of these compounds was provided by Blomquist et al. (1998): “Cuticular
hydrocarbons provide [social] insects with the chemical equivalent of the visually variable col-
ored plumage of birds”. So, these chemicals may be endless sources of studies in every individual,
colony and population of social insect.
Although stingless bees have much more species than Apis, so far few studies have deeply ad-
dressed the chemical composition and importance of cuticular hydrocarbons in these bees. Here we
present a mini-review of the previously reported results on cuticular hydrocarbons in stingless bees
and provide a comparison with honeybees and other eusocial bees.
Honeybees
In terms of chemical compositions, cuticular waxes of honey bees are dominated by hydro-
carbons with pronounced amounts of alkanes, alkenes, alkadienes and branched alkanes (Breed &
Stiller, 1992). These chemical compounds have longer chains of carbon and constitute a blend that
provides the cuticular signature. Other important compounds used as discriminatory cues are esters
and alcohols. There are two main sources to acquire cuticular hydrocarbons: exogenous and endog-
enous sources. The exogenous source arises from chemicals acquired directly from the environment
such as floral oils. The endogenous source is derived from physiological processes that are influenced
by both genetic and environmental factors. Therefore, discrimination among subfamilies is expected
in honeybee hives which would produce a detrimental effect for the entire colony because of nepo-
tistic behavior (Arnold et al. 2000). However, mechanisms of transference of hydrocarbons such as
trophallaxis and allogromming prevent distinct chemical segregation within the hives.
Hydrocarbons present in the cuticular waxes of bees are widely assumed to function as cues
(for nestmate and for kin) used in intracolonial and intercolonial recognition. In fact, waxes play im-
portant and various roles in the social life of honeybees, and some studies suggest a chemical contin-
uum between waxes and cuticular surfaces of bees. This explains why younger individuals are likely
to be accepted in non-nestmate colonies (Breed et al. 2004). Newly-emerged workers only acquire
colony odor after few days in contact with nest materials. Wax comb swap between colonies can also
modify the acceptance/rejection behavior of nest guards, showing that colony signature is changeable
according to the non-heritable sources (D’Ettorre et al. 2006; Couvillon et al. 2007).
Bumblebees
Oldham et al. (1994) analyzed cuticular hydrocarbons of several Bombus terrestris and con-
cluded that the blend of hydrocarbons was constant across different body parts, but that B. lapidarius,
B. pascuorum and two B. terrestris subspecies differed in the relative quantities of different com-
pounds. These species also present notable differences in regard to their tarsal extracts. It is known
that bumblebees use hydrocarbons as “scent marks” or cues left on flowers by previous visitors. The
composition of tarsal extracts comprises complex mixtures of long-chain alkanes and alkenes with
between 21 and 29 carbon atoms.
Cuticular hydrocarbons were rich in the extracts of B. hypnorum. Alkanes (linear and branched),
alkenes, alkadienes, terpenes, acids and esters were the most compounds present in both Dufour’s
glands and in cuticular washings (Ayasse et al. 1995). These compounds were significantly distinct
within castes and between workers, suggesting that behavioral dominance and worker functions in
these bees can be reflected by chemicals as well.
Sweat bees
Cuticular hydrocarbons may have important implications for the social behavior of primitively
eusocial sweat bees. In Lasioglossum zephyrum, females are able to discriminate incoming nestmates
from strangers (Greenberg, 1979). High relatedness of nests in aggregations is also a distinct feature
that indicates the ability of recognition (Winston, 1992). Mating biology of the primitively eusocial
sweat bee Lasioglossum (Evylaeus) malachurum is mediated by a female-produced sex pheromone.
In this species, compounds identified as the volatile bouquets consisting of n-alkanes, n-alkenes and
iso-pentenyl esters of unsaturated fatty cuticular constituents of virgin gynes were highly attractive to
males. Isopentenyl esters of unsaturated fatty acids were the key compounds in inducing male inspec-
tions as well as stimulating pounces and copulatory attempts (Ayasse et al. 1999).
Stingless bees
Studies on Melipona bees showed that epicuticular waxes are mostly composed by high saturat-
ed alkanes, alkenes and methyl-branched alkanes (Abdalla et al. 2003; Nascimento et al., unpublished
data). In Melipona bicolor, quantitative and qualitative differences of chemical compounds were
found between and within castes and genders (Abdalla et al. 2003). Similar results were also found
in Schwarziana quadripunctata (Nunes et al. 2008). Odd long chained hydrocarbons (C19 to C33)
were distinct between colonies, ages and castes. Examination of the cuticular lipids of Scaptotrigona
bipunctata also showed clear differences of the cuticular hydrocarbon profiles between three colonies
(Jungnickel et al., 2004). In this species, the cuticular lipids were a mixture of hydrocarbons (satu-
rated and unsaturated alkanes and alkenes) within the range of C23–C29.
The sources of hydrocarbons in stingless bees are still unknown, but like cuticular hydrocar-
bons, chemicals present in the wax of some Trigona species consist of varying proportions of hydro-
carbons, esters and free acids (Blomquist et al. 1985; Milborrow et al. 1987). However, the waxes of
different stingless bee species are chemically simpler with a higher percentage of hydrocarbons and a
lower percentage of monoesters than the wax of A. mellifera (Koedam et al. 2002).
Hydrocarbons also seem to play a role as food source marks (Nieh, 1998). Recent studies
showed that tendal glands of Melipona seminigra produce substances that are used as scent marks on
flowers, therefore reducing both the time of searching and the time spent with the handling of nonre-
warding flowers (Jarau et al. 2004; 2005). This secretion had 41 compounds that could be identified
in the tendon gland and the tarsal extracts (Jarau et al. 2004).
Recently, nestmate discrimination in stingless bees has been investigated regarding to the role
of cuticular hydrocarbons (Jungnickel et al., 2004; Nunes et al., 2007; Pianaro et al. 2007). In S. bi-
punctata, 9-tricosene, 7-tricosene, 3-methyltricosane, pentacosane, hexacosane, 7-heptacosene and
nonacosane had an important function to separate studied colonies based on recognition experiments.
Friseomelitta varia guards seem to compare the chemical cuticular odors of incoming individuals and
make acceptance decisions according to the similarity of the odors with their natal colony (Nunes et
al. 2008). Linear and branched alkanes were the most important hydrocarbons separating colonies.
Future studies
Continued studies will undoubtedly reveal many new functions for hydrocarbons in social bees.
However, bioassays are necessary test these putative functions in natural systems in order to identify
which compounds are the most important mediator during behavioral contexts. Some progress is be-
ing made in understanding the composition and the function of cuticular hydrocarbons in stingless
bees. However, this knowledge is limited compared with that obtained from honeybees. In all groups
is necessary a broader approach using electrophysiological, biochemical, and molecular methods in
the future studies of cuticular lipids.
References
Abdalla FC, Jones GR, Morgan ED and Cruz-Landim C (2003). Comparative study of the cuticu-
lar hydrocarbon composition of Melipona bicolor Lepeletier, 1836 (Hymenoptera, Meliponini)
workers and queens. Genetics and Molecular Research, 2: 191-199.
Arnold G, Quenet B and Masson C (2000). Influence of social environment on genetically based
subfamily signature in the honeybee. J. Chem. Ecol. 26: 2331-2333
Ayasse M, Engels W, Lübke G, Taghizadeh T and Francke W (1999). Mating expenditures reduced
via female sex pheromone modulation in the primitively eusocial halictine bee, Lasioglossum
(Evylaeus) malachurum (Hymenoptera: Halictidae). Behav. Ecol. & Sociobiol. 45: 95-106.
Blomquist, G. J., Roubik, D. W. & Buchmann, S. L. 1985. Wax chemistry of two stingless bees of
the Trigonisca group (Apididae: Meliponinae). Comparative Biochemistry and Physiology B,
82: 137-142.
Breed MD (1998). Chemical cues in kin recognition: criteria for identification, experimental approach-
es, and the honey bee as an example. In: Vander Meer RK, Breed MD, Espelie KE,Winston ML,
eds. Pheromone Communication in Social Insects: Ants, Wasps, Bees and Termites. Boulder,
CO: Westview.
Breed MD and Stiller TM (1992). Honey bee, Apis mellifera, nestmate discrimination: hydrocarbon
effect and the evolutionary implications of comb choice. Animal Behaviour, 43: 875-883.
Breed MD, Perry S and Bjostad LB (2004). Testing the blank slate hypothesis: why honey bee colo-
nies accept young bees. Insectes Sociaux, 51: 12-16.
Clément J-L, Bagnères A-G (1998). Nestmate recognition in termites. In: Vander Meer RK, Breed
MD, Espelie KE, Winston ML, eds. Pheromone Communication in Social Insects: Ants, Wasps,
Bees and Termites. Boulder, CO: Westview. pp. 126–55.
D’Ettorre P, Wenseleers T, Dawson J, Hutchinson S. and Ratnieks FLW (2006). Wax combs mediate
nestmate recognition by guard honeybees. Animal Behaviour, 71: 773-779.
Greenberg L (1979). Genetic component of bee odor in kin recognition. Science, 206: 1095-1097.
Jarau S, Hrncir M, Ayasse M, Schulz C, Francke W, Zucchi R, Barth FG (2004). A stingless bee
(Melipona seminigra) marks food sources with a pheromone from its claw retractor tendons. J.
Chem. Ecol. 30:793–804
Jarau S, Hrncir M, Zucchi R, Barth FG (2005). Morphology and structure of the tarsal glands of the
stingless bee Melipona seminigra. Naturwissenschaften, 92: 147-150.
Koedam D, Jungnickel H, Tentschert J, Jones GR and Morgan ED (2002). Production of wax by virgin
queens of the stingless bee Melipona bicolor (Apidae, Meliponinae). Insectes Soc., 49: 229-233.
Milborrow BV, Kennedy JM and Dollin A (1987). Composition of wax made by the Australian sting-
less bee Trigona australis. Australian Journal of Biological Sciences, 40: 15-25.
Nunes TM, Nascimento FS, Turatti IC, Lopes NP and Zucchi R (2008). Nestmate
recognition in a stingless bee: does the similarity of chemical cues determine guard
acceptance? Animal Behaviour, doi:10.1016/j.anbehav.2007.08.028.
Nunes TM, Turatti IC, Mateus S, Nascimento FS, Lopes NP and Zucchi R (2008).
Cuticular hydrocarbons in the stingless bee Schwarziana quadripunctata (Hymenoptera,
Apidae, Meliponini): differences between colonies, castes and age. Genetics and Molecular Research
(in press).
Pianaro A, Flach A, Patricio EFLRA, Nogueira-Neto P, Marsaioli AJ (2007). Chemical changes as-
sociated with the invasion of a Melipona scutellaris colony by Melipona rufiventris workers. J.
Chem. Ecol. 33:971–984.
Winston, ML (1991). Semiochemical and insect sociality. In: Insect Chemical Ecology, an Evolu-
tionary Approach. Bernard D. Roitberg. and Murray B. Isman (eds.). New York and London:
Chapman and Hall.
SI MPÓSIO 12
Esta metodologia utiliza uma série de técnicas que visam descrever e representar a geometria
das formas estudadas. Enquanto nas abordagens tradicionais a variação da forma é estudada através
da covariação entre pares de medidas lineares, a morfometria geométrica é capaz de descrever e lo-
calizar mais claramente as regiões de mudanças na forma e, sobretudo de reconstruir e reconstituir
graficamente estas diferenças (Bookstein 1991).
Desta maneira, a metodologia foi testada em alguns grupos de abelhas sem ferrão com o intuito
de se testar a sensibilidade do método na separação dos grupos de abelhas e sua aplicabilidade na
identificação de espécies.
O primeiro trabalho utilizando morfometria geométrica para diferenciação de grupos de abelhas
foi realizado com um grupo de abelhas africanizadas e suas subespécies ancestrais. A análise de de-
formações relativas dos padrões de nervura de asa atingiu uma taxa de 85% de classificações corretas
nas subespécies de Apis mellifera (Francoy et al., 2006). Em abelhas sem ferrão, o primeiro trabalho
realizado com este tipo de análise foi feito por Francisco et al. (2008) demonstrando que duas popu-
lações de Plebeia remota não apresentam fluxo gênico, sendo que até o momento as populações eram
reconhecidas como sendo pertencentes à mesma espécie. Juntamente com outros marcadores, como
DNA mitocondrial e hidrocarbonetos de quitina, tais resultados foram reforçados na proposição de
que as populações se tratam de duas espécies distintas.
Análises preliminares realizadas dentro do gênero Plebeia com seis espécies diferentes mostra-
ram uma grande divergência dentro dos grupos, sendo possível a diferenciação de 93,4% dos indi-
víduos corretamente nos testes de validação cruzada (Silva, 2006). A técnica se mostrou também
muito eficiente na discriminação de indivíduos de diferentes populações de Nannotrigona testacei-
cornis, atingindo um acerto de até 74% na classificação dos indivíduos dentro de seus respectivos
grupos (Mendes et al., 2007), bem como na diferenciação de duas subespécies de Melipona bicolor,
onde foi conseguido um acerto de 86% de classificações corretas (Francoy et al., dados não publica-
dos). Já foram também testadas diferenças entre os padrões de venação de asa de machos e operárias
de Plebeia flavocincta, os quais se apresentaram bem distintos, proporcionando uma discriminação
de 99,5% dos indivíduos (Silva 2006).
Assim, através de exemplos bem simples, conseguimos demonstrar a eficiência, a rapidez e
a facilidade do uso das novas técnicas morfométricas na identificação de abelhas africanizadas e
suas influências, bem como na identificação de outras espécies de abelhas, suas estruturas popu-
lacionais e suas origens geográficas.
Referências Bibliográficas.
BOOKSTEIN, F. L. 1991 Morphometric tools for landmark data. Cambridge: Cambridge University Press
DRAUSCHKE, M., V. STEINHAGE, A. POGODA, S. MÜLLER, T. M. FRANCOY, AND D. WITT-
MANN. 2007. Reliable Biometrical Analysis in Biodiversity Information Systems. pp. 25-36 in
Fred, A. & Jain, A. K. eds. Proceedings of the 7th International Workshop on Pattern Recogni-
tion in Information Systems - PRIS 2007, Funchal, Portugal.
FRANCISCO F.O., NUNES-SILVA P., FRANCOY T.M., WITTMANN D., IMPERATRIZ-FON-
SECA V.L., ARIAS, M.C., MORGAN E.D. 2008 Morphometrical, biochemical and molecu-
lar tools for assessing biodiversity. An example in Plebeia remota (Holmberg, 1903)(Apidae,
Meliponini), Insectes Sociaux, DOI 10.1007/s00040-008-0992-7.
FRANCOY, TM; GONÇALVES, LS; WITTMANN, D. 2006 Changes in the patterns of wing vena-
tion of Africanized honey bees over time. Anais do VII Encontro sobre Abelhas. p. 173-177.
Abstract
The development of cost-effective molecular tools allowing the amplification of minute amounts
of DNA effectively opened the field of molecular ecology for stingless bees. Here we review some
concepts, techniques and also the advances they have provided for the understanding of the popula-
tion structure regarding the conservation of the Meliponini. Vertebrate conservation strategies rou-
tinely consider genetic factors, but their importance for invertebrate populations is poorly understood.
Meliponini are important pollinators, and many species have undergone dramatic declines. As mo-
nandrous, social hymenopterans may be particularly susceptible to inbreeding due to low effective
population sizes. By using microsatellite markers we intend to study population genetic structuring
and gene flow, and also the relationships between genetic diversity, landscape genetics and isolation.
Preliminary results suggest that surviving populations of this insect suffer from inbreeding as result of
geographical isolation. Implications for the conservation of social hymenopterans are discussed. We
also discuss future priorities and point out the main areas where our knowledge is still insufficient.
Introduction
Ecology has matured during the past quarter century, with theoretical and quantitative develop-
ments in the description and modeling of populations, communities and ecosystems (Jones and Law-
ton, 1995). In parallel, the development of molecular biology techniques has spawned new ways of
looking at organisms in the environment, assessing biological processes and activities, and studying
population genetics and species distribution.
Molecular ecology concerns the application of molecular techniques to questions in ecology,
evolution, behavior and conservation biology (Carvalho, 1998). The trajectories of the ecological
theory and of the molecular biology techniques development have converged during this decade, and
the application of molecular techniques has begun to provide relevant information to ecological ques-
tions (Zehr and Voytek, 1999).
A major contribution of molecular techniques has been to provide real measures of the
biodiversity of the organisms, at the species, population and community levels, as well as nu-
merous insights into population structure, and mating strategies, among many others (Gómez,
2005). Several technical and methodological developments in molecular biology have facilitated
this approach, among these, refinement in DNA extraction protocols, polymerase chain reaction
(PCR), design of conserved primers which allowed amplification and sequencing of genes of
virtually any organism, and, the divulgation of protocols for the development of species-specific
microsatellite primers (Zane et al., 2002).
Thus, DNA markers became the most suitable yardsticks for measuring genetic differences between
individuals, or within and between related species or populations (Behura, 2006).
Traditionally, mitochondrial DNA (mtDNA) has been a choice of marker for studying genetic vari-
ation in Meliponini species (Moretto and Arias, 2005; Arias et al., 2006). Mitochondrial gene sequences
have been used for phylogenetic and population genetics studies, to infer about the evolutionary history
of related species. More precisely, these markers have provided invaluable insights into the history and
genetic basis of speciation and phenotypic evolution of recently diverged species (Behura, 2006).
Microsatellites are also used as prevailing markers in insect studies because of the high abun-
dance and highly variable nature of their loci in the genome. Microsatellites or simple sequence
repeats (SSRs) are tandemly repeated motifs of 1-6 bases found in all prokaryotic and eukaryotic
genomes analyzed to date. They are present in both coding and noncoding regions and are usually
characterized by a high degree of length polymorphism (Behura, 2006). Despite their rising popu-
larity in insect research, microsatellites have not yet become a major marker system in entomology.
Recent studies have shown that microsatellite markers can be faithfully extended beyond population
and ecological genetics in stingless bee (Paxton et al., 1999, Toth et al., 2003).
The use of microsatellite markers in ecological studies is preferred as they are highly polymorphic
in nature and are also abundant to generate large numbers of markers compared to other systems. Large
numbers of microsatellites can be isolated by generating a genomic library of small fragments either am-
plified by PCR or generated by partial digestion of genomic DNA (Lunt et al. 1999) and enriched with
simple sequences repeats (Zane et al., 2002). Although the cost involved in the initial setup (genomic
library) is higher than that of the other markers, microsatellites provide several advantages, such as a
higher information content (much more alleles as compared with allozymes); this is an essential feature
in population and ecological studies where more number of genotypes are required for meaningful sta-
tistical analyses. However, recent findings have shown that in some cases microsatellites are not neutral
markers as they are found involved in gene regulation, genetic hitchhiking, and sex-specific differential
selection (Schlotterer 2000), and hence, they may not be useful for evolutionary and phylogenetic stud-
ies. Nevertheless, the development of these molecular markers in stingless bees represents a valuable
resource for further molecular ecological studies in species of the group.
Traditionally, microsatellite loci have been isolated from partial genomic libraries (selected for small
insert size) of the species of interest, by the screening of several thousands of clones through colony hy-
bridization with repeat containing probes. As mentioned above, although relatively simple, especially for
microsatellite rich genomes, this approach can turn out to be extremely tedious and inefficient for species
with low microsatellite frequencies. Microsatellite enrichment has also been developed to increase the
proportion of clones in a given library containing the microsatellite motif of interest (Zane et al., 2002).
Unfortunately, the de novo development of SSRs is a costly and time consuming endeavor
(Zane et al., 2002). Added to this difficulty is the fact that the polymerase chain reaction primers used
to amplify SSRs are frequently species-specific, meaning that markers developed for one taxon can-
not be readily transferred to another. So, in spite of reducing the general utility of preexisting markers,
this lack of transferability also means that interspecific comparisons are often based on disparate sets
of markers, effectively confounding species differences with possible locus-specific effects.
and to manage the existing populations of endangered species. To investigate the genetic processes
influencing the survival of a species, suitable molecular markers are required to apply for individual
genotype characterization. Microsatellite markers have been proven to be very efficient for conserva-
tion genetics studies due to their reproducibility, multi-allelic nature, codominant inheritance, relative
abundance and good genome coverage (Schlotterer, 2000).
Iraí, Nannotrigona testaceicornis (Lepeletier 1836), is a eusocial bee, that nests on tree cavities
or cavities of man-made structures (Mendes et al, 2007). The colonies can have from 2,000 to 3,000
bees. These bees are black, very small, and usually have grey hair (Monteiro, 2001). In Brazil, this
species is distributed through the States of Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro
and São Paulo (Silveira et al., 2002). Nevertheless, also occurs in Paraná, Santa Catarina and Rio
Grande do Sul, in the very South of Brazil (Mendes et al, 2007). The species has a large geographic
distribution and occupies different biomes, including urban areas (Souza et al., 2002).
The total DNA was extracted from a single adult of N.testaceicornis thorax preserved in alcohol
using phenol/chloroform (Sambrook et al., 1989). Microsatellite markers were isolated according to the
protocols of Billotte et al. (1999). The genomic DNA was digested with RsaI and the fragments were
ligated to two double-strand adapters (RSA 21 and RSA 25), and then polymerase chain reaction (PCR)
was performed using one strand of the adapter RSA 21 as primer. The PCR products were purified us-
ing the QIAquick gel extraction kit (QIAGEN). Two biotinylated probes (GA)8 and (AC)8 (Promega)
were hybridized to the PCR products. The DNA fragments hybridized to biotinylated probes were
captured using streptavidin-coated magnetic beads. The bound DNA was eluted from the magnetic
spheres, re-amplified using RSA 21, and purified using the QIAquick gel extraction kit (QIAGEN).
The DNA fragments were cloned according to the manufacturer’s protocol using the plasmid
pGEM-T Easy vector (Promega) and transformed into Escherichia coli XlL1 Blue (Invitrogen). Nine-
ty-eight positive clones were recovered through alkaline lysis (Sambrook et al. 1989), and inserts
were sequenced using the BigDye Terminator version 3.1 Cycle Sequencing Kit and the ABI PRISM
377 sequencer. Sixty-tree of these clones (65%) contained microsatellite sequences with more than
six repeat motifs and sufficient flanking sequences for primer design. We designed primer pairs using
the primer 3 software (Rozen and Skaletsky 2000).
We characterized, till now, five polymorphic loci in 100 individuals from a natural population
collected at University of São Paulo (Ribeirão Preto Campus, Brazil). The PCR products were sepa-
rated on a 8% denaturing polyacrylamide gel and visualized by silver-staining as described by Creste
et al. (2001). Product sizes were estimated by comparison with a 10-bp DNA ladder (Promega).
The microsatellite loci will be invaluable tools for conservation genetics surveys in many other
Meliponini taxa, for example, for assessing the effect of landscape fragmentation on historical and
contemporary gene flow, for species delimitation, and for studies on the origin and breakdown of re-
productive barriers among closely related populations and/or species of stingless bees.
Landscape genetics
Landscape genetics provides information on how landscape and environmental features
influence population genetic structure. It is a new research area that integrates landscape ecology,
spatial statistics and population genetics, and provides a framework for testing the relative influence
on gene flow, genetic discontinuities, admixture of populations and spatial genetic struture (SGS) in
natural populations (Manel et al. 2003; Storfer et al., 2007).
The habitat fragmentation is predicted to restrict gene flow, which can result in the loss of ge-
netic variation and in inbreeding depression. The understanding of the landscape effects on genetic
connectivity provides insight into fundamental biological processes such as: metapopulation dynam-
ics, isolation, speciation, and ultimately, species’ distribution (Storfer et al., 2007).
Conservation
Two goals of any conservation programme should be ensuring the long-term survival of a spe-
cies and maintaining ecological and evolutionary processes. Both goals require the preservation of
genetic diversity (Hamrick and Godt, 1996). The loss of genetic diversity within natural populations
has been observed in Meliponini species, but it is not the reason for the endangered status of the group,
but one of the consequences of the extinction and fragmentation of natural populations. Considering
that most remnant populations are getting smaller as a result of human disturbance, it is quite possible
that the process of habitat fragmentation will lead to a loss of genetic diversity by dramatically increas-
ing mating opportunities between relatives within small populations. Consequently, conservation and
restoration genetics should focus on the maintenance of historically significant processes such as high
levels of outbreeding and gene flow, and also on the large effective population size of the species.
The intensification of agriculture has also propitiated a decline in the ratio of habitats in the
adjacencies of country properties, an increase in the pesticide use, a decrease of floral resources in
country properties, as well as an increase in the size of the cultivations, intensive use of the ground
and of the water, as well as synthetic fertilizer.
Finally, serious considerations regarding the management of a particular landscape or habitat
must include (1) description of what makes up the baseline habitat(s) of conservation concern; (2) de-
scription of the human effects (differentiating between exogenous and endogenous disturbances); (3)
general description of the state of alteration of the landscape from a human perspective, taking into
account the land-use effects related to the degree of destruction and modification; and (4) additional
landscape classification that takes into account the species of stingless bee of concern, in terms of
their patterns and scale of resource use.
Destruction and fragmentation of natural habitats is the major reason for the decreasing bio-
diversity (genetic diversity) in the agricultural landscape. Loss of populations may negatively affect
biotic interactions and ecosystem stability. The habitat conservation is essential to maintain not only
abundant and diverse bee communities, but also plant-pollinator interactions in economically impor-
tant crops and endangered wild species of plants.
Acknowledgements
This research was funded by the FAEPA (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistên-
cia), and BIOTA-FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
References
Arias MC, Brito RM, Francisco FO, Moretto G, et al. (2006). Molecular markers as a tool for popula-
tion and evolutionary studies in stingless bees. Apidologie. 37:259–274.
Behura SK (2006). Molecular marker systems in insects: current trends and future avenues. Mol.
Ecol. 15:3087–3113.
Billotte N, Lagoda PJL, Risterucci AM, Baurens FC (1999). Microsatellite-enriched libraries: applied
methodology for the development of SSR markers in tropical crops. Fruits. 54:277–288.
Carvalho GR (1998). Advances in molecular ecology, IOS Press, Amsterdam.
Castanheira EB and Contel EPB (1995). Isoenzymes related to flight activity of Tetragonisca an-
gustula (Hymenoptera: Apidae: Miliponinae): Evidence of postranslational modification of
the hexokinase and detection of new Glycerol-3-Phosphate Dehydrogenese variants. Biochem.
Genet. 33:365-375.
Castanheira EB and Contel EPB (2005). Geographic variation in Tetragonisca angustula (Hymenop-
tera, Apidae, Meliponinane). Apic. Res. 44:101–105.
Contel EPB and Kerr WE (1976). Origin of males in Melipona subnitida estimated from data of an
isozymic polymorphic system. Genetica. 46:271-277.
Creste S, Neto AT, Figueira A (2001). Detection of single sequence repeat polymorphisms in denatur-
ing polyacrylamide sequencing gels by silver staining. Plant Mol. Biol. Reptr. 19:299–306
Falcão TMMA and Contel EPB (1991). Genetic variability in natural populations of Brazilian social
bees. II. Electrophoretic data for PGM and MDH give evidence for multiple fertilizations in
stingless bees. Brazil. J . Genet. 14:47-59.
Gómez A (2005). Molecular ecology of rotifers: from population differentiation to speciation. Hyd-
robiologia. 546:83-99.
Hamrick JL and Godt MJW (1996). Effects of life history traits on genetic diversity in plant species.
Phil. Trans. Roy. Soc. London Biol. Sci. 351:1291-1298.
Jones CG and Lawton JH (1995). Linking species and ecosystems. Chapman and Hall, New York,
New York, USA.
Loxdale HD and Lushai G (1998). Molecular markers in entomology. Bull. Entomol. Res.
88:577-600.
Lunt DH, Hutchinson WF, Carvalho GR (1999). An efficient method for PCR-based isolation of mi-
crosatellite arrays (PIMA). Mol. Ecol 8:891–893.
Manel S, Schwartz K, Luikart G, Taberlet P (2003). Landscape genetics: combining landscape ecol-
ogy and population genetics. Trends Ecol. Evol. 18:189–197.
Mendes MFM, Francoy TM, Nunes-Silva P, Menezes C, et al. (2007). Intra-populational variability
of Nannotrigona testaceicornis Lepeletier, 1836 (hymenoptera, meliponini) using relative warp
analysis. Biosci. J. 23:147-152.
Michener CD (2000). The bees of the world. The Johns Hopkins University Press, Baltimore and London.
Monteiro WR (2001). Meliponiculuta - abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis). Mensagem Doce 60.
Moretto G and Arias MC (2005). Detection of mitochondrial DNA restriction site differences be-
tween the subspecies of Melipona quadrifasciata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Meliponi-
ni). Neotropical Entomol. 34: 381-385.
Paxton RJ, Weißschuh N, Quezada-Euán JJG (1999) Characterization of dinucleotide microsatellite
loci for stingless bees. Mol. Ecol. 8:685-702.
Roubik DW (1989). Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press,
Cambridge.
Rozen S and Skaletsky HJ (2000). primer 3 on the WWW for general users and for biologist program-
mers. In: Bioinformatics methods and protocols: methods in molecular biology (Krawetz S and
Misener S, eds). Humana Press, Totowa, New Jersey, 365–386
Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T (1989). Molecular cloning: a laboratory manual, 2nd edn. Cold
Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, New York.
Schlötterer C (2000). Microsatellite analysis indicates genetic differentiation of the neo-sex chromo-
somes in Drosophila americana americana. Heredity. 85: 610–616.
Silveira FA, Melo GAR, Almeida EAB (2002). Abelhas brasileiras – Sistemática e identificação. 1.ed.
Editora Composição e Arte, Belo Horizonte.
Souza LA, Pereira TO, Prezoto F, Faria-Mucci GM (2002). Nest foundation and diversity of Meliponi-
ni (Hymenoptera, Apidae) in an urban area of the municipality of Juiz de Fora, MG, Brazil.
Biosci.J. 18:59-65.
Storfer A, Murphy MA, Evans JS, Goldberg CS, et al. (2007). Putting the landscape in landscape
genetics. Heredity. 98:128–142.
Toth E, Strassmann JE, Imperatriz-Fonseca VL, Queller DC (2003). Queens, not workers, produce
the males in the stingless bee Schwarziana quadripunctata quadripunctata. Anim. Behav.
66:359-368.
Zane L, Bargelloni L, Patarnello T (2002) Strategies for microsatellite isolation: a review. Mol. Ecol.
11: 1–16.
Zehr JP and Voytek MA (1999). Molecular ecology of aquatic communities: reflections and future
directions. Hydrobiologia .401: 8-19.
Abstract
The epicuticle is a wax layer that recovers the insects’ cuticle. There is a wide range of studies
concerning the composition of this cover and its function in insect behavior. Although there is a great
number of investigations regarding this subject, little is known about this structure and its function
in stingless bees. The aim of the present work is to summarize the knowledge about the variability
of the cuticular hydrocarbons in this group of highly eusocial bees. The available studies showed
differences between species concerning the cuticles chemical composition at different levels. The
investigations also showed that, within a single species, there are differences between nests, and that,
within a single nest, there are differences among individuals. For those individuals that share a single
nest, the cuticle’s chemical composition can carry information concerning the age of the individual,
its gender and its caste. Even though there are only few studies with reference to this topic in stingless
bees, the results found so far show an enormous potential for investigating insect biology.
Palavras chave: Abelhas sem ferrão, hidrocarbonetos cuticulares, Meliponini, casta, sexo, idade.
Introdução
Nos insetos, o tegumento é a camada mais externa que recobre o corpo e é constituído pela epi-
derme e pela cutícula (Guerino and Oliveira, 2002). A cutícula, por sua vez, é recoberta por uma ca-
mada de cera denominada epicuticula. Essas ceras apresentam como função primária a proteção contra
desidratação e regulação da permeabilidade cuticular. Secundariamente, os compostos presentes nessa
camada passaram a atuar como sinais olfativos, desempenhando um papel fundamental na comunicação
dos insetos (Lockey, 1988). Esses compostos apresentam uma atuação muito ampla dentro dos vários
grupos de insetos já estudados e, embora um grande número de estudos já tenha sido realizado, novas
funções de tais compostos e novas possibilidades de utilização dessas pistas na compreensão da bio-
logia dos insetos são constantemente reveladas. As funções já amplamente descritas na literatura para
essas substâncias incluem a atuação como feromônios sexuais, pistas de reconhecimento para espécie,
feromônios de território, alarme, recrutamento e defesa química, feromônios termo regulatórios e pistas
para parasitas (Howard and Blomquist, 2005). Nos insetos sociais, esses compostos apresentam infor-
mações a respeito da colônia de origem do indivíduo, sua idade, linhagem genética, casta, sexo, status
reprodutivo e sua tarefa na colônia (Arnold et al., 1996; Endler et al., 2004; Howard and Blomquist,
2005; Monnin et al., 2006). Além das funções anteriormente citadas, estudos recentes mostram que
diferentes populações apresentam diferentes perfis químicos e que essa característica pode ser utilizada
em estudos de reconstruções biogeográficas (Dapporto et al., 2004a; Dapporto et al., 2004b).
As substâncias que compõe a epicutícula são basicamente hidrocarbonetos, distribuídos
entre alcanos, alcenos, hidrocarbonetos com ramificações e alcadienos. Alguns outros compos-
tos como alcoóis, ácidos e ésteres também podem ser encontrados, porém, sempre em menores
concentrações (Nunes et al., 2008a).
Embora as análises de hidrocarbonetos cuticulares em insetos sociais e suas funções tenham
recebido grande atenção nos últimos tempos, para o grupo das abelhas sem ferrão, os estudos com
esse enfoque permanecem escassos. O presente trabalho visa organizar as informações já existentes
a respeito de análises de compostos cuticulares em abelhas sem ferrão, mostrando diferenças nessa
composição em diferentes níveis. Posteriormente, abordará também as metodologias utilizadas e pos-
sibilidades de aplicação para diferentes situações.
Da mesma forma, para a espécie Schwarziana quadripunctata, a análise de duas diferentes co-
lônias mostrou uma clara separação entre os indivíduos amostrados. As variações são encontradas nas
comparações realizadas entre operárias jovens e velhas de cada colônia e também entre as rainhas vir-
gens dessas colônias. Um dado importante mostrado nesse trabalho é que mesmo dentro da mesma es-
pécie, são encontradas, além de diferenças nas concentrações relativas dos compostos entre as colônias,
também diferenças com relação à ausência ou presença de alguns compostos (Nunes et al., 2008b).
Ainda, segundo Jungnickel et al. (2004) nas análises com Scaptotrigona bipunctata, a comparação
dos compostos encontrados para guardas de diferentes colônias resultou em uma completa separação
gráfica na análise dos componentes principais realizada. A análise discriminante apontou que todos os
indivíduos testados foram colocados corretamente dentro do grupo de indivíduos de mesma colônia.
o pentano. O uso de solventes permite uma completa extração das ceras presente na cutícula dos
indivíduos, podendo ser utilizado em comparações quantitativas e qualitativas. No entanto, a uti-
lização de solventes orgânicos apenas pode ser feita em indivíduos mortos, o que impede a análise
do mesmo indivíduo em diferentes situações experimentais, ou a realização de testes comporta-
mentais com o mesmo indivíduo utilizado para as análises químicas. Existe ainda, a possibilidade
de contaminação da amostra pelas secreções glandulares dos indivíduos banhados.
Considerações Finais
Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Dr. Ronaldo Zucchi pela leitura do manuscrito e ao Dr. M. Hrncir na ajuda
com o abstract. Esse trabalho teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP Proc. 2007/59058-7).
Bibliografia
Abdalla FC, Jones GR, Morgan ED and Cruz-Landim Cda (2003). Comparative study of the cuticular
hydrocarbon composition of Melipona bicolor Lepeletier, 1836 (Hymenoptera, Meliponini)
workers and queens. Genetics and Molecular Research. 2: 191-199.
Arnold G, Quenet B, Cornuet J-M, Masson C, et al. (1996). Kin recognition in honeybees. Nature.
379: p. 498.
Caliari R, Nunes TM, Turatti ICC, Mateus S, et al. (2007). Análise dos hidrocarbonetos cuticulares
de colônias mistas de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). In: Anais do V
Encontro Brasileiro de Ecologia Química, Londrina.
Guerino AC and Oliveira VTPde (2002). Glândulas tegumentares do abdômen. In: Glândulas exócri-
nas das abelhas (Cruz-Landim and Abdalla, eds). FUNPEC, Ribeirão Preto, 111-126.
Dapporto L, Palagi E and Turillazzi S (2004a). Cuticular hydrocarbons of Polistes dominulus as a
biogeographic tool: a study of populations from the Tuscan Archipelago and surrounding áreas.
Journal of Chemical Ecology. 30: 2139-2151.
Dapporto L, Theodora P, Spacchini C, Pieraccini, et al. (2004b). Rank and epicuticular hydrocarbons
in different populations of the paper wasp Polistes dominulus (Christ) (Hymenoptera Vespi-
dae). Insectes Sociaux. 51: 279–286.
Endler A, Liebig J, Schmitt T, Parker JE, et al. (2004). Surface hydrocarbons of queen eggs regulate
worker reproduction in a social insect. Proceedings of the National Academy of Sciences of the
United States of America. 101: 2945-2950.
Howard RW and Blomquist GJ (2005). Ecological, behavioral, and biochemical aspects of insect
hydrocarbons. Annual review of entomology. 50: 371-393.
Jungnickel H, da Costa AJS, Tentschert J, Patricio EFLRA, et al. (2004). Chemical basis for inter-co-
lonial aggression in the stingless bee Scaptotrigona bipunctata (Hymenoptera: Apidae). Jour-
nal of Insect Physiology. 50: 761-766.
Lockey KH (1988). Lipids of the insect cuticle: origin, composition and function. Comparable Bio-
chemistry and Physiology. 89B: 595-645.
Monnin T, Malosse C and Peeters C (1998). Solid-phase microextraction and cuticular hydrocarbon
differences related to reproductive activity in queenless ant Dinoponera quadriceps. Journal of
Chemical Ecology. 24: 473–490.
Morgan ED (1990). Preparation of small-scale samples from insects for chromatography. Analytica
Chimica Acta. 236: 227-235.
Nunes TM (2008). Reconhecimento parental em abelhas eussociais Neotropicais (Hymenoptera: Api-
nae, Meliponini): uma análise dos mediadores químicos e seus determinantes em Frieseomelit-
ta varia. Master’s thesis, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, USP, Ribeirão Preto.
Nunes TM, Nascimento FS, Turatti ICC, Lopes NP, et al. (2008a). Nestmate recognition in a stingless
bee: does the similarity of chemical cues determine guard acceptance? Animal Behaviour. 75:
1165-1171.
Nunes TM, Turatti ICC, Mateus S, Nascimento FS, et al. (2008b). Cuticular hydrocarbons in the
stingless bee Schwarziana quadripunctata (Hymenoptera, Apidae, Meliponini): differences be-
tween colonies, castes and age. Genetics and Molecular Research. Accepted.
Pianaro A, Flach A, Patricio EFLRA, Nogueira-Neto P, et al. (2007). Chemical changes associated
with the invasion of a Melipona scutellaris colony by Melipona rufiventris workers. Journal of
Chemical Ecology. 33: 971-984.
Schmitt T, Herzner G, Weckerle B, Schreier, P, et al. (2007). Volatiles of foraging honeybees Apis
mellifera (Hymenoptera: Apidae) and their potencial role as semiochemicals. Apidologie. 38:
167-170.
Turillazzi S, Sledge MF and Moneti G (1998). Use of a simple method for sampling cuticular hydro-
carbons from live social wasps. Ethology, Ecology and Evoution. 10: 293–297.
Biodiversidade de Meliponíneos:
Contribuição da Biologia Molecular
Biodiversidade molecular de Meliponíneos
Rute Magalhães Brito1, Flavio de Oliveira Francisco1, Geraldo Moretto2, Maria Cristina Arias1*
1
Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências - Universidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
2
Departamento de Ciências Naturais, Fundação Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, SC.
*Autor para correspondência:
Rua do Matão, 277 – CEP 05508-090 – São Paulo, SP
Tel.: (11) 3091-7587
Fax: (11) 3091-7583
E-mail: mcarias@ib.usp.br
Abstract
The contribution of molecular analyses to characterization of species and its populations has become
unquestionable. The use of molecular markers is one of the best approaches to evaluate genetic variability
in populations and is essential to measure the biodiversity of ecosystems. In Brazil, destruction of Cerrado
and Atlantic forest biomes has reduced bee populations, with negative impacts in pollinization of local
vegetation. Studies aiming at preservation and conservation of these biomes’ biota are urgent and popu-
lation molecular studies are crucial to reach this goal. In this work we utilized mitochondrial DNA and
microsatellites as molecular markers to study genetic variability of natural populations of one species from
Brazilian Cerrado (Partamona mulata) and three species from Brazilian Atlantic forest (Plebeia remota,
Partamona helleri, and Melipona quadrifasciata quadrifasciata). Our data demonstrated that populations
geographically distant are genetically isolated. Some populations may constitute independent evolution-
ary units, and this may be the reason for the detected absence of gene flow, indicating speciation events that
have occurred in the past or are in progress. Paleogeographic and Paleoclimatic events may be associated
to the isolation of populations and to recent speciation process. Recent fragmentation has also influenced
the current population genetic structure.
Introdução
As análises moleculares têm contribuído cada vez mais para a caracterização de espécies e de suas
populações. Tal potencial para investigação de questões em ecologia, evolução e taxonomia se deve ao
fato de que a variação genética pode ser quantificada com grande precisão, mais do que outros tipos de
medições ecológicas. Conseqüentemente, esse tipo de análise fornece melhores dados para comparações
estatísticas (Beebee e Rowe, 2004).
Atualmente, vários tipos de marcadores moleculares estão disponíveis para análises de biodi-
versidade. Marcadores moleculares são seções do genoma, geralmente pequenas quando comparadas
ao tamanho total do genoma, escolhidas com intenção de serem representativas de regiões maiores
do DNA. Cada seção é tratada como um único loco o qual pode ser ou não um gene funcional. Tais
marcadores podem ser acessados por meio de diversas técnicas de biologia molecular.
A escolha do marcador molecular, e conseqüentemente a técnica a ser empregada para o acesso à vari-
abilidade genética dos organismos, está relacionada com o tipo de questão a ser investigada. Por exemplo, as
isozimas são empregadas em análises populacionais, pois este é um marcador codominante e a determina-
ção dos alelos é fundamental para a investigação de fluxo gênico entre populações. Entretanto, esta técnica
não é desejável para análises filogenéticas, pois variações presentes no DNA podem não ser refletidas na se-
qüência de aminoácidos das proteínas, devido à degeneração do código genético. Dados do DNA mitocon-
drial (DNAmt) são utilizados para genealogia de genes porque algumas regiões dessa molécula acumulam
mutações mais rapidamente do que o DNA nuclear e, por ser haplóide e de herança materna na maioria das
espécies, tais mutações acumuladas não são perdidas por meio de recombinação (Avise et al., 1987).
O polimorfismo de tamanho de fragmentos de restrição (RFLP) tem sido uma das metodologias
mais aplicadas para a caracterização do DNAmt e para a detecção de variabilidade genética entre popula-
ções ou espécies. A fragmentação do DNA pode ser obtida pelo uso de enzimas capazes de clivar o DNA
em seqüências específicas constituídas por quatro, cinco ou seis pares bases de comprimento. Em estudos
populacionais, diferentes padrões de tamanho de fragmentos de restrição podem ser encontrados entre
diferentes indivíduos. O polimorfismo de tamanho de fragmentos observado resulta de mutações nos
sítios de restrição ou de inserções/deleções (indels), ou rearranjos entre os sítios de clivagem, como trans-
locações e inversões, que alteram a distância entre os sítios de restrição (Ferreira e Grattapaglia, 1998).
A técnica de RFLP, apesar de bastante informativa, pode ser bastante laboriosa quando envolve
etapas de transferência do DNA, separado em gel de agarose, para membrana de nitrocelulose, hi-
bridação e revelação, num processo conhecido como “Southern blot”. A descrição de marcadores
moleculares baseados na PCR (reação em cadeia da polimerase) aumentou a eficiência de detecção
de polimorfismos no DNA, além da redução do tempo de execução dos experimentos, do seu custo e
da sua complexidade (Matioli e Passos-Bueno, 2001).
A combinação da PCR com RFLP consiste na amplificação de regiões do DNA, nuclear ou de or-
ganelas, previamente à digestão com enzimas de restrição. Esse marcador apresenta codominância tal com
o RFLP isoladamente. O uso de “primers” para regiões específicas do genoma faz com que os fragmentos
analisados não sejam anônimos. Desta forma, a comparação das bandas entre indivíduos de uma população
torna-se mais precisa, aumentando a probabilidade de que bandas de mesmo tamanho sejam homólogas.
Outra classe de marcador molecular amplamente utilizada em estudos populacionais é a dos
microssatélites. Estes, compreendem regiões que apresentam um número variável de repetições em
tandem de 1 a 6 bases do DNA (Hancock, 1999), e que podem ser amplificadas via PCR. Os microssa-
télites são úteis em estudos genéticos por serem caracteres mendelianos, codominantes, seletivamente
neutros e altamente polimórficos (Strassmann et al., 1996). Os diferentes alelos são caracterizados
pelo comprimento exato em pares de bases de um fragmento obtido por meio de PCR, usando para
isso “primers” que flanqueiam a região das repetições in tandem. Sendo este um marcador codomi-
nante, é possível realizar a genotipagem dos indivíduos e esses dados podem ser usados para estudos
de estruturação populacional de uma espécie. Com base nesses dados, análises estatísticas podem
então ser realizadas para indicadores de desvios do equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW): alteração
nas freqüências alélicas, viés para excesso ou déficit de heterozigotos e desequilíbrio de ligação. Tais
desvios do EHW podem indicar a existência ou não de fluxo gênico entre populações.
Em vista do exposto acima, pode-se concluir que tanto o DNAmt quanto os microssatélites são
ferramentas muito poderosas para se estudar a variabilidade genética de espécies e suas populações.
Tal análise é de fundamental importância para o conhecimento da biodiversidade de um determinado
ecossistema. Entretanto, a devastação da vegetação nativa nos diversos ecossistemas brasileiros, vem
ameaçando de extinção as espécies de abelhas que dependem de substratos como ocos de árvores para
a nidificação. Ainda, de acordo com Viana e Melo (1987), o desmatamento causa o isolamento de
áreas remanescentes de ecossistemas contínuos. Esse isolamento pode representar várias limitações
ao desenvolvimento das populações como a redução na disponibilidade de alimentos e de locais para
nidificação, além de afetar o tamanho das populações. Em Mamirauá (AM), a diminuição do número
de ninhos de abelhas do gênero Melipona, pela ação de meleiros, causou uma redução drástica na
população de macacos uacaris. Isso porque estas abelhas são polinizadoras de árvores frutíferas, e
esses frutos são o principal componente da dieta desses mamíferos (Kerr, 1999).
Além da Amazônia, outros biomas que vêm sofrendo com a perda de grandes áreas de vegeta-
ção nativa são o Cerrado e a Mata Atlântica. A diminuição do tamanho populacional devido à frag-
mentação do habitat pode levar à diminuição da variabilidade genética da população (Beebee e Rowe,
2004), aumentando suas chances de extinção.
Diante dessa situação, torna-se urgente a realização de pesquisas de preservação e conservação
da biota desses biomas. Para atingir esses objetivos, estudos que enfoquem a genética de populações
são de fundamental importância. Com o intuito de conhecer a variabilidade genética em populações
de abelhas sem ferrão, e verificar as possíveis conseqüências da degradação de seus habitats em suas
estruturas genéticas, utilizamos o DNAmt e os microssatélites na análise populacional de três espécies
da Mata Atlântica (Plebeia remota, Partamona helleri e Melipona quadrifasciata quadrifasciata) e
de uma espécie do Cerrado (Partamona mulata).
Material e Métodos
Material Biológico
As espécies estudadas foram Plebeia remota, Partamona mulata, Partamona helleri e Me-
lipona quadrifasciata quadrifasciata. Os locais de coleta e o número de ninhos amostrados estão
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Locais de coleta e número de ninhos amostrados (entre parênteses) para Plebeia re-
mota, Partamona mulata, Partamona helleri e Melipona quadrifasciata quadrifasciata.
Espécie Local de coleta e número de ninhos amostrados
P. remota Blumenau, SC (12); Curitiba, PR (7);
Prudentópolis, PR (35) e Cunha, SP (19).
P. mulata Cáceres, MT (13); Cuiabá, MT (12);
Poconé, MT (14), Santo Antônio do Leverger,
MT (6) e Campo Grande, MS (13).
P. helleri Blumenau, SC (8); Luiz Alves, SC (2); Biritiba-Mirim,
SP (2); São Paulo, SP (11); Porto Firme, MG (3);
Viçosa, MG (8); São Miguel do Anta, MG (1);
Colatina, ES (9); Ilhéus, BA (1) e Coaraci, BA (2).
M. q. quadrifasciata Blumenau, SC (12); Mafra, SC (8) e Prudentópolis, PR (9).
DNAmt
O RFLP do DNAmt total foi a técnica utilizada para a análise de P. remota. As enzimas de re-
strição utilizadas foram: BamH I, Bcl I, Bgl II, Cfo I, Cla I, EcoR I, EcoR V, Hae III, Hind III, Nde I, Pst
I, Pvu II, Sca I, Xba I and Xho I. Os procedimentos para a extração do DNA, realização das digestões e
visualização dos fragmentos foram realizados de acordo com o descrito por Francisco et al. (2001).
A técnica de PCR-RFLP foi utilizada para as espécies de Partamona e para M. q. quadri-
fasciata. Quatro regiões mitocondriais foram amplificadas (COII, ATPase8-ATPase6, cytB-ND1 e
COIII-ND3) e submetidas à digestão por seis enzimas de restrição (Bcl I, Cla I, Dra I, Hae III, Hind
III e Hinf I) nas amostras de Partamona. Para M. q. quadrifasciata, sete regiões mitocondriais foram
amplificadas (ND2-COI, COI, COII, ATPase 8-ATPase 6-COIII,COIII-ND3,CytB-ND1,16S-12S) e
posteriormente digeridas com 15 enzimas de restrição: Ase I, BamH I, Bcl I, Bgl II, Cfo I, Cla I, Dra I,
EcoR I, EcoR V, Hae III, Hind III, Hinf I, Nde I, Pst I e Ssp I. Detalhes dos procedimentos realizados
para a extração do DNA, amplificação, digestão e visualização dos fragmentos em Partamona e M. q.
quadrifasciata podem ser vistos em Brito (2005) e Moretto e Arias (2005), respectivamente.
Microssatélites
As espécies P. remota, P. mulata e P. helleri também foram analisadas quanto à variação de locos
para microssatélies. O DNA molde para as reações de PCR foi extraído de uma abelha por ninho
pelo método Chelex (Walsh et al., 1991). Os “primers” usados na amplificação dos microssatélites
foram derivados de Melipona bicolor (Peters et al., 1998) e Scaptotrigona postica (Paxton et al.,
1999). Descrições das reações de PCR, “primers” utilizados e visualização dos produtos podem ser
encontrados em Francisco et al. (2006).
Resultados
Plebeia remota
Quinze haplótipos mitocondriais foram encontrados, e apenas dois foram encontrados em mais
de uma população (ambos em Curitiba e Cunha). Além disso, análises estatísticas mostraram que as
quatro populações estão isoladas geneticamente. A análise por microssatélites mostrou que alelos
exclusivos foram encontrados nas populações de Cunha (3 alelos) e Curitiba (1 alelo). No geral, a
diversidade gênica (número médios de alelos por loco e taxa de heterozigose observada) detectada
foi baixa e a análise estatística mostrou não haver diferenciação entre as populações de Blumenau e
Curitiba e entre Curitiba e Cunha.
Partamona mulata
Apenas dois haplótipos mitocondriais foram encontrados. O único haplótipo exclusivo obser-
vado ocorreu em apenas um ninho de Campo Grande. Em relação à análise dos microssatélites, alelos
exclusivos foram encontrados nas amostras de Cáceres e Poconé (1 alelo em cada). Assim com em
P. remota, a diversidade gênica encontrada também foi baixa. Análises estatísticas mostraram isola-
mento genético entre as populações.
Partamona helleri
Foram encontrados 10 haplótipos mitocondriais distintos. Destes, três são encontrados em mais
de uma população (Viçosa/Blumenau, Colatina/São Paulo e Colatina/Viçosa/São Paulo). Para essa
espécie a análise dos microssatélites detectou alelos exclusivos nas populações de São Paulo (2 ale-
los), Viçosa (2 alelos) e Ilhéus (1 alelo). Novamente, os valores de diversidade gênica foram baixos e
as populações mostraram-se isoladas geneticamente.
Discussão
Conclusão
Este trabalho mostrou que marcadores moleculares são ferramentas eficazes para a análise da
biodiversidade das espécies de Meliponíneos, permitindo relacionar os eventos Paleogeográficos e Pa-
leoclimáticos com a história evolutiva das espécies aqui estudadas. As análises populacionais, demon-
strando a estruturação de muitas populações são de extrema importância, pois esse conhecimento
poderá servir de subsídio para projetos de conservação e manejo dessas abelhas. Vale ressaltar que as
evidências de que as populações residentes em Prudentópolis, tanto de P. remota quanto M.q. quadri-
fasciata, possam constituir novas espécies, reforçam ainda mais a importância desses estudos.
Agradecimentos
Agradecemos à Susy Coelho pelo auxílio técnico e à FAPESP e CNPq pelo suporte financeiro.
Referências Bibliográficas
Avise JC, Arnold J, Ball RM, Bermingham E, et al. (1987). Intraspecific phylogeography: The mitochon-
drial DNA bridge between population genetics and systematics. Ann. Rev. Ecol. Syst. 18: 489-522.
Beebee TJC e Rowe G (2004). An Introduction to Molecular Ecology. Oxford University Press,
New York.
Brito RM (2005). Análise molecular e populacional de Partamona mulata (Moure In Camargo, 1980)
e Partamona helleri (Friese, 1900) (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). Tese de Doutorado,
Instituto de Biociências, USP, São Paulo.
Ferreira ME e Grattapaglia D (1998). Introdução ao Uso de Marcadores Moleculares em Análise
Genética. 3a ed. EMBRAPA-CENARGEN, Brasília.
Francisco FO, Silvestre D, Arias MC (2001). Mitochondrial DNA characterization of five species of
Plebeia (Apidae: Meliponinae): RFLP, restriction maps and phylogenetic inferences. Apidolo-
gie 32: 323-332.
Francisco FO, Brito RM, Arias MC (2006). Alelle number and heterozigosity for microsatellite loci in dif-
ferent stingless bee species (Hymenoptera: Apidae, Meliponini). Neotrop. Entomol. 35: 638-643.
Francisco FO, Nunes-Silva P, Francoy TM, Wittmann D, et al. (2008). Morphometrical, biochemical
and molecular tools for assessing biodiversity: an example in Plebeia remota (Holmberg, 1903)
(Apidae, Meliponini). Ins. Soc. doi: 10.1007/s00040-008-0992-7.
Hancock jm (1999). Microsatellites and other simple sequences: genomic context and mutational
mechanisms. In: Microsatellites: Evolution and Applications (Goldstein DB, Schlötterer C,
eds.). Oxford University Press, New York, 1-9.
Hewitt GM (1996). Some genetic consequences of ice ages, and their role in divergence and specia-
tion. Biol. J. Linn. Soc. 58: 247-276.
Hilário SD (2005). Atividade de vôo e termorregulação de Plebeia remota (Holmberg, 1903) (Hyme-
noptera, Apidae, Meliponini). Tese de Doutorado, Instituto de Biociências, USP, São Paulo.
Kerr WE (1999). Meliponicultura. A importância da meliponicultura para o país. http://www.biotec-
nologia.com.br/revista/bio03/3hp_13.asp. Acessado em 10 de junho de 2008.
Matioli SR e Passo-Bueno MRS (2001). Métodos baseados em PCR para análise de polimorfimos de
ácidos nucléicos. In: Biologia Molecular e Evolução (Matioli SR, ed.). Holos Editora, Ribeirão
Preto, 153-161.
Moretto G e Arias MC (2005). Detection of mitochondrial DNA restriction site differences between
the subspecies of Melipona quadrifasciata Lepeletier (Hymenoptera: Apidae: Meliponini). Ne-
otrop. Entomol. 34: 381-385.
Myers N, Mittermeier RA, Mittermeier CG, Fonseca GAB, et al. (2000). Biodiversity hotspots for
conservation priorities. Nature 403: 853-858.
Patrício EFRA, Imperatriz-Fonseca VL (2004). S.E.M and GC-MS studies of Plebeia remota (Hy-
menoptera, Meliponini). In: Proceedings of the 8th IBRA International Conference on Tropical
Bees and IV Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto, 739.
Paxton rj, weiβschun n, quezada-Euán jjg (1999). Characterization of dinucleotide microsatellite
loci for stingless bees. Mol. Ecol. 8: 690-692.
Peters JM, queller dc, imperatriz-fonseca vl, strassmann je (1998). Microsatellite loci for sting-
less bees. Mol. Ecol. 7: 784-787.
Ribeiro MF, Imperatriz-Fonseca VL, Santos-Filho PS (2003). A interrupção da construção de células
de cria e postura em Plebeia remota (Holmberg) (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). In: Apoi-
dea Neotropica: Homenagem aos 90 Anos de Jesus Santiago Moure (Melo GAR e Alves-dos-
Santos I, eds.). Ed. UNESC, Criciúma, 177-188.
Strassmann JE, Solís CR, Peters JM, Queller DC (1996). Strategies for finding and using highly
polymorphic DNA microsatellite loci for studies of genetic relatedness and pedigrees. In:
Molecular Methods in Zoology and Evolution (Ferraris JD e Palumbi SR, eds.). Wiley-Liss,
New York, 163-178, 528-549.
Viana LS e Melo GAR (1987). Conservação de abelhas. Inf. Agrop. 13: 23-27.
Waldschmidt AM, Lopes LA, Marco JrP, Campos LAO (2005). Genetics of Euglossini bees (Hy-
menoptera) in fragments of the Atlantic forest in the region of Viçosa - MG. Braz. J. Biol. 65: 541-549.
Walsh PS, Metzeger DA, Higuchi R (1991). Chelex 100 as a medium for simple extraction of
DNA for PCR-based typing from forensic material. Biotechniques 10: 506-513.
Abstract
We demonstrate the utility of DNA barcoding as a taxonomic tool for the study of bee diversity
using two approaches. First, we demonstrate that the technique works well for the identification of all
bee species present in a geographically restricted region for which our taxonomic understanding of
bees was considered to be good. Secondly, we use this approach, combined with traditional morpho-
logical analysis, in a study of a taxonomically extremely difficult group of bees, the subgenus Dialictus
(family Halictidae; genus Lasioglossum). Here, DNA barcoding proved essential for the delimita-
tion of numerous species that were morphologically almost indistinguishable. We conclude that DNA
barcoding is efficient at the detection of cryptic species, associating the sexes of dimorphic species, as-
sociating the castes of species with strong queen-worker dimorphism and as a generally useful tool for
basic identification. A global campaign to barcode the bees of the world has been initiated; its inaugural
meeting was held at York University in May, 2008 with Fernando Silveira representing Brazil.
Introduction
Identifying and describing biodiversity has long been the purview of taxonomists able to rec-
ognize subtle morphological differences among species. DNA barcoding is a new method that prom-
ises to speed taxonomic progress and allow accurate identification of species, even by those without
taxonomic expertise (Hebert et al., 2003).
DNA barcoding employs a short strand of a standard gene, the mitochondrial gene COI, to
identify species (Figure 1).
Figure 1. Schematic diagram of animal mitochondrial DNA showing the barcode region.
The principle behind DNA barcoding is that the nucleotide sequence diversity of the
DNA barcode gene fragment is greater between species than within species. This indeed has
been found to be the case in the vast majority of taxa upon which the method has been tested.
Another useful feature is the relatively cheap costs associated with semi-automated identifi-
cations. Currently, it costs approximately $7 to obtain a DNA barcode from a pinned speci-
men, a small amount in comparison to the cost of a taxonomist’s time for a group requiring
careful examination, and perhaps genitalic dissection. Moreover, the costs are expected to
decrease as methods improve.
Accurate delimitation of species is crucial for understanding biodiversity. Especially problem-
atic can be “easily recognized” species that may not be examined in as great detail as other, more
difficult, species but may be a repository for cryptic species (Packer and Taylor, 1997). Integrative
taxonomic approaches that combine morphological, molecular and other types of data are the best
methods for describing biodiversity (Dayrat, 2005; Page et al., 2005), but DNA barcoding is increas-
ing the rate at which new species are being discovered (Hebert et al., 2004) providing useful material
for morphological comparison and description.
The large number of highly diverse genera and subgenera among the bees makes species recog-
nition by traditional difficult even though the task is a crucially important one because of the role of
bees in pollination and their potential for environmental monitoring (Kevan et al., 1997; Zayed and
Packer, 2005; NAS 2007). In addition to the sexual dimorphism that often makes association of the
sexes in rare insects difficult, many bees have the complexity of discrete or continuous caste-based
variation. For example, in the halictine bees, differences between queens and workers of the same
species are often much greater than the differences between sister species. The extreme situation is
exhibited by the Brazilian species Halictus lanei (Moure): the workers are difficult to distinguish
from those of H. hesperus Smith, but queens and workers of each species have non-overlapping
size distributions and allometric variation that results in entirely different morphologies between the
castes (Janjic and Packer, 2001).
We provide information on the current status of DNA barcoding of bees by making special
reference to two detailed studies. One is an analysis of an entire bee fauna (the bees of Nova Scotia,
Canada), a fauna that is considered to be well known taxonomically (Sheffield et al., 2003). The
second is an analysis of a subgenus (Dialictus of the genus Lasioglossum), one that is exceptionally
complex taxonomically because of morphological monotony, large numbers of single sex species
descriptions and caste differences within many of the known species. The results indicate that DNA
barcoding works well at both scales.
Bees were collected and pinned, or retained in ethanol or propylene glycol until required for
DNA barcoding. One midleg was removed from each specimen and forwarded to the Biodiversity
Institute of Ontario for sequencing. DNA extraction, PCR and sequencing were done at the Canadian
Centre for DNA Barcoding at Guelph University (Guelph, Ontario) using standard protocols de-
scribed elsewhere (Hebert et al., 2003) and available online at http://www.dnabarcoding.ca/pa/ge/re-
search/protocols. Universal primers for amplifying the DNA barcode sequence for insects (LCO1490
and HCO2198; Folmer et al., 2004 or the variants LEPF and LEPR; Hebert et al., 2004) were used.
All sequences were uploaded to the Barcode of Life Database (BOLD; Ratnasingham and Hebert,
2007) and are available for species identification purposes.
We present the results of both studies using a neighbour-joining (NJ) algorithm implemented
using the analytical tools within BOLD. The NJ trees show the level of divergence among taxa. The
use of such phenetic methods has been criticised, with some justification. Consequently, for the taxo-
nomically intensive study of Dialictus we also show the data as a phylogenetic tree obtained from an
equal weights parsimony analysis using Winclada (Nixon, 2002) and NONA (Goloboff, 1999). For
clarity, only a small subset of the Dialictus species available were included.).
Results
Data for the bees of Nova Scotia indicated that all 150 species could be readily distinguished us-
ing DNA barcoding. Sequence divergence within species was typically less than 1%, instances of larger
differences proving to be misidentifications. Interspecific sequence divergences were mostly an order of
magnitude higher, with only a few instances of divergence of less than 4%. An example of the results
obtained for bees in one particularly difficult genus, Andrena, from Nova Scotia is presented in figure 2.
Figure 2. A neighbour joining phenogram for members of the genus Andrena sampled in Nova
Scotia, Canada. Large sequence divergences between species are clear in this example.
Among other results obtained from this first geographic survey of bees using DNA barcoding
are the discovery of a cryptic species of the genus Ceratina and a synonymy within the genus Sphe-
codes. In the latter, males of one species (known only from males) and the females of another (known
only from females) were shown to have identical barcodes.
For the taxonomically more intensive study, we chose the subgenus Dialictus (Halictidae: Lasio-
glossum): one of the most taxonomically difficult groups amongst the bees. In North America, Dialic-
tus are both speciose (over 270 currently recognized names) and often the most commonly collected
subgenus of bee (MacKay and Knerer, 1979; Grixti and Packer, 2006; Campbell et al., 2007). Dialictus
are also notoriously difficult to identify to species because of their highly monotonous morphology
(Michener, 2007; Wheeler, 1928). In most cases, only extremely subtle differences can be used to dif-
ferentiate closely related species. Very little taxonomic progress has been made on this group in the last
forty years (Mitchell, 1960; Knerer and Atwood, 1966), and there is much work that needs to be done.
An ongoing taxonomic revision of the North American species of Dialictus has revealed new species,
new synonymies and the incorrectness of past synonymies. The eastern North American species of Dialictus
were revised by Mitchell (1960). Four new species from Ontario were described by Knerer and Atwood
(1966) but one of these must be synonymised. An integrative approach that uses DNA barcodes in combina-
tion with morphological comparison has identified an additional eleven new species in the eastern part of
North America (Gibbs, in preparation). Twelve new species have also been found in western Canada but this
area has not been as intensively studied, so this is a minimum estimate. Many species of Dialictus have been
described from a single sex. Over twenty new synonymies have been identified among North American
Dialictus and additional sampling (particularly of males) may allow additional associations. Less frequently,
previous synonymies have been determined to be false. Five cases of these erroneous synonymies have been
identified and in all cases the species can be differentiated by both morphology and DNA barcodes. Figure
3 shows an example of the complexity that can arise when dealing with this difficult group.
Figure 3. A small subset of the over 1500 sequences currently available for bees of the subgenus
Dialictus. Figure 3A shows the results analysed using Neighbour-joining. Figure 3B shows the results of a
parsimony analysis of the same taxa using L. rufitarse (Zetterstedt) as outgroup. In the latter example, only
one individual was included for a species when there were multiple identical sequences. The existence
of a cryptic species allied to L. pictum (Crawford) is shown here (as L. “pictum”). Subsequent study has
revealed subtle diagnostic morphological differences between the two DNA sequence types. This figure
also shows examples of synonymy detected using this method, within what will be known simply as L.
semicaeruleum (Cockerell), two new synonyms for this species have been discovered so far (L. actuarium
(Sandhouse) and L. pruinosiforme (Crawford)) . All other results shown here are typical of the dataset as a
whole: small intraspecific divergences and clearly larger interspecific differentiation.
Overall, the mean intraspecific divergence within Dialictus is less than 1% while the mean
intrasubgeneric divergence is over 7%. Comparatively few species belong to clusters in which the
DNA data and morphological data either separately or in combination, do not result in clear species
boundaries. These amount to perhaps 3% of the total.
Discussion
The ability of DNA barcodes to distinguish between species depends on low levels of
intraspecific variation and relatively high levels of interspecific variation. Within a geographi-
cally delimited survey of a whole community of bees, the minimal species level differentiation
was close to 4% whereas within species variation was rarely more than 1%. The results were
similar for a taxonomically intensive and geographically more extensive survey of Dialictus, a
morphologically highly monotonous group of bees that have been the bane of North American
melittologists for decades.
Dialictus presents a particular challenge for DNA barcoding because the group seems to have
undergone rapid and frequent speciation. Dialictus comprises hundreds of species that likely evolved in
the last 20 million years (Danforth et al., 2004). Such a rapid expansion, in combination with AT-biases
in the third codon position (a common feature of many Hymenoptera), would be expected to cause low
interspecific genetic variation in Dialictus. Nevertheless, in almost all cases there appears to be a distinct
gap between the sequence divergences for within species variation and between species variation.
Even though often criticised for using phenetic methods, DNA barcode data is amenable to
phylogenetic analysis, although this is not advisable for large datasets especially when there are many
identical conspecific sequences. Using both maximum parsimony and Bayesian methods, we have
shown that DNA barcode data are as useful as morphology in studies of Dialictus phylogeny (Gibbs,
in preparation). Moreover, the results were of more than taxonomic interest in that the data show
conclusively that parasitic lifestyles within this genus (these species were previously known under
the generic name Paralictus as a result of their obvious loss of morphological adaptations for nest
construction and pollen gathering) arose twice rather than once as previously supposed.
A global campaign to barcode the bees of the world has been initiated (see the website at: www.
bee-bol.org). Preliminary surveys of numerous museum collections from around the world indicate
that most specimens that were collected less than 15 years ago and kept dry in the interim yield good
quality DNA barcode data. Even material older than that, including samples that had been subjected
to relaxing for genitalic preparation, can provide useful information for species assignment even if
the full length barcode is not attainable (Smith et al., in preparation).
The standard for sampling is to have from 5-10 specimens of each species sequenced. The lo-
cations of the samples should at least straddle the type locality (where known) and involve multiple
sample sites. When cryptic species are discovered, additional samples willl be required, including
some from as close to the type locality as possible. For data to be entered into the database (see http://
www.barcodinglife.org/views/login.php) full identification, identifier, label and repository informa-
tion are required. At least one digital image per species is also expected.
Fernando Silveira is Brazil’s representative on the steering committee for barcoding the bees
of the world.
References
Campbell JW, Hanula JW and Waldrop TA. (2007). Effects of prescribed fire and fire surrogates
on floral visiting insects of the blue ridge province in North Carolina.Biol. Conserv. 134:
393-404.
Dayrat B (2005). Towards integrative taxonomy. Biol. J. Linn. Soc. 85:407-415.
Goloboff, P. (1999). NONA (NO NAME) version 2.0. Published by the author.
Tucumán, Argentina.
Grixti JC and Packer L (2006). Changes in the bee fauna (Hymenoptera: Apoidea) of an old field site
in southern Ontario, revisited after 34 years. Can. Ent. 138: 147-164.
Hebert PDN, Cywinska A, Ball SL and DeWaard JR (2003). Biological identifications through DNA
barcodes. Proc. Roy. Soc. Lond. Biol. Sci. 270:313-321.
Hebert PDN, Penton EH, Burns JM, Janzen DH and Hallwachs W (2004). Ten species in one: DNA
barcoding reveals cryptic species in the neotropical skipper butterfly Astraptes fulgerator.
PNAS 101:14812-14817.
Janjic J and Packer L (2001). New descriptions of Halictus (Seladonia) from the New World (Hymen-
optera: Halictidae). J. Hym. Res. 10:55-75.
Kimura M (1980). A simple method for estimating evolutionary rates of base substitutions through
comparative studies of nucleotide sequences. J. Mol. Evol. 16: 111-120
Knerer G. and Atwood CE (1966). Additional descriptions in the genus Dialictus Robertson (Hymen-
optera: Halictidae). Can. Ent. 98: 881-887.
MacKay, P.A. and G. Knerer. 1979. Seasonal occurrence and abundance in a community of wild bees
from an old field habitat in southern Ontario. Can. Ent. 111: 367-376.
Michener CD (2007). The Bees of the World, 2nd Ed. Johns Hopkins University Press, Baltimore,
Maryland, xvi+953 pp.
Mitchell TB (1960). Bees of the Eastern United States: volume I. N.C. Agr.Exp. Sta.Tech. Bull. 141: 1-538.
National Academy of Sciences (2007). The status of pollinators. NAS. Washington DC.
Nixon KC (2002). WinClada version 1.00.08. Published by the author. Ithaca, NY, USA.
Packer L and Taylor JS (1999). How many hidden species are there? An application of the phylogen-
etic species concept to genetic data for some comparatively well known bee species. Can. Ent.
129:587-594.
Page, T.J., S.C. Choy, and J.M. Hughes. 2005. The taxonomic feedback loop: symbiosis of morphol-
ogy and molecules. Biol. Lett. 1: 139-142.
Sheffield CS, Kevan PH, Smith RF, Rigby SM and Rogers REL (2003). Bee species of Nova Scotia,
Canada, with new records and notes on bionomics and floral relations (Hymenoptera: Apoidea).
J. Kans. Entomol. Soc. 76:357-384.
Wheeler WM (1928). The Social Insects: Their Origin and Evolution, Kegan Paul, Trench, Trubner
and Co., Ltd. London, xviii+378 pp.
Zayed A and Packer L (2005). Complementary sex determination substantially increases extinction
proneness of haplodiploid populations. PNAS 102: 10742-10476.
SI MPÓSIO 13
Abstract
Solitary bees can present dormancy as a strategy to overcome unfavorable periods. In the tropi-
cal semi-arid region of Northeastern Brazil the dry season is characterized by a reduced availability
of floral resources and usually stretch for at least six months. The virtually absence of solitary bees
that occur in the dry season in some sites has been interpreted as indicative of dormancy, but few
studies confirmed it. An analysis of studies that recorded adults and nesting activities of species along
the year in areas of caatinga, including original data, was undertaken. It was considered that species
with obligatory diapause must be absent during dry season, as was recently confirmed for Melitomella
murihirta (Cockerell). 25 of 39 analized species were collected during the dry season, and it was as-
sumed that they can present adults reproductively active all year long. Data from trap-nest studies
confirmed this interpretation for some species. It was concluded that a significant fraction of the soli-
tary bee fauna of caatinga is present as adults over the year and that the absence of records during the
dry season at drier sites is the result of its movement to more favorable places.
Key words: Solitary bees, caatinga, tropical dry region, seasonality, phenology, population
dynamics
Introdução
A variação na frequência de insetos em áreas restritas ao longo do ano pode ser resultado de
diferenças no ciclo de vida das espécies, bem como resposta a flutuação na disponibilidade de recursos
e a nos padrões de ocupação do espaço (ver Wolda, 1988). A ocorrência de uma espécie com adultos
ativos ao longo de todo o ano deve indicar a existência de populações reprodutivamente ativas mesmo
nas épocas desfavoráveis em uma região, mesmo que haja picos de abundância em períodos favoráveis.
Mas a ausência de registros durante a estação desfavorável, pode significar a existência de dormência
como estratégia de sobrevivência ou apenas a menor probabilidade de coleta em populações de espé-
cies com população reprodutivamente ativas ao longo do ano devido à diminuição do tamanho popula-
cional e/ou a sua movimentação para áreas onde há melhores condições de sobrevivência.
A região semi-árida no Nordeste do Brasil apresenta um clima fortemente sazonal, com uma esta-
ção seca que dura normalmente seis meses, mas que em anos mais secos pode se estender por onze me-
ses (Nimer, 1972; Barcelos e Paupitz 1992). Nesse período há uma uma forte diminuição na abundância
de espécies de abelhas solitárias, sendo associada à escassez de recursos florais (Martins, 1994; Aguiar
et al., 1997; Zanella e Martins, 2003). Essa diminuição tem sido interpretada como indicativa da ocor-
rência de dormência como estratégia de vida de espécies solitárias (cf. Barrios, 1994/1995; Martins,
2002), mas os registros de dormência por espécie são escassos e não permitem uma apreciação geral
da sua frequência. Os poucos registros publicados de espécies solitárias em atividade na estação seca
envolviam abelhas de tamanho médio a grande de Centris e Xylocopa (Martins, 1994).
Neste trabalho é apresentada uma revisão dos resultados de pesquisas realizadas na região
quanto à variação temporal na abundância de espécies não-eussociais, visando obter uma avaliação
preliminar da frequência de espécies com dormência obrigatória em algum estágio do ciclo de vida
e de como as espécies que mantêm populações reprodutivamente ativas ao longo ao ano ocupam o
espaço nas estações seca e chuvosa.
A região semi-árida do Nordeste do Brasil apresenta clima tropical, cujas estações do ano são
determinadas pela ocorrência de chuvas. As temperaturas médias anuais ficam entre 26 e 28°C nas
regiões de menor altitude e variam pouco entre os meses (Nimer, 1972) e a precipitação média anual
varia entre 276 mm no lugar mais seco a 800 mm nas áreas marginais (Reis, 1976). A vegetação
predominante é a caatinga, sendo xerófila e decídua, durante a estação seca encontra-se praticamente
sem folhas e com escassos recursos florais, em forte contraste com da época chuvosa (Figura 1).
Aproximadamente 88% de um total de cerca de duzentas espécies conhecidas para a caatinga
podem ser consideradas solitárias, em sentido amplo (Zanella, 2000). A referência a espécies não-eus-
sociais como solitárias, em sentido amplo, se justifica por poderem apresentar ao menos uma fase da
vida de existência solitária, mesmo que algumas possam formar colônias, como no caso de Bombus.
As abelhas eussociais, que mantém colônias perenes, têm que atravessar o longo período seco com
adultos ativos. As espécies nativas de abelhas sem ferrão, que não tem por comportamento habitual o
abandono dos ninhos (Michener, 1974; Roubik, 2006), precisam garantir a sua sobrevivência com os
recursos armazenados ou com o eventual florescimento de plantas nas áreas próximas.
A abelha africanizada abandona o ninho com facilidade e Freitas et al. (2007), estudando populações
do Ceará, interpretaram que há uma migração sazonal entre as áreas mais secas de caatinga e as áreas úmi-
das do litoral e serras, com as colônias abandonando as caatinga no período seco e retornando para as áreas
secas no momento de maior pluviosidade nas áreas úmidas. Apesar do abandono de ninhos ter sido bem
documentado durante a seca na caatinga e o concomitante aumento de chegada de colônias no litoral, é im-
portante ressaltar que o padrão de movimento deve ser considerado quando muito uma migração nomádica
(Gould e Gould, 2007), pois é provável que o conjunto de colônias de uma área não deve seguir em uma
mesma direção, não deve existir uma orientação espacial e as colônias não devem retornar aos mesmos lo-
cais após cessado o fator que determinou o abandono. Desse modo, não há até o momento nenhum registro
de migração, em sentido estrito, para alguma espécie de abelha ou outro inseto na caatinga.
Metodologia
Foi considerado que espécies com diapausa obrigatória como forma de atravessar o período
desfavorável devem ser ausentes como adultos durante esse período e que o registro durante a época
seca implica que podem manter populações reprodutivamente ativas durante o ano todo.
Resultados
Figura 1. Área de estudos na Estação Ecológica do Seridó, Serra Negra do Norte, RN. a) esta-
ção seca, b) estação chuvosa.
Figura 2. Imagem de satélite da ESEC Seridó e entorno, Rio Grande do Norte, no período seco
(fonte: Google earth.com). Setas indicam localização das áreas de coleta, azul=área 1 e vermelha=área 2.
Figura 3. Variação temporal na riqueza de espécies de abelhas (excluído Apis e abelhas sem
ferrão) em vôo na área 2 da ESEC-Seridó e precipitação pluviométrica entre 1994-5.
Evidentemente que o registro de adultos somente na estação chuvosa não permite concluir que
essas espécies apresentam dormência na estação seca, conforme registrado para M. murihirta, mas as
espécies que apresentam diapausa obrigatória devem ser ausentes nesse período desfavorável, mesmo
nas áreas que apresentem recursos florais o ano todo, como a área 1 do levantamento na ESEC Seridó.
O padrão de ocorrência de espécies não-eussociais ao longo do ano no local 1, foi muito dis-
tinto do observado na área 2, não apresentando uma clara redução no número de espécies registradas
durante o período seco (Figura 5).
Figura 5. Variação temporal na riqueza de espécies de abelhas coletadas (excluído Apis e abel-
has sem ferrão) na área 1 da ESEC-Seridó e precipitação pluviométrica entre 1994-5.
Discussão
cela relativamente pequena da diversidade presente na caatinga, é possível reconhecer que as espécies
não-eussociais sem diapausa obrigatória como forma de atravessar o período seco constituem um
componente importante da apifauna regional, de modo distinto ao observado nas regiões temperadas.
O registro de muitas espécies exclusivamente no período chuvoso em certas áreas pode significar
simplesmente que no período seco elas se locomovem para áreas mais propícias, de modo semelhante
ao que deve ocorrer com as populações ferais de Apis mellifera.
Apesar de existirem áreas relativamente extensas que ficam com a vegetação completamente
seca em parte do ano, locais com acúmulo de água livre, como açudes, e com disponibilidade de
recursos florais durante a seca são relativamente frequentes, como ilustrado na figura 1. Também há
enclaves de florestas sempre verde no topo de montanhas e áreas de pé de serra que se beneficiam da
maior umidade no solo e várias espécies de árvores que florescem na estação seca, sem as quais pos-
sivelmente não haveria populações de abelhas sociais sem ferrão na caatinga.
Essas áreas de exceção na paisagem da região semi-árida favorecem a ocorrência de espécies
solitárias que mantêm populações reprodutivamente ativas durante o ano todo. Mas isso não significa
que essas espécies não apresentem diapausa, ao menos de forma ocasional, como sugerido por Aguiar
e Garófalo (2004) para C. tarsata. A ocorrência desse tipo de diapausa e sua importância para a sobre-
vivência das espécies na região precisam ser melhor avaliadas. Por outro lado, a biologia das espécies
registradas somente no período chuvoso precisa ser estudada para se confirmar a obrigatoriedade de
diapausa no ciclo de vida e os fatores que determinam o seu início e término.
Agradecimentos
À FAPESQ/PB e CNPq pelo apoio às pesquisas; ao Dr. Celso F. Martins pelo convite.
Referências bibliográficas
Nimer E (1977). Clima. In: Geografia do Brasil - Região Nordeste. Vol. 2. SERGRAF, IBGE, Rio de
Janeiro, 47-84.
Pick R (2007). Interação entre abelhas e plantas simpátricas na caatinga. Tese de Doutorado, Pós-
Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), UFPB, João Pessoa.
Reis ACS (1976). Clima da Caatinga. Ann. Acad. Bras. Ci. 48 (2): 325-35.
Roubik DW (2006). Stingless bees nesting biology. Apidologie 37: 124-143.
Wolda H (1988). Insect seasonality: why? Ann. Rev. Ecol. Syst. 19:1-18.
Zanella FCV (2000). The bees of the Caatinga (Hymenoptera, Apoidea, Apiformes): a species list and
comparative notes regarding their distribution.Apidologie 31:579-592.
Zanella FCV (2003). Abelhas da Estação Ecológica do Seridó (Serra Negra do Norte, RN): aportes
ao conhecimento da diversidade, abundância e distribuição espacial das espécies na caatinga.
In: Apoidea Neotropica. Homenagem aos 90 anos de Jesus Santiago Moure (Melo GAR and
Alves-dos-Santos I, eds.). Editora UNESC, Criciúma, 231-240.
Zanella, FCV e Martins CF (2003). Abelhas da Caatinga: Biogeografia, Ecologia e Conservação. In:
Ecologia e Conservação da Caatinga (Leal IR, Tabarelli M and Silva JMC, eds.). Editora Uni-
versitária da UFPE, Recife, 75-134.
Abstract
In order to analyze the pollen resources used by the orchid bee Euglossa annectans samples of
larval provisions from cells under construction were taken from nests built in traps (wooden boxes) on
Santa Catarina Island, southern Brazil. The 43 samples collected between 2002 and 2005 represented
all months except December. Overall, 74 pollen types from 24 families were distinguished. Among
the 26 pollen types that made up more than 10% in monthly means the families Melastomataceae,
Bromeliaceae, Ochnaceae, Fabaceae and Myrtaceae were most frequently represented. The results
characterize E. annectans as a polylectic species. Aechmea lindenii (Bromeliaceae), one of the flow-
ers most visited has the nectar monitored. Foraging behavior of Euglossa annectans is discussed.
Introdução
Euglossa é o maior gênero da tribo Euglossini com 103 espécies descritas e distribuídas desde o
norte do México até o Paraguay e norte da Argentina (Augusto e Garófalo, 2004). Embora muitas espécies
sejam consideradas solitárias, a presença de mais de uma fêmea nos ninhos de algumas espécies como E.
annectans, E. cordata, E. hyacinthina e E. townsendi (Garófalo et al., 1998, Zillikens et al., 2003 [como E.
stellfeldi], Soucy et al., 2003, Augusto e Garófalo, 2004) sugere a ocorrência de algum tipo de organização
social nestes insetos embora nunca tenham sido considerados eussociais (Zucchi et al., 1969).
E. annectans distribui-se em território nacional nos estados de ES, MG, RJ, SC e SP (Moure
et al., 2007), e apresenta plasticidade no uso de cavidades onde nidifica e o reuso dos ninhos
(Garófalo et al. 1998). A utilização destas caixas isca pode ser de longa duração, constatada em
mais de cinco anos no estado de São Paulo.
O fato de certas espécies de euglossíneos nidificarem em caixas iscas favoreceu a ampliação
do conhecimento sobre sua biologia incluindo aqui a dinâmica dos recursos para a sua reprodução
e as plantas que estas abelhas visitam atuando como mantenedoras da biodiversidade. Embora as
abelhas Euglossini tivessem sido primeiramente conhecidas pelos seus machos, que são os únicos
polinizadores de muitas orquídeas, elas visitam muitas outras plantas neotropicais (Ramirez-Arriaga
e Martinez-Hernandez, 1998; Roubik e Hanson, 2004). Assim como a maioria das abelhas solitárias,
ambos os sexos visitam flores para obter o néctar, mas as fêmeas visitam ainda as flores para obter
pólen para a cria e resina para a construção de seus ninhos.
Os visitantes de flores das bromélias, pela sua morfologia floral tubular, e outras partes sinaliza-
doras como sépalas coloridas, incluem principalmente beija-flores e algumas espécies de abelhas, com-
pondo perto de 80% dos polinizadores destas plantas. (Varassim, 2002; Mendonça e Anjos 2003). Entre
as abelhas, os gêneros Bombus e Euglossa, que têm línguas relativamente longas apresentam vantagens
na exploração de flores de bromélias, pois estas tendem a ser tubulares e longas (Roubik, 1989).
O objetivo deste trabalho foi identificar, através da analise polínica, as fontes florais do alimen-
to larval ao longo do ano de vários ninhos de E. annectans, assim como os teores de açúcar do néctar
utilizados por estas abelhas quando em visitas na bromélia Aechmea lindenii.
Material e Métodos
Os ninhos estavam instalados em caixas-isca de madeira tipo pinho com 10x10x5cm e com
uma entrada lateral de 1cm de diâmetro. Elas estavam em alturas próximas de dois metros, amarradas
entre os galhos de árvores nas bordas de uma floresta secundária da Ilha de Santa Catarina, na Uni-
dade de Conservação Ambiental Desterro-UCAD (27o31’S; 48o30’W) e numa área particular, mais
antropizada (Miconietum) contínua desta Unidade, de propriedade da Dra. Maike Hering de Queiroz.
A vegetação é de floresta ombrófila densa em vários estágios de regeneração e cortada por trilhas.
A nidificação em agregados de E. annectans possibilitou a coleta do alimento larval, cujo as-
pecto era de uma massa gelatinosa (Figura 1), em uma até dez células de cria contemporâneas em
construção, no período entre janeiro e novembro dos anos 2002-2005. As coletas mensais foram feitas
em um único ou vários ninhos através da imersão de um palito no alimento larval. No laboratório
foram montadas lâminas destes grãos em gelatina glicerina corada com fuccina.
Figura 1. Ninho agregado de E. annectans com células abertas mostrando alimento larval com
aspecto de massa gelatinosa.
Resultados
A análise de 13644 grãos de pólen de 43 amostras de células de cria em construção indicou a pre-
sença de 75 tipos diferentes com 24 tipos (32%) sendo representados acima de 10%. Os polens das famí-
lias Melastomataceae, Bromeliaceae e tipo Ouratea (Ochnaceae), tipo Lathyrus (Fabaceae) e Myrtaceae
foram os cinco mais coletados, embora outros, menos representados numericamente, como os de Fabace-
ae, Bignoniaceae, tipo Ocoteia (Lauraceae), Euphorbiaceae, e Solanaceae também foram representativos
(Figura 2). Ao longo do ano, alguns poucos pólen foram coletados durante vários meses (4-7) como os
tipo Lathyrus, Clidemia hirta, Nidularium innocentii, tipo Ourateia, Aechmea ornata e A. lindenii, e tipo
Myrcia rostrata, entretanto, a grande maioria (89,3%) só foi coletada durante curtos períodos.
Figura 2. Espectro e proporção dos tipos polínicos representados acima de 10% nas células de
cria de E. annectans da Ilha de Santa Catarina-SC.
O número de tipos de pólen coletados ao longo dos meses variou entre 9-17 por células, tendo
sido estes valores encontrados no mês de junho e julho respectivamente. Meses com maior número de
amostras, como abril, não apresentaram maior diversidade de tipos de pólen agrupados por famílias
botânicas (Figura 3).
Figura 3. Representação sazonal das principais famílias de plantas (>5%) identificadas através
do pólen do alimento larval de E. annectans na Ilha de Santa Catarina-SC.
Discussão
A primeira conclusão destas análises é de que E. annectans é uma espécie generalista, pois coleta
pólen em diferentes famílias não relacionadas. A identificação de 75 tipos diferentes de pólen indica uma
grande disponibilidade floral e preferência por parte das abelhas. Indica também que elas são ativas ao lon-
go de todo ano, mesmo nos meses mais frios quando a temperatura média local atinge 16-17oC. No México
(15o05’N; 92o31’W), Euglossa atroveneta apresentou o mesmo comportamento generalista coletando em
71 tipos de pólen ao longo do ano (Ramirez-Arriaga e Martinez-Hernandez, 1998). Estes resultados indi-
cam comportamento semelhante embora muito mais ninhos tenham sido analisados no hemisfério norte.
Das famílias mais representadas, Melastomataceae, Bromeliaceae e Myrtaceae, apresentaram um
padrão sequencial ao longo de todo ano. As Melastomataceae começam com Clidemia/Tibouchina, Mico-
nia/Tibouchina e terminam o ciclo com espécies não identificadas /Leandra/Tibouchina.
Bromeliaceae esteve representada inicialmente por N. innocentii/tipo Neoregelia, A. blumenavii/A.
ornata e terminando com A. lindenii/sp não identificada/e tipos A. blumenavii/V. philippocoburgii. Esta
família é considerada característica da região Neotropical. No Brasil, a Mata Atlântica destaca-se pela
riqueza em espécies bem como por sua alta densidade (Fischer e Araujo, 1996).
Myrtaceae esteve representada por Gomidesia/tipos Myrcia/Sizygium, Eugenia/Sizygium e terminando
com espécies não identificadas/tipo Sizygium/Psidium. Em levantamentos feitos na Mata Atlântica, a família
Myrtaceae foi registrada como a de maior abundância e riqueza em espécies (Mamede et al., 2004).
Um pólen identificado como tipo Lathyrus sp (Fabaceae), que esteve representado ao longo de sete
meses consecutivos, sugere ser uma leguminosa cultivada, e, portanto com longa floração e coleta, ocor-
rida de outubro a maio.
No alimento larval de E. atroveneta, assim como em E. annectans, foram comuns a presença de
várias famílias como Myrtaceae, Melastomataceae, Caesalpiniaceae e Solanaceae. A ausência de bromé-
lias na espécie estudada no México poderia estar associada à metodologia de tratamento dos grãos de pólen
pela acetólise, visto que, mesmo nas nossas amostras sem este tratamento, eles com muita freqüência se
apresentavam rompidos.
Dentre as espécies botânicas mais coletadas destaca-se Dalechampia sp (Euphorbiaceae), que tem
sido observada como sendo polinizada por Euglossa spp. na região do México, Amazônia e São Paulo
(Armbruster e Webster, 1979,1981; Sazima et al., 1985).
Embora o padrão energético diário das flores de A. lindenii seja decrescente, variando entre 38-4
Joules, elas são visitadas por E. annectans ao longo de todo dia (Figura 4). Entretanto, são os machos que
estão presentes ao longo de todo o dia pelo néctar enquanto as fêmeas predominam pela manhã princi-
palmente pelo pólen e mais raramente pelo néctar, indicando uma dinâmica diferenciada de utilização da
energia por parte destas abelhas nesta espécie de planta.
Figura 4. Visitantes florais de A. lindenii distribuídos ao longo do dia no período entre setem-
bro e novembro de 2005 na região da Ilha de Santa Catarina-SC.
Agradecimentos
Somos especialmente gratas a Maike Hering de Queiroz e Antônio Diomário de Queiroz por
permitirem trabalhar na sua propriedade situada contiguamente a UCAD. Ao Daniel Falkenberg pela
identificação botânica e pela paciência na elucidação das dúvidas sobre as plantas da região, ao Sil-
vânio G. da Costa, administrador da UCAD, por sempre ter-nos oferecido informações locais, e aos
alunos que contribuíram na organização e confecção das lâminas de referência. Ao apoio financeiro
da BMBF (01LB0205), CNPq (690143/01-0), e ao CNPq pela bolsa a primeira autora (39 0270/05-9).
Este estudo faz parte do programa “Importância das bromélias para a manutenção da biodiversidade
da fauna associada na Mata Atlântica”
Referências
Nest biology and behavior of Xylocopa ordinaria and Xylocopa frontalis in the northern Rio de
Janeiro state.
Abstract
Bees of the genus Xylocopa, also known as carpenter bees, dig their nests on dry and rotten
wooden substrates. They present solitary habits, except for some species that tolerate co-specifics
in the nest. Xylocopa bees are important pollinators of native and cultivated plants, being important
agents for pollinator management programs. The aim of this paper is to present data on the nest biology
and behavior of two species of Xylocopa, X. ordinaria and X. frontalis, in an urban area and in restinga
ecosystems in southeastern Brazil. Data on the host plant, distribution of nests, food resources, as well
as on the behavior in nests were collected. Both species nested in branches of Terminalia sp. and Eu-
caliptus sp. but only X. frontalis nested in bamboo culms, while X. ordinaria nested in branches of Pera
galabrata. In natural areas X. ordinaria was more common than X. frontalis but they presented similar
abundance in the anthropic area. Their nests presented grouped distribution. Substrates characteristics
and nest architecture were significantly related for X. ordinaria. Cissites maculata was the most impor-
tant cleptoparasites in nests of both species. The sexual ratios in nests of these species were biased to
produce more females. X. ordinaria was active throughout the year, being multivoltin, while X. fronta-
lis presented bivoltinism. Two behaviors were conspicuous inside the nests: trofalaxis and guard of the
nest. Both Xylocopa species were generalist but present floral constancy when collecting pollen.
Introdução
1989). As interações entre indivíduos de um mesmo ninho foram apontadas como de grande importân-
cia à maturação dos indivíduos jovens (Velthuis and Gerling, 1983), bem como na competição entre
fêmeas filhas e mãe para a obtenção da dominância do ninho (Hogendoorn and Velthuis, 1995).
As abelhas do gênero Xylocopa são importantes agentes polinizadores e habitam os mais di-
versos ecossistemas, desde florestas até ambientes antrópicos, tendo sido registradas 50 espécies no
Brasil (Silveira et al. 2002). Estudos sobre polinizadores têm apontado espécies de Xylocopa com im-
portância regional na polinização de plantas nativas e cultivadas, e a escassez destas abelhas em áreas
de cultivo confirma a necessidade do manejo adequado destes polinizadores (Freitas & Oliveira-Filho,
2001). Para tal, o conhecimento das espécies autóctones e da sua biologia de nidificação é essencial.
O objetivo desta palestra é apresentar dados da biologia de nidificação e comportamento de duas
espécies de Xylocopa mais abundantes na região Norte Fluminense. Xylocopa ordinaria Smith foi relat-
ada para os estados da BA, ES, RJ, MS, SP e RS, tendo sido indicada como polinizador efetivo de Pas-
sifloraceae nativas e cultivadas nos estados do RJ e ES (Varassin and Silva, 1999; Hoffmann et al., 2000;
Benevides & Gaglianone, 2006; Gaglianone et al., 2006). Xylocopa frontalis (Olivier) tem distribuição
ampla no Brasil e vários aspectos de sua biologia já foram relatados para outras regiões (Camillo &
Garófalo, 1982, 1989; Freitas & Oliveira Filho, 2001; Pereira, 2002; Oliveira Filho & Freitas, 2003).
O estudo foi realizado em três áreas distintas: área antrópica (Rancho de Criação no campus
da Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes), e em dois ambi-
entes naturais (Restinga de Grussai/Iquipari em São João da Barra, RJ e Restinga de Praia das
Neves, Presidente Kennedy, ES).
O clima da região é caracterizado como tropical sub-úmido a semi-árido, com precipitação pluvio-
métrica média anual variando de 800 a 1.200 mm, com as maiores taxas de precipitação nos períodos de
verão (outubro a abril) e as menores nos períodos de inverno (maio a setembro) (Radambrasil, 1983).
Nas áreas naturais, os ninhos foram procurados através de inspeção visual por um observador
sendo sua posição georreferenciada (GPS), medida sua altura em relação ao solo e identificada sua
planta hospedeira, no período entre ago/2003 e ago/2004. Neste mesmo período um inventário da co-
munidade de abelhas foi realizado através de coleta mensal de abelhas visitantes florais com o uso de
redes entomológicas, para uma avaliação das fontes de recurso utilizadas pelas abelhas Xylocopa.
Para estabelecimento do Rancho de Criação, ninhos-matriz foram obtidos nas duas áreas
naturais entre ago/2006 e ago/2007. Os substratos foram dispostos em prateleiras onde os ninhos
permaneciam protegidos da chuva e do sol intenso. Os substratos ofertados junto aos ninhos-matriz
foram colmos de bambu (fechados em uma das extremidades em seus próprios nós, como sugerido
por Pereira, 2002) e peças de madeira de Pera glabrata, Terminalia sp. e Eucaliptus sp., substratos
utilizados por estas espécies (Bernardino & Gaglianone, no prelo; Bernardino, obs. pes.).
Os colmos de bambu oferecidos no Rancho de Criação apresentaram diâmetro interno mínimo
de 1,40 cm e máximo de 2,60 cm (média = 1,99±0,24 cm; n = 70), com a espessura da parede variando
entre 0,22 cm e 0,72 cm (média = 0,41±0,13 cm; n = 70), dispostos em tijolos perfurados e em feixes
inseridos em garrafas do tipo pet, totalizando 70 colmos de bambu oferecidos ao longo do experimento.
As peças de madeira oferecidas apresentaram comprimento e circunferência variando entre os difer-
entes substratos e foram posicionadas horizontal e verticalmente nas prateleiras do Rancho de Criação.
A arquitetura dos ninhos foi avaliada pelo comprimento e circunferência dos substratos utiliza-
dos, bem como através das seguintes medidas: comprimento dos canais, diâmetro e volume interno
das células (v=π.r2.h, onde v=volume interno, π = 3,14, r = raio da maior largura da célula e h = com-
primento da célula (Neves et al. (2006))).
A coleta de dados referentes ao comportamento de nidificação das espécies de Xylocopa foi
realizada no Rancho de Criação na UENF, entre ago/2006 e dez/2007. Neste período, 25 ninhos de X.
ordinaria e 23 ninhos de X. frontalis foram observados por 60 dias (média de 5 dias em cada mês). As
observações foram conduzidas por um observador no período entre 7:00h e 18:00h, sendo também
feitas observações esporádicas com início às 5:00h.
Cinco ninhos de X. ordinaria e cinco ninhos de X. frontalis recém operculados foram abertos e os
imaturos e seu aprovisionamento transferidos para recipientes acrílicos estéreis (com tampas perfuradas)
para observação de possível correlação da distribuição dos sexos com a posição no ninho das diferentes
células de cria. A razão sexual foi determinada calculando-se a proporção do número de machos em
relação ao número de fêmeas em cada ninho e na população de abelhas adultas marcadas nos ninhos.
O conteúdo polínico de massas de aprovisionamento e fezes encontradas em oito e 14 células de
cria dos ninhos abertos de X. frontalis e X. ordinaria, respectivamente, foi coletado e fixado em álcool
70% para análise dos morfotipos polínicos presentes. O material polínico foi preparado em três lâminas
por amostra e montado em gelatina glicerinada (Dafni, 1992). As diferentes formas polínicas foram
fotografadas em câmera digital e 300 grãos de pólen foram contados e identificados em morfotipos
polínicos em campos aleatórios em cada lâmina, totalizando 900 grãos de pólen contados por amostra.
Em área de restinga, Xylocopa ordinaria foi a espécie mais abundante do gênero, representando
98% das abelhas carpinteiras, enquanto que em área antrópica X. ordinaria e X. frontalis apresen-
taram abundância similar.
Na restinga de Grussai/Iquipari, X. ordinaria nidificou preferencialmente em galhos de Pera
glabrata (Euphorbiaceae) (76%) e Sideroxylon obtusifolium (Sapotaceae) (6%), não sendo encontra-
dos ninhos de X. frontalis (Bernardino & Gaglianone, no prelo). Já na Restinga de Praia das Neves
somente ninhos de X. ordinaria foram encontrados em vegetação nativa (P. glabrata), e ninhos de
X. frontalis e X. ordinaria foram encontrados em Terminalia sp. e em mourões de Eucaliptus sp.,
sendo estas últimas espécies introduzidas na área. Em área antrópica, ambas as espécies utilizaram
Eucaliptus sp e Terminalia sp, mas somente X. frontalis utilizou colmos de bambu enquanto somente
X. ordinaria utilizou galhos de P. glabrata.
Na restinga de Grussai/Iquipari, os ninhos de X. ordinaria distribuem-se de forma agrupada
(Bernardino & Gaglianone, no prelo), apesar da distribuição uniforme dos substratos preferenciais
(Assumpção & Nascimento, 2000), sugerindo o comportamento de filopatria, onde os indivíduos
emergentes tendem a nidificar nas proximidades do ninho materno (Camillo & Garófalo, 1982). Este
comportamento foi também observado no Rancho de Criação, onde a agregação de ninhos apresen-
tou valores maiores que os observados para ambientes naturais, não tendo sido freqüentes as intera-
ções antagônicas entre indivíduos de diferentes ninhos. Desta forma, a viabilidade do manejo destas
abelhas parece ser facilitada, uma vez que ninhos-matriz servem de fonte de indivíduos jovens que
nidificarão nas proximidades dos ninhos maternos.
Não foram observadas preferências quanto à altura da entrada dos ninhos em relação ao solo,
nem quanto às características de comprimento e circunferência do substrato utilizado. Contudo, nin-
hos de X. ordinaria escavados em substratos com maior circunferência apresentaram maior número
de canais escavados (r 2= 0,45; F = 18,58; GL= 1 e 23; p < 0,000), indicando que a circunferência do
substrato influencia na arquitetura de seus ninhos, não sendo essa relação observada em ninhos de
X. frontalis (r2 = 0,36; F = 2,85; GL= 1 e 5; p = 0,152). Outro fator determinante na arquitetura dos
ninhos de X. ordinaria foi a relação positiva entre o número de células de cria e o comprimento dos
canais escavados (r= 0,58; F = 39,4; GL = 1 a 26; p < 0,000).
As células de cria de machos e fêmeas de X. ordinaria e de X. frontalis não apresentaram difer-
enças significativas em relação ao comprimento, largura ou volume, entretanto todas essas variáveis
foram maiores em ninhos de X. frontalis. Embora não haja diferenças estruturais entre células de cria
de machos e fêmeas de uma mesma espécie, a distribuição dos sexos nas diferentes células parece
favorecer a produção de fêmeas nas primeiras células ou em ninhos com menor número de células,
sendo os machos produzidos nas ultimas células de cria ou em ninhos com mais de quatro células.
A razão sexual das populações de X. ordinaria (1♀ : 0,43♂; X2 = 7,72; p < 0,05) e X. frontalis (1♀
: 0,26♂; X2 = 17,16; p < 0,05) apresentou-se desviada à maior produção de fêmeas, fato observado
também para outras espécies de Xylocopa (Watmough, 1983).
O cleptoparasitismo por Cissites maculata (Coleoptera: Meloidae) foi observado nas duas áreas
de estudo, chegando a atingir 20% dos ninhos de X. ordinaria e 14% de X. frontalis. Ninhos de X.
frontalis construídos em área antrópica ainda apresentaram 9% de parasitismo por uma espécie de
Diptera. As fêmeas de X. ordinaria e X. frontalis não apresentaram comportamentos agressivos contra
estes parasitas. Por outro lado, a usurpação de ninhos por co-específicos parece ser um comporta-
mento recorrente em X. ordinaria, uma vez que três observações de usurpação de um mesmo ninho
foram observadas. Discussões relativas à pressão de seleção exercida por parasitas e cleptoparasitas
de Xylocopa podem ser encontrados em Gerling et al. (1989) e Hogendoorn & Velthuis (1995), onde
os autores relatam uma importância secundária destes inimigos naturais.
Os dados indicam que Xylocopa ordinaria é uma espécie multivoltina, com indivíduos jovens
ao longo de todo o ano, e sobreposição de gerações. Já X. frontalis mostrou-se bivoltina, com maior
taxa de nidificação em Dez-Abr. O bivoltinismo de X. frontalis foi observado também por outros au-
tores (Camillo and Garófalo, 1982). Ao longo do dia, as abelhas apresentaram maior atividade até às
15h, quando a freqüência das atividades externas ao ninho diminui.
As interações realizadas por indivíduos de um mesmo ninho relacionaram-se a alimentação
(trofalaxia) e guarda do ninho. No presente estudo, o comportamento de trofalaxia ocorreu após o
retorno da fêmea ao ninho, sendo o comportamento de bloqueio da passagem da fêmea, pré-requisito
à primeira transferência de néctar da mãe para o jovem. A trofalaxia parece ser um comportamento
conservado entre as espécies de Xylocopa, tendo sido relatado para X. frontalis e X. grisescens (Ca-
millo & Garofalo, 1982), X. suspecta (Camillo et al., 1986), dentre outras (Gerling et al., 1989). Em
espécies eussociais, este comportamento parece ter um importante papel na comunicação e integração
da colônia (Michener, 1974), enquanto que em espécies que apresentam menor hierarquia social este
comportamento foi apontado como importante à nutrição dos indivíduos jovens, como observado por
Velthuis & Gerling (1983) para X. pubescens.
O comportamento de guarda do ninho aqui observado apresentou uma seqüência crescente de
agressividade, similar ao observado para X. abreviatta (Ramalho et al., 2004), mas diferiu do ob-
servado para X. frontalis e X. grisescens (Pereira, 2002; Neves et al., 2006). Esta diferença deve-se
ao comportamento de sair em vôo do ninho para perseguir a fêmea “intrusa”, o que não ocorreu no
presente estudo. Entretanto, quando a fêmea já estava em vôo, ela era capaz de expulsar indivíduos
que estivessem próximos ao seu ninho, realizando vôos de perseguição.
Na restinga, Xylocopa ordinaria visitou 28 espécies vegetais, sendo fontes importantes de
pólen Solanum curvispitum, Clusia hilariana, Allagoptera arenaria e Byrsonima sericea, enquanto
que Arrabidaea conjugata, Mandevilla funiformis, Manilkara subsericea, Passiflora alliacea e Cen-
trosema sp. foram as principais fontes de néctar (Bernardino & Gaglianone, no prelo). Apesar do
hábito generalista na coleta de recursos florais, a constância floral foi detectada para X. ordinaria e X.
frontalis, através de análises do conteúdo polínico de células de cria, confirmando a sua importância
na polinização de diversas plantas nestes ambientes. A constância à fonte de pólen, aliada à necessi-
dade de realizar vários vôos de forrageio para o aprovisionamento de uma célula de cria, resulta na
importância destas espécies na polinização de diversas plantas, como indicado por outros autores
(Buchmann, 1983; Buchmann & Nabhan, 1996). Desta forma, evidencia-se a viabilidade de utiliza-
ção destas abelhas em programas de manejo de polinizadores nativos.
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
Assumpção J & Nascimento MT (2000). Estrutura e composição florística de quatro formações vege-
tais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ, Brasil. Acta Bot.
Bras., 14(3): 301-315.
Benevides CR & Gaglianone MC ( 2005). Pollination of Passifloraceae in the Northern Rio de Ja-
neiro, Brazil. Annual Meeting of the Association for Tropical Biology and Conservation. Uber-
lândia. Brazil. pp 118.
Bernardino AS & Gaglianone MC (no prelo). Nest Distribution and Nesting Habits of Xylocopa ordina-
ria Smith (Hymenoptera; Apidae) in a Restinga Area of São João da Barra, RJ. Revta. Bras. Ent.
Buchmann SL (1983). Buzz pollination in Angiosperms. In C.E.Jones & R.J. Little (eds.) Handbook
of experimental pollination biology. pp. 73-113.
Buchmann SL & Nabhan GP (1996). The forgotten pollinators. Island Press/Sheawater Books. Wash-
ington D.C.
Camillo E & Garófalo CA (1982). On the bionomics of Xylocopa frontalis (Oliver) and Xylocopa
grisescens (Lepeletier) in southern Brazil. I - nest construction and biological cycle. Rev. Bras.
Biol. 42(3): 571-582.
Camillo E, Garófalo CA & Muccillo G (1986). On the bionomics of Xylocopa suspecta (Moure)
in the southern Brazil: nest construction and biological cycle (Hymenoptera, Anthophoridae).
Rev. Bras. Biol. 46(2): 383-393.
Camillo E & Garófalo CA (1989). Social organization in reactivated nests of three species of Xyloco-
pa (Hymenoptera, Anthophoridae) in southeastern Brazil. Insectes Sociaux, 36(2): 92-105.
Dafni A (1992). Pollination Ecology – A practical approach. Oirl Press at Oxford University Press.
Freitas BM & Oliveira Filho JH (2001). Criação Racional de Mamangavas para polinização em áreas
agrícolas. Banco do Nordeste. Fortaleza.
Gaglianone MC, Bernardino AS, Benevides CR, Vidal EMF et al. (2006). Polinizadores do maracujá
no norte fluminense. Relatório técnico de projeto de pesquisa. PROBIO/MMA, Brasília.
Gerling D, Velthuis HHW & Hefetz A (1989). Bionomics of the large carpenters bees of the genus
Xylocopa. Ann. Rev. Ento. 34: 163-190
Hoffmann M, Pereira TNS, Mercadante MB, & Gomes AR (2000). Polinização de Passiflora edulis f.
flavicarpa (Passiflorales, Passifloraceae), por abelhas (Hymenoptera, Anthophoridae) em Cam-
pos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Iheringia, 89: 149-152.
Hogendoorn K & Velthuis HHW (1995). The role of young guards in Xylocopa pubescens. Insectes
Sociaux, 42:427-448.
Hurd PD Jr. (1958). Observations on the nesting habits of some new world carpenter bees with re-
marks on their importance in the problem of species formation (Hymenoptera: Apoidea). Ann.
Entomol. Soc. Am. 51:365-375
Michener CD (1974). The social behavior of the bees. Cambridge: Harvard University Press.
Neves EL, Silva FO, Teixeira AFR. & Viana BF (2006). Aspectos da nidificação e forrageamento de
Xylocopa (Neoxylocopa) grisescens Lepeletier, 1841 (Hymenoptera: Apidae: Xylocopini) nas
dunas do médio São Francisco, Bahia. Sitientibus, Série Ciências Biológicas, 6(2):95-100.
Oliveira Filho JH & Freitas BM (2003). Colonização e biologia reprodutiva de mamangavas (Xylo-
copa frontalis) em um modelo de ninho racional. Ciência Rural. 33(4): 693-697.
Pereira M. (2002) Biologia de nidificação de Xylocopa frontalis e Xylocopa grisescens (Hymenop-
tera, Apidae, Xylocopini) em ninhos armadilha. Tese de doutoramento. Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras - USP- Ribeirão Preto.
Radambrasil (1983). Rio de Janeiro/Vitória; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Uso
potencial da terra – SF. 23/24. Projeto RADAMBRASIL, Rio de Janeiro.
Ramalho M, Batista MA & Silva M (2004). Xylocopa (Monoxylocopa) abbreviata Hurd & Moure
(Hymenoptera:Apidae) e Encholirium spectabile (Bromeliaceae): Uma Associação estreita no
Semi-Árido do Brasil Tropical. Neotr. Entom. 33(4): 417-425.
Silveira FA, Melo GAR & Almeida EAB (2002). Abelhas brasileiras: sistemática e identificação.
Belo Horizonte, MG.
Varassin IG & Silva AG (1999). A melitofilia em Passiflora alata Dryander (Passifloraceae), em ve-
getação de restinga. Rodriguesia, 50 (76/77): 5-17.
Velthuis HHW & Gerling D (1983). At the brink of sociality: Interactions between adults of the car-
penter bee Xylocopa pubescens Spinola. Behav. Ecol. Soc. 12:209-214
Watmough RH (1983). Mortality, sex ratio and fecundity in natural populations of large carpenter
bees (Xylocopa spp.). Jour. Ani. Ecol. 52:111-125
Nest biology of host species Monoeca haemorrhoidalis (Smith, 1854) and its interactions with
parasitic bees, wasps and beetles (Hymenoptera: Apidae, Mutillidae; Coleoptera: Meloidae)
Abstract
The bee species Monoeca haemorrhoidalis, the largest one in the genus, occurs in the Atlantic
rainforest of southwestern and southern Brazil. In this study, conducted at the Mananciais da Serra
Reserve, in Piraquara, Brazil, it was studied the nest biology of M. haemorrhoidalis and its interactions
with plants and natural enemies. Four nest aggregation areas were studied between Setember/2005 and
January/2007. The period of nest construction starts on October and ends on February and females
construct its nests on the soil, in dense aggregations, with density values varying from 4 to 27 nests/m2.
Brood cells were attacked by the cleptoparasite species Protosiris gigas (Apidae), Tetraolytta gerardi
e Tetraonyx distincticollis (Meloidae) and by the parasitoid species Pseudomethoca melanocephala
(Mutillidae). Emergence traps allowed investigating the seasonal patterns of M. haemorrhoidalis and
its natural enemies at the nest aggregations. It was detected a succession of these four parasitic species
along of nesting period, with little superposition between them. The nest aggregations under the clep-
toparasitism of P. gigas shows a bimodal emergence pattern of M. haemorrhoidalis, with a marked re-
duction during the emergence peak of P. gigas, characterizing a probable strategy of scheduled escape.
Introdução
O gênero Monoeca Lepeletier & Serville, 1828 é composto por espécies de coloração negra,
que podem apresentar faixas vermelhas ou amareladas no metassoma (Roig-Alsina, 1997). Essas
abelhas se distribuem desde o México Central até o extremo sul brasileiro (Michener, 2000). No
Brasil, oito espécies estão presentes, cuja faixa de ocorrência compreende áreas ocupadas por ecos-
sistemas de Cerrado e Mata Atlântica (Silveira and Campos, 1995; Alves-dos-Santos, 1999; Silveira
et al., 2002; Steiner et al., 2006).
Aspectos relacionados à biologia da nidificação das espécies desse gênero foram fornecidos para
Monoeca schrottkyi (Friese, 1902), que foi observada nidificando em uma zona de barranco no estado
de São Paulo por Schrottky (1901); Monoeca lanei (Moure, 1944), que forma densas agregações no
solo e apresenta alta sazonalidade, de maneira que os indivíduos adultos estão ativos durante os meses
de novembro a abril (Rozen, 1984); Monoeca xanthopyga Harter-Marques, Cunha & Moure, 2001,
espécie estudada na região do Planalto das Araucárias, no Rio Grande do Sul, que constrói agregações
em solos argilosos e compactados (Cunha and Blochtein, 2002, 2003) e Monoeca sp., cujo ninho foi
registrado no solo, em meio à vegetação rasteira (Michener and Lange, 1958).
Estudos evidenciam que representantes da tribo Osirini (Apidae) são cleptoparasitas de ninhos
de Tapinotaspidini (Camillo et al., 1993; Rozen, 1984; Rozen et al., 2006). A tribo Osirini é repre-
sentada exclusivamente por espécies cleptoparasitas que se restringem aos neotrópicos, com exceção
apenas do gênero Epeoloides Giraud, 1863, que ocorre nas regiões temperadas da América do Norte
e Europa (Roig-Alsina, 1989; Michener et al., 1994; Michener, 2000).
Estágios imaturos de Osiris sp. foram encontrados em ninhos de Paratetrapedia (Paratetrape-
dia) amplipennis (Smith, 1879) (Camillo et al., 1993) enquanto fêmeas de Parepeolus niger Roig-
Alsina, 1989 estão associadas aos ninhos de Tapinotaspoides serraticornis (Friese, 1899) (Aguiar et
al., 2004; Rozen, 1984). Rozen et al. (2006) registraram invasões dos ninhos de Monoeca haemor-
rhoidalis (Smith, 1854) pela espécie Protosiris gigas Melo, 2006. Neste mesmo trabalho, larvas de
Parepeolus minutus Roig-Alsina, 1989 foram encontradas em ninhos de Lanthanomelissa betinae
Urban, 1995. Há ainda possíveis associações a respeito do cleptoparasitismo de Osirini em ninhos
de Tapinotaspidini, como a espécie Osirinus parvicollis (Ducke, 1911) como provável inimigo natu-
ral de Arhysoceble huberi (Ducke, 1908) (Ducke, 1910) e a cleptoparasita Ecclitodes stuardi (Ruiz,
1935), cujas fêmeas foram observadas sobrevoando os ninhos de Chalepogenus caeruleus (Friese,
1906) (Aguiar et al., 2004; Roig-Alsina, 1989).
Este estudo teve como objetivo Estudar a relação de M. haemorrhoidalis com as espécies de
inimigos naturais, especialmente as abelhas do gênero Protosiris.
O estudo foi conduzido na Área de Proteção Ambiental (APA) Mananciais da Serra (25º29’30”S
e 48º59’30”W), localizada no Município de Piraquara/PR, distando aproximadamente 40 km da capi-
tal Curitiba. A reserva dos Mananciais da Serra conta com mais de 2.249 hectares de área e é monito-
rada pela Companhia de Saneamento do Estado (SANEPAR). Sua área está sob os domínios da Mata
Atlântica e a vegetação é composta por um ecótono de Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila
Mista, com a presença de diversas formações secundárias de vegetação natural, resultantes da inter-
ferência antrópica (Itcf, 1987; Lacerda, 1999).
As áreas de nidificação estudadas foram as mesmas que Rozen et al. (2006) encontraram na
reserva dos Mananciais da Serra. Essas agregações localizam-se em áreas abertas e expostas à luz
solar, sendo que a maioria ocorre na estrada vicinal que corta a reserva. Dessas áreas, quatro foram
selecionadas para estudo, sendo duas delas de maior extensão. Esses sítios de nidificação foram de-
limitados com o auxílio de trenas e caracterizados quanto à vegetação.
Resultados
para ambos os sexos, enquanto no segundo foi de 30/10 a 25/12/06. Logo após Pr. gigas, destaca-se
Tn. distincticollis, que teve 40 espécimes emergentes (1,49%), entre 18/11/05 e 20/01/06 no primeiro
ano e entre 02/10/06 e 01/01/07. A espécie Ps. melanocephala foi representada por sete machos
(0,37%). Esse parasitóide emergiu entre 10/02 e 04/03/06 e entre 18/12/06 e 12/02/07. Em ambos os
anos de estudo, essas espécies de inimigos naturais exibiram atividades em períodos distintos, cada
qual apresentando picos de emergência em uma dada época.
Discussão
A abundância de insetos que emergiram nas armadilhas dispostas nas áreas de nidificação elu-
cida a alta prevalência de M. haemorrhoidalis, seguida por Tl. gerardi, Pr. gigas, Tn. distincticollis
e Ps. melanocephala. Em armadilhas colocadas sobre 15 ninhos de M. xanthopyga, foram obtidos
99 insetos, sendo 95,96% (n = 95) de M. xanthopyga e apenas 3,04% (n = 4) da espécie parasitóide
Traumatomutilla sp. (Mutillidae) (Cunha and Blochtein, 2003).
A distribuição bimodal das curvas de emergência de M. haemorrhoidalis indica uma queda
brusca em seu período de atividades, o que evidencia um baixo número de fêmeas nidificantes no
mês de dezembro, considerando-se o primeiro ano de observação e em novembro, de acordo com o
segundo ano. Esta característica pode ser um importante estratagema de M. haemorrhoidalis contra
o ataque da cleptoparasita Pr. gigas, cujos picos de atividades são concomitantes ao decaimento
da época em que sua hospedeira está nidificando. Minchella (1985) cita a alteração no período de
emergência e sazonalidade como uma variação no ciclo de vida da espécie hospedeira, que pode ser
interpretada como um ardil para neutralizar o efeito de sua parasita. Outra hipótese relacionada a
este fato refere-se às condições ambientais desfavoráveis, uma vez que, considerando todo o período
fenológico de M. haemorrhoidalis, foram registrados os menores índices de precipitação e umidade
relativa do ar no mês de dezembro, o que pode ter provocado o ressecamento e drenagem do solo,
tornando-o impróprio para a construção de ninhos. Entretanto, no segundo ano de coleta, a queda no
período de atividades de M. haemorrhoidalis ocorreu em novembro, que apresentou um dos maiores
índices de pluviosidade acumulada, contrastando com os dados obtidos no primeiro ano. Desse modo,
a pressão exercida por Pr. gigas parece ser o fator responsável pelo brusco decréscimo no período de
atividades de sua hospedeira M. haemorrhoidalis.
Não houve sobreposição entre as fenologias das espécies de inimigos naturais, visto que, cada
qual, emergiu em diferentes períodos, destacando-se Tl. gerardi como a primeira espécie emergente,
seguida por Pr. gigas, Tn. distincticollis e Ps. melanocephala, respectivamente. O fato dessas espé-
cies emergirem em épocas distintas poderia estar associado a alguma estratégia para evitar a sobre-
posição fenológica e, consequentemente, a competição por células para o parasitismo.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos taxonomistas John Pinto (University of Illinois) e Roberto Cambra
(Universidad de Panamá) pela identificação das espécies de Meloidae e Mutillidae, respectivamente.
Referências
Aguiar AJC, Melo GAR, Rozen JG, Alves-Dos-Santos I (2004). Synopsis of the nesting biology of
Tapinotaspidini bees (Apidae: Apinae). In: Proceedings of the 8th International Conference on
Tropical Bees and VI Encontro sobre Abelhas 2004, Ribeirão Preto, 80-85.
Alves-dos-Santos I (1999). Abelhas e plantas melíferas da Mata Atlântica, restinga e dunas do litoral
norte do estado do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Entomol. 43: 191-223.
Camillo E, Garófalo CA, Serrano JC (1993). Hábitos de nidificação de Melitoma segmentaria, Cen-
tris collaris, Centris fuscata e Paratetrapedia gigantea (Hymenoptera, Anthophoridae). Rev.
Bras. Entomol. 37: 145-156.
Cunha R and Blochtein B (2002). Estrutura de ninhos de Monoeca xanthopyga (Hymenoptera, Apoi-
dea, Tapinotaspidini) no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul. Biociências 10: 25-33.
Cunha R and Blochtein B (2003). Bionomia de Monoeca xanthopyga Harter-Marques, Cunha and
Moure (Hymenoptera, Apidae, Tapinotaspidini) no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul,
Brasil. Rev. Bras. Zool. 20: 107-113.
Ducke A (1910). Contribution à la connaissance de la faune du Nord-Est du Brésil. III Hyménop-
téres recoltés dans l’Etat du Ceara en 1909 et suppléments aux deux lists antérieures. Revue
d’Entomol. 28: 78-122.
Itcf (1987). Plano de gerenciamento da Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi. Instituto de
Terras, Cartografia e Florestas do Paraná, Curitiba.
Lacerda AEB (1999). Levantamento florístico e estrutural de vegetação secundária em área de conta-
to da Floresta Ombrófila Densa e Mista-PR. Master’s thesis, UFPR, Curitiba.
Michener CD (2000). The bees of the world. John Hopkins University Press, Baltimore.
Michener CD and Lange RB (1958). Observations on the ethology of Neotropical Anthophorine bees
(Hymenoptera: Apoidea). Univ. Kansas Sci. Bull. 39: 69-96.
Michener CD, Mcginley RJ, Danforth BN (1994). The bee genera of North and Central America (Hy-
menoptera: Apoidea). Smithsonian Institute Press, Washington.
Minchella DJ (1985). Host life history variation in response to parasitism. Parasitology 90:
205-216.
Roig-Alsina A (1989). The tribe Osirini, its scope, classification, and revisions of the genera Parepeo-
lus and Osirinus (Hymenoptera, Apoidea, Anthophoridae). Univ. Kansas Sci. Bull. 54: 1-23.
Roig-Alsina A (1997). A generic study of the bees of the tribe Tapinotaspidini, with notes on the evo-
lution of their oil-collecting structures. Mitt. Münch. Entomol. Gesell. 87: 3-21.
Rozen JG (1984). Comparative nesting biology of the bee tribe Exomalopsini (Apoidea: Anthophori-
dae). Am. Mus. Novit. 2798: 1-37.
Rozen JG, Melo GAR, Aguiar AJC, Alves-dos-Santos I (2006). Nesting biologies and immature
stages of the tapinotaspidine bee genera Monoeca and Lanthanomelissa and of their osi-
rine cleptoparasites Protosiris and Parepeolus (Hymenoptera: Apidae: Apinae). Am. Mus.
Novit. 3501: 1-60.
Schrottky C (1901). Biologische notizen solitarer bienen von S. Paulo (Brasilien). AlIg. Zeitschr. Ent.
6: 209-216.
Silveira FA and Campos MJO (1995). A melissofauna de Corumbataí (SP) e Paraopeba (MG) e uma
análise da biogeografia das abelhas do cerrado brasileiro (Hymenoptera, Apoidea). Rev. Bras.
Entomol. 39: 371-401.
Silveira FA, Melo GAR, Almeida EAB (2002). Abelhas brasileiras: sistemática e identificação. F. A.
Silveira, Belo Horizonte.
Steiner J, Harter-Marques B, Ziilikens A, Feja EP (2006). Bees of Santa Catarina Island, Brazil – a
first survey and checklist (Insecta: Apoidea). Zootaxa 1220: 1-18.
Abstract.
The social structure of five species of Euglossa was presented including hypothesis about how the so-
ciality could have arisen in Apidae corbiculate. Solitary foundation, nest reactivation, multi-females colonies
and reproductive division of task were observed among these species studied. The most of females return
to the natal nest after the first fly pos emergence and began to reactivate it. The Euglossa species presented
small colonies with semisocial and eusocial organization. In E. cordata and E. fimbriata colonies one female
becomes the dominant reproductive and the others behave as subordinate females. The subordinate females
provision and oviposit their cells while the dominant female becomes the major guard bee, and oviposits
in cells oviposited in by subordinate females. Oviposition by dominant female is preceded by oophagy.
Agonistic interactions occur among dominant and subordinate females. The oviposition by subordinate, and
later replace their eggs with her own would also be, leads a complete reproductive skew and the behavior
performed by dominant could be a prudent selfish strategy to avoid the group dispersal or lethal fighting, as
predicted by transactional models of reproductive skew. In E. townsendi, E. truncata and probably E. melan-
otricha nests more than one female stay in the nests and performed oophagy in cells oviposited (=egg-laying
females) by forage-egg-laying females. The presence of more than one egg-laying females in these nests
may be associated with the absence of within-group aggression among the females and leads to the occur-
rence of lower skew reproductive It seems to support the predictions by tug-of-war models. The behavior
displayed by dominant female is characteristic of brood parasitism and fits the parental parasitism.
Key words: Euglossa, nesting behavior, brood parasitism, reproductive skew, corbiculate
Introdução
Embora as relações filogenéticas entre os Apidae corbiculados sejam incertas, análises mais
recentes apontam Euglossini como táxon mais basal, grupo irmão de todos os outros taxa (Bombini,
Meliponini e Apini) ( Roig-Alsina & Michener, 1993, Schultz et al., 1999), sendo também o único
grupo que apresenta espécies com comportamento solitário. Dados sobre a biologia da nidificação de
Euglossa spp., gênero que apresenta maior riqueza de espécies, evidenciam a ocorrência de espécies
com comportamento social, bem como a presença de características bionômicas que podem ser pre-
cursoras do comportamento eussocial nos Apidae corbiculados (Augusto & Garófalo, 2004).
Fundação solitária, nidificação em cavidades preexistentes, reativação dos ninhos por sucessi-
vas gerações, associações de fêmeas adultas, foram verificadas para a maioria das espécies de Euglos-
sa com ninho conhecidos (Zucchi et al., 1969; Garófalo, 1985, 1992; Augusto, 1993, 1999; Augusto
& Garófalo, 2004; Augusto & Garófalo, 2007).
Para essas espécies estudadas mais detalhadamente quanto aos hábitos de nidificação, consta-
tou-se que nas associações formadas, todas as fêmeas adultas são totipotentes. Dessa forma, a divisão
de trabalho que cada fêmea assume depende da condição do ninho quando as fêmeas jovens emer-
gem, como também observado para algumas espécies de halictídeos (Schwarz et al., 2007).
Evidências de reativações e ninhos com mais de uma fêmea, observado na maioria das espécies
de Euglossa com ninhos conhecidos, sugerem que estas características podem ocorrer com maior
freqüência bem como a ocorrência de espécies com comportamento sociais. Até mesmo para as espé-
cies que constroem ninhos aéreos, consideradas inicialmente solitárias (Young, 1985), foi verificado
a ocorrência de ninhos comunais (Soucy et al., 2003). Atualmente, pelo menos dez espécies foram
identificadas quanto ao nível de organização social apresentado (Tabela 1), sendo todas as do sub-
gênero Euglossa consideradas eussociais.
Uma análise da divisão reprodutiva de trabalho em colônias de Euglossa cordata, Euglossa fim-
briata, Euglossa townsendi, Euglossa truncata e Euglossa melanotricha, de acordo com os modelos
de “reproductive skew” (Reeve and Keller, 2001), é apresentada. Adicionalmente é discutida a hipó-
tese do parasitismo parental (Charnov, 1978; Stubblefield & Charnov, 1986) como uma alternativa
para explicar a origem do comportamento eussocial em Euglossini.
Referências bibliográficas
Augusto SC (1993). Aspectos da estrutura social de Euglossa cordata (Hymenoptera; Apidae; Eu-
glossini). Dissertação de Mestrado. FFCLRP-USP, Ribeirão Preto.
Augusto SC (1999). Bionomia e organização social de Euglossa (Euglossa) fimbriata REBÊLO &
MOURE, 1995 e Euglossa (Euglossa) townsendi COCKERELL, 1904. Tese de Doutorado.
FFCLRP-USP, Ribeirão Preto.
Augusto SC and Garófalo CA (1994). Comportamento das fêmeas nas associações formadas em ni-
nhos de Euglossa cordata (Hymenoptera; Apidae; Euglossini). In: I Encontro sobre Abelhas,
Ribeirão Preto, SP, Brasil, 1: 171-181.
Augusto SC and Garófalo CA (2002). Desenvolvimento de um ninho de Euglossa truncata (Apidae;
Euglossinia). In: Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 5: 305.
Augusto SC and Garófalo CA (2004). Nesting biology and social structure of Euglossa (Euglossa)
townsendi Cockerell (Hymenoptera, Apidae, Euglossini). Insect. Soc. 51: 400-409.
Augusto SC and Garófalo CA (2007). Nidificação de Euglossa (Euglossa) melanotricha Moure (Hy-
menoptera: Apidae) no solo do Cerrado. Neotrop. Entomol. 36: 153-156.
Augusto SC and Garófalo CA (2008). Bionomics and Sociological Aspects of Euglossa fimbriata
(Apidae, Euglossini). Genet. Mol. Res. (in press).
Bridge C and Field J (2007). Queuing for dominance: gerontocracy and queue-jumping in the hover
wasp Liostenogaster flavolineata. Behav. Ecol. Sociobiol. 61: 1253-1259.
Charnov EL (1978). Evolution of eusocial behavior: offspring choice or parental parasitism? J. Theor.
Biol. 75: 451-465.
Eberhard WG (1988). Group nesting in two species of Euglossa bees (Hymenoptera: Apidae). J. Kan-
sas Entomol. Soc. 61: 406-411.
Garófalo CA (1985). Social structure of Euglossa cordata nests (Hymenoptera: Apidae: Euglossini).
Entomol. Gener. 11:77-83.
Garófalo CA (1992). Comportamento de nidificação e estrutura de ninhos de Euglossa cordata (Hy-
menoptera: Apidae: Euglossini). Rev. Bras. Biol. 52:187-198.
Garófalo CA, Camillo E, Augusto SC, Vieira-de-Jesus BM and Serrano JC (1998). Nest structure and
communal nesting in Euglossa (Glossura) annectans Dressler (Hymenoptera, Apidae, Euglos-
sini). Revta. bras. Zool. 15:589-596.
Langer P, Hogendoorn K and Keller L (2004). Tug-of-war over reproduction in a social bee. Nature.
428:844-846.
Ramírez-Arriaga E, Cuadriello-Aguilar JI and Hernández EM (1996). Nest structure and parasite
of Euglossa atroveneta Dressler (Apidae: Bombinae: Euglossini) at Unión Juárez, Chiapas,
México. J. Kansas Entomol. Soc. 69: 144-152.
Reeve HK and Keller L (2001). Test of reproductive-skew models in social insects. Annu. Rev. Ento-
mol. 46: 347-385.
Roig-Alsina A and Michener CD (1993). Studies of phylogeny and classification of long-tonguedbees
(Hymenoptera: Apoidea). Univ. Kans.Sci. Bull. 55: 124-162.
Schultz T, Engel MS and Prentice M (1999). Resolving conflict between morphological and mo-
lecular evidence for origem eusociality in the “corbiculate” bees (Hymenoptera, Apidae): a
hypothesis-testing approach. Univ. Kans. Nat. Hist. Mus. Sepc. Publ. 24: 125-138.
Schwarz MP and Woods RE (1994). Order of adult eclosion is a major determinant of reproductive
dominance in the allodapine bee Exoneura bicolor. Anim. Behav. 47: 373-378.
Schwarz MP, Richards MH and Danforth BN (2007). Changing paradigmasin insect social evolution:
Insights from halictine and allodapine bees. Annu. Rev. Entomol. 52: 127-150.
Soucy SL, Giray T and Roubik DW (2003). Solitary and group nesting in the orchid bee Euglossa
hyacinthina (Hymenoptera, Apidae). Insect. Soc. 50: 248-255.
Stubblefield JW and Charnov EL (1986). Some conceptual issues in the origin of eusociality. Heredity
57: 181-187.
Tsuji K and Tsuji N (2005). Why is dominance hierarchy age-related in social insects? The relative
longevity hypothesis. Behav. Ecol. Sociobiol. 58: 517-526.
Young AM (1985). Notes on the nest structure and emergence of Euglossa turbinifex Dressler (Hy-
menoptera: Apidae) in Costa Rica. J. Kansas Entomol. Soc. 58: 538-542.
Zucchi R, Sakagami SF and Camargo JMF (1969). Biological observations on a tropical parasocial
bee, Eulaema nigrita, with a review on the biology of Euglossinae (Hymenoptera, Apidae). A
comparative study. J. Fac. Sci. Hokkaido Univ. Series IV, Zool. 17:271-380.
SI MPÓSIO 14
Abstract
Introdução
A biogeografia tem sido tradicionalmente dividida em dois grandes campos que correspondem,
também, a fases de seu desenvolvimento — Biogeografia Descritiva e Biogeografia Histórica. Na
primeira, descrevem-se os padrões de distribuição dos organismos; na segunda, a evolução desses
padrões ao longo da história geológica da Terra.
Dentro da biogeografia, há, ainda, uma certa disputa entre dois enfoques disciplinares — a
biogeografia estudada dentro da ecologia, que supõe que o conjunto de organismos encontrado em
uma dada comunidade é fruto meramente das interações entre os organismos na comunidade, e a
biogeografia estudada em conexão com a sistemática (largamente coincidente com a biogeografia
histórica) e que pretende explicar a composição das biotas exclusivamente como fruto da história
geológica da Terra e de seu impacto sobre a evolução dos organismos envolvidos. Embora ainda haja
um certo preconceito com relação à biogeografia descritiva e uma desconfiança mútua entre ecólogos
e sistematas, todas esses enfoques são importantes, cada qual contribuindo com determinadas porções
da informação de que necessitamos para o entendimento dos padrões de distribuição geográfica da
biodiversidade terrestre.
A América do Sul, normalmente exaltada pela exuberância de suas florestas tropicais, é rica
também em ambientes mais secos, dominados por vegetação aberta. Ao longo da história geológica
do continente, essas formações coalesceram e se isolaram alternadamente inúmeras vezes e há evidên-
cias de que isto tenha deixado marcas na composição das faunas dos vários domínios fitogeográficos
envolvidos. O interesse pela biogeografia das abelhas nestas formações abertas é recente e se expres-
sou, inicialmente, pelo reconhecimento de padrões na distribuição da diversidade e na composição
taxonômica das faunas regionais. Atualmente, com o desenvolvimento de estudos sobre a filogenia de
diferentes grupos de abelhas, tem sido possível fazer inferências sobre a história biogeográfica desses
domínios fitogeográficos.
Nesta breve revisão, apresenta-se uma retrospectiva da evolução do conhecimento sobre os
padrões e a história biogeográfica dos grupos de abelhas que ocorrem em áreas de vegetação aberta
na América do Sul, a título de introdução aos demais trabalhos apresentados, neste simpósio, sobre a
biogeografia histórica de táxons específicos de abelhas neste continente.
suas espécies. Sugeriram, também, que o número de espécies endêmicas deste domínio seria muito
pequeno e que essas espécies seriam mono ou oligoléticas, estando geograficamente confinadas às
áreas de ocorrência de suas plantas hospedeiras, que seriam, também, endêmicas do Cerrado.
Em contraste, Zanella (2000) caracterizou a Caatinga como relativamente pobre em espécies de
abelhas, pobre nos grupos mais diversificados no cerrado mas com uma diversidade relativamente alta
de espécies de Diadasina, Melitoma e Leiopodus. Ao contrário do que aparentemente ocorre no Cer-
rado, as espécies endêmicas podem chegar a representar cerca de um terço de toda a fauna regional.
A importância de fatores históricos na determinação de padrões de distribuição geográfica foi
reconhecida por Silveira e Cure (1993) em um curto estudo sobre a fauna de abelhas de áreas de
altitude no sudeste brasileiro. Esses autores observaram que uma parte desta fauna era composta
por espécies que ocorriam amplamente nas regiões subtropicais e temperadas do Brasil e países
limítrofes e que, ao norte do Trópico de Capricórnio, estavam limitadas a maciços altitudinais. Eles
postularam que essas populações seriam remanescentes de um período dominado por clima mais
frio (provavelmente no Pleistoceno) em que estas espécies teriam se dispersado desde o sul do país
até esta região. Com o aquecimento climático posterior, elas teriam ficado confinadas às áreas mais
altas, com clima mais ameno.
Referências
Amorim DS e Pires MRS (1996). Neotropical biogeography and a method for maximum biodiversity
estimation. In: Proceedings of the Workshop Methods for the Assessment of Biodivesity in
Plants and Animals (Bicudo CEM e Menezes NA, eds.). CNPq, Brasília, 183–219.
Camargo, JMF (1996). Meliponini neotropicais (Apinae, Apidae, Hymenoptera): biogeografia histó-
rica. Anais do Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto (USP) 2: 107-121.
Camargo JMF e Moure JS (1994). Meliponini neotropicais: os gêneros Paratrigona Schwarz, 1938 e
Aparatrigona Moure, 1951 (Hymenoptera, Apidae). Arq. Zool. (São Paulo) 32: 33–109.
Camargo JMF e Moure JS (1996). Meliponini neotropicais: o gênero Geotrigona Moure, 1943 (Api-
nae, Apidae, Hymenoptera), com especial referência à filogenia e biogeografia. Arquivos de
Zoologia 33: 95–161.
Camargo JMF e Pedro SRM (2003). Meliponini neotropicais: o gênero Partamona Schwarz, 1939
(Hymenoptera, Apidae, Apinae) — bionomia e biogeografia. Rev. Bras. Entomol. 47: 311–372
González-Vaquero R e Roig-Alsina A (2005) Revisión de las especies sudamericanas de Anthophoru-
la Cockerell (Hymenoptera, Apidae, Exomalopsini). Rev. Mus. Cienc. Nat., n.s., 7: 67-76.
Michener CD (1979). Biogeography of the Bees. Ann. Missouri Bot. Gard. 66: 277-347.
Pedro SEM e Camargo JMF (2003). Meliponini neotropicais: O gênero Partamona
Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae). Rev. bras. Entomol. 47 (suplemento 1): 1-117.
Silveira FA (1995). Phylogenetic relationships and classification of the Exomalopsini with a new
tribe, Tetratognathini (Hymenoptera: Apoidea). Univ. Kansas Sci. Bull. 55: 425–454.
Silveira FA e Campos MJO (1995). A melissofauna de Corumbataí (SP) e Paraopeba (MG) e uma
análise da biogeografia das abelhas do cerrado brasileiro (Hymenoptera, Apoidea). Rev. bras.
Entomol. 39: 371–401.
Silveira FA e Cure JR (1993). High altitude bee fauna of Southeastern Brazil: Implications for bio-
geographic patterns (Hymenoptera: Apoidea). Stud. Neotrop. Fauna and Environ. 28: 47–55.
Zanella, F.C.V. (2000). The bees of the Caatinga (Hymenoptera, Apoidea, Apiformes): a species list
and comparative notes regarding their distribution. Apidologie 31: 579-592.
Zanella, F. C. V. (2002). Systematics and biogeography of the bee genus Caenonomada Ashmead, 1899
(Hymenoptera: Apidae: Tapinotaspidini). Stud. Neotrop. Fauna and Environ. 37:249-261.
Abstract
Biogeography of open areas of South America with emphasis on the Tribe Tapinotaspidini. The
open areas of South America involve a diverse range of distinct plant physiognomies, such as the Cerrado,
Pampas, Chaco, Llanos and Caatinga. Here we compile biogeographic patterns of species of the bee tribe
Tapinotaspidini, as well as phylogenetic studies, to investigate the historic relationships between the open
areas of South America. The basal clades in the tribe, represented by the genera Caenonomada, Tapinota-
spoides, Tapinotaspis, Chalepogenus, Arhysoceble, Lanthanomelissa, exhibit many endemic species associ-
ated to the diagonal of open dry formations (Caatinga, Cerrado and Chaco), while the more derived clades,
Trigonopedia, Tropidopedia, Xanthopedia, Lophopedia, Paratetrapedia, occupy mostly forested areas in the
Atlantic coast of Brazil and Amazon basin, with elements in Central America. The biogeographic patterns
exhibited by the Tapinotaspidini indicate a complex history for the open areas of South America. Among the
main areas of endemism, the Chaco behaves as a hybrid component, with a portion more closely related to
the Cerrado and another more related to the Caatinga. Future studies should allow for more refined delimita-
tion of areas of endemism within the main regions covered with open formations in South America.
Introdução
Material e métodos
O presente estudo envolveu a amostragem dos registros geográficos de material depositado em diver-
sas coleções, trabalhos de campo, revisões taxonômicas e reconstruções filogenéticas entre e dentro dos gêne-
ros da tribo Tapinotaspidini (Aguiar, 2006, em prep.; Aguiar e Melo, 2006, 2007a,b; Melo e Aguiar, 2008). As
hipóteses filogenéticas entre as espécies dos gêneros Caenonomada e Tapinotaspoides foram superpostas aos
padrões de distribuição geográfica, de modo a inferir as relações históricas entre as áreas de endemismo. Para
simplificação, as áreas de endemismo são referidas pelo nome do bioma em que estão inseridas.
Resultados e discussão
A tribo Tapinotaspidini representa um grupo cuja diversificação inicial parece ter ocorrido na porção
temperada da América do Sul. Segundo as hipóteses filogenéticas disponíveis (Roig-Alsina e Michener 1993),
o provável grupo irmão da tribo Tapinotaspidini seria a tribo Emphorini, que também exibe um padrão semel-
hante de diversificação e de associação com áreas cobertas por vegetação aberta e sob clima semi-árido.
Apesar da filogenia da tribo Tapinotaspidini ainda não estar completamente resolvida (Roig-Alsina,
1997; Aguiar e Melo 2006), hipóteses estáveis para os relacionamentos entre as espécies dentro da maioria
dos gêneros estão disponíveis (Zanella 2002; Coccuci et al. 2000; Aguiar, 2006, em prep.; Aguiar e Melo,
2006, 2007a,b; Melo e Aguiar, 2008).
Os gêneros Caenonomada, Tapinotaspoides e Tapinotaspis, que segundo as filogenias disponíveis
ocupam uma posição mais basal dentro da tribo, têm suas distribuições associadas principalmente à di-
agonal de áreas abertas secas (Figuras 1 e 2). Os três gêneros apresentam espécies endêmicas do Chaco,
Caatinga e Cerrado, exceto por Tapinotaspis que não tem ocorrência registrada no Cerrado.
Tapinotaspoides difere dos outros gêneros com distribuição nas áreas abertas da América do Sul por
possuir uma espécie endêmica nas savanas dos Llanos e florestas secas do norte da América do Sul (Melo e
Aguiar, 2008). A posição desta espécie como grupo irmão das demais do gênero (Aguiar e Melo, em prep.)
sugere um antigo intercâmbio entre as áreas abertas da porção sudeste da América do Sul com o Llano e
áreas secas da Colômbia e Venezuela (Figura 1).
A distribuição geográfica dos gêneros de Tapinotaspidini pode ser explicada, em parte, tam-
bém pela relação com as famílias de plantas fornecedoras de óleos, onde Malpighiaceae representa a
principal fonte nas áreas de floresta e no Cerrado, enquanto as demais famílias fornecedoras de óleo
(Krameriaceae, Scrophulariaceae, Solanaceae, Iridaceae) estão presentes somente nas áreas abertas
secas, como Cerrado, Chaco, Pampa e Caatinga. As espécies fornecedoras de óleo da família Orchi-
daceae também estão relacionadas com os grupos florestados, porém com menor importância que
Malpighiaceae, em função da sua menor abundância no meio.
As análises conduzidas com os padrões exibidos por Tapinotaspidini sugerem que as áreas aber-
tas da América do Sul apresentam uma história complexa, com subáreas diferentemente relacionadas
entre si. Dentre as principais áreas de endemismo, sugere-se que o Chaco seja um componente híbri-
do, contendo um Chaco “seco” mais estreitamente relacionado com a Caatinga e um Chaco “úmido”
diretamente relacionado com o Cerrado, e com eventos de dispersão sobre o Pampa. Estudos adicio-
nais envolvendo a filogenia da tribo deverão permitir um refinamento nos padrões de distribuição e
uma compreensão mais detalhada da evolução e biogeografia da fauna de abelhas da América do Sul,
principalmente aquela associada a áreas abertas. Como um passo adicional nesta direção, pretende-se
buscar reconhecer subáreas de endemismo no Cerrado e na Caatinga.
Agradecimentos
O primeiro autor agradece ao CNPq pela bolsa de pós-doutorado; ao Museum of Comparative Zool-
ogy (Harvard) pela bolsa de estudos que possibilitou visitar coleções entomológicas nos Estados Unidos.
Referências
Aguiar AJC (2006). Filogenia e revisão taxonômica do gênero Paratetrapedia Moure (Apidae, Tapi-
notaspidini). Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná.
Aguiar AJC e Melo GAR (2006). Filogenia e classificação da tribo Tapinotaspidini (Hymenoptera,
Apidae). In: Anais do VII Encontro sobre Abelhas, CD-ROM (Santana WC, Lobo CH e Har-
tfelder KH, eds.). FFCLRP-USP, FMRP-USP, Ribeirão Preto, 160–164.
Aguiar AJC e Melo GAR (2007a). Taxonomic revision, phylogenetic analysis, and biogeography of
the bee genus Tropidopedia (Hymenoptera, Apidae, Tapinotaspidini). Zool. J. Linn. Soc. 151:
511–554.
Aguiar AJC e Melo GAR (2007b). Systematics and biogeography of the bee genus Paratetrapedia s.l.
(Hymenoptera, Apidae, Tapinotaspidini): cerrado as a composite area. Darwiniana 45(Supl.):
58–60.
Camargo, JMF (1996). Meliponini neotropicais (Apinae, Apidae, Hymenoptera): biogeografia históri-
ca. In: Anais do II Encontro sobre Abelhas (Garófalo CA et al., eds.). USP, Ribeirão Preto,
107–121.
Camargo, JMF e Moure JS (1996). Meliponini neotropicais: o gênero Geotrigona Moure, 1943 (Api-
nae, Apidae, Hymenoptera), com especial referência à filogenia e biogegrafia. Arq. Zool. 33:
95–161.
Camargo JMF e Pedro SRM (2003). Meliponini neotropicais: o gênero Partamona Schwarz, 1939
(Hymenoptera, Apidae, Apinae) - bionomia e biogeoografia. Rev. Bras. Entomol. 47: 311–372.
Cocucci AA, Sersic A e Roig-Alsina A (2000). Oil-collecting structures in Tapinotaspidini: their diversity,
function and probable origin (Hymenoptera: Apidae). Mitt. Münch. Entomol. Ges. 90: 51–74.
Melo GAR e Gaglianone MC (2005). Females of Tapinotaspoides, a genus in the oil-collecting bee
tribe Tapinotaspidini, collect secretions from non-floral trichomes (Hymenoptera, Apidae). Rev.
Bras. Entomol. 49: 167–168.
Melo GAR & Aguiar AJC (2008). New species of Tapinotaspoides (Hymenoptera, Apidae, Tapi-
notaspidini). Zootaxa 1749: 53–61.
Ramos KS e Melo GAR (2007). Phylogeny and biogeography of the bee genus Parapsaenythia
(Apidae, Protadrenini), in the Chacoan subregion of South America. Darwiniana 45(Supl.):
117–119.
Roig-Alsina A (1997). A generic study of the bees of the tribe Tapinotaspidini, with notes on the
evolution of their oil-collecting structures (Hymenoptera, Apidae). Mitt. Münch. Entomol. Ges.
87: 3–21.
Rozen JG, Jr., Melo GAR, Aguiar AJC e Alves-dos-Santos I (2006). Nesting biologies and immature
stages of the tapinotaspidine bee genera Monoeca and Lanthanomelissa and of their osirine
cleptoparasites Protosiris and Parepeolus (Hymenoptera: Apidae: Apinae). Am. Mus. Novit.
3501: 1–60.
Silveira FA. e Campos MJO (1995). A melissofauna de Corumbataí (SP) e Paraopeba (MG) e uma
análise da biogeografia das abelhas do cerrado brasileiro (Hymenoptera, Apoidea). Rev. bras.
Entomol. 39: 371–401.
Zanella FCV (2000). The bees of the Caatinga (Hymenoptera, Apoidea, Apiformes): a species list and
comparative notes regarding their distribution. Apidologie 31: 579–592.
Zanella FCV (2002). Systematics and biogeography of the bee genus Caenonomada Ashmead, 1899
(Hymenoptera: Apidae: Tapinotaspidini). Stud. Neotrop. Fauna Environ. 37: 249–261.
Abstract
Introdução
Exomalopsini é uma tribo de abelhas restrita às Américas, com diversidade máxima em áreas tem-
peradas desérticas e semidesérticas. As relações filogenéticas de Exomalopsini foram estudadas por Sil-
veira (1995), resultando em uma classificação revisada para os gêneros de Exomalopsini e para os sub-
gêneros de Exomalopsis. Conforme a proposta de Silveira, Exomalopsis passou a ser dividido em quatro
subgêneros: Exomalopsis s.str., E. (Diomalopsis), E. (Phanomalopsis) e E. (Stilbomalopsis). À exceção
de E. (Stilbomalopsis), todos os subgêneros são endêmicos ou mais diversificados na América do Sul.
Silveira (1995) demonstrou que E. (Phanomalopsis), com a remoção de um grupo de espécies
para E. (Stilbomalopsis), é um táxon monofilético. Silveira e Almeida (aceito) realizaram a revisão
Material e Métodos
mais dificultada pela presença de espécies amplamente distribuídas, como E. trifasciata ou E. solitaria.
A BPA secundária busca eliminar os artefatos causados por distribuições amplas e redundância de áreas,
permitindo detectar os casos em que a presença atual de táxons em áreas se deve à história de vicar-
iância de seus ancestrais, dos casos em que distribuição atual dos organismos é resultado de eventos
secundários de, por exemplo, dispersão (Brooks ,1990; Brooks et al., 2001).
Resultados
Discussão
Um grande número de estudos biogeográficos já foi realizado com grupos presentes nas Regiões
Neotemperada (e.g. Morrone, 1993) e Neotropical (e.g. Amorim e Pires, 1996 e referências citadas
nesse artigo), inclusive os realizados por Camargo e colaboradores para abelhas (Apidae, Meliponina)
(Camargo & Moure, 1994, 1996; Camargo, 1996; Camargo & Pedro, 2003). São mais raros, contudo,
os trabalhos que tratem de grupos com distribuição similar à de E. (Phanomalopsis). Isso dificulta a
comparação dos padrões encontrados neste trabalho e padrões mais gerais de relações entre as áreas
de endemismo onde as espécies de E. (Phanomalopsis) se distribuem. A comparação de hipóteses
biogeográficas diferentes permitirá, quando isso for possível, buscar indicações de eventos de vicar-
iância comuns, o que aumenta a confiabilidade das hipóteses biogeográficas.
Por outro lado, foi possível verificar grande congruência entre os padrões de distribuição das
espécies de E. (Phanomalopsis) e das áreas generalizadas resultantes do estudo de muitos táxons
(Morrone, 2001, 2006). Uma exceção a isso foi a indicação de proximidade entre Cerrado e áreas da
Subregião Paranaense, já que, de acordo com Morrone, o Cerrado deveria se mostrar mais proxima-
mente relacionado às demais áreas da Subregião Chaquenha. Cabe ressaltar, contudo, que a espécie
de E. (Phanomalopsis) com ocorrência no cerrado e em áreas do sul do Brasil segue o padrão descrito
por Silveira e Cure (1993) para várias espécies de abelhas. Espécies com distribuição em grande
parte da Região Sul do Brasil e, em alguns casos, de países fronteiriços, não são encontradas em áreas
baixas da Região Sudeste, mas podem se distribuir, disjuntamente, em elevações acima de 1000 m
em Minas Gerais e no Planalto Central Brasileiro. A presença desta espécie exclusivamente em áreas
elevadas é indicativa, por si só, de relação mais próxima à Subregião Paranaense que com as áreas da
Subregião Chaquenha, apesar de sua presença no interior do domínio do Cerrado. É interessante que
o sistema de regionalização biogeográfica proposto por Morrone (2001, 2006) permite comparações
de congruência com distribuição de táxons, como com resultados de uma análise de biogeografia
cladística, devido à natureza hierárquica desse sistema.
Vanzolini (1974) descreveu como típica a fauna de ambientes de vegetação aberta da grande
diagonal da América do Sul, que vai do noroeste argentino ao Maranhão e engloba os biomas Caat-
inga, Cerrado e Chaco. No caso de E. (Phanomalopsis), as espécies se distribuem em áreas abertas
também, mas não ocorrem na Caatinga e, no Cerrado, apenas por uma espécie restrita a áreas altas,
como discutido acima. Ao invés da diagonal de áreas de vegetação aberta a nordeste do Chaco, dois
eixos geográficos partindo do Chaco descrevem a distribuição das espécies de E. (Phanomalopsis).
O primeiro eixo, a norte, inclui as espécies distribuídas do norte da América do Sul até a América
do Norte. O segundo eixo passa pela Província do Pampa e compreende as províncias da Subregião
Paranaense e estende-se até o Planalto Central Brasileiro. A diferenciação dos grupos de espécies
distribuídos no Chaco e áreas adjacentes, e nesses dois eixos pode ter ocorrido em resposta a eventos
ancestrais de vicariância, conforme os resultados das análises de biogeografia histórica. Hipóteses
referentes às áreas ocupadas pelo ancestral de E. (Phanomalopsis) dependerão de uma compreensão
melhor das relações filogenéticas entre este grupo e os demais subgêneros de Exomalopsis.
Agradecimentos
À Kelli Ramos, ao Gabriel Melo e ao Antonio Aguiar por discussões sobre biogeografia da
Região Neotropical. Ao CNPq pela bolsa de Pós-Doutorado Júnior concedida a E.A.B. Almeida
(Proc. 150626/2007-0).
Referências
Amorim DS e Pires MRS (1996). Neotropical biogeography and a method for maximum bio-
diversity estimation. In: Proceedings of the Workshop Methods for the Assessment of Biodivesity in
Plants and Animals (Bicudo CEM e Menezes NA, eds.). CNPq, Brasília, 183–219.
Axelius B (1991). Areas of distribution and areas of endemism. Cladistics 7: 197–199.
Brooks DR (1990). Parsimony analysis in historical biogeography and coevolution: method-
ological and theoretical update. Syst. Zool. 39: 14–30.
Brooks DR, van Veller MGP e McLennan DA (2001). How to do BPA, really. J. Biogeogr. 28:
345–358.
Camargo, JMF (1996). Meliponini neotropicais (Apinae, Apidae, Hymenoptera): biogeografia
histórica. Anais do Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto (USP) 2: 107-121.
Camargo JMF e Moure JS (1994). Meliponini neotropicais: os gêneros Paratrigona Schwarz,
1938 e Aparatrigona Moure, 1951 (Hymenoptera, Apidae). Arq. Zool. (São Paulo) 32: 33–109.
Camargo JMF e Moure JS (1996). Meliponini neotropicais: o gênero Geotrigona Moure, 1943
(Apinae, Apidae, Hymenoptera), com especial referência à filogenia e biogeografia. Arquivos de Zo-
ologia 33: 95–161.
Camargo JMF e Pedro SRM (2003). Meliponini neotropicais: o gênero Partamona Schwarz,
1939 (Hymenoptera, Apidae, Apinae) — bionomia e biogeografia. Rev. Bras. Entomol. 47: 311–372
Morrone, JJ (1993). Cladistic and biogeographic analyses of the weevil genus Listroderes
Schoenherr (Coleoptera: Curculionidae). Cladistics 9: 397–411.
Morrone JJ (2001). Biogeografía de América Latina y el Caribe. Manuales y Tesis SEA (No.
3), Zaragoza.
Morrone JJ (2006). Biogeographic areas and transition zones of latin america and the caribbean
islands based on panbiogeographic and cladistic analyses of the entomofauna. Ann. Rev. Entomol. 51:
467–494.
Silveira FA (1995). Phylogenetic relationships and classification of the Exomalopsini with a
new tribe, Tetratognathini (Hymenoptera: Apoidea). Univ. Kansas Sci. Bull. 55: 425–454.
Olson DM e Dinerstein E (2002). The Global 200: Priority ecoregions for global conservation.
Ann. Missouri Bot. Gard. 89: 199–224.
Silveira FA e Almeida EAB (aceito). Revision of the species of the subgenera of Exomalopsis
Spinola, 1853 ocurring in South America. II—Phanomalopsis Michener & Moure, 1957 (Hymenop-
tera, Apidae). Lundiana (submetido em 04/2007).
Silveira FA e Cure JR (1993). High altitude bee fauna of Southeastern Brazil: Implications for
biogeographic patterns (Hymenoptera: Apoidea). Stud. Neotrop. Fauna and Environ. 28: 47–55.
Swofford DL (2002). PAUP*. Phylogenetic Analysis Using Parsimony (*and Other Methods),
v4.0b10. Sinauer Associates, Sunderland.
Vanzolini PE (1974). Ecological and geographical distribution of lizards in Pernambuco, north-
eastern Brazil (Sauria). Pap. Avulsos Zool. (São Paulo) 28: 61–90.
Abstract
Introduction
The Xeromelissinae is a subfamily of the bee family Colletidae. It is largely restricted to South
America, with a few species reaching Central America and Mexico (Ascher et al., 2008; Michener,
2007). They are predominantly small bees and most species nest in pithy stems, although some are
known to nest in loose sand (Packer, 2006). There are 122 described species in the subfamily (Ascher
et al., 2008), with at least an additional 65 species awaiting description.
The subfamily is divided into 4 genera: Chilicola, Geodiscelis, Xenochilicola and Xerome-
lissa. Based upon morphological data, the phylogenetic relationships among the genera are: Chili
cola[Xenochilicola[Geodiscelis+Xeromelissa]] (Packer, 2008). However, molecular and combined
morphological and molecular data (albeit with a different sample of taxa), suggest the relationship:
[[Xenochilicola+Chilicola][Geodiscelis+Xeromelissa]] (Almeida et al., 2008).
Two of the genera are small: Geodiscelis has two described species (Packer, 2005), with one
undescribed species known and Xenochilicola has three described species (Genaro and Packer, 2005)
with another two undescribed. Xeromelissa, including the recently subsumed Chilimelissa, is known
from 21 described species with at least another 19 awaiting description (Packer, unpublished data).
This genus is known for the remarkable modifications of the mouthparts and extreme development of
secondary sexual characteristics of males in some species.
The remaining genus, Chilicola, is by far the largest with 96 described species (Ascher et al.,
2008) and approximately 50 undescribed. It is the only xeromelissine genus that has been divided into
subgenera, of which there are 15, the phylogenetic interrelationships among which were studied by
Packer (2008). This genus is also known for elaborate secondary sexual characteristics in the males
in some subgenera.
Phylogenetic analyses are available for the subfamily at the generic level (Packer, 2008;
Almeida et al., 2008), for subgenera of Chilicola (Packer, 2008) and for species of the subgen-
era Chilicola s. str. (Gibbs and Packer, 2006), Chilioediscelis (Willis and Packer, 2007) and
Oroediscelis (Michener, 2002). A preliminary phylogenetic analysis of the genus Xeromelissa,
including the 19 undescribed species, is also available (Packer L, unpublished results) and this
was used for biogeographic analyses of its species. For both the more cursory and the detailed
analyses, we apply the known geographic distributions of taxa to the biogeographic regions and
provinces as outlined by Morrone (2006).
Two analytical methods were used to examine the historical biogeogeography of Xeromelissa:
primary Brooks Parsimony Analysis (BPA) (Brooks, 1990; Brooks et al., 2001) and Dispersal-Vi-
cariance analysis: (DIVA) (Ronquist, 1996, 1997). For these analyses, we used as input information
the phylogenetic and distributional information encoded on the taxon-area cladogram. DIVA allows
reconstruction of ancestral distributions, maximizing vicariant events and minimizing dispersal and
extinction events, but unlike pattern based methods of cladistic biogeography (e.g. BPA), it allows
nonhierarchical area relationships (Ronquist, 1997). To reconstruct the ancestral distribution of clades
of Xeromelissa, we used DIVA 1.1 (Ronquist, 1996). We expect that the application of multiple ana-
lytical approaches may provide evidence of ancestral events of vicariance responsible for present-day
distribution of the lineages of Xeromelissa.
Because most subgenera of Chilicola are both moderately widespread and have yet to receive phy-
logenetic treatment, we provide only superficial comments on the historical biogeography of these bees.
Results
The Xeromelissinae are known from all of Morrone’s biogeographic regions but by far most
species are found in the South American transition zone and the Andean region; ie the western and
southern portions of the continent (Table 1). This is not surprising for a group whose closest relatives
are primarily Gondwanan (Almeida, 2007). Only a few subgenera of Chilicola are found outside of
these two regions. The humid parts of the Neotropical region are inhabited by species in the subgenera
Hylaeosoma, Pseudiscelis, Prosopoides and Oediscelisca and all except perhaps Pseudiscelis seem
more diverse in this region than further west or further south. The more northern Nearctic Region and
Mexican Transition Zone are inhabited only by some species of Anoediscelis and Hylaeosoma.
At a finer scale, the high altitude Puna Biogeographical Province also has large numbers of
Anoediscelis and Hylaeosoma species and the subgenus Oroediscelis seems restricted to this region
and has radiated there to comprise at least 17 species.
Three subgenera are primarily restricted to the Andean region (Chilicola s. str., Chilioediscelis,
Toroediscelis) with several species being found in both southern Argentina (Chubut and/or Santa
Cruz) and Maule biogeographic provinces. Mapping of geography onto the phylogeny for the first
two of these subgenera suggest additional vicariance or dispersal events between these two biogeo-
graphic provinces.
One subgenus (Heteroediscelis) is endemic to Chile, extending from Atacama to Maule prov-
inces, while three subgenera are restricted to Argentina. Two (Unicarinicola and Obesicola) are
found from Central Patagonia to the Prepuna and the other, monospecific subgenus, Capitatiscopa is
known only from the Prepuna.
A preliminary phylogeny for species of the genus Xeromelissa is provided in figure 1, based
upon 96 morphological characters. It resulted from 2 rounds of successive approximations character
weighting starting from 13 equally most parsimonious trees with a length of 557, CI of 49 and RI of
74. The biogeographic provinces from which the species are known are listed in the figure legend.
Most outgroup and almost half of the species of Xeromelissa are known only, or primarily, from
the Atacama biogeographic province.
Brooks Parsimony Analysis and Dispersal-Vicariance Analysis indicated the biogeographic
Figure 1. Most parsimonious tree resulting from successive approximations character weight-
ing as explained in the text. The biogeographic provinces are shown by numbers after the species
name and are as follows: 1-Coastal Peruvian Desert, 2-Puna, 3-Atacama, 4-Prepuna, 6-Coquimbo,
7-Santiago, 8-Maule, 9-Central Patagonia.
The genera Xenochilicola and Geodiscelis are found primarily in the South American transi-
tional zone and as these are the genera most suitable as outgroups for Xeromelissa, it seems probable
that a transitional zone biogeographic origin for the latter genus can be posited.
proximity of provinces in central and southern Chile (Santiago, Coquimbo, Maule, and Patagonia,
all comprised in the Andean Region sensu Morrone, 2006). These provinces were separated from the
northern biogeographical provinces (Atacama, Coastal Peruvian Desert, Puna, and Prepuna, com-
prised in the South American transition zone sensu Morrone, 2006) by a series of vicariance events
that occurred prior to the separation of the provinces of the Andean Region.
Discussion
The results of the phylogenetic analysis and biogeographic mapping, suggest an Atacamanian
origin for the genus Xeromelissa. Almost half of the known species occur in this region. One major
clade of the genus is restricted to the eastern side of the Chilean/Argentinean border primarily in the
Puna and Prepuna biogeographical provinces. This clade contains 10 species, only one of which, the
Central Patagonian X. irwini, has been described. As this is a comparatively deep divergence within
the phylogeny, it is possible that its origin represents a vicariance event coinciding with the rapid
uplift of the Andes 10-7 million years ago (Garzione et al., 2006). In addition to this group of species,
three other Xeromelissa are known from Argentina: X. australis (Toro and Moldenke) and an unde-
scribed species related to it and a single specimen that is indistinguishable from X. pedroi. These are
undoubtedly more recent events and may be indicative of dispersals.
Another major clade occurs outside but to the south of the Atacama biogeographical province.
This is the clade encompassing X. machi and X. farellones and it is found primarily in the Santiago
and Maule biogeographic provinces.
Other than these two major groupings, there are few species that occur outside of the Atacama bio-
geographic province or the adjacent Coquimbo province to its south. One undescribed species related to
X. nortina is found near Santiago, and three species are found in Southern portions of the Coastal Peru-
vian Desert, though two of them are likely on the margins of the Atacama biogeographic province.
Among the Xeromelissinae, the only species (other than X. pedroi noted above) that are found on
both sides of the Andean divide are southern (i.e. Patagonian) species. These include C. hahni, lonco,
michelbacheri, vernalis (all in subgenus Oediscelis), C. (Chilicola s.str.) aisenensis and C. (Chilioedis-
celis) mirzamaleae. Finding species on either side of the national border between Chile and Argentina
is not so surprising this far south as the Andes are much lower than they are further north.
Southern South America had a complex history of vicariance in the Cenozoic because of a num-
ber of marine introgressions (Donato et al. 2005). The subdivision of a currently continuous area, such
as Chile, into a number of isolated patches of land has been hypothesized to be responsible for the
concordant biogeographic patterns found in a number of studies in Chile (Soares and Carvalho, 2005
and references therein). This also helps explaining why it is possible to propose a regionalization of
southern South America that is highly congruent for a number of groups of insects (Morrone, 2006).
Additional complexities in the biogeography of the Atacama desert are not as well accounted for
in Morrone’s classification of biogeographic regions of Latin America. In particular, the rapid switch
from winter to summer rainfall as one moves northwards in the Atacama. For example, at Caspana
(220S, 3260m), east of Calama, approximately 90% of the 73 millimetres of mean annual rainfall oc-
curs in the months of January to March whereas at Potrerillos (26.50S, 2850m), only 200km south, only
10% of the annual rainfall occurs in these months with almost all the rest falling between June and
September (Betancourt et al., 2000). Several pairs of related species have one species within the winter
rain and one within the summer rainfall parts of the Atacama: X. sielfeldi+ X.nortina, X. nolanai+X.sp
11, X. xanthorhina+X. wilmattae (in each case the first named member of a pair is the more southern).
Two additional species are found in areas of both winter and summer rainfall – X. luisa and X. rozeni.
It would be interesting to perform molecular taxonomic studies on these two species.
The Atacama desert is the oldest in the world (Hartley et al., 2005) having been arid for approxi-
mately 150 million years, i.e. since before the origin of bees. This clearly has given the region time for bee
diversification in an arid environment. However, the hyperaridity of the Atacama began only in the mid
Miocene (Latorre et al., 2003). Obtaining some estimates of the relative ages of xeromelissine lineages,
as for example has been done for Halictine bees (Brady et al., 2006) could prove very illuminating for the
biogeographic history of these bees that seem to have diversified in the world’s oldest and driest desert.
References
Almeida EAB (2007). Systematics and Biogeography of Colletidae (Hymenoptera: Apoidea), PhD
Dissertation, Cornell University, Ithaca.
Almeida EAB, Packer L and Danforth BN (2008). Phylogeny of the Xeromelissinae (Hymenoptera:
Colletidae) based upon morphology and molecules. Apidologie 39: 75-85.
Ascher, J. S. et al. (2008). Apoidea species guide. http://www.discoverlife.org/mp/20q?guide=Apoidea_
species
Betancourt JL, Latorre C, Reich JA, Rylander KA and Quade J. (2000). A 2000-yr record of mon-
soonal precipitation from northern Chile’s Atacama Desert. Science 289: 1542-1546.
Brady SG, Sipes S, Pearson A, Danforth BN. (2006). Recent and simultaneous origins of eusociality
in halictid bees. Proc. Roy. Soc. Biol. Sci. 273: 1643-1649.
Donato M, Posadas P, Miranda-Esquivel DR, Jaureguizar EO and Cladera G (2003). Historical bi-
ogeography of the Andean region: evidence from Listroderina (Coleoptera: Curculionidae:
Rhytirrhinini) in the context of the South American geobiotic scenario. Biol. J. Linn. Soc. 80:
339-352.
Garzione CN, Molnar P, Libarkin JC, MacFadden BJ (2006). Rapid late Miocene rise of the Bolivian
Altiplano: evidence for removal of mantle lithosphere. Earth Planet. Sci. Lett. 241: 543-556.
Genaro JA, Packer L (2005). A revision of the genus Xenochilicola (Hymenoptera: Apoidea, Colleti-
dae), with the description of a new species. Zootaxa 1054: 1-14.
Gibbs J, Packer L (2006). Revision and phylogenetic analysis of Chilicola sensu stricto (Hymenop-
tera: Colletiae), with the description of a new species. Zootaxa 1355: 1-37.
Hartley AJ, Chong G, Houston J and Mather AE (2005). 150 million years of climatic stability: evi-
dence from the Atacama Desert, northern Chile. J. Geol. Soc. 162: 421-424.
Latorre C, Betancourt JL, Rylander KA and Quade J. (2002). Vegetation invasions into absolute
desert: a 45000 yr rodent midden record from the Calama-Salar de Atacama basins, northern
Chile (lat 22o -24oS). Geol. Soc. Amer. Bull. 114: 349-366.
Michener CD (2002). The bee genus Chilicola in the tropical Andes, with observations on nesting
biology and a phylogenetic analysis of the subgenera (Hymenoptera: Colletidae: Xeromelis-
sinae). Sci. Pap. Nat. Hist.Mus. U. Kans. 26: 1-47.
Michener CD (2007). The bees of the world. John Hopkins University Press, Baltimore.
Morrone JJ (2006). Biogeographic areas and transition zones of Latin America and the Caribbean
Islands based on panbiogeographic and cladistic analyses of the entomofauna. Ann. Rev. Ent.
51: 467-494.
Packer L (2004). Taxonomic and behavioural notes on Patagonian Xeromelissinae with the descrip-
tion of a new species (Hymenoptera: Colletidae). J. Kans. Entomol. Soc. 77: 95-110.
Packer, L (2005). A new species of Geodiscelis (Hymenoptera: Colletidae: Xeromelissinae) from the
Atacama desert of Chile. J. Hym. Res. 14: 84-91.
Packer L (2008). Phylogeny and classification of the Xeromelissinae (Hymenoptera: Apoidea, Col-
letidae) with special emphasis upon the genus Chilicola. Sys. Ent. 33: 73-96.
Ronquist F (1996). DIVA, v. 1.1. Uppsala University, Uppsala. http://www.ebc.uu.se/systzoo/re-
search/diva/diva.html
Ronquist F (1997). Dispersal-vicariance analysis: A new approach to the quantification of historical
biogeography. Syst. Biol. 46: 195-203.
Soares EDG and Carvalho CJB (2005). Biogeography of Palpibracus (Diptera: Muscidae): An inte-
grative study using panbiogeography, parsimony analysis of endemicity, and component analy-
sis. In: Regionalización biogeográfica en Iberoamérica y tópicos afines (Llorente J and Morrone
JJ eds.). Las Prensas de Ciencias, Facultad de Ciencias, Universidad Nacional Autónoma de
México, México, 485-494.
Willis E, Packer L (2007[2008]). Revision and phylogenetic analysis of Chilioediscelis (Hymenop-
tera: Colletidae). Zootaxa 1762: 29-52.
SI MPÓSIO 15
Abstract
The evolutionary success of the insects is, to a large extent, due to the structural and mechanical
properties of the integument, which is made up of an outer cuticle layer and the subjacent epidermis.
As an effective interface between the insect soft body and the environment, the integument performs
all the functions of a skin and of an exoskeleton. Building and maturation of the adult exoskeleton
include complex biochemical pathways, which culminate in cuticle pigmentation and sclerotization.
It was our aim to characterize the morphogenesis of exoskeleton in the honey bee as a first step for
an evolutionary approach on cuticular maturation in corbiculate bees. Exoskeleton formation and dif-
ferentiation were investigated using conventional histology, and reverse transcription PCR for char-
acterization of the expression of a molecular marker of cuticle sclerotization, the gene encoding lac-
case, Amlac 2. Our analyses evidenced that Amlac 2 is highly expressed in the integument of pharate
adults in correlation with cuticle synthesis and differentiation. A comparative approach using honey
bee workers, queens and drones also revealed caste- and sex-specific patterns of adult integument
differentiation. We now intend to verify whether the heterochrony of cuticle tanning, or the delay in
adult exoskeleton maturation in eusocial bees, is effectively an evolutionary conserved ontogenetic
phenomenon related to sociality. Such ontogenetic and evolutionary approaches possibly will yield a
comprehensive view of integument differentiation in corbiculate bees.
Introdução
essa estrutura é produto de secreção da camada celular epidérmica subjacente, sendo, portanto, fisio-
logicamente indissociável dela. O conjunto formado pela epiderme e a cutícula é denominado tegu-
mento, cenário de grandes modificações durante a metamorfose.
A cutícula apresenta uma série de particularidades inerentes à espécie biológica, à etapa do desen-
volvimento e à localização no corpo do animal. Tamanha variação se relaciona às pressões pelas quais
passam os diferentes organismos ao longo de seus ciclos de vida e de sua diversificação evolutiva.
Ontogeneticamente podem ser distinguidos dois tipos básicos de cutícula: a incolor, flexível
e reativa, e a pigmentada, rígida e estabilizada. O segundo tipo deriva necessariamente do primeiro,
que se diferencia por um processo denominado “tanning” (“curtimento”), caracterizado pelo es-
curecimento (melanização) e pelo enrijecimento (esclerotização). A maturação do exoesqueleto é
uma característica marcante da metamorfose, particularmente no que diz respeito à diferenciação
do adulto. Tal processo, entre outros fatores, é conseqüência da ação de enzimas denominadas
lacases e se relaciona intimamente às oscilações do título de ecdisteróides na hemolinfa.
Nesse contexto, o exoesqueleto de Apis mellifera possui um prolífico potencial em investi-
gações do processo de maturação cuticular. Os diferentes estágios do desenvolvimento pré-ima-
ginal das castas e sexos desta abelha já foram caracterizados (Rembold et al., 1980; Michelette e
Soares, 1993; Nunes-Silva et al., 2006; Tozetto et al., 2007). Também são conhecidos os títulos
de ecdisteróides que regem o último estágio larval das fêmeas (Rachinsky et al., 1990) e o está-
gio pupal de fêmeas e zangões (Feldlaufer et al., 1985; Pinto et al., 2002; Tozetto et al., 2007).
Entretanto, são escassos e relativamente antigos os trabalhos que utilizaram esta espécie como
modelo biológico em estudos da cutícula. Thompson (1978) descreveu, embora sem documen-
tação, a histologia da cutícula durante o desenvolvimento do adulto de Apis mellifera adansonii
(raça africana). Em uma abordagem comparativa, também foram investigadas algumas proprie-
dades químicas e mecânicas da cutícula desta sub-espécie (Thompson e Hepburn, 1978; Ander-
sen et al., 1981).
O objetivo do presente trabalho envolve o estudo da morfogênese do exoesqueleto de Apis
mellifera em um contexto morfológico, fisiológico e genético. Em caráter comparativo, foram con-
trastados tegumentos de sucessivas fases do desenvolvimento e provenientes de diferentes regiões
corporais com distintos graus de maturação, bem como tegumentos de operárias, rainhas e zangões no
âmbito da diferenciação dos sexos e das castas. Tal pesquisa teve como finalidade a construção de um
modelo de investigação a ser utilizado na busca por padrões ontogenéticos e evolutivos do processo
de maturação do exoesqueleto em abelhas corbiculadas.
Materiais e Métodos
Material biológico
Operárias, rainhas e zangões de Apis mellifera africanizada foram coletados no apiário experimen-
tal da Universidade de São Paulo (USP) – Campus Ribeirão Preto. A identificação das diferentes fases
do desenvolvimento se baseou nos trabalhos de Thompson (1978) e de Michelette e Soares (1993).
Dissecção do tegumento
A porção dorsal do tegumento torácico e abdominal de pupas e adultos em desenvolvimento foi
dissecada e submetida a uma lavagem rápida em solução de Ringer (NaCl 0,17M; KCl 0,01M; CaCl2
0,003M), onde foi isolada, o quanto possível, de corpo gorduroso e músculos.
Histologia do tegumento
Tegumentos torácicos e abdominais de operárias, rainhas e zangões recém-emergidos foram
contrastados por meio de preparações histológicas convencionais para microscopia óptica. O mate-
rial dissecado foi fixado por 24 horas a 4°C em solução de 4% de paraformaldeído em tampão fosfato
(0,1M; pH 7,3). Em seguida, as amostras foram desidratadas em uma série de soluções de concen-
trações crescentes de etanol (70%, 80%, 90% e 95%), permanecendo 30 minutos em cada solução.
Após a desidratação, os tegumentos foram infiltrados por 24 horas em metacrilato e transferidos para
fôrmas apropriadas contendo resina de polimerização (Historesina-Leica), onde permaneceram por
mais 24 horas à temperatura ambiente. Após a secagem completa dos blocos, estes foram retirados
das fôrmas para a realização de cortes histológicos de 5µm com navalhas de vidro. Os cortes foram
montados em lâminas de vidro e deixados em estufa a 50°C por cerca de 2 horas. Após este período,
as lâminas foram coradas com uma solução de azul de metileno e fucsina básica por 3 minutos, la-
vadas rapidamente em água destilada e seladas com lamínula em Entellan. Os cortes de tegumento
foram então examinados e fotografados em microscópio óptico (Axioskop II, Zeiss).
Estudo de expressão do gene codificador da enzima Lacase 2, Amlac 2, por RT-PCR semi-
quantitativa
Tegumentos de pupas e adultos de operárias devidamente dissecados foram colocados ime-
diatamente em Trizol (Invitrogen), com o número estipulado de 6 tegumentos por amostra. O RNA
total foi extraído segundo recomendações do fabricante do Trizol. Após tratamento com DNAse I, a
primeira fita de cDNA foi sintetizada a partir de uma quantidade padronizada de 6 µg de RNA total,
utilizando-se o sistema de síntese da SuperScript TM II (Invitrogen). Para as amplificações por PCR
(Applied Biosystems, geneAmp®, PCR System 9700) foram utilizados os cDNAs sintetizados e prim-
ers específicos para o gene Amlac 2 (GB11321 - http://zulu.fmrp.usp.br/beelab) (F: 5’ GGT ACG
CAC TTC TGG CAC G e R: 5’ CGT CAT GAA ACC GGT GTT G 3’) nas seguintes condições:
desnaturação inicial a 95ºC por 2 minutos; seguida por 30 ciclos (desnaturação/anelamento/exten-
são) de 94ºC, 30 segundos / 58ºC, 45 segundos /72ºC, 50 segundos; e uma extensão final a 72ºC por
10 minutos. O controle da amplificação foi realizado utilizando-se primers específicos para o gene
codificador de actina de Apis mellifera, de expressão constitutiva, Amact (AB023025) (F: 5’ TGC
CAA CAC TGT CCT TTC TG 3’ e R: 5’ AGA ATT GAC CCA CCA ATC CA 3’). Neste caso, as
condições de amplificação seguiram os mesmos padrões das usadas para Amlac 2, com exceção dos
valores específicos para a temperatura de anelamento dos primers (62º C) e do número de ciclos (27).
É importante ressaltar que o número de ciclos das reações de amplificação, tanto de Amlac 2 como de
Amact, foi testado e definido de modo a evitar saturação. Por fim, o cDNA amplificado por PCR foi
analisado em gel de agarose 1% contendo brometo de etídio (0,01µl/ml de gel de agarose) em tampão
1x TBE (0,45M Tris Base; 0,45M Ácido Bórico; 0,5M EDTA, pH 8,0). Após a eletroforese, cada gel
foi visualizado digitalmente com o uso de um foto-documentador KODAK EDAS 290. Um marcador
de peso molecular com intervalo de 100 pares de base foi utilizado em uma das pistas de cada gel.
Resultados
predomínio de transcritos no período farato. A transcrição atinge seus níveis mais elevados ainda
durante o período de síntese da cutícula adulta, mantém-se alta na fase de diferenciação cuticular e se
atenua nas vésperas da ecdise. Nota-se ainda um relativo atraso no início da transcrição desse gene
no tegumento abdominal.
Em abordagem comparativa, tegumentos de operárias, rainhas e zangões adultos recém-emer-
gidos foram analisados por meio de preparações histológicas convencionais para microscopia óptica.
A análise revelou um grau de maturação cuticular diferencial entre as castas e sexos. (Figura 2). No
momento da emergência da célula de cria, o exoesqueleto dos machos se apresenta relativamente
mais pigmentado e esclerotizado em comparação ao das fêmeas. Levando-se em consideração as cas-
Discussão
Agradecimentos
Bibliografia
Andersen SO, Thompson PR, Hepburn HR (1981). Cuticular sclerotization in the honeybee (Apis
mellifera adansonii). J. Comp. Physiol. 145: 17-20.
Arakane Y, Muthukrishnan S, Beeman RW, Kanost MR, et al. (2005). Laccase 2 is the phenoloxidase
gene required for beetle cuticle tanning. P. Natl. Acad. Sci. 32: 11337-11342.
Cruz-landim C e Abdalla FC (2002). Glândulas exócrinas das abelhas. FUNPEC, Ribeirão Preto.
Dittmer NT, Suderman RJ, Jiang H, Zhu YC, et al. (2004). Characterization of cDNAs encoding putative
laccase-like multicopper oxidases and developmental expression in the tobacco hornworm, Man-
duca sexta, and the malaria mosquito, Anopheles gambiae. Insect Biochem. Molec. 34: 29-41.
Feldlaufer MF, Herbert JrEW, Svoboda JA, Thompson MJ, et al. (1985). Makisterone A – the major
ecdysteroid from the pupa of the honey bee, Apis mellifera. Insect Biochem. 15: 597-600.
Hepburn HR (1985) Structure of the integument. In: Comprehensive Insect Physiology, Biochemistry
and Pharmacology (Kerkut GA e Gilbert LI, eds.) vol. 3. Pergamon Press, Oxford, 1-58.
Michelette ERF, Soares AEE (1993). Characterization of preimaginal developmental stages in Afri-
canized honey bee workers (Apis mellifera L). Apidologie 24: 431-440.
Niu B-L, Shen W-F, Liu Y, Weng H-B, et al. (2008). Cloning and RNAi-mediated functional char-
acterization of MaLac2 of the pine sawyer, Monochamus alternatus. Insect Mol. Biol. 17:
303-312.
Nunes-Silva P, Gonçalves LS, Francoy TM, De Jong D (2006). Rate of growth and development time
of africanized honey bee (Apis mellifera) queens and workers during ontogenetic development.
Braz. J. Morphol. Sci. 23: 325-332.
Oliveira SAR (1997). Alterações morfológicas dos componentes tegumentares de estágios imatu-
ros de Melipona quadrifasciata anthidioides Lep. (Hymenoptera, Apidae). Tese de Doutorado,
IBRC, UNESP, Rio Claro.
Pinto LZ, Hartfelder K, Bitondi MMG, Simões ZLP (2002). Ecdysteroid titers in pupae of highly
social bees relate to distinct modes of caste development. J. Insect Physiol. 48: 783-790.
Rachinsky A, Strambi C, Strambi A, Hartfelder K (1990). Caste and metamorphosis: hemolymph
titers of juvenile hormone and ecdysteroids in last instar honeybee larvae. Gen. Comp. Endocr.
79: 31-38.
Rembold H, Kremer J-P, Ulrich GM (1980). Characterization of postembryonic developmental stages
of the female castes of the honey bee, Apis mellifera L.. Apidologie 11: 29-38.
Thompson PR (1978). Histological development of cuticle in the worker honeybee, Apis mellifera
adansonii. J. Apic. Res. 17: 32-40.
Thompson PR, Hepburn HR (1978). Changes in chemical and mechanical properties of honeybee
(Apis mellifera adansonii L.) cuticle during development. J. Comp. Physiol. 126: 257-262.
Tozetto SO, Bitondi MMG, Dallacqua RP, Simões ZLP (2007). Protein profiles of testes, seminal
vesicles and accessory glands of honey bee pupae and their relation to the ecdysteroid titer.
Apidologie 38: 1-11.
Winston ML (2003). A biologia da abelha. Magister, Porto Alegre.
Differential expression and regulation of cuticle protein genes during exoskeleton formation in
the honeybee, Apis mellifera.
Abstract
The insect cuticle (exoskeleton) is composed of proteins and chitin arranged in a way to provide
protection to inner tissues. Insects produce a new cuticle every time they molt, and this requires activation
and repression of specific cuticle protein genes. Studies on these genes in the honeybee are important for
the knowledge of cuticle structure and metamorphosis in social insets in comparison with non-social in-
sects, for which cuticle protein genes have long been studied. In this context, our goal was to characterize
the structure and expression of three cuticle protein genes - AmelCPR14, AmelCPR18 and AmelGRP - in
the honeybee. The corresponding cDNAs were partially sequenced, the genomic sequences were identi-
fied in the published honeybee genome and their respective structures were characterized. To investigate
whether these genes are hormonally regulated, experiments were performed to manipulate the levels of
ecdysteroids in vivo, or in integument pieces incubated in vitro. We verified that the three honeybee cu-
ticle protein genes are extensively transcribed during the pharate adult stage, just when the adult cuticle is
being synthesized. A decrease in AmelCPR18 and AmelGRP gene expression precedes the adult ecdysis,
but a high level of AmelCPR14 transcripts is maintained throughout the adult stage. A pulse of 20E is
required for the increase in expression of AmelCPR14 and AmelGRP, but not of AmelCPR18. Together,
our analyses revealed differences in the structure and expression of these genes, and in their responses to
20E, and strongly suggest that they have a role in adult exoskeleton construction.
Introdução
A cutícula dos insetos funciona como um exoesqueleto, protegendo os tecidos internos e for-
necendo suporte estrutural e mecânico ao organismo. Dentre seus principais componentes destacam-
se filamentos de quitina embebidos em uma matriz de proteínas estruturais distintas – as proteínas
cuticulares – secretadas pela epiderme subjacente. Juntos, esses componentes proporcionam ao ex-
oesqueleto vários graus de flexibilidade, dureza e estabilidade (Willis et al., 2005).
Material e métodos
Universidade de São Paulo. O RNA total foi extraído do tegumento torácico e abdominal de abelhas
operárias em desenvolvimento (pupas e adultos-faratos) e adultas. A primeira fita de cDNA foi sintetizada
por transcrição reversa e amplificada (RT-PCR semiquantitativa) utilizando-se primers específicos para
três ‘genes cuticulares’, AmelCPR14, AmelCPR18 e AmelGRP. Os produtos de PCR foram analisados em
gel de agarose 1% contendo brometo de etídio. A expressão do gene codificador de actina foi usada como
controle interno. Eventualmente, os níveis de transcritos foram quantificados por RT-PCR em tempo real.
Os cDNAs obtidos por transcrição reversa foram clonados e seqüenciados para confirmar a identidade
destes genes. As seqüências obtidas foram confrontadas com o banco público de dados GenBank (Na-
tional Center for Biotechnology Information – NCBI - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) e com o genoma
de A. mellifera, versão Amel_pre_release2OGS (http://zulu.fmrp.usp.br/beelab) para caracterizar a estru-
tura gênica. O software Artemis Release 7 (The Sanger Institute) foi utilizado para anotação dos genes
estudados. Para verificar se a expressão destes genes é regulada por 20-hidroxiecdisona (20E), pupas
ou o tegumento isolado de pupas foram expostos a diferentes tratamentos realizados in vivo (injeção de
pupas com 1 μg de 20E dissolvido em 1 μl de solução de etanol em salina de Ringer 1:3 v/v), ou in vitro
(incubação de tegumentos torácicos em meio de cultura contendo 1μg de 20E/ml). Em complementação
a estes experimentos de manipulação hormonal, pupas também foram submetidas a um procedimento de
ligadura na região que separa o tórax do abdome, com a finalidade de bloquear a passagem da hemolinfa
e isolar a cutícula abdominal da influência da ecdisona, liberada pelas glândulas protorácicas.
Resultados e discussão
Figura 3 - Abundância dos transcritos dos genes cuticulares AmelCPR14, AmelGRP e AmelCPR18
no tegumento abdominal de pupas submetidas a ligadura (L) no início do estágio pupal (fase Pw) em
comparação com pupas controles, não ligadas (NL). A expressão foi verificada 1, 2, 4, 5 e 6 dias (d) após
a ligadura abdominal. Pw e Pp são as sucessivas fases pupais e Pb, Pbl e Pbm correspondem às fases do
desenvolvimeto adulto-farato. Produtos de RT-PCR semiquantitativa analisados por eletroforese em gel
de agarose corado com brometo de etídeo. O gene da actina foi usado como normalizador.
Em abordagem experimental complementar, pupas iniciais foram injetadas com 20E para re-
tardar ou evitar o decaimento do título de ecdisteróides, e subseqüentemente a expressão de Amel-
CPR14 foi analisada. Este experimento demonstrou que a manutenção de alto título de ecdisteróides
endógenos impede o aumento dos níveis de transcritos AmelCPR14 nas abelhas adultas-faratas (Figu-
ra 4). Este resultado reforçou a hipótese de que o declínio do título de ecdisteróides é importante para
o aumento da atividade deste gene. Experimentos in vitro foram então realizados com a finalidade de
testar se a exposição do tegumento a uma concentração fisiológica de 20E, seguida de sua remoção,
induziria aumento da transcrição. Os resultados evidenciaram que o pulso de 20E capacita os genes
AmelCPR14 e AmelGRP, mas não o gene AmelCPR18, para alta expressão (Figura 5). Em conjunto,
os perfis temporais de expressão gênica e os resultados obtidos dos experimentos de manipulação
hormonal mostraram que o pulso de ecdisteróides é necessário para o aumento da atividade de Amel-
CPR14 e AmelGRP durante o processo de síntese e diferenciação da cutícula adulta de A. mellifera.
Figura 4 – Efeito da injeção de 20E sobre a expressão de AmelCPR14 no tegumento torácico: 1μg
de 20E foi injetado em pupas iniciais (Pw) e o nível de transcritos foi analisado após 18 e 48h, em compa-
ração com controles: sem intervenção (C) ou injetados com o solvente de 20E, etanol/Ringer (Et/R). (A)
Produto de RT-PCR analisado por eletroforese em gel de agarose corado com brometo de etídeo. O gene da
actina foi utilizado para controle da RT-PCR; (B) Quantificação do RNAm AmelCPR14 por RT-PCR em
Tempo Real usando três amostras independentes para cada grupo: C, Et/R, e 20E. Os resultados (média e
erro padrão), expressos como 2-ΔΔCT, foram calculados relativamente aos controles. O grupo tratado com
20E apresentou quantidade significativamente menor de transcritos que os grupos Et/R e C (P<0,001).
Et/R não difere de C (P>0,05). (One way ANOVA com comparações post-hoc utilizando-se Holm-Sidak
multiple comparison test. Software Jandel SigmaStat 3.1, Jandel Corporation, San Rafael, CA, USA).
Figura 5 – Níveis de transcritos AmelCPR14 (A), AmelCPR18 (B) e AmelGRP (C) em tegu-
mentos torácicos de pupas Pw incubados in vitro durante 6 h em meio de cultivo contendo 1μg de 20E
(por mL), ou incubados nestas mesmas condições mas em seguida reincubados por 15 ou 24 horas em
ausência de 20E (lavagem). Análise por RT-PCR, seguida de eletroforese em gel de agarose corado
com brometo de etídeo. O gene codificador de actina foi utilizado como normalizador. Note que a re-
moção do hormônio efetivada pela substituição do meio de cultura contendo 20E, por meio de cultura
sem 20E (lavagem), resulta em indução da expressão dos genes AmelCPR14 e AmelGRP.
Referências bibliográficas
Andersen SO (1998). Amino acid sequences studies on endocuticular proteins from the desert locust,
Schistocerca gregaria. Insect Biochem. Mol. Biol. 28, 421-434.
Andersen SO (2000). Studies on proteins in post-ecdysial nymphal cuticle of locust, Locusta migra-
toria, and cockroach, Blaberus craniifer. Insect Biochem. Mol. Biol. 30, 569-577.
Apple RT, Fristrom JW (1991). 20-Hydroxyecdysone is required for, and negatively regulates, tran-
scription of Drosophila pupal cuticle protein genes. Devel. Biol. 146, 569-582.
Ashburner M (1990). Puffs, genes and hormones revisited. Cell. 61, 1-3.
Braquart C, Bouhin H, Quennedey A, Delachambre J (1996). Up-regulation of an adult cuticular gene
by 20-hydroxyecdysone in insect metamorphosing epidermis cultured in vitro. Eur. J. Biochem.
240, 336-341.
Charles JP, Bouhin H, Quennedey B, Courrent A, Delachambre J (1992). cDNA cloning and deduced
amino acid sequence of a major, glycine-rich cuticular protein from the coleopteran Tenebrio
molitor: temporal and spatial distribution of the transcript during metamorphosis. Eur. J. Bio-
chem. 206, 813-819.
Hamodrakas SJ, Willis JH, Iconomidou VA (2002). A structural model of the chitinbinding domain of
cuticle proteins. Insect Biochem. Mol. Biol. 32, 1577–1583.
Hartfelder K, Bitondi MMG, Santana WC, Simões ZLP (2002). Ecdysteroid titer and reproduction
in queens and workers of the honey bee and of a stingless bee: loss of ecdysteroid function at
increasing levels of sociality? Insect Biochem. Mol. Biol. 32, 211-216.
Hiruma K, Hardie J, Riddiford LM (1991). Hormonal regulation of epidermal metamorphosis in
vitro: control of expression of a larval-specific cuticle gene. Dev. Biol. 144, 369-378.
Hiruma K, Riddiford LM (1990). Regulation of dopa decarboxylase gene expression in the larval
epidermis of the tobacco hornworm by 20-hydroxyecdysone and juvenile hormone. Dev. Biol.
138, 214-224.
Iconomidou VA, Willis JH, Hamodrakas SJ (2005). Unique features of the structural model of ‘hard’
cuticle proteins: implications for chitin–protein interactions and cross-linking in cuticle. Insect
Biochem. Mol. Biol. 35, 553–560.
Kucharski R, Maleszka J, Maleszka R (2007). Novel cuticular proteins revealed by the honey bee
genome. Insect Biochem. Mol. Biol. 37, 128–134.
Magkrioti CK, Spyropoulos IC, Iconomidou VA, Willis JH, Hamodrakas SJ (2004). cuticleDB: a
relational database of Arthropod cuticular proteins. BMC Bioinformatics 5, 138-143.
Noji T, Ote M, Takeda M, Mita K, Shimada T, Kawasaki H (2003). Isolation and comparison of
different ecdysone-responsive cuticle protein genes in wing discs of Bombyx mori. Insect Bio-
chem. Mol. Biol. 33, 671-679.
Pinto LZ, Hartfelder K, Bitondi MMG, Simões ZLP (2002). Ecdysteroid titers in pupae of highly
social bees relate to distinct modes of caste development. J. Insect Physiol. 48, 783-790.
Rebers JE, Riddiford LM (1988). Structure and evolution of a Manduca sexta larva cuticle gene ho-
mologous to Drosophila cuticle genes. J. Mol. Biol. 203, 411-423.
Rebers JE, Willis JH (2001). A conserved domain in arthropod cuticular proteins binds chitin. Insect
Biochem. Mol. Biol. 31, 1083-1093.
Soares MPM, Elias-Neto M, Simões ZLP, Bitondi MMG (2007). A cuticle protein gene in the honey
bee: expression during development and in relation to the ecdysteroid titer. Insect Biochem.
Mol. Biol. 37, 1272–1282.
Expressão de Caderinas em
Gônadas de Apis mellifera
Mônica M. Florecki; Klaus Hartfelder
Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, Universidade de São
Paulo – Ribeirão Preto, Brasil
Avenida Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14049-900
(16) 3602-4541 zeiflo@yahoo.com.br
Abstract
The gametogenesis in honeybees initiates with the division of a germline stem cell that generates a
new stem cell and a cystoblast committed to the differentiation process. Each cystoblast undergoes suc-
cessive mitotic divisions to form a cyst of germ cells connected by intercellular bridges. In oogenesis the
germ cells subsequently differentiate into oocyte and nurse cells. Studies in Drosophila ovarioles and
testioles revealed that E-cadherin is important to anchor the germline stem cells at the top of the germa-
rium. Mutants for shotgun, the gene which encodes E-cadherin, fail to maintain the process of oogen-
esis. These results prompted us to study the expression and localization of cadherins in Apis mellifera
gonads. Immunolabeling experiments using pan-cadherin antibodies in immunofluorescence protocols
were performed in ovaries of adult queens and in testes of drone larvae. Cadherins were visualized in
the cytoplasm and in nuclear focal points of germ and somatic cells all across the testioles and ovarioles.
These results evidence that cadherins may have additional roles besides intercellular adhesion such as
signaling between the cell surface and the nucleus. Studies of classic cadherins and protocadherins ex-
pression were performed also. The transcripts of shotgun, starry night, N-cadherin, fat and fat-like genes
were detected in ovaries and testes indicating that not only classic cadherins but also protocadherins
may have a role in Apis mellifera gametogenesis, although we can’t identify which.
Introdução
no grupo (Gutzeit et al., 1993), enquanto as outras células se diferenciam em células trofocíticas poliplóides.
Superficialmente, a roseta é coberta por células somáticas que formam um epitélio folicular. Durante a fase
pré-vitelogênica de abelhas melíferas, uma constrição aparece entre o ovócito e a câmara trofocítica para
formação de uma abertura central que permite, posteriormente, a passagem do conteúdo citoplasmático
dos trofócitos para o ovócito (Snodgrass, 1956). Mas antes da regressão das células trofocíticas, formam-se
espaços entre as células foliculares para passagem, a partir da hemolinfa, de vitelogenina que será absorvida
pelo ovócito durante a vitelogênese (Fleig et al., 1991). Na última fase da ovogênese o ovócito é recoberto
pelo córion, uma secreção das células foliculares, para posteriormente ser liberado no oviduto.
Superfamília de Caderinas
A superfamília de caderinas é composta por glicoproteínas transmembranas responsáveis pela
adesão intercelular mediada por íons Ca+2 (Kemler et al., 1977; Takeichi, 1977; Hyafil et al., 1980;
Hirano et al., 1987). Os membros mais conhecidos pertencem ao grupo de caderinas clássicas como
E-caderina (epitélio) e N-caderina (células neuronais), assim nomeadas em função dos tecidos nos
quais foram encontradas inicialmente (Bertolotti et al, 1980; Nose & Takeichi, 1986). Caderinas clás-
sicas apresentam uma região extracelular, porção transmembrana unipasso em α-hélice e domínio cito-
plasmático conservado. A região extracelular contém cinco repetições às quais se ligam os íons Ca+2
que protegem a proteína da degradação (Takeichi, 1977; Hatta et al., 1988). A adesão intercelular é do
tipo homofílica e mediada, em E-caderinas, pela primeira repetição da região extracelular conforme
observado por Tomschy et al. (1996). Primeiramente é formado um dímero na superfície de uma cé-
lula, para posterior associação de dois dímeros de células adjacentes que originarão um tetrâmero.
Outros grupos que compõem a superfamília de caderinas são as glicopreteínas desmossomais
que interagem com filamentos intermediários, as protocaderinas que apresentam seis repetições ex-
tracelulares, Fat com trinta e quatro repetições extracelulares e Flamingo ou Starry Night com sete
domínios transmembrana e nove repetições extracelulares.
observados com mutações no gene shotgun, que codifica E-caderina, como a impossibilidade de mi-
gração do ovócito para a região posterior do folículo (Peifer et al., 1993). Esses estudos mostram a
importância das junções formadas por caderinas na gametogênese de Drosophila, que asssim como
Apis mellifera, apresenta ovário meroístico politrófico.
Objetivos
Materiais e Métodos
Abelhas
Neste trabalho foram utilizadas abelhas rainhas adultas, virgens e acasaladas, após confinamen-
to em colméias tipo recria entre 3 e 25 dias e larvas de zangão na fase L5F3 (peso entre 270 e 400mg)
da espécie Apis mellifera do Apiário Experimental do Departamento de Genética da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
Imunofluorescência
As gônadas foram removidas em Ringer e posteriormente fixadas em paraformaldeído 4% di-
luído em PBS(100mM; pH 7.4) por uma hora a temperatura ambiente. A permeabilização das mem-
branas foi feita com PBST (Triton X-100 2%) e o bloqueio dos sítios inespecíficos foi realizado por
imersão de 1 hora em BSA (1%) e 1 hora em PBSBT (BSA 0.1%; soro não-imune de cabra 10%).
Para imunofluorescência foi utilizado anticorpo primário policlonal anti-pan-caderina produzido
em coelho. No primeiro experimento o anticorpo foi diluído a 1:100 em PBST-BSA (0.1%) e no segun-
do a 1:25 em PBST-BSA (0.1%). A incubação em anticorpo primário foi feita durante 24 horas a 4°C.
Após as lavagens com PBS e PBST foi feita a incubação em anticorpo secundário por 3 hor-
as a temperatura ambiente. O anticorpo secundário era fragmento F(ab’) de anticorpo policlonal
anti-IgG de coelho, produzido em ovelha e conjugado à Cy3 (Sigma). A diluição do anticorpo
secundário foi de 1:1000 em PBST-BSA (0.1%) no primeiro experimento e 1:300 no segundo.
Para marcação nuclear no segundo experimento,as gônadas foram incubadas durante 30 minu-
tos com Hoechst (0.05μg/ml) em PBST e as lâminas foram montadas em glicerol e n-propilgalato
(glicerol 90%; n-propilgalato 3%; PBS 0.1M). As análises foram realizadas por microscopia laser
confocal - Sistema Leica TCS-SP5 e TCS-SP2, respectivamente (Departamento de Biologia Celular
e Molecular e Bioagentes Pategênicos, FMRP-USP).
Resultados
Imunofluorescência
No primeiro experimento foi possível observar marcação para caderinas em células do filamento
terminal, consideradas como possíveis células-tronco da linhagem germinativa (Tanaka, 2002; Tanaka &
Hartfelder, 2004). São células que se encontram intercaladas entre as células somáticas e apresentam con-
teúdo citoplasmático reduzido, em contraste com os núcleos grandes (Tanaka, 2002). A imunomarcação
perinuclear para caderinas evidencia o aspecto arredondado dessas células (Figura 3A), ao contrário das
células somáticas que são achatadas. Um foco nuclear de caderinas também foi detectado, provavelmente
co-localizado com o nucléolo das células (Figura 3A). No início da formação dos folículos pré-vitelogêni-
cos as células trofocíticas e os ovócitos apresentam marcação distribuída por todo o citoplasma, (Figura
3B), assim como alguns pontos de concentração de caderinas nos núcleos das células trofocíticas.
Folículos pré-vitelogênicos mais adiantados, com células foliculares rodeando os ovócitos, também
possuem marcação citoplasmática ao redor dos núcleos tanto nas células germinativas quanto nas somáti-
cas (Figura 3C) e esse padrão se mantém ao longo do ovaríolo, mesmo após a separação entre a câmara do
ovócito e a câmara trofocítica e o total envolvimento do ovócito pelas células foliculares (Figura 3D).
Testíolos de larvas de zangão na fase L5F3 também foram preparados para o primeiro experi-
mento e apresentaram marcação ao longo dos túbulos (Figura 6A). O padrão observado para localiza-
ção das caderinas não permite distinguir as células ou identificá-las (Figura 6B), mas a imunomarca-
ção provavelmente está distribuída no citoplasma das células germinativas e somáticas e concentrada
em alguns pontos nucleares ao longo dos testíolos (Figura 6B).
Testíolos também foram analisados no segundo experimento. Na região do germário, as ca-
derinas são visualizadas de forma nitidamente agregada por todo o citoplasma das espermatogônias
(Figura 6C). Nos núcleos, são observados alguns focos de marcação mais intensa, mas analisando
a imagem não se pode saber se estão localizados dentro ou ao redor dos núcleos. Prosseguindo em
direção à região posterior dos túbulos, o padrão de marcação citoplasmática permanece o mesmo,
distinção das células somáticas e germinativas (Figura 6D).
Figura 7: Detecção por PCR convencional dos transcritos de shotgun, starry night, N-caderina,
fat e fat-like em ovários de rainhas adultas e testículos de zangões na fase larval L5 F3. Os números
abaixo das bandas representam os pares de primers utilizados, cuja numeração segue a seqüência
presente em Materiais e Métodos.
Discussão
Poucos trabalhos foram publicados a respeito da localização e do papel das caderinas em inver-
tebrados para que possamos estabelecer uma comparação com os resultados obtidos. A espécie mais
estudada certamente é Drosophila melanogaster na qual a importância das caderinas foi observada em
diversos processos, entre eles, a ovogênese. Entretanto, os estudos mostram a localização de caderinas
na superfície celular e os efeitos decorrentes da perda de adesão entre as células, diferindo de nossas aná-
lises que evidenciam localização diferenciada de caderinas em gônadas de Apis mellifera. Como nossos
experimentos foram realizados com anticorpos policlonais pan-caderina, não surpreende que o padrão
apresentado seja diferente do de Drosophila. Raras são as imunomarcações específicas para E-caderina
que demonstrem a dispersão da proteína por todo o citoplasma. Um exemplo é o embrião humano, cujas
células, até o quarto dia de desenvolvimento, apresentam marcação citoplasmática (Alikani, 2005). No
quarto dia, a marcação é deslocada para áreas de contato intercelular, um passo considerado fundamental
para que ocorra a compactação do embrião (Alikani, 2005). Outro exemplo é a aranha marrom, Loxo-
sceles intermedia, cujos ovócitos nos estágios iniciais apresentam caderinas localizadas ao redor dos
núcleos e posteriormente, nos estágios mais avançados, distribuídas por todo o citoplasma (Morishita,
2003). A autora sugere que as caderinas têm função de “pool” materno a ser utilizado no início da ovogê-
nese. O mesmo poderia ser sugerido para Apis mellifera, porém, o padrão de localização citoplasmática
das caderinas é observado tanto nos ovaríolos quanto nos testíolos analisados e não somente em células
germinativas, mas também em células somáticas, como as situadas na bainha peritoneal. O padrão de
distribuição parece ser o mesmo independente do tipo celular ou do sexo.Uma hipótese seria a de que
caderinas apresentam alguma outra função nas células além da adesão intercelular, embora não possamos
dizer qual. A detecção de caderinas nos núcleos das células parece confirmar essa hipótese.
Outra possibilidade é que as caderinas reconhecidas não sejam proteínas inteiras, mas talvez apenas
a porção citoplasmática, conforme observado em imunomarcações para Fat1 humana em células HeLa e
HEK293 que demonstraram a presença do domínio citoplasmático da proteína endógena no nucleoplasma
das células, enquanto uma proteína quimérica com o mesmo domínio citoplasmático, fusionado a GFP, foi
detectada nos nucléolos e em estruturas nucleares pontuais que lembram “speckles” (Magg et al., 2005).
Os resultados obtidos são corroborados pela presença de um motivo encontrado perto da região N-terminal
do domínio citoplasmático e cuja seqüência parece determinar localização nuclear. Uma possível explica-
ção para a localização de Fat1 seria o envolvimento da proteína em uma via de sinalização entre o núcleo
e a membrana plasmática, assim como para a localização de caderinas em gônadas de Apis mellifera.
No filamento terminal de rainhas virgens de Apis mellifera, actina foi visualizada pontualmente
nos núcleos de algumas células, aparentemente co-localizada com os nucléolos (Tanaka & Hartfelder,
2004). Imunolocalização para β-tubulina, ao contrário, apresenta um padrão mais próximo ao obser-
vado para caderinas, com marcações no citoplasma perinuclear e nos núcleos tanto das células ger-
minativas quanto das somáticas observadas ao longo dos ovaríolos (Tanaka & Hartfelder, 2004). Os
resultados indicam funções alternativas, além da adesão intercelular, para proteínas do citoesqueleto
nos núcleos de diferentes tipos celulares em Apis mellifera.
Algumas diferenças entre as marcações nucleares podem ser notadas entre os experimentos de
imunofluorescência. No primeiro experimento os pontos focais nucleares são claramente visualizados
nas células dos testíolos, conforme observado em imunodetecção por peroxidase, enquanto no segundo
experimento as marcações parecem ser mais escassas ao longo dos túbulos. Provavelmente as diferenças
entre os resultados obtidos são conseqüência da afinidade ente cada anticorpo primário e caderinas.
Referências Bibliográficas
Alikani M (2005). Epithelial cadherin distribution in abnormal human pre-implantation embryos. Hu-
man Reproduction, 20:3369 – 3375.
Bertolotti R, Rutishauser U, Edelman GM (1980). A cell surface molecule involved in aggregation of
embryonic liver cells. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America, 77:4831 – 4835.
Büning J (1994).The insect ovary. Chapman and Hall, London.
Büning J (2006). Ovariole structure supports sistergroup relationship of Neuropterida and Coleop-
tera. Arthropod Systematics and Phylogeny, 64:115 – 126.
Castillejo-López C, Arias WM, Baumgartner S (2004). The fat-like gene of Drosophila is the true
orthologue of vertebrate fat cadherins and is involved in the formation of tubular organs. Jour-
nal of Biological Chemistry, 279:24034 – 24043.
Cruz-Landim C (2004). Biologia do desenvolvimento em abelhas. Rio Claro. http://www.rc.unesp.
br/ib/biologia/Cap2.pdf
Fleig R., Gutzeit HO, Engels W (1991). Structural organization of ovarian follicle cells in the cotton bug
(Dysdercus intermedius) and the honeybee (Apis mellifera). Cell Tissue Research, 265:297 – 305.
Godt D, Tepass U (1998). Drosophila oocyte localization is mediated by differential cadherin-based
adhesion. Nature, 395:387 – 391.
Gonzáles-Reyes A, St Johnston D (1998). The Drosophila AP axis is polarised by the cadherin-medi-
ated positioning of the oocyte. Development, 125:3635 – 3644.
Gutzeit HO, Zissler D, Fleig R (1993). Oogenesis in the honeybee Apis mellifera: cytological obser-
vations on the formation and differentiation of previtellogenic ovarian follicles. Roux’s Archive
of Developmental Biology, 202:181–191.
Hatta K, Nose, A, Takeichi M (1988). Cloning and expression of cDNA enconding a neural calcium-
dependent cell adhesion molecule: its identity in the cadherin gene family. Journal of Cell Biol-
ogy, 106:3525 – 3534.
Hirano S, Nose A, Hatta K, Kawakami A, Takeichi M (1987). Calcium-dependent cell-cell adhesion
molecules (cadherins): subclass specificities and possible involvement of actin bundles. Jour-
nal of Cell Biology, 105:2501 – 2510.
Hoage TR, Kessel RG (1968). An electron microscope study of the process of differentiation during
spermatogenesis in the drone honey bee (Apis mellifera L.) with special reference to centriole
replication and elimination. Journal of Ultrastructure, 24:6 – 32.
Hyafil HF, Morello D, Babinet C, Jacob F (1980). A cell surface glycoprotein involved in compaction
of embryonal carcinomal cells and cleavage stage embryos. Cell, 21:927 – 934.
Kemler R, Babinet C, Eisen H, Jacob F (1977). Surface antigen in early differentiation. Proceedings
of the National Academy of Sciences of the United States, 74:4449 – 4452.
King RC (1970). Ovarian development in Drosophila melanogaster. Academic Press, New York.
King R C, Büning J (1985). The origin and functioning of insect oocytes and nurse cells. In: G.A.
Kerkut, L.I. Gilbert, Comprehensive Insect Physiology Biochemistry and Pharmacology, Lon-
don: Pergamon Press, 1:37-82.
King FJ, Szakmary A, Cox DN, Lin H (2001). Yb modulates the divisions of both germline and so-
matic stem cells through piwi- and hh-mediated mechanisms in the Drosophila ovary. Molecu-
lar Cell, 124:497 – 508.
Magg T, Schreiner GPD, Solis EGB, Hofer HW (2005). Processing of the human protocadherin
Fat1 and translocation of its cytoplasmic domain to the nucleus. Experimental Cell Research,
307:100 – 108.
Morishita R (2003). Estudo das interações entre ovócitos e células foliculares no ovário da aranha
marrom, Loxosceles intermedia. Dissertação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
Nose A, Takeichi M (1986). A novel cadherin adhesion molecule: Its expression pattern associated with
implantation and organogenesis of mouse embryos. Journal of Cell Biology, 163:2649 – 2658.
Peifer M, Wieschaus E (1990). The segment polarity gene armadillo encodes a functionally modular
protein that is the Drosophila homolog of human plakoglobin. Cell, 63:1167 – 1178.
Peifer M, Orsulic S, Sweeton D, Wieschaus E (1993). A role for the Drosophila segment polarity gene ar-
madillo in cell adhesion and cytoskeletal integrity during oogenesis. Development, 118:1191 – 1207.
Snodgrass RE (1956). Anatomy of the honey bee. Cornell University Press, London.
Spradling, A.; Drummond-Barbosa, D.; Kai, T. (2001) Stem cells find their niche. Nature, 414:98 – 104.
Song X, Zhu C, Doan C, Xie T (2002). Germline stem cells anchored by adherens junctions in the
Drosophila ovary niches. Science, 296:1855 -1857.
Takeichi M. (1977). Functional correlation between cell adhesive properties and some cell surface
proteins. Journal Of Cell Biology, 75:464 – 474.
Tanaka ED (2002). Das células-tronco ao ovócito: fases iniciais da ovogênese nas castas em Apis
mellifera. Dissertação, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
Tanaka ED, Hartfelder K (2004). The initial stages of oogenesis and their relation to differential fertil-
ity in the honey bee (Apis mellifera) castes. Arthropod Structure & Development, 33:431 – 442.
Tomschy A, Fauser C, Landwehr R, Engel J (1996). Homophilic adhesion of E-cadherin occurs by a
co-operative two-step interaction of N-terminal domains. EMBO Journal, 15:3507 – 3514.
Tozetto SO (1997). Hormonelle Steuerung in der Entwicklung von Drohnen (Apis mellifera carnica).
Dissertation, Eberhard-Karls Universität Tübingen, Tübingen.
Yamashita YM, Jones DL, Fuller MT (2003). Orientation of asymmetric stem cell division by the
APC tumor suppressor and centrosome. Science, 301:1547 – 1550.
Zhu H, Luo L (2004). Diverse functions of N-cadherin in dendritic and axonal terminal arborization
of olfactory projection neurons. Neuron, 42:63 – 75.
Abstract
The insulin/insulin-like signaling (IIS) pathway is an evolutionarily conserved module in the con-
trol of body size and correlated organ growth in metazoans. In the highly eusocial bees, the caste pheno-
types differ not only in size and several structural features but also in individual fitness and life history.
We investigated the developmental expression profiles of genes encoding the two insulin-like peptides
(AmILP-1 and AmILP-2) and two insulin receptors (AmInR-1 and AmInR-2) predicted in the honeybee
genome. Quantitative PCR analysis for queen and worker larvae in critical stages of caste development
showed that AmILP-2 is the predominantly transcribed ILP in both castes, with higher expression in
worker than in queens. Expression of both InR genes sharply declined in fourth instar queen larvae,
but showed little modulation in workers. On first sight, these findings are non-intuitive, considering the
higher growth rates of queens, but they can be interpreted as possibly antagonistic crosstalk between
the IIS module and juvenile hormone. Analyzing AmInR-1 and AmInR-2 expression in ovaries of queen
and worker larvae revealed low transcript levels in queens and a sharp drop in AmInR-2 expression in
fifth instar worker larvae, indicating relative independence in tissue-specific versus overall IIS pathway
activity.
Introdução
Em uma colméia de Apis mellifera encontram-se duas castas fêmeas, operárias e rain-
has, que são distintas quanto a morfologia, anatomia, fisiologia, longevidade e comportamento
(Page and Peng, 2001) oque pode garantir uma maior eficiência na execução das suas respectivas
tarefas: reprodutivas (rainha) e manutenção da colônia (operárias). As diferenças morfológicas e
fisiológicas são definidas durante os primeiros três dias e meio de vida larval por fatores externos,
especialmente a nutrição (Rembold and Hanser, 1964; Weaver, 1975). A alimentação diferencia-
da em qualidade e quantidade das larvas de operárias e rainhas gera ambientes distintos dentro
dos organismos de cada casta oque causa respostas diferenciais neuroendócrinas (Wilde, 1976),
endócrinas (Hartfelder and Engels, 1998) e transcricionais (Evans and Wheeler, 2000; Cristino et
al., 2006) que levam ao desenvolvimento de dois fenótipos distintos nas fêmeas adultas.
Conforme os modelos estudados até agora, a expressão de fenótipos alternativos em insetos
é, na sua maioria, dependente de fatores ambientais que são traduzidos em respostas específicas do
sistema endócrino, principalmente nos títulos de HJ e de ecdisteróides (Ecd) (para revisão ver: Dingle
and Winchell, 1997; Hartfelder, 2000a; Hartfelder, 2000b; Hartfelder and Emlen, 2005). No entanto,
nem todas as respostas observadas podem ser explicadas com relação a esses dois hormônios as quais
deixam lacunas quanto a integração dos sinais extrínsecos (alimentação) com as respostas intrínsecas
(neuroendócrinas, endócrinas e transcricionais).
O módulo de sinalização insulina-receptor de insulina (IIS) representa um dos mais antigos e
evolutivamente conservados sistemas de sinalização no controle do crescimento de metazoários e
está relacionado a diferentes processos como: crescimento e proliferação celular, regulação do en-
velhecimento, metabolismo energético e fertilidade (Brogiolo et al., 2001; Oldham and Hafen, 2003;
Stern, 2003). De um modo geral, o módulo IIS reage a alterações em concentrações de nutrientes,
principalmente açucares, e as traduzem em respostas adequadas de acordo com o tecido e a fase da
vida do organismo.
Estudos em insetos mostraram que a insulina e peptídeos similares à insulina são produzidos
por células neurosecretoras do cérebro em resposta a alimentação (Wu and Brown, 2006). A via de
sinalização IIS participa de eventos como crescimento e proliferação celular, regulação do envel-
hecimento, metabolismo energético e fertilidade os quais são sabidamente distintos entre as castas
de Apis mellifera oque intuitivamente leva à suspeita do papel da via IIS como um dos componentes
de sinalização chave envolvidos na integração do estímulo ambiental com as respostas intrínsecas
características de cada casta.
Nos últimos dois anos, tal suspeita vem se demonstrando realidade e o papel da via IIS no
processo de diferenciação de castas está sendo colocado à tona. Wheeler e colaboradores (2006)
analisando por qPCR os genes codificadores para o peptídeo insulínico 1 (AmILP-1, GB17332), para
o peptídeo insulínico 2 (AmILP-2, GB10174) e para o receptor de insulina-2 (AmInR-2, GB 18331)
durante o segundo, terceiro e quarto instars larvais em amostras de operárias e rainhas submetidas
a transferências recíprocas, as influências de cada tipo de nutrição na transcrição dos componentes
da via IIS. Wheeler e colaboradores (2006) observaram que os níveis de transcrição dos mRNAs
dos genes AmILP-1, AmILP-2 e AmInR-2 variavam de acordo que o meio onde as larvas eram pos-
tas. Corona e colaboradores (2007) demonstraram diferenças na expressão de AmILP-1 na cabeça
de operárias e rainhas de diferentes idades e verificaram que em rainha ocorre uma diminuição na
sinalização IIS no sentido de aumentar o tempo de vida, enquanto que em operárias foi observado o
contrário, pois a expressão de AmILP-1 aumentou cerca de dez vezes nas operárias de um mês. Patel
e colaboradores (2007) verificaram após tratamento de larvas de abelhas com RNAi e com o farmaco
rapamicina (o inibidor de TOR) que a elevada atividade do gene TOR está relacionada com o destino
das larvas em se tornarem rainhas.
No presente estudo investigamos de maneira mais aprofundada os níveis de transcritos dos
genes codificadores dos peptídeos de sinalização insulínicos (AmILP-1 e AmILP-2) e dos receptores
(AmInR-1, GB15492, e AmInR-2) em larvas de rainhas e operárias, focando principalmente nos quar-
tos e quintos intars larvais onde ocorrem os maiores períodos de crescimento e a entrada na metamor-
fose. Adicionalmente, verificamos a transcrição dos componentes da via IIS em amostas de ovários e
as comparamos com as amostras de corpo inteiro.
Material e Métodos
Utilizamos nesse trabalhos larvas de operárias e rainhas de abelhas Apis mellifera afri-
canizadas mantidas em nosso apiário mantido junto ao departamento de genética da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto-USP. As larvas de operárias, coletadas diretamente dos quadros
das colméias, e as rainhas, obtidas por transfêrencias de larvas no primeiro instar, foram clas-
sificadas de acordo com o peso e tamanho do diâmetro da cápsula celálica seguindo critério de
Michelette e Soares (1993) estabelecido para abelhas africanizadas. Os larvas pós tecelagem
do cásulo e pré-pupas foram classificados de acordo com critérios morfológicos definidos por
Rachinsky e colaboradores (1990) e as pupas foram classificadas de acordo com a coloração
dos olhos e pigmentação do corpo (Rembold et al.,1980). As amostras foram homogeneiza-
das em TRIzol (Invitrogen) e a extração seguiu-se de acordo com o protocolo para extração
de RNA total indicado pelo fabricante. Os RNAs obtidos foram tratados com DNAse para
remover possíveis contaminações e a síntese da primeira fita de cDNA ocorreu a partir de
2,5µg de RNA para as amostras de corpo inteiro e 0,9µg de RNA para as amostras de ovários
as quais foram incubadas com a enzima transcriptase reversa SuperscriptII (Invitrogen) e com
primers Oligo(dT)12-18. Os produtos da reação (o perfil genômico de cDNA) foram utilizados
para as amplificações por qPCR. Os primers utilizados para os genes codificados dos peptídeos
insulínicos AmILP-1 e AmILP-2 e AmInR-2 foram previamente validados por Wheeler e co-
laboradores (2006) e o par de primers do gene codificador do receptor de insulina 1 (AmILP1)
validado por (Azevedo and Hartfelder, 2008). Como controle endógeno utilizamos o gene da
proteína ribossomal 49, já validado por Lourenço e colaboradores (2008). Os estudos de PCR
quantitativa (Real Time) foram perfomados usando-se a metodologia SYBR Green (Applied
Biosystems) no sistema Real Time PCR 7500 (Applied Biosystems). A específicidade dos
produtos foram checadas por curva de melting e a verificação do tamanho do fragmento em gel
de Agarose 1,2%. A eficiência dos primers foram verificadas através de PCRs com diluíções
seriais de 1:10 de amostras de cDNA e considerados satisfatórios apenas os pares de primers
que com um coeficiente r>0,95 e valores E próximo de 2. Todas as reações foram realizadas em
triplicatas. Para obtenção dos valores de ΔC T (quantificação relativa) utilizados na confecção
dos gráficos seguimos a metodologia Pfaffl (2001). Para validar os dados estatísticamente uti-
lizamos do teste ANOVA two-ways seguida da correção de Bonferroni.
Resultados
Fig. 1. Análise por PCR quantitavia dos genes codificadores dos peptídeos insulínicos:
AmILP-1 e AmILP-2 no desenvolvimento de castas em abelhas. O período estudado cobre do
terceiro instar até o final do estágio de alimentação no quinto instar larval de rainhas e operárias.
O painel à esquerda (A) compara os níveis de transcrição de AmILP-1 e AmILP-2 separadamente
para cada casta. O painel à direita (B) compara a modulação dos níveis de transcrição de cada gene
codificador de ILP entre as castas. Foram analisadas três amostras independents em cada estágio
do desenvolvimento em triplicatas e normalizadas para a proteína ribossomal RP49. Representan-
do as médias ± SEM das amostras. As diferenças estatisticamente significativas foram indicadas
por asterisco (ANOVA, Bonferroni post hoc test, * P < 0.05, ** P < 0.01, *** P < 0.001).
Fig. 2 Análise por PCR quantitiativa dos genes codificadores dos receptores de insulina:
AmInR-1 e AmInR-2 no desenvolvimento de castas em abelhas. O período estudado cobre o terceiro
instar até o final do estágio de alimentação no quinto instar larval de rainhas e operárias. O painel
à esquerda (A) compara os níveis de transcrição dos AmInR-1 e AmInR-2 separadamente para cada
casta. O painel à direita (B) compara a modulação dos níveis dos transcritos de cada gene InR entre as
castas. Foram analisadas três amostras independents em cada estágio do desenvolvimento em triplica-
tas e normalizadas para a proteína ribossomal RP49. Representando as médias ± SEM das amostras.
As diferenças estatisticamente significativas foram indicadas por asterisco (ANOVA, Bonferroni post
hoc test, * P < 0.05, ** P < 0.01, *** P < 0.001).
Transcrição dos genes codificadores dos receptores de insulina em ovários de operárias e rainhas
Uma vez que o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos é um fator crucial na divisão de tra-
balho entre rainhas e operárias de insetos sociais, nós investigamos a trascrição dos dois receptores
de insulina (AmInR-1 e AmInR-2) nos ovários de larvas. Iniciamos nossas análises no quarto instar
larval e estendemos até o final do desenvolvimento pré-pupal, uma vez que é nesse período de tempo
que o número de ovaríolos primordiais é reduzido pelo programa de morte celular (Schmidt-Capella
and Hartfelder, 1998). Uma vez que essas análises foram realizadas com um pool de ovários de or-
ganismos no mesmo estágio em uma única amostra, não realizamos análises estatísticas.
As análises dos transcritos para os receptores de insulina em ovários demonstraram que ambos
receptores diferem drasticamente em seus padrões (Figura 3). Os níveis de AmInR-1 em ambas as
castas demonstraram um aumento durante a fase prépupal, sendo que esse aumento foi mais gradual
em ovários de operárias do que no de rainhas. Uma paisagem completamente diferente foi obser-
vada para os transcritos de AmInR-2. Para esse receptor, o nível de transcrição em ovários de rainhas
variou muito pouco ao longo das fases analisadas, já o padrão de transcrição observado para ovários
de operárias apresentou uma alta transcrição durante o quarto instar, seguida de um drástica redução
em L5F3. Embora pouco conclusivas essas diferenças estímulam estudos mais aprofundados sobre a
regulação tecido específica da via IIS ao longo desses estágios de desenvolvimento.
Fig. 3 Análise por PCR quantitiativa dos genes codificadores dos receptores de insulina:
AmInR-1 e AmInR-2 em ovários de operárias e rainhas. (A) níveis de transcrição relativa para o gene
AmInR-1 e (B) níveis de transcrição relativa para o gene AmInR-2. As amostras análisadas incluem
o quarto instar larval e o final do período pré-pupal. As barras representam os valores da expressão
relativa de simples amostras por estágio do desenvolvimento, consistindo cada amostra de um pool
de cDNA preparado a partir de 8-12 pares de ovários de rainhas e operárias.
Discussão
Fazendo uso de predições dos genes relacioanados à via IIS obtidos a partir do sequenciamento
do genoma de abelhas (The Honey Bee Genome Sequencing Consortium 2006), nós analisamos nesse
trabalho os perfis de transcrição temporal de quatro genes relacionados à via IIS durante os estágios
de desenvolvimento pós-embrionário de rainhas e operárias. Nosso estudo estende os dados obtidos
por Wheeler e colaboradores (2006) sobre os perfís de transcrição de dois genes codificadores para os
peptídeos insulínicos (ILPs) e do gene codificador do receptor de insulina 2 (AmInR-2). Em adição, nós
dade predominante é o crescimento celular (Schmidt-Capella and Hartfelder, 1998). Além do mais,
ficou claro que o padrão de transcrição para os receptores de insulina apresenta características tecido
específica quando comparada ao perfil de transcrição das amostras de corpo inteiro. Tal característica
evidencia de maneira adicional a complexidade no controle do tamanho dos órgãos durante o desen-
volvimento de castas em Apis mellifera. De maneira interessante, um estudo recente dos níveis de tran-
scritos do receptor de insulina em operárias adultas (Ament et al., 2008) revelou também um padrão de
transcrição tecido específico quando comparadas amostras do cérebro e abdomen de nutridoras com o
de forrageiras, refletindo que há um status nutricional diferente nos dois estágios de vida.
Em conclusão, os resultados obtidos por qRT-PCR revelaram diferenças não intuitivas nos níveis
dos transcritos dos dois peptídeos insulínicos e dos dois receptores de insulina nos estágios de maior
crescimento do corpo de larvas de rainhas e operárias. Nós esperavamos uma relação positiva entre os
componentes da via IIS e o crescimento acentuado em larvas de rainha, como sugerido para a via TOR
(Patel et al., 2007). A observação da diminuição na transcrição dos receptores de insuilna abre espaço
para novas considerações das possiveis interações existentes na via IIS, como o feedback via FOXO
(Puig et al., 2003), assim como as relações entre a via IIS e os hormônios morfogenéticos, particular-
mente em insetos que exibem plasticidade fenotípica, como as castas em insetos sociais. Tais considera-
ções vêm emergindo a partir de estudos do crescimento em Drosophilas mutantes para genes da via IIS
na glândula protorácica (Colombani et al., 2005). Conexões entre o hormônio juvenil e a via IIS vem
sendo estabelecidas, principalmente, no campo da reprodução e envelhecimento em D. Melanogaster
(Flatt et al., 2005; Tu et al., 2005). Em abelhas tais conexões estão sendo agora direcionadas para o
contexto de diferenças quanto a reprodução e envelhecimento entre operárias e rainhas (Corona et al.,
2007; Grozinger et al.,2007; Page & Amdam, 2007) e principalmente, evidências para uma atípica
regulação da sinalização via IIS nos insetos sociais estão emergindo a partir de estudos de transcrição
por qRT-PCR de genes codificadores dos peptídeos insulínicos e dos receptores de insulina em operárias
nutridoras e forrageiras em relação à estação do ano e seu status nutricional (Ament et al., 2008).
Bibliográfia
Ament SA, Corona M, Pollock HS, Robinson GE (2008). Insulin signaling is involved in the regula-
tion of worker division of labor in honey bee colonies Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America 105: 4226-4231.
Azevedo SV and Hartfelder H (2008). The insulin signaling pathway in honeybee (Apis mellif-
era) caste development-differential expression of insulin-like peptides and insulin recep-
tors in queen and worker larvae. Journal of Insect Physiology (aceito para publicação em
11 de abril de 2008).
Brogiolo W, Stocker H, Ikeya T, Rintelen F, Fernandez R, Hafen E (2001). An evolutionarily con-
served function of the Drosophila insulin receptor and insulin-like peptides in growth control.
Current Biology 11: 213-221.
Colombani J, Bianchini L, Layalle S, Pondeville E, Dauphin-Villemant C, Antoniewski C, Carre C,
Noselli S, Leopold P (2005). Antagonistic actions of ecdysone and insulins determine final size
in Drosophila. Science 310: 667-670.
Corona M, Velarde RA, Remolina S, Moran-Lauter A, Wang Y, Hughes KA, Robinson GE (2007).
Vitellogenin, juvenile hormone, insulin signaling, and queen honey bee longevity. Proc. Natl.
Acad. Sci. U.S.A. 104: 7128-7133.
Cristino AS, Nunes FMF, Lobo CH, Bitondi MMG, Simões ZLP, Costa LF, Lattorff HMG, Moritz
RFA, Evans JD, Hartfelder K (2006). Caste development and reproduction: a genome-wide
analysis of hallmarks of insect eusociality. Insect Molecular Biology 15: 703–714.
Dingle H and Winchell R (1997). Juvenile hormone as a mediator of plasticity in insect life histories.
Archive of Insect Biochemistry and Physiology 35: 359-373.
Evans JD, Wheeler DE (2000). Expression profiles during honeybee caste determination. Genome
Biology 2.1, 6 pages, http:// genomebiology.com/2000/2/1/research/0001.1.
Flatt T, Tu MP, Tatar M (2005). Hormonal pleiotropy and the juvenile hormone regulation of Dro-
sophila development and life history. Bioessays 27: 999-1010.
Grozinger CM, Fan YL, Hoover SER, Winston ML (2007). Genome-wide analysis reveals differ-
ences in brain gene expression patterns associated with caste and reproductive status in honey
bees (Apis mellifera). Molecular Ecology 16: 4837-4848.
Hartfelder K and Engels W (1998). Social insect polymorphism: hormonal regulation of plasticity in de-
velopment and reproduction in the honeybee. Current Topics in Developmental Biology 40: 45-77.
Hartfelder K (2000a). Insect juvenile hormone: from “status quo” to high society. Brazilian Journal
of Medical and Biological Research 33: 157-177.
Hartfelder K (2000b). Arthropoda-Insecta: Caste differentiation Reproductive Biology of Inverte-
brates 10B: 185-204.
Hartfelder K and Emlen DJ (2005). Endocrine control of insect polyphenisms. In: Gilbert, L. I., K.
Iatrou, S. J. Gill (Eds.), Comprehensive Insect Molecular Science. Vol. 3, Elsevier, Oxford,
pp. 651-703.
Haydak HM (1970). Honey bee nutrition. Annual Review of Entomolgy 15: 143-156.
Lourenço AP, Makert A, Cristino AS, Simoes ZLP (2008). Validation of reference genes for gene
expression studies in the honey bee, Apis mellifera, by quantitative real-time RT-PCR. Api-
dologie (in press).
Michelette ERF, Soares AEE (1993). Characterization of preimaginal developmental stages in Afri-
canized honey bee workers (Apis mellifera L.). Apidologie 24: 431-440.
Oldham S and Hafen E 2003. Insulin/IGF and target of rapamycin signaling: a TOR de force in
growth control. Trends in Cell Biology 13: 79-85.
Page REJ and Amdam GV (2007). The making of a social insect: developmental architectures of so-
cial design. Bioessays 29: 334-343.
Page REJ and Peng CYS (2001). Aging and development in social insects with emphasis on the
honey bee, Apis mellifera L. Experimental Gerontology 36: 695-711.
Patel A, Fondrk MK, Kaftanoglu O, Emore C, Hunt G, Frederick K, Amdam GV (2007). The making
of a queen: TOR pathway is a key player in diphenic caste development. PLoS One 2(6), e509.
Pfaffl MW (2001). A new mathematical model for relative quantification in real-time RT-PCR. Nu-
cleic Acids Research 29: (9):e45.
Puig O, Marr MT, Ruhf ML, Tjian R (2003). Control of cell number by Drosophila FOXO: down-
stream and feedback regulation of the insulin receptor pathway. Genes and Development 17:
2006-2020.
Rachinsky A and Hartfelder K (1990). Corpora allata activity, a prime regulating element for caste-
specific juvenile hormone titre in honey bee larvae (Apis mellifera carnica). Journal of Insect
Physiology 36: 189-194.
Rembold H and Hanser G (1964). On the royal jelly of honey bees.8. Demonstration of the deter-
mining principle in the jelly of queen bee larvae. Hoppe-Seyler Zeitschrift der Physiologische
Chemie 339(1): 251-254.
Rembold H, Kremer JP, Ulrich GM (1980). Characerization of the postembryonic stages of the fe-
male castes of the honey bee, Apis mellifera L. Apidologie 11:29-38.
Rembold H (1987). Caste-specific modulation of juvenile hormone titers in Apis mellifera. Insect
Biochem. 17: 1003-1006.
Schmidt-Capella IC, Hartfelder K (1998). Juvenile hormone effect on DNA synthesis and apoptosis
in caste-specific differentiation of the larval honey bee (Apis mellifera L.) ovary. Journal of
Insect Physiology 44: 385-391.
Stern D (2003). Body-size control: How an insect knows it has grown enough. Current Biology 13:
R267-R269.
The Honey Bee Genome Sequencing Consortium (2006). Insights into social insects from the ge-
nome of the honeybee Apis mellifera. Nature 443: 931-949.
Tu MP, Yin CM, Tatar M (2005). Mutations in insulin signaling pathway alter juvenile hormone syn-
thesis in Drosophila melanogaster. General and Comparative Endocrinology 142: 347-356.
Wang DI (1965). Growth rates of young queen and worker honeybee larvae. Journal of Apicultural
Research 4: 3-5.
Weaver N (1957). Effects of larval age on dimorphic differentiation of the female honey bees
(Apis mellifera L, Hymenoptera: Apidae) Annals of the Entomological Society of America
50: 283-294.
Wheeler DE, Buck N, Evans JD (2006). Expression of insulin pathway genes during the period of
caste determination in the honey bee, Apis mellifera. Insect Molecular Biology 15: 597-602.
Wild JD (1976). Juvenile hormone and caste differentiation in honey bee (Apis mellifera L.) In: Phase
and Caste Determination in Insects (M. Lucher, ed.) pp.5-20. Pergamon Press, Oxford.
Wu Q, Brown MR (2006). Signaling and function of insulin-like peptides in insects. Annual Review
of Entomology 51: 1-24.
Juvenile hormone metabolism dynamics in adult Honey bee, Apis mellifera, is influ-
enced by nutritional status
Abstract
As an attempt to study nutrition effects over juvenile hormone (JH) regulation we identified genes
involved in CA synthesis using Drosophila melanogaster and Anopheles gambiae sequences as queries in
BLASTP analysis over sequences from Honey bee genome. We identified the cDNAs of enzymes involved
in the mevalonate pathway portion, juvenile hormone specific steps, basal mitochondrial metabolism and also
involved in the methyl transfer portion. There is a single gene encoding each enzyme of this pathway, with the
exception of farnesyl diphosphate synthase (FPPS), for which we identified seven homologs, but only four of
these enzymes are expressed in the corpora allata (CA), as indicated by quantitative RT-PCR analyses. Two
enzymes isoform for adenosylhomocysteinase and mitochondrial citrate transport protein were found. For
investigate the rule of nutrition into the JH metabolism, we kept newly-emerged workers during seven days
and fed them with two different diets. The sugar-rich diet was able to increase CA levels of methyl farnesoate
epoxidase gene (mfe) and also decrease the amounts of two JH degradation enzymes in fat body and hemo-
lymph: JH esterase and JH epoxide hydrolase, respectively. Just the opposite was observed for a protein-lipid-
rich diet. Our data suggest that the sugar-rich offered to workers created an environment corroborating to JH
increase and probably leads to the forager behavior observed in adult workers.
Introdução
A modulação dos níveis de hormônio juvenil é controlada precisamente por vários processos fisi-
ológicos e bioquímicos, sendo eles: síntese, degradação, ligação a proteínas específicas na hemolinfa e
secreção. Destes, a regulação da síntese tem sido considerada de extrema importância e um grande número
de evidências tem se acumulado a respeito do controle estimulatório (alatotrópico) e inibitório (alatostáti-
co) feito pelo sistema nervoso sobre os corpora allata (CA), um par de glândulas onde o HJ é sintetizado
(Gilbert et al., 2000). A quantidade de HJ na hemolinfa está diretamente relacionada à sua produção pelos
CA, uma vez que não são conhecidas informações sobre estocagem neste órgão.
A regulação dos passos finais da produção do HJ, nas castas e estágios específicos, pode contribuir
para diferenças observadas nos títulos de HJ (Rachinsky et al., 2000). Segundo Tobe & Stay (1985), os
dois passos finais na produção de JH III, geralmente são: (1) a metilação do ácido farnesóico (AF) para
metil farnesoato (MF) catalisado pela enzima o-metil transferase (FAMET); e (2) uma epoxidação do MF
para JH III pela enzima metil farnesoato epoxidase (MFE).
Além da diminuição da síntese do hormônio juvenil, uma intensa atividade hidrolítica retira o
hormônio juvenil de circulação em momentos críticos do desenvolvimento (Hinton & Hammock, 2001).
Duas enzimas foram identificadas desempenhando o papel de degradação, a esterase do HJ (JHE) que está
presente na hemolinfa e tecidos, e a epóxido hidrolase do HJ (JHEH) a qual está ligada a tecidos especí-
ficos e primariamente associada à fração microssomal (de Kort & Granger, 1996). O catabolismo destas
duas enzimas produz três metabólitos (HJ-ácido – pela JHE; HJ-diol – pela JHEH e HJ-ácido-diol, por
ambas) (Hammock, 1985). Embora ao HJ-ácido seja atribuída atividade metabólica (Ismail et al., 1998), a
retirada do HJ de circulação é essencial para o desenvolvimento dos insetos.
O estudo da modulação do HJ é de grande interesse em A. mellifera, principalmente devido à seu papel du-
rante a diferenciação de castas e no polietismo etário. O recente sequenciamento do genoma de A. mellifera pelo
Baylor Humam Genome Center e a viabilidade de obtenção das seqüências oferecem uma grande oportunidade
de conhecimento dos genes da via de síntese do HJ e consequentemente uma análise detalhada da sua regulação.
Materiais e métodos
Western Blot
50 µg de proteína total foram separadas por SDS-PAGE. As proteínas foram transferidas para mem-
brana de PVDF. A detecção dos antígenos imobilizados na membrana foi realizada utilizando-se o Kit
ECL Western Blotting Detection Reagents and Analysis System (Amersham Biosciences). Os anticorpos
utilizados foram produzidos em coelhos a partir de seqüências parciais das proteínas JHE e JHEH de A.
mellifera. A diluição utilizada foi 1:100 e 1:500 para JHE e JHEH, respectivamente.
Resultados
Foram selecionados genes putativos para enzimas da via de síntese do HJ (Tabela I). As análises de
quantificação gênica tiveram o objetivo de selecionar genes que tivessem níveis de transcritos mais altos
nos CA quando comparados a outros tecidos em um momento do ciclo de vida de abelhas cujos títulos de
HJ estão altos, operárias forrageiras. Após análises de quantificação dos níveis de transcrição por RT-PCR
em tempo real foram selecionados sete genes cuja expressão foi acentuada nos CA-CC em relação à outros
tecidos (cérebro, corpo gorduroso e ovário): Os dados gerados mostraram que os genes codificadores de
oito proteínas têm altas taxas de transcrição nos CA: ach, fpps3, hmgs, hmgr, iddi, mt, famet e mfe (Figura
1). Apenas dois genes tiveram transcrição exclusiva nos CA: mfe e mt; estes genes são considerados es-
pecíficos da via de síntese do HJ. Os genes: famet, hmgr, hmgs, iddi, ach1 e fpps3, possuem os mais altos
níveis de transcrição nos CA, mas também são transcritos em outros tecidos. Os únicos genes que apar-
entemente não são transcritos nos CA são: fpps1 e fpps4, genes quase exclusivamente transcritos no CG; e
scd, cuja transcrição se limita à amostra de cérebro. Os demais genes: cs, mctp1, mctp2, atpcl, mat, ahc2,
ak, aat, mk e pmk, possuem expressão em aparentemente todos os tecidos analisados (Figura 1).
Tabela I: Enzimas da via de síntese do hormônio juvenil. A tabela mostra os números de acesso
no GenBank dos ortólogos em Anopheles gambiae e Drosophila melanogaster¸ assim como o gene
predito em A. mellifera e o respectivo e-value fornecido pelas análises.
Enzima Ab. E.C. Anopheles Drosophila Apis e-value
gambiae melanogaster mellifera
Com o objetivo de confirmar o status dos oito genes selecionados previamente sobre a
regulação do HJ, cinco deles foram analisados para quantificação dos níveis de mRNA nos
CA-CC em quatro fases do desenvolvimento de rainhas e operárias: rainhas e operárias na fase
de pupa de olho branco (Pw), quando os níveis de HJ estão basais na hemolinfa e duas fases
cujos títulos de HJ estão altos, operárias forrageiras, ou estão aumentando, rainhas recém-
emergidas, os altos títulos de HJ nestes casos estão envolvidos na atividade de vôo (Robinson
et al., 1991; Giray e Robinson, 1996; Tozetto et al., 1997). Após a quantificação por RT-PCR
em tempo real, os cinco genes analisados mostraram o mesmo perfil (Figura 2A): altos níveis
de transcritos acompanhando altos títulos de HJ, e baixos níveis de mRNA em fases cujos
títulos de HJ são reconhecidamente baixos (Elekonich et al., 2003). Para relacionar os níveis
de transcritos com os níveis de proteína nos CA de um dos genes analisados, foram executa-
das análises por western blot, utilizando-se um anticorpo anti-HMGR de B. germanica. Foram
utilizados extratos protéicos de CA-CC nas mesmas fases utilizadas para as investigações do
número de transcritos. Os resultados revelaram uma única banca de 68KDa correspondente à
HMGR de A. mellifera. Os níveis de proteína mostraram exatamente o mesmo perfil obser-
vado para a expressão do gene hmgr (Figura 2B). Estes resultados levaram a conclusão de que
exista um controle liga-desliga na produção de enzimas participantes da via de síntese do HJ
nos CA durante o ciclo de vida das abelhas.
HJ. Quando as abelhas foram alimentadas com uma dieta baseada em açúcar, o mfe e iddi tiveram os níveis
de transcritos aumentados significativamente nos CA (t-test; P=0,010 e P=0,043, respectivamente – Figura
3A). Ao mesmo tempo, os níveis de transcritos de Amjhe no corpo gorduroso (P=0,005; t-test; Figura
3B), e também os níveis de AmJHE e AmJHEH na hemolinfa e no corpo gorduroso, respectivamente,
diminuíram (resultados por western blot; Figura 3C). Estes resultados sugerem que uma dieta pobre em
proteínas possa ser um mecanismo regulador que cause um aumento nas taxas de síntese de HJ nos CA
(através do aumento de cópias de enzimas da via de síntese) e também a diminuição da degradação deste
hormônio na hemolinfa e tecidos. Este resultado é uma forte evidência que não apenas a síntese de HJ, mas
também o controle de sua degradação sejam mecanismos essenciais para a manutenção dos títulos de HJ.
Figura 3 – (A) Quantificação relativa dos níveis de genes envolvidos no metabolismo do HJ nos
corpora allata/corpora cardiaca (CA-CC) de A. mellifera por RT-PCR em tempo real (qRT-PCR) após
a manipulação da dieta em abelhas operárias adultas. Operárias recém-emergidas foram mantidas por
7 dias em caixas e alimentadas com duas diferentes dietas consistindo em xarope 50% ou 30% de bee-
bread em 50% de xarope. Cada barra é a média de três pools de 8 CA-CC. A expressão do gene da RP49
foi utilizada para normalização, e o maior valor de expressão foi corrigido para 1 para cada gene individ-
ualmente. Para a sigla dos genes ver tabela I. (B) Expressão normalizada dos genes jhe e jheh de A. mel-
lifera no corpo gorduroso por RT-PCR semiquantitativa (SqRT-PCR). As barras representam a média de
três amostras constituídas de pools de cinco indivíduos. A expressão do gene da RP49 foi utilizada para
normalização, e o maior valor de expressão foi corrigido para 1 para cada gene individualmente. (C)
Perfis de JHE e JHEH na hemolinfa e corpo gorduroso, respectivamente. As análises foram feitas por
western blot, 50 µg de proteína total foram separados por SDS-PAGE e utilizados para os experimentos.
Os asteriscos representam diferenças estatisticamente significativas nos tratamentos (t-test).
Discussão
passo final da via de síntese do HJ-III, como também altera os níveis de JHE e JHEH. Culminando
num momento biológico propício para o aumento dos níveis de HJ na hemolinfa. Nossa hipótese, é
que a alimentação com açúcar mimetize os momentos que antecedem a atividade de forrageamento.
Durante o desenvolvimento normal este é o momento em que a operária muda de dieta e passa a
alimentar-se com uma dieta rica em açúcar (Haydak, 1970). Até o momento as evidências sugerem
para a nutrição como um fator de importância na regulação dos CA no estágio adulto. Tal processo já
é bem entendido durante o desenvolvimento larval de fêmeas que leva à formação de dois fenótipos
completamente distintos: rainhas e operárias. No entanto, este trabalho mostra evidências que apon-
tam a nutrição como mecanismo regulatório para a atividade dos CA e da atividade de degradação do
HJ no processo de polietismo etário.
Referências bibliográficas
de Kort CDA Granger NA (1996). Regulation of JH titers: The relevance of degradative enzymes and
binding proteins. Arch. Insect Biochem. Physiol. 33: 1-26.
Elekonich MM Jez K Ross AJ Robinson GE (2003). Larval juvenile hormone treatment affects pre-
adult development, but not adult age at onset of foraging in worker honey bees (Apis mellifera).
J. Insect Physiol. 49: 359-366
Gibbons GE (2003). Regulation of fatty acid and cholesterol synthesis: cooperation or competition?
Progr. Lipid Res. 42: 479–97.
Gilbert LI Granger NA Roe RM (2000). The juvenile hormones: historical facts and speculations on
future research directions. Insect Biochem. Mol. Biol. 30:617–644.
Giray T Robinson GE (1996). Commom endocrine and genetic mechanisms of behavioral development
in male and worker honey bees and the evolution of division of labor. PNAS 93: 11718-11722.
Hammock BD (1985). Regulation of juvenile hormone titre: degradation. In: Kerkut GA, Gilbert LI
(eds) Comprehensive Insect Physiology, Biochemistry and Pharmacology, vol 7. Pergamon,
Oxford, pp 431–472.
Hartfelder K Engels W (1998). Social insect polymorphism: hormonal regulation of plasticity in de-
velopment and reproduction in the honeybee. Curr. Topics Dev. Biol. 40: 45-77
Haydak MH (1970). Honey bee nutrition. Annu. Rev. Entomol. 15:143-156.
Helvig C Koener JF Unnithan GC Feyereisen R (2004). CYP15A1, the cytochrome P450 that cata-
lyzes epoxidation of methyl farnesoate to juvenile hormone III in cockroach corpora allata.
PNAS 101(12):4024-4029.
Hinton AC Hammock BD (2001). Purification of juvenile hormone esterase and molecular cloning of
the cDNA from Manduca sexta. Insect Biochem. Molec. Biol. 32: 57-66.
Horton JD Shah NA Warrington JA Anderson NN Park SW Brown MS Goldstein JL (2003). Com-
bined analysis of oligonucleotide microarray data from transgenic and knockout mice identifies
direct SREBP target genes. PNAS 100: 12027–12032.
Ismail SM Satyanarayana K Bradfield JY Dahm DH Bhaskaran G (1998). Juvenile hormone acid:
evidence for a hormonal fat body of the bean bug, Riptortus clavatus by mRNA differential
display. Insect Biochem. Mol. Biol. 28: 181-189.
Keeling CI Blomquist GJ Tittiger C (2004). Coordinated gene expression for pheromone biosyn-
thesis in the pine engraver beetle, Ips pini (Coleoptera: Scolytidae). Naturwissenschaften 91:
324–328.
Michener CD (1969). Comparative social behavior of bees. Ann. Review Entomol. 14: 299-342.
SI MPÓSIO 16
Para implementar as ações do Programa Brasileiro para conservação e uso sustentável dos
polinizadores (IBP) é essencial investir na formação de profissionais para atuarem no manejo e con-
servação dos polinizadores autóctones. Nesse contexto, iniciativas que visam o desenvolvimento de
estratégias pedagógicas inovadoras, que logrem bons resultados em curto espaço de tempo devem
ser incentivadas no âmbito desse programa. Os cursos internacionais sobre polinização é uma dessas
iniciativas. O formato original desses cursos foi concebido e desenvolvido pelo Prof. Dr. Peter Kevan,
da Universidade de Guelph no Canadá. No Brasil já foram realizadas quatro edições desses cursos,
sendo 03 na Bahia (Chapada Diamantina) e uma no Ceará (Limoeiro do Norte). O curso é teórico
– pratico e tem a duração de duas semanas,. Na primeira semana é ministrada a maioria das aulas
teóricas e realizados exercícios e demonstrações em campo e em laboratório, Ao final dessa semana
os participantes deverão elaborar propostas de mini-projetos, em grupos, que serão, em uma primeira
etapa, apresentados e debatidos com o conjunto de professores e, posteriormente, compartilhados
com os demais membros do curso. Na segunda semana estão previstas a execução dos mini-projetos
e a apresentação dos resultados, onde se espera que os alunos estabeleçam uma conexão entre os con-
teúdos teóricos específicos, a geração de hipóteses, o planejamento da coleta de dados e a discussão
dos resultados. As criticas e sugestões serão incorporadas para a formatação do trabalho escrito, que
deverão ser entregues posteriormente. A nossa experiência nos leva a crer que uma estratégia ped-
agógica bem planejada e estruturada, como esses cursos de campo sobre polinização, que alie infor-
mações teóricas consistentes e bem argumentadas com atividades práticas participativas pode causar
um grande impacto na formação de profissionais que repercutirão em ações afirmativas voltadas para
a conservação e manejo dos polinizadores. Apoio: PNUD/MMA; FAPESB, UFBA, UFC, Bando do
Nordeste, UNIMED, Associação de Produtores, REPOL.
SI MPÓSIO 17
DESVENDANDO A PRÓPOLIS:
DA ABELHA AO HOMEM.
Um dos maiores custos para evolução da sociabilidade foi a sua exposição aos patógenos.
(Møller et al. 1993; Schmid-Hempel 1998; Nunn et al. 2000; Tella 2002). Notadamente nos inse-
tos eussociais (Ho¨lldobler & Wilson 1990) e em particular nas abelhas, que vivem geralmente em
colônias com divisões de trabalho e onde o contacto com o meio externo é fundamental para a sua
sobrevivência, elas se expõem continuamente aos patógenos que podem ingressar nas colônias pelas
operárias forrageadoras. O ambiente interno da colônia é propício ao desenvolvimento de fungos,
leveduras e bactérias, que muitas vezes estão associados a própria integridade da colônia, como na
fermentação do pólen utilizado na alimentação das larvas.
Assim, entre os insetos sociais surgiram diferentes mecanismos fisiológicos e comportamentais,
que puderam minimizar os efeitos dessa convivência, incluindo simbiontes produtores de antibióticos,
(Currie et al 1999), alo e alto grooming (Rosengaus et al. 1998, Gramacho, 1999), secreções com funções
antibióticas (Rosengaus et al. 2000; Poulsen et al. 2002), remoção de lixos e restos de corpos estranhos
(Hart & Ratnieks 2001) e defesas imunológicas (Moret & Schmid-Hempel 2000; Traniello et al. 2002).
Um outro potencial mecanismo de defesa pode ser atribuído ao uso de resinas de plantas que
apresentam propriedades antimicrobianas.
Evidencias fósseis encontradas no âmbar Dominicano provenientes das minas localiza-
das na Cordilheira Setentrional e datadas do Euceno Superior (24-40 milhões de anos atrás)
indicam dois usos de resinas por abelhas e seus predadores (Poinar Jr, 1992). A Proplebeia do-
minicana (Meliponinae: Apidae) encontrada apresentava resinas em suas corbículas e pouquís-
simos grãos de pólen, sugerindo que isto poderia estar associado a construção do seu ninho
(Willie & Chandler, 1964). Os insetos Reduviidae, conhecidos como percevejos assassinos,
são particularmente predadores de abelhas do gênero Trigona (Johnson, 1983a) e utilizam
as resinas para imobilizar as suas presas. As abelhas do gênero Apis, normalmente coletam
resinas, exsudatos e restos de fragmentos vegetais, que são manipulados, acrescidos de cera,
secreções glandulares, constituindo a própolis que é usada principalmente para vedação de
frestas, soldagem dos favos, revestimento interno dos ninhos e de grande importância para
isolar pequenos animais em decomposição.
As abelhas Meliponina (Trigonini e Meliponini) utilizam as resinas vegetais associadas com cera,
formando o cerume normalmente de consistência sólida, que é utilizado na construção dos potes de ali-
mento, invólucros e favos de cria. Entretanto, algumas abelhas com a Tetragonisca angustula Latreille,
1811 e Plebeia sp (Apidae, Meliponinae) a resina é depositada no interior da colônia em pontos estra-
géticos e apresenta uma consistência mole e pegajosa, que é utilizada por essas abelhas como defesa.
Durante um ataque as abelhas se movimentam rapidamente para estes depósitos que são mais freqüentes
nas proximidades da entrada do ninho e depositam pequenas bolotas no invasor, dificultando a sua mo-
bilidade. (Santos, 2007). Verificou também que essas bolotas de resinas variavam numericamente ao
longo do ano e a atividade de elaboração e manejo dessa resina pegajosa era feita pelas operárias com
mais de 20 dias de idade e que tinham as glândulas salivares da cabeça mais desenvolvidas.
As abelhas Meliponina, também pode confeccionar o batume, que é uma mistura de cerume
e/ou própolis com barro ou argila, que são utilizados normalmente para vedação de frestas e de-
limitar o envoltório onde o ninho está sendo construído.
Embora a relação de coleta de resinas pelas abelhas tenha se estabelecido há milhares de
anos, somente nos meados do século XX é que se iniciaram os trabalhos associando as possíveis
origens botânicas das resinas coletadas e o seu papel na construção e defesa dos ninhos contra
eventuais patógenos. Já era bastante conhecido que as abelhas do gênero Trigona eram exímias
coletoras de resinas, quando Johnson (1983b) determinou na América Central que a Trigona ful-
viventris fulviventris Guerin, coletava resina de Bursera, Bombacopsis, Hymenaea e Machaerium
para a construção de seus ninhos.
Absy e Kerr (1977) trabalhando na Amazônia Brasileira verificaram que a abelha Melipona sem-
inigra merrilae Cockerell, 1919 (Apidae: Meliponinae) utiliza sementes e látex dos frutos de Vismia sp
(Clusiaceae), misturadas com barro e resinas, para confeccionar o batume usado em seus ninhos.
Roubik (1989) verificou que a Melipona fuliginosa Lepeletier, 1836 (Apidae, Meliponinae) do
Panamá e Amazônia, utilizam na confecção de seus ninhos sementes misturadas com resinas alaranjadas
provenientes dos frutos de Vismia sp. Porém na Amazônia Central essa mesma abelha e alguns outros me-
liponíneos utilizam, sementes de Coussapoa asperifolia magnifolia (Cecropiaceae), (Garcia et al, 1992).
Martinez, et al (1966) testaram em Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli,
Pseudomonas aeruginosa e em Candida albicans a atividade antimicrobiana de 23 extratos de 12 espécies
de plantas de Cuba usadas tradicionalmente na medicina popular. A bactéria mais suscetível foi Staphylo-
coccus aureus e a planta com melhor atividade antibacteriana foi Schinus terebenthifolius, (Anacardiace-
ae) que é uma fonte importante de resina para as abelhas Tetragonisca angustula (jataí) e apresenta entre
seus óleos essenciais o ácido linoléico como composto majoritário (Noneam & Ghoneim, 1986).
O pólen e o néctar secretado pelas plantas são os principais recursos florais, oferecidos como
recompensa aos polinizadores. Entretanto, Vogel (1969 apud Pianaro, 2007) descreve a “síndrome
floral” em cinco famílias de plantas (Iridaceae, Krameriaceae, Malpighiaceae, Orchidaceae e Scro-
phulariaceae) relacionando a secreção de óleos florais produzidos pelas elaióforos. Buchmann (1987)
realizou um amplo levantamento e determinou que aproximadamente 2.402 espécies de plantas per-
tencentes a 8 ordens, 10 famílias e 79 gêneros, produzem óleos florais e/ou néctar e pólen. Ele obser-
vou coleta de óleos florais em Malpighiaceae, Gesneriaceae e Melastomataceae, por três espécies do
gênero Trigona (Apidae: Meliponinae) e uma espécie do gênero Melipona (Apidae: Meliponinae).
Os óleos florais coletados pelas abelhas, nem sempre estão associados com a obtenção de en-
ergia e alimento larval como, por exemplo, nos Anthophoridae e Melittidae, mas podem ser usados
também na construção dos ninhos, como tem sido aventado por Roubik (1989), para as abelhas Tet-
ragona dorsalis (Smith, 1854), Trigona spinipes (Fabricius, 1793). Trigona pallens (Fabricius, 1798)
e Trigona cilipes (Fabricius, 1804) (Apidae:Meliponinae).
Os óleos essenciais obtidos de plantas nativas de Baccharis dracunculifolia e Baccharis uncinel-
la, também conhecido como óleo-de-vassoura, é utilizado em perfumaria, proporcionando um aroma
exótico a diversos perfumes. Eles apresentam também diferentes atividadades alelopáticas, antioxi-
dante, antimicrobiana, citotóxica e antiinflamatórios. Os processos de extração e a região geográfica
influenciam na concentração de compostos oxigenados, principalmente o nerolidol e o espatulenol.
são os principais compradores. A produtividade pode ser evidentemente aumentada pela adequação e uso
correto de coletores, localização dos apiários, manejo, sazonalidade, flora disponível e sobretudo, pelo
uso de rainhas geneticamente melhoradas. (Lima, 2005; Manrique, 2001; Manrique e Soares, 2002ab)
Embora as resinas e as própolis já tenham sido demonstradas como potenciais fornecedores de
matéria prima para a indústria farmacêutica, um dos grandes desafios é compreender o verdadeiro
papel dessas resinas no interior das colméias como eventuais controladores de doenças e como as
abelhas detectam a necessidade de coletar e como encontrar a resina adequada.
Bastos, et al (2008) constatou a eficiência da própolis verde no controle in vitro do Paeniba-
cillus larvae, agente causal da cria pútrida americana e isto é extremamente relevante no cenário
internacional, pois abre a possibilidade de um controle natural evitando o uso indiscriminado de an-
tibióticos e extermínios de colméias contaminadas.
A grande diversidade florística e o amplo espectro das nossas própolis, associado à capacidade
coletora das abelhas africanizadas, poderá assegurar ao Brasil a obtenção de produtos “orgânicos”
altamente diferenciados e aceitos no mercado internacional.
Bibliografia
DAUGSCH, A.; MORAES, C.S.; FORT, P. & PARK, Y.K. 2007. Botanical origin of Brazilian red-
dish propolis and its major chemical constituents. Honeybee Science, 27(2):55-62.
DAUGSCH, A.; MORAES, C.S.; FORT, P. & PARK, Y.K. 2007. Brazilian red propolis - Chemical
composition and botanical origin. eCAM Advance Access published July 7, 2007
FERRONATTO, R.; MARCHESAN, E.D.; PEZENTI, E.; BEDNARSKI, F. & ONOFRE, S.B. 2007.
Atividade antimicrobiana de óleos essenciais produzidos por Baccharis dracunculifolia D.C. e
Baccharis uncinella D.C. (Asteraceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, 17(2): 224-230.
GARCIA, M. V. B.; OLIVEIRA, M. L.; CAMPOS, L. A. O. 1992. Use of seeds of Coussapoa asperi-
folia magnifolia (Cecropiaceae) by stingless bees in the Central Amazonian Forest (Hymenop-
tera: Apidae: Meliponinae). Entomologia Generalis, 17, 255-258.
GRAMACHO, K.P. 1999. Fatores que interferem no comportamento higiênico das abelhas Apis
mellifera. Tese de Doutorado, Entomologia, FFCLRP-USP, 252 páginas.
HART, A.G. & RATNIEKS, F.L.W. 2001. Task partitioning, division of labour and nest compart-
mentalisation collectively isolate hazardous waste in the leafcutting ant Atta cephalotes. Behav.
Ecol. Sociobiol., 49, 387–392.
HO¨LLDOBLER, B. & WILSON, E.O. 1990. The Ants. Springer-Verlag, Berlin. Collective medica-
tion in ants 21_2003 Blackwell Publishing Ltd/CNRS
JOHNSON, L.K. 1983a. Apiomerus pictipes (Reduvio, Chinche Asesina, Assassin bug). In: D.H.
Janzen (Ed.). Costa Rican natural history, pp. 684-687. University of Chicago Press.
JOHNSON, L.K. 1983b. Trigona fulviventris (Abeja Atarrá. Abeja Jicote, Culo de Vaca, Trigona,
Stingless bee). In: D.H. Janzen (Ed.). Costa Rican natural history, pp. 770-773. University of
Chicago Press.
LI, H.; KAPUR, A.; YANG, J.X.; SRIVASTAVA, S.; MCLEOD, D.G.; PAREDES-GUZMAN, J.F.;
DAUGSCH, A.; PARK, Y.K. & RHIM, J. S. 2007. Antiproliferation of human prostate can-
cer cells by ethanolic extracts of Brazilian propolis and its botanical origin. Int. J. Oncol.,
31(3):601-606.
LIMA, M.G. 2005. Efeito de variáveis ambientais, rainhas selecionadas e sistemas coletores na pro-
dução de própolis por abelhas africanizadas Apis mellifera (Hymenoptera, Apoidea). Tese de
Doutorado, Instituto de Biociências, UNESP, Rio Claro, SP, 73 páginas
MANRIQUE, A.J. 2001. Seleção de abelhas africanizadas para a melhoria na produção de própolis.
Tese de Doutorado, FMRP-USP, 108 páginas.
MANRIQUE, A.J. & SOARES, A.E.E. 2002a. Início de um programa de seleção de abelhas africani-
zadas para a melhoria na produção de própolis e seu efeito na produção de mel. Interciencia,
27(6):312-316.
MANRIQUE, A.J. & SOARES, A.E.E. 2002b. Selección de abejas africanizadas para producción de
própoleo. Zootecnia Tropical, 20(2):235-246.
MARTINEZ, M.J.; BETANCOURT, J.; ALONSO-GONFILEZ, N. & JAUREGUI, A. 1996. Screen-
ing of some Cuban medicinal plants activity for antimicrobial activity. Journal of Ethnophar-
macology 52:171-174.
MENEZES, H. 2005. Própolis: uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades farmacológi-
cas. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 72(3):405-411.
MØLLER, A.P., DUFVA, R. & ALLANDER, K. 1993. Parasites and the evolution of host social-
behavior. Adv. Study Behav., 22, 65–102.
MORET, Y. & SCHMID-HEMPEL, P. 2000. Survival for immunity: The price of immune system
activation for bumblebee workers. Science, 290, 1166–1168.
NONEAM, N.M. & GHONEIM, T. 1986. Gas chromatographic analysis of total fatty acids extracted
from Schinus terebenthifolius berries. Journal of Chromatography, 361:391-395.
NUNN, C.L., GITTLEMAN, J.L. & ANTONOVICS, J. 2000. Promiscuity and the primate immune
system. Science, 290, 1168–1170.
PIANARO, A. 2007. Ecologia química das abelhas brasileiras: Melípona rufiventris, Melipona scu-
tellaris, Plebeia droryana, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula e Centris tri-
gonoides. Dissertação de Mestrado, Instituto de Química, UNICAMP, 132 páginas.
POINAR JR. G. O. 1992. Fóssil evidence of resin utilization by insects. Biotropica, 24(3): 466-468.
POULSEN, M., BOT, A.N.M., NIELSEN, M.G. & BOOMSMA, J.J. 2002. Experimental evidence
for the costs and hygienic significance of the antibiotic metapleural gland secretion in leaf-
cutting ants. Behav. Ecol. Sociobiol., 52, 151–157.
ROSENGAUS, R.B., LEFEBVRE, M.L. & TRANIELLO, J.F.A. 2000. Inhibition of fungal spore
germination by Nasutitermes: Evidence for a possible antiseptic role of soldier defensive secre-
tions. J. Chem. Ecol., 26, 21–39.
ROSENGAUS, R.B., MAXMEN, A.B., COATES, L.E. & TRANIELLO, J.F.A. 1998. Disease re-
sistance: a benefit of sociality in the dampwood termite Zootermopsis angusticollis (Isoptera:
Termopsidae). Behav. Ecol. Sociobiol., 44, 125–134.
ROUBIK, D. W. 1989. Ecology and Natural History of Tropical Bees. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 514 p.
SANTOS, C.G. 2007. Aspectos comportamentais e morfológicos de Plebeia emerina (Friese, 1900)
(Hymenoptera, Apidae, Meliponini) relacionados à própolis. Tese de Doutorado, Zoologia,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 59 páginas.
SCHMID-HEMPEL, P. 1998. Parasites in Social Insects. Princeton University Press, Princeton NJ.
SILVA, B.B.; ROSALEN, P.L.; CURY, J.A.; IKEGAKI, M.; SOUZA, V.C.; ESTEVES, A. & ALEN-
CAR, S.M. 2007. Chemical composition and botanical origin of red propolis, a new type of
Brazilian propolis. eCAM Advance Access published July 7, 2007
TELLA, J.L. 2002. The evolutionary transition to coloniality promotes higher blood parasitism in
birds. J. Evol. Biol., 15, 32–41
TRANIELLO, J.F.A., ROSENGAUS, R.B. & SAVOIE, K. 2002. The development of immunity in
a social insect: evidence for the group facilitation of disease resistance. Proc. Natl. Acad. Sci.,
USA, 99, 6838–6842.
TRUSHEVA, B.; POPOVA, M.; BANKOVA, V.; SIMOVA, S.; MARCUCCI, M.C.; MIORIN, P.L.;
PASIN, F.R. & TSVETKOVA, I. 2006. Bioactive constituents of Brazilian red propolis. Evi-
dence-based Complementary and Alternative Medicine, 3(2): 249-254.
WILLIE, A. & CHANDLER, L.C. 1964. A new stingless bee from the tertiary amber of the Domini-
can Republic (Hymenoptera; Meliponini). Rev. Biol. Trop., 12:187-195.
Resumo
A própolis é uma resina obtida de plantas que as abelhas utilizam, acrescida de cera, para prote-
ger sua colméia contra a entrada de correntes de ar, de predadores e de microrganismos. A composição
química e fontes vegetais de própolis obtida das abelhas Apis mellifera de regiões de clima temperado
como Europa e América do Norte, já foi estudada, constando da literatura pesquisada. Com o objetivo
de determinar a composição química e fontes vegetais de própolis brasileira, foram feitos vários estu-
dos, utilizando a espectrometria de massas com ionização por eletrospray (ESI-MS). Foram analisadas
amostras de própolis de Apis mellifera provenientes de todas as regiões do Brasil e da Bulgária, Ingla-
terra, Finlândia, América do Norte e Moçambique. Também foram extratos de plantas sugeridas como
fontes vegetais de própolis destas regiões. Inicialmente, amostras e própolis da abelha nativa brasileira
(Tetragonisca angustula) proveniente do sul, sudeste e nordeste do Brasil foram comparados entre si
e com extratos de plantas visitadas por estas abelhas, permitindo a identificação da fonte vegetal desta
própolis. Depois, própolis diversas abelhas nativas sem ferrão de cinco regiões do Brasil foram com-
paradas entre si e com de extratos de plantas e própolis de A. mellifera das mesmas regiões, determi-
nando padrões na composição de própolis de abelhas nativas. Os resultados obtidos contribuíram para
um melhor conhecimento da variável composição química de própolis brasileira.
Palavras chave: própolis, fontes vegetais, resinas, espectrometria de massas, abelhas nativas
sem ferrão, Apis mellifera.
Abstract
Propolis is a resin, collected from plants, which bees mix with wax and use to protect their
hives against air currents, predators and microorganisms. The chemical composition and plant ori-
gins of propolis obtained from Apis mellifera bees from temperate regions such as Europe and North
America, have already been studied and can be found in literature. With the objective of determining
the chemical composition and plant origins of Brazilian propolis, several studies were carried out,
using electrospray ionization mass spectrometry (ESI-MS). Samples of propolis from all regions of
Brazil from Bulgaria, England, Finland, North America and Mozambique, were analyzed by direct
insertion ESI-MS. Extracts of plants that were previously indicated as plant sources of propolis from
those regions. Initially propolis samples of the native bee (Tetragonisca angustula) from the south,
southeast and northeast of Brazil were compared with each other and with extracts of plants visited
by T. angustula, allowing us to identify the main plant source of this type of propolis. Next, propolis
of several species of native stingless bees from five regions in Brazil were also compared with plant
extracts and propolis of A. mellifera from the same regions, identifying patterns in the composition of
propolis from native Brazilian stingless bees. The results obtained contributed to a grater understand-
ing of the variable composition of Brazilian propolis and its plant sources.
Key words: propolis, plant sources, resins, mass spectrometry, native stingless bees, Apis mellifera.
Introdução
A própolis é uma resina obtida de plantas que as abelhas utilizam, acrescida de cera, para prote-
ger sua colméia contra a entrada de correntes de ar, de predadores e de microrganismos. Devido a suas
propriedades antimicrobianas vem sendo usada desde o antigo Egito. Sendo utilizada empiricamente
como remédio tradicional na Europa, os primeiros paises a estudar a própolis foram os do bloco
comunista da Europa oriental, portanto a composição química da própolis de regiões de clima tem-
perado como Europa e América do Norte foi a primeira a ser estudada. Sabe-se que as abelhas Apis
mellifera, nativas da Europa, visitam preferencialmente as árvores do gênero Populus e os principais
compostos encontrados na própolis européia são flavonóides. (Cizmarik e Matel, 1970; Bankova et
al., 1988; Greenaway et al. 1990).
Em regiões onde árvores do gênero Populus não são nativas, como na América do Sul, as
abelhas procuram resinas de outras plantas para fabricar a própolis. Na própolis da Venezuela foram
encontradas benzofenonas preniladas, que levou os autores do estudo (Tomás-Barberán et al.1993) a
crer que resinas comuns a todas estas amostras partiram de plantas do gênero Clusia, típicas de clima
tropical. Os primeiros estudos da composição da própolis brasileira, obtida de abelhas Apis mellifera,
mostraram que ela é diferente da européia (Aga et al., 1994; Bankova et al., 1995) e que também
varia de acordo com a região geográfica da qual provem (Marcucci et al., 2000). No Brasil encon-
tramos própolis de cores que variam do verde ao vermelho, passando por tons de amarelo e marrom,
indicativas de variação na sua composição. O tipo de própolis brasileira mais estudada (e exportada)
é a própolis verde do sudeste, proveniente de abelhas A. mellifera, que é caracterizada por conter
derivados prenilados do ácido p-cumárico (Marcucci et al., 1998) e deriva de resinas da Baccharis
dracunculifolia ou vassourinha.
Há também crescente interesse na própolis oriunda de abelhas nativas sem ferrão, que são as
polinizadoras naturais da América do Sul. Por serem pouco agressivas, são de fácil manejo e a propa-
gação de suas colônias ajuda a manter a biodiversidade. Apesar disto há um baixo nível de domestica-
ção destas abelhas (Heard, 1999), uma exceção sendo a abelha nativa do Brasil Tetragonisca angus-
tula, conhecida como jataí, encontrada do México até a Argentina (Oliveira et al., 2004). Apicultores
freqüentemente mantêm colônias destas abelhas, pois o seu mel é vendido a preços mais altos que o
mel de abelha comum, além de colônias de abelhas Apis mellifera, porém até recentemente pouco se
sabia sobre as origens vegetais de sua própolis.
Para a análise dos componentes voláteis e semivoláteis da própolis, a cromatografia gasosa
acoplada á espectrometria de massas (GC-MS) foi usada (Bankova et al 1992, Marcucci et al
1998, Pereira et al 2000). Porém, a própolis contém muitos compostos de baixa volatilidade e alta
polaridade que não são adequados para análise por GC-MS (Bankova et al 1982, Marcucci et al.,
2001) mesmo com derivatização (Pereira et al 2000) Muitos desses compostos, como os derivados
prenilados do ácido p-cumárico já citados, têm importante atividade farmacológica. Por este mo-
tivo é importante usar técnicas mais modernas, como espectrometria de massas com ionização por
electrospray (ESI-MS) que são mais adequadas para o estudo destes compostos polares, na análise
da própolis (Sawaya et al., 2004; Sawaya et al., 2006; Sawaya et al., 2007) e na identificação das
fontes vegetais de suas resinas.
A ESI é uma técnica branda que transfere as moléculas ionizadas em solução diretamente para
a fase gasosa. A ESI-MS pode ser usada com inserção direta, obtendo um perfil da amostra, chamado
de fingerprint; ou pode ser acoplada a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC-ESI-MS) para
analisar os compostos isolados. A ESI é conveniente para análise direta de extratos naturais com-
plexos porque a maioria dos compostos que contêm sítios ácidos ou básicos será detectada como um
único íon, na sua forma protonada [M+H]+ ou desprotonada [M-H]-. A espectrometria de massas se-
qüencial (MS/MS) com dissociação induzida por colisão dos [M+H]+ ou [M-H]- pode ser usada para
elucidação estrutural. A espectrometria de massas constitui hoje uma das mais abrangentes e versáteis
técnicas instrumentais em ciência, sendo de fundamental importância para a análise e identificação de
compostos naturais.
Objetivos
Material e métodos
Espectrômetro de massas
Foi usado um espectrômetro de massa Q-TOF (Micromass) híbrido com um quadrupolo e um anal-
isador de massas por tempo de vôo (TOF) com alta resolução. As condições de ESI-MS usadas foram:
capilar +3000 V, cone +40V, temperatura de dessolvatação 100 ºC. Para as análises por ESI-MS com
inserção direta foi usada uma bomba de seringa marca Harvard Apparatus, com fluxo de10 μL/min.
bém foram feitos extratos superficiais por sonicação de 10 minutos com diclorometano e com metanol,
bem como extratos por maceração de uma semana com diclorometano e com metanol, com as flores, fru-
tos e folhas de Schinus terebenthifolius. Estes extratos foram secos e re-diluídos como os de própolis.
Quimiometria
A quimiometria foi utilizada para correlacionar as amostras estatisticamente. A análise de Com-
ponentes Principais foi executada usando a versão 2.60 do programa Pirouette (Infometrix, Wood-
inville, WA, USA). A idéia principal por trás desta análise é a redução da dimensão dos dados em
uma situação onde há um numero grande de variáveis correlacionadas, facilitando o agrupamento de
amostras.
Resultados e Discussão
Comparação da própolis de Apis mellifera das regiões sul e sudeste do Brasil com extratos de
plantas. (Marcucci et al., 2008)
Foram analisados amostras de própolis provenientes de abelhas A. mellifera do sul e sudeste do
Brasil e extratos de plantas que podem ser as fontes vegetais das resinas de própolis destas regiões.
Foram comparados fingerprints das amostras de própolis verde de São Paulo e Minas Gerais com o
do extrato da planta, Baccharis dracunculifolia, que já foi citada como fonte vegetal deste tipo de
própolis. Observa-se que ambos têm muitos íons principais em comum, confirmando a semelhança
entre a composição dos dois.
Ao comparar o fingerprint de B. dracunculifolia com aquele obtido de uma amostra de
própolis verde do Paraná, verifica-se que também há muita semelhança entre os íons observados
nos fingerprints dos dois. A principal diferença entre própolis verde do sudeste e a verde do
Paraná é a presença do íon de m/z 229 (ácido 2,2-dimetil -2H-1-benzopirano-6-propenóico) en-
contrado na própolis do Paraná, mas somente encontrado ao nível de traços na propolis verde do
sudeste. Este composto está presente também nos extratos de B. dracunculifolia, sugerindo que
esta planta também seja a fonte vegetal da própolis verde do Paraná. Mudanças no metabolismo
da planta, talvez relacionadas ao clima, poderiam levar a um aumento na biossíntese do ácido
2,2-dimetil-2H-1-benzopirano-6-propenóico, resultando na maior concentração deste composto
na própolis verde do Paraná.
Mais ao sul do Brasil (Paraná e Santa Catarina) encontra-se a própolis marrom. O fingerprint
deste tipo de própolis tem muitos íons em comum com as resinas de Araucária angustifólia, uma
planta típica das florestas daquela região. Ao compará-los observam-se vários íons intensos em co-
mum (m/z 301, 319, 333 e 361) que foram identificados como terpenos. Destes, apenas o composto,
ácido E/Z comúnico, fora identificado em amostras de própolis brasileira e em resinas de A. angusti-
folia (Bankova et al., 1999). Por outro lado, flavonóides encontrados nas amostras de própolis do sul
(crisina e pinocembrina de m/z 253 e 255 respectivamente) não foram encontrados nas resinas de A.
angustifolia, indicando que outra planta fornece parte das resinas da própolis marrom do sul.
No estado do Paraná encontramos ainda um tipo de própolis marrom mista contendo compostos
observados na própolis verde do Paraná e na marrom do sul. Esta própolis é resultante da colheita de
resinas de ambas fontes vegetais (B. dracunculifolia e A. angustifolia). É coerente que as amostras
deste tipo de própolis sejam provenientes do estado do Paraná, onde há a mudança entre a zona tropi-
cal e subtropical, com a superposição da vegetação destes dois climas.
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
Aga, H., Shibuya, T., Sugimoto, T. et al. (1994). Isolation and Identification of
Antimicrobial Compounds in Brazilian Propolis. Biosci. Biotech. Biochem. 58: 945-6.
Bankova, V., Popov, S.,Marekov,N. et al. (1982) High performance liquid
chromatographic analysis of flavonoids from propolis. J. Chromatography,242:135-43.
Bankova, V., Popov, S.,Marekov,N. et al (1988) On the chemical composition of
some propolis fractions with antiviral action. Acta Microb.Bulg.23: 52-7.
Banova, V.; Dyulgeov, A.; Popov, S. et al.(1992). Propolis produced in bulgária
and Mongólia: phenolic composition and plant origin. Apidologie, 23:79-85.
Bankova, V., Christov, R., Kujumgiev, A., et al.(1995) Chemical Composition and
Antibacterial activity of Brazilian Propolis, Z.Naturforsch. 50 C:167-72.
Bankova, V.; Bourdourova-Krasteva, G.; Sfocin J. M. et al.(1999)Phytochemical evidence for the
plant origin of Brazilian propolis from São Paulo state. Z. Naturforsch. 54 C:401-5.
Campello J. P., Marsaiolli, A. J. (1974) Triterpenes of Schinus terebenthifolius, Phytochemistry13:
659-60.
Campello J. P., Marsaiolli, A. J. (1975) Terebinthifolic acid and bauerenone: New
Triterpenoid Ketones from Schinus terebenthifolius. Phytochemistry. 14: 2300-2.
Cizmarik, J.; Matel, I. (1970) Examination of the chemical composition of propolis. Experien-
tia, 26:713.
Greenaway, W., Scaysbrook, T., Whatley, F. R. (1990) The composition and plant origins of propolis,
Bee World,71: 107-118.
Heard, T. A.(1999) The role of stingless bees in crop pollination, Ann.Reviews Entomol.
44:183-206.
Jain, M. K.; Yu, B.; Rodgers, J. M. et al.(195) Specific competitive inhibitor of
secreted Phospholipse A2 from berries of Schinus terebenthifolius, Phytochemistry 39: 537-47.
Kaistha, K. K.; Kier,L. B. (1962 a) Structural studies on Terebinthone from Schinus terebenthifo-
lius, J. Pharm. Sci. 51: 245-8.
Kaistha, K. K.; Kier,L. B. (1962 b) Structural studies on the triterpenes of Schinus terebenthifolius, J.
Pharm. Sci. 51: 1136-9.
Lloyd, H. A.; Jaouni, T. M.; Evans, S. L. et al. (1977) Terpenes of Schinus terebenthifolius, Phyto-
chemistry.16: 1301-2.
Marcucci, M. C.; Rodriguez, J.; Ferreres, F. et. al. (1998) Chemical composition of Brazilian propolis
from São Paulo State. Z. Naturforsch. 53C:117-9.
Marcucci, M.C., Ferreres, F., Custódio, A.R., et al., (2000) Evaluation of Phenolic
Compounds in Brazilian Propolis from Different Geographic Regions, Z. Naturforsch. 55C: 76-81.
Marcucci, M.C., Ferreres, F Garcia-vigueira, V. C. et al.(2001) Phenolic
compounds from Brazilian propolis with pharmacological activities. J. Ethnopharm. 74: 105-12.
Marcucci MC, Sawaya ACHF, Custodio AR, Paulino N, Eberlin MN. (2008) HPLC and ESI-MS
Typification: New approaches for natural therapy with Brazilian propolis. IN: Scientific evi-
dence of the use of propolis in ethnomedicine. Research Signpost, India, in press.
Abstract
Natural products have been a successful source for developing new and effective drugs and
most of the currently commercially available drugs are from or derived from natural products.
Propolis, a nontoxic beehive product, presents anticariogenic, antimicrobial, antiinflammatory
and anticarcinogenic properties, and new drug and patent have been derived from this natural
product. A new type of propolis produced in the northeastern of Brazil, denominated red propolis,
had its raw ethanolic extract (EEP) submitted to partition with unmiscible solvents to generate
a hexanic fraction (H-fr) and a chloroformic fraction (Chlo-fr). Thus, the aim of this study was
to evaluate the chemical composition and biological activity of Brazilian red propolis. The EEP
was analyzed by CG-MS and 20 compounds were identified, 7 having never before been found
in Brazilian propolis samples, among which 4 were isoflavones. The EEP and Chlo-fr presented
antimicrobial activity against S. aureus ATCC 25923 and S. mutans UA159, but the Chlo-fr was
the most active fraction with lower MIC ranging from 25 to 50 µg/mL. The best sequestrating
activity for the free radical DPPH was obtained for the H-fr that presented the highest total fla-
vonoid content (158 mg/g) and lowest total phenolic compound concentration (167 mg/g). As the
fractions were more active than the EEP, these results demonstrated that the biological properties
of this propolis are not the function of a synergism among the various compounds.
Introduction
Natural products have been invaluable as tools for deciphering the logic of biosynthesis
and as plataforms for developing front-line drugs (Newman et al., 2000; 2002). They are still
the major sources of innovative therapeutic agents for infectious diseases, cancer, lipid disorders
and immunomodultation (Clardy and Walsh, 2004). Twenty eight percent of all new approved
drugs by the Food and Drug Administration (FDA) or comparable entities in other countries were
natural products (vs. 33% of totally synthetic drug), and 39% were derived from natural product
(Newman et al., 2003). The value of natural products is clearly recognized and the challenges are
to identify the novel active compounds and to elucidate the mechanisms of action.
Among these natural products, propolis, a resin collected by bees of the species Apis mellif-
era from various parts of plants, such as shoots, flower buds and resinous exudates (Ghisalberti,
1979), has demonstrated several biological activities, such as antimicrobial, antiinflammatory
(Park et al., 1998; Kujumgiev et al., 1999; Marcucci et al., 2001), anticariogenic (Koo et al.,
2000; Duarte et al., 2006), anticarcinogenic, antioxidant (Chen et al., 2003; Aso et al., 2004;
Kumazawa et al., 2004; Alencar et al. 2007) as well as the possibility of application in the phar-
maceutical and food industries in the form of functional foods (Ackermann, 1991).
At present, a new type of propolis, denominated “red propolis”, because its intense red color,
which demonstrated antioxidant and antimicrobial activities in preliminary in vitro assays in our labo-
ratory, suggesting a detailed study about its biological properties and chemical composition. Thus, the
aim of this study was to assess the phenolic composition and antimicrobial and antioxidant activities
of the raw ethanolic extract of Brazilian red propolis (EEP) and its hexanic (H-fr) and chloroformic
(Chlo-fr) fractions.
(m/z 40-400). GC-MS analysis was temperature programmed from 50 °C (0.3 min hold) to 285
°C (15 min hold) at 6 °C min. Samples were injected with a AOC-17 autoinjector using a split-
less injection technique (0.6 µl injection volume). The GC-MS peaks were identified by compari-
son with data from the literature and the profiles from the Wiley 138 and Nist 98 libraries.
Antimicrobial activity
The antimicrobial activity of EEP, H-fr and Chlo-fr was examined by determining the
minimal inhibitory concentration (MIC) and minimal bactericidal concentration (MBC) in ac-
cordance with the National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS) guidelines
and Koo et al. (2000). The bacterial strains used were Staphylococcus aureus ATCC 25923 and
Streptococcus mutans UA159. To determine MIC, the starting inoculum was 1-2×108 CFU/mL,
and the test extract concentrations ranged from 12.5 to 1600 µg/mL. The control vehicle was
ethanol (final ethanol concentration: 0.6%, v/v). MIC was defined as the lowest concentration of
test extracts that inhibited bacterial growth (no visible growth) (Koo et al., 2000) For determin-
ing MBC, an aliquot (50 µL) of all incubated tubes with concentrations higher than MIC was
sub-cultured on BHI agar, supplemented with 5% of defibrinated sheep blood with a Spiral plater
(Whittley Automatic Spiral Plater®). MBC was defined as the lowest concentration that allows
no visible growth on the agar (Koo et al., 2000a). Triplicate of three separate experiments were
conducted for each concentration of the extracts tested.
In this study, a new type of Brazilian propolis, denominated red propolis, collected from north-
eastern is presented. It has an intense red color and chemical composition different from that of the
12 types of Brazilian propolis classified by Park et al. (2000).
The analysis of the red propolis by GC-MS has enabled the identification of 20 compounds
(Table 1). The following compounds were identified for the first time in Brazilian propolis
samples: methyl o-orsellinate (6), methyl abietate (11), 2,4,6-trimethylphenol (15), homoptero-
carpin (13), medicarpin (14), 4’,7-dimethoxy-2’-isoflavonol (16) and 7,4´-Dihydroxyisofla-
vone (17). The presence of at least 4 isoflavones, never before reported in propolis, could be
observed, and the isoflavones homopterocarpin (13), medicarpin (14) and 4’,7-dimethoxy-2’-
isoflavonol (16) presented as the most abundant compounds by the CG-MS technique. There are
several studies in the literature, showing that these isoflavones have antimicrobial, antifungal,
anticancer and antioxidant action (Soby et al., 1997; Militao et al., 2006). The isoflavones are
typical compounds of the legume family and thus, these compounds may be useful as chemical
markers of this new type of Brazilian propolis.
Table 1: Chemical compounds assessed by GC-MS of EEP from Brazilian red propolis (RT:
retention time, min)
Peak No RT Compounds
The total phenolic compound content found in EEP for red propolis (232 mg/g) (Table 2) is
higher than that ever found for Brazilian propolis samples (Kumazawa et al., 2004). These values
are similar to the phenolic compound concentrations present in temperate climate propolis whose
origin is the species Populus sp.,a vegetable producer of a resin rich in polyphenols (Ahn et al.,
2004; Kumazawa et al., 2004). Chlo-fr presented a concentration of 324 mg/g, almost double the
concentration found in H-fr, thus demonstrating the existence of phenolic compounds of differ-
ent polarities (Table 2). The flavonoid contents in EEP and in Chlo-fr were low, values similar to
those normally found for Brazilian green propolis (Kumazawa et al., 2004). But when the results
of H-fr are observed, it is noted that almost all the phenolic compounds present (167 mg/g) are
compounds of the flavonoid class (158 mg/g) (Table 2), as they formed stable complexes with
the aluminum cation and could be determined at 415 nm.
Table 2: Total polyphenol and flavonoid ofethanolic extract of propolis (EEP) and its fractions
(H-fr and Chlo-fr)
Extract/Fraction Total polyphenol Flavonoid
(mg/g) (mg/g)
This new type of Brazilian propolis also demonstrated a notable antimicrobial activity against
the microorganisms S. aureus ATCC 25923 and S. mutans UA159. The results of MIC and MBC pre-
sented in Table 3 indicate that EEP and Chlo-fr presented antimicrobial activity with good inhibition
potential for the two tested bacteria, in the following order: Chlo-fr > EEP. The H-fr did not present
any activity and the MIC value for the Chlo-fr was between 25 to 50 µg/mL for both microorganisms.
As expected, the bactericide concentration for all the extracts was 4 times higher than MIC. EEP and
Chlo-fr demonstrated pronounced antibacterial activity at lower concentrations than compared with
other samples of Brazilian propolis, recognized as having strong antimicrobial power (Koo et al.,
2000), when MIC values were between 25 to 400 µg/mL.
The sequestrating activity of the free radical DPPH of EEP, H-fr and Chlo-fr are presented in figure
1. As presented in figure 1, the H-fr demonstrated strong sequestrating activity of the free radical DPPH
(78%), against 57% and 55% of EEP and Chlo-fr, respectively. The H-fr fraction was the one that pre-
sented the highest flavonoid contents, compounds recognized as having free radical sequestrating action
(Furusawa et al., 2005). These results demonstrated that different phenolic compounds of this propolis are
responsible for the sequestration of the radical DPPH. Kumazawa et al. (2004) verified the low seques-
trating capacity of Brazilian propolis from the southeast of Brazil (around 40%), however, the sequestrat-
ing activity of a pure compound isolated from this propolis (artepillin C), was around 80%.
Anais do VIII Encontro sobre Abelhas, 2008
Ribeirão Preto - SP, Brasil
406
EEP
H-fr
Chlo-fr
-tocopherol
BHT
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Figure 1. DPPH radical-scavenging activity of ethanolic extract of red propolis and its frac-
tions. EEP, H-fr, Chlo-fr and reference samples (BHT and α-tocopherol) were used for the assay at
a final concentration of 90 mg/ml. Measurements were carried out in triplicate. Means and standard
deviations are indicated.
Brazilian red propolis may be the beginning of studies with new classes of biologically ac-
tive compounds that have never before been reported in propolis. As the fractions were more ac-
tive than the EEP, these results demonstrated that the biological properties of this propolis are not
the function of a synergism among the various compounds, and thus isolation and identification
of the various bioactive compounds responsible for the antioxidant, antimicrobial and anticancer
activities are required.
Acknowledgments
The authors thank FAPESP (Proc. No. 04/08635-6), and SEBRAE/AL and beekeepers for pro-
viding the propolis samples.
References
Clardy J and Walsh C. (2004). Lessons from natural molecules. Nature. 432: 829-837.
Newman DJ, Cragg GM, Holbeck S, Sausville EA. (2002). Natural products and derivatives as leads to
cell cycle pathway targets in cancer chemotherapy. Current Cancer Drug Targets. 2: 279-308.
Newman DJ, Cragg GM, Snader KM. (2000). The influence of natural products upon drug discovery.
Nat. Prod. Rep. 17: 215-234.
Newman DJ, Gragg G M, Snader KM. (2003). Natural products as sources of new drugs over the
period 1981-2002. J. Nat. Prod. 66: 1022-1037.
Ghisalberti EL. (1979). Propolis: a review. Bee World. 60: 59-84.
Park YK, Koo MH, Ikegaki M, Cury JA, et al. (1998). Antimicrobial activity of propolis on oral mi-
croorganisms. Curr. Microbiol. 36: 24 - 28.
Kujumgiev A, Tsvetkova I, Serkedjieva Y, Bankova V, et al. (1999). Antibacterial, antifungal and an-
tiviral activity of propolis of different geographic origin. J. Ethnopharmacol. 64: 235-240.
Marcucci MC, Ferreres F, Garcia-Viguera C, Bankova VS, et al. (2001). Phenolic compounds from
Brazilian propolis with pharmacological activities. J. Ethnopharmacol. 74: 105-112.
Koo H, Rosalen PL, Cury JA, Ambrosano GMB, et al. (2000). Effect of a new variety of Apis mel-
lifera propolis on mutants Streptococci. Curr. Microbiol. 41: 192 - 196.
Duarte S, Rosalen PL, Hayacibara MF, Cury J. et al. (2006). The influence of a novel propolis on
mutans streptococci biofilms and caries development in rats. Arch. Oral Biol. 51: 15-22.
Chen CN, Wu CL, Shy HS, Lin JK. (2003). Cytotoxic Prenylflavanones from Taiwanese Propolis. J.
Nat. Prod. 66: 503-506.
Aso K, Kanno S I, Tadano T, Satoh S, et al. (2004). Inhibitory effect of propolis on the growth of hu-
man leukemia U937. Biol. Pharm. Bull. 27: 727-730.
Kumazawa S, Hamasaka T, Nakayama T. (2004). Antioxidant activity of propolis of various geo-
graphic origins. Food Chem. 84: 329-339.
Alencar SM, Oldoni TLC, Castro ML, Cabral ISR, et al. (2007). Chemical composition and biological
activity of a new type of Brazilian propolis: red propolis. J. Ethnopharmacol. 113: 278-283.
Ackermann T. (1991). Fast chromatography study of propolis crudes. Food Chem. 42: 135-138.
Park YK, Ikegaki M, Alencar SM, Moura FF. (2000). Evaluation of Brazilian propolis by both physi-
cochemical methods and biological activity. Honeybe Science 21, 85 - 90.
Singleton VL, Orthofer R, Lamuela-Raventos RM. (1999). Analysis of total phenols and other oxida-
tion substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteau reagent. Methods of Enzymology
299, 152–178.
Park YK, Koo MH, Sato HH, Contado JL. (1995). Survey of some components of propolis which
were collected by Apis mellifera in Brazil. Arq. Biol. Tecnol. 38: 1253-1259.
Markham RK, Mitchell KA, Wilkins AL, Daldy JA, et al. (1996). HPLC and GC-MS identification of
the major organic constituents in new Zealand propolis. Phytochemistry 42: 205-211.
Park YK, Alencar SM, Aguiar CL. (2002). Botanical origin and chemical composition of Brazilian
propolis. J. Agr. Food Chem. 50: 2502 - 2506.
Soby S, Bates R, VanEtten H. (1997). Oxidation of the phytoalexin Maackiain to 6,6a-dihydroxy-
Maackiain by Colletotrichum gloeosporioides. Phytochemistry. 45: 925-929.
Militao GCG, Dantas INF, Pessoa C, Falcao MJC, et al. (2006). Induction of apoptosis by pterocarpans
from Platymiscium floribundum in HL-60 human leukemia cells. Life Sci. 78: 2409-2417.
Ahn MR, Kumazawa S, Hamasaka T, Bang KS, et al. (2004). Antioxidant activity and constituents of
propolis collected in various areas of Korea. J. Agr. Food Chem. 52: 7286-7292.
Furusawa M, Tanaka T, Ito T, Nishikawa A, et al. (2005). Antioxidant activity of hydroxyflavonoids.
J. Health Sci. 51: 376-378.
A propólis é substância resinosa processada por abelhas Apis mellifera, a partir de resinas veg-
etais e ou óleo essenciais, pólen, cera e pequenas concentrações de açúcares.
A origem botânica da própolis tem sido enfatizada por KONIG (1985) e CRANE (1990), am-
bos autores mencionaram ser as gemas, cascas de árvores e arbustos as principais fontes de resina
coletadas pelas abelhas na Europa, América do Sul, Oeste da Ásia e Norte da África. No Brasil as
plantas fornecedoras de resinas para as abelhas ainda estão sendo estudadas.
As resinas são misturas complexas de flavonóides, terpenos e substâncias gordurosas e sua
produção está ligada ao crescimento vegetativo das plantas, haja visto que o precursor da biossíntese
de um dos hormônios de crescimento das plantas a “giberelina” é um terpenóide. Indicando assim
que, resinas em grandes quantidades são secretadas pelas plantas durante o crescimento de ápices
vegetativos de folhas, caules ou troncos, sempre antes da floração. Durante a visita às plantas para a
coleta de resinas, as abelhas carregam fragmentos de folhas, tricomas glandulares e tectores, cristais
de oxalato de cálcio, discos secretores e grãos de pólen que podem ser encontrados na própolis e
servem como elementos indicadores das espécies visitadas pelas abelhas.
As própolis verde, marrom e preta, produzida no Estado de Minas Gerais, foram avaliadas
quanto a sua origem botânica, através de observações de campo e observações morfológicas com-
parativas entre as plantas indicadoras e os fragmentos vegetais encontrados na própolis produzida.
Foram encontrados na análise microscópica tricomas glandulares, tectores e fragmentos de epiderme
de Baccharis dracunculifolia (alecrim do campo) na própolis verde, Vernonia polyanthes.
O estudo da origem botânica da própolis verde, foi muito importante para a valorização deste
produto, haja visto que antes destes resultados a própolis produzida no Brasil, era comercializada
como sendo originada de Eucalyptus, o que a colocava em concorrência comercial com a própolis
produzida na Austrália e Nova Zelândia. A indicação de origem geográfica da própolis verde pro-
duzida em Minas Gerais, correlaciona as características do solo, qualidade da água, os teores de fla-
vonóides e fenólicos da própolis e a presença ou ausência de herbívoros que visitam a planta e são os
responsáveis por estimular a produção de resina.
A importância de determinar a origem botânica e geografica das própolis, se deve a: certifi-
cação de um produto genuinamente brasileiro, proteção de origem, agregação de valor, segurança
do produto, evitar falsificações e favorecer a implantação da rastreabilidade da própolis na cadeia
apícola, atendendo os requisitos internacionais para exportação.
R E SU M OS
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) - Projeto ViNCES,
processo no. 03/08134-4
PRODUÇÃO DE RAINHAS EM
Plebeia lucii MOURE (HYMENOPTERA,
APIDAE, MELIPONINA)
Lila Vianna Teixeira¹*, Mara Garcia Tavares², Lucio Antonio de Oliveira Campos² ¹*
Programa de Pós graduação em Entomologia, Universidade Federal de Viçosa;
²Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa Campus Universitário;
36571.000 - Viçosa - MG - Brasil lv_teixeira@yahoo.com.br
O presente trabalho teve como objetivos estudar o processo pelo qual são construídas as
células reais em colônias normais de Plebeia lucii e verificar se rainhas de emergência são pro-
duzidas em resposta à condição de orfandade da colônia. Nas colônias normais (com rainha), as
células reais são produzidas pela adição de célula auxiliar construída por operárias, adjacente a
células cujas larvas estão terminando de se alimentar e ainda não iniciaram a tecelagem do casulo
nem a eliminação das fezes. A larva estabelece uma conexão entre as duas células através da qual
insere parte do corpo e ingere o alimento contido na célula auxiliar. Essa larva, posteriormente, se
diferencia em uma pupa de rainha. As colônias órfãs de P. lucii responderam à condição de orfan-
dade produzindo células reais pelo mesmo processo que colônias normais. A produção de rainhas
em colônias órfãs é maior que aquela observada em colônias com rainha.
O conhecimento das condições ambientais de cada colméia e outras informações como, sons
emitidos pelas abelhas e atividades de vôo, são importantes para o entendimento do seu comporta-
mento do ponto de vista científico e produtivo. A obtenção desses dados permitirá entender, detectar
padrões de comportamento e condições ambientais inadequadas na colméia, que podem ser consid-
eradas nocivas ao seu desenvolvimento e produtividade. A adoção de dispositivos de monitoramen-
to que utilizem as redes de controle oferece facilidade de instalação nas colméias, economia em ter-
mos de cabeamento e infraestrutura, além da facilidade de modularidade. A tecnologia LonWorks
oferece todas as vantagens comuns às redes de controle, adicionando o conceito de programação
distribuída e acrescentando à instalação o conceito de custo efetivo. Atualmente LonWorks é uma
tecnologia aberta considerada padrão no mercado de automação Europeu e Chinês, e é padroni-
zada por um órgão internacional, chamado LonMark, que garante a interoperabilidade de diversos
produtos mesmo sendo de fabricantes diferentes. Essa padronização faz com que o usuário, possa
escolher livremente de qual fabricante irá adquirir determinado equipamento de controle, além de
continuar livre para mudar de fabricante quando desejar. Hoje, o monitoramento apiário possui dois
equipamentos funcionando em paralelo. Um deles capaz de captar o som e as imagens das abelhas
dentro da colméia para o armazenamento e visualização em tempo real. O outro é um dispositivo de
automação capaz de: contar a movimentação das abelhas na saída e na entrada da colméia; medir os
níveis de temperatura e a umidade dentro da colméia; medir a luminosidade do ambiente; detecção
de movimento perto da colméia; realizar o controle de um sistema de aquecimento ou luminosidade
através de uma saída dimerizada. Essa ferramenta além de auxiliar o pesquisador a ampliar seus
conhecimentos a respeito do mundo das abelhas, o auxilia a aumentar sua produtividade através de
equipamentos voltados a suprir suas dificuldades e de fácil instalação.
A meliponicultura se estende por todos os estados brasileiros, incluindo regiões mais frias. No
inverno, algumas espécies entram em diapausa ou diminuem a postura, o que pode causar enfraque-
cimento e morte das colônias. Os poucos sistemas de aquecimento existentes na literatura são de alto
custo e pouca aplicabilidade à meliponicultura. O presente trabalho tem como objetivo o desenvol-
vimento de aquecedores de baixo custo para colméias racionais de abelhas sem ferrão. O sistema é
constituído de uma caixa de isopor retangular (12x15x7cm), com o lado de cima aberto (sem tampa),
forrada com papel alumínio e com um soquete para lâmpadas internamente. O aquecedor é colocado
sob a colméia. O teste foi feito em estufa B.O.D., onde a temperatura foi variada a cada duas horas
de 2 em 2 graus, entre 0 e 36 ºC. Foi analisada a temperatura em três pontos internos da colméia
vazia (base, 1 andar e 2 andar) e em dois tamanhos de colméias (16x14x14cm e 16x19x19cm), com
lâmpadas de 7 e 15 Watts. Também foi verificada a eficiência em colméias habitadas com Melipona
quadrifasciata, Scaptotrigona depilis e Nannotrigona testaceicornis durante noites frias (mínima de
15 ºC). A temperatura interna das colméias vazias variou, em média, de 5 a 10 ºC acima da tempera-
tura ambiente, de acordo com o tamanho da colméia e da lâmpada utilizada. Quando as colméias
estão habitadas o aumento da temperatura do ninho fica mais constante, em média 5 ºC maior do que
quando o aquecedor não está ligado, independentemente do tamanho das colméias e das espécies de
abelhas testadas. O custo de cada aquecedor ficou em torno de R$7,00 podendo ser utilizados em
diversos tipos de caixas, com diferentes intensidades de lâmpadas, propiciando uma plasticidade para
o meliponicultor adaptar à sua criação e às condições de sua região.
EMERGÊNCIA E MANUTENÇÃO DE
Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) EM
CÂMARAS CLIMATIZADAS
Deodoro Magno Brighenti¹*, César Freire de Carvalho¹, Carla Regina Guimarães
Brighenti²,Stephan Malfitano Carvalho¹
¹*Departamento de Entomologia - UFLA;
²Campus Avançado do Alto Paraopeba - UFSJ
Campus da UFLA Cx Postal 3037, 37200-000 Lavras, Minas Gerais, Brasil
deodorobrighenti@oi.com.br
Apoio: FAPEMIG
We report the results of the first Neotropical bumblebee species that has been reared in captivity
for pollination purposes. As the result of a cooperation project, we developed a bumblebee rearing tech-
nique for Bombus atratus combining knowledge from INRES at the University of Bonn, Germany and
experiences at UMNG in Colombia. We started by studying the characteristics of wild nests to adapt
rearing conditions to natural nesting conditions. We captured mated gynes in the wild and put them
in a rearing room with controlled ambient temperature and relative humidity. The gynes were fed ad-
libitum with fresh honeybee-collected pollen and a sugar solution every three days. The development
of the colonies was tracked to report mortality of immature stages as well as larvae feeding behavior by
the workers. In Colombia, wild colonies of B. atratus are commonly found at open terrain of pastures
nesting under the grass, and gynes emerge mainly in January and June after the two rainy seasons are
over. In the rearing room, gynes started oviposition after 3 to 10 days without any initiation method.
Big colonies with more than 100 workers were produced and the switch point of 20% of the colonies
was reached. The new gynes mated with drones to produce F1 colonies. The colonies that were used to
pollinate tomato crops under greenhouses developed properly only if high environment temperatures
higher to 30 °C were not reached and relative humidity in the nest was lower than 60%. One of those
colonies reached the switch point and produced 51 gynes with the same size of wild captured ones. The
pollination effect on tomato production was proven to increase 37%. Studies of bumblebee pollination
of native Solanum species are currently being done and preliminary results are also promising. With
these results, we made a first step to build an Integrated Pollination Program in Colombia.
Palavras-chaves: Bombus atratus, bumblebee rearing, crop pollination, Neotropical bee ecology
A quantidade de alimento recebido pelas larvas é o fator responsável pela determinação das
castas em T. angustula, as larvas de rainhas se desenvolvem em células maiores, chamadas realeiras,
recebendo mais alimento que as larvas de operárias que se desenvolvem em células menores. Visa-
mos estabelecer a produção “in vitro” de rainhas de Tetragonisca angustula, através de alimentação
larval controlada quantitativamente e análise da viabilidade das rainhas produzidas através de sua
fecundação natural, montagem e manutenção de colônias. Utilizamos 6 colônias mantidas no Meli-
ponário do Departamento de Genética da FMRP – USP. Favos com células de cria recém operculadas,
inclusive realeiras, foram utilizados para quantificação do alimento larval por meio de microcap-
ilares graduados. Houve retirada de favos de cria com larvas de operárias/machos em estágio L1 e a
transferência destas para placas de acrílico com pocinhos contendo 50 µL de alimento, previamente
coletado. Estas placas foram acondicionadas em estufa BOD a 28°C e 70% de umidade relativa até as
abelhas emergirem, as quais foram pesadas, marcadas com tinta atóxica no mensonoto e transferidas
para núcleos órfãos. A quantidade de alimento encontrada nas realeiras (53,5 ± 3,7 µL) é maior que
a encontrada em células de cria de operárias/machos (8,0 ± 0,1 µL), o que reflete diretamente sobre
o peso dos indivíduos recém-emergidos. De 15 rainhas produzidas, apenas a introduzida no núcleo
órfão 2 foi fecundada e se tornou funcional, o que pôde ser evidenciado pela construção de células de
cria, postura de ovos e permanência da rainha marcada neste mesmo núcleo. As larvas que se tornam
rainhas recebem 6,62 vezes mais alimento que aquelas que se tornam operárias. O estabelecimento
da fisogastria de uma das rainhas produzidas, torna clara a possibilidade de produção “in vitro” de
rainhas em T. angustula, pelo controle da quantidade de alimento oferecido às larvas.
O pólen é essencial para o desenvolvimento das colônias de abelhas sem ferrão, especialmente
para colônias manejadas para multiplicação. Porém, a alimentação com pólen é ainda muito prob-
lemática, pois muitas vezes as abelhas não o utilizam. O objetivo deste trabalho foi testar a preferência
e aceitação por diferentes tipos de pólen em colônias normais e em colônias experimentais órfãs de
Melipona quadrifasciata e de Scaptotrigona depilis. Foram utilizadas 8 colônias de cada espécie,
sendo que, metade delas eram mantidas confinadas no laboratório e metade no Meliponário. Foram
feitos quatro tratamentos de pólen e fornecidos simultaneamente em potes artificiais. Três dos trata-
mentos foram feitos com pólen de Apis mellifera (acrescido de água até atingir consistência pastosa):
pólen fresco, desidratado e fermentado; e um tratamento com pólen co-específico (dos potes de outras
colônias). A verificação do consumo foi feita diariamente por meio da diferença no peso dos potes arti-
ficiais e o alimento de todos os potes foi renovado quando algum dos potes se esvaziava. Nas colônias
experimentais órfãs constatou-se a existência de preferência pelo pólen fresco, para ambas as espé-
cies, com média de consumo de X=0,52mg e de X=0,23mg, respectivamente. Esse resultado reflete a
preferência das operárias pelo tipo de pólen mais próximo ao encontrado na natureza. Vale ressaltar
que nessas colônias não havia postura, portanto, o pólen era utilizado para nutrição das operárias. Nas
colônias normais, o pote artificial que continha pólen fermentado, para ambas as espécies, foi o que
mais rapidamente se esvaziou (média de consumo para S. depilis de X=0,81mg e para M. quadrifas-
ciata de X=0,39mg). Entretanto, é possível que este estivesse sendo descartado pelas operárias. Em
alguns casos houve rejeição a todos os tipos de pólen. Isso pode estar relacionado ao fato de que as
operárias tinham livre acesso ao campo e estavam suficientemente supridas com o próprio pólen.
Apoio: Fapesp
Para melhorar o manejo e a reprodução de colônias das espécies de abelhas sem ferrão (Api-
dae) que nidificam no chão foi desenvolvido um sistema simples, barato e durável de nidificação
artificial. Para este fim foram coletados cupinzeiros de cupim de montículo, provavelmente Cor-
nitermes cumulans (Termitidae), no campo. Estes cupinzeiros de barro têm uma parede grossa e
dura, com labirintos que apresentam pequenas câmaras e canais. Antes de ser instalado, a câmara
celulósica foi removida do interior do cupinzeiro para criar um espaço onde a colônia de abelhas
irá permanecer. Para facilitar a manipulação necessária da colônia, a parte superior do montículo
foi retirada de tal maneira que obteve-se uma tampa removível. Depois destes preparos iniciais, o
montículo foi montado numa pequena plataforma de concreto, perto do nível do solo. Com ajuda
de uma furadeira foi feito um pequeno túnel para possibilitar o acesso das abelhas para o exte-
rior. Assim, o montículo recebeu a colônia. As conexões entre a parte principal do montículo, sua
tampa e a plataforma foram feitos com uma mistura de barro e cimento. Até agora duas espécies,
Paratrigona sp e Nannotrigona testaceicornis, foram testadas. A mesma metodologia será testada
com abelhas que constroem ninhos externos, como Trigona spinipes.
Nas abelhas sem ferrão, com exceção do gênero Melipona, as castas são determinadas pela
quantidade de alimento ingerido pela larva. Experimentos com alimentação controlada mostraram
que 100% das larvas fêmeas são capazes de gerar rainhas. Porém, a viabilidade dessas rainhas ainda
não foi devidamente verificada. O presente trabalho tem o objetivo de verificar se rainhas produzi-
das in vitro são capazes de fundar colônias. Foram produzidas 21 rainhas in vitro de Nannotrigona
testaceicornis e introduzidas em mini-colônias compostas por 40-50 operárias e um favo com 40-50
pupas. As mini-colônias foram mantidas fechadas por 18 dias e o comportamento das rainhas foi
filmado diariamente por 40 min. Após esse período, foram abertas ao ambiente, permitindo a realiza-
ção do vôo nupcial. Depois que as rainhas ficaram fisogástricas, cada mini-colônia recebeu 80-100
novas operárias e outro favo com 80-100 pupas. Semanalmente, as mini-colônias com rainhas recém
fisogástrias receberam um favo com cerca de 50 pupas. Das 21 rainhas, 8 morreram antes da abertura
para o ambiente e duas morreram poucos dias após a abertura. As causas das mortes provavelmente
foram fisiológicas, pois não foram observadas agressões por parte das operárias. Onze rainhas re-
alizaram o vôo nupcial; uma delas entrou na colônia errada e foi recolocada na colônia original; 6
delas não voltaram do vôo, provavelmente se perderam ou foram predadas; 5 delas foram fecundadas
com sucesso. O tempo para início da postura variou muito entre as rainhas (mínimo de 34, máximo de
83 dias após a emergência), mas a evolução da taxa de postura foi semelhante para todas as rainhas.
Apesar da alta taxa de mortalidade das rainhas (75%), conclui-se que rainhas produzidas in vitro são
viáveis. É possível que o aperfeiçoamento das técnicas de manejo e formação de mini-colônias pos-
sam futuramente aumentar a taxa de sucesso das rainhas.
A produção de machos em abelhas Meliponina tem sido estudada em varias espécies, porem
não se tem, ate o momento, conhecimento acerca dos mecanismos que determinam a sua produção,
independentemente destes se originarem de ovos produzidos por rainhas ou operarias. O objetivo
deste trabalho foi verificar se a produção de machos em colônias de S. postica poderia ser influencia-
da pela variação da temperatura e umidade internas e/ou externas. Para isto mediu-se, no período de
abril de 2007 a janeiro de 2008 (duas vezes por semana), a temperatura e umidade externas e internas
de três colônias, que apresentaram, no decorrer do período, variações nas suas condições internas.
As colônias foram instaladas no meliponário do departamento de biologia da UFMA, e as medições
foram feitas com termo-higrômetro digital. Os testes indicaram que a temperatura interna não variou
entre as colônias, e também não diferiu da temperatura externa. A umidade interna das colônias, to-
davia, foi estatisticamente superior á externa. Não foi encontrada correlação entre a porcentagem de
machos produzidos e os dois parâmetros testados.
Apoio: CNPq
AVANÇOS EM GENÉTICA E
FISIOLOGIA DE ABELHAS
Cells present different kinds of phosphatases important in several cellular events. The objec-
tive of this work is to contribute for the knowledge of alterations provoked by the narcosis with CO2
on ovary cells of Apis mellifera, through the study of the activity of the acid phosphatase in those
cells. It was presumed that the narcosis might damage the ovarian cells causing degenerative changes
identifiable by acid phosphatase reaction. The queens were submitted to narcosis at emergence and
when were 3, 5 and 10 days old. Their ovaries were analyzed when they were 5, 10 and 15 days old.
A control group was also made. In all ages was possible observed the phosphatasic activity in cells
of the germ line and in the tunica propria without noticeable differences between the experimental
and control groups. Positive reaction to acid phosphatase was found in the nucleus of cells of the
germ line, located in the nucleoli and in the chromatin. In the nucleoli was observed a considerable
heterogeneicity in the intensity of the reaction, what can reflect differences in nucleolus functional
stage, once in literature, the enzyme is active during the transcription of rRNA. For the positive reac-
tion seen in the nuclear chromatin, the suggestion is that it might be acting in the dephosphorilation
of intracellular kinasis that act in the gene expression. In the tunica propria, the acid phosphatase can
represent a signalizing or controlling factor of the exchanges between the ovary and the hemolymph.
The present results permit conclude that the narcosis did not change the pattern of phosphatasis activ-
ity in the ovaries in the control and experimental group.
PROTEÍNAS DE ESTOCAGEM E
IMUNIDADE EM ABELHAS Apis mellifera:
UMA RELAÇÃO DEPENDENTE DA DIETA
Anete Pedro Lourenço¹*, Juliana Ramos Martins¹, Karina Rosa Guidugli-Lazzarini², Márcia
Maria Gentile Bitondi², Zilá Luz Paulino Simões²
¹* Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo;
² Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
anete@rge.fmrp.usp.br
Apoio: FAPESP
Apesar da importância dos estudos de variabilidade genética para embasar decisões sobre
manejo e conservação das populações, os aspectos genéticos das populações de Xylocopa ainda não
são conhecidos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a utilidade da região CO I/CO II para estu-
dos de variabilidade genética populacional em X. frontalis, utilizando seqüências de DNA. Amostras
de populações de X. frontalis foram obtidas em oito localidades da Chapada Diamantina BA. O
DNA total foi extraído usando protocolo de fenol-clorofórmio. A amplificação da região CO I/CO
II foi realizada através de PCR, usando primers testados anteriormente em Melipona. DNA de 3 a 5
indivíduos por população foi seqüenciado. As sequências de mtDNA analisadas (500 pb alinhadas)
foram altamente conservadas dentro e entre as populações. A ausência da região intergênica nesta es-
pécie, onde seria esperado encontrar maior variabilidade, combinada ao alto grau de conservação nas
regiões codificadoras deste fragmento, indicam que a região CO I/CO II é inadequada para estudos
de variabilidade populacional em X. frontalis, ao menos na escala geográfica testada neste trabalho.
Outras regiões do DNA nuclear e do DNAmt serão testadas para detecção de variabilidade interpopu-
lacional em X. frontalis através de PCR RFLP.
Este trabalho integra um estudo sobre variabilidade genética em abelhas solitárias com po-
tencial para polinização. Aqui são apresentados os resultados sobre o perfil de restrição da região
CO I/CO II de Xylocopa frontalis. As amostras populacionais foram obtidas em oito localidades da
Chapada Diamantina (Bahia). O DNA total foi extraído usando protocolo de fenol-clorofórmio. A
amplificação da região CO I/CO II foi realizada através de PCR, usando os primers 5’ TCTATACCA-
CGACGTTATTC 3’ e 5’ GATCAATATCATTGATGACC 3’. DNA de 3 a 5 indivíduos por população
foi seqüenciado. A seqüência consenso (500 pb alinhadas) foi submetida ao programa Webcutter 2.0
para o mapeamento dos sítios de restrição. Foram identificados sítios de restrição para 47 enzimas.
Para 10 destas enzimas foram localizados dois (Bsp143I, DpnI, DpnII, Kzo9I, MboI, NdeII, Sau3AI,
SspI) ou três (AcsI, ApoI) sítios de restrição, sendo potencialmente úteis para a detecção de variações
intraespecíficas. Não foi observado polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição nesta
região em nível intraespecífico em Xylocopa frontalis, como registrado para Apis mellifera. O perfil
de restrição de X. frontalis foi distinto do encontrado em X. grisescens, o que indica que a técnica de
RFLP pode ser útil para estudos comparativos entre espécies próximas deste gênero.
A síntese de vitelogenina (Vg) está relacionada com a função de nutridora nas operárias de
Melipona quadrifasciata, representando 40-50% do total de proteína da hemolinfa. Esta proteína é
incorporada dentro dos oócitos em crescimento via endocitose mediada por receptores e é estocada
dentro dos ovos como maior proteína do vitelo. Neste experimento, foram avaliados os efeitos de
dietas com e sem proteína (pólen) sobre os níveis de RNAm de vg e de sua respectiva proteína (Vg),
dos títulos de hormônio juvenil (HJ) e do totais de proteínas (PT) presentes na hemolinfa de operárias
confinadas. Os conteúdos de HJ, Vg e PT na hemolinfa das operárias foram analisadas por RIA, SDS-
PAGE e Bradford, respectivamente. RNA extraído do corpo gorduroso serviu para analisar os níveis
de transcritos de vg por RT-PCR. A dieta sem proteína (dieta 3), constituída por uma solução de 50%
de sacarose (p/v), além de impedir o aumento significativo dos títulos de Vg (P<0,05; Kruskal-Wallis
on Ranks), também promoveu uma diminuição significativa dos níveis de RNAm de vg presentes no
corpo gorduroso (P <0,05; ANOVA One Way). Operárias alimentadas com uma dieta contendo pólen
“natural” (dieta 1) ou por uma dieta protéica manipulada (dieta 2), não apresentaram alterações sig-
nificativas tanto nos níveis do RNAm de vg no corpo gorduroso, bem como nas concentrações de Vg
na hemolinfa destas abelhas. Já a dieta sem proteína (dieta 3) promoveu uma alteração significativa na
quantidade de PT na hemolinfa destas abelhas (P <0,05; ANOVA One Way). Entretanto o título de HJ
na hemolinfa das abelhas não sofreu modificações significativas nos três tratamentos. Portanto, a sín-
tese de vg, a quantidade de PT e Vg, fundamentais a função de abelhas nutridoras, estão diretamente
relacionados com a qualidade da dieta recebida pelas operárias em M. quadrifasciata.
O objetivo desse estudo foi avaliar o potencial das MRJPs como marcador molecular associado
à produção da geléia real (GR) em A. mellifera africanizada. As análises da freqüência alélica dos
locos mrjp3, mrjp5 e mrjp8, e as análises de produção, foram estimadas para 34 mini-recrias produ-
toras. Os valores das freqüências alélicas foram utilizados para fazer as análises de regressão linear
múltipla com valores de DEP (diferença esperada na progênie) das rainhas das mini-recrias. As aná-
lises de variância foram significativas (p< 0,05) somente para o loco mrjp3, e a equação mais ajustada
foi observada em função dos alelos C, D e E. Essas análises indicam que este loco exerce influência
no valor genético para produção de GR. O coeficiente de determinação (R2) calculado para os alelos
significativos do loco mrjp3 indicou que 36,85% da variação da DEP é explicada pela variação dos
alelos C, D e E. Portanto, esses três alelos exercem um forte efeito na variação do valor genético da
produção da GR. A análise de trilhas permitiu observar que estes alelos apresentaram efeitos diretos
positivos sobre a DEP, indicando que a maior produção de GR tem contribuição direta do produto
desses genes. Estes resultados mostram que o loco mrjp3 tem potencial para ser usado como marca-
dor molecular na seleção de rainhas africanizadas para produção de GR.
Apoio:
A variabilidade genética foi avaliada em três locos (mrjp3, mrjp5 e mrjp8) que codificam as
proteínas principais da geléia real em Apis mellifera. As análises moleculares foram realizadas em
nutrizes provenientes de 34 mini-recrias destinadas a ciclos de produção de geléia real. Os três locos
foram polimórficos e produziram um total de 17 alelos. Os valores da heterozigosidade média, para
os ciclos I e II de produção da geléia real, foram de 0,5838 e 0,5819 respectivamente, revelando um
elevado grau de diversidade genética, indicando que estas abelhas possuem potencial de seleção. No
entanto, foi observada uma grande diferença entre a Ho e a He para o loco mrjp3 em ambos os ciclos
de produção, mostrando que está ocorrendo uma redução na heterozigosidade para este loco. O valor
de FIS (0,2025) sugere um excesso de homozigotos, que pode ser explicado neste caso pela seleção
das rainhas de cada mini-recria para produção de geléia real. O baixo valor de FST (0,0068) revela
que as nutrizes dos dois ciclos de produção da geléia real ainda não estão diferenciadas genetica-
mente. O elevado grau de variabilidade alélica observada para os locos analisados, especialmente os
mrjp3 e mrjp5, permite indicar esses locos como marcadores genéticos eficientes para caracterização
de estrutura populacional em A. mellifera africanizada.
Apoio:
Palavras-chaves: Apis mellifera, MRJPs, produção de geléia real, variabilidade genética, mar-
cadores moleculares
ESTRUTURA SOCIOGENÉTICA
INTRANIDAL DE Centris tarsata
(HYMENOPTERA: APINAE) DETERMINADA
POR MARCADORES ALOZÍMICOS
Camilla Helena da Silva¹*, Marco Antônio Del Lama²
¹*Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP;
²Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
silvacamillahelena@gmail.com
A espécie Centris tarsata da tribo Centridini é constituída de abelhas de elevado potencial po-
linizador nos ecossistemas neotropicais. O conhecimento atual da biologia deste grupo de abelhas é
esparso; os estudos realizados referem-se principalmente à biologia da nidificação. Informações sobre
a estrutura genética de ninhos e populações de Centris não são disponíveis. Este trabalho objetiva
determinar a estrutura familial de ninhos de Centris tarsata coletados por meio de ninhos-armadilha,
dispostos no campus da Universidadde Federal de São Carlos em Araras. Ninhos fundados no local
foram retirados e mantidos no laboratório até a emergência dos adultos. Estes tiveram peso e sexo
anotados à emergência e foram estocados a baixas temperaturas até o momento das análises gené-
ticas. A estrutura familial foi estabelecida a partir de fenótipos protéicos determinados por sete locos
polimórficos; a detecção das variantes foi feita após eletroforese em gel de amido e coloração histo-
química. A segregação dos polimorfismos bioquímicos em machos e fêmeas adultos de cada ninho
indicou que a estrutura genética familiar é simples, em que a fêmea acasala-se com um macho. Em-
bora preliminares, os achados indicam que usurpação de ninho é pouco freqüente e que monandria é
a condição usual nos ninhos de Centris tarsata. Estes dados deverão ser corroborados com a inclusão
de um maior número de ninhos coletados.
A ecdisona, juntamente com o hormônio juvenil (HJ), inicia e coordena os processos de muda
e metamorfose em insetos, estimulando cascatas de expressão gênica através de ligação ao seu re-
ceptor. O receptor de ecdisona funcional é, na verdade, um heterodímero composto pelo produto do
gene EcR e pelo produto de um outro gene, o usp (ultraspiracle), um ortólogo do receptor de ácido
retinóico (RXR) de vertebrados. Ambos pertencem à superfamília dos receptores nucleares, fatores
de transcrição que dão origem a proteínas subdivididas em cinco domínios com funções diferentes,
mas complementares. Estes domínios são: o A/B (modulador), o C de união a DNA, o D de conexão,
o E de união a ligante e o F, cuja função é ainda desconhecida. A seqüência de DNA e análises por
Northern Blot, mostraram que EcR de A. mellifera é um gene de cópia única, como na maioria das
espécies já estudadas, mas que não dá origem a diferentes isoformas. Nesta abelha o gene apresenta
a típica estrutura em módulos e possui elevado grau de identidade com EcR de outras espécies de
insetos e artrópodes. Além disso, os perfis de expressão de EcR em rainhas e operárias apresentaram
importantes picos, alguns correspondentes aos picos de ecdisteróides e HJ das duas castas. Mas,
apesar de semelhantes, os perfis de EcR em ambas apresentaram algumas diferenças em relação à
fase e à intensidade em que cada pico de expressão ocorre, sugerindo a diferente fisiologia entre elas
e uma possível função deste gene no desenvolvimento de A. mellifera, principalmente em relação à
determinação de castas.
EXPRESSÃO DIFERENCIAL DE
GENES RELACIONADOS AO
PROCESSO REPRODUTIVO EM
OPERÁRIAS DE Apis mellifera
Liliane M. F. de Macedo¹*, Karina R. Guidugli-Lazzarini¹, Marcela A. F. Bezerra
Laure², Zilá Luz Paulino Simões¹
*¹Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP;
²Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
lilianefmacedo@yahoo.com.br
A abelha rainha Apis mellifera é a única fêmea, na colônia, com capacidade de acasalar e botar
ovos fecundados. As operárias, facultativamente estéreis, arcam com todos deveres não reprodutivos.
Ambas sintetizam vitelogenina (Vg), principal proteína do ovo, porém, a modulação da expressão
do gene codificador dessa proteína, a regulação, tradução e função exercida por ela, diferem nas cas-
tas. Inúmeros agentes podem estimular ou reprimir a síntese da Vg. O tratamento das rainhas com
dióxido de carbono (CO2) eleva os títulos de Vg na hemolinfa, acelera o desenvolvimento ovariano
e promove postura precoce. Nas operárias, o efeito é antagônico. Nosso objetivo foi analisar como a
expressão de genes, importantes em processos reprodutivos, é afetada pelo tratamento com CO2. Op-
erárias foram tratadas no terceiro e quarto dias após a emergência, no décimo foram extraídos corpo
gorduroso e ovário para análises moleculares. Os genes selecionados para a análise de expressão, por
RT-PCR sq, foram os codificadores de: Vg e seu receptor, Lipoforina (Lp) e seu receptor, Transferrina,
Hexamerina 70a e Buffy. O tratamento promoveu aumento da expressão da Lp e do seu receptor. Nos
demais, a expressão foi maior no grupo controle, cujos ovários apresentaram-se predominantemente
ativados, infere-se que estes genes possam fazer parte da rede que regula a esterilidade funcional em
operárias. Vg e Lp compartilham funções como transporte de lipídios e estocagem, portanto, o au-
mento da expressão de Lp, talvez seja para compensar a diminuição de Vg.
Apoio: FAPESP
CONSEQÜÊNCIAS DO SILENCIAMENTO DO
GENE CODIFICADOR DE VITELOGENINA NO
DESENVOLVIMENTO PÓS-EMBRIONÁRIO
DE RAINHAS DE Apis mellifera
Francis Morais Franco Nunes¹*, Luiz Roberto Aguiar¹, Vera Lúcia Castelo Figueiredo², Klaus
Hartfelder¹, Zilá Luz Paulino Simões²
¹ Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo;
²Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
francis@rge.fmrp.usp.br
Estudos eletroforéticos em gel de amido permitiram identificar nove regiões de atividade es-
terásica em Apis mellifera, as quais foram preliminarmente caracterizadas bioquímica e genetica-
mente. No entanto, suas respectivas funções ainda não são conhecidas. A partir de similaridades bio-
químicas com esterases bem caracterizadas de outros organismos, possíveis relações de homologia
podem ser estabelecidas. O objetivo deste trabalho foi verificar a homologia entre a esterase-1 de A.
mellifera e a esterase-D humana e entre a esterase-1a de A. mellifera e a esterase-6 de Drosophila
melanogaster. Para tal, procuramos encontrar uma completa associação entre fenótipos esterásicos e
padrões de RFLP das seqüências candidatas em zangões produzidos por uma rainha segregante para
os dois marcadores genéticos. Os resultados preliminares não foram conclusivos para estabelecer a
homologia da esterase-1a com a esterase-6 de D. melanogaster; ao contrário, total associação entre
fenótipo de esterase-1 e padrão de RFLP foi encontrada, corroborando a homologia proposta com a
esterase-D humana. Os resultados demonstram que este delineamento é eficaz para estudos desta na-
tureza. A validação da homologia e identificação do gene da esterase-1 pode contribuir para estudos
funcionais dessa enzima e para estudos sobre a evolução dessa família de enzimas de A. mellifera.
Apoio: FAPESP
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL
OVARIANA DE ABELHAS SEM FERRÃO
Melipona quadrifasciata
Érica Donato Tanaka¹, Weyder Cristiano Santana¹*, Klaus Hartfelder²
¹* Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP;
²Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto – SP, Brasil
donato@rge.fmrp.usp.br
CARACTERIZAÇÃO DO
GENE CODIFICADOR DA
PROTEÍNA HP19 EM Apis mellifera
Guaracini Aparecida Loterio¹*, Juliana Ramos Martins², Márcia Maria Gentile Bitondi¹
¹*Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP;
²Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
guaracini_loterio@yahoo.com.br
Hexamerinas são proteínas produzidas e estocadas na hemolinfa larval e funcionam como fonte
nutricional que garante o desenvolvimento pupal e adulto de insetos holometábolos. O seqüestro des-
tas proteínas pelas células do corpo gorduroso deve-se à fosforilação de um receptor específico, me-
diada por uma tirosina quinase e pelo hormônio 20-hidroxiecdisona e, em certas etapas do desenvol-
vimento, o seqüestro é inibido pela proteína HP19. Pouco se sabe sobre esta proteína em insetos, não
existindo estudos em Apis mellifera. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o gene codificador de
HP19. Para tal, identificou-se o ortólogo de HP19 de Corcyra cephalonica no genoma de Apis (versão
4.0) para desenho de primers específicos utilizados para isolamento da seqüência alvo e subseqüente
clonagem, seqüenciamento e análises de bioinformática. Um total de 826 nucleotídeos (nt) foram se-
qüenciados, sendo 86 nt e 119 nt relativos às regiões parciais das extremidades 5’ e 3’ não-traduzidas
(UTR), respectivamente. Os demais 621 nt correspondem a região codificadora (CDS) organizada
em 4 éxons. O polipeptídeo de 206 resíduos de aminoácidos (aa) apresenta peso molecular estimado
de 23kDa e ponto isoelétrico de 8,43. Além disso, HP19 é uma proteína rica em leucina (12,6% dos
aa) e lisina (9,2%), estável (índice de instabilidade de 29,01) e hidrofílica (índice de hidropaticidade
de -0,227), com 11 sítios de fosforilação e ausência de região transmembrana. Apresenta domínios
conservados da família GST-like, relacionados ao sistema de defesa frente ao estresse oxidativo,
assim como aos mecanismos de desintoxicação. Os estudos de expressão deste gene ao longo do
desenvolvimento dos morfotipos de A. mellifera corroboram a dinâmica de secreção e seqüestro de
hexamerinas durante a ontogênese desse inseto.
Apoio: FAPESP
Métodos não-letais estão sendo descritos em diversos estudos genéticos. As abelhas Euglossini
são abelhas corbiculadas, importantes polinizadores da região neotropical. Durante experimentos de
marcação-recaptura, foi observado que alguns indivíduos de Euglossa cordata e Eulaema nigrita
apresentavam as antenas danificadas ou mesmo a ausência completa de uma delas, o que sugeriu que
a falta parcial ou completa de uma antena pode não afetar sua sobrevivência. Nesse trabalho, pro-
curou-se estimar taxas diferenciais de sobrevivência entre abelhas capturadas das quais a metade de
uma das antenas foi seccionada e abelhas capturadas cujas antenas não foram alteradas. A marcação e
recaptura dos adultos foi realizada quando as abelhas visitavam flores de Thevetia peruviana (Apoc-
ynaceae) da cidade de São Carlos (SP). As coletas foram realizadas pelo menos uma vez por semana,
entre 7 - 17 horas, nos meses de fevereiro/2006 a março/2007. As antenas foram armazenadas em ep-
pendorf com etanol absoluto e estocadas em freezer (-20ºC) até a extração. O DNA extraído (Paxton
1996) foi amplificado por PCR e os fragmentos produzidos visualizados em géis de poliacrilamida
corados com nitrato de prata. Em Eg. cordata, foram marcados 209 indivíduos (65 recapturados) e
171 indivíduos com antena seccionada (44 recapturados), demonstrando igual chance de recaptura
(X² = 0.926, P = 0.33). Em El. nigrita, foram marcados 66 indivíduos (10 recapturados) e 57 indi-
víduos com antena seccionada (6 recapturados), exibindo igual chance de recaptura (X²= 0.493, P
= 0.48). Estes resultados indicam que a retirada de metade de uma das antenas parece não afetar a
sobrevivência de Eg. cordata e El. nigrita. Considerando que o DNA extraído a partir da antena sec-
cionada permitiu a amplificação via PCR de alguns genes mitocondriais testados, os dados permitem
concluir que a secção parcial de uma antena constitui método não-letal adequado para amostragem de
DNA de adultos de euglossíneos.
Apoio: Fapesp
O período larval dos insetos é caracterizado pelo acúmulo de reservas nutricionais para a meta-
morfose e desenvolvimento pupal e adulto. Em Apis mellifera, diferenças qualitativas e quantitati-
vas na dieta alimentar oferecida às larvas levam à diferenciação de castas e, em operárias adultas, a
síntese de proteínas de estocagem e a ativação dos ovários são diretamente dependentes das reservas
nutricionais. O objetivo deste trabalho consistiu em investigar se o desenvolvimento das larvas e,
particularmente, de seus ovários, é influenciado pela dieta oferecida às abelhas operárias nutridoras
(que alimentam as larvas). Para investigar esta relação, abelhas operárias foram alimentadas com di-
etas preparadas com diferentes quantidades de pólen (5% e 15%). Ao final de 7, 8 e 9 dias, as larvas
atendidas por estas operárias foram pesadas e dissecadas para análise da expressão do gene hex 70c,
codificador de uma hexamerina (proteína de estocagem) no corpo gorduroso, e dos genes de apoptose
iap1, iap3, bruce, buffy (ativadores) e ark (inibidor) nos ovários. As larvas alimentadas por operárias
que consumiram dieta contendo 15% de pólen apresentaram peso corporal significantemente maior
(P<0,001). No entanto, não houve diferença entre níveis de transcritos de hex 70c entre ambos os
grupos de larvas. O desenvolvimento dos ovários não sofreu alterações significativas, mas foram
observadas pequenas flutuações nos níveis de transcritos dos genes de apoptose. Em conjunto, estes
dados sugerem que o teor de pólen oferecido às operárias nutridoras influencia processos do desen-
volvimento larval, sendo o mais evidente, o peso corporal.
Apoio: FAPESP
HETEROCRONIA DA MATURAÇÃO DO
EXOESQUELETO ENTRE CASTAS
E SEXOS DE Apis mellifera
Moysés Elias Neto*, Márcia Maria Gentile Bitondi
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP, Brasil
meliasneto@pg.ffclrp.usp.br
Os insetos são recobertos por uma estrutura extracelular, a cutícula. Dentre seus principais
componentes destacam-se as proteínas cuticulares, as quais são sintetizadas pela epiderme e secre-
tadas em momentos precisos dos ciclos de muda. O presente trabalho se desenvolve dentro de uma
abordagem ampla que visa obter informações sobre estrutura, função e regulação hormonal de genes
codificadores de proteínas integrantes das diferentes cutículas que recobrem a abelha Apis mellifera
em seus estágios larval, pupal e adulto. Neste contexto, foi investigada a expressão de um gene codi-
ficador da proteína cuticular AmelGrp. O RNA foi extraído do tegumento (epiderme e cutícula) dos
diferentes estágios e utilizado em experimentos de RT-PCR semiquantitativa para síntese de cDNA,
amplificação, clonagem e seqüenciamento. A proteína predita apresentou regiões ricas em glicina,
evidenciando uma provável classe de proteínas cuticulares inédita em abelhas. A expressão de Amel-
Grp se restringe a períodos específicos do desenvolvimento e não está sujeita a regulação espacial.
O aumento dos transcritos AmelGrp, tanto no tórax quanto no abdômen, coincide com o declínio do
título de ecdisteróides na hemolinfa. Experimentos in vitro confirmaram que AmelGrp é regulado por
estes hormônios. Western blots mostraram que os níveis da proteína AmelGrp se relacionam positi-
vamente com os níveis do respectivo transcrito nas diferentes fases do desenvolvimento. No presente
momento estamos utilizando o RNA de interferência como ferramenta para investigar a função do
gene AmelGrp.
Apoio: FAPESP
Apoio: CAPES
DESENVOLVIMENTO CASTA-ESPECÍFICO
DAS PERNAS POSTERIORES DE Apis mellifera
Ana D. Bomtorin¹*, Marcela A. F. B. Laure¹, Angel R. Barchuk², Zilá L. P. Simões³
¹ Dept.. Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo;
²Dept.. Ciências Biológicas, Universidade Federal de Alfenas;
³Dept.. Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo
Avenida Bandeirantes 3900, Ribeirão Preto, Brasil
ana_durva@rge.fmrp.usp.br
As abelhas Apis mellifera podem apresentar diversos parasitas, como o ácaro Varroa destruc-
tor, conhecido como varroa. Este ácaro age perfurando o tegumento das abelhas para assim se ali-
mentar de sua hemolinfa. A influência do ácaro no sistema imune da abelha é um tópico de grande
importância, uma vez que a varroatose causa grandes problemas em abelhas européias. Outro fato que
pode influenciar no sistema imune é a transmissão do vírus da asa deformada (dwv) pela varroa. Para
o estudo do sistema imune em abelhas africanizadas infestadas pela varroa, foram coletadas pupas de
operárias e zangões parasitadas com números variáveis de varroas. O RNA total das amostras foi pu-
rificado para síntese do cDNA e posterior amplificação por PCR. A PCR com primers específicos de
defensina, um peptídeo antimicrobiano, foi usada para se verificar ativação ou supressão do sistema
imune. A presença do vírus foi observada com uso de primers específicos para dwv. Pela análise do
perfil de expressão de defensina e da grande quantidade de vírus nas amostras coletadas, observamos
que em zangões a varroa é um vetor do vírus dwv. As operárias também apresentaram grande quanti-
dade de transcritos da defensina em abelhas infestadas por varroas. Estes resultados mostram que em
abelhas africanizadas, a infestação por varroas provoca ativação do sistema imune com o aumento
na quantidade de transcritos da defensina. Estes resultados são inéditos e diferenciam-se do que já
foi descrito em abelhas européias, uma vez que o sistema imune destas abelhas é suprimido quando
infestadas por varroa.
Apoio:
QUANTIFICAÇÃO DO CONTEÚDO
GENÔMICO DE TRÊS ESPÉCIES DE
ABELHAS SEM FERRÃO (HYMENOPTERA,
MELIPONINAE) POR CITOMETRIA DE FLUXO
Denilce Meneses Lopes*, Carlos Roberto de Carvalho, Wellington Ronildo Clarindo, Milene
Miranda França, Mara Garcia Tavares
Universidade Federal de Viçosa
Av. P H Rolfs, s/n , 36.570-000, Viçosa, Minas Gerais, Brasil
denilceml@yahoo.com.br
O conhecimento do tamanho do genoma tem recebido crescente atenção nos últimos anos e a
citometria de fluxo tem sido aplicada para determinar o conteúdo de DNA de vários organismos. O
tamanho do genoma de muitas espécies de abelhas não é conhecido, apesar da importância ecológica
deste grupo de insetos em diversos ecossistemas. Neste trabalho a citometria de fluxo foi utilizada
para medir o conteúdo de DNA de três espécies de abelhas, Melipona mondury, M. rufiventris e Scap-
totrigona xanthotricha, importantes polinizadores das matas brasileiras. A suspensão de núcleos foi
preparada utilizando-se o gânglio cerebral dos indivíduos e tampão OTTO. A análise foi realizada em
citômetro de fluxo Partec PAS®, utilizando-se como controle interno, células do gânglio cerebral de
Drosophila melanogaster e de S. xanthotricha. Os histogramas obtidos demonstraram coeficientes
de variação de 2,87 a 4,14%. As medidas de citometria de fluxo evidenciaram que o conteúdo 2C de
DNA nuclear de M. mondury e M. rufiventris foi equivalente a 1,89 pg e 1,85 pg respectivamente,
enquanto o conteúdo de DNA nuclear de S. xanthotricha foi de C = 0, 42 pg para machos e 2C = 0,
88 pg para as fêmeas. Esta diferença pode ser justificada pela quantidade de heterocromatina em M.
mondury e M. rufiventris comparado ao observado em S. xanthotricha. O valor encontrado para essa
espécie corresponde ao que tem sido visto em outras abelhas estudadas.
EXPRESSÃO DE LOCALIZAÇÃO DE
CADERINAS EM OVÁRIOS DE RAINHAS E
TESTÍCULOS DE LARVAS DE Apis mellifera
Mônica Mazzei Florecki, Klaus Hartfelder
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
zeiflo@yahoo.com.br
Apoio: FAPESP
IDENTIFICAÇÃO DO GENE DA
ENZIMA METIL FARNESOATO EPOXIDASE
DE Apis mellifera E SUA RELAÇÃO
COM O STATUS NUTRICIONAL
Gustavo Conrado Couto Rosa¹*, Zilá Luz Paulino Simões¹, Aline Mackert²
¹Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP;
²Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
guconrado@hotmail.com
O Hormônio Juvenil (HJ), sintetizado nos corpora allata (CA), é um regulador de processos
fisiológicos em insetos. O estudo da regulação dos títulos de HJ é importante no caso de Apis mel-
lifera, devido a sua atuação na diferenciação de castas, rainhas e operárias. A regulação do último
passo na síntese do HJ-III, único HJ encontrado em Apis mellifera, é a epoxidação do metil farnesoato
para HJ-III, realizada pela enzima metil farnesoato epoxidase (MFE). O gene codificador da MFE
foi descrito em Diploptera punctata. Em A. mellifera nove potenciais parálogos para o gene foram
identificados por ferramentas de bioinformática a partir de seqüências preditas pelo projeto genoma
deste organismo. Apenas a seqüência referente ao GB15634 (Official Gene Set) revelou um perfil de
expressão compatível com a taxa de síntese de HJ. Este gene também foi considerado por análises
de filogenia molecular (Claudianos et al., 2000 – Insect Mol. Biol. 15:615-636.) como o ortólogo do
gene codificador da MFE em Apis mellifera. Os níveis de transcritos do GB15634 são aumentados
em abelhas alimentadas com açúcar em relação àquelas que receberam açúcar e pólen. Os resultados
apontam para o GB15634 como sendo o gene participante da via de síntese do HJ, e ainda, que este
gene pode ser um passo importante na modulação dos títulos deste hormônio, uma vez que o status
nutricional já é conhecido como um importante regulador dos níveis de HJ em abelhas melíferas.
Apoio: FAPESP
Palavras-chaves: Hormônio Juvenil, Metil farnesoato epoxidase, Apis mellifera, Corpora al-
lata, Status nutricional
The classification of bees and their phylogenetic relationships are controversial questions still.
Mitochondrial gene order is cited by several authors as a promising molecular marker to study the
phylogeny of major groups, like Insecta orders. Thus comparative analyses of mtDNA may consti-
tute a good character source to infer the phylogeny among tribes, subfamilies and families of bees.
We selected 13 bee species representing 11 different tribes for mtDNA analysis. Regions comprising
tRNA genes were amplified with primers derived from other insects. All fragments were cloned and
sequenced from both directions. Sequences were analyzed to determine gene order and compared
among species. We verified a large amount of gene rearrangements. Unfortunately, comparing all
species of this work, gene translocations had not generated sufficient data to obtain a phylogenetic
tree. However we could apply our data to a previous phylogenetic tree proposed by Michener (2000)
where subfamilies and families of bees are related, but divided in two groups: short and long-tongued
taxa. It is clear that bees have an accelerated rate of mitochondrial genome evolution, including base
substitution and also gene order rearrangement. Data are congruent to previous studies on wasps.
More investigations on that insect order can lead to a better understanding of molecular evolution.
Apoio: FAPESP
Recentemente foi relatada a ocorrência da abelha sem ferrão Melipona quinquefasciata no nor-
deste do Brasil, identificada por caracteres morfológicos não totalmente conclusivos. O objetivo deste
estudo foi verificar a influência da distância geográfica sobre a similaridade genética das abelhas en-
contradas no Nordeste e no Centro-Oeste, por intermédio do teste de Mantel. Foram coletadas em nove
colônias, amostras de abelhas, distribuídas nos estados do Ceará, Piauí e Goiás. A região ITS1 foi am-
plificada por PCR a partir de amostras de DNA genômico (extração com reagente CTAB) usando-se os
iniciadores ITS2 e ITS5. Seqüências parciais da extremidade 3’ dos produtos amplificados foram obti-
das usando-se o iniciador ITS2, e analisados no seqüenciador MegaBACE 1000. A matriz de similari-
dade genética foi montada com o auxílio do programa MEGA v3, e da distância geográfica foi calcula-
da por intermédio do programa GPS Trackmaker 11.7, a partir dos pontos amostrais georeferenciados.
Os resultados após o seqüenciamento mostrou elevado grau de similaridade entre as amostras, 0,015
e tamanho de 491 a 572pb. O teste de Mantel revelou que a distância geográfica afetou a similaridade
genética entre as abelhas com 95% de probabilidade. Já que, o H0 formulado pelo programa Mantel,
foi rejeitado, quando o valor g=3,4966 foi superior ao valor crítico gerado 1,645 (p<0,05), existindo
portanto autocorrelação espacial. Conclui-se que, embora se tratando da mesma espécie, o distancia-
mento geográfico afetou, em pequeno grau, a dissimilaridade genética das populações estudadas.
BIOLOGIA DA POLINIZAÇÃO
IDENTIFICATION OF CALMODULIN-
BINDING PROTEINS IN BRAIN
OF WORKER HONEYBEES
Luciana Karen Calábria¹*, Liudy Garcia Hernandez² ³, Renata Roland Teixeira¹, Marcelo Valle
de Sousa³, Foued Salmen Espindola¹
¹Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia;
²Centro de Aplicaciones Tecnológicas y Desarrollo Nuclear;
³Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade de Brasília
Av Pará s/ número, Campus Umuarama, 38400-902 Uberlândia, Brasil
lkcalabria@yahoo.com.br
Calmodulin is a Ca+2-binding protein important in a variety of cell functions. The Ca+2/ calm-
odulin complex interacts with and regulates various enzymes and target proteins, known as calmodu-
lin-binding proteins (CaMBPs). In this study, we revealed a comparative identification of the CaMBPs
composition in the worker honeybee (Apis mellifera) brain, considering two different honeybee be-
haviors in the colony. To this end, the CaMBPs of forager and nurse workers were purified by affinity
chromatography, separated in 1D gel, digested and submitted to peptide mass fingerprinting (PMF).
In the PMF analysis, 15 different proteins, considered behavior-specific proteins, were identified, one
of them exclusively in forager workers and 10 in nurses. All the proteins were classified in terms of
their function and cell localization, revealing a greater expression of metabolism-related CaMBPs
in both worker subcastes. Protein sequences were then analyzed for the presence of the calmodulin-
binding sites. Therefore, the honeybee brain CaMBPs profiles presented differences between worker
subcastes. This is the first identification of calmodulin-binding proteins in the brain of Apis mellifera
upon nursing and foraging behaviors in the colony and this diversity of target proteins for Ca+ 2/CaM
may be involved in terms of the function of these proteins in the nervous system.
ALTERAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS
CAUSADAS PELO FORRAGEAMENTO EM
OPERÁRIAS DE Apis mellifera
Cynthia Renata de Oliveira Jacob*, Hellen Maria Soares, Lilian M. M. Cesar Tognoli,
Roberta C. F. Nocelli, Osmar Malaspina, Mario Sergio Palma
Centro de Estudos de Insetos Sociais - UNESP - Rio Claro
Av: 24A, 1515 - Bela Vista
re_jacob@yahoo.com.br
This research was carried out to estimate the genetic and phenotypic parameters for Apis mel-
lifera Africanized queens weight and thorax morphometric measurements. At emergence 829 queens
were weighed and measured to determine live queen weight (mg), length, thorax width and height
(mm). Data were submitted to unitraits and multicharacter analyses by Bayesian methods through
the software MTGSAM. The general averages and standard deviation for queen live weight, length,
thorax width and height were 177.22 ± 25.71mg, 4.79 ± 0.39mm, 4.80 ± 0.42mm and 4.90 ± 0.34mm,
respectively. Heritability estimates for live queen weight, length, and thorax width and height were
0.37, 0.50, 0.21 and 0.44 by unitraits analysis and 0.05, 0.65, 0.66 and 0.56 by tetracharacter analysis,
respectively. Heritability estimates for thorax measurements were higher by tricharacter than by uni-
traits analysis. Estimates of genetic and phenotypic parameters for thorax measurements of African-
ized Apis mellifera queens show evidence that there is potential selection in all characteristics. When
combined with thorax measurements, the weight is not a characteristic with potential selection.
PERFIS DE HIDROCARBONETOS
CUTICULARES DA ABELHA Apis mellifera E
SUA RELAÇÃO COM O EIXO IDADE-FUNÇÃO
Carlos H. Lobo¹*, Michelle Manfrini², Rogério A. Pereira², Marcela A. B. Lauri¹, Luis Aguiar¹,
Zilá L. P. Simões², Jürgen Heinze³, Klaus Hartfelder4
¹Dept. de Genética da FMRP/USP;
²Dept. de Entomologia da FFCLRP/USP;
³Universidade Regensburg/Alemanha;
4
Dept. de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da FMRP/USP
Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre - Ribeirão Preto - SP - Brasil
chlobo@rge.fmrp.usp.br
Em sistemas complexos como colônias de insetos sociais é essencial a comunicação entre in-
divíduos para garantir uma maior eficiência na divisão de trabalhos, e neste contexto, a comunica-
ção olfativa por feromônios e substâncias voláteis em geral constitui um elemento fundamental da
coesão. Hidrocarbonetos compõem a maior parte das substâncias voláteis. Estes podem ser encon-
trados na cutícula de praticamente todos os insetos. Além de sua função primaria de funcionar como
uma barreira a perda de água, hidrocarbonetos cuticulares também estão envolvidos em comunicação
semioquímica em insetos. Além dos hidrocarbonetos cuticulares, secreções de glândulas cefálicas s
exercem papel fundamental na comunicação entre os indivíduos da colméia. O objetivo deste trabalho
é estudar as associações entre as mudanças de função da glândula hipofaríngea com os respectivos
perfis de hidrocarbonetos. Para tal montou-se uma colônia “Single-cohort” com aproximadamente
3000 abelhas recém-emergidas. Para o estudo dos hidrocarbonetos cefálicos as amostras coletadas
em Ribeirão Preto foram analisadas em cooperação com o grupo da Universidade de Regensburg,
Alemanha. Os testes incluíram um total de 25 amostras. As análises foram feitas com a técnica de
cromatografia gasosa e os resultados analisados com o programa Statistica 6.0. Para as análises es-
tatísticas 29 picos de hidrocarbonetos foram escolhidos. Os resultados mostraram que em sua maioria
os hidrocarbonetos são alcanos e alquenos. A primeira vista pode-se observar uma tendência de sepa-
ração apenas para as abelhas forrageiras novas em comparação aos demais grupos.
FORRAGEAMENTO E POTENCIAL
POLINIZADOR DE Scaptotrigona bipunctata
(MELIPONINI) EM INFLORESCÊNCIAS DE
Cupania vernalis (SAPINDACEAE) EM TRÊS
COROAS, RS, BRASIL
Daniela Loose Ferreira*, Annelise de Souza Rosa, Irving Bolzan, Diego Kwecko Lima,
Betina Blochtein
Faculdade de Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Av. Ipiranga 6681, Porto Alegre, RS
daniloose@gmail.com
LEVANTAMENTO DE ABELHAS E
ATUAÇÃO NA POLINIZAÇÃO DE ESPÉCIES
VEGETAIS EM REMANESCENTE DE
CERRADO, CAMPO GRANDE, MS
Jennifer Elaine Maier*, Márcia Rocha Vicente, Renato Gatti Fernades, Paulo Alexandre Bo-
giani, Maria Rosângela Sigrist
Laboratório de Botânica, Departamento de Biologia/CCBS – UFMS
Cidade Universitária s/n, 79070-900 Campo Grande, MS, Brasil
jemaier@gmx.net
As abelhas são reconhecidas como o mais importante grupo de polinizadores dos ecossistemas
tropicais e da flora brasileira, mas geralmente sua atuação na polinização de plantas nativas e cultiva-
das é ignorada, subestimada ou desconhecida. Neste estudo foi realizado o levantamento de abelhas
em flores de espécies de remanescente de cerrado da Universidade de Mato Grosso do Sul, Campo
Grande, de agosto/2007 a março/2008, com intuito de verificar o potencial polinizador destes insetos.
Foram coletados 444 indivíduos de abelhas, distribuídos em 12 gêneros e 23 espécies (quatro inde-
terminadas) pertencentes às famílias Apidae (12 spp., 408 indivíduos) e Halictidae (7 spp., 30). As
abelhas foram coletadas ao longo de todo o período de estudo, principalmente de outubro a dezembro,
e durante todo o dia, com pico entre 08h00-10h00 e 14h00-15h00. Paratrigona lineata foi a espécie
mais abundante (144), seguida de Apis mellifera (137) e Trigona spinipes (52). Paratrigona linea-
tae T. spinipes também visitaram maior número de espécies floridas (7 e 9 spp., respectivamente).
O levantamento das abelhas foi realizado em 59 espécies vegetais, pertencentes a 18 famílias, das
quais foram amostradas espécies de nove famílias, destacando-se Malpighiaceae com sete espécies
amostradas. Byrsonima intermedia e Matayba cf. guianensis destacaram-se pela riqueza e abundân-
cia de abelhas coletadas nas flores (14 spp./158 exemplares e 11 spp./203, respectivamente). Durante
as visitas, as abelhas coletaram pólen (22 spp.), óleo (13 spp.) e/ou néctar (10 spp.). A maioria das
abelhas age com potencial polinizador das espécies vegetais amostradas, embora pelo menos 50% das
abelhas possam também atuar como pilhador de algum tipo de recurso floral.
ABELHAS E VESPAS
COMO POLINIZADORES DE Ipomoea
pescaprae (CONVOLVULACEAE)
Eliana de Medeiros Oliveira¹*, Anne Zillikens², Josefina Steiner¹
¹Laboratório de Abelhas Nativas, Centro de Ciências Biológicas, UFSC;
²Med.-Naturwissenschaftliches-Forschungszentrum, Universität Tübingen, Germany
Predio Fritz Müller - Bloco B - Campus Universitário UFSC, Trindade, 88.040-900
Florianópolis – SC, Brasil
eli_sin80@yahoo.com.br
Ipomoea pes-caprae é uma planta rastejante que coloniza a duna frontal na Restinga e atua como
fixadora de areia. A espécie é autoincompatível, e suas flores dependem das visitas dos insetos para a
polinização. O objetivo deste estudo foi conhecer o espectro de abelhas e vespas visitantes florais para
estabelecer os possíveis polinizadores de I. pes-caprae. Entre dezembro/2006 e março/2007, semanal-
mente 3 a 4 flores foram observadas durante toda antese. Foram registradas a freqüência, o horário e o
comportamento dos visitantes. Em 2-3 individuos por espécie o pólen aderido aos corpos das abelhas
e vespas foi analisado a fim de verificar se elas transportavam pólen de I. pes-caprae. Quinze espécies
de abelhas e 3 de vespas foram registradas. Apis mellifera, Melitoma segmentaria, Augochlora sp. e
Pseudagapostemon hurdi coletaram pólen e néctar, as outras espécies coletaram só néctar. As abelhas
que coletaram principalmente pólen visitaram as flores com maior freqüência entre 6 e 8 h. Visitantes
que só buscavam néctar como as vespas e a abelha cleptoparasita Mesonychium littoreum, mostraram
maior atividade entre 8 e 12 h. Apis mellifera, Melitoma segmentaria, Centris leprieuri, Bombus mo-
rio e a vespa Campsomeris cf hesteriae (Scoliidae) foram considerados os polinizadores devido à alta
freqüência de contato com as estruturas reprodutivas da flor, à presença de pólen de I. pes-caprae no
corpo e ao comportamento de vôo tipo “trap-lining” visitando muitas flores co-específicas.
DB EXPERTS - BANCO DE
DADOS DE ESPECIALISTAS EM
ESPÉCIES POLINIZADORAS
Diogo Borges Krobath¹, Prof. Dr. Antonio Mauro Saraiva¹ , Prof. Dr. Pedro Luiz Pizzigatti
Correa¹ , Etienne Américo Cartolano Júnior¹, Elizabeth Sellers²
¹Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, ²National Biological Information Infrastructure
Laboratório de Automação Agrícola - Escola Politécnica da USP. Av. Prof. Luciano Gualberto,
travessa 3, nº 158, sala C2-56. Edifício de Engenharia Elétrica Cidade Universitária - São Paulo –
SP. CEP 05508-900. Fone: (11) 3091-5366 Fax: (11) 3091-5294
diogo.krobath@usp.br
Um dos componentes da Rede Temática de Polinizadores (PTN), projeto que faz parte da Rede
Inter-Americana de Informações sobre Biodiversidade (IABIN), é um Banco de Dados de Especial-
istas em Espécies Polinizadoras. Trata-se de uma ferramenta que apresenta essencialmente funcio-
nalidades para consulta e inserção de dados relacionados a especialistas em polinizadores e poliniza-
ção. Possui como objetivos suprir necessidades de consulta e armazenamento de informações sobre
especialistas para a comunidade científica e para a sociedade em geral, através de interfaces de fácil
acesso via Web. Este sistema fornece condições ao especialista de modificar quando conveniente as
suas informações pessoais, indicar quais são as suas áreas de especialidade, tanto em relação a regiões
geográficas quanto a grupos taxonômicos, entre outros dados. Essas informações digitalizadas pelos
especialistas são automaticamente disponibilizadas para consulta. O sistema de busca funciona uti-
lizando critérios definidos com relação às necessidades dos próprios usuários de acesso ao sistema.
Tais critérios refinam a quantidade dos registros de especialistas mostrados pela página de resultados
da busca, apresentam a possibilidade de escolha de parâmetros de consulta como região de localidade
e especialidade do especialista, seleção de nomes científicos de especialidade, busca por nome ou
trechos do mesmo, entre outros. A manutenção do sistema é realizada através de usuários adminis-
tradores. Estes são os únicos que possuem permissões para adicionar especialistas e outros usuários.
Utilizou-se para o desenvolvimento desta ferramenta a linguagem de programação PHP, o banco de
dados MySQL e o webserver Apache. O banco pode ser acessado no portal da IABIN-PTN (iabinptn.
pcs.usp.br) ou a partir da página web do projeto IABIN-PTN em pollinators.iabin.net.
COMPORTAMENTO DE VISITA DE
ABELHAS SILVESTRES EM FLORES DE
BERINJELA (Solanum melongena L.)
Elizandra Goldoni Gomig*, Maria José de Oliveira Campos
Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Campus Rio Claro/SP
Av.24A, 1515 Bela Vista, 13506-900 Rio Claro-SP, Brasil
eligomig@yahoo.com.br
Apoio: UNESP
The fauna of bees visiting flowers of Nasturtium (Tropaeolum majus) was surveyed in Doura-
dos, MS during the months of August, September and October from 2005 to 2007. The study site was
the medicinal plants garden of the Universidade Federal da Grande Dourados where T. majus has
been raised for pharmaceutical purposes among many other cultivars. Insects which landed on flow-
ers were collected (nest-sweeping method) identified and then behavioral aspects such as resource
choose, visits period and relationships observed (only the bee fauna is presented here). The honey
bee Apis mellifera and the stingless native bee Trigona spinipes were the most abundant and frequent
visitors and also indicate a probable pollination relation as they both may contact anthers and stigmas
when gathering pollen. Moreover, Halictidae bees and Exomalopsis (Exomalopsis) sp. were frequent-
ly observed harvesting pollen but due to their non compatible sizes stigmas were not contacted. Fol-
lowed the frequency sequence Oxaea flavescencs, this bee appeared always as primary robber, most
of the time early in the morning. T. spinipes was a primary robber and interacted agonistically with
A. mellifera keeping it away but still it was seen as a secondary robber. Rare bees were Geotrigona
mombuca, Centris spp., Xylocopa spp. and a Megachilidae, all registered only once.
A planta distílica Cordia leucocephala e a abelha Ceblurgus longipalpis são endêmicas da Caat-
inga e apresentam uma estreita relação. Nesse estudo procuramos entender a ecologia da polinização
de Cordia leucocephala e perguntamos: 1) quais caracteres divergem entre os tipos florais brevi e
longistila? 2) Quais são seus polinizadores efetivos? 3) Ceblurgus longipalpis possui aparatos morfo-
comportamentais especiais para a coleta de pólen? e 4) Os parceiros são inter-dependentes? O estudo
foi conduzido na Fazenda Gentio, município de Pedra. A antese foi acompanhada em 50 flores previa-
mente ensacadas da abertura até a abscisão. O sistema reprodutivo da espécie foi determinado a partir
dos experimentos usuais de polinização. Os visitantes florais foram coletados e os polinizadores efeti-
vos determinados a partir da freqüência, comportamento e análise de fidelidade. Cordia leucocephala
é uma espécie xenogâmica inter-morfa e suas flores brevi e longistila divergem em caracteres como
número, tamanho e ornamentação dos grãos de pólen, tamanho do pistilo e dos lóbulos estigmáticos
e quantidade de néctar por flor. Apesar de brancas e vistosas, suas flores tubulares produzem pouco
néctar e de difícil acesso. Machos e fêmeas de Ceblurgus longipalpis são os únicos visitantes e po-
linizadores de Cordia leucocephala, enquanto as flores dessa planta são as únicas fontes de pólen uti-
lizadas por estas abelhas. Ceblurgus longipalpis apresenta adaptações morfo-comportamentais únicas
e adequadas para a exploração dos recursos florais como tamanho do corpo, glossa longa e pilosa e
pilosidade no clípeo e o grande número de frutos formados naturalmente mostra a efetividade des-
sas abelhas como polinizadores. Os machos ainda utilizaram as flores como sítio de acasalamento e
dormitório. Ceblurgus longipalpis é monolética em flores de Cordia leucocephala o que significa que
coleta pólen exclusivamente em suas flores. O estudo mostra que existe uma dependência reprodutiva
mútua entre a planta e a abelha.
O objetivo do presente estudo foi identificar os insetos visitantes nos capítulos do girassol (He-
lianthus annuus L.), em Ribeirão Preto, SP. Para isso, foram realizadas contagens dos insetos presentes
nos capítulos, nos primeiros 10 minutos de cada horário, das 7h00 às 18h00, com três repetições, em
dias distintos, em março de 2007. Observou-se que os insetos mais freqüentes nos capítulos do giras-
sol foram Apis mellifera (82,06%) seguida de Tetragonisca angustula (7,92%) e Trigona spinipes
(4,22%). As abelhas A. mellifera visitaram as flores das 7h00 às 18h00, sendo mais freqüentes entre
8h00 e 10h00. Essas abelhas foram observadas coletando néctar e pólen, nessas flores. As abelhas T.
angustula foram observadas nos capítulos das 8h00 às 15h00, apresentando vários picos de freqüên-
cia, no decorrer do dia. Essa abelha coletou apenas pólen nos capítulos do girassol. Com a presença
dos insetos, a produção de sementes (aquênios) foi 26,56% maior comparado aos capítulos onde foi
impedida a visita dos insetos. Pelo comportamento e constância, a abelha A. mellifera foi considerada
agente polinizador da cultura.
COMPORTAMENTO DE FORRAGEAMENTO
DE ABELHAS EM FLORES DE Gossypium
barbadense (MALVACEAE) NO
DISTRITO FEDERAL – BRASIL
Viviane Cardoso Pires¹*, Aline Costa Botelho², Glauce Cristina P. C. Gonçalves², Pablo Bernardo
C. das Chagas², Fernando A. Silveira¹,Edison R. Sujii², Eliana Fontes², Carmem S. S. Pires²
¹ Pós-graduação – Ecologia Conservação e Manejo da Visa Silvestre ICB/UFMG;
²Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia
Rua Cana Verde, nº 261 Apto 201 Jaraguá, Belo Horizonte – Minas Gerais
vica_natmel@yahoo.com.br
Os visitantes florais de Couepia uiti (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook. F. (Chrysobalanaceae)
foram estudados na sub-região pantaneira do Miranda-Abobral, Mato Grosso do Sul. Abelhas da
espécie Centris spilopoda Moure foram responsáveis por 74,8% do total de 1122 visitas observadas,
tendo sido consideradas as principais polinizadoras das flores de C. uiti devido à alta freqüência de
visitas nas flores bem como ao seu comportamento de visita. Outros visitantes freqüentes foram
Epicharis xanthogastra Moure e Seabra, Apis mellifera L. e Nannotrigona aff melanocera Schwarz.
Abelhas do gênero Xylocopa sp. e Bombus sp., apesar de menos freqüentes também são polinizadores
efetivos de C. uitidevido ao seu grande porte e ao comportamento de visitas em linhas de captura, que
maximiza as chances de polinização cruzada para esta espécie auto-incompatível. Centris spilopoda
realizou em média 83 visitas às flores de C. uiti em intervalos de 10 minutos a cada hora, ao passo que
para os demais visitantes, foram registradas em média apenas 23,2 visitas. Assim na região de Miran-
da-Abobral C. uiti depende da visita de abelhas, principalmente C. spilopoda, para sua reprodução.
Neste trabalho pretendeu-se determinar a biologia floral do urucuzeiro de Bixa orellana através
de seu período de florescimento, receptividade do estigma, horário de antese, formato das flores,
cor, cheiro, número de estames, características das anteras e maturidade sexual da flor. O período
de florescimento da cultura foi de março a agosto na região de Caucaia - CE, iniciando a maturação
dos frutos após 60 dias do florescimento. Entre os meses de maio e junho, o ritmo de florescimento
diminuiu, cessando por completo entre os meses de julho e agosto. A receptividade do estigma foi
testada em 290 flores de urucuzeiros, sendo os horários de maior receptividade os horários de 09:00
h. às 12:00h. As flores de urucuzeiros apresentaram antese antes do amanhecer do dia, por volta das
4:00 h da manhã, levando uma hora para completar sua abertura. A flor varia da cor róseo claro à
branca e apresenta odor característico. O formato de todas as flores observadas é do tipo actinomorfa,
são pentâmeras, cíclicas, perfeitas, poliândricas tendo em torno de 378 anteras por flor e apresentam
heterostilia, sendo que em maior freqüência os estigmas encontram-se mais altos que anteras. As
anteras são ditecas, amarelas e de deiscência poricida e o estigma, que apresenta sua porção terminal
alongada quando da antese, gradualmente abre-se ao meio, tornando-se uma superfície em forma de
um disco achatado, ampliando a área de captura de grãos de pólen. As flores persistem por 24 horas e
após as 18:00 h, inicia-se o processo de senescência até tornar-se totalmente murcha.
Apoio:
O Bamburral (Hyptis suaveolens) trata-se de uma erva fortemente aromática com 1,5 m de
altura, ramos de secção quadrangular. As folhas são ovaladas com 3-5 cm de comprimento e 2-4 cm
de largura apresentando margem serreada. A superfície inferior lâmina foliar é densamente pilosa. As
flores encontram-se em densos capítulos globosos, axilares, pedunculadas, distribuídas nas pontas dos
ramos, estes com poucas ou pequenas folhas. O cálice apresenta-se com 5mm de tamanho na floração
e 10mm na frutificação. A corola é azulada. Na época de sua florada, diversos visitantes florais podem
ser observados, sendo esta reconhecida como de importância apícola. Neste sentido, foi conduzido
um trabalho sobre seus visitantes florais e potenciais polinizadores, na área experimental do Insti-
tuto CENTEC, no município de Limoeiro do Norte, estado do Ceará (S 5o11’01,0”/O 38o00’42,2”),
durante o mês de maio de 2008. Foram realizadas coletas de toda a entomofauna presente, e com
comportamento de potencial polinizador, durante todo o dia, das 4 às 18 horas. Nessa florada, foram
coletados diversos insetos distribuídos da seguinte forma: 7,7% de Hemipteras, 23,1% de Dipteras (2
espécies de Syrphidae), 7,7% de Coleoptera (Bombiliidae), 30,8% de Hymenoptera (Chalcidoidea),
machos e fêmeas de Anthidium sp., Anthidiini, e Protomeliturga sp. e 30,8% de Lepdoptera (4 espé-
cies). Devido à maior freqüência nas coletas, e comportamento peculiar, sugere-se que as abelhas
Anthidium sp. sejam consideradas a priori os principais polinizadores do bamburral.
Butia capitata é uma palmeira nativa, encontrada em áreas abertas de cerrados e solos areno-
sos. É um recurso natural com grande potencial de exploração econômica de forma sustentável. A
polinização é preferencialmente entomófila. As inflorescências são visitadas por uma grande diver-
sidade de insetos, porém as abelhas nativas são consideradas o mais importante grupo de poliniza-
dores. Esse estudo tem por objetivo conhecer a diversidade de visitantes florais a fim de identificar
potenciais polinizadores de butiazeiro. O trabalho foi conduzido em área de aproximadamente 400ha
de butiazais naturais em Arambaré/RS. Os insetos foram coletados diretamente nas flores em área
de 25X100m com 72 plantas, durante o período de floração entre dezembro de 2007 a fevereiro de
2008. As amostragens foram realizadas em períodos de 30 min a cada hora, entre 9h e 14h totali-
zando 26 horas de coleta. Dentre os 204 indivíduos coletados, Hymenoptera foi a ordem com maior
abundância (87,2%), seguida por Diptera (10,3%), Coleoptera (1,5%) e Hemiptera (1%). Entretanto,
as abelhas (Apoidea) constituem o grupo mais representativo, totalizando 116 indivíduos, distribuí-
dos nas famílias Apidae (87,9%), Halictidae (7,8%) e Megachilidae (4,3%). Espécies de Halictidae
foram consideradas principais polinizadores de B. capitata na área de restinga em Santa Catarina. No
entanto em área de restinga no Rio Grande do Sul os resultados mostram que a maior freqüência de
Apis mellifera nas coletas (n=98) indica que a mesma também seja potencial polinizador de flores de
butiazeiro. Sugere-se a investigação de outros fatores para a avaliação da eficiência dessas abelhas,
como fidelidade e freqüência de visitas às flores e seu impacto na produção de frutos.
Apoio: CNPq
A cultura do melão (Cucumis melo) apresenta-se como uma das atividades agrícolas de explo-
ração intensiva na região Nordeste do Brasil. A produtividade obtida é um fator decisivo para tornar
a atividade rentável e possibilitar sua continuidade. Em função do alto grau de degradação nas áreas
cultivadas e da necessidade de um agente polinizador biótico para polinizar as flores do meloeiro
(Cucumis melo), atualmente torna-se obrigatório a introdução de colméias com abelhas melíferas
(Apis mellifera) nos cultivos. A distância das colméias em relação à cultura influencia a freqüência
de coletoras nas flores, bem como pode comprometer as práticas culturais, visto a defensividade
das abelhas. O presente trabalho teve como objetivo estudar os níveis de freqüência de coletoras,
fecundação das flores e produção de frutos em áreas de cultivo aberto, polinizadas por colméias
instaladas em distâncias variadas: no interior do cultivo, a 50 metros e a 300 metros da cultura. Os
tratamentos com introdução de colméias no interior e a 50 metros da área cultivada apresentaram re-
sultados semelhantes para as variáveis estudadas, diferindo estatisticamente (P<0,05) do tratamento
onde as colméias localizavam-se a 300 m da cultura. É possível concluir que, colméias instaladas nas
proximidades dos cultivos possibilitam a introdução de polinizadores suplementares direcionados à
cultura, ao mesmo tempo em que contribuem para diminuir o risco com acidentes.
INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO
DE PASTEJO DAS ABELHAS MELÍFERAS
Apis mellifera NA PRODUÇÃO E
QUALIDADE DOS FRUTOS EM CULTIVOS
DE MELÃO Cucumis melo
Raimundo Maciel Sousa¹*, Odaci de Sousa Aguiar¹, Antonio Abreu da Silveira Neto¹,
Crisanto Alves Araújo², Breno Magalhães Freitas³
¹*Faculdade de Tecnologia Centec Sertão Central- Instituto Centec;
²Emater-CE / Secretaria de Desenvolvimento Agrário
Avenida Geraldo Bizarria de Carvalho S/N, 638000-000 Quixeramobim, Brasil
rdomaciel@centec.org.br
A maior parte da produção de melão Cucumis melo tem como objetivo a exportação. Os req-
uisitos de qualidade dificultam a expansão desse mercado. São considerados mais apropriados para
o mercado externo frutos de menor tamanho. O tamanho dos frutos sofre a influência da quantidade
de frutos em desenvolvimento por planta, que está relacionada a presença de polinizadores bióticos,
como as abelhas, o tipo e a intensidade da atividade exercida por elas nas flores da cultura. O presente
trabalho teve como objetivo estudar o efeito da indução ao pastejo para coleta de pólen por abelhas
melíferas Apis mellifera na produção e qualidade dos frutos na cultura do melão Cucumis melo. Col-
meias foram introduzidas em áreas de cultivo no período de florescimento da cultura e receberam os
seguintes tratamentos: oferta de alimentação energética, instalação de coletores de pólen e testemu-
nha. O tratamento no qual foi fornecida alimentação energética para as abelhas obteve os melhores
índices de vingamento de frutos, a maior produção de frutos e a maior proporção de frutos tipo ex-
portação, sendo estatisticamente superior (P<0,05) aos tratamentos com a instalação de coletores de
pólen e testemunha, que não diferiram entre si. Conclui-se que o estímulo à coleta de pólen influencia
positivamente a produção e a qualidade dos frutos, sendo a oferta de alimentação energética a técnica
mais eficiente para este objetivo.
Brassica napus L., popularmente conhecida como canola, é uma planta herbácea anual de cres-
cente interesse econômico, por seu óleo servir como alimento funcional e suas sementes serem ap-
ropriadas à produção de biodiesel. Embora seja considerada uma cultura auto-fértil, estudos indicam
que a polinização realizada por Apis mellifera eleva sua taxa de produtividade. Essas abelhas pos-
suem comportamento peculiar de potenciais polinizadores dessa cultura, pois, na busca por recursos
alimentares visitam poucas flores/planta, despendem pouco tempo em cada uma e tocam suas anteras
e estigmas favorecendo a polinização cruzada. Além desses requisitos, para ser considerado efetivo
polinizador de determinada espécie, é fundamental que o visitante floral transporte predominant-
emente grãos de pólen da espécie-alvo. Neste contexto, objetivou-se avaliar o grau de fidelidade de
A. mellifera a flores de B. napus em lavoura comercial (13ha), em Três de Maio, RS, Brasil. Para isso,
25 operárias com pólen nas corbículas foram coletadas nas flores (25/07, 01/08 e 25/08/2007), com
auxílio de rede entomológica e acondicionadas individualmente. As cargas polínicas foram retiradas
e preparadas em lâminas com gelatina glicerinada/fucsina. A análise de 1000 grãos de pólen de cada
amostra revelou que as cargas polínicas apresentaram exclusivamente pólen de B. napus. A plena
constância de A. mellifera à espécie-alvo pode ser justificada pela abundante oferta néctar e pólen
ao longo do dia. Embora floradas melitófilas, a exemplo de (Raphanus sativus L.), tenham ocorrido
simultaneamente, as abelhas que forrageavam em flores de canola mantiveram-se fiéis a espécie. O
comportamento das abelhas nas flores e a comprovação da fidelidade de A. mellifera em flores de B.
napus permitem considerá-las efetivos polinizadores dessa cultura. Entretanto, o acréscimo de produ-
tividade de grãos com o uso de abelhas deverá ser quantificado através de experimentos nas regiões
de cultivo comercial do Rio Grande do Sul.
Apoio: Cnpq
Durante a curta e muitas vezes irregular estação de chuvas na região da Caatinga, forma-se
alagados temporários, caracterizados por plantas aquáticas. Hydrocleys martii (Limnocharitaceae)
é um elemento freqüente nesses alagados, e sua condição aquática restringe sua ocorrência a essas
pequenas manchas úmidas e a poucos messes por ano. A abelha de Protodiscelis palpalis (Paracol-
letinae), um dos poucos representantes dos Colletidae do nordeste do Brasil, visita flores de H. martii.
Estudamos essa interação no Brejo dos Cavalos, Caruaru, Pernambuco e amostramos 25 alagados em
oito municípios de cinco estados nordestinos. H. martii é auto-incompatível e depende de poliniza-
dores para formar frutos. Os recursos florais são acessíveis somente a visitantes comportamental-
mente adaptados para acessar a câmara de pólen. Os estaminódios cobrem as anteras férteis e somente
fêmeas e machos de P. palpalis foram capazes de entrar nas flores. Abelhas dessa espécie chegaram
até a câmara de pólen seguindo a espiral formada pelos estaminódios. Esse foi o único polinizador
efetivo da espécie, e na maioria dos alagados amostrados (76%) o único visitante floral de H. martii.
P. palpalis é oligoletica nas flores dessa espécie e machos patrulham as flores, que são os locais de
cópula. Experimentos de polinização aberta na ausência da espécie oligolética resultaram em uma
baixíssima frutificação o que aponta para interdependência reprodutiva. Não sabemos como essas
pequenas abelhas localizam esses alagados efêmeros e se há fluxo gênico entre essas ilhas úmidas.
As espécies de abelhas podem ser classificadas de acordo com a sua relação com as plantas
fontes de pólen. Existem dois grandes grupos abelhas oligoléticas, ou especialistas, que visitam um
grupo restrito de espécies de plantas, e abelhas poliléticas, ou generalistas, que visitam um amplo
espectro de espécies vegetais. Dentre as abelhas generalistas encontram-se as espécies eussociais,
que apresentam uma alta fidelidade floral, tornando-as polinizadores eficientes. No Parque Nacional
do Catimbau ocorrem duas ervas efêmeras, Portulaca hirsutissima Cambess. e P. grandiflora Hook.
(Portulacaceae), que floram após as chuvas durante cerca de seis semanas. Durante fevereiro e março
de 2006 foi estudada a polinização destas duas espécies. As espécies de abelhas mais freqüentes
foram do gênero Ceratina e operárias de Trigona spinipes, que foram considerados polinizadores
efetivos por tocarem e depositarem pólen nos estigmas. Também foram recordados indivíduos de
Halictidade, Plebeia e Ceratinula, mas não foram vistos contatado o estigma. Apesar de indivíduos
de Ceratina serem polinizadores efetivos, as operárias de T. spinipes visitaram as flores de Portulaca
numa freqüência três vezes maior que Ceratina, e demonstraram fidelidade floral. Na maioria dos
estudos de polinização as operárias de T. spinipes são reportadas como ofensivas às plantas, mostran-
do comportamento destrutivo ou agindo como pilhadores de recursos florais. Porém, para as espécies
de Portulaca estudadas, as operárias de T. spinipes foram polinizadores efetivos.
A resina é o principal material de construção de ninho para muitas espécies de abelhas, con-
stituindo um recurso essencial para a manutenção de suas populações em restinga. Neste trabalho
foram estudados o comportamento de coleta de resina floral, biologia floral e sistema reprodutivo
de Clusia nemorosa (Clusiaceae) e Dalechampia scandens (Euphorbiaceae) em área de restinga do
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Brasil. O visitante mais abundante em C. nemorosa foi
Trigona fulviventris (103 indivíduos; 44,8%), seguido por Trigona pallens (87 indivíduos; 37,8%) e
Euglossa cordata (40 indivíduos; 17,4%). D. scandens foi visitada exclusivamente por abelhas Eu-
glossina: Euglossa cordata (35 indivíduos; 87,5%) e Eufriesea surinamensis (5 indivíduos; 12,5%).
Registra-se pela primeira vez o fenômeno de pilhagem de pólen por Eg. cordata em D. scandens. A
ocorrência de autocompatibilidade nesta planta sugere que esta possa se reproduzir mesmo em um
cenário de redução de polinizadores, sendo uma estratégia reprodutiva de uma espécie pioneira e que
ocorre principalmente em áreas abertas. Por outro lado, a auto-incompatibilidade de C. nemorosa in-
dica que esta planta depende de vetores de pólen para seu sucesso reprodutivo. As plantas estudadas
constituem importantes fontes de resina para Euglossina e Meliponina.
Apoio: PROBIC/UEFS
ASSOCIAÇÃO DE FLORES DE
TURNERACEAE COM ABELHAS
OLIGOLÉTICAS E POLILÉTICAS NO PARQUE
NACIONAL DO CATIMBAU, PERNAMBUCO
Diana Corrêa de A. Penante, Paulo Milet-Pinheiro, Clemens Schlindwein
Universidade Federal de Pernambuco
Av. Prof. Moraes Rego, S/N, Centro de Ciências Biológicas, Dept. de Botânica,
Cidade Universitária, Recife - PE
diana_nymph@yahoo.com.br
Apoio: CNPq
POLINIZAÇÃO E PRODUTIVIDADE DO
CAJUEIRO Anacardium occidentale NO
NORDESTE BRASILEIRO
João Paulo de Holanda Neto¹*, Raimundo Maciel Sousa², Robert Paxton¹, Breno Magalhães
Freitas³, Tarsio Thiago Lopes Alves², Crisanto Alves Araújo4
¹Queen’s University Belfast - UK;
²Instituto Centec – CE;
³Universidade Federal do Ceará;
4
Emater - CE
Rua Dr. José Furtado 1660, 60822-300 Fortaleza, Brasil
calves@ematerce.ce.gov.br
O cajueiro Anacardium occidentale é uma importante fonte de renda para o Nordeste Brasileiro
por causa da produção de castanha de caju, pseudo-fruto e da extração do óleo da casca da castanha
(LCC). Suas flores são geralmente polinizadas por insetos, principalmente por abelhas (Apis mellif-
era) em pomares comerciais, mas o requerimento de polinização desta espécie ainda não foi devida-
mente estudado. O experimento foi realizado seguindo a metodologia da polinização manual contro-
lada (PMC), restrita (PR) e livre (PL), sendo um único clone escolhido como planta mãe (CP-1001
Embrapa – CNPAT). A PMC foi feita com fontes de polens diferentes, uma fonte com auto-pólen
(AP) e outras três fontes de polens cruzados (PC). Na PR as flores ficaram ensacadas para evitar a
visitação de polinizadores e na PL as flores ficaram abertas para visitação dos polinizadores existentes
no pomar do experimento. O tratamento AP apresentou resultados inferiores quando comparados com
o resultado do tratamento PC. Entretanto o tratamento AP não diferiu do tratamento PL. O tratamento
PR não produziu frutos. Com a disponibilidade de grãos de polens, de origem genética diversa, as
abelhas polinizadoras poderão promover o aumento na freqüência de polinização cruzada nestes po-
mares, e consequentemente o aumento da produtividade.
Apoio: CAPES
COMPORTAMENTO DE PASTEJO
DO Anthiudium sp. NAS FLORES DO
BAMBURRAL (Hyptis Suaveolens)
Crisanto Alves Araújo¹*, João Paulo de Holanda Neto², Júlio Otavio Portela Pereira³, Daniel
Santiago Pereira4,Roberto Henrique Dias da Silva3, Tarsio Thiago Lopes Alves³
¹* Emater – CE;
²Queen’s University Belfast - UK;
³Instituto Centec – CE; Emater – CE;
4
UFERSA - RN
Rua Dr. José Furtado 1660, 60822-300 Fortaleza, Brasil
priskawski@hotmail.com
Apoio: Curso sobre Ecologia da Polinização; com Ênfase em Agricultura 2008; Instituto CEN-
TEC ; Instituto Agropolos do Ceará/SDA
O bamburral (Hyptis suaveolens) é uma espécie com potencial apícola de grande densidade
populacional em áreas abertas e/ou degradas na caatinga. O mel oriundo de suas flores tem cor clara e
sabor apreciado pelo mercado nacional e internacional. O bamburral é uma espécie herbácea que tem
hábito de florescimento no período chuvoso, com flores de cor roxa azulada e de aroma característico,
bastante atrativo para os insetos. A avaliação de produção de néctar foi realizada na Fazenda Experi-
mental do CENTEC, no perímetro irrigado do DNOCS, na Chapada do Apodi, no Estado do Ceará
no mês de maio de 2008. O estudo mostrou que a espécie tem um potencial estimado de produção de
893 flores/planta, apresentando número médio de 47 flores/ramo, 57,23 mg/dia de néctar. e 44,12%
de açúcar. Conclui-se que o bamburral é uma importante fonte de néctar para produção de mel na
caatinga.
Apoio: Curso sobre Ecologia da Polinização com Ênfase em Agricultura; Instituto Centec; In-
stituto Agropolos do Ceará/SDA
Este experimento foi conduzido no Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto SP, em
2006 e 2007, e teve como objetivos estudar a biodiversidade de polinizadores, bem como, a freqüên-
cia, o tipo de coleta e o comportamento desses insetos nas flores da berinjela, Solanum melongena
L. Para isso, observou-se a freqüência dos insetos, nos primeiros 10 minutos em cada horário, das
7h00 às 18h00, com três repetições (dias distintos). Observou-se que as flores da berinjela não têm
um horário de abertura das flores, se abrindo no decorrer do dia, que os estigmas permaneceram
receptivos durante todo o dia e que a viabilidade do pólen foi de 100% em todos os horários observa-
dos (9h00, 12h00 e 15h00), mostrando que as flores enquanto abertas ficam aptas à fecundação. Em
2006, os insetos visitantes das flores foram Exomalopsis sp (29,9%), Pseudaugochloropsis gramínea
(23,9%), Bombus atratus (20,9%), Oxaea flavescens (19,1%) e Trigona spinipes (6,2%). Esses inse-
tos coletaram apenas pólen das flores e apenas T. spinipes não apresentou comportamento vibratório.
Em 2007, novamente, apenas espécies de abelhas visitaram as flores da berinjela. Os insetos visi-
tantes das flores da berinjela, foram B. atratus (38,6%), Pseudaugochloropsis gramínea (25,9%),
Exomalopsis sp (21,3%) e O. flavescens (14,2%). Neste ano não foram observadas abelhas T. spinipes
visitando as flores.
Apoio:
Qualea parviflora é uma das espécies mais representativas do Cerrado. Apresenta um sistema
de reprodução xenogâmico e produz néctar em um cálcar como recompensa aos visitantes. Esse tra-
balho teve como objetivos identificar os polinizadores efetivos de Q. parviflora e analisar a eficiência
da polinização natural na população vegetal estudada. O estudo foi realizado durante os dias 23, 24 e
25 de outubro de 2007 em uma área de Cerrado sensu stricto no Parque Estadual da Serra de Caldas
Novas, GO. As observações foram feitas das 06:00 às 17:00 horas, em intervalos de 20 minutos. Para
verificar a polinização natural, foram coletados 10 pistilos de segundo dia de oito indivíduos, totali-
zando 80 pistilos. Foram registradas 20 espécies de abelhas, sendo Apis mellifera e Bombus atratus
as espécies mais observadas, responsáveis por 43,95% e 10,19% das visitas, respectivamente. Dez-
essete espécies coletaram somente néctar e três coletaram pólen e néctar, como A. mellifera, Euglossa
melanotricha e Exomalopsis sp. Apenas Trigona sp. foi considerada pilhadora de néctar, sendo todas
as outras polinizadoras efetivas ou ocasionais. O período com a maior freqüência de visitas foi entre
13:00 e 16:00, abrangendo aproximadamente 44% das visitas observadas. Mais de 50 tubos polínicos
germinaram em 42,5% dos pistilos, sendo esse valor considerado uma estimativa do sucesso de po-
linizações naturais. As espécies de abelhas visitantes não diferiram marcadamente de outros estudos
realizados com Q. parviflora. A riqueza e o número de visitas registrados podem estar relacionados
com o fato de tal espécie ser adaptada à polinização por abelhas, pois apresenta características que
a incluem na síndrome da melitofilia, como zigomorfia das flores, presença de plataforma de pouso,
corola violácea, presença de guia de néctar e antese diurna. No entanto, foi observado que a poliniza-
ção só é efetivada por abelhas de médio e grande portes.
Realizaram-se estudos sobre sistemas de reprodução de Senna macranthera (Collad.) Irwin &
Barneby (Leguminosae-Caesalpinoideae) observando-se a diversidade e freqüência dos insetos visi-
tantes em diferentes horários. Os resultados de polinização manual sugerem que S. macranthera é au-
tocompatível, porém, a xenogamia é o sistema de reprodução predominante. As inflorescências foram
visitadas por uma grande quantidade de insetos, havendo predominância de abelhas. O horário de
maior ocorrência dos insetos nas flores de S. macrantherafoi das 7 às 13h e de menor ocorrência das
16 às 18h. Quanto ao comportamento dos insetos em relação a flor de S. macranthera, observou-se
que Bombus atratus Franklin, Centris sp Fabricius, Xylocopa sp Latrielle possuem comportamento e
morfologia adequados aos polinizadores efetivos; Oxaea flavescens Klug foi considerado polinizador
ocasional. Trigona spinipes Fabricius, Trigona hyalinata Lepeletier, Scaptotrigona depilis Moure,
Tetragonisca angustula Latrielle, Halictidae sp Moure e Plebeia sp Schwarz foram considerados pil-
hadores. A polinização por vibração é o método usado pelas abelhas para coleta de pólen.
Apoio:
CARACTERIZAÇÃO POLÍNICA DE
PLANTAS APÍCOLAS DE ÁREA URBANA
NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO,
CAMPUS RIBEIRÃO PRETO, SP
Natália de Paula Sá¹*, Ademilson Espencer Egea Soares², Marilda Cortopassi-Laurino³
¹*Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP;
²Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, ³Instituto de Biociências – USP, SP
R:1, 27. Coroado, Manaus-AM. 69082-690
napaulasa@gmail.com
Apoio: PIBIC/CNPq
A abelha sem ferrão Melipona capixaba é uma espécie restrita à Mata Atlântica da região das
montanhas capixabas. Apesar da importância ecológica dos meliponíneos como polinizadores, pou-
cos estudos têm investigado a relação entre M. capixaba e as plantas que lhe fornecem recursos flo-
rais. Este trabalho relata a observação de seis operárias de M. capixaba carregando polinário preso ao
escutelo. As abelhas foram coletadas em colônias diferentes localizadas nos municípios de Conceição
do Castelo e Venda Nova do Imigrante/ES. A identificação dos polinários foi feita com base em sua
morfologia, por comparação com polinários de espécimes previamente conhecidos. Os polinários
encontrados possuem quatro polínias cartilaginosas, em dois pares com tamanhos distintos, obovado-
assimétricas, superpostas, ligeiramente achatadas dorsi-ventralmente, presas a um estipe curto e um
viscídio em forma de meia-lua, o que caracteriza bem alguns representantes da subtribo Maxillariinae
(subfamília Epidendroideae, tribo Cymbidiae), em especial dos gêneros Maxillaria sensu lato e Xy-
lobium. A observação de operárias de diferentes colônias e localidades carregando polinários sugere
uma relação de polinização efetiva de orquídeas por M. capixaba. Durante o forrageamento, mesmo
voltando ao ninho, o polinário ainda se mantém fixo ao escutelo da abelha. Operárias carregando
polinários irão continuar forrageando ao longo do dia havendo, portanto, chances de transferência
da polínia para outras flores e conseqüente polinização cruzada. Estudos estão sendo realizados para
determinar quais são as espécies de orquídeas visitadas por indivíduos de M. capixaba, a efetiva
polinização destas flores por estes insetos e os recursos e mecanismos de atração envolvidos nas
visitas.
ECOLOGIA DA POLINIZAÇÃO DE
Lycopersicon esculentum (SOLANACEAE)
Thálita Gianini Brito Franco*, Fátima Cristina De Lazari Manente Balestieri, José Benedito
Perrella Balestieri
Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD
Rua Cuiabá 2750,79800-000 Dourados, Brasil
tha_gianini@hotmail.com
A polinização é um importante evento dentro da dinâmica dos ecossistemas assim como para o
manejo e desenvolvimento de culturas agrícolas. Neste sentido, estudos sobre a biologia da poliniza-
ção se tornam importantes, pois fornecem informações sobre a reprodução da planta estudada; con-
tribuindo para a conservação, manejo sustentado e exploração comercial pelo homem. No presente
trabalho, desenvolvido no Campus da UFGD, observações e coletas dos visitantes foram realizadas
durante a floração de Lycopersicon esculentum (Solanaceae), planta considerada uma das hortaliças
mais importantes por sua ampla adaptação, popularidade e por se constituir em um produto de valor
nutritivo. Foram realizadas 12 horas de observação em dias alternados durante o mês de março de
2008, onde foram coletados os visitantes para posterior identificação. Testes laboratoriais foram feitos
com as flores e os visitantes montados e identificados. L. esculentum possui flores reunidas em grupos
de três ou quatro, estames em número de seis, anteras desenvolvidas e poricidas que se reúnem em
volta do estigma formando um cone. Através do teste com vermelho neutro, foi detectado a presença
de osmóforos nas pétalas e nas anteras. O pólen é psilado e do tipo mônade. Observou-se que suas
flores foram visitadas principalmente por abelhas, sendo os mais freqüentes Halictidae, Paratrigona,
Exomalopsis e Anthophorini.
Apoio: UFGD,CNPQ
INFLUÊNCIA DA FASE DE
FLORESCIMENTO NO VINGAMENTO E
QUALIDADE DOS FRUTOS EM CULTIVOS
DE MELÃO (Cucumis melo)
José Hugo de Oliveira Filho¹, Raimundo Maciel Sousa², Odaci de Sousa Aguiar², Antonio Abreu
da Silveira Neto², Crisanto Alves Araújo³
¹Prof. Assistente - Universidade Federal do Tocantins – UFT;
²Faculdade de Tecnologia Centec Sertão Central – Instituto Centec; ³Emater-CE / Secretaria de
Desenvolvimento Agrário
Br 153 Km 112 Cx postal 132. Zona rural Araguaina, Tocantins – Brasil Cep:77804970
jhugo@uft.edu.br
Os objetivos desta pesquisa foram estudar os insetos visitantes das flores em cultura do café
(Coffea arábica), a fim de verificar os mais freqüentes, bem como o seu comportamento. O experi-
mento foi conduzido em Altinópolis, SP, no mês de setembro de 2007 e a variedade usada foi “Catuaí
Vermelho”. Foram avaliados a freqüência das visitações dos insetos e o tipo de coleta (néctar e/ou
pólen) desses insetos nas flores, no decorrer do dia, por meio de contagem nos primeiros 10 minutos
de cada horário, das 7h00 às 18h00, com três repetições. Os insetos mais freqüentes nas flores foram
abelhas africanizadas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) (70,30%), seguida das abelhas irapuá
Trigona spinipes (Hymenoptera: Apidae) (17,50%) e abelhas jataí Tetragonisca angustula (Hy-
menoptera: Apidae) (12,2%). As abelhas africanizadas preferiram coletar néctar (54,5%) que pólen
(45,5%) e observou-se que, para néctar, essa abelha visitou as flores das 7h00 às 14h00 diminuindo
sua freqüência no decorrer do dia. Para pólen, essa abelha visitou as flores das 9h00 às 18h00, com
pico de freqüência às 14h00. As abelhas irapuá coletaram tanto néctar (47,2%) quanto pólen (52,8%)
no decorrer do dia. As abelhas jataí coletaram exclusivamente pólen nessas flores visitando as flores
das 7h00 às 16h00, apresentando dois picos de freqüência, entre 7h00 e 8h00 e às 15h00. As abelhas
A. mellifera foi uma espécie constante nas flores, já as abelhas T. spinipes e T. angustula foram espé-
cies acessórias.
Poucos são os estudos relacionados com o período de floração de espécies vegetais e sua po-
tencialidade apícola. O presente trabalho apresenta um estudo florístico e fenológico das espécies
arbóreas e arbustivas localizadas no campus da USP-RP. A área de estudo corresponde a uma área
circular de aproximadamente 0,286 km2 ao redor do meliponário do Departamento de Genética da
FMRP. As coletas e os registros das plantas foram feitos quinzenalmente de março de 2007 a fever-
eiro de 2008, obtendo-se 60 espécies de plantas, sendo 64 % de espécies nativas. As espécies coleta-
das podem ser enquadradas como apícolas, pois oferecem recursos como pólen, néctar ou ambos às
abelhas. As famílias mais representativas foram Fabaceae e Malvaceae ambas com 8 espécies. Cerca
de 20% das espécies apresentaram floração apenas no período úmido, 17% apenas no período seco,
totalizando 37% de plantas que apresentam floração anual. Houve uma relativa predominância de flo-
ração no período úmido, porém a sazonalidade não foi marcante em 63% das espécies. Das espécies
que apresentam floração longa, 47% são cultivadas e ornamentais, proporcionando recursos durante o
ano todo para as abelhas da região. Assim, as informações obtidas visam lançar mais conhecimentos
no manejo da flora apícola de áreas urbanas, possibilitando incrementar o pasto apícola e o atender
maior número de espécies de abelhas.
BIOLOGIA E MANEJO DE
ABELHAS AFRICANIZADAS
A cultura do melão Cucumis melo que ocupa lugar de destaque na fruticultura brasileira é in-
tensivamente explorada nos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, concentrando nessa região
a maior parte da produção nacional. As práticas utilizadas na agricultura moderna reduzem sensivel-
mente os índices de polinização em áreas cultivadas e tornam necessária a introdução de agentes
polinizadores suplementares. Tendo em vista as condições de cultivo comercial de melão na Região
Nordeste do Brasil, bem como a necessidade de aumentar a atividade de coleta de pólen para mel-
horar a eficiência da polinização dirigida, o presente trabalho teve como objetivo estudar o uso de
técnicas de manejo para induzir a coleta de pólen por abelhas melíferas Apis mellifera nas flores do
meloeiro Cucumis melo. Colmeias foram introduzidas em áreas de cultivo no período de floresci-
mento da cultura e receberam os seguintes tratamentos: oferta de alimentação energética, instalação
de coletores de pólen e testemunha. Durante os horários de observação, a oferta do xarope obteve
altas freqüências de coletoras de pólen nas flores e retornando as colmeias, sendo significativamente
superior (P<0,05) aos demais tratamentos. Conclui-se que a oferta de alimentação energética causa
mudanças de comportamento de pastejo em colônias de abelhas melíferas, aumentando a proporção
de coletoras de pólen.
Apoio: FAPESB
Apoio: FAPEMIG
O objetivo deste trabalho foi estudar a associação Apis mellifera x Baccharis dracunculifolia
natural e cultivado, visando a determinação de sua capacidade produtora de resina. Foram observadas
duas populações de Baccharis dracuculifolia, uma população natural localizada na Fazenda São Judas
Tadeu (FSJT), município de Betim, MG, com 20 indivíduos, destes 10 machos e 10 fêmeas e outra
cultivada, localizada no Horto Experimental da Fundação Ezequiel Dias, composta por 11 indivíduos,
destes quatro machos e sete fêmeas. As observações foram realizadas entre os meses de junho/ 2007
a março/ 2008, semanalmente durante o período mais quente do dia, entre 10h30 e 15h00. Foram
registrados e coletados para identificação todos os visitantes presentes durante o período avaliado.
Na Fazenda São Judas Tadeu, ocorreu visitação de A. mellifera nos ápices vegetativos para coleta
de resina, entre os meses de julho/ 2007 a março/ 2008, sendo que os meses com maior média de
visitação foram, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. Na população do Horto, não foi observada
a visitação de A. mellifera coletando resina nos ápices vegetativos. Em ambas as populações, os
insetos mais freqüentemente observados (10-45%), pertencem às ordens Diptera e Hymenoptera; a
ordem Coleoptera apresentou freqüência intermediária (5-10%) e as ordens, Hemiptera, Homoptera,
Lepdoptera, Mantodea, Odonata, Orthoptera, Neuroptera, Thysanopterae e a classe Arachnida apre-
sentaram freqüência < 1%. Galhas causadas pelo psyllídeo Baccharopelma baccharidis estavam pre-
sentes e apresentaram maior abundância nos meses de agosto (25,61) e janeiro (15,39) na FSJT e a
população cultivada no Horto Experimental não desenvolveu estas galhas. Estes resultados sugerem
que a grande diversidade de visitantes, associados a presença de galhas de B. baccharidis podem
ser os estimuladores da produção de metabólitos secundários em B. dracunculifolia em populações
naturais.
RELAÇÃO DO COMPORTAMENTO
HIGIÊNICO E GANHO DE PESO SEMANAL
DE COLMÉIAS EM PROCESSO DE SELEÇÃO
MASSAL PARA PRODUÇÃO DE MEL
Izabel Christina da Silva, Dejair Message, Geraldo Neri Ferreira, Cosme Damião Cruz
Universidade Federal de Viçosa; Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa , MG, Brasil
icsmel@pg.ffclrp.usp.br
Em função das condições de mercado, com preços baixos e exigências maiores quanto à quali-
dade do mel, torna-se necessário desenvolver programas visando aumento da produtividade de mel
para se obter um melhor retorno econômico para os apicultores e aumentar a resistência das abel-
has aos diferentes patógenos para se evitar o uso de medicamentos nas colméias. O comportamento
higiênico é um dos mecanismos de resistência a diferentes doenças que vem sendo utilizado em várias
partes do mundo. Neste trabalho são avaliados o comportamento higiênico de colméias em processo
de seleção massal para produção de mel utilizando ganho de peso semanal com forrageamento em
alimentadores coletivos e natural.(Método UFV de Seleção Massal).Os resultados obtidos mostram
que o comportamento higiênico de 45 colméias teve uma média de 86,1+/-17,5% de eficiência pelo
método de perfuração. Este comportamento não apresentou correlação significativa com o ganho de
peso semanal em condições artificiais e também em condições naturais. No entanto, cerca de 25% das
colméias apresentaram valores de ganho de peso semanal e comportamento higiênico acima da média
observada, indicando a possibilidade de seleção. O ganho de peso semanal através de forrageamento
em alimentadores coletivos e o ganho de peso em condições naturais apresentaram uma correlação
positiva altamente significativa,mostrando que a seleção massal pode ser realizada avaliando-se o
ganho de peso ao longo de uma semana a partir de alimentação artificial.
COMPORTAMENTO DE ABELHAS
Vários estudos foram realizados com abelhas da subtribo Euglossina utilizando-se isca de odor
como atrativo, porém poucos com enfoque nos padrões diários de atividade de visita das abelhas nas
iscas. Este estudo teve como objetivo analisar as atividades diárias dos machos de Eulaema nigrita
e a influência dos fatores climáticos ao longo do dia em diferentes meses do ano, na isca de vanilina,
em uma mata urbana em Salvador. Foram feitas observações das visitas das abelhas à isca de odor,
das 5:00 às 18:00h por 3 dias, bimestralmente em 2006. Fevereiro foi o mês de maior freqüência de
visitas das abelhas na isca e junho o de menor. Os machos chegavam na isca mais cedo em novem-
bro, dezembro e fevereiro (entre 5:00 e 6:00h) e mais tarde em abril e setembro (entre 5:30 e 9:00h).
Em fevereiro e novembro as abelhas apresentaram um padrão de atividade diário bimodal, com um
intervalo de ca. de 3 no meio do dia. Em dezembro o padrão de atividade foi unimodal com o valor
do ângulo médio para as visitas ocorrendo às 9:04h. Os padrões de atividade diária dos machos de
E.nigrita em vanilina podem representar o que ocorre em situação natural em que o horário de maior
número de visitas às flores estaria sincronizado com o horário de maior produção da fragrância. A
temperatura e os demais fatores climáticos pouco influenciaram as atividades das abelhas pois a
variação destes ocorreu dentro de uma faixa permissiva para o vôo das abelhas, tendo a temperatura
durante o estudo variado de 23 a 32ºC, intervalo considerado permissivo para as atividades das abel-
has em áreas tropicais.
O estudo das atividades externas das abelhas sem ferrão é importante para a compreensão
de sua biologia e comportamento em diferentes ambientes. Neste trabalho objetivou-se avaliar o
comportamento de coleta e de limpeza da abelha jandaíra Melipona subnitida em Teresina, Piauí. O
experimento foi conduzido no meliponário da Embrapa Meio-Norte, entre maio e outubro de 2007.
Foram observadas seis colônias de abelhas jandaíra instaladas em colméias racionais, uma vez por
semana, entre 7:00 e 17:30, cinco minutos a cada hora. O número de abelhas que entravam e saíam
foi registrado observando-se a quantidade que entrava na colônia com cargas de pólen, resina e barro,
sem carga na corbícula e saindo da colméia sem carga ou removendo material. A quantidade de néc-
tar foi obtida pela subtração do número de abelhas que entraram na colméia sem carga do número
de abelhas que removiam material. Foram registrados dados de temperatura, umidade relativa do ar,
radiação e velocidade do vento por meio de estação metereológica localizada na área. A atividade
externa de M. subnitida foi maior nos meses de maio, junho e julho, com significativo decréscimo em
agosto e setembro, período de poucas floradas na região. A partir do final de setembro verificou-se au-
mento na atividade externa, o que pode estar relacionado ao período do florescimento do cajueiro. A
coleta de alimento (pólen e néctar) foi a atividade predominante, correspondendo a 73% da atividade
externa. Os horários de maior coleta de néctar foram 9:00 e 17:00, e de pólen foi às 7:00. A coleta
de barro, de resina e a atividade de limpeza foram maiores pela manhã. Houve acentuado aumento
na coleta de barro em setembro e outubro, coincidindo com a implantação de culturas irrigadas em
área próxima ao meliponário. Não houve correlação significativa entre as atividades estudadas e as
condições ambientais no período.
Apoio: FINEP
A capacidade de auto-regulação das abelhas Meliponina tem sido testada em colônias classifi-
cadas como fracas, intermediárias e fortes. Tal classificação baseia-se, principalmente, na estimativa
do tamanho da população, do número de favos e de potes de alimento. Apesar disto pouco se sabe
sobre o peso, dinâmica e interações entre esses aspectos. O objetivo deste trabalho foi verificar o
efeito da redução da população sobre os comportamentos ligados ao POP. Para isso foram feitas fil-
magens dos processos de postura de uma colônia com população original e com população reduzida.
A maior parte dos resultados obtidos na colônia manipulada foi compatível com outros observados
em colônias fracas. Tais alterações refletiram, principalmente, a influência direta do reduzido número
de operárias em atividade, e do menor numero de células construídas e aprovisionadas. Alguns re-
sultados, no entanto, não seguiram tal tendência. Não houve alteração do número de descargas efetu-
adas nas colônias manipuladas, todavia as operárias ali produzidas apresentaram maior tamanho. Os
resultados preliminares sugerem que a diminuição da população aumentou a quantidade de alimento
disponível na colônia/indivíduo, e esta se refletiu na maior quantidade de alimento contido no papo
das mesmas. Melhor entendimento destes resultados depende de mais estudos e de informações sobre
o fluxo de alimento nos ninhos.
We show that the South American meliponine species Trigona spinipes (Fabricius 1793)uses
its saliva to lay scent trails to communicate the location of profitable food sources,thereby affirming
the “labial gland” hypothesis by Jarau et al. (2006). The labial gland hypothesis states that it is the
labial gland (not the mandibular gland) which produces the scent trail pheromones in scent trail lay-
ing meliponines. Cephalic extracts of T. spinipes contain octyl octanoate as a major component and
we found this volatile to be highly attractive to newly recruited bees when offered during recruitment
experiments. Neither the mandibular nor the hypopharyngeal glands of foragers contained any octyl
octanoate. However, the latter was abundant (approx. 74% of the volatile substances) in the saliva
producing labial glands. We performed chemical analysis with conventional GC and GCMS – meth-
ods. We also detected the active ester on substrates previously scent marked by foragers returning
from a highly profitable sugar source (50% weight/weight unscented sugar solution provided via an
artificial feeder) thereby proving that saliva is in fact deposited during scent marking sessions. By
means of artificial scent trail experiments we behaviourally tested the significance of octyl octanoate
as an active compound concluding that this single compound already elicits full trail following behav-
iour. By providing an example of a single compound pheromone in a meliponine bee, we consider-
ably facilitate further insights to the scent trail biology in day flying insects.
Apoio: FWF to F.G.B (P17530) and the German ‘Fonds der Chemischen Industrie’ to W.F
O comportamento de proteção dos ninhos das abelhas sem ferrão é bastante amplo variando
desde estruturas defensivas, nidificação em agregados ou junto com formigas, cupins e vespas até
comportamento individual de beliscar a pele em locais sensíveis como pálpebras e narinas além de
vibrar nos pêlos e depositar grumos de resina no intruso. Scaura longula (jataí negra), espécie dócil,
nativa na região de Goiás onde foi observada em fevereiro de 2008, apresentou comportamento in-
usitado: ao longo de todo dia, abelhas campeiras que retornavam ao ninho depositavam uma ou duas
gotículas muito densas, provavelmente néctar, nas proximidades da entrada, que eram rapidamente
ingeridas por 1-3 vespas Polybia emaciata. Estas vespas investiam contra as próprias abelhas Scaura
e uma barata que foi observada lambendo os detritos de lixo jogados na porta do ninho. Ao longo
das observações, as vespas chegavam cedo, ao mesmo tempo em que iniciava o movimento externo,
entre 20.7-20.9°C e 84-93% de UR e permaneciam até o final da tarde, quando começava a escurecer.
Havia dominância de coleta destas gotículas por uma das vespas embora entre elas ocorresse trofal-
axis. A maior parte das gotículas (60%, n=109) foi depositada ao redor de 10cm da entrada do ninho e
ao longo do dia aumentou progressivamente até uma hora antes do pico do movimento externo, ocor-
rido as 16:00h, quando elas foram depositadas em até 30cm de distancia. Se este comportamento é
eventual, não é conhecido, mas este período de interação abelha-vespa coincidiu com a ampliação do
comprimento e largura da porta, provavelmente associado com fase de enxameação do ninho como
ocorre em outras abelhas dóceis, quando talvez a vulnerabilidade das abelhas e ninhos aumente. Out-
ra possibilidade, independente do tempo, seria a recompensa do monitoramento pelas vespas porque
esta abelha joga o lixo na porta, e deste lixo armazenado já emergiram pequenos lepidópteros.
Apoio: UNIFAP
As abelhas sem ferrão (Meliponini) apresentam duas castas de fêmeas bem diferenciadas com
relação à fisiologia, comportamento e morfologia. A função da rainha é basicamente reprodutiva, ga-
rantindo a continuidade da colônia. As operárias executam diferentes tarefas de acordo com a idade,
como construção de células de cria, limpeza da colônia, cuidado com a prole e coleta de alimento. O
objetivo do trabalho foi analisar a divisão de trabalho em operárias de Trigona pallens, verificando as
idades correspondentes as diferentes tarefas realizadas dentro da colônia. Operárias recém emergidas
foram marcadas (n=320) seguindo uma combinação de cores e devolvidas à colônia. Diariamente
foram realizadas observações diretas e sessões de filmagens (27/04 a 07/07/2007) focando os indi-
víduos marcados e as tarefas por eles executadas, fornecendo dados comportamentais individuais. A
média de vida das operárias foi de 28,3 dias ± 10,9 com idade máxima de 67 dias. Tarefas relacio-
nadas à manutenção da colônia apresentaram as seguintes faixas de idade: retirada de cerume das
células (1-19 dias; 5 dias ± 2,7), manipulação do batume (7-34 dias; 13,8 dias ± 6,3), manipulação do
lixo (6-33 dias; 19,1 dias ± 6,1), construção de pilares (2-25 dias; 13 ± 5,6). Atividades de forrageio
ocorreram dos 19 aos 60 dias (33,9 dias ± 7,7). A participação no POP ocorreu dos 4 aos 11 dias de
idade (6,9 dias ± 1,5), sendo a construção de células feita por operárias de 2 a 15 dias (6,5 dias ± 2,6).
A seqüência de tarefas executadas pelas operárias de T. pallens é semelhante ao de outras abelhas
sem ferrão podendo ocorrer variações entres as espécies e devido às condições interna e externa da
colônia.
Os objetivos desta pesquisa foram estudar a biodiversidade entomófila em flores de café (Cof-
fea arábica), a fim de verificar os insetos mais freqüentes, bem como o seu comportamento. O ex-
perimento foi conduzido em Carmo do Paranaíba, MG, no mês de outubro de 2006 e a variedade
usada foi Catuaí Vermelho. Foram avaliados a freqüência das visitações dos insetos e o tipo de coleta
(néctar e/ou pólen) desses insetos nas flores, no decorrer do dia, por meio de contagem nos primeiros
10 minutos de cada horário, das 7h00 às 18h00, com três repetições. Os insetos mais freqüentes nas
flores foram abelhas africanizadas (Apis mellifera) (73,96%), seguida das abelhas irapuá (Trigona
spinipes) (12,8%) e abelhas jataí (Tetragonisca angustula) (6,6%). As abelhas africanizadas prefer-
iram coletar néctar (73,2%) que pólen (26,8%) e observou-se que, para néctar, essa abelha aumentou
sua freqüência entre 9h00 e 10h00 e posteriormente às 14h00. Para pólen, essa abelha visitou as flores
até as 17h00, com pico de freqüência às 13h00 e 16h00.
O urucuzeiro Bixa orellana na sua região de origem, a Amazônia, é uma planta que atrai muitos
insetos e principalmente abelhas. Com base nisso objetivou-se acompanhar o comportamento de
pastejo das abelhas nativas presentes na cultura do urucum na região de Caucaia-CE durante 14 dias
de observações diretas no campo. As observações foram feitas através de caminhadas com interva-
los de uma hora, iniciando às 4:00 h. e finalizando às 15:00 h. Após as observações os insetos eram
sacrificados com acetato de etila e posteriormente montados em alfinetes entomológicos, devida-
mente etiquetados e identificados. Foi encontrado visitando os urucuzeiros espécies de abelhas das
famílias Antophoridae, Halictidae, Andrenidae e Apidae, dentro desta última família foi observado o
comportamento das abelhas Euglossa sp. que aproximavam-se da flor frontalmente e, ao pousarem,
agarravam uma pequena parcela das anteras com suas mandíbulas e pernas e realizavam movimen-
tos vibratórios (buzz-pollination). Ao realizarem a vibração nas anteras o pólen era liberado, caindo
sobre seu corpo. Após a coleta realizavam comportamento de limpeza, pairando no ar no intervalo
entre as visitas, transferindo pólen de seu corpo para a corbícula, com auxílio das pernas anteriores
e medianas, porém, grandes quantidades de grãos de pólen, ainda eram vistos sob seu abdômen. Ha-
bitualmente, um grande número de flores da mesma planta ou de plantas diferentes de Bixa orellana
era visitado seqüencialmente por essa abelha, apesar dessa espécie raramente ter sido vista tocando o
estigma podemos concluir que as abelhas Euglossa sp. coletoras de pólen apresenta comportamento
característico de agente polinizador efetivo do urucum.
Apoio:
Os meliponíneos apresentam várias associações com outros grupos de insetos, eg. coleópteros,
formigas e térmitas, destacando-se a coleta de exudato em homópteros. Este estudo teve como obje-
tivo identificar as principais interações, a freqüência de atividade e os padrões comportamentais de
Oxytrigona tataira, durante a coleta de exudato em uma espécie de Homoptera. As interações foram
observadas em uma população de homópteros presente em uma mangueira (Mangifera indica), lo-
calizada no Campus Farolândia da Universidade Tiradentes, em 24, 25 e 30 de maio de 2008, das
6:00 às 17:00h, totalizando dois dias de observações. Foram marcados 6 galhos colonizados, com
altura média de 1,65 m. Ao início de cada dia de observação foi registrado o número de adultos e
ninfas presentes em cada galho observado. A freqüência de visita e os padrões comportamentais das
abelhas foram observados durante 20 minutos, dentro de cada hora de observação. Os dados micro-
climáticos de umidade e temperatura foram registrados em intervalos de 1h com o auxilio de um
termo-higrometro digital. Exemplares dos homópteros foram coletados para identificação. Os galhos
observados apresentaram 846 indivíduos homópteros, sendo 71 adultos e 775 ninfas. Foram registra-
das 3390 visitas de O. tataira. Destas, 637 foram observadas coletando exudato. A maior freqüência
de atividade foi registrada entre 9:00 e 14:00h, com temperatura média de 33ºC. Durante as vistas as
abelhas tocavam os homópteros com as antenas. Foi observado que as abelhas desidratavam o exu-
dato durante as visitas. As abelhas apresentaram comportamento agressivo em relação aproximação
de outros insetos. O comportamento agressivo de O. tataira na presença de outros insetos durante as
visitas pode representar proteção aos homópteros contra predadores, ou evitar competição.
Apoio:
Colônias de Apis mellifera exploram fontes ricas de néctar e pólen. Sabe-se, que flores com
maior volume de néctar e que oferecem maior ganho de energia são mais exploradas. As informações
(direção, distância e qualidade do recurso) obtidas por uma forrageira são transmitidas para a colônia
através de danças. Um parâmetro importante para a transmissão de tais informações são vibrações
torácicas produzidas durante a dança. Visto que, a lucratividade (energia ganha menos energia gasta
durante a coleta) é um fator importante para a comunicação, o presente trabalho investigou a relação
entre a lucratividade do recurso, a dança e as vibrações torácicas em Apis mellifera. O estudo foi
realizado no Campo Experimental da Universidade de Buenos Aires (Argentina) em março de 2008.
Doze abelhas foram treinadas para forragear em um alimentador (localizado a 180m da colméia)
contendo solução de sacarose de concentração constante (50%) que foi oferecida individualmente
às abelhas em fluxos diferentes (4.5, 9.0 e 17.5µl de solução/min). No alimentador, registramos o
tempo de coleta gasto por cada abelha e calculamos a quantidade de alimento ingerido multiplicando
o tempo gasto pelo fluxo oferecido. No interior da colméia analisamos a probabilidade de dança e as
vibrações torácicas produzidas por cada abelha, em cada fluxo. Observou-se que no fluxo alimentar
de 4,5 µl/min, o tempo gasto pelas abelhas no alimentador (10.6±2.8min) foi maior e a quantidade de
alimento ingerida (47.7µl) foi menor do que nos outros fluxos (9µl/min: 6.7±1.8min, 60.6µl; 17.5µl/
min: 4.0±3.9min, 70.5µl). A probabilidade de dança foi maior nos fluxos 9.0 e 17.5µl/min do que no
fluxo 4.5µl/min (4.5µl/min: 52.0±37.7%; 9µl/min: 80.4±29.0%; 17.5µl/min: 91.9±19.3%). Houve
uma correlação positiva entre o fluxo alimentar e o número de pulsos vibratórios produzidos pelas
abelhas dentro do ninho. Assim, concluímos que a lucratividade do recurso alimentar influencia os
sinais de recrutamento em Apis mellifera.
O presente trabalho relata o comportamento da abelha Apis mellifera quando em visita às flores
de carambola (Averrhoa carambola L.). As observações de campo foram realizadas em plantas ex-
istentes no Setor de Horticultura do Departamento de Fitotecnia, pertencente ao Centro de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Ceará, durante o período compreendido entre 30 de janeiro e 07
de março de 2007. Foram realizadas 94 observações de acompanhamento de vôo das abelhas entre as
06:00 e 17:00h, distribuídas em nove dias durante este intervalo. Foram contados o número de flores
e inflorescências visitadas por viagem e cronometrado o tempo gasto nestas. Os resultados sugerem
que as abelhas visitaram as flores da carambola apenas para coleta de néctar, já que não foi observado
a existência de pólen nas corbículas. Os horários com os maiores tempos de visitação às flores e/ou
inflorescências ocorreram entre as 10h e 12h (médias de 20,46 flores em 9,19 inflorescências), 14h
(19,33 flores em 10,89 inflorescências) e 17 horas (20,5 flores em 9,5 inflorescências). Quanto aos
tempos de visitação, ocorreu variação entre 64,75 e 113,75 segundos (às 13:00h e 16:00h, respectiva-
mente). Dessa forma, supõe-se que a carambola é uma fonte de néctar para as abelhas, porém faz-se
necessário um estudo mais detalhado sobre a interação desta abelha com esta planta.
Apoio:
Apoio: CNPq
Apoio: Capes
Este experimento foi conduzido com o objetivo de estudar a atividade de coleta da abelha afri-
canizada Apis mellifera, no decorrer do ano, em Ribeirão Preto, SP, Brasil. Para isso, foi avaliado o
número de abelhas que entravam na colméia, com pólen ou com néctar, nos primeiros 10 minutos de
cada horário, das 7h00 às 18h00, com 12 repetições, sendo cada repetição em um mês diferente (de
março de 2007 a fevereiro de 2008). Observou-se que as abelhas preferiram coletar néctar (73,8%)
comparado à coleta de pólen (26,2%). Para néctar, foi observado que o pico de coleta aconteceu nos
meses de março de 2007 e fevereiro de 2008, sendo que o mês com menor atividade foi maio de
2007. Entretanto, para pólen, o pico de atividade de coleta ocorreu entre os meses de abril e maio de
2007, sendo que as piores avaliações foram entre setembro e outubro de 2007. No decorrer do dia,
observou-se que essas abelhas preferiram coletar pólen no período da manhã. Para néctar, a atividade
foi registrada durante todo o dia.
Algumas espécies de plantas possuem flores cujas estruturas impedem a coleta de recompensas
por determinadas abelhas. Em castanheira-do-Brasil (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl.: Lecythi-
daceae), por exemplo, suas flores possuem uma estrutura em forma de capuz, denominada lígula, a
qual as abelhas-sem-ferrão (Meliponini) não conseguem manipular. Esse estudo apresenta algumas
observações sobre o comportamento de algumas Meliponini com relação à coleta de pólen em B. ex-
celsa, realizadas adicionalmente, ao trabalho de mestrado do primeiro autor. O cultivo de castanheira
estudado localiza-se na Fazenda Aruanã – Itacoatira/ Amazonas (58º45`W, 3º2`S). Durante o período
de novembro de 2006 a janeiro de 2007, com o auxílio de andaimes, foram feitas observações e co-
letas de visitantes florais em nove indivíduos de B. excelsa. Os registros foram feitos, mensalmente,
em três árvores diferentes, com permanência de três dias consecutivos em cada uma, durante as 05:00
às 11:00 horas. Seis espécies de Meliponini foram observadas não apenas influenciando o forrageio
de duas importantes polinizadoras (Xylocopa frontalis e Eulaema mocsaryi) como, também, tendo
acesso de modo ilegítimo aos grãos de pólen da castanheira: Friseomelitta trichocerata, Tetragona
goettei e Tetragona kaieteurensis (oportunistas) e Trigona branneri, Trigona fuscipennis e Trigona
guianae (ladras). As oportunistas coletavam grãos de pólen que caíam nas folhas devido à atividade
de manipulação floral realizada pelos polinizadores ou entravam em flores semiabertas após saída
repentina do polinizador; saída essa devido a um toque que as oportunistas, discretamente, davam
nos polinizadores quando estes estavam dentro das flores. As ladras atacavam os polinizadores que
portavam carregamentos polínicos e os roubavam. Um agrupamento de T. fuscipennis, inclusive,
perfuravam flores caídas no chão e coletavam pólen. Em abelhas eusociais, a atividade de operárias
campeiras que agem como oportunistas e ladras é uma estratégia que, embora possa interferir no for-
rageio de polinizadores efetivos, beneficia suas colônias, pois ampliam o nicho polínico delas.
Apoio: CNPQ (Bolsa Mestrado); CNPq – Edital Universal (proc. 472563/2006-8); Laboratório
de Abelhas (IB/USP)
O objetivo deste estudo foi investigar os visitantes florais em áreas de algodoeiro comercial,
cultivar 187 8H, nos municípios de Quixeramobim e Quixeré, Ceará. O cultivo em Quixeramobim
foi feito em uma área de 15.000 m2, circundada por vegetação nativa. Quando as plantas começaram
a florescer foi utilizado o inseticida de nome comercial Thiodan para combater insetos-praga. As
aplicações foram feitas de forma manual no final da tarde, a cada intervalo de oito dias. Em Quix-
eré, a cultura foi implantada em uma área de 240.000 m2 adjacente a outros plantios com a mesma
cultura. Quando as plantas começaram a florescer foi aplicado o mesmo pesticida usado em Quix-
eramobim. Porém, as aplicações foram realizadas de forma mecânica, e não havia intervalos regu-
lares de aplicação. Além disso, não havia horário estabelecido para as aplicações, em função da di-
sponibilidade de mão-de-obra e equipamentos. Os insetos foram observados, contados e capturados
por meio de caminhadas em zigue-zague entre as fileiras do algodoeiro, nas áreas de Quixeramobim
e Quixeré. Nas duas áreas estudadas, várias espécies de insetos foram coletadas visitando as flores do
algodoeiro:Apis mellifera, Brachygastra lecheguana, Polybia ignobilis, Ancyloscelis sp.1, Ancylos-
celis sp.2, Melissoptila uncicornis, Psaenythia sp., Anthrenoides sp. , sendo as três últimas espécies
novas ocorrências para o estado do Ceará. Todas as espécies observadas visitando as flores do algo-
doeiro em Quixeramobim estavam também presentes nos cultivos de Quixeré, exceto Ancyloscelis
sp. 1. Por outro lado, em Quixeré foram observadas duas outras espécies de abelhas não verificadas
em Quixeramobim (Psaenythia sp. 1 e Andrenoides sp. 1). Observou-se que Quixeramobim (n=314)
o número de visitantes florais foi muito superior ao verificado em Quixeré (n=94), possivelmente
devido às diferenças no uso de defensivos agrícolas, tamanho das áreas e proximidade da mata na-
tiva. Concluiu-se que abelhas e vespas constituem os principais visitantes florais do algodoeiro em
Quixeramobim e Quixeré.
O urucum é uma cultura perene bem adaptada às condições do semi-árido, podendo repre-
sentar uma alternativa econômica importante com a produção de corantes naturais para a indústria
alimentícia. Estudos indicam a predominância da polinização cruzada para o urucum, evidenciando
a necessidade de agentes polinizadores. Abelhas de médio-grande porte são associadas à polinização
do urucum por serem capazes de provocar a vibração das anteras poricidas, liberando os grãos de
pólen. Neste estudo, observou-se o comportamento de Bombus morio nas flores de urucum na florada
de janeiro e fevereiro de 2008. Foram feitas observações ao longo de três intervalos de 20 min, no
período matutino, horário de maior atividade de abelhas nas flores, registrando-se o tempo de for-
rageio e o número de flores visitadas por planta. Ao todo, foram observados 86 indivíduos. O número
médio de flores visitadas por vôo de forrageio foi de 10, 5s, sempre na mesma planta. O tempo médio
de permanência na planta foi de 45,1s e o tempo médio de permanência em cada flor foi estimado
em 4,2s. As abelhas aproximavam-se das flores e vibravam ativamente as anteras, produzindo um
zumbido característico. O comportamento de deslocamento de Bombus morio nas flores favorece a
autopolinização com a transferência de pólen entre flores da mesma planta.
Apoio:
COMPORTAMENTO DE PASTEJO DA
ABELHA Apis mellifera NAS FLORES DE
GERGELIM (Sesamum indicus)
Patrícia Barreto de Andrade*, Eva Mônica Sarmento da Silva, Breno Magalhães Freitas
Universidade Federal do Ceará - UFC
Av. Mister Hull, s/n - Pici - CEP 60455-760 - Fortaleza - CE, Brasil
patricia-ba@hotmail.com
Apoio: CAPES
COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO
HIGIÊNICO DE ABELHAS AFRICANIZADAS
Apis mellifera EM PERÍODOS DIURNO E
NOTURNO EM TRÊS TIPOS DE FAVOS
Rogério Aparecido Pereira*, Michele Manfrini Morais, Tiago Mauricio Francoy,
Lionel Segui Gonçalves
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Avenida dos Bandeirantes, 3900 - 14040-901 Ribeirão Preto, SP, Brasil
pereiraro@uol.com.br
O presente trabalho, realizado na USP de Ribeirão Preto teve como objetivo, verificar se as
abelhas realizam o comportamento higiênico com a mesma eficiência em períodos diurno e noturno
em três tipos de favos (novos, velhos e congelados). Foram utilizadas duas colméias de observação
(1 higiênica e 1 não higiênica) contendo aproximadamente, cada uma, 3000 abelhas marcadas com
etiquetas coloridas e numeradas fixadas no tórax. Verificou-se que o tempo gasto pelas operárias para
desopercular as células de crias, esteve bem próximos em ambos períodos e em ambas colméias. Na
colméia higiênica, nos favos novos, encontrou-se uma média de 26 e 24 segundos para os períodos di-
urno e noturno respectivamente, nos favos velhos, 45 (período diurno) e 41 (período noturno) segun-
dos e nos favos congelados, 33 e 32 segundos nos períodos diurno e noturno, respectivamente. Já, na
colméia não higiênica, as médias encontradas foram de 26 segundos para os favos novos em ambos
períodos, nos favos velhos 40 segundos no período diurno e 35 segundos no período noturno, e nos
favos congelados uma média de 42 e 32 segundos para os períodos diurno e noturno, respectivamente.
Já para a remoção da cria, os valores médios encontrados foram: favos novos, 8,3 e 7,1 minutos no
período diurno e noturno, respectivamente, favos velhos 7,2 (diurno) e 5,4 (noturno) minutos, e favos
congelados, 4,6 minutos em ambos períodos. Na colméia não higiênica, nos favos novos, a média foi
de 8,3 e 7,7 minutos, em período diurno e noturno, respectivamente, nos favos velhos 6,9 minutos
no período diurno e 10,7 minutos no período noturno, e para os favos congelados uma média de 5,1
e 3,8 minutos, em períodos diurno e noturno, respectivamente. Os resultados obtidos da análise de
variância com relação ao tempo de desoperculação e remoção mostraram haver uma diferença estatis-
ticamente significativa (p = <0.001) quando se compara os três tratamentos, no entanto, esta diferença
esteve mais relacionada ao tipo de favo do que ao período do dia em que foi realizado o teste.
Apoio: CAPES
Palavras-chaves: comportamento higiênico, Apis mellifera, favos novos, favos velhos, favos
congelados
BIOLOGIA DE NIDIFICAÇÃO DE
Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis (OLIVIER)
(HYMENOPTERA, APIDAE, XYLOCOPINI)
EM MORRETES, PR, BRASIL
Paola Marchi*, Gabriel A. R. Melo
Universidade federal do Paraná - UFPR
Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba-PR, Brasil
paola@ufpr.br
Apoio: CNPQ
CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO
DE CONSTRUÇÃO E APROVISIONAMENTO
DE CÉLULAS DE CRIA (POP) DE
Melipona (Michmelia) flavolineata Friese, 1900
(HYMENOPTERA, APIDAE, MELIPONINA
EM COLÔNIAS COM DIFERENTES
TAMANHOS POPULACIONAIS
Marcos Henrique Rodrigues Carvalho, Gisele Garcia Azevedo, Lenira de Melo Lacerda,
Alexandre Santana Azevedo
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Rua Bom Clima, nº 27, Bairro Anil, São Luís - Maranhão, Brasil
marcoshrc@hotmail.com
COMPORTAMENTO DE PASTEJO DE
ABELHA CANUDO (Scaptotrigona sp.)
EM MAMONEIRA (Ricinus communis L.)
Rômulo Augusto Guedes Rizzardo*, Breno Magalhães Freitas, Marcelo de Oliveira Milfont, Eva
Mônica Sarmento da Silva
Universidade Federal do Ceará
Rua Humberto Monte, S/N. Campus do Pici, Fortaleza Ceará
rizzardo.zoot@gmail.com
Abelhas do gênero Xylocopa (Apidae) são abelhas grandes, robustas e abundantes nas regiões
tropicais e subtropicais. Todas as fêmeas conhecidas nidificam em substrato vegetal. O trabalho apre-
senta dados relativos a biologia de nidificação de Xylocopa (Monoxylocopa) sp. e sua relação com as
flores no semi-árido pernambucano. Também é feita uma análise comparativa com dados publicados
sobre Xylocopa (Monoxylocopa) abbreviata a fim de se detectar possíveis padrões de comportamento
quanto ao hábito de forrageio e nidificação no subgênero, até então considerado monotípico. O estudo
foi desenvolvido no Parque Nacional do Catimbau em Pernambuco onde X. (Monoxylocopa) sp. é
encontrada com relativa facilidade. Foram feitas observações em quatro ninhos, desde a fundação,
durante sete dias consecutivos, mensurando-se o período e duração das atividades de forrageio (de
néctar e pólen), escavação e construção das células de cria. Como X. abbreviata, X. (Monoxylocopa)
sp. também nidifica exclusivamente em hastes de Encholirium spetacbile (Bromeliaceae). O forrageio
de pólen acontece nas primeiras horas da manhã e de néctar a partir das 10h. As fêmeas de Xylocopa
sp. iniciaram ninhos em hastes senescentes – após fazerem a entrada, escavaram uma câmara linear
na parte superior do substrato e, em seguida, iniciaram escavação das células na parte inferior (abaixo
da entrada). Houve variação no número de células construídas e nem todas as fêmeas escavaram em
ambas as direções. As fêmeas realizaram, em média, 18 viagens sucessivas para coleta de pólen e 15
para coleta de néctar e gastaram 60h (3600min) escavando e limpando a cavidade. Mas, em viagens
de coleta de pólen as fêmeas também coletaram néctar. As fêmeas gastam mais tempo no ninho (cerca
de 8300min) do que forrageando (1300min). Cada fêmea fundadora de X. (Monoxylocopa) sp. gastou,
em média, um dia e meio (36h), incluindo tempo de forrageio, desidratação, repouso e limpeza, para
completar uma célula de cria.
Tetrapedia diversipes é uma espécie de abelha solitária que utiliza cavidades preexistentes para
a construção de seus ninhos. Fêmeas dessa espécie coletam óleo e solo para construírem seus ninhos
e coletam óleo e pólen para aprovisionarem as células de cria. O trabalho foi realizado na Estação
Ecológica de Ribeirão Preto com o objetivo de avaliar a preferência de fêmeas de T. diversipes na
escolha do tipo e tamanho dos ninhos-armadilha (NA). Foram utilizados NA feitos com cartolina
preta, na forma de pequenos tubos, com 5,8 cm (TP) e 8,8 (TG) cm de comprimento e 0,6 cm e 0,8 cm
de diâmetro, respectivamente, e gomos de bambu (GB), de comprimentos e diâmetros variados. Os
GB foram introduzidos em tubos de PVC, de tamanhos apropriados, e os tubos de cartolina em orifí-
cios feitos em duas placas de madeira, cada uma com 55 orifícios, e colocados em suportes de ferro
instalados em 4 sítios de amostragens. As coletas foram feitas mensalmente, de Novembro/2005 a
Outubro/2007. Os ninhos coletados foram levados para o laboratório e conforme os indivíduos emer-
giam eram capturados, mortos sob vapor de acetato de etila e preparados para identificação. Foram
obtidos 45 ninhos de T. diversipes com um total de 343 células e 256 indivíduos produzidos. Destes
ninhos 62,2% eram de GB, 35,5% de TP e 2,2% de TG. As fêmeas construíram de 8 a 15 células em
GB, de 2 a 5 células em TP e 5 células no único ninho em TG. O número de indivíduos produzidos
também foi maior em GB variando de 5 a 13 enquanto, que em TB variou de 1 a 4 e no ninho em TG
foram produzidos 4 indivíduos. Esses resultados sugerem que essas fêmeas possivelmente preferem
ninhos de comprimento maiores, o que resulta em um maior número de células de cria e indivíduos
produzidos por ninho.
Apoio: CNPq
O desenvolvimento de fungos sobre pólen de abelhas e a coleta ocasional de seus esporos por
abelhas do gênero Apis em diversas regiões do mundo são bastante conhecidos. O estudo objetivou
analisar a composição nutricional de fungos Cladosporium sp. coletados por abelhas africanizadas. O
experimento foi desenvolvido no município de Paula Cândido, Minas Gerais, Brasil. Foram utilizadas
cinco colméias de Apis mellifera (L.), com um coletor de pólen acoplado na parte superior de cada
colméia. As bolotas de fungos foram separadas das amostras de pólen tendo como parâmetro prin-
cipal sua coloração escura. Os fungos foram identificados no Laboratório de Micologia (UFV – De-
partamento de Fitopatologia) e as amostras foram enviadas ao Laboratório de Nutrição Animal (UFV
– Departamento de Zootecnia), para determinação da porcentagem de umidade, matéria orgânica,
cinzas, proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais. A ocorrência de bolotas de fungos nas
amostras foi detectada no período entre 10 a 23 de novembro de 2005, período caracterizado pela
alta umidade relativa do ar, escassez de néctar e pólen, e consequentemente, pelo enfraquecimento
das colméias de abelhas na região de estudo. Em sua composição nutricional, as bolotas de fungos
apresentaram 15% de umidade, 97,5% de matéria orgânica, 2,5% de matéria mineral, 28,81% de pro-
teína bruta, 2,5% de extrato etéreo e 66,19% de carboidratos totais. Cladosporium sp. poderia servir
como recurso protéico para larvas e crias, no entanto, por se tratar de um gênero predominantemente
saprófita, algumas espécies podem induzir a ocorrência de doenças nas colméias. Os resultados sug-
erem que, apesar das razões da coleta de fungos saprofíticos por A. mellifera serem desconhecidas,
a interação entre os fatores climáticos (alta umidade), período de escassez de alimento e alto valor
protéico dos fungos, pode tê-las influenciado.
Apoio: CAPES
Apoio: FAPITEC
ESTUDO PRELIMINAR DO
COMPORTAMENTO DE COLETA DE
NÉCTAR EM Melipona (Michmelia) flavolineata
(HYMENOPTERA, APINAE, MELIPONINA)
Rafael Cabral Borges*, João Marcelo Silva Abreu
PET-Biologia/ UFMA; Universidade Federal do Maranhão – UFMA
AV. DOS PORTUGUESES, S/N - CEP 65085-580
rcabralsan@gmail.com
Com o objetivo de estudar o comportamento de coleta de néctar por Melipona (Michmelia) fla-
volineata, em função da variação da concentração de açúcar ao longo do dia, abelhas que retornavam
à colônia com recursos foram coletadas e sofreram leve pressão no metassoma para que o néctar con-
tido no papo fosse regurgitado diretamente no refratômetro. O estudo foi realizado no Meliponário do
Departamento de Biologia/UFMA, no período de novembro/2007 a janeiro/2008. Foram observadas
107 abelhas retornando com recurso, sendo 69 com néctar, 23 com pólen e 15 com resina. A coleta
de néctar ocorreu mais efetivamente entre 8:30-9:30h da manhã, e a tarde entre 15:30-17:30h. No
pico de coleta da manhã, foram observadas concentrações mais baixas (20-48%) e com maior varia-
ção, sugerindo a exploração de diferentes de fontes de néctar, ao contrário do que ocorreu à tarde,
quando as concentrações foram maiores (52-66%) e com menor variação. A alta concentração do
néctar associado à baixa variação e ao aumento do número de abelhas com néctar concentrado sugere
o recrutamento para essas fontes, que oferecem néctar de melhor qualidade. Os resultados prelimin-
ares obtidos nesse trabalho corroboram aqueles que utilizaram alimentadores artificiais, tendo sido
observado maior número de forrageadoras coletando à tarde e trazendo néctar mais concentrado de
fontes naturais.
Apoio:
Apoio: FAPESP
OCUPAÇÃO DE DORMITÓRIO
POR Pereirapis sp. (HALICTIDAE,
AUGOCHLORINI): MACHOS PREFEREM
CHEGAR À PENUMBRA
Carlos Eduardo Pinto*, Airton Torres Carvalho, Clemens Schlindwein
Laboratório Plebeia “ecologia de abelhas e da polinização”, Departamento de Botânica,
Universidade Federal de Pernambuco
Av. Prof. Moraes Rego, s/n, 50670-901 Recife, PE
eduepronto@gmail.com
Dormitórios comunais ocorrem quando animais de uma ou mais espécies se juntam para descan-
sar, podendo ser classificados como: para diapausa, facultativo ou circadiano. Entre várias espécies
de abelhas solitárias é conhecido que os machos agregam-se em plantas para dormir. Muitas vezes,
voltam repetidamente ao mesmo local de descanso. Encontramos dois dormitórios de Pereirapis sp.
em folhas de Bidens sulphurea (Asteraceae). Em três dias foram mensurados o numero de indivíduos
por intervalo de hora e a incidência luminosa, com auxilio de Luxímetro. Os dormitórios perduraram
por 16 dias. Os primeiros machos chegaram por volta das 16:00h, e agrupavam-se sempre na metade
inferior das mesmas folhas. Ao chegar pousavam na parte adaxial das folhas e quando esta estava
preenchida, os próximos ocupavam a parte abaxial. Os indivíduos de Pereirapis sp. mantiveram-se
sempre a mesma distância uns dos outros, em geral foi o tamanho das antenas, que equivale a 2,4mm.
Não houve incremento de indivíduos a partir das 18:05h. Foram contados, em média, 173 indivíduos
por dormitório. Encontramos uma correlação entre o número de indivíduos pousados e o horário (R=
0.95; p <0,05; g.l=31), sendo o número de abelhas pousadas no dormitório altamente dependente da
intensidade luminosa (R2=0,89; F=237.85; g.l=29; p<0,05) numa relação exponencial. A manutenção
diária do mesmo local de descanso classifica este dormitório como circadiano. A diminuição da luz é
o fator preponderante para o fim das atividades diárias dos machos dessa espécie.
Stingless bees leave “olfactory footprints” on food sources while feeding. These “footprints”
have an attractive affect on bees that forage at artificial food sources, which is probably due to the
fact that the reward is unlimited. In natural flowers, however, the food (nectar) is limited. Thus, in
their natural environment, stingless bees should use their “footprints” as a repulsive factor - indicating
depleted flowers - rather than as an attractant. The present study tried to answer the question whether
stingless bees (Melipona scutellaris) actually learn to associate their “footprints” with rewarding food
sources. In the first phase, the training phase, bees (N=22) were trained to a food-patch consisting of 9
acrylic “flowers”, each of which contained a droplet of unscented sucrose solution (20% w/w). After
a flower had been visited by a bee, we refilled the flower with a droplet of 55% w/w sucrose solution.
After a bee had visited this flower-patch 10 times, 2 clean flowers (without potential footprints) were
offered to the bees (test phase). After the first visit, we recorded whether the bee chose the marked
or the unmarked flower on her second visit. If the bees had learnt during the training phase that their
“footprints” indicate better food, they should choose the marked flower on the second visit in the test
phase. And indeed, 16 out of 22 bees (72.7%) chose the marked flower (X²=4.55; df=1; P=0.03). In a
control experiment, bees (N=22) did not experience a training phase, and were only tested in the same
way as described above (test phase). In this control group, 11 out of 22 (50%) bees chose the marked
flower. Our results demonstrate that stingless bees need to learn the scent-mark - reward context in
order to use their “footprints” as an attractive factor during their search for food.
CRONOGRAMA DE ABELHAS
MANDAÇAIA, Melipona quadrifasciata
LEPELETIER, 1836, EM COLÔNIA
ARTIFICIAL NO CAMPUS DE
SOROCABA DA UFSCAR
Natasha Marcili Laganaro, Sérgio Rodrigues Morbiolo, Fábio Camargo Abdalla
Faculdade de Biologia - UFSCar - Campus Sorocaba
Rodovia João Leme dos Santos (SP264) km 110, 18052-780 Sorocaba, São Paulo, Brasil
suu.nana@gmail.com
As operárias das abelhas eussociais apresentam uma complexa divisão de trabalho, designa-
da polietismo. Muitas vezes estas funções dependem dos estágios do desenvolvimento da operária,
constituindo-se num polietismo etário. A principal função das operárias jovens é cuidar da prole e
das operárias mais velhas, a atividade de forrageamento. Entendo a biologia de forrageamento das
abelhas sem ferrão, podemos tentar anular a influência dos fatores exógenos para sua conservação, já
que estas estão cada vez mais ameaçadas com as constantes desmatamentos no Brasil. Portanto, tem-
se como objetivo estabelecer um cronograma de forrageamento em Melipona quadrifasciata com a
finalidade de auxiliar futuros trabalhos de pesquisa. Foram realizadas contagens de entrada e saída
das operárias em intervalos regulares durante o período das 8h às 18h de um único dia da semana,
com intervalos de 10 min. a cada hora, totalizando 110 min. por semana. O projeto abrangerá a coleta
de dados no período de um ano. No momento da atividade de campo, outras funções externas, como
patrulha, limpeza e reconstrução da entrada do ninho foram observadas, constituindo, secundari-
amente, alvo de estudos. Foi observado que as operárias têm sua atividade aumentada nas primeiras
horas do amanhecer em dias frios; entre 9 e 11 horas em dias mais quentes e após chuvas fortes. Nesta
última situação, as atividades principais são a reconstrução da entrada do ninho e o descarte de lixo do
interior da colônia. Durante períodos de chuva, ventos fortes e sol intenso (entre 12h e 14h) a ativi-
dade é interrompida ou reduzida. Estes dados são preliminares. Ao término do projeto, uma curva de
atividade será comparada a índices climáticos variados coletados através de dados da estação meteo-
rológica do próprio Campus. Deste modo, será possível modelar os fatores que inibem ou estimulam
as atividades extranidais das operárias de acordo com o clima da região.
Em Meliponina não há variações nas células que originam operárias e rainhas. Em Trigonina,
células reais são maiores, recebendo mais alimento. No entanto, em Melipona a determinação das
castas sofre influência genotípica. Fêmeas tornam-se rainhas se possuírem genes heterozigotos para
todos os locus determinantes da casta. Em 1949, Kerr fala sobre a influência do alimento na deter-
minação das castas. Diz que não basta a fêmea ser heterozigota, mas deve receber alimento extra.
Kerr & Nielsen (1966) aferiram o alimento indiretamente através do peso larval, expondo a vantagem
disso na produção de rainhas quando há escassez de alimento. Porém isto não seria viável, já que em
Melipona as rainhas são mortas após emergirem. Neste estudo 2 favos de colônias fracas produziram
(10+39) 49 rainhas, colônias médias (3+21) 24, enquanto o único favo de colônia forte não produziu
rainha. Utilizando o tamanho colonial como uma forma de estimar indiretamente a quantidade de
alimento os presentes dados iriam contra a hipótese de Kerr. No entanto não sabemos se colônias
fracas estocam mais alimento nos potes ou investem mais em alimento/célula. Estudos com fluxo de
alimento podem esclarecer esse impasse. Indivíduos heterozigotos se tornarem rainhas quando o ali-
mento é escasso apresenta certa vantagem para a colônia. O ponto seria que, colônias fracas não con-
seguem satisfazer a dieta da rainha e, como esta possui um grande gasto energético devido a constante
produção de ovos, correria um risco muito grande de substituição natural. Evolutivamente, pode ter
ocorrido a seleção de um sistema que favoreça a produção de rainhas na falta de alimento como uma
forma de assegurar substituições naturais mesmo em colônias fracas.
O Brasil está sendo povoado pelo neem indiano (Azadirachta indica). Esta planta possui um
princípio ativo chamado azadirachtina, que afeta por contato ou por ingestão cerca de 30 espécies de
insetos, dentre elas Apis mellifera, reduzindo as atividades de forrageamento e desenvolvimento de
crias. Nenhum trabalho foi encontrado analisando o comportamento de A. mellifera após visitar suas
flores. Objetivou-se neste estudo avaliar a mortalidade de A. mellifera decorrente das visitas às flores
de A. indica. O experimento foi realizado no Lab. de Pesq. Apícolas da UVA em set./2007, usando-se
10 gaiolas, cada uma contendo 10 abelhas de mesma idade, nascidas em estufa. Cada tratamento foi
realizado em 2 gaiolas com 2 repetições. Os tratamentos adotados foram T1: Flores de neem, água e
pólen apícola; T2: Flores do neem, água e mel; T3: Flores de neem e água; T4: Água, mel e pólen apí-
cola; T5: Odor das flores de neem, água, mel e pólen apícola. Após 24 horas, não houve mortalidade
em T1, T2, T4 e T5, porém morreram 35% das abelhas em T3. Após 72 horas, morreram 10% em T1,
0% em T2, 87,5% em T3 e 0% em T4 e em T5. Conclui-se que as abelhas A. mellifera que ingeriram
somente água e o néctar das flores de neem apresentaram uma expressiva mortalidade, provavelmente
devido a algum tipo de toxidade presente nas flores de A. indica.
PERFIL DE HIDROCARBONETOS
CUTICULARES DE RAINHAS
FISOGÁSTRICAS DE Melipona marginata
E SUA RELAÇÃO COM O SUCESSO NA
TROCA DE RAINHAS ENTRE COLÔNIAS
Maria Juliana F. Caliman¹*, Izabel Cristina C. Turatti², Ronaldo Zucchi¹
¹*Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP;
²Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
jucaliman@pg.ffclrp.usp.br
Os hidrocarbonetos presentes na cutícula dos insetos sociais são responsáveis por várias
funções, principalmente, aquelas relacionadas ao reconhecimento entre companheiras de ninho.
Vários estudos revelam que rainhas virgens e operárias de meliponíneos não são aceitas quando
introduzidas em outra colônia da mesma espécie. O objetivo foi o de investigar as possíveis razões
pelas quais somente as rainhas são introduzidas com sucesso em colônias de Melipona. Amostras
da composição química da cutícula abdominal de 6 rainhas de diferentes colônias de Melipona
marginata provenientes de Cunha-SP (N=4) e Itanhaém-SP (N=2) foram extraídas com fibra de
polidimetilsiloxano e analisadas por Cromatografia Gasosa associada à Espectrometria de Massa.
Após a identificação dos principais hidrocarbonetos foram realizados três testes de aceitação, dois
deles trocando rainhas entre as diferentes populações (Cunha e Itanhaém), além da troca entre
duas rainhas de colônias provenientes de Cunha. Todas as rainhas foram aceitas após a introdução,
retomando a atividade de postura. A análise de variância apontou diferenças significantes na con-
centração de 5 dos 17 hidrocarbonetos encontrados na cutícula das rainhas. Os resultados mostram
que a variação na concentração desses compostos não interfere no processo de aceitação pelas
operárias. Deste modo, a ocorrência de um conjunto característico de hidrocarbonetos pode indicar
a condição de rainha independente da relação de parentesco entre elas (relacionada à procedência
das populações) e as operárias da colônia receptora.
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
DE ABELHAS TROPICAIS
COMUNIDADES DE ABELHAS DA
FLONA DA RESTINGA DE CABEDELO,
PARAÍBA, BRASIL
Maria Cristina Madeira da Silva
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
Av. 1º de Maio, 720, Jaguaribe. 58015-430, João Pessoa, Paraíba, Brasil
madeiradasilva@yahoo.com.br
De modo geral, a fauna das restingas carece de informações sobre a composição de suas comu-
nidades nos diferentes pontos da costa brasileira. Estudos tratando da auto-ecologia das espécies da
fauna também são escassos, representando em muitas situações dificuldade no delineamento de es-
tratégias visando à respectiva conservação destas e, por conseguinte, do sistema “restinga” como um
todo. A FLONA - Floresta Nacional - da Restinga de Cabedelo está localizada na planície litorânea
da Paraíba, no Km 11 da BR-230 (7º3’47”S e 34º51’24’’W). A área é composta por uma mata alta
e campo de restinga, manguezal e um rio. A região apresenta clima tropical, quente e úmido, com
chuvas de outono e inverno e média térmica anual de 25°C. O levantamento das abelhas foi feito nos
meses de agosto e setembro de 2002. Foram feitas coletas durante visita às flores e com o uso de fra-
grâncias artificiais para atrair as abelhas Euglossina. Um total de 45 espécies, de quatro famílias de
abelhas foi amostrado. A família Apidae foi a mais diversificada, com 33 espécies, seguida por Mega-
chilidae, com seis espécies e Halictidae, com cinco espécies. A família Andrenidae foi representada
por uma espécie. O gênero Centris apresentou a maior riqueza de espécies. De maneira geral, análises
da fauna de ambientes de restinga, sobretudo de vertebrados, demonstram que estes apresentam uma
baixa diversidade local. Quanto as abelhas, os estudos realizados em áreas de restinga no litoral do
Nordeste do Brasil revelam uma riqueza entre 40 e 60 espécies.
Apoio:
A modelagem da distribuição geográfica das espécies vem sendo utilizada como uma ferramen-
ta para determinação de seu nicho ecológico. Os modelos são gerados através de algoritmos que com-
param as variáveis ambientais dos pontos de ocorrência utilizados com as variáveis de outras regiões,
de tal forma a produzir um modelo de áreas potenciais de ocorrência. Para esse estudo foi utilizado
o programa openModeller e pontos de ocorrência da espécie Centris trigonoides com o objetivo de
comparar modelos obtidos através do GARP (Genetic Algorithm for Rule-set Production). Foram
testados três conjuntos de dados com variações nos seguintes parâmetros: 1) quantidade de pontos de
ocorrência utilizados, onde foram sorteadas 3 amostras do total de pontos obtidos; 2) homogeneidade
e heterogeneidade dos pontos de ocorrência, ou seja, foram utilizados pontos de áreas mais próximas
e pontos de áreas mais distantes entre si; 3) camadas ambientais com variáveis diferentes. O melhor
modelo foi escolhido baseado na abrangência da distribuição das áreas potenciais obtidas, levando-se
em consideração dados de literatura, e na acurácia do modelo, que demonstra a capacidade de pre-
ver corretamente a presença dos pontos usados para teste. Os resultados obtidos demonstram que a
heterogeneidade dos pontos é mais importante que a quantidade deles, provavelmente devido ao fato
que as variáveis ambientais de áreas mais diversas apresentam um espectro mais amplo e, portanto,
acarretam um modelo mais abrangente. Para a espécie estudada, o melhor resultado foi obtido com as
camadas de temperatura, precipitação e a Hydro1k que considera elevação e ocorrência de cursos de
água no solo (acurácia do modelo: 96%).
Apoio: BioAbelha-FAPESP
MODELAGEM DA DISTRIBUIÇÃO
GEOGRÁFICA DE POLINIZADORES POR
MEIO DO OPENMODELLER
Antonio Mauro Saraiva¹, Tereza Cristina Giannini²*, Isabel Alves-dos-Santos²
¹ Escola Politécnica da USP;
²Instituto de Biociências da USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, n.158, Butantã, São Paulo, SP 05508-900
giannini@usp.br
O PORTAL DO PROJETO
BIOTA (BIOABELHA)
Julyana Mayumi Kudo*, Pedro Luiz Pizzigatti Corrêa , Antonio Mauro Saraiva,
Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Tereza Cristina Giannini
Laboratório de Automação Agrícola - Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 158 - Cidade Universitária - CEP 05508-900- São
Paulo - SP - Brasil
julyana.kudo@poli.usp.br
As abelhas como polinizadoras têm imensa importância para a economia e para a preservação
do ecossistema do planeta, mas ainda pouco se sabe sobre os seus costumes e práticas. O Projeto
temático da FAPESP: Biodiversidade e uso sustentável dos polinizadores com foco nas abelhas visa
suprir essa lacuna estudando sobre esses importantes polinizadores na agricultura, na segurança ali-
mentar e na conservação de plantas. O Portal BioAbelha é o resultado da necessidade de se ter um
veículo de divulgação desse projeto. A primeira versão do Portal foi elaborada tendo-se como priori-
dade a sua leveza e o seu fácil acesso. Nela encontram-se a descrição geral do projeto temático, as
instituições parceiras e somente os dados básicos de cada projeto integrante como a descrição, os ob-
jetivos e a equipe. Na próxima versão disponibilizaremos as publicações, o estágio em que os projetos
se encontram e as ferramentas de Tecnologia de Informação para pesquisa e extensão em serviços
ambientais sempre com ênfase nas abelhas como polinizadores. Essas ferramentas permitirão a real-
ização do gerenciamento e da divulgação de experimentos com abelhas feitos remotamente.
Os dados sobre abelhas ou outros animais e plantas são de extrema importância para os pesqui-
sadores e seus projetos. Por esta razão é necessário haver um controle e uma padronização em relação
ao cadastro e consulta dessas informações em um banco de dados pra utilização de outras instituições
de pesquisa. Através da utilização e estudo no software gratuito Specify pode-se utiliza-lo para fazer
esse controle, visto que é um sistema desenvolvido especificamente para catalogação de biodiver-
sidade. O estudo foi realizado migrando informações de outros catálogos pessoais, sem padrão ou
em softwares proprietários, sem encontrar maiores dificuldades, inclusive pela possibilidade de al-
teração interna do Specify, como criação de novos campos ou a alteração de campos já existentes. O
Specify trata os espécimes de maneira isolada, não foi desenvolvido para tratar o caso de polinização,
sendo essa uma dificuldade encontrada, já que na polinização é necessário o conhecimento do tipo de
interação realizada entre o polinizador e a planta coletados. Uma forma encontrada de resolver este
problema foi a edição dos formulários do sistema, utilizando o módulo administrativo para acrescen-
tar um campo de referência ao número do código do animal observado dentro do cadastro da planta,
e a alteração do rótulo de um campo texto sem utilização, para o tipo de interação observada. Todos
esses registros são gravados em um banco de dados SQL Server, podendo ser facilmente controlado,
consultado, realizar operações como backup e restore, etc. e com isso podendo ser utilizado como um
sistema padrão de catálogo de espécies e espécimes de fácil adaptação pelos pesquisadores.
Apoio:
PROVEDORES DE DADOS DE
POLINIZADORES PARA PORTAIS
DE BIODIVERSIDADE
Pablo Salvanha, Pedro Luiz Pizzigatti Correa, Antonio Mauro Saraiva,
Paulo Venancio Lopes
USP
www.usp.br
salvanha@usp.br
Apoio:
Apoio:
DIVERSIDADE DE ABELHAS E
FENOLOGIA DA FLORAÇÃO DAS
PLANTAS MELÍFERAS EM FRAGMENTOS
DA MATA ATLANTICA NO MUNICÍPIO
DE IÇARA, SANTA CATARINA
Bruna de Costa Alberton*, Beatriz Wessler, Mainara Figueiredo Cascaes, Jaqueline Bonazza
Rodrigues, Birgit Harter-Marques
*Curso de Ciências Biológica da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Av. Universitária, 1105, Bairro Universitário, 88806-000 Criciúma, SC
brualberton@hotmail.com
Apoio: PIBIC/CNPq/UNESC
Seis espécies do gênero Bombus são conhecidas para o Brasil, cinco delas pertencentes ao
subgênero Fervidobombus. Ao contrário das espécies simpátricas do gênero, B. bellicosus possui dis-
tribuição restrita ao sul do país e porções do Uruguai e Argentina. A biologia destas abelhas é muito
pouco conhecida, mas sabe-se que fazem ninhos no chão com detritos vegetais; estes ninhos são
protegidos por uma película de cera, característica presente apenas em Bombus do hemisfério norte.
Levantamentos recentes realizados no Paraná mostraram que esta espécie não é mais encontrada na
região. Muitas causas podem estar envolvidas na extinção local de Bombus bellicosus no Paraná, en-
tre elas: 1. conversão de hábitats e fragmentação 2. poluição e 3. mudanças climáticas causadas pelo
aquecimento global. Foi construída a distribuição potencial de Bombus bellicosus através do programa
MAXENT utilizando-se de dados climáticos atuais e de uma projeção futura de aquecimento global.
Procurando novos dados sobre a espécie, foram feitas coletas em áreas do sul do país. A espécie foi
coletada em São Joaquim (SC) e Cambará do Sul (RS), sendo o primeiro local dominado por áreas
agrícolas. A hipótese 1 torna-se assim questionável. Os resultados da distribuição potencial mostra-
ram pouca diferença entre projeções futuras e atuais. Apesar disso a temperatura média anual foi a
variável que se mostrou mais importante na construção dos modelos. A adequabilidade, ao contrário
do que se previa, aumentou na área norte da distribuição. Outros estudos mostram que a chance de
uma espécie ser extinta é maior nas áreas que limitam sua distribuição, pois as populações são meno-
res nestes locais. As evidências ainda são pequenas para indicar uma causa para o desaparecimento de
B. bellicosus em locais onde antes era abundante. Sugere-se que esta espécie seja incluída nas listas
de fauna ameaçada do Brasil, e que novos estudos sejam realizados visando sua conservação.
Apoio: CNPq
Apesar da importância das abelhas Euglossini como polinizadores neotropicais, ainda são escas-
sas as informações sobre as populações destas abelhas em fragmentos florestais no Brasil. Este estudo
investigou a diversidade genética de Eulaema nigrita de quatro fragmentos florestais de tamanhos
diferentes (20 a 200 ha) constituindo reservas legais em propriedades particulares e de uma reserva
florestal governamental (580 ha), localizados na região norte do estado do Paraná. A diversidade
genética foi estimada com base em marcadores moleculares RAPD e marcadores PCR-RFLP, estes
últimos obtidos a partir da análise da região 16S do mtDNA desta espécie euglossina. Foi analisado
um total de 100 machos de E. nigrita, sendo 20 de cada um dos fragmentos estudados. A amplificação
da região 16S do mtDNA originou um fragmento de cerca de 610 pares de bases, o qual foi digerido
com as enzimas de restrição Ase I, Dra I e Ssp I, que produziram, respectivamente, oito, quatro e seis
fragmentos de restrição. Contudo, apenas um haplótipo foi encontrado para as cinco amostras estuda-
das. A proporção de locos polimórficos, estimada a partir de marcadores RAPD, variou de 53,61% a
60,0% entre as amostras de E. nigrita estudadas. As análises mostraram valores de FST variando de
0,0089 a 0,0630, indicando uma baixa diferenciação genética entre as amostras dos cinco fragmentos
florestais estudados. As análises revelaram que a maior parte da diversidade genética encontra-se pre-
sente dentro das amostras. Os resultados obtidos com ambos os tipos de marcadores indicam a ocor-
rência de uma única população de E. nigrita na região estudada. Tal fato poderia ser explicado, em
parte, por uma elevada capacidade de dispersão desta espécie, capaz de transpor áreas desmatadas, a
qual é também comumente encontrada em habitats alterados.
Foram realizadas coletas sistemáticas de abelhas em uma área de floresta ombrófila da Reserva
Natural do Rio Cachoeira, Antonina, Paraná, Brasil, no período de dezembro de 2006 a dezembro
de 2007. Os resultados foram analisados comparativamente a outros estudos realizados em áreas de
floresta Atlântica do sul e sudeste do Brasil. A amostra é constituída de 1147 espécimes pertencentes
a 119 morfo-espécies de abelhas. Estas morfo-espécies estão distribuídas em 41 gêneros, 14 tribos e
quatro subfamílias. A subfamília Apinae foi a mais abundante e a segunda mais rica, enquanto Hal-
ictinae a mais rica e a segunda mais abundante. Megachilinae e Colletinae foram a terceira e quarta
respectivamente tanto em abundância quanto riqueza. As percentagens das quatro subfamílias em
abundância e riqueza (entre parênteses), excluindo Apis mellifera foram: Apinae 63,5 (35,34); Hal-
ictinae 17,66 (43,10); Megachilinae 18,1 (13,7); Colletinae 3,41 (5,12). Não foi coletado nenhum
representante da subfamília Andreninae. O gênero mais abundante foi Apis com 31,9% do total de
espécimes coletados, seguida por Cephalotrigona (9%) e Bombus (7,2%). Em riqueza os gêneros
Megachile com 16 espécies (13,67%) e Augochlora com 14 espécies (11,96%) foram os mais repre-
sentativos. As plantas visitadas correspondem a 42 espécies, pertencentes a 38 gêneros e 24 famílias.
A família Asteraceae com nove espécies teve a maior abundância de abelhas (46,9%). Comparações
com outros estudos através de análise de correspondência demonstram um agrupamento deste estudo
com outras assembléias em áreas de florestas ombrófilas do sul e sudeste do Brasil.
The Partamona genus comprises 33 species distributed from south Mexico to southern Brazil.
Molecular approaches were developed to characterize populations of two species presenting a distinct
geographic distribution: P. mulata has a small geographic range, found only in central Brazil (savan-
na); and P. helleri, which ranges largely in eastern Brazil (Atlantic forest). Individuals of P. mulata
and P. helleri were collected from 58 and 47 nests, respectively. Both samples were divided into 5
geographic sub-samples or populations following their endemic range. Four PCR amplified mtDNA
regions were analyzed by 6 restriction enzymes, and 9 microsatellite loci were amplified by using
heterospecific primers. P. mulata presented only 2 haplotypes which differed by presence/absence of
one single restriction site. Analyses indicated no differentiation among the populations. Conversely,
P. helleri presented 10 haplotypes, being some exclusive and others shared among populations. The
microsatellite analysis showed low genetic variability in both species and discrete population struc-
turing, not related to the geographic distribution. The data indicates that P. mulata may have passed
through a recent populational bottleneck or recent speciation process. However P. helleri seems to
be an ancient species that have suffered a recent isolation probably due Atlantic Forest fragmenta-
tion during the Pleistocene. In both species, the low nuclear variability is an evidence of migration
of males, since the queens are highly phylopatric; also habitat fragmentation (degradation of savanna
and Atlantic forest areas) should be taken in account to explain the current genetic scenario.
Apoio: FAPESP
DIFERENCIAÇÃO DE SEXOS EM
QUATRO ESPÉCIES DE ABELHAS SEM
FERRÃO BASEADO EM MORFOMETRIA
GEOMÉTRICA DAS ASAS
Raphael Antonio de Oliveira Silva, Tiago Mauricio Francoy, Vera Lucia Imperatriz-Fonseca
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP, Instituto de Biociências - USP
Travessa do Rami, 44 - Vila Tiberio- Ribeirão Preto – SP
raphasilva@pg.ffclrp.usp.br
As abelhas pertencentes à sub-tribo Euglossina são conhecidas como abelhas das orquídeas e
ocorrem apenas na região Neotropical. De modo geral, áreas com maior cobertura florestal apresen-
tam maior abundância e riqueza dessas abelhas. Contudo, a espécie Eulaema nigrita Lepeletier, 1841
vem sendo considerada como indicadora de áreas abertas ou impactadas. O objetivo deste trabalho
foi investigar a abundância de El. nigrita em fragmentos florestais urbanos e rurais na região do mu-
nicípio de Rio Branco, Acre. As abelhas foram atraídas por substâncias odoríferas e coletadas com
rede entomológica e armadilhas durante 6 dias em 10 fragmentos florestais (5 urbanos e 5 rurais).
Foi amostrada também uma área localizada no centro urbano da sede do município de Rio Branco,
local mais impactado da região. Foram coletados 357 machos de El. nigrita (44% atraídos por escatol
e 31% por vanilina). Desses, 90 (25,2 %) foram coletados em fragmentos rurais, 235 (65,8 %) em
fragmentos urbanos e 32 (9,0 %) no centro urbano do município. A abundância de El. nigrita não foi
influenciada pelo tamanho da área do fragmento, perímetro, conectância, índice de borda e número de
fragmentos vizinhos, mas pela quantidade de cobertura florestal existente dentro de um raio de 3 Km
(r = -0,66; p = 0,026), 4 Km (r = -0,72; p = 0,012) e 5 Km (r = -0,79; p = 0,004) a partir dos pontos
de coleta. No centro urbano foi coletada a maior proporção desta espécie em relação às demais de
Euglossina. Portanto, a quantidade de cobertura de vegetação existente na matriz em que o fragmento
está inserido é a variável mais importante para explicar os efeitos da fragmentação florestal sobre a
espécie.
Multidisciplinary studies have demonstrated that the stingless bee Plebeia remota have distinct
behavior, morphometry, chemistry, and genetic characteristics according to the geographic distribu-
tion. In order to evaluate which evolutionary and ecological processes may have contributed to this
scenario, the genetic structure of P. remota, from four distinct geographic areas in Brazil, was studied
through mtDNA and microsatellite data. Seventy nests were sampled and mtDNA was analyzed with
15 restriction enzymes. Microsatellite analysis was performed in 72 individuals from 72 nests, by
screening 7 heterospecific loci. Fifteen composite haplotypes were found and a strong mtDNA popu-
lation structure was detected among all populations. Analysis of microsatellite polymorphism indi-
cated that the four populations are characterized by a low genetic diversity. We believe that vegetation
shifts caused by climatic changes and uplift of Brazilian coastal ranges since Tertiary, and also female
philopatry were responsible for population isolation. Recent habitat fragmentation caused by human
occupation may be the reason for the low nuclear genetic diversity. Microsatellite and mtDNA data
showed high genetic distance and isolation between one geographic distinct population and the other
3 ones. Our work and the data already published in literature present evidences that one population
might constitute a new species. This information plus the current habitat fragmentation between the
populations studied constitute relevant data to conservation strategies.
Apoio: FAPESP
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE
ÁREAS AGRÍCOLAS COMO HABITAT DE
ABELHAS POLINIZADORAS
Gleiciani Bürger Patricio¹*, Maria José de Oliveira Campos¹, Eduardo Magalhães Borges
Prata¹, Elizandra Goldoni Gomig¹, Bruno Ferreira¹, Jerônimo Kahn Villas-Bôas¹
¹* Universisade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP/ Rio Claro
Avenida 24 A, 1515; 13506-900. Rio Claro, SP, Brasil
gleipatricio@vivax.com.br
Com sua ampla extensão e heterogeneidade de ecossistemas, o Cerrado abriga uma enorme
biodiversidade e abrange cerca de 20% do território nacional. O desenvolvimento de pesquisas bási-
cas sobre a melissofauna do Cerrado possibilita determinar padrões dessas comunidades, bem como
estratégias de utilização racional da fauna apícola e de conservação das espécies da região. Foram
amostradas 22 espécies vegetais (EVs) florescentes entre Julho/2007 e Fevereiro/2008, sendo captur-
ados 312 indivíduos pertencentes a 51 morfoespécies de abelhas. Apidae apresentou o maior número
de morfoespécies (40 ou 78,43%), seguida por Megachilidae (6 ou 11,76%), Halictidae (3 ou 5,88%)
e Andrenidae e Colletidae, ambas com apenas uma morfoespécie (1,96%). A maior porcentagem de
indivíduos capturados (67%) ocorreu no período matutino, entre 8 e 11h. Os apídeos estiveram pre-
sentes em todas as EVs, exceto na EV 21, onde foram capturados apenas halictídeos. Doze das 22
EVs foram visitadas exclusivamente por Apidae. Megachilídeos foram capturados em 5 EVs, porém
sua maior representatividade ocorreu na EV 10 (Andira humilis Mart., Ex Benth). Colletidae (EV 3)
e Andrenidae (EV 6 e EV 17) tiveram apenas um e dois indivíduos capturados, respectivamente. O
Coeficiente de Correlação de Pearson (r) foi aplicado para avaliar a relação entre as variáveis am-
bientais registradas e o número de indivíduos capturados (de cada família). Halictidae apresentou
resultados significativos em relação à Temperatura (r = -0,247; p = 0,03), Velocidade do Vento ( r =
-0,249; p = 0,03) e Horário (r = -0,216; p = 0,05). Entre Apidae e Halictidae (r = 0,359; p = 0,001), a
relação sugere que os indivíduos destas famílias exploram as mesmas plantas ao mesmo tempo. To-
dos os demais coeficientes de correlação obtidos foram não significativos e muito próximos de zero,
o que sugere que a atividade de coleta dos indivíduos capturados não teria sido influenciada pelas
variáveis ambientais.
Apoio: CNPq
Os Meliponini destacam-se por possuir grande importância ecológica: polinizam até 90% das
Angiospermas em algumas formações vegetais; e econômica: fonte de renda para muitas famílias que
comercializam mel. Há aproximadamente um ano vem sendo desenvolvido o método da utilização
de ninhos-armadilha na obtenção de colônias de Meliponíneos da natureza de maneira inofensiva
ao meio-ambiente e legalmente aceita. Ninhos-armadilha são conjuntos confeccionados de garrafas
plásticas com diferentes volumes (0,5L; 1L; 2L e 3L) banhadas em própolis de diferentes espécies,
com cotovelos de PVC encobertos por cera para serem utilizados como entrada para a colônia. Esses
conjuntos são instalados nas árvores a cerca de 1,50 m do chão. Duas áreas foram utilizadas para os
estudos: O campus da USP – Ribeirão Preto e a fazenda Aretuzina em São Simão, ambas no estado
de SP. No campus foram instalados 200 conjuntos e, na fazenda, 100. Periodicamente os conjuntos
são vistoriados de modo a verificar se houve sucesso na obtenção de enxames ou se foram predados
de alguma forma. Um software foi desenvolvido especialmente para facilitar a coleta dos dados con-
templando grande número de variáveis tais como: incidência de sol; localização; tipo de ocupação;
predação; entre outras. Cerca de um mês após a colônia ocupar a armadilha é feita a transferência
para a colméia e local definitivo da colônia. O método demonstrou eficiência com 38 enxames de
cinco espécies de Meliponíneos na Universidade e, na fazenda, 7 colônias de duas espécies. Há cor-
relação entre a eficácia na obtenção de enxames nas armadilhas e o número de ninhos naturais, assim
como o ambiente no qual estão inseridas (áreas com árvores esparsas ou próximas) e também com
a disponibilidade de outros locais para nidificação. Na fazenda Aretuzina houve concorrência entre
ninhos-armadilha e colméias antigas vazias. Outros tipos de materiais serão utilizados para estudos
comparativos, porém a os ninhos-armadilha parecem cumprir bem a finalidade a qual se propõe.
As abelhas do gênero Xylocopa são consideradas poliléticas. No entanto pouco se sabe so-
bre a relação Xylocopa-planta no cerrado. As fontes alimentares utilizadas pelas abelhas podem ser
identificadas através de observações diretas nas flores ou de análise polínica. Neste estudo, foram
investigadas as fontes alimentares utilizadas por quatro espécies de Xylocopa, em fragmentos de
cerrado, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2007, a partir da análise de amostras de grãos
de pólen retirados do corpo e dos ninhos (células e fezes). O estudo detalhado da fenologia de flora-
ção na estratificação vertical, acompanhado da elaboração de uma palinoteca com todas as espécies
floridas (178 sp.) nos fragmentos, permitiu a identificação das plantas utilizadas pelas Xylocopa spp.
com maior precisão. Do total de plantas amostradas nas áreas, Xylocopa spp. visitaram 60,11% delas.
Xylocopa suspecta visitou o maior número de espécies de plantas (70sp.), seguida por Xylocopa
frontalis (68sp.), Xylocopa grisescens (60sp.) e Xylocopa hirsutissima (51sp.). Houve diferença na
composição das amostras de pólen do corpo e de ninhos, mas, de maneira geral, verificou-se uma so-
breposição no uso de recursos alimentares entre as espécies. Entre as flores de pólen, os tipos políni-
cos mais freqüentes foram os de Ouratea spectabilis, Senna sylvestris, Senna rugosa, Senna velutina,
Tipo Senna occidentalis, Eriotheca gracilipes, Rhynchanthera grandiflora e Solanum lycocarpum.
Já entre as flores de néctar, os tipos mais freqüentes foram os de Caryocar brasiliense, Bauhinia
brevipes, Passiflora edulis, Serjania reticulata, Tipo Crotalaria brachystachya e Tipo Citrus. Embora
as Xylocopa spp. correspondam a menos de 5% dos Apoidea no cerrado, essas abelhas contribuem
significativamente para a polinização de espécies de plantas nativas e cultivadas, como por exemplo,
o maracujá-amarelo. Conhecer e preservar espécies de plantas chave no entorno de cultivos podem
auxiliar na manutenção dos polinizadores que desempenhem um papel fundamental no seu sucesso
reprodutivo.
Apoio: FAPEMIG
Abelhas da subtribo Euglossina podem ser afetadas pela fragmentação do hábitat e pela matriz
ao redor do fragmento florestal. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de matrizes de cana-
de-açúcar e pastagem na estrutura da comunidade de Euglossina em um remanescente de floresta
estacional semidecidual sobre tabuleiros (Mata do Carvão-São Francisco de Itabapoana-RJ), com
1053ha. A leste deste remanescente ocorre o predomínio da monocultura de cana-de-açucar e a oeste,
pastagem. Foram realizadas coletas simultâneas no interior, nas bordas, a 100m e a 1000m a leste e
oeste do fragmento com auxílio de armadilhas contendo iscas aromáticas de eucaliptol, cinamato de
metila, vanilina, acetato de benzila e salicilato de metila. As armadilhas foram instaladas a 1,5m do
solo de 8:00 as 15:00h durante um dia trimestralmente entre abril/07 e março/08. Foram capturados
433 indivíduos. Destes, 61 foram capturados no interior do fragmento, 106 na borda leste, 57 na borda
oeste, 55 a 100m leste, 57 a 100m oeste e 49 e 48 a 1000m leste e oeste, respectivamente. Foram iden-
tificadas oito espécies de três gêneros. Machos de Euglossa cordata L. e Eulaema nigrita Lep. foram
abundantes em todos os pontos de amostragem, porém em menor número no interior do fragmento,
enquanto Eulaema cingulata Fab. só não foi amostrada a 1000m leste e apenas um indivíduo foi cole-
tado a 1000m oeste. Euglossa despecta Moure, E. fimbriata Rebelo & Moure e Exaerete smaragdina
Guérin não ocorreram fora do fragmento e Euglossa pleosticta Dressler não foi amostrada a 100m
leste e 1000m a leste e oeste. Euglossa securigera Dressler só não foi amostrada a 100m leste do frag-
mento. Este estudo demonstra que ambas matrizes influenciam negativamente a riqueza de espécies
de Euglossina e podem ser consideradas barreiras físicas para algumas espécies de Euglossina. Estes
resultados corroboram resultados já encontrados na literatura.
Quase cinco mil quilômetros (79%) do litoral brasileiro são constituídos de restingas e dunas
que, no Maranhão, mistura-se com as vegetações do cerrado. Como parte desse mosaico, a vegeta-
ção de dunas de praia merece atenção devido à intensa modificação a que está sujeita e ao papel que
desempenha na preservação da morfologia costeira. Foi analisada a estrutura de comunidade de abel-
has de uma área restrita de dunas primárias em São José de Ribamar, Maranhão, Brasil. Amostragens
quinzenais foram realizadas com metodologia padronizada totalizando 24 coletas. As coletas ocor-
reram no período de 12:00 às 18:00 hs no primeiro dia e das 6:00 às 12:00 hs no segundo por dois
coletores. Um total de 3305 indivíduos de 31 espécies, agrupadas em 14 categorias morfo-funcionais,
pertencentes a 4 famílias (Apidae>Halictidae>Megachilidae>Andrenidae) foram coletadas nas flores.
Centris com 14 espécies e 890 indivíduos foi o gênero mais rico e abundante. O padrão de abundância
e riqueza foi bastante semelhante ao de outros habitats de dunas no nordeste brasileiro. Das espécies
amostradas, 61% foram representadas por menos de 36 indivíduos e apenas 5 espécies foram muito
abundantes com mais de 177 indivíduos: Apis mellifera Linnaeus, Centris (Centris) leprieuri Spinola,
Eulaema nigrita Lepeletier, Eufriesea surinamensis Linnaeus e Xylocopa (Neoxylocopa) cearensis
Ducke. As abelhas estiveram presentes durante todo o ano, apresentando picos de abundância no
período de maior precipitação. A atividade diária foi maior entre 06:00 e 11:00 hs, quando a tempera-
tura aumentava e a umidade relativa decrescia.
A Mata Atlântica constitui a segunda maior formação de floresta tropical da América do Sul,
sendo um bioma com alta biodiversidade e endemismos de espécies. No estado do Paraná, a Mata
Atlântica está representada por fragmentos florestais com diferentes graus de conservação. No en-
tanto, a fragmentação afeta diversos processos ecológicos, comprometendo inúmeras espécies. Con-
siderando-se as abelhas Euglossini um grupo chave na polinização de plantas Neotropicais e diante
da escassez de informações sobre a diversidade genética de euglossinas em áreas fragmentadas, este
trabalho teve como objetivo reunir informações sobre a estrutura genética de Euglossa pleosticta de
dois remanescentes florestais (com 200 e 580 ha) de Mata Atlântica, localizados no norte do Paraná e
distantes cerca de 30 km. Ambos os remanescentes apresentam vegetação nativa conservada. As aná-
lises incluíram 24 machos de E. pleostica do fragmento menor e 23 do remanescente maior. Marca-
dores PCR-RFLP foram obtidos a partir da amplificação das regiões 16S e intergênica COI-COII do
mtDNA, seguida pela digestão simples com as endonucleases ASE I e DRA I. A análise da AMOVA
detectou uma quantidade maior (72,28%) de variação genética dentro das amostras analisadas do que
entre estas (27,72%). As análises revelaram uma diferenciação genética muito alta entre as amostras
de E. pleosticta dos remanescentes, com um valor de FST = 0,28. Detectou-se nove haplótipos-
compostos, destes o haplótipo AAAA mostrou-se o mais freqüente (61%) no remanescente maior
e o haplótipo AAAB no fragmento menor (46%). Quatro haplótipos-compostos foram exclusivos
para as abelhas do fragmento florestal maior e três exclusivos para o fragmento menor. Os resultados
sugerem uma restrição de fluxo gênico entre as abelhas das duas áreas e possíveis efeitos de deriva
genética atuando sobre os indivíduos destas áreas.
A Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, encontra-se hoje represen-
tada por um conjunto de fragmentos florestais, distribuídos em vários estados brasileiros. Inseridas
na paisagem fragmentada deste ameaçado ecossistema, as reservas legais, fragmentos florestais em
propriedades particulares, constituem atualmente potenciais reservatórios da biodiversidade da Mata
Atlântica. Contudo, até o momento, pouco se conhece sobre a diversidade genética de populações de
organismos presentes em tais remanescentes florestais. Neste estudo, marcadores moleculares PCR-
RFLP foram empregados para investigar a diversidade genética de populações da espécie Euglossa
pleosticta , de duas reservas legais, com tamanhos de 117 e 70 ha e separadas por cerca de 7 km,
localizadas no norte do estado do Paraná. Foram analisados 46 machos de E. pleosticta , destes 22
foram coletados na reserva menor e 24 na reserva maior. As análises se basearam nas amplificações
das regiões 16S e intergênica COI-COII do mtDNA da espécie estudada, posteriormente submetidas à
restrição pelas endonucleases Ase I e Dra I. Foram identificados sete haplótipos-compostos, dos quais
dois foram comuns às amostras das duas reservas estudadas. Dos dois haplótipos comuns, um apre-
sentou uma freqüência de ocorrência de 45% em ambas as reservas. Com base na análise da AMOVA
detectou-se que a maior quantidade de variação genética ocorreu dentro dos grupos (98,82%). Um
baixo valor de FST (0,002) foi encontrado, indicando uma baixa diferenciação genética entre as abel-
has das duas amostras. Apesar disto, foi observada a presença de haplótipos-compostos exclusivos
às duas amostras de E. pleosticta , um deles presente em uma freqüência relativamente alta (25%).
Os resultados obtidos sugerem que, apesar das amostras serem bastante semelhantes geneticamente
e da reduzida distância entre as reservas legais, a ocorrência de haplótipos-compostos exclusivos em
freqüências elevadas, pode estar refletindo a incidência de efeitos de endogamia ou mesmo deriva
genética entre as amostras de E. pleosticta destas reservas.
Euglossa cordata é uma espécie de abelha Euglossini que mostra ampla distribuição em ter-
ritório brasileiro, sendo comumente encontrada em ambientes urbanos. Até o momento, pouco se
conhece sobre a estrutura genética de populações de E. cordata presentes em áreas urbanas. Conside-
rando-se que marcadores moleculares constituem ferramentas úteis em análises genéticas populacio-
nais, este trabalho empregou marcadores PCR-RFLP na análise genética de amostras de E. cordata
de dois fragmentos de mata, de tamanhos diferentes, distantes cerca de 5 km entre si, localizados na
cidade de Londrina-PR, são eles: Parque Municipal Arthur Thomas (AT), com 66 ha e fragmento
Água Fresca (AF) de 18,5 ha. Foram analisados 48 machos de E. cordata, 24 indivíduos de cada
fragmento. As análises envolveram a amplificação de três regiões (16S, COI e intergênica COI-COII)
do DNAmt de E. cordata, as quais mostraram, respectivamente, um tamanho aproximado de 615pb,
640pb e 660pb. Três endonucleases (Ase I, Dra I e Ssp I) foram empregadas na obtenção dos frag-
mentos de restrição. Foram identificados dez haplótipos-compostos com freqüências que variaram
de 0,04 a 0,75. O haplótipo AAAA foi o mais freqüente entre as abelhas das duas áreas, mostrando,
contudo, uma freqüência maior (75%) entre os machos de E. cordata do fragmento AF do que entre
os machos do Parque AT (54%). Quatro haplótipos-compostos foram exclusivos para as abelhas do
Parque AT e outros quatro exclusivos para os indivíduos de AF, ocorrendo em freqüências que vari-
aram de 4% a 8%. Tais resultados apontam uma variação no conjunto de haplótipos-compostos das
abelhas das duas áreas de estudo, a qual pode ser decorrente de uma limitação no fluxo gênico entre
as abelhas destas áreas e de possíveis efeitos de deriva genética atuando sobre os indivíduos dos dois
fragmentos urbanos estudados.
Populações da abelha sem ferrão Melipona rufiventris têm sido reduzidas devido a destruição
do seu habitat natural e ação de meleiros, sendo considerada ameaçada de extinção em algumas
regiões do Brasil. Assim, existe um interesse crescente no desenvolvimento de marcadores genéticos
que auxiliem no estudo da diversidade genética desta espécie. Microssatélites são marcadores molec-
ulares muito úteis em estudos populacionais devido ao seu alto grau de polimorfismo,codominância e
multialelismo. Assim, o objetivo deste trabalho foi isolar e caracterizar microssatélites para a espécie
M. rufiventris, a partir de primers ISSR (intersimple sequence repeats). As amplificações foram re-
alizadas utilizando o DNA extraído de um indivíduo de M. rufiventris e os seguintes primers ISSR:
(CA)8G, (GA)8YG, (TG)8RC, (GATA)2(GACA)2 e DVD(TC)7. Posteriormente, fragmentos ISSR
foram purificados e clonados. Após transformação em Escherichia coli DH5, 32 clones positivos
foram seqüenciados. A análise destas seqüências permitiu o desenho de 10 primers microssatélites
que foram testados em 20 indivíduos de M. rufiventris. O número de alelos por loco variou de 2 a
5 (média=3,2) e a diversidade gênica variou de 0,10 a 0,76 (média=0,48). Diversos locos também
foram polimórficos em M. quadrifasciata, M. bicolor, M. mondury e Partamona helleri, o que torna
estes primers microssatélites úteis em estudos populacionais de abelhas sem ferrão.
Apoio: CNPq
The stingless bees present great ecological importance because they are the main pollinators of
several ecosystems. Some species are threatened due to forest fragmentation and devastation; such
human actions are decreasing directly the bee population in special the ones that nest in hollow of
trees, like Frieseomelitta varia. This species is characterized by the production of honey quite vis-
cous. Its distribution covers the Brazilian states of BA, MG and SP. The objective of this study was to
verify the genetic variability of a small population of F. varia living at the campus of the University
of São Paulo, Ribeirão Preto-SP with subsequent inferences about the colonization of new areas by
this species and also test Kerr and Vencovsky’s hypothesis, which postulates a minimum of 44 nests
per area to prevent the loss of genetic variability in a population. The DNA was extracted from work-
ers collected in 22 nests. Five mitochondrial regions were amplified: [ND2/COI], [COII], [ATPase 8
and 6/COIII], [ND1/16S], [16S/12S], and digested by the following restriction enzymes, EcoR I, Bcl
I, Dra I, Ase I, EcoR V, Bgl II, Hind III, Pst I, Hinf I, Cla I, Ssp I and Bam HI. The results obtained
so far, allow us to delineate mitochondrial regions that have accumulated more replacements of bases
and the enzymes more effective in detecting them. Among the nest sampled only two haplotypes
were identified. This fact indicates that this small population was presumably founded by at least two
colonies, considering that the mtDNA has maternal inheritance.
Melipona marginata is a species of Meliponini found in eight Brazilian states, RS, SC, PR, SP,
RJ, ES, MG, BA. This specie is considered the most ancestral from the genus, and like others species
from this genus, makes nests in tree hollows. Due to the forest devastation, this species is considered
endanger in some states. Also the uncontrolled transportation of colonies mediated by humans can
increase the genetic drift among natural and isolated populations. To study the population structure
of Melipona marginata we collected specimens from 54 colonies along the geographical distribution
of Melipona marginata, and we tested the amplification via PCR of 3 microsatellite loci (Mbi 201,
Mbi 215 and Mbi 278), characterized originally in Melipona bicolor. The loci Mbi 278 and Mbi 201
presented a high number of alleles (6 each) and high level of heterozigozity, however the locus Mbi
215 presented only two alleles, being one of them extremely rare. The use of heterospecific primers
in order to amplify microsatellite loci in Melipona marginata was not so promising. It is necessary a
survey of more loci, including others characterized in Melipona bicolor and Scaptotrigona postica.
INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NA
CONECTÂNCIA DE UMA REDE DE
INTERAÇÃO MUTUALÍSTICA ENTRE
PLANTAS E VISITANTES FLORAIS, EM
UMA REGIÃO DE CERRADO, ITIRAPINA, SP
Maria Rodrigues Vianna*, Astrid de Matos Peixoto Kleinert
Universidade de São Paulo
Instituto de Biociências, Dept.. de Ecologia
mariavianna@usp.br
Idealmente, todos os componentes em uma determinada teia alimentar coexistem e estão in-
teragindo entre si. No entanto, quando consideramos longos períodos de tempo, a soma de todas as
interações observadas pode se tornar inadequada por que: i) espécies potenciais parceiras podem não
apresentar sobreposição fenológica; ii) espécies com longo tempo de floração podem aparentar ter
mais interações do que em um tempo em particular; e iii) possíveis mudanças sazonais podem ser
negligenciados. O objetivo deste trabalho foi avaliar se existe uma dinâmica de sazonalidade nas
redes de interação plantas-visitantes florais, através de medições da conectância momentânea e cu-
mulativa dessas redes. Este trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Itirapina, SP, região
de reconhecida sazonalidade. Foram realizadas três campanhas de coleta (janeiro, março e abril de
2008). A construção das redes de interação segue as metodologias de Jordano (1987). O tamanho total
do sistema observado até o momento é de 18 espécies de plantas, 62 espécies de visitantes florais e
96 interações realizadas. A conectância cumulativa foi de 8,6%, e, para cada mês de coleta, 16,4%,
15,6% e 23,0%, respectivamente. No total, cada visitante utilizou 1,55±1,02 (média±DP) espécies
de plantas e cada planta foi visitada por 5,33±5,21 espécies de mutualistas. Apesar dessa diferença,
a conectância independe do tamanho da rede (F(1,2)=8,041; R2=0,701; p<0,105). Ambientes mais
secos usualmente têm maior conectância, mas o cerrado não segue essa tendência, apresentando,
dentre os biomas brasileiros, a menor conectância.
Apoio: CNPq
Os serviços do ecossistema têm sido amplamente explorados sob o ponto de vista científico,
entretanto a ecologia dos serviços do ecossistema ainda é pouco conhecida, o que limita nossa ha-
bilidade em entender seu valor e em planejar sua conservação e manejo. A conversão de florestas
e a expansão da agricultura têm transformado a paisagem, resultando na perda de biodiversidade e
conseqüentemente causando danos aos serviços do ecossistema. Esse problema também atinge as
comunidades de abelhas comprometendo a frutificação de muitas plantas nativas e cultivadas. De
maneira geral, a polinização de plantas cultivadas depende do manejo da cultura e da qualidade dos
habitats adjacentes. Nosso objetivo foi identificar quais os fatores determinantes para o aumento de
produtividade de culturas de café, sob o aspecto da polinização, na zona da Mata de Minas Gerais,
em três diferentes escalas: da planta, do sistema de cultivo e da paisagem. Para isso, contamos com
experimentos pareados de polinização em propriedades com sistema de cultivo convencional e agro-
florestal e realizamos uma análise da paisagem com base em imagens de satélite. Os polinizadores
foram responsáveis por um aumento de 5% na produção de frutos tanto nos sistemas convencionais
como nos agroflorestais, que embora floristicamente mais ricos abrigaram uma fauna de abelhas se-
melhante a dos sistemas convencionais. Os fragmentos mais próximos à cultura foram importantes
para o ganho em produção por funcionarem como fonte de polinizadores. Entretanto, quando esta
distância é superior a 250m ocorre uma competição entre fontes de recursos. Abelhas presentes nos
fragmentos provavelmente visitarão a fonte de recurso mais próxima, que pode estar em diferentes
porções da paisagem incluindo outras áreas de plantio de café, gerando assim um efeito negativo so-
bre a produtividade da área analisada.
DIVERSIDADE DA FAUNA DE
ABELHAS DA SUBTRIBO EUGLOSSINA
(HYMENOPTERA; APOIDEA; APIDAE)
NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUA
LIMPA, CATAGUASES-MG
Guilherme do Carmo Silveira¹, Alice Alves Rodrigues², Georgina Maria de Faria Mucci²
¹Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais - UFU;
²Faculdades Integradas de Cataguases-FIC
Universidade Federal de Uberlândia - Instituto de Biologia - Campus Umuarama - Rua Ceará S/N -
Bloco 2D
guisilve@yahoo.com.br
Entre o grupo das abelhas sem ferrão, destaca-se Tetragonisca angustula, com ampla dis-
tribuição nos habitats tropicais e com hábito forrageador generalista. A caracterização polínica das
espécies vegetais da Ilha Grande através do estudo de grãos de pólen de Jataí permite diferenciar as
espécies vegetais da área de forrageamento desta abelha e conhecer suas preferências florais. O tra-
balho objetivou quantificar e avaliar a carga polínica encontrada nas corbículas de T.angustula. As
amostras de pólen foram coletadas na entrada de 5 colônias (em caixas), retiradas das corbículas das
operárias que retornavam do campo, avaliadas por três meses (fevereiro, março, abril) em vegeta-
ção de região insular. A análise quantitativa de tipos polínicos foi realizada no Laboratório Abelha-
Natureza do Instituto de Zootecnia da UFRuralRJ, através da contagem dos tipos e determinação da
freqüência. Encontraram-se 14.399 grãos de pólen, com a presença e freqüência dos seguintes tipos
polínicos: Meliaceae (36,6%), Brassicaceae (21%), Euphorbiaceae (8%), Myrtaceae (tipo Eucalyp-
tus) (7,2%), Piperaceae (tipo Piper) (7%), Cecropia (6,8%), morfotipo (4,7%), Ulmaceae (3,85%),
Areaceae (3,65%), Arecaceae (3,62%), Mimosaceae (0,7%), Poaceae (0,35%) e Asteraceae (0,08%).
Os grãos de pólen de Brassicaceae ocorreram apenas em abril com 45%, seguido de Myrtaceae (tipo
Eucalyptus) (15,6%) e Cecropia (14,7%), o restante obtive um percentual abaixo de 8,3%. O tipo
polínico Poaceae, geralmente agrupa plantas anemófilas, esteve presente em todos os meses do estu-
do, mas abaixo de 1%. Concluiu-se que T. angustula apresenta preferência variada na busca de recur-
sos, com hábito forrageador generalista, apresentando uma variação na composição de tipos polínicos
entre os meses estudados.
Abelhas desempenham papel ecológico fundamental, pois são responsáveis pela polinização
e manutenção do fluxo gênico das plantas que visitam, sendo importante conhecer sua diversidade.
O estuário amazônico é extremamente biodiverso, contudo, a Ilha de Santana, como todo Amapá,
apresenta lacunas de estudos relacionados à biodiversidade, principalmente às abelhas. Objetivando
conhecer os meliponíneos das ilhas do estuário amazônico, foram realizadas coletas quinzenais nos
três ambientes da Ilha de Santana, Várzea (predominante), Terra Firme e Savanas (fragmentos), de
08:00h às 16:00h entre agosto de 2007 e julho de 2008. Abelhas foram capturadas com auxílio de rede
entomológica, durante o forrageio em vegetais floridos e em ninhos encontrados com ajuda de mora-
dores da localidade. Espécimes coletados foram sacrificados, montados, identificados e depositados
na coleção do NECTAR/UNIFAP. Identificação até gênero foi realizada por chaves e até espécie por
especialistas. As espécies encontradas foram: Nanotrigona punctata, Leurotrigona pusilla, Melipona
compressipes, Trigona fulviventris, Trigona branneri, Tetragona handlirschii, Melipona cf. ilustris e
Partamona ferreira. A diversidade dos meliponíneos encontrados demonstra a importância de preser-
var os ambientes da Ilha de Santana e conhecer a comunidade das espécies na bacia estuarina do rio
Amazonas.
A COMUNIDADE DE ABELHAS EM
UM FRAGMENTO DE MATA
ATLÂNTICA, NO MUNICÍPIO DE
MARACAJÁ, SUL DE SANTA CATARINA
Mainara Figueiredo Cascaes¹*, Bruna de Costa Alberton¹, Beatriz Wessler¹, Jaqueline Bonazza
Rodrigues¹, Birgit Harter-Marques²
¹* Curso de Ciências Biológica da Universidade do Extremo Sul Catarinense –
UNESC; ² Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais,
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC
Av. Universitária, 1105, Bairro Universitário, 88806-000 Criciúma, SC
mainaracascaes@hotmail.com
Originalmente, o sul do Estado de Santa Catarina era coberto em quase toda sua extensão pela
Floresta Ombrófila Densa. Atualmente, esta tipologia florestal encontra-se fragmentada, devido a
atividades agrícolas e pela exploração de carvão. A fragmentação resultou em pequenos remanes-
centes de vegetação nativa que se avizinham a usos agrícolas e a outras formas de uso. No município
de Maracajá, o Parque Ecológico Maracajá representa um dos poucos remanescentes florestais de
Floresta Ombrófila Densa encontrados na microrregião geográfica de Araranguá. Estudos relaciona-
dos com a apifauna no sul do estado de Santa Catarina são raros e não são conhecidas as relações da
fauna do grupo com a flora local. Considerando o estado atual de degradação das florestas na região
e a carência de estudos faunísticos, o presente trabalho objetivou proporcionar informações sobre a
diversidade de abelhas e suas fontes de alimento utilizadas no Parque Ecológico Maracajá com vistas
à conservação e ao monitoramento ambiental deste remanescente. Realizou-se um levantamento das
abelhas e das plantas visitadas por elas de abril/07 a março/08, quinzenalmente, das 8:00 até 12:00
horas ao longo de dois transectos preestabelecidos. Foram coletadas 350 abelhas representadas por
quatro famílias de 45 espécies. Apidae mostrou tanto a maior riqueza como a maior abundância nas
flores (24 espécies, 68,6% das visitas), seguida por Halictidae (13 espécies/22,9%), Megachilidae
(5 espécies/3,1%) e Colletidae (3 espécies/5,4%). Não foram encontrados representantes da família
Andrenidae. Registrou-se a ocorrência de apenas duas espécies de abelhas sociais nativas. As abelhas
foram observadas visitar as flores de 49 espécies das 69 espécies vegetais encontradas com flores. Os
resultados indicam que a vegetação do parque sustenta um baixo número de espécies de abelhas. No
entanto, a ocorrência de um número relativamente grande de espécies de abelhas solitárias mostra
que no remanescente encontram-se espécies vegetais importantes para a manutenção deste grupo de
abelhas.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer a flora utilizada pelas abelhas silvestres
em um ecossistema de dunas no nordeste brasileiro. Entre maio/2005 e junho/2006, duas vezes por
mês, as plantas floridas eram amostradas, registrando-se para cada espécie o período de floração, háb-
ito e características florais como cor, forma e recurso oferecido ao visitante. Um total de 35 espécies
vegetais foi observado, das quais 15 receberam visitas de 3.294 indivíduos pertencentes a 31 espécies
de abelhas. Fabaceae foi a família mais importante com 44% do total de visitas. Canavalia rosea
(Sw.) DC (38%), Turnera odorata Rich. (27%), Passiflora foetida (DC) (14%), Ipomoea asarifolia
(Desr.) Roem & Schult. (12%) e Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S. Irwin & Barneby (6%) foram
as espécies vegetais predominantemente visitadas. Xylocopa cearensis (Duke) apresentou o nicho
trófico mais amplo (1,73), visitando 12 espécies de plantas e X. frontalis (Fabricius), o mais estreito
(0,22) em três espécies vegetais. Centris (Melacentris) sp. , Eulaema nigrita (Lepeletier) e Eufriesea
surinamensis (Linnaeus) foram as espécies com maior sobreposição de nichos, concentrando suas
visitas em C. rosea. Os tipos polínicos mais freqüentes foram T21, P. foetida , T12 e Centrosema
brasilianum (L.) Benth, seguidos de T8, T2, Turnera odorata, T28, T23, T32, Diodia sp. e Ipomoea
asarifolia . Os recursos florais estiveram disponíveis durante todo o ano, havendo maior produção de
flores nos meses de maior precipitação.
Apoio: FAPEMA
POLLINATION NETWORK OF A
MELITTOPHILOUS COMMUNITY IN THE
BRAZILIAN CERRADO: ECOLOGICAL
PARAMETERS GIVE INSIGHTS INTO
NETWORK STRUCTURE
Simone Caroline Cappellari*, Rosana Tidon, John L. Neff, Beryl B. Simpson
The University of Texas at Austin; Universidade de Brasilia; Central Texas Melittological Institute
The University of Texas at Austin, 1 University Station A6700, Austin, TX, 78712, USA.
scappellari@mail.utexas.edu
The conservation of biological diversity, including all components that support ecosystem
services such as native plants and pollinators, is essential to the maintenance of sustainable natu-
ral and agro-ecosystems. In pollination, species-specific characteristics determine the effective-
ness of interactions. Thus, certain species have a more important effect on the fitness of their
partners leading to higher interaction strength between the species involved. Consequently, de-
clines in populations of key partners can generate unstable plant-pollinator communities. In this
study we use ecological parameters relevant to pollination to analyze the pollination network of
a natural Cerrado plant community near Brasilia, DF. During the dry seasons of 2006 and 2007
(May-Aug.), we recorded 52 species of insects interacting with flowers of 50 species of plants,
generating a web of 373 interactions. Using a weighted matrix of interactions, we analyzed this
community regarding the reciprocity of mutualistic interactions, quantifying interaction strength
as well as the role of specialists and generalists in network structure. The unique biotic and abiotic
characteristics of this ecosystem suggest that its plant-pollinator communities may have a differ-
ent structure from other tropical systems analyzed to date.
Melipona capixaba foi incluída na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção e está,
por isso, legalmente protegida. No entanto, oficialmente, pouco se tem feito para sua conservação.
O Prof. W.E. Kerr declarou em 2001 que “apenas um programa de criação dessas abelhas residentes,
com trocas de rainhas e divisão racional de colônias, poderá fazer a espécie atingir o ano 2010”. Com
o objetivo de conhecer o atual status de conservação destas abelhas, as áreas de ocorrência da espécie
foram visitadas. Um total de 218 colônias de Melipona capixaba foram encontradas nos municípios
de Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Santa Te-
resa e Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. Um único meliponicultor possui 94 colônias,
resultado de seu sucesso no manejo e divisão de colônias mantidas em colméias racionais. Apenas
13 colônias foram encontradas em área de mata nativa, sugerindo que a população remanescente da
Melipona capixaba está, em sua maioria, nas mãos de criadores. Na maioria dos casos, as colméias
são mantidas em troncos retirados da mata o que reduz o número de colônias naturais e aumenta o
desmatamento. Muitas vezes as colônias mantidas nesses troncos morrem devido à falta de cuidados
adequados. A criação racional pode ser considerada a ação mais efetiva, e talvez a única, de preserva-
ção dessas abelhas em sua área de ocorrência. Um programa de conservação da Melipona capixaba
deve envolver a conscientização da população sobre a importância da proteção e manutenção des-
sas abelhas em seus locais naturais; a multiplicação de colônias e adoção de práticas adequadas de
manejo nos meliponários já existentes; a reintrodução de colônias em áreas onde a população tenha
sido extinta ou reduzida; e a recuperação do habitat da espécie.
Melipona mandacaia é uma espécie de abelha indígena sem ferrão (Tribo Meliponini)
endêmica de regiões do semi-árido do nordeste do Brasil, importante polinizadora das plantas da
caatinga e com grande potencial para meliponicultura. O número de colônias dessa espécie está
diminuindo em conseqüência da destruição de seu habitat. A estrutura genética de populações de
Melipona mandacaia de oito localidades da Bahia foi estudada com o emprego de sete microssaté-
lites, primers heterólogos específicos para Melipona bicolor. O maior número de alelos encontrado
foi seis e três dos marcadores não apresentaram polimorfismo. A população de Uibaí apresentou
um alelo exclusivo. Dois loci, polimórficos nas populações de São Gabriel e Macururé, estão liga-
dos. A análise da variância molecular mostrou que as populações não estão estruturadas. O número
de indivíduos migrantes calculado indica raro fluxo genético entre as localidades. As distâncias
genéticas entre as populações se mostraram muito pequenas e não houve correlação entre distân-
cias genéticas e geográficas. A baixa variabilidade concorda com os dados disponíveis para outros
grupos de Hymenópteros. A ausência de estruturação pode ser explicada pela separação recente da
espécie. O principal impedimento ao fluxo gênico parece ser a fragmentação da vegetação e elimi-
nação dos locais de nidificação para a espécie.
COMUNIDADE DE ABELHAS
EM FRAGMENTOS DA MATA
ATLÂNTICA EM PERNAMBUCO
Poliana Yumi Ojima*, Clemens Peter Schlindwein
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Rua General Salgado, 50/302, 51130-320, Recife, Brasil
poliojima@gmail.com
Nas bordas de florestas, em geral, encontra-se uma mistura de espécies de plantas da própria
floresta e de espécies heliófitas, como as de clareiras e as ruderais. Espera-se que a apifauna destes
habitats também seja composta por elementos de vários ambientes. A Mata Atlântica do Nordeste
Brasileiro foi reduzida à pequenos fragmentos, de forma que áreas de borda da mata e plantações
de cana-de-açúcar se tornaram mais extensas que a vegetação original. O objetivo deste estudo foi
conhecer e caracterizar a fauna de abelhas de bordas de uma área restrita da Mata Atlântica em Per-
nambuco. Em coletas mensais de quatro dias consecutivos, durante um ano, abelhas foram coletadas
em flores na borda de quatro fragmentos diferentes. Foram amostrados 2270 indivíduos em flores de
36 famílias de plantas. Abelhas Apidae foram as mais abundantes (1580; 69%), seguida de Halicti-
dae (595; 26%), Megachilidae (80; 3,5%), Colletidae (11; 0,4%) e Andrenidae (4; 0,1%). Cerca da
metade das abelhas amostradas pertecem a tribo Meliponini (1097; 48%) e um quarto Augochlorini
(572; 25%). Operárias de Apis mellifera (Apidae, Apini) foram representadas por apenas 11% dos in-
divíduos. Abelhas comuns na floresta Atlântica, como mamangabas (Xylocopini), abelhas corta-folha
(Megachilini), abelhas das orqúideas (Euglossini) e as Centridini foram pouco frequentes nas bordas
de Mata Atlântica amostradas. Interpretamos a baixa frequência de abelhas destes grupos e de abelhas
oligoléticas como consequência da escassez de recursos florais na matriz canavieira. Nesse ambiente,
a estreita faixa de borda é dominada por abelhas eussociais e/ou poliléticas.
Palavras-chaves: Centris leprieuri, Restinga, Centris caxiensis, Centris aenea, Centris pulchra
CONSERVAÇÃO AMBIENTAL,
RIQUEZA DE ABELHAS E POLINIZAÇÃO
DO MARACUJÁ-AMARELO NO
TRIÂNGULO MINEIRO
Marcela Yamamoto*, Ana Angélica Almeida Barbosa, Paulo Eugênio Oliveira
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais – Instituto de Biologia
– Universidade Federal de Uberlândia
Rua Ceará, s/n, Caixa Postal 593, 38400-902 Uberlândia, MG, Brasil
yamamotomarcela@yahoo.com.br
A conservação de habitats naturais próximos aos cultivos pode ajudar na manutenção dos
serviços de polinização. Embora estudos tenham verificado a relação entre declínio da polinização
de cultivos e distância das áreas naturais, não se encontrou um padrão nesta relação. Para produzir
frutos, o maracujá-amarelo necessita da polinização cruzada, serviço mantido por abelhas nativas
de grande porte no Triângulo Mineiro, região com apenas 18% de áreas naturais. O objetivo do
estudo foi verificar se a riqueza de polinizadores e a taxa de frutificação natural do maracujá-
amarelo apresentam relação com a proporção das áreas naturais no entorno dos cultivos. O estudo
foi conduzido em plantios comerciais de Araguari e Uberlândia, de janeiro a abril de 2008. Os visi-
tantes florais foram observados de maneira padronizada por censo em transectos. Flores em antese
foram submetidas à polinização cruzada manual e outras observadas quanto à polinização natural.
Os frutos foram acompanhados até próximo da maturação. A proporção das áreas naturais foi cal-
culada em imagens satélite num raio de 2 km a partir das coordenadas do centro de cada cultivo
obtidas por GPS. Até o momento, acompanhamos oito plantios e identificamos onze espécies de
abelhas, sendo oito polinizadoras e as demais, pilhadoras de recursos. A eficiência de frutificação
(frutos PN/ frutos PCM) variou entre zero e 0,64 e a proporção de áreas naturais no entorno variou
entre 11.1% e 48.6%. A quantidade de visitas e a riqueza de polinizadores apresentaram correla-
ção significativa com a frutificação, mas não com os demais parâmetros analisados. Os resultados
sugerem que apenas a proporção de áreas naturais no entorno dos plantios não explica diretamente
a variação na riqueza dos polinizadores e na produtividade natural do maracujá-amarelo. Formas
de manejo, substratos para nidificação e a própria vegetação ruderal resultante do processo de an-
tropização podem influenciar a riqueza e diversidade de polinizadores.
Apoio:
OLIGOLETIA EM ALAGADOS
SAZONAIS NA CAATINGA:
Protodiscelis (PARACOLLETINAE) E
MONOCOTILEDÔNEAS BASAIS
Airton Torres Carvalho*, Clemens Schlindwein
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco Labo-
ratório Plebeia - Ecologia de Abelhas e da Polinização
Av. Prof. Moraes Rego, S/N, CEP: 500630-901, Cidade Universitária, Centro de Ciências Biológi-
cas, Departamento de Botânica
carvalhoairton@yahoo.com.br
Alagados temporários em áreas de clima semi-árido são ambientes únicos, comparáveis a ilhas
úmidas na Caatinga. Abrigam uma fauna e flora peculiar, muito diferente do entorno, são relativa-
mente raros e altamente sazonais. Todos os representantes de Paracolletinae até então estudados são
oligoléticos, ou seja, alimentam suas larvas com pólen de uma ou poucas espécies de plantas relacio-
nadas. O gênero Protodiscelis (Colletidae, Paracolletinae), que contém cinco espécies descritas, é um
dos gêneros basais dessa subfamília, e relacionado à Alismataceae e Limonocharitaceae. Essas são
duas famílias de monocotiledôneas basais aparentadas e que ocorrem nesses alagados temporários
na Caatinga, com fenologia regida pela pluviosidade local. Durante o período chuvoso de 2006-2007
coletamos abelhas em flores de Limonocharitaceae e Alismataceae em 40 alagados em nove municí-
pios de cinco estados nordestinos. Foram encontradas as seguintes relações entre as abelhas de Pro-
todiscelis e as plantas: fêmeas de Protodiscelis palpalis foram coletadas exclusivamente em flores de
Hydrocleys martii; fêmeas de uma espécie ainda não descrita do gênero visitaram somente flores de
Limnocharis flava. Em ambos os casos, foram os únicos polinizadores efetivos dessas limnocharitá-
ceas. Abelhas de Protodiscelis alismatis visitaram exclusivamente flores de Echinodorus grandiflorus.
Essa planta foi, adicionalmente, visitada por uma série de visitantes florais generalistas. L. flava, H.
martii e E. grandiflorus e as respectivas espécies de Protodiscelis associados apresentaram fenologia
sincronizada, e a especificidade foi mantida mesmo quando essas espécies ocorreram sintopicamente
(simpatricamente no mesmo alagado). Trabalhos anteriores relacionaram Protodiscelis apenas a Alis-
mataceae. A íntima relação de espécies com gêneros diferentes de Limnocharitaceae e Alismataceae
sugere uma relação antiga, haja vista que os dois grupos são pouco derivados filogenéticamente.
Apoio: CNPq
Os estudos sobre visitas de flores por abelhas eussociais indicam o uso generalizado de recur-
sos florais. No entanto, trabalhos sobre a diversidade de forrageamento mostram também que estas
abelhas utilizam apenas poucos recursos intensivamente durante certa época do ano e diferem na es-
colha dos seus recursos entre si. Em trabalhos que visam estudar a diversidade de abelhas e as plantas
melíferas associadas, o método mais utilizado para a obtenção dos indivíduos consiste na coleta das
abelhas diretamente nas flores. Porém, com esta metodologia as outras espécies de plantas impor-
tantes na dieta destas abelhas permanecem desconhecidas. Por meio de análises polínicas do pólen
armazenado nas colméias, este projeto objetivou investigar quais espécies compõem a assembléia de
plantas exploradas por duas espécies de abelhas sem ferrão em uma propriedade particular, na qual os
proprietários mantêm colméias de Plebeia droryana e Melipona quadrifasciata. As amostras de pólen
foram coletadas mensalmente entre abril/2007 e março/2008 de potes novos de pólen de colméias das
duas espécies de abelhas. No total, as duas espécies coletaram pólen de 40 espécies vegetais perten-
centes a doze famílias e quatro tipos polínicos não identificados. Onze destas espécies vegetais foram
utilizadas por ambas as espécies para a coleta de pólen, mas apenas três destas constituíram fontes
principais para as duas espécies, com representatividade de pólen de mais do que 45% nas amostras.
As operárias de P. droryana visitaram preferencialmente flores de espécies da família Asteraceae
(nove espécies), enquanto as de M. quadrifasciata mostraram preferências para flores de espécies de
Myrtaceae (oito espécies). Os resultados mostram que as duas espécies de abelhas utilizam intensi-
vamente um pequeno número de recursos florais e apresentam diferentes preferências florais durante
o ano, evitando assim competição pelos recursos. Desta forma, as duas espécies conseguem coexistir
em um mesmo local onde a oferta de recursos é limitada.
O gênero Eufriesea apresenta sazonalidade bem marcada e muitas espécies são encontradas
somente na estação chuvosa. Eufriesea nigrohirta parece ser endêmica de regiões de campo rupestre
ocorrendo em áreas de grandes altitudes. Este estudo teve como principal objetivo descrever alguns
padrões morfométricos para avaliar as influências do ambiente sobre a população de Eufriesea ni-
grohirta. Machos foram coletados com iscas aromáticas, quinzenalmente, em fragmentos de Mata
Estacional Semidecidual (MES), Floresta Urbana (FU) e monocultura de Eucalipto (EU). A distância
intertegular (DI) foi tomada como medida de tamanho corporal. Eufriesea nigrohirta esteve ativa du-
rante a estação chuvosa (outubro a fevereiro) sendo novembro o mês de maior abundância (N=152,
70,37%). Cerca de 60% dos machos amostrados apresentaram valores de DI variando de 7,0 a 7,5mm
(N=217, s²=0,30). O tamanho corporal dos indivíduos apresentou diferenças entre os fragmentos
amostrados (F= 3,70; p<0,05), sendo os maiores indivíduos presentes na FU e os menores nas áreas
de monocultura de Eucalipto. O tamanho corporal afeta várias características associadas ao valor
adaptativo do indivíduo, para machos pode assegurar maior deslocamento para evitar competidores e
melhores oportunidades de reprodução. A qualidade do habitat também pode exercer certas influên-
cias sobre a população de abelhas, principalmente pela oferta de recursos. Assim em áreas pobres em
recursos, as fêmeas podem investir menos energia na produção de manchos, estas diferenças nutricio-
nais podem refletir em machos menores em áreas de poucos recursos, como no caso do Eucaliptal. A
qualidade de habitat parece interferir no tamanho corporal dos indivíduos, contudo para avaliar esta
hipótese maiores investigações devem ser conduzidas dada a sazonalidade da espécie. Como a me-
dida de tamanho de indivíduos é algo complexo, outras características morfométricas podem também
refletir as influências ambientais sobre as populações de Eufriesea nigrohirta.
Apoio: Capes/CNPq
Eulaema cingulata é uma abelha comum com ampla distribuição geográfica estando ativa du-
rante vários meses do ano. Esta espécie pode tolerar florestas em estágios iniciais de sucessão e
áreas fortemente antropizadas. Trabalhou-se com hipótese de que indivíduos mais jovens são mais
freqüentes em iscas aromáticas. Machos de Eulaema cingulata foram coletados, quinzenalmente,
com o auxílio de iscas-odor, de julho a dezembro de 2007, em fragmentos de floresta semidescídua
localizada na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. As idades dos indivíduos foram inferidas através
do desgaste alar, sendo consideradas quatro categorias: idade 1=sem desgaste alar e idade 4=com
desgaste de mais de 10% da asa. Idades 2 e 3 foram consideradas desgastes intermediários. A estru-
tura etária dos indivíduos de Eulaema cingulata variou entre as estações nos fragmentos amostrados
(x²=22,84 p<0,05). A presença de machos de idade 1 em todas as amostras evidencia a emergência
destes durante todo o período. Na estação chuvosa, coletou-se o maior número de indivíduos de idade
1 (79,60%), estes representam 34,51% de todos os machos coletados neste período. Porém machos de
idade 2 predominam tanto na estação seca (42,19%) quanto na chuvosa (49,56%). Durante a estação
seca, os indivíduos mais velhos (idade 4) representam 90,90% de todos os indivíduos capturados nes-
sa categoria, nessa mesma estação. O maior número de indivíduos com desgaste alar foi observado
durante o período de setembro, fim da estação seca. Esses dados mostram que as fêmeas podem estar
intensificando a construção de ninhos e ovoposição no fim do período de chuvas para que o maior
número de emergências aconteça no verão, quando há maior disponibilidade de alimento.
Apoio: Capes/CNPq
Árvores com flores pequenas, de morfologia generalizada, e com floração em massa (MFPG)
estão fortemente associadas a pequenos insetos generalistas, principalmente abelhas sociais Meli-
ponina. Entretanto, é controvertido o papel dessas abelhas na polinização desse grupo de plantas,
muito comuns no dossel da floresta. Para testar a hipótese de associação estreita entre essas abelhas
generalistas e as copas de árvores MFPG e também a premissa de efeitos relevantes sobre a produção
de frutos (sucesso reprodutivo), analisou-se a freqüência de visitas e a riqueza de abelhas Meliponina
nas copas de Stryphnodendron pulcherrimum. Foram amostrados os visitantes florais em 10 indi-
víduos floridos, sorteados aleatoriamente em área de Mata Atlântica, no sul da Bahia. Foram cole-
tados 554 indivíduos visitando as copas, dos quais 438 eram abelhas (79,4%) e 293 (52%) abelhas
Meliponina. A proporção de abelhas Meliponina em relação aos demais visitantes variou entre 27 e
87% entre as copas. Os gêneros mais abundantes, considerando o conjunto de visitantes, foram: Meli-
pona (11,5%), Paratrigona (9,9%), Scaptotrigona (9,3%), Tetragonisca (5,7%), Schwarziana (5,0%)
e Partamona (4,3%). A hipótese de associação ecológica estreita entre abelhas Meliponina e copas
com floração em massa de S. pulcherrimum ficou sustentata (100% das copas foram visitadas por este
grupo). Porém as associações entre riqueza de espécies e abundância relativa de abelhas Meliponina e
produção de frutos de S. pulcherrimum foram fracas e não sustentam a premissa de que essas abelhas
generalistas atuem diretamente na frutificação dessas copas com floração em massa.
HETEROGENEIDADE NA ABUNDÂNCIA DE
EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE)
EM ÁREA DE CERRADO DO PARQUE
ESTADUAL SERRA DE CALDAS NOVAS, GO
Rafael Fosca de Freitas*, Solange Cristina Augusto
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Joaquim Cláudio Fernandes 346, 38411-180, Uberlândia, MG, Brasil
rafaff.br@gmail.com
A composição e a abundância de espécies podem variar dentro de uma mesma área, uma vez
que pontos próximos podem possuir características bióticas bem diferentes. O objetivo deste estudo
foi verificar possíveis diferenças na composição e/ou abundância de espécies Euglossini entre dois
diferentes sítios de coleta dentro de uma mesma área. Foram selecionados dois sítios de coleta dentro
do Cerrado do Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, eqüidistantes aproximadamente 900m.
Durante três dias consecutivos (23 a 25/10/2007), foram realizadas coletas diárias simultâneas, das
9h às 16h, nos dois sítios. Também foi estimado o número de espécimes arbóreas floridas em um raio
de 100m ao redor dos pontos de coleta. A dominância de espécies foi calculada usando-se o índice de
Berger-Parker. Para captura dos machos foram utilizadas armadilhas e três fragrâncias artificiais: cin-
eol, beta ionona e salicilato de metila. Foi capturado um total de 207 machos, sendo 155 indivíduos
no sítio 1 e 52 no sítio 2. Eulaema nigrita foi a espécie mais abundante (71%), seguida de Euglossa
jacquelynae (14%), Euglossa imperialis (8%) e Euglossa melanotricha (7%). A abundância de indi-
víduos presentes no sítio 1 foi significativamente maior que no sítio 2 (x²=8,51; df=3; a=0,05). No sí-
tio 1 foram encontrados 197 espécimes arbóreas floridas pertencentes às espécies Qualea grandiflora
Mart., Qualea parviflora Mart., Palicourea rigida Kunth e Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.)
K., sendo as três primeiras consideradas fontes de néctar para os Euglossini. No sítio 2 somente um
indivíduo florido de Qualea parviflora foi observado. As variações encontradas corroboram com a
hipótese de que a abundância de machos de Euglossini pode variar entre dois sítios próximos dentro
de um mesmo habitat. Essa variação pode estar relacionada com a ocorrência “hot spots” de fragrân-
cias naturais e néctar, influenciando o estabelecimento temporário dos machos preferencialmente em
um determinado sítio específico.
Apoio: CAPES
Apoio: CNPq
Estudar a produção de machos, rainhas e operárias é o primeiro passo para possibilitar a multi-
plicação de colônias em larga escala, viabilizando sua utilização tanto ecológica quanto economica-
mente. É possível perceber que há diferenças no padrão de produção de machos, rainhas e operárias
entre Melípona e outros gêneros. O objetivo deste trabalho é avaliar se há diferenças temporais na
produção de machos, rainhas e operárias da espécie N. testaceicornis entre a primavera e verão. Para
a avaliação do número de sexuados foi utilizada uma técnica não invasiva. A distinção entre os sexos
e as castas foi feita por características morfológicas como tamanho das cabeças, dos olhos compostos,
presença ou ausência de corbícula. Durante os sete meses de coleta de dados, foram abertos 77 favos
de onze colônias de N. testaceicornis, totalizando 15465 células desoperculadas. Dentre elas, 15191
eram ocupadas por operárias, que corresponderam a 98,23% de todos os indivíduos produzidos, 272
machos (1,76%) e duas rainhas miniaturas (0,013%). A produção de operárias foi dada em todos os
meses de estudo e em altas porcentagens. Os machos foram produzidos em apenas quatro meses
(outubro, novembro, fevereiro e março) não havendo diferença significativa entre eles. Merece uma
atenção especial a produção de rainhas, que foi extremamente baixa. Mesmo sabendo que espécies
não pertencentes ao gênero Melipona produzem poucas rainhas, a porcentagem encontrada foi muito
menor se comparado com outras espécies, como Trigona (Lepidotrigona) ventralis, com 0,08% das
fêmeas produzidas e em P. remota, que encontrou 0,11% das fêmeas produzidas. Portanto um estudo
mais amplo e detalhado deve a ser feito nestas colônias. Mas mesmo assim, pode-se concluir que os
fatores internos se pronunciaram mais que os externos às colônias.
Apoio: CNPq
ESTRUTURA DE COMUNIDADES DE
ABELHAS EUGLOSSINA EM FRAGMENTOS
DA REGIÃO DE OURO PRETO, MG
Riudo P. Ferreira*, Cristiane Martins*, Marina C. Dutra, Caio B. Mentone, Yasmine Antonini
Instituto de Ciências Exatas e Biológicas- UFOP
Campus Morro do Cruzeiro s/n, 35400-000, Ouro Preto, MG, Brasil
riudopaiva@gmail.com
As abelhas Euglossina são ideais para os estudos de comunidades não só por permitirem uma
maneira rápida de quantificação da diversidade, mas também por serem mais abundantes nas florestas
tropicais. Este estudo avaliou a estrutura das comunidades de Euglossina em fragmentos amostrados na
região urbana de Ouro Preto (MSS, Horto, Jardim e UFOP) e no Parque Estadual do Itacolomi (PEIT)
de julho de 2007 a fevereiro de 2008. Machos de Euglossina foram capturados com iscas aromáticas.
Foram coletados 957 indivíduos pertencentes a 14 espécies. Na maior parte dos fragmentos amostrados
Eulaema nigrita e Eulaema cingulata foram as espécies dominantes com abundância relativa superior
a 20%. Nas áreas de monocultura de Eucalipto (UFOP) aquela espécie representou cerca de 67,5%
dos indivíduos coletados. A menor riqueza foi observada para áreas fortemente antropizadas (MSS,
13 espécies). A maioria das espécies encontradas ocorreu tanto nos fragmentos localizados no PEIT
(Porteira, Forno e Eucaliptal) quanto naqueles amostrados na matriz urbana. As espécies que tiveram
ocorrência mais baixa foram Euglossa pleiosticta, Euglossa annectans e Euglossa crassipunctata. As-
pectos da biologia de Eulaema nigrita associam a ocorrência desta espécie com áreas abertas e pertur-
badas. Por esta espécie apresentar uma ampla distribuição geográfica inclusive para grandes altitudes,
além de ser atraída por uma grande variedade de compostos aromáticos, Eulaema nigrita pode ser um
bom indicador de habitats pertubados. A fauna de Euglossina em Ouro Preto apresenta uma riqueza
semelhante àquela encontrada para outras regiões de Mata Atlântica. Isto sugere que fragmentos na
matriz urbana podem ser importantes para a conservação da fauna dessas abelhas.
Apoio: Capes/CNPq.UFOP
Como a cobertura vegetal nativa restante na Região Sudeste compreende principalmente frag-
mentos vegetais, pequenos na maioria das vezes, as populações de abelhas indígenas sem ferrão estão
basicamente restritas a dois tipos de ambientes: áreas urbanas e fragmentos de vegetação nativa. Por
essa razão, é importante compreender alguns fatores ecológicos relacionados com populações de me-
liponíneos em pequenos fragmentos florestais. Questionamentos sobre a densidade de ninhos naturais
encontrada em um dado ambiente ajudam a compreender melhor a dinâmica dessas populações. O
objetivo do trabalho foi averiguar os possíveis recursos limitantes da densidade de ninhos naturais
de meliponíneos na Estação Ecológica de Ribeirão Preto, Mata Santa Tereza. Neste fragmento foram
testados dois recursos como limitantes da densidade de ninhos: alimento e local de nidificação. Para
testar alimento como recurso limitante foi realizado um experimento, o qual consistia em acompanhar
o desenvolvimento (massa total) de oito colônias de meliponíneos (Tetragonisca angustula, Scap-
totrigona sp.) alocadas no interior da mata e comparar esse desenvolvimento com nove colônias das
mesmas espécies alocadas em uma fazenda (ambiente controle) fronteiriça à mata. Para testar local
de nidificação como recurso limitante foi realizado um experimento com ninhos-armadilha. Os re-
sultados apresentados demonstram que, pelo menos para as espécies testadas, alimento não é recurso
limitante da densidade de ninhos, uma vez que tanto colônias da mata quanto colônias do ambiente
controle se desenvolveram de maneira similar. Já local de nidificação foi considerado um recurso
limitante da densidade de ninhos para as espécies que nidificam em cavidades pré-existentes. Nossos
resultados indicam que em pequenos fragmentos, geralmente em regeneração ou degeneração (efeito
de borda), local de nidificação parece ser o principal limitante da densidade de ninhos naturais de
espécies que utilizam cavidades pré-existentes.
Apoio: Capes
Melipona fasciculata, a tiúba, é amplamente cultivada em Anajatuba, desse modo toda informa-
ção adicional sobre a sua biologia é muito importante para a sua exploração econômica. Este estudo
está sendo realizado com o objetivo de identificar as fontes de pólen utilizadas por M. fasciculata na
região, fornecendo subsídios para o manejo e preservação dessa espécie. As coletas são realizadas em
duas caixas racionais, mensalmente, sendo capturadas, a cada hora, duas abelhas ao retornarem para a
colônia com cargas de pólen entre 6:00 e 17:00 hs. Para o reconhecimento da flora apícola presente na
área, está sendo feita uma palinoteca de referência, confeccionada a partir dos botões florais das espé-
cies vegetais encontradas próximas às colônias, além de excicatas, que estão sendo confeciconadas e
enviadas para identificação. As análises polínicas são realizadas conforme o Método de Acetólise de
Erdtman (1960). De Outubro/2007 a Fevereiro/2008 foram identificadas 59 tipos polínicos distribuí-
dos em 13 famílias, sendo que o número de espécies por família variou de 1 a 6. Os tipos polínicos
mais freqüentes foram Solanum jamaicense Mill., T3, Lecythis sp., Japarandiba augusta L., Orbignya
phalerata Mart, Citrullus sp., T12, T26 e T37 estando presentes em todos os meses. Analisando-se a
carga polínica mensal, os tipos polínicos mais representativos foram S. jamaicense que apresentou
um percentual de 48,96% no mês de Janeiro/08 e O. phalerata com 92,5% no mês de Novembro/07
sendo agrupados como polens dominantes. Considerando-se a freqüência total durante os 5 meses,
O. phalerata, Lecythis sp. e S. jamaicense obtiveram frequencia relativa de 35,6%, 23,7% e 17,9%,
respectivamente sendo considerados polens acessórios, enquanto Vernonia sp. (3,98%) e Syzygium
cumini (L.) (9,6%) polens isolados importantes.
Foram realizadas coletas sistemáticas de abelhas em uma área de floresta ombrófila da Reserva
Natural do Rio Cachoeira, Antonina, Paraná, Brasil, no período de dezembro de 2006 a dezembro
de 2007. Os resultados foram analisados comparativamente a outros estudos realizados em áreas de
floresta Atlântica do sul e sudeste do Brasil. A amostra é constituída de 1147 espécimes pertencentes
a 117 morfo-espécies de abelhas. Estas morfo-espécies estão distribuídas em 41 gêneros, 14 tribos
e quatro subfamílias. A subfamília Apinae foi a mais abundante e a segunda mais rica, enquanto
Halictinae a mais rica e a segunda mais abundante. Megachilinae e Colletinae foram a terceira e
quarta respectivamente tanto em abundância quanto riqueza. As percentagens das quatro subfamílias
em abundância e riqueza (entre parênteses), excluindo Apis mellifera foram: Apinae, 63,5 (35,34);
Halictinae 17,66 (43,10); Megachilinae 18,1 (13,7); Colletinae 3,41 (5,12). Não foi coletado nenhum
representante da subfamília Andreninae. O gênero mais abundante foi Apis com 31,9% do total de
espécimes coletados, seguida por Cephalotrigona (9%) e Bombus (7,2%). Em riqueza os gêneros
Megachile com 16 espécies (13,67%) e Augochlora 14 espécies (11,96%) foram os mais represen-
tativos. As plantas visitadas correspondem a 42 espécies, pertencentes a 38 gêneros e 24 famílias. A
família Asteraceae com 9 espécies teve a maior abundância de abelhas (46,9%). Comparações com
outros estudos através de análise de correspondência demonstram um agrupamento deste estudo com
outras assembléias em áreas de florestas ombrófilas do sul e sudeste do Brasil.
Palavras-chaves: Capões, visitantes florais, abelhas e vespas, Pantanal, Mato Grosso do Sul
As abelhas noturnas do gênero Megalopta são coletadas na maioria das vezes em fontes artifi-
ciais de luz. Mas, este trabalho propõe uma nova metodologia de coleta, utilizando iscas aromáticas,
semelhantes às usadas para Euglossina. Esta metodologia é proposta devido ao grande número de
abelhas coletadas, entre os anos de 1997 a 2000, em cinco localidades no estado de São Paulo: 1)
Reserva Campo Novo Vargem Limpa - UNESP; 2) Campus da Universidade Estadual Paulista (UNE-
SP-Bauru); 3) Estação Ecológica de Bauru 4) Área de Preservação Permanente da Duratex S.A., em
Agudos; 5) Estação Ecológica dos Caetetus, entre Gália e Alvinlândia. Nas duas primeiras localidades
foram colocadas armadilhas com as seguintes substâncias: escatol, eucaliptol, eugenol, salicilato de
metila e vanilina; nas outras não foi utilizado escatol. Todas as localidades foram amostradas por um
período de dois anos ou mais, com coletas mensais. Do total (n= 918), Megalopta sp. n. (n=653) foi
mais abundante exceto na área de Preservação da Duratex, onde M. amoena (Spinola, 1853)(n=259)
foi encontrada em maior número; M. aegis (Vachal, 1904)(n=6) foi pouco capturada, ocorrendo ap-
enas na Reserva Campo Novo Vargem Limpa e na Estação Ecológica de Bauru. Todos os exemplares
capturados são fêmeas, encontradas em maior número no verão, presentes nos demais meses e com
ocorrência esparsas nos meses mais frios. A substância eugenol foi a mais atrativa, em abundância
quanto em riqueza. Salicilato de metila foi atrativa em relação à abundância de indivíduos coletados;
o eucaliptol e vanilina foram eficazes em relação a diversidade, mas não conseguiram atrair muitos
indivíduos. O escatol foi pouco eficaz e atraiu apenas uma abelha. Este estudo discute a abundância
de Megalopta nos fragmentos florestados e propõe uma nova metodologia que permitirá novos estu-
dos sobre a diversidade e a biologia dessas espécies na região Neotropical.
Bees are key pollinators at the canopy stratum of the Amazon forest. Canopy pollination studies
at the Amazon biome are relatively scarce, due to the difficulties of surveying at the tree top. Here we
present data of melittophilous plants at the Tapajós National Forest, Western Amazon, Brazil, with
specialized and generalized pollination systems. The pollination processes of four climax woody spe-
cies, e.g. Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don (Bignoniaceae), Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. (Leg.
Papilionoidae), Manilkara huberi (Ducke) A. Chev. (Sapotaceae) and Carapa guianensis Aubl. (Me-
liaceae), was studied from 2002 to 2004. The flower visitors were assessed directly on opened flowers
using woody towers up to 45 m, as well as single-rope climbing technique. Reproductive phenology
was monitored weekly in 30-40 plants of each species. J. copaia was effectively pollinated by a restrict
number of medium-bodied bees, namely Euglossa and Centris. Likewise, C. guianensis’ pollinators
were unspecific small-sized bees, mainly Meliponina and small riodinid butterflies. Thus, these two
species showed higher specialization in comparison to D. odorata, which was pollinated by medium
to large-bodied bees (Eulaema, Eufriesea, Centris, Bombus, Epicharis, Xylocopa, Augochloropsis,
Meliponina) plus butterflies, moths, scarab beetles, wasps and hummingbirds. Equally, M. huberi
showed a wide group of pollinators, represented by Meliponina, Anthophorina, hoverflies, butterflies,
moths, wasps and perching birds. Flower morphology, pollen/nectar accessibility and attractants were
significant features on the floral visitor’s preference. The dry season (September to November) con-
centrated the majority of flowering season. J. copaia flowered synchronously each year. D. odorata
and C. guianensis showed an asynchronous pattern, with a few individuals flowering in the end of the
rainy season (March to June), and a larger part from September to December. M. huberi presented a
synchronous supra-annual flowering pattern, with gaps of 3-4 years, displayed on the transition from
rainy to dry season (June to August).
O processo de aprovisionamento e postura (POP) envolve estreita relação entre rainha e op-
erárias. O fator idade da rainha influencia significativamente as relações entre as castas. Esse estudo
tem por objetivo acompanhar o desenvolvimento, realizado através de filmagens, de uma rainha recém
fecundada comparando seu comportamento e interações até seu estabelecimento. Os resultados obti-
dos apresentam alterações principalmente nos aspectos ligados ao estágio de pré-aprovisionamento
(pr). Em rainhas recém fecundadas o pr sofre um grande retardamento, pois ao subir no favo para ini-
ciar a postura a rainha não consegue interagir com as operárias, podendo levar horas para influenciá-
las a começarem o estágio de aprovisionamento. As visitas durante o intervalo foram mais demoradas
e com aspectos de inicio de POP, sendo este muitas vezes ignorado pelas operárias, e ao término da
postura a rainha freqüentemente continuava no favo tentando manter as operárias agitadas. Nessas
ocasiões, as operárias costumam agredir a rainha avançando em direção com o primeiro par de patas
elevado. Isso aumenta o grau de agressividade mútua entre rainha e operárias. Os resultados sugerem
que o controle da rainha sobre as operárias é incompleto nos primeiros momentos. Possivelmente isso
está ligado a um controle hormonal ainda não totalmente desenvolvido pela rainha.
Apoio: CNPQ
Melipona bicolor schencki ocorre na região Sul do Brasil e em áreas de altitude elevada na
região Sudeste. Atualmente a espécie está restrita e isolada em áreas com remanescentes de mata
nativa, muitas vezes fragmentadas. Objetivou-se a avaliação da proporção e distribuição espacial de
sexos e castas nos favos, no intuito de contribuir para o conhecimento da biologia da espécie e propor-
cionar subsídios para sua conservação. As células de cria dos favos foram abertas, expondo a cabeça
das pupas. Desta forma, indivíduos foram quantificados de acordo com a análise de 1 favo maduro/
colônia/mês de cinco colônias poligínicas, durante 12 meses, para obtenção da proporção de sexos e
castas. Nos mesmos favos considerou-se três áreas concêntricas de igual número de células (porção
central, porção média e borda), analisando-se assim a distribuição espacial dos diferentes indivíduos,
pelo teste de Friedman a 95% de significância. Operárias, rainhas e machos de M. b. schencki com-
preenderam 79,7%, 15,6% e 4,7% da cria, respectivamente. As colônias apresentam proporção es-
tatisticamente semelhante (p>0,05) de operárias, rainhas e machos em cada uma das áreas analisadas.
Estudos realizados com Melipona quadrifasciata demonstraram concentração de machos no centro e
rainhas nas bordas dos favos; em Melipona favosa machos também são dispostos no centro. Consid-
erando-se que a poliginia natural ocorre exclusivamente em M. bicolor, questiona-se se a oviposição
simultânea por mais de uma rainha em colônias desta espécie seja capaz de influenciar na distribuição
espacial das castas e sexos nos favos.
Apoio: CNPQ
CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA ÀS
VARIAÇÕES DE TEMPERATURA EM
OPERÁRIAS DE Trigona spinipes (FABRICIUS,
1973) (HYMENOPTERA:APIDAE) DURANTE
OS PERÍODOS DE VERÃO E INVERNO
Oilton José Dias Macieira*, Edson Aparecido Proni
Universidade Estadual de Londrina - CCB - BAV
Campus Universitário, 86051990 - Londrina, PR - Brasil - Caixa-Postal: 6001
macieira@uel.br
As abelhas sem ferrão são consideradas por muitos autores de grande importância para o ecos-
sistema devido a sua eficiência como polinizadoras. Os experimentos com Ecologia de Tolerância são
muito importantes para se conhecer os limites dentre os quais a maioria dos organismos sobrevivem.
O presente trabalho estudou a tolerância de operárias de Trigona spinipes a variações extremas de
temperatura, com o objetivo de serem determinados os limites térmicos letais para altas e baixas tem-
peraturas durante o verão e inverno. Os resultados mostraram um intervalo de tolerância entre –3,5°C
e 40°C no verão e de –4,0°C até 39,5°C no inverno a 50% de sobrevivência. Os limites a 100% de
mortalidade ficaram entre –5°C e 41oC no verão e -5°C e 40,5°C no inverno.
Palavras-chaves: abelhas sem ferrão, limites de temperatura, temperatura letal, tolerância térmica
No Brasil, os estudos sobre abelhas em áreas urbanizadas ainda são poucos, embora sejam de
grande relevância para o entendimento e conservação das interações destes insetos com as plantas e
sua conseqüente ação como polinizadores. Este trabalho teve como objetivo o estudo das abelhas em
área antrópica e a identificação de famílias de plantas que servem como recursos para estas abelhas no
campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense. As coletas foram realizadas mensalmente en-
tre 8 e 15h, de janeiro a abril/2008 com auxílio de redes entomológicas, sobre flores ou em vôo. Foram
coletados 354 indivíduos pertencentes a três famílias de abelhas. Da família Apidae foram amostradas
11 espécies. Dentre elas, as espécies eussociais Apis mellifera (24,3% dos indivíduos coletados) e
Trigona spinipes (13,8%), além de Exomalopsis auropilosa (42,8%) foram as mais abundantes. As
outras espécies pertencem às tribos Euglossini (0,56%), Centridini (1,7%), Ceratinini (0,56%), Xy-
locopini (4,8%) e Eucerini (1,13%). Das famílias Megachilidae (3,39% dos indivíduos) e Halictidae
(7,9%) foram amostradas cerca de 5 espécies. Setenta e cinco por cento das abelhas coletadas foram
amostradas em 23 espécies de plantas pertencentes a 12 famílias, sendo que as principais fontes
de pólen foram: Asteraceae, Amarantaceae, Iridaceae, Leguminosae e Malvaceae, enquanto que as
principais fontes de néctar foram: Anacardiaceae, Bignociaceae, Convolvulaceae, Cucurbitaceae, Le-
guminosae, Malvaceae, Moringaceae, Turneraceae e Verbenaceae. Moringaceae, Turneraceae, Legu-
minosae e Asteraceae destacaram-se em número de visitantes totalizando aproximadamente 85%. Os
dados obtidos indicam a presença de espécies de abelhas comuns em áreas antrópicas e várias delas
com conhecido papel na polinização de diversos grupos de plantas.
Apoio: CAPES
Numa área de Preservação Ambiental em Floresta Ombrófila Densa Montana (altitude 800 m),
foi empreendido um levantamento sobre as comunidades de abelhas e suas plantas melíferas, visando
conhecer a diversidade local de Apoidea e suas interações florais, para contribuir com o plano de
manejo da área. Foram realizadas 12 amostragens mensais diurnas (6 horas de duração cada), de
abril/2006 a março/2007, em transectos na área, onde foram coletadas abelhas sobre plantas flori-
das, ambas coletadas e preparadas para identificação, material todo depositado na UNIVILLE. Tem-
peratura e umidade relativa foram anotadas. Para avaliar a estrutura da comunidade e a diversidade,
foram calculados os índices de Shannon-Wiener e de Simpson. Foram amostrados 934 indivíduos de
Apoidea de 72 espécies, visitando 44 espécies de plantas de 19 famílias vegetais. A família botânica
mais representativa foi Asteraceae, com metade dos táxons visitados, sendo o mais atrativo Bidens
pilosa (23 espécies de abelhas), seguido por Bidens sulphurea e Vernoanthura twediana (14 espécies
de abelhas cada), predominância esta de escolha floral recorrente no sul do país. Da comunidade de
abelhas, 47% das espécies foi representada por apenas um indivíduo, (singletons), correspondendo
a menos de 4% dos indivíduos. As espécies dominantes perfizeram 15% do total. Com relação às
plantas, apenas 26% foram visitadas por apenas uma espécies de abelha. A construção da curva de
freqüências acumuladas denotou um padrão de riqueza estimada maior. Táxons reportados de ocor-
rência rara foram encontrados: Lonchopria cingulata (Colletidae), Thygater (Nectarodiaeta) tuber-
culata (Apidae). Diversas espécies não assinaladas para Santa Catarina também foram encontradas
(18%). Na análise da variação dos índices, o de Simpson, que atribui maior peso a espécies raras, evi-
denciou uma baixa dominância entre os táxons e de Shannon, que pondera espécies raras e comuns,
mostrou oscilação na diversidade, sugerindo influência sazonal.
COMUNIDADE DE EUGLOSSINI
(HYMENOPTERA, APIDAE) DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DOS CAETETUS, GÁLIA, SP
José Carlos Serrano, Carlos Alberto Garófalo
Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
garofalo@ffclrp.usp.br
A Estação Ecológica dos Caetetus, com uma área de 2.176,10 ha, está localizada nos municí-
pios de Gália e Alvinlândia (22º20’ - 22º30’ S e 49º40’ - 49º45’ W), SP. A cobertura vegetal é do tipo
Floresta Estacional Semidecidual, um dos mais significativos remanescentes da grande floresta que
revestia todo o interior do estado de São Paulo. O objetivo desse trabalho foi estudar a comunidade
de Euglossini existente na área proporcionando assim novas informações sobre a fauna dessa im-
portante reserva florestal que abriga inúmeras espécies, animais e vegatais, ameaçadas de extinção.
As amostragens foram feitas uma vez por mês, durante 3 horas, no período entre 9:00 e 13:00h, de
Maio de 2006 a Abril de 2007. Foram utilizadas como iscas odores cineol, eugenol e vanilina. Para a
realização das coletas, chumaços de algodão, embebidos a cada hora com as respectivas fragrâncias,
foram pendurados em ramagens da vegetação no local de estudo, a uma altura de 1,5 m e distantes
cerca de 5,0 m entre si. Os machos atraídos foram coletados com redes entomológicas e mortos em
câmaras mortíferas contendo acetato de etila. Dados de temperatura foram obtidos a cada meia hora.
Trezentos e setenta e sete machos pertencentes à nove espécies foram coletados. O gênero Euglossa
foi representado por 6 espécies enquanto os gêneros Eulaema, Eufriesea e Exaerete, por apenas uma
espécie cada. Euglossa pleosticta, com 46,2% dos machos coletados, foi a espécie mais abundante
seguida por Euglossa truncata (19,1%), Eulaema nigrita (12,6%) e Euglossa annectans (11,4%). Ex-
aerete smaragdina, com dois machos coletados, e Euglossa cordata e Eufriesea violacea, ambas com
5 machos coletados, foram as espécies mais pobremente representadas. A abundância de E. pleosticta
reforça a conclusão de outros trabalhos de que tal espécie é a mais representativa nos fragmentos de
matas do interior do estado de São Paulo.
CONHECENDO A DIVERSIDADE DE
ABELHAS DAS ORQUÍDEAS (APIDAE:
EUGLOSSINI) DA AMAZÔNIA
Ana Cláudia Oliveira Araújo¹*, Marcio Luiz de Oliveira¹
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Av. André Araújo 2936, Petrópolis. Cx. Postal 478. Manaus, AM. Brasil 69011-970
anabio@inpa.gov.br
A fauna de abelhas das orquídeas na Amazônia tem sido amostrada de forma padronizada a
fim de possibilitar comparações. Para tanto, têm sido utilizadas grades pertencentes ao Programa de
Pesquisa em Biodiversidade (PPBio). A grade é uma área de 25 km2 onde estão instaladas 12 trilhas
de 5 km de comprimento, 6 no sentido norte-sul e 6 no sentido leste-oeste. Adjacentes às trilhas que
estão dispostas no sentido leste-oeste, existem parcelas permanentes de 250 m x 40 m, orientadas no
sentido norte-sul e distantes entre si 1 Km, totalizando 30 parcelas por grade. As abelhas foram cole-
tadas por apenas 3 dias em cada UC (de 09 a 11/10/2007 no PARNA de Viruá e de 16 a 18/10/2007
na ESEC de Maracá), em cinco armadilhas com cineol, benzil acetato, salicilato de metila, vanilina
e metil cinamato, respectivamente. Em cada trilha leste-oeste, em frente a cada parcela, foi instalado
um varal de 10 m de comprimento e a 2 metros do solo, onde foram penduradas as armadilhas sepa-
radas entre si por 2 metros, totalizando assim 1 varal por parcela e 5 por trilha. Todas as armadilhas
foram distribuídas nos pontos de coleta até às 8 horas e deixadas no varal por 4 horas, perfazendo-se
uma trilha por dia. Foram amostradas 15 parcelas em cada UC. A ESEC de Maracá apresentou 8 espé-
cies e 56 indivíduos, enquanto o PARNA do Viruá apresentou 21 espécies e 219 indivíduos. Apesar de
distantes cerca de 200 Km e diferentes em termos de vegetação, as UC´s apresentaram 7 espécies em
comum: Eulaema bombiformis (Packard, 1869); Eulaema pseudocingulata Oliveira, 2006; Exaerete
smaragdina (Guérin, 1845); Euglossa imperialis Cockerell, 1922; Euglossa ignita (Smith, 1854);
Euglossa avicula Dressler, 1982 e Euglossa sp. n. Foram registradas ainda duas espécies desconhe-
cidas para o Estado de Roraima, Euglossa prasina Dressler, 1982 e Eufriesea vidua (Moure, 1976)
provenientes do PARNA do Viruá. Trabalho anterior realizado na ESEC Maracá registrou apenas 11
onze espécies, o que sugere que esta UC realmente possua uma baixa riqueza de espécies de abelhas
das orquídeas.
MODELAGEM DA DISTRIBUIÇÃO
GEOGRÁFICA POR MEIO DO
OPENMODELLER: ESTUDO DE CASO DE
PLANTAS E POLINIZADORES
Tereza Cristina Giannini¹*, Antonio Mauro Saraiva², Isabel Alves-dos-Santos¹
¹ Instituto de Biociências da USP;
²Escola Politécnica da USP
R. Matão, Trav.14, n.321, Butantã, São Paulo, SP, 05508-900
giannini@usp.br
A distribuição geográfica de uma espécie depende de suas interações com o meio, e com outros
indivíduos, sejam da mesma espécie ou de outras espécies. Dentro da abrangência geográfica de uma
espécie apenas os habitats apropriados são ocupados, e estes habitats refletem seu nicho ecológico.
Esse nicho é caracterizado por fatores abióticos como temperatura, umidade, altitude, e também por
fatores bióticos, como vegetação, solo, locais para nidificação e fontes de recursos alimentares. No
caso dos polinizadores, algumas espécies são altamente especializadas na fonte floral e a presença ou
ausência da planta pode ser um fator limitante. A modelagem da distribuição geográfica de espécies
tem sido utilizada levando-se em consideração as interações bióticas e abióticas que caracterizam
o nicho ecológico. O objetivo principal é gerar um modelo matemático da distribuição geográfica
potencial da espécie, que possa ser projetado em outras regiões e gerar um mapa da distribuição. O
openModeller constitui-se em uma ferramenta open source para modelagem de distribuição geográ-
fica e incorpora diversos algoritmos empregados em modelagem, como o GARP (Genetic Algorithm
for Rule-set Production) e tem sido usado em um estudo sobre a distribuição geográfica de plantas e
polinizadores. Foi escolhido um gênero de abelhas solitárias (Peponapis - Eucerini, Apidae) que são
especialistas em flores de Cucurbita (abóboras). O padrão de distribuição das espécies de Peponapis
foi avaliado em relação à presença de espécies de Cucurbita, bem como das variáveis abióticas que
caracterizam seus nichos. Os resultados preliminares têm demonstrado a co-ocorrência dos dois gru-
pos na maioria das áreas estudadas.
Apoio: BioAbelha-FAPESP
Apoio: FAPESP
VARIAÇÃO DA DIVERSIDADE
DE MELIPONINA(APIDAE; MELIPONINA)
EM FRAGMENTOS DE
HÁBITATS FLORESTADOS DE
MATA ATLÂNTICA NA BAHIA
Marília Dantas e Silva, Mauro Ramalho, Ciro Tavares Florence, Paulo César Gouvêa Leão,
João Paulo Loyola Oliveira, Daniela Monteiro, Jaqueline Figueredo Rosa, Zafira Evelma Gurgel,
Marli Emília Almeida
Universidade Federal da Bahia-Laboratório de Ecologia da Polinização-ECOPOL/IBIO-UFBA
Rua Barão de Jeremoabo, s/n - Campus Universitário de Ondina. CEP:40.170-115 – Salvador-
Bahia, Brasil
zafiragurgel@hotmail.com
Este experimento foi conduzido com o objetivo de estudar a atividade de coleta da abelha Tet-
ragonisca angustula (jataí), no decorrer do ano, em Ribeirão Preto, SP, Brasil. Para isso, foi avaliado
o número de abelhas que entravam no ninho, com pólen ou com néctar, nos primeiros 10 minutos de
cada horário, das 7h00 às 18h00, com 12 repetições, sendo cada repetição em um mês diferente (de
junho de 2007 a abril de 2008). Observou-se que as abelhas preferiram coletar néctar (86,5%) com-
parado à coleta de pólen (13,5%). Para néctar, foi observado que o pico de coleta aconteceu no mês
de março de 2008, sendo que o mês com menos atividade foi junho de 2007. Entretanto, para pólen,
o pico de atividade de coleta ocorreu no mês de março de 2008, sendo que as piores avaliações foram
entre junho e julho de 2007. No decorrer do dia, observou-se que essas abelhas coletaram néctar e
pólen durante todo o dia. Pode-se concluir que a abelha T. angustula apresenta diferenças na atividade
de coleta no decorrer do ano, devido aos fatores climáticos e às fontes florais disponíveis na região,
em cada mês.
A quantidade de alimento recebido pelas larvas é o fator responsável pela determinação das
castas em T. angustula, as larvas de rainhas se desenvolvem em células maiores, chamadas realeiras,
recebendo mais alimento que as larvas de operárias que se desenvolvem em células menores; não
havendo diferença qualitativa entre o alimento contido em realeiras e células de cria de operárias/
machos. Este trabalho visa a comparação qualitativa entre os alimentos larvais de realeiras e células
de cria de operárias/machos de T. angustula através das análises dos conteúdos protéico e de aminoá-
cidos. Favos de cria recém-operculados foram coletados em 5 colônias racionais, suas células foram
desoperculadas, os ovos foram retirados e o alimento foi coletado com bomba de sucção a vácuo.
Para análise do conteúdo protéico, as amostras de alimento foram centrifugadas a 4ºC e 15.000 RPM
por 10 minutos; o sobrenadante foi convenientemente diluído e as amostras (10 µl cada) submetidas
à eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE 7,5%), posteriormente corado em solução de
Azul de Coomassie R-250. A análise de aminoácidos foi realizada pelo método do PTC-aa em HPLC,
com hidrólise prévia em HCl bidestilado a 6 N. O gel demonstrou que os padrões de bandas protéicas
foram iguais para todas as amostras de alimento, permitindo-nos afirmar que os alimentos contidos
em realeiras e células de cria de operárias/machos possuem a mesma composição protéica. As aná-
lises dos aminoácidos totais, assim como dos aminoácidos livres, demonstraram não haver diferenças
significativas da quantidade e composição dessas moléculas entre os dois tipos de alimentos compara-
dos. Estes resultados demonstram que a composição protéica e de aminoácidos dos alimentos de rea-
leiras e células de cria de operárias/machos são semelhantes, confirmando a hipótese de que as castas
em T. angustula são determinadas exclusivamente pela quantidade de alimento oferecida às larvas.
Nas abelhas sem ferrão, o mecanismo de produção de rainha varia entre os diversos gêneros.
Os mecanismos pelos quais a produção de células reais se inicia são pouco conhecidos neste grupo.
Sabe-se que, nessas abelhas, as diferentes castas, bem como os machos, apresentam diferenças nos
compostos químicos associados à cutícula, os quais são classificados como “feromônios de super-
fície”, e essas substâncias são as responsáveis por uma grande parte da comunicação intracolonial.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi investigar possíveis alterações químicas nesses feromônios
em colônias órfãs da abelha sem ferrão, Frieseomelitta varia, durante o processo de produção de
células reais. Para verificar possíveis alterações químicas foram utilizadas três colônias de F. varia
pré-estabelecidas. De cada uma dessas colônias foi retirada a rainha e a partir desse dia foram cole-
tadas 10 operárias de 3 em 3 dias até o surgimento de células reais. As amostras foram analisadas em
um sistema de Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massas (GC-MS). Os dados dos
perfis químicos obtidos pelo GC-MS foram, então, comparados entre os grupos experimentais pela
análise estatística multivariada. A partir da análise estatística foi possível observar que os grupos de
compostos foram significativamente separados e que, além disso, mostraram uma mudança gradativa
no perfil de compostos químicos ao longo do tempo, até o início da produção da nova rainha. É pos-
sível afirmar, portanto, que a ausência da rainha provoca alterações significativas no perfil químico da
colônia. Essas alterações, possivelmente, estão relacionadas ao início da produção de novas rainhas
em abelhas sem ferrão.
Os meliponíneos ou abelhas sem ferrão são abelhas eusociais que ocorrem em regiões tropicais.
O modo de acasalamento das rainhas da tribo Meliponini levanta várias questões que ainda não foram
respondidas, mas sabe-se que as rainhas virgens atrativas inflam seus abdomes e só acasalam durante
vôos nupciais ou em arenas experimentais com machos solitários. As rainhas virgens atrativas de
Melipona quadrifasciata liberam um cheiro característico após inflarem seus abdomes, o qual é per-
ceptível para os humanos. Por isso, este trabalho teve como objetivo identificar os compostos voláteis
responsáveis pelo cheiro das rainhas virgens de M. quadrifasciata através da coleta por headspace
dinâmico dos voláteis de rainhas virgens infladas (2 a 3 dias de idade) e de rainhas virgens normais
(1 dia de idade), além da obtenção de extratos de partes do corpo destas rainhas para identificação
da origem destes voláteis. Todas as amostras foram analisadas por Cromatografia Gasosa acoplada a
Espectrometria de Massas (CG-EM). As análises das amostras de headspace revelaram que as rainhas
virgens infladas de M. quadrifasciata liberam uma mistura de nerol e geraniol, os quais não são libera-
dos pelas rainhas virgens normais. Estes compostos foram observados nos extratos dos abdomes das
rainhas virgens de M. quadrifasciata, o que indica que são produzidos por alguma glândula presente
no abdome. Ensaios biológicos para descobrir como estes compostos agem na seleção das rainhas de
M. quadrifasciata e se atuam como feromônios de alarme ou sexual estão sendo realizados.
As abelhas jandaíras (Melipona subnitida) são originadas no nordeste brasileiro, região onde
há uma vegetação que fornece néctar e pólen para os meliponíneos. O conhecimento das plantas
fornecedoras de alimentos para esta espécie de abelha é fundamental para o desenvolvimento de um
programa de meliponicultura visando a produção de mel. Objetivou-se com este trabalho levantar as
espécies fornecedoras de néctar e pólen para M. subnitida ao longo do ano. O experimento foi realiza-
do na Fazenda Experimental Vale do Acaraú da UVA (S3°36’52’’ e W40°18’26’’) entre junho/2005
e maio/2006. Foram disponibilizadas 30 colônias de M. subnitida em uma região de caatinga. A cada
15 dias foram coletados o mel produzido para análise melissopalinológica, e o pólen para análise
polínica. Verificou-se a existência de 30 plantas pertencentes a 14 famílias de importância para M.
subnitida. As famílias com o maior número de representantes foram Euphorbiaceae, Mimosoidae e
Amaranthaceae. Participaram ainda da dieta de M. subnitida plantas das famílias Rubiaceae, Turn-
eraceae, Sterculiaceae, Labiatae, Cactaceae, Caesalpinoidae e Ramnaceae. A maioria das espécies
visitadas por M. subnitida floresce na estação chuvosa do ano. Conclui-se que M. subnitida visita um
número pequeno de plantas, considerando a biodiversidade encontrada na caatinga.
Social animals are predicted to increase resource dominance by foraging in groups. We tested
the importance of a group foraging strategy for stingless bees (Hymenoptera, Apidae, Meliponini).
Using six Brazilian stingless bee species (group foragers: Scaptotrigona aff. depilis, Trigona hyalinata
and T. spinipes; solitary foragers: Frieseomelitta varia, Melipona quadrifasciata and Nannotrigona
testaceicornis) and an array of artificial “flowers”, we compared species’ dominance and visitation
under unrestricted foraging conditions and during exclusion of group foraging species. Feeders were
generally dominated by one of the group foraging species. Group foragers also limited visitation by
solitary-foraging species. Removal of all group foragers increased feeding opportunities for the other
three species. Thus, group foraging appears to enable stingless bee colonies to improve competitive
ability through dominance of highly rewarding resources.
A COMUNIDADE DE ABELHAS
(HYMENOPTERA, APIDAE) E SUAS
FONTES FLORAIS NO PARQUE
NACIONAL DA SERRA DO ITAJAÍ,
SANTA CATARINA, BRASIL
David Richard da Luz*, Gustavo Valadares Barroso
Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB
Rua Antônio da Veiga 140, 89012-060 Blumenau, Brasil
drdaluz@gmail.com
PRODUÇÃO DE OPERÁRIAS,
MACHOS E RAINHAS EM COLÔNIAS
DE Plebeia emerina (FRIESE, 1900)
(HYMENOPTERA, APIDAE, MELIPONINI)
Juliana Stephanie Galaschi Teixeira*, Betina Blochtein
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Biociências, Laboratório de
Entomologia - Ecologia de Abelhas
Avenida Ipiranga 6681, 90619-900, Porto Alegre/RS, Brasil
julianagalaschi@gmail.com
Plebeia emerina, conhecida popularmente por mirim, apresenta distribuição desde o Paraná até
o Rio Grande do Sul, inclusive em áreas urbanas. Visando o manejo dessas abelhas para a meliponi-
cultura dirigida à polinização, são necessários conhecimentos a respeito de aspectos reprodutivos,
especialmente quanto à produção de indivíduos das distintas castas e sexos. Este trabalho objetivou
quantificar a proporção de machos, rainhas e operárias emergentes, em colônias de P. emerina. No
período de outubro de 2007 a janeiro de 2008 foi amostrado um favo/colônia/mês, a partir de quatro
colônias mantidas no campus central da PUCRS, em Porto Alegre, RS, Brasil. Dos 16 favos de cria
analisados, contabilizou-se 6.358 indivíduos, 78,33% dos quais representados por operárias e 21,67%
por machos. Não foi registrada a ocorrência de rainhas. As colônias apresentaram-se estatisticamente
semelhantes quanto aos números de operárias e machos e número de total de indivíduos presentes
nos favos, com exceção da colônia 1, que diferiu significativamente da colônia 3, apresentando maior
número de machos (p= 0,011) e maior número total de indivíduos (p = 0,012). Nas quatro colônias
evidenciou-se relação positiva entre o número total de indivíduos e número de operárias (r² = 0,877),
refletindo a importância das operárias no funcionamento e manutenção do ninho. A relação positiva,
também verificada entre o número total de indivíduos e o número de machos (r² = 0,322), pode ser
explicada pelo investimento em indivíduos, reprodutivos, uma vez que não houve registro de rain-
has. A freqüência de machos e operárias das quatro colônias não diferiu significativamente ao longo
dos meses analisados (p = 0,476). O estudo será prosseguido a fim de acompanhar a emergência dos
indivíduos ao longo de um ano.
Apoio: CNPq
Palavras-chaves: abelhas sem ferrão, Plebeia emerina, produção de machos, produção de operárias
Os estudos de meliponíneos são de grande importância tendo em vista o importante papel que
esse grupo desempenha na polinização de inúmeras espécies de angiospermas. Neste trabalho nosso
objetivo foi avaliar o desenvolvimento de uma colônia de Plebeia remota em estágio inicial quanto
ao número de células produzidas; produção de machos, rainhas e operárias; e a dinâmica de estoque
de alimento. Simulamos enxameagens formando cinco micro-colônias a partir de outras já estabele-
cidas. Retiramos de colônias-mãe favos com abelhas prontas para emergirem, algumas operárias de
diferentes idades e potes de mel e pólen. Para o estabelecimento da colônia foi necessário que o favo
inserido contivesse uma célula real e a rainha emergisse dentro da nova colônia, já que experiências
de introdução de rainhas virgens aprisionadas não obtiveram sucesso. Mapeamos diariamente a con-
strução dos favos contando o número de células construídas e número aproximado de potes de ali-
mento presentes nas colônias. Registramos a razão sexual em doze favos. Até o momento emergiram
quase na totalidade apenas operárias sendo que, das 2265 células analisadas, apenas quatro continham
rainhas virgens, três delas miniatura, e apenas dois machos foram registrados. A baixa ocorrência de
indivíduos sexuados era esperada, pois em estágio inicial, a colônia ainda não atingiu tamanho ideal
para se reproduzir (enxamear), portanto não deve despender energia na produção intensa destes indi-
víduos e sim de operárias, que são necessárias para a manutenção e crescimento das colônias.
Apoio: PIBIC/CNPq
MORFOLOGIA DE ABELHAS
INTERFACE DE AUTOMAÇÃO
DOS PROCEDIMENTOS MANUAIS
NA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS
SEM FERRÃO E PADRONIZAÇÃO
DA TROCA DE DADOS USANDO
MORFOMETRIA GEOMÉTRICA
Jésus Franco Bueno, Tiago Maurício Francoy, Vera Lucia Imperatriz-Fonseca,
Antonio Mauro Saraiva
Laboratório de Automação Agrícola – Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas
Digitais – EPUSP; Laboratório de Abelhas - Departamento de Genética da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto - USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, trav. 3 n. 158 CEP 05508-900 São Paulo SP
jesus.bueno@poli.usp.br
Apoio:
AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DO
APARELHO FERROADOR DE OPERÁRIAS
DE Apis mellifera (HYM.: APIDAE)
AFRICANIZADAS, EM RELAÇÃO AO
TAMANHO DA GLÂNDULA ÁCIDA
Anna Kátia Brizola-Bonacina1*, Emi Nasu2, Valter Vieira Alves Júnior2
1*Departamento de Biologia, Instituto de Biociências – UNESP, Rio Claro-SP;
2Laboratório de Apicultura (LAPI) - Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais – UFGD,
Dourados-MS
Av. 24-A, 1515 - Bela Vista - CEP: 13506-900 - Rio Claro-SP, Brasil
annakatia@bonacina.com.br
O aparelho ferroador da Apis mellifera é formado por três partes constituídas de quitina:
o estilete e duas lancetas. As lancetas, estruturas finas e alongadas dispostas ao lado do estilete
formando um sistema de válvulas, possuem farpas na sua extremidade com função de prender o
estilete na superfície atacada, dificultando sua retirada. O estilete inicia-se em um bulbo e alonga-se
posteriormente, formando um aguilhão. Assim procurou-se avaliar morfometricamente as estru-
turas do aparelho ferroador de operárias e relacioná-las com a glândula de veneno. A análise dos
resultados mostrou que o comprimento glandular (CG) variou de 10,16mm a 5,28mm e 50% das
colônias apresentaram operárias com ramificação glandular. O comprimento médio das lancetas
(CLD - direita CLE - esquerda) foi de 1,53mm a 1,64mm; o comprimento das abas (CAD e CAE)
variou entre 0,78mm e 0,91mm; o comprimento total da lanceta (CTLD e CTLE), de 2,34mm a
2,53mm; o número de farpas (NFD e NFE) entre 9,6 e 10,7; o comprimento do estilete (CE) de
1,12mm a 1,15mm; o comprimento, largura do bulbo (CB e LB) de 0,84mm a 0,93mm; 0,27mm a
0,29mm, respectivamente, e o comprimento total do estilete (CTE) de 1,94mm a 2,06mm. O Coefi-
ciente de Correlação de Pearson (r) foi aplicado, para se verificar as relações entre o comprimento
glandular e as estruturas morfológicas do aparelho do ferrão; dentre os resultados significativos,
observou-se que entre CG e CTLD (r = 0,312; p = 0,0001), CG e CTLE (r = 0,187; p = 0,022), CG
e CAD (r = 0,255; p = 0,002), CG e CAE (r = 0,192; p = 0,018), CG e CB (r = 0,333; p < 0,0001) e
CG e CTE (r = 0,298; p = 0,0002), o que sugere que essas estruturas morfológicas do aparelho do
ferrão estariam associadas ao comprimento glandular total.
Apoio: CNPq
The flight muscles of bees consist of two pairs of thoracic asynchronous indirect flight muscles
arranged as dorsal-ventral and anterior-posterior bundled pairs. The flight capability of the adult bees
is intrinsically linked to their colonial functions, such as the nuptial flight for mating in the case of
queens and males, and the exploration of new habitats for nesting and food sources in the case of
workers. Flight is achieved by the contraction of indirect flight muscles which produces changes in
thoracic volume and, therefore, wing movement. The purpose of this work was to examine possible
differences in muscle development that may be associated with the flying activity of colony classes
of individuals in a given life stage considering the behavioral and physiological differences among
the stages and between the two species studied. Measurements of the muscle fibers obtained from
light microscopy preparations of muscle were submitted to statistical analysis in order to detect the
differences at a given moment or throughout the life of the individual. The several classes of adult
individuals present in a colony of eussocial bees have different flight requirements according to age
and to the functions they perform. The workers perform a more diverse set of tasks than the queens
and males, which are almost exclusively dedicated to reproduction, while all functions required for
colony survival are performed by the workers. The results show that muscle morphology is similar in
both species, but in A. mellifera it consists of more numerous and thicker muscular fibers than in S.
postica. Differences in the fiber thickness according to life stage, in all classes of individuals of both
species were detected, specially related to workers labor division.
O proctodeu, parte final do sistema digestivo dos insetos, é dividido em piloro, íleo e reto. Nos
Hymenoptera, o piloro é diferenciado numa válvula presente entre o ventrículo e o íleo. O reto é o
órgão responsável pela absorção de água e sais, função realizada por estruturas diferenciadas denomi-
nadas papilas retais. Comumente são encontras seis papilas distribuídas radialmente na região proxi-
mal do reto, sendo estas compostas de dois tipos celulares principais: as células principais, voltadas
para o lúmen, e as células basais. Entre essas camadas há presença de um lúmen intrapapilar. Muitos
estudos descrevem a morfologia e fisiologia do reto, contudo pouca atenção foi dada ao desenvol-
vimento das papilas, sendo os trabalhos encontrado em Apis mellifera e Vespa vulgaris. Contudo os
autores destes divergem quanto à origem desta estrutura sendo propostas origem mesodérmica e ec-
todérmica, e uma origem apenas ectodérmica. O objetivo deste trabalho foi descrever o processo de
formação das papilas retais em Melipona quadrifasciata anthidioides e Melipona scutellaris. Nessas
abelhas a papila retal é formada na pupa de olho branco nos estágios finais do seu desenvolvimento.
Inicialmente a papila é mais alongada e apresenta-se como um espessamento do epitélio. Nesta fase
não é observada a camada de células basais, nem o lúmen intrapapilar. Na pupa de olho rosa ocorre
a formação da camada de células basais, que está completamente formada na pupa de olho marrom.
Nesta fase inicia-se o processo de formação do lúmen intrapapilar e o posicionamento das células
juncionais, que ficam em contato com o epitélio do reto e as células principais. Durante as fases de
desenvolvimento são observadas inúmeras figuras mitóticas em todo o reto, foi detectada também a
ocorrência de morte celular. Conclui-se que a formação das papilas ocorra por remodelação do epité-
lio e não migração celular, sendo esta de origem completamente ectodérmica.
No trato digestivo das abelhas, a transição do estomodeu para o intestino médio é marcada pela
válvula cardíaca que se mostra como uma dobra do epitélio sendo a porção anterior do ventrículo
caracterizada por um epitélio formado por células finas e altas. Esta região se mostra longa em Me-
liponini e curta em Apini. Este estudo comparou histoquimicamente a válvula cardíaca e a região
anterior do ventrículo em Apis mellifera e Melipona scutellaris contribuindo para a compreensão
da função destas regiões no trato digestivo destas abelhas. Secções histológicas foram submetidas
aos seguintes testes histoquímicos: PAS, Bromofenol, ATPase e Fosfatase Alcalina. Tanto a válvula
cardíaca quanto a porção anterior do ventrículo foram positivas para PAS e Bromofenol em ambas
as espécies, evidenciando carboidratos e proteínas, respectivamente. Entretanto, nos testes para Fos-
fatase Alcalina e ATPase, a região anterior do ventrículo apresentou resultados positivos, enquanto a
válvula cardíaca foi negativa para ambos os testes. Estes resultados sugerem que a porção anterior do
ventrículo pode estar envolvida no transporte ativo de substâncias a partir do lúmen. A presença de
reservas de glicogênio na válvula cardíaca permanece por ter sua função elucidada uma vez que esta
porção do trato digestivo tem como função principal impedir o refluxo de alimento para o papo.
A infecção de Apis mellifera por Nosema ceranae ocorre no intestino médio, pouco depois que
a abelha entra em contato com os esporos do parasita. Estudos recentes têm demonstrado que mi-
crosporídeos podem infectar outras células além daquelas do intestino médio. Abelhas infectadas por
N. ceranae são freqüentemente encontradas rastejando fora do ninho. Neste estudo nós analisamos o
cérebro e as glândulas hipofaríngeas de operárias de Apis mellifera infectadas para avaliar se Nosema
ceranae pode infectar as células destes órgãos, resultando em problemas na orientação das mesmas
bem como a infecção de outras abelhas pelo mecanismo de trofalaxis. A histologia do cérebro, glân-
dulas hipofaríngeas e do intestino médio foi estudada em operárias de Apis mellifera capturadas ras-
tejando próximas aos ninhos. Os resultados mostraram que as abelhas estavam infectadas, uma vez
que microsporídeos emitindo tubos polares foram encontrados no intestino médio de todas as abelhas
analisadas. Entretanto, o cérebro e as glândulas hipofaríngeas não apresentaram sinais de infecção
pelo microsporídeo. Neste sentido os problemas da orientação das operárias não ocorrem por danos
ao cérebro das abelhas nem a transmissão se dá pelo mecanismo de trofalaxis. Novas análises das
glândulas mandibulares e salivares serão realizadas para verificar outros mecanismos de transmissão
intra-colonial do microsporídeo.
Apoio: FAPEMIG/CNPq
IMMUNOCYTOCHEMICAL LABELING OF
CELL DEATH AND CELLULAR STRESS
PROTEINS AS A TOOL FOR TOXICOLOGICAL
STUDIES OF HONEY BEES
Elaine Cristina Mathias da Silva-Zacarin1*, Ales Gregorc2, Daiane de Jesus3, Osmar
Malaspina3
¹*Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Campus Sorocaba;
2Agricultural Institute of Slovenia, Ljubljana, Slovenia;
3UNESP – Campus de Rio Claro, IB, Dept..Biologia e CEIS
Rodovia João Leme dos Santos, Km 110 - SP-264, Bairro do Itinga, Sorocaba - São Paulo – Brasil,
CEP 18052-780
elaine@ufscar.br
Honey bees are frequently exposed to insecticides on crops where they forage. Chronic expo-
sure to fipronil can induce sublethal effects in the colonies, which are not easily identified. The aim of
the present work was the immunocytochemical labeling of cell death and HSPs (cellular stress pro-
teins) in the midgut of Apis mellifera treated chronically with low doses of fipronil. Newly-emerged
workers were submitted to bioassays according to the pattern protocol, so that the bees of the control
group received an artificial diet while the experimental group received diet contaminated with fipronil
(1mg/Kg of food). The total mortality of bees happened only on the 15th day of the bioassay. During
the first week of the treatment, most of bees had not showed behavioral signs of intoxication and the
survival rate was similar to the control group. On the 6th day, the bees were collected for dissection
of the midgut. Organs were fixed in buffered 10% formalin and routinely processed for inclusion in
paraffin. The histological sections of the organs were submitted to imunocytochemical detection of
cell death and HSP70. The results indicate that keeping the expression of HSP70 in the digestive cells
between the control and experimental group had not prevented the cell death rate which increased in
these cells observed in the experimental group. On the contrary, the regenerative cells appear nega-
tive to HSP70 in the control group and most of these cells are positive to HSP70 in the experimental
group. The new expression of HSP70 in regenerative cells prevents cell death, as shown by the nega-
tive reaction observed in these cells when the test for cell death detection was applied. The global
analysis of these results indicates a possibility of midgut epithelium renewal by the regenerative cells,
which displayed mechanisms of adaptation to insecticide exposure during the analyzed period.
Palavras-chaves: adult worker, apoptosis, Apis mellifera, Heat Shock Protein, toxicology
In some species from Apinae, a pair of functional salivary glands develops in the head: the
cephalic salivary glands (CSG). These glands consist of alveolar secretory units interconnected by
anastomosing ducts, ending the gland final excretory duct from each gland of the pair in the thoracic
duct crossing the head. A comparative study by transmission electron microscopy (TEM) was done
on the CSG of workers and queens of Apis mellifera and Scaptotrigona postica. The TEM revealed
that the alveolar secretory cells, from both species, are rich in smooth endoplasmic reticulum, mito-
chondria, Golgi and vesicles containing lipid inclusions. In S. postica the secretory cells contain large
amounts of polyribosomes and become flattened as the bee ages, while in A. mellifera they remain
cubic. Modified mitochondria are found associated to vesicles containing secretion. The mitochon-
dria suffer the inner membrane disorganization, lose of the matrix electron-density and might become
deposits of lipid. In both species, the alveolar size increases progressively. The maximum accumula-
tion is attained in forager workers and fecundated laying queens. In A. mellifera secretion is produced
along all lifetime, while in S. postica it seems stop in nurse workers. Therefore, in this last species the
secretion delivery seem occurs only in the foragers, while in A. mellifera there is the possibility of a
secretion early use and re-filling of the alveolus. The data suggest for the workers secretion a function
related with the forager activities and for queens a possible pheromonal function.
Apoio: FAPESP
In a colony of Apis mellifera, are present three classes of adult individuals with well definite
functions: the queen and the males are reproductive individuals and the workers perform all neces-
sary tasks to maintenance of the colony. Workers, queens and drones present morphological, physi-
ological and behavioral adaptations acquired during the post-embryonic development, mainly during
the metamorphosis, corresponding to their respective functions in the colony. The brain mushroom
bodies size is related to the complexity of behavior shown by insects. The present work analyzed
comparatively the differences in the rates of cell death that occurs during the metamorphosis in the
mushroom bodies of the female castes and males through the TUNEL reaction besides morphological
and statistical analysis. It was verified that the cell deaths are present since 5º instar of larval phase
and continue up to black eyed pupae in all individual classes. In workers and queens the cell deaths
are present only in black eyed pupae, being more numerous in queens and practically inexistent in
males. These results suggest a cell death specific regulation, resulting in differences in the cerebral
structures that are responsible by the functions characteristics of each individual in the colony.
The first and worldwide mean to identify a bee species has been the use of morphological traits.
First observed through naked eyes, then through light microscope, a bee could be described and com-
pared with others and much was inferred from such descriptions, even their place in taxonomic trees.
Most descriptions of our stingless bee species have been based on studies like these. More recently,
the emphasis on Geographic Distribution, DNA and Chemical Analysis and Statistical Treatment
brought fundamental data to better describe a bee species and to correctly identify its taxonomic
position. However, peculiar aspects of stingless bees’ morphology as seen at S.E.M. have been little
studied. In the present work we investigate at S.E.M., some amazing morphological aspects of five
of our Meliponini bee species, in order to better characterize them and to try to establish eventual
relationships between their morphology and function besides hoping to increase the appreciation for
our stingless bees. We have already described in previous works, the pollen sac of the digestive tube
of some Meliponini bee species and the corbiculae of many others. In the present study we emphasize
the morphological aspects of the head structures, of the thorax and abdomen and appendices of adult
bees of Schwarziana quadripunctata, Trigona hyalinata, Friesella schrottky, Frieseomelitta varia
and Lestrimelitta sp.
Os Apinae são formados por 19 tribos, sendo quatro corbiculadas, os Apini, Bombini, Euglossini
e Meliponini, cujos comportamentos sociais variam de solitárias (Euglossini), a eussociais avançados
(Apini e Meliponini), passando por níveis intermediários (Bombini). Estudos sugerem que grupos
mais derivados tendem a apresentar espermatozóides maiores (vantagem na competição espermática
intraespecífica). Contudo, acreditamos que nos grupos sociais, seja mais vantajoso ter espermatozóides
menores, porém mais numerosos, para abastecer a espermateca da fêmea em uma única cópula e que
nos solitários, a melhor estratégia seria de espermatozóides maiores (mais eficientes), para garantir
a vantagem em várias cópulas com diferentes fêmeas. Assim, o objetivo deste trabalho foi medir os
espermatozóides nestas tribos e verificar se há relação entre tamanho destas células e as estratégias
reprodutivas adotadas nos diversos níveis de sociabilidade. Os espermatozóides em suspensão foram
obtidos nas vesículas seminais de machos adultos de 18 espécies de Meliponini e de Bombus atratus,
sendo estes fixados em glutaraldeído e medidos em microscópio acoplado à câmera digital Leica. As
medidas de Apini, Euglossini e Bonbini foram obtidas na literatura. Para análise estatística usamos o
teste de Kruskal-Wallis com p<0,05. Os resultados mostram que os espermatozóides nos grupos eus-
sociais avançados medem entre 80μm (Plebeia remota) e 300μm (Frieseomelitta sp) nos Meliponini
e 270μm em Apis mellifera. Nos parasociais variam de 160-230μm (Bombus lucorum e B. lapidarius,
respectivamente, sendo 190μm em B. atratus) e nos solitários, variam de 720μm (Eulaema nigrita)
a 1.500μm (Euglossa mandibulares). Estatisticamnete, o tamanho do espermatozóide difere entre
os solitários, parassociais e eussociais [Euglossini: 1110,00, Bombini: 188,60 Meliponini: 155,00;
Kruskal-Wallis: H (2, N= 12)=6,60; p=0,037]. Assim, concluímos que há uma tendência do tamanho
dos espermatozóides variarem com o nível de sociabilidade apresentado pelo grupo (conforme hipó-
tese), entretanto estamos ampliando o grupo amostral (especialmente em Euglossini) para aumentar
a confiabilidade estatística da análise.
Apoio: PIP/UFOP
NINHOS DE ABELHAS
As abelhas sem ferrão, Meliponini são notadamente vulneráveis à fragmentação dos habitas,
pois a grande maioria, constrói seus ninhos nos troncos das árvores. Os ninhos de Meliponini foram
diagnosticados de julho/ 2006 a novembro/ 2007 em uma área de cerrado (07° 42’ 58.5”S e 46° 11’
19.8” W) no sul do Maranhão. Os ninhos foram devidamente numerados e sua localização determi-
nada pelo Sistema de Posicionamento Global (GPS). Características como altura do ninho em relação
ao solo, diâmetro na altura do peito (DAP) dos troncos das árvores e ou diâmetro dos galhos foram
anotados, assim como o nome popular das espécies florais, hospedeiras dos ninhos. Foram amostra-
dos 110 ninhos de abelhas. O gênero Scaptotrigona predominou com 36,4% de ninhos quantificados,
seguido de Oxytrigona (15,5%) e Frieseomellita (12,7%). Os ninhos foram encontrados, em maior
proporção, em galhos e troncos ocos de sucupira-amarela (Pterodon aff. polygalaeflorus - Fabaceae
), piqui (Caryocar brasiliense - Caryocaraceae ) e puçá (Mouriri grandiflora - Melastomataceae).
Dentre os ninhos inventariados destacam-se os das espécies conhecidas como tubi (duas do gênero
Scaptotrigona), tataíra (duas do gênero Oxytrigona), mané-de-abreu (Frieseomellita flavicornis),
borá (Tetragona quadrangula) e jataí (Tetragonisca angustula). As árvores com troncos mais espa-
çosos e ocos mais amplos abrigam abelhas maiores, como a uruçu (Melipona flavolineata) e a tiúba
(Melipona fasciculata), ambas já pouco abundantes no cerrado maranhense. Os resultados da Análise
multivariada/ regressão mútipla realizada entre as espécies de abelhas e o substrato com ninhos fun-
dados, e as medidas: DAP, altura e largura das espécies vegetais mostraram que há correlação entre as
espécies de abelhas e a largura do substrato (R = 0,20; R2 = 0,04; p = 0,04; tolerância < 0,05).
Apoio: CNPq
Palavras-chaves: Software, Computador de mão, Meliponini, Trap Nest Scouter, Bancos de dados
DIVERSIDADE DE NINHOS DE
MELIPONINA (APIDAE) NA ESCALA DA
PAISAGEM EM MOSAICO NO CORREDOR
CENTRAL DA MATA ATLÂNTICA (BA)
Marília Dantas e Silva*, Mauro Ramalho, Zafira Evelma da Rocha Gurgel, Ciro Tavares Flor-
ence, Paulo César Gouvêa Leão, João Paulo Loyola Oliveira, Daniela Monteiro, Jaqueline
Figueredo Rosa, Marli Emília Almeida
Universidade Federal da Bahia – Laboratório de Ecologia da Polinização –ECOPOL/IBIO-UFBA
Rua Barão de Jeremoabo, s/n - Campus Universitário de Ondina. CEP:40.170-115 – Salvador-
Bahia, Brasil
dantasm@ufba.br
As abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponina) são polinizadores numericamente dominantes nas
florestas tropicais pluviais do Brasil, como a Mata Atlântica. Por outro lado, a fauna de meliponíneos
apresenta variações em sua diversidade, mesmo em escala espacial local, associadas a diferenças na
estrutura da vegetação ou à qualidade dos hábitats. O objetivo do presente trabalho foi comparar a
distribuição de ninhos de Meliponina entre pequenos fragmentos e grandes remanescentes floresta-
dos. A área de estudo localiza-se na Fazenda Três Pancadas (13° 50’S e 39° 15’W) –Reserva Par-
ticular do Patrimônio Natural da Michelin/Bahia – que se encontra entre os municípios de Ituberá e
Igrapiúna no baixo sul do Estado. A área de aproximadamente 9000 ha, caracteriza-se pela presença
de fragmentos de Mata Atlântica inseridos na plantação de seringueira (Hevea brasiliensis). Entre
maio a agosto/2007, duas vezes por mês, foram estabelecidas parcelas de 25x25 metros totalizando
3ha em cada porção de habitat: Mata Primária e Fragmento Florestado. Todas as árvores das parcelas
foram observadas, com o auxílio de binóculos, no período da manhã (08:00-12:00). Foram encontra-
dos 27 ninhos distribuídos em sete gêneros de Meliponina. Tetragonisca angustula foi a espécie que
apresentou maior abundância, principalmente nos fragmentos, devido provavelmente essa espécie
utilizar uma diversidade muito grande de substratos para a implantação dos seus ninhos. Já os gêne-
ros Melipona e Scaptotrigona foram encontrados exclusivamente nas áreas mais preservadas de flo-
resta, o que evidencia o caráter especialista desses gêneros, que necessitam de árvores com cavidades
maiores para a nidificação.
DIVERSIDADE E SAZONALIDADE
DE ABELHAS E VESPAS SOLITÁRIAS
(HYMENOPTERA: APOIDEA) EM
NINHOS-ARMADILHA NA REGIÃO
DE OURO PRETO, MG
William de Oliveira Sabino*, Yasmine Antonini
Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Exatas e Biológicas,
Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Biodiversidade
sabinoufop@yahoo.com.br
LONGEVIDADE E TAMANHO DE
NINHO GREGÁRIO DE Euglossa annectans
EM ÁREA URBANA
Marilda Cortopassi-Laurino¹*, Sergio Dias Hilário¹, Márcia de Fátima Ribeiro², Paulo
Nogueira-Neto¹
¹Laboratório de Abelhas da USP-São Paulo, SP; ²EMBRAPA-SEMI ÁRIDO, Petrolina, PE
Rua do Matão, travessa 14, nº 321 CEP 05508-900 São Paulo, SP
mclaurin@usp.br
Apoio:
ATRATIVIDADE DE ABELHAS
SOLITÁRIAS (HYMENOPTERA,
APOIDEA) ÀS CORES E MATERIAIS
Carina de Oliveira*, Maria Cristina Lorenzon
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
BR 465 - Km 7 Seropédica/ RJ - Cep 13054133
carina_ruralrio@yahoo.com.br
Apoio: CNPq
INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO E
DIÂMETRO DOS NINHOS-ARMADILHA NO
COMPORTAMENTO DE NIDIFICAÇÃO DE
Centris (Heterocentris ) analis (FABRICIUS)
Carina de Oliveira¹*, Guaraci Duran Cordeiro², Maria Cristina Affonso Lorenzon¹
¹*Instituto de Zootecnia - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; ²Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo
BR 465 - Km 7 Seropédica/ RJ - Cep 13054133
carina_ruralrio@yahoo.com.br
Centris (Heterocentris) analis é uma espécie nativa de abelha solitária que possui o hábito
de nidificar em cavidades preexistentes, permitindo estudos em ninhos-armadilha. Para auxiliar a
compreensão da biologia de nidificação desta espécie de abelha, investigou-se a influência do com-
primento e diâmetro dos ninhos-armadilha (NA) no número de células construídas. As observações
foram realizadas durante dois anos (setembro/04 a agosto/05; setembro/06 a agosto/07), no Campus
da UFRRJ e na Embrapa-Agrobiologia, localizados em Seropédica (ERJ). Os NA foram construídos
com cartolina, com uma das extremidades fechada, os diâmetros testados foram: 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
mm, combinados com os seguintes comprimentos: 4, 5, 6, 10, 11 cm. Os NA foram instalados em
estantes e protegidos por coberturas plásticas. Observaram-se 48 ninhos de C. analis, que tinham
de uma a seis células alongadas, arranjadas em série linear, orientadas horizontalmente. A correla-
ção (Pearson) entre o comprimento do NA e o número de células construídas foi positiva (r=0,287;
p-valor=0,048). Houve também correlação positiva entre o diâmetro do NA e o número de células
construídas (r=0,335; p-valor=0,02). O número de células presentes nos NA variou entre uma a seis
(média=2,23 ± 1,24). O aumento no comprimento e no diâmetro dos NA influenciou a maior ocor-
rência de células construídas por C. analis, assim, recomenda-se a utilização das medidas dos NA
realizadas neste estudo para a região em foco. Este estudo permite auxiliar na disposição de condições
adequadas para estimular a nidificação de C. analis em cavidades pré-existentes.
Apoio: CNPq
São conhecidas, aproximadamente, 110 espécies do gênero Euglossa e, destas, pouco mais de
20 apresentam informações relacionadas à biologia da nidificação. Dada a dificuldade de se encontrar
ninhos destas abelhas, a utilização de ninhos-armadilha tem se mostrado eficiente. Euglossa anodo-
rhynchi foi descrita recentemente e dados biológicos e a estrutura dos ninhos desta espécie não eram
conhecidos, embora esta forma talvez represente apenas uma variante de coloração dentro de Euglossa
townsendi Cockerell, que apresenta uma distribuição mais ampla. Quatro ninhos de Euglossa anodo-
rhynchi foram obtidos em ninhos-armadilha instalados em área de Floresta Atlântica no município
de Sete Barras, São Paulo, Brasil. De novembro/ 2004 a dezembro/ 2005 as abelhas estabeleceram
ninhos nos meses de março a junho, em dois tipos de ninhos-armadilha: colmos de bambu e blocos de
madeira. Todos os ninhos foram construídos em ninhos-armadilha com o maior diâmetro disponível
(12 milímetros). As células foram construídas com resina vegetal escura, sendo que algumas partícu-
las de resina foram depositadas no fundo da cavidade e na parede dos ninhos-armadilha, principal-
mente na região de emenda entre as metades dos ninhos-armadilha, possivelmente para melhor vedar
a cavidade. O comprimento dos ninhos variou de 105 a 125 milímetros (distância entre tampão e
fundo). As células, de aproximadamente 10 milímetros de altura, foram construídas em série linear,
levemente inclinadas, ocupando aproximadamente metade do diâmetro do ninho. O número máximo
de células construídas por ninho foi sete. A estrutura dos ninhos foi bastante semelhante à dos ninhos
conhecidos de outras espécies do grupo purpurea. Em dois ninhos houve parasitismo de fêmeas adul-
tas de E. anodorhynchi por Physocephala bipunctata(Macquart, 1843) (Conopidae, Diptera) e um
ninho foi atacado pela vespa Melittobia australica Girault, 1912 (Eulophidae, Hymenoptera).
Apoio: CNPq
EFEITO DO COMPRIMENTO DO
NINHO-ARMADILHA NA RAZÃO
SEXUAL DA PROGÊNIE DE Centris
(Heterocentris) analis (FABRICIUS, 1804)
(HYMENOPTERA, APIDAE, CENTRIDINI)
Juliana Duarte de Souza Alonso*, Carlos Alberto Garófalo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP, Brasil
alonso_juliana@pg.ffclrp.usp.br
Trabalhos com espécies de abelhas solitárias que nidificam em cavidades preexistentes mostra-
ram que as dimensões dos ninhos-armadilha influenciam a razão sexual dos indivíduos produzidos. O
presente estudo avaliou o efeito do comprimento dos ninhos-armadilha na razão sexual da progênie
produzida por fêmeas de Centris analis, uma espécie solitária que nidifica em cavidades preexis-
tentes. O trabalho foi conduzido em três localidades do município de Ribeirão Preto, São Paulo, de ja-
neiro de 2006 a novembro de 2007. Foram utilizados ninhos-armadilha confeccionados com cartolina
preta com dimensões de: 5,5; 6,0; 6,5 e 7,0 cm de comprimento e 0,6 cm de diâmetro. Quantidades
iguais de ninhos-armadilha de cada dimensão foram disponibilizadas. Os ninhos foram introduzidos
em orifícios feitos em oito placas de madeira dispostas sob coberturas construídas nos três sítios
de nidificação. Durante o estudo foram construídos 221 ninhos, 31,7% deles nos ninhos-armadilha
menores; 25,8% naqueles com 6,0 cm; 18,5% nos ninhos-armadilha com 6,5 cm e 24% deles nos
ninhos-armadilha maiores. A razão sexual (M/F) da progênie encontrada nos ninhos de 5,5 e 6,0 cm
de comprimento foi desviada para machos (p<0,05), enquanto os ninhos de 6,5 cm e 7,0 cm apresen-
taram razão semelhante a 1 macho : 1 fêmea (p>0,05). Os ninhos de 5,5 e 6,0 cm apresentaram semel-
hança na quantidade de fêmeas produzidas por ninho (x²=0,0011; p>0,05) mas diferiram dos ninhos
de 6,5 e 7,0 cm que, embora similares entre si (x²=1,694; p>0,05), apresentaram um maior produção
de fêmeas por ninho. Considerando que C. analis é um eficiente polinizador de algumas frutíferas
tais como aceroleiras e tamarindeiros, os resultados aqui obtidos indicam que ninhos-armadilha de
comprimentos iguais ou maiores que 6,5 cm, seriam os mais adequados para utilização em técnicas
de manejo visando a criação em massa dessa espécie em campos agrícolas.
Apoio: CNPq
Apoio: CNPq
Apoio: MERCK
Algumas espécies de abelhas coletoras de óleo nidificam em cavidades preexistentes, o que fa-
cilita o estudo do comportamento de nidificação e dos recursos utilizados para alimentação das larvas,
aspectos fundamentais para a conservação e manejo dessas espécies. A análise do pólen presente nos
ninhos é uma importante ferramenta para a identificação das espécies vegetais visitadas para a coleta
dos recursos alimentares. Nesse trabalho foram identificados os grãos de pólen presentes no alimento
larval de Centris analis, Centris tarsata e Tetrapedia peckoltii, espécies abundantemente encontradas
em ninhos-armadilha, com o objetivo de determinar a similaridade no uso de recursos, especial-
mente pólen, por essas três espécies de abelhas coletoras de óleo. Ninhos de C. analis, C. tarsata e
T. peckoltii, foram obtidos a partir de ninhos-armadilha dispostos em três coberturas construídas em
duas áreas próximas à Uberlândia-MG: Fazenda Água Limpa (FAL), área com plantio experimental
de diferentes cultivos e com vegetação de Cerrado no entorno; e Reserva Ecológica do Panga (REP),
área com diferentes fitofisionomias de Cerrado. As coletas foram realizadas, semanalmente, no perío-
do de março/2007 e abril/2007. O material coletado foi processado por meio do método de acetólise,
sendo confeccionadas três lâminas de cada amostra coletada (n=9). Foi utilizado o índice de Sörensen
para comparar a similaridade na utilização de recursos pelas espécies em cada área. Solanum lyco-
carpum, Heteropteris spp., foram as principais fontes de pólen de Centris, ressaltando-se que para
C. tarsata, Senna rugosa também foi um recurso abundante. Em relação a T. peckoltii, as principais
fontes de pólen foram Kielmeyera rubriflora e Croton spp.. C. tarsata e C. analis apresentaram maior
similaridade no uso de recurso na EEP (QS =0,42) quando comparada a FAL (QS=O,20). Ninhos
de T. peckoltii só foram obtidos na FAL e a similaridade no uso de recursos com ambas espécies de
Centris foi baixa (QS=0,17).
Apoio: FAPEMIG
A riqueza e composição de abelhas e vespas que utilizam cavidades foram estudadas usando a
técnica de ninhos-armadilha (NA) artificiais, durante um ano, em três microbacias na região norte-no-
roeste do estado do Rio de Janeiro em diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica: floresta ombrófila
montana (FM), floresta estacional semidecidual submontana (FS) e floresta estacional semidecidual
sobre tabuleiros (FT). Foram utilizados dois tipos de NA: bloco de madeira com tubos de cartolina,
com diâmetros diferentes; e gomos de bambu dentro de cortes de garrafa PET. Foram encontradas
três famílias de abelhas: Apidae, Megachilidae e Colletidae e cinco de vespas: Pompilidae, Vespi-
dae, Sphecidae, Chrysididae e Mutillidae. FS apresentou maior quantidade de ninhos operculados
(N=392), com 25 espécies (11 abelhas, 14 vespas); FT (N=295) 8 espécies (1, 7); e FM (N=253) 11
(8, 3). Centris analis e Megachile foram exclusivamente encontrados em FS. Euglossa sp. foi encon-
trada apenas em FM. Em todas as áreas a cartolina teve a maior taxa de ocupação: 88,54% em FM;
85,76% em FT; 64,8% em FS. Embora a maioria dos fragmentos de FS tenham menos de 10ha, a
região apresentou o maior número de espécies de abelhas e vespas registradas. A região de FT, que
apresenta fragmentos florestais até 55ha, incluindo a Estação Ecológica de Guaxindiba (1190ha),
apresentou menor número de espécies.
Invasion capacity of the exotic bee Apis mellifera and its consequences to native stingless bees
in Brazilian natural habitats have been discussed for decades. One issue of this discussion is the abil-
ity of Apis to reproduce faster than most stingless bees. The other is its large plasticity to explore
food and nesting resources, including trunk cavities previously occupied by the later ones. Here we
described an abandoned nest of A. mellifera found inside an external nest of T. c.f. spinipes in the
Cerrado of Itirapina. The Trigona nest was oval, with 0.3 m of diameter, 0.35 m tall, built over a small
tree fork 1.2 m above the ground. Original entrance and involucrum were intact except for two holes,
each with 5 cm of diameter: one over the entrance and one at the opposite side. Inside the involucrum
wall, there was an active nest of unidentified ants. Inside the nest there was no remains of the Trigona
combs or honey pots. Instead, there were five vertical abandoned combs of A. mellifera, with some
closed cells that were covered by a layer of fungi. Inside these cells we found larvae, pupae and one
pre-emerged adult, thus allowing the specific identification. We do not know if A. mellifera nesting
occurred after death of Trigona or if they caused it. These observations show that: emptied nests of T.
c.f. spinipes can supply substrate to nesting of other hymenopterans and the ability of A. mellifera to
nest in many kinds of cavities includes external nests of stingless bees. Apis mellifera is very abun-
dant in the studied site, being found on many flowers from August 2007 to February 2008. Perhaps
we can be worried about this wide presence, since we do not know if or in which degree A. mellifera
can affect negatively native bees.
Apoio: FAPESP
Estudos sobre a distribuição de ninhos e sobre os hábitos de nidificação das abelhas sem ferrão
são importantes parâmetros que devem ser conhecidos para se estabelecer estratégias conservacioni-
stas em áreas naturais. Este trabalho teve como objetivos localizar e mapear ninhos de abelhas sem
ferrão e avaliar a riqueza e a abundância dessas espécies. Foi desenvolvido em uma área de Cerrado
e Mata de Galeria, na Estação Ecológica do Panga, em Uberlândia-MG, de agosto de 2007 à abril de
2008. A localização dos ninhos foi feita visualmente, a partir de observações dos possíveis locais de
nidificação, totalizando uma área de 100 hectares. Foi encontrado um total de 31 ninhos, representa-
dos por 15 espécies distintas de abelhas sem ferrão. A maioria dos ninhos (55%) foi encontrada em
cavidades pré-existentes em árvores vivas. Esse resultado reforça a necessidade de se manter os am-
bientes protegidos do desmatamento para a manutenção das espécies de abelhas sem ferrão em áreas
naturais, oferecendo-lhes locais para a nidificação. A comunidade de abelhas apresentou diversidade
mediana (H’= 2,47), com índice de uniformidade (J= 0,73) e de abundância (α= 4,64) que sugerem
uma comunidade que apresenta competição interespecífica intermediária. Dois ninhos Melipona ru-
fiventrisque é uma espécie rara na região, foram amostrados. Pode-se constatar que a área de estudo,
possui um alto potencial para a manutenção das abelhas sem ferrão, pois é composta por fragmentos
de vegetação original, sendo conectados a outros maiores por remanescentes de mata ciliar, o que
pode garantir a variabilidade genética das espécies.
Apoio: Cnpq
O objetivo deste estudo foi analisar a diversidade da fauna de meliponini na área urbana do
município de Cataguases, os tipos de substratos utilizados para nidificação e relacionar as espécies
mais abundantes no perímetro urbano. O trabalho foi realizado de fevereiro de 2007 a abril de 2008.
Os ninhos foram encontrados por inspeções feitas na cidade, além de informações obtidas por entre-
vistas com os moradores. Os ninhos foram analisados, catalogados e fotografados. Dados como altura
da entrada do ninho em relação ao solo, tipo de substrato de nidificação, coordenadas geográficas e
a situação do ambiente próximo ao ninho foram também registrados. Foram encontrados 66 ninhos,
pertencentes a cinco gêneros, sendo a grande maioria Tetragonisca angustula (42 ninhos), seguida
de Nannotrigona testaceicornis (12 ninhos), Plebeia sp (nove ninhos), Oxytrigona tataira (dois nin-
hos) e Tetragona clavipes (um ninho). Foram observados cerca de dez tipos de substratos diferentes,
a maioria nidificou em construções de alvenaria. Embora não tenha sido catalogado nenhum ninho
da espécie Trigona spinipes muitos indivíduos foram observados visitando flores na área urbana da
cidade. Considerando o tamanho do perímetro urbano de Cataguases pode-se dizer que a região está
subamostrada. As espécies encontradas são comuns em centros urbanos de diferentes regiões.
O objetivo principal do trabalho foi estudar abelhas solitárias que nidificam em ninhos-ar-
madilha em quatro áreas florestais do Estado de São Paulo: Estação Biológica de Boracéia(EB) em
Salesópolis, Parque das Neblinas(PN) em Mogi das Cruzes, Parque Estadual da Ilhabela(IB) em São
Sebastião e Parque Estadual da Serra da Cantareira(SC) em São Paulo. Os ninhos-armadilha (NA)
foram feitos com tubos de cartolina (6/58; 6/85 e 8/85mm diâmetro/comprimento) introduzidos em
blocos de madeira, além de gomos de bambu com tamanhos variados. Para cada localidade foram
oferecidas 1000 cavidades/mês, entre janeiro/2007 a março/2008. Os ninhos foram inspecionados
mensalmente e cada ninho fundado foi retirado e reposto por tubo vazio. Os ninhos retirados foram
acompanhados em laboratório até a emergência dos adultos. Foram fundados 1487 ninhos, sendo
771 ninhos na IB, 344 na EB, 249 na SC e 123 no PN. De 406 ninhos emergiram 967 abelhas e de
255 ninhos emergiram 683 vespas. As espécies de abelhas foram: Hylaeus sp, Tetrapedia diversipes,
Tetrapedia sp1, Tetrapedia sp2, Tetrapedia sp3, Centris tarsata, Euglossa truncata, Euglossa anodor-
hynchi, Megachile sp1, Megachile sp2, Megachile sp3, Megachile sp4, Megachile sp5. As espécies
de Tetrapedia predominaram nas fundações com 87,9% dos ninhos, apresentando preferência por NA
com diâmetro 6mm. Centris ocuparam preferencialmente gomos de bambu. Cerca de 20% dos ninhos
foram parasitados por abelhas cleptoparasitas (Coelioxoides, Coelioxys, Mesocheira bicolor, Anthrax
(Diptera) e Meloidae (Coleoptera). A maior taxa de emergência ocorreu nos meses de outubro a janei-
ro com 318 ninhos de Tetrapedia seguido por 34 ninhos de Centris. O aumento da taxa de nidificação
ao longo do estudo parece estar relacionado à intensificação do movimento nos ninhos pelas abelhas
e vespas fundadoras, funcionando como um atrativo para as novas fêmeas.
A maior diversidade de espécies de abelhas Meliponina está na Região Neotropical, sendo que
a maioria destas nidifica preferencialmente em ocos de árvores, mas podendo nidificar em cavidades
no solo, cupinzeiros, formigueiros, além de outros locais. Esse trabalho objetivou relatar a ocorrência
de algumas espécies de abelhas sem-ferrão, o substrato ou local utilizado e aspectos da parte externa
da entrada dos ninhos de cada um destes na região da área de amortecimento do Parque Nacional da
Serra da Bodoquena, localizada na Fazenda Pitangueiras (S 20º52’22,8’’ e O 056º35’34,6’), Bonito -
MS. Das espécies registradas tiveram: Partamona sp1, um ninho encontrado em térmita de solo/barro
e possuía uma entrada tipo “boca de barro” com uma pequena cavidade; Plebeia sp1 dois ninhos
construídos em árvores, considerando a entrada, um possuía raias com sulcos pequenos com grãos
diferentes tons de marrom provavelmente misturados com resina e o outro possuía raias com sulcos
maiores e a cor branca, porém ambas assemelhando-se ao aspecto e tonalidade do caule; Scaptotrigo-
na depilis um ninho feito em árvore com um tubo externo de resina de coloração escura em forma de
tromba na porção distal com cerca 35 cm de comprimento, além de Tetragonisca angustula fiebrigi
seis ninhos em árvore, um em rocha calcárea e outro em caixa de madeira (entradas múltiplas), tendo
estes entradas com tubo feito de resina amarelada. A altura das entradas variou de 0 m a 3,07 m em T.
a. fiebrigi; 0,78 m a 1,14 m em (Plebeia sp.); 0,70 m (Partamona sp.) e 1, 02 m (S. depilis). Esses re-
sultados reforçam a necessidade e a importância de programas de conservação em áreas de vegetação
nativa como da área estudada devido ao desconhecimento das espécies de abelhas nativas.
OCUPAÇÃO DE NINHOS-ARMADILHA
POR ABELHAS SOLITÁRIAS NA MATA
ATLÂNTICA DE PERNAMBUCO – INTERIOR
DE MATA, BORDA E CANAVIAL
Adauto Alex dos Santos*, Clemens Schlindwein
Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica,
Laboratório Plebeia – Ecologia de Abelhas e da Polinização.
Av. Prof. Moraes Rego, S/N, CEP: 50740-521 Cidade Universitária, Recife, Pernambuco.
adauto_alex_s@yahoo.com.br
Apoio: CNPq/BMBF
Apoio: CNPq/BMBF
A grande maioria das espécies de Xylocopa constrói seus ninhos escavando madeira seca como
galhos e troncos mortos. A atração dessas abelhas utilizando-se substratos-armadilha possibilita o
conhecimento dos hábitos de nidificação e, consequentemente, fornece subsídios para conservação
e manejo, visando o incremento das populações desses importantes polinizadores do maracujá-ama-
relo. O objetivo do trabalho foi verificar a taxa de fundação e preferência por substratos-armadilha,
por Xylocopa em áreas de cerrado. O estudo foi conduzido em duas áreas próximas ao município de
Uberlândia no Triângulo Mineiro-MG, Estação Ecológica do Panga e Estação Experimental Água
Limpa. Nessas áreas foram montadas três coberturas (ranchos de madeira) para acondicionamento
de dois tipos de substratos-armadilha: gomos de bambu (n=56), com dimensões (comprimento x
diâmetro) de 25 x 1,00 a 2,40 cm, e troncos de Spathodea campanulata com 20,0 a 80,0 x 30,0 a 50cm
(n=7). Inspeções quinzenais foram realizadas no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2007.
Um total de 88 ninhos foi fundado, sendo 50 (56,8%) em gomos de bambus e 38 (43,2%) em troncos
de S. campanulata. Adicionalmente, o reuso de ninhos em bambus (n=26) e troncos de S. campanu-
lata (n=6), foi observado no segundo ano do experimento. Ninhos de Xylocopa frontalis foram os
mais abundantes (52,5%), seguidos por Xylocopa suspecta (19,2%), Xylocopa subcyanea (12,5%),
Xylocopa grisescens (12,5%) e Xylocopa hirsutissima (3,3%). Nos dois anos de estudo, a média de
fundação de ninhos foi de 3,75 ± 3,56 ninhos/mês. A fundação de ninhos foi predominantemente no
verão com picos nos meses de janeiro.
Apoio: FAPEMIG
Estima-se que 5% das abelhas constroem seus ninhos em cavidades pré-existentes, podendo
nidificar em ninhos artificiais. O estudo desses ninhos pode fornecer informações fundamentais para
a conservação e o manejo dessas espécies. Os objetivos desse estudo foram verificar a diversidade
de abelhas que nidificam em ninhos-armadilha em uma área de Cerrado no Triângulo Mineiro e
a porcentagem de ocupação desses ninhos. O estudo foi realizado na Estação Ecológica do Panga
(19º09’20’’S/48º23’20’’O). Na área foi instalado um rancho experimental, onde foram disponibili-
zados ninhos-armadilha (NA) do tipo gomo de bambu (GB), com diâmetro de 0,5 a 2,2 cm (n=80),
e tubos de cartolina (TC) com dimensões (comprimento x diâmetro) de 10,5 x 0,8 cm (n=90) (tubos
grandes = TG) e com 5,8 x 0,6 cm (n=90) (tubos pequenos =TP). Os NA foram inspecionados quinze-
nalmente, sendo os GB de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008 e os TC, de outubro de 2007 a março
de 2008. Foram fundados 73 ninhos pertencentes a seis espécies: Tetrapedia peckoltii (45,2%), Cen-
tris (Hemisiella) tarsata (27,4%), Centris (Heterocentris) analis (9,6%), Euglossa sp. (6,8%), Epan-
thidium tigrinum (5,5%), Megachile sp. (4,1%) e Eufriesea cfr. auriceps (1,4%). A porcentagem de
ocupação nos GB foi de 46,3%, nos TG de 26,7% e nos TP 13,3%. Nos GB a espécie mais abundante
foi C. tarsata (54,1%), e nos TC foi T. peckoltii (TG= 95,8% e TP= 41,7%). A maior porcentagem de
ocupação nos GB pode ser devido ao maior período de amostragem utilizando esse tipo de ninho e/
ou maior número de espécies que utilizaram esse substrato.
Apoio: Fapemig
O Brasil é privilegiado por abrigar uma grande variedade de espécies de abelhas, devido a sua
riqueza de ecossistemas. Esses insetos necessitam de habiat que preencha os seguintes requisitos:
materiais para a construção de ninhos e quantidade suficiente de alimento (Westrich, in Azevedo &
da Silveira, 1996). Em locais com umidade elevada, os ninhos do solo sofrem ação de fungos ou ex-
cesso de água. Para adaptação a esse tipo de ambiente, novos locais de nidificação foram escolhidos
(troncos de árvores e construções antrópicas), como é o caso das Meliponina encontradas no Brasil
(Silveira et al.,2002). Este estudo teve como objetivo verificar e catalogar a diversidade e os locais
de nidificação das abelhas na Unidade II do Câmpus de Três Lagoas-MS da UFMS e no zoológico da
cidade de Andradina-SP. No Câmpus foram delimitadas as áreas: A, área frontal do Câmpus; B, área
do prédio principal; C, área de preservação e D, área de cerradão. Foram catalogados 26 ninhos dos
quais 16 pertenciam a área A, 7 a área B, 3 a área C e nenhum a área D. Os gêneros mais encontrados
foram Trigona, Partamona e Geotrigona correspondendo a 64% do total, e 36% correspondentes a
Tetragonisca, Scaptotrigona, Tetragona e Apis. Quanto ao local de nidificação, Copaifera langsdorffi
Desf. e solo foram os substratos mais utilizados. No zoológico as observações ocorreram de forma
geral e foram encontrados 4 gêneros de abelhas (Apis, Nannotrigona, Tetragonisca e Trigona) totali-
zando 14 ninhos, sendo que 5 pertenciam a Nannotrigona e os outros gêneros possuíam, cada um, 3
ninhos. Gallesia integrifolia foi o substrato mais utilizado para nidificação.
Apoio: UFMS
The genus Monoeca is represented in Brazil by eight species. On Santa Catarina Island we de-
tected a yet undescribed species of Monoeca (Moure, pers. comm.). Here we report some aspects of
its nesting biology, natural enemies and plant resources. Nests were found in dense aggregations of
up to several hundred nests in two restinga sites in the north and south of the island. Nests were exca-
vated in sandy soils void of vegetation or with sparse and low plant cover. Nesting activity extended
from the end of November to mid January. Individuals of the cleptoparasitic bee Protosiris spec. nov.
(Melo, pers. comm.) and of the mutillid wasp Hoplocrates specularis were seen in the nest aggrega-
tion inspecting nest entrances. Monoeca females were observed foraging on flowers of Malpighiaceae
(Tetrapterys or Heteropterys). Pollen obtained from females returning to their nests almost always
consisted of 100% pollen from species of Malpighiaceae. Furthermore, males and female were seen
on Stachytarpheta cayennensis (Verbenaceae), a nectar source. Our results indicate a univoltine life
cycle for Monoeca spec. nov. This species appears to be oligolectic exhibiting a strong preference
for pollen of Malpighiaceae. Parasitation of the brood by a species of Protosiris and by Hoplocrates
specularis is likely; both have been recorded as natural enemies of another species, M. haemorrhoid-
alis in Paraná. Comparison with other studies on Monoeca species suggest that gregarious nesting, a
highly seasonal life cycle and oligolectic foraging behavior are common traits of this bee taxon.
Para conhecer a diversidade das abelhas solitárias que nidificam em cavidades preexistentes na
região do Vale do Ribeira, utilizaram-se ninhos-armadilha de madeira e de bambu, com diferentes
diâmetros (4 a 12 mm), instalados em ambientes distintos entre dezembro de 2004 e novembro de
2005. Na área aberta foram encontrados 4 ninhos de Anthodioctes megachiloides Holmberg (Anthi-
diini, Megachilinae) nos blocos de madeira, com 4 a 6 mm, entre setembro e novembro; 4 ninhos de
Euglossa anodorhynchi Nemésio, sendo 2 em bambu e 2 em madeira, com 12 mm, de março a junho
e 14 ninhos de Centris (Hemisiella) tarsata Smith (Centridini, Apinae), 11 fundados em madeira e
3 em bambu, com 8, 10 e 12 mm, de novembro a fevereiro. Na área de mata, uma espécie nova de
Megachile (Chrysosarus) Mitchell (Megachilini, Megachilinae) fundou ninhos no estrato superior da
borda da mata, 2 em bambu e 1 em madeira, com 12 mm, de março a abril. Também foram obtidas
duas espécies novas pertencentes ao subgênero Ptilosarus Mitchell: Megachile (Ptilosarus) sp. 1, que
fundou 2 ninhos em madeira, com 4 mm, no estrato inferior do interior da mata, no mês de dezembro
e Megachile (Ptilosarus) sp. 2, que fundou 3 ninhos com 6 mm no estrato inferior da borda da mata,
1 de bambu e 2 de madeira, de março a junho. Os inimigos naturais encontrados foram Melittobia
australica Girault (Eulophidae); Physocephala sp., Physocephala bipunctata (Macquart) (Conopi-
dae, Diptera) e Mesocheira bicolor (Fabricius) (Ericrocidini, Apinae). Apesar do pequeno número de
ninhos obtidos, esta técnica forneceu dados sobre as espécies em relação ao local de nidificação, à
arquitetura dos ninhos e aos parasitas associados.
Apoio: CNPq
NIDIFICAÇÃO SIMULTÂNEA EM
UMA CAVIDADE PELAS ESPÉCIES
Trigona hypogea E Cephalotrigona capitata
(HYMENOTPTERA: APIDAE: MELIPONINI)
Victor Gardim Rodrigues, Filipi Rogério Silva, Lucas José Bevilaqua, Sidnei Mateus, Ronaldo
Zucchi
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
vgrodrigues@usp.br
Abelhas da tribo Meliponini em sua grande maioria constroem seus ninhos em cavidades pre-
existentes de troncos de árvore e galhos. A cavidade interna é limitada por paredes chamadas batume.
Algumas espécies constroem seus ninhos expostos e aéreos, dentro de formigueiros, termiteiros, de
ninhos de vespas sociais e outras espécies ninhos subterrâneos em cavidades preexistentes. A entrada
do ninho é característica marcante de cada gênero, sendo construída de cerume ou de barro, permit-
indo a entrada de um ou vários indivíduos por vez. Ninhos são pontos notáveis de atividade das abel-
has, sejam elas sem ferrão ou melíferas. Geralmente, estes apresentam longevidade potencialmente
igual ao do sítio de nidificação, no caso de uma cavidade, o ninho tende a existir tanto tempo quanto
a árvore no qual está instalado. Deste modo, as cavidades são de importância crucial na biologia das
abelhas, uma vez que lhes fornece proteção contra predadores e extremos de temperatura e umidade.
Casos de ninhos de espécies diferentes dividindo uma mesma cavidade são raramente descritos na
literatura. O presente trabalho apresenta a descrição e a documentação fotográfica de um destes ca-
sos, no qual as espécies Trigona hypogea (Silvestri, 1902) e Cephalotrigona capitata (Smith, 1854)
faziam uso simultâneo de um oco de árvore na área rural no município de Pedregulho-SP. Os ninhos
estavam localizados na base do tronco, dimensões internas da cavidade (altura = 47cm; largura = 40,5
cm; profundidade = 36,5 cm.), o ninho de C. capitata na parte superior (17,5 cm), sendo o batume
(6,3 cm) a divisão entre os ninhos, na metade inferior da cavidade estava o ninho de T. Hypogea (23,2
cm). As medidas de largura e profundidade das três porções são equivalentes às do oco, uma vez que
o ocuparam por completo.
CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DO
ÁCARO Varroa destructor PELA TÉCNICA
RAPD EM COLÔNIAS DE Apis mellifera
NO ESTADO DE SANTA CATARINA E
FERNANDO DE NORONHA-PE
Francisco Estevão Carneiro, Roger Strapazzon, Sabrina Alejandra Ramirez, José Carlos Vieira
Guerra Jr, Geraldo Moretto
Laboratório de Genética, Departamento de Ciências Naturais, Centro de Ciências Exatas e
Naturais, Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Rua Antônio da Veiga, 140 - Victor Konder - 89012-900 - Blumenau - SC
genetica@furb.br
O ácaro Varroa destructor é causador de mortalidade de abelhas Apis mellifera em várias partes
do mundo. Seus principais danos foram relatados nos países da Europa e América do Norte. O im-
pacto do ácaro Varroa está relacionado também às condições climáticas e a raça de abelhas em cada
região onde a praga se estabeleceu. A Varroa causa poucos danos nas colônias de abelhas africaniza-
das no Brasil e os níveis de infestação são relativamente baixos e estáveis. Vários estudos foram feitos
para caracterizar geneticamente as diferenças apresentadas pelos ácaros, relacionando-os com o dano
causado nas abelhas. Pela técnica de RAPD, dois genótipos foram descritos; Russo, encontrado nos
países da Europa e América do Norte e Japonês, no Japão e América do Sul. O objetivo deste trabalho
foi caracterizar geneticamente os ácaros coletados em Santa Catarina e no arquipélago de Fernando de
Noronha – Pernambuco. Foram coletadas 150 fêmeas do ácaro Varroa, sendo 130 do estado de Santa
Catarina e 20 de Fernando de Noronha. Os resultados obtidos através da técnica RAPD mostraram
que o genótipo de todas as varroas coletadas em municípios de Santa Catarina apresentou o padrão de
bandas correspondente ao genótipo Russo. A análise feita nos ácaros de Fernando de Noronha revelou
a presença do genótipo Japonês.
Apoio: PIBIC/FURB
DETERMINAÇÃO DA VARIABILIDADE
GENÉTICA DO ÁCARO Varroa destructor EM
COLÔNIAS DE ABELHAS Apis mellifera DO
ESTADO DE SANTA CATARINA ATRAVÉS
MARCADORES MICROSSATÉLITES
Roger Strapazzon, Francisco Estevão Carneiro, Sabrina Alejandra Ramirez, Geraldo Moretto
Laboratório de Genética, Departamento de Ciências Naturais, Centro de Ciências Exatas e
Naturais, Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Rua Antônio da Veiga, 140 - Victor Konder - 89012-900 - Blumenau - SC
genetica@furb.br
Apoio: FAPESP
DIAGNÓSTICO DE INTOXICAÇÃO
POR PÓLEN EM CASOS DE CRIA
ENSACADA BRASILEIRA NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
Marta Rodrigues Pacheco¹*, Ortrud Monika Barth², Maria Cristina Affonso Lorenzon¹
¹* Departamento de Produção Animal, Instituto de Zootecnia, UFRuralRJ; ² Laboratório de Pal-
inologia - UFRJ/FIOCRUZ
UFRRJ
martarpacheco@hotmail.com
A cria ensacada brasileira (CEB) é causada pelo pólen tóxico de algumas espécies de Stry-
phnodendron, vulgo “barbatimão”. Objetivou-se avaliar a causa da CEB no estado do Rio de Janeiro
através de três etapas para o diagnóstico de intoxicação por pólen em abelhas melíferas. Em primeiro
lugar, quando ocorre uma suspeita de intoxicação por planta, deve-se obter o maior número de in-
formações para o histórico da ocorrência, já que as plantas produzem quadro clínico-patológico car-
acterístico em épocas e regiões determinadas. Em seguida, deve-se verificar se a planta suspeita de
estar causando morte ou doença existe no pasto apícola. Finalmente, confirmar se a planta suspeita
é realmente ingerida pelas abelhas em condições naturais. A primeira etapa foi realizada através de
31 questionários aplicados aos apicultores; a segunda por revisão de literatura e dados do herbário
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro; e a terceira por pesquisa palinológica identificando-se 28
amostras de pólen apícola e sete amostras de pão de abelhas provenientes de sete apiários afetados
pela CEB em três municípios do estado do Rio. A CEB provoca alta mortalidade nas larvas pré-pupas
durante época de fartura de alimento na colméia, principalmente de outubro a março. S. pollyphyl-
lum é a única espécie de “barbatimão” encontrada no estado do Rio de Janeiro. O tipo polínico de
Stryphnodendron não esteve presente em nenhuma das amostras analisadas através da Palinologia e,
portanto, não foi a causa da CEB nos apiários estudados por não ser componente da dieta das larvas
mortas em condições naturais.
Espécies de Conopidae são consideradas como os mais importantes dípteros parasitas de fêmeas
e machos de abelhas adultas. As fêmeas dos conopídeos atacam seus hospedeiros enquanto eles estão
visitando flores ou mesmo em pleno vôo, inserindo um ovo no abdômen deles. A larva ao eclodir
consome os tecidos do abdômen do hospedeiro ocasionando a sua morte. Em seguida a larva tece seu
casulo e após alguns dias emerge. No Brasil, apenas a associação de duas espécies de Physocephala,
P. bipunctata e P. inhabilis com Epicharis bicolor e Centris vittata, respectivamente (Vilhena &
Rocha-Filho, 2006) e as observações de Santos & Garófalo (2006) sobre o parasitismo por espécies
de Physocephala em Centris analis, têm sido relatadas. Nesse trabalho são apresentadas novas infor-
mações sobre a ocorrência de conopídeos associados com C. analis. Acompanhando as atividades de
fêmeas de C. analis no período de dezembro de 2007 a maio de 2008, nidificando em ninhos-armadil-
has (NA) no Campus da USP em Ribeirão Preto, foram encontradas 29 fêmeas e 19 machos mortos
no interior de NA vazios. Ao serem encontrados, os indivíduos eram retirados dos NA, levados para
o laboratório, mantidos em frascos individuais, deixados à temperatura ambiente e monitorados diari-
amente para verificar possíveis emergências de parasitóides. Dos indivíduos encontrados, 26 fêmeas
(79,3%) e 19 machos (94,7%) tinham sido parasitados por espécies de Physocephala. Enquanto o
número de fêmeas parasitadas diminuiu mês a mês, o número de machos aumentou gradativamente
até abril. Alta taxa de mortalidade de fêmeas de C. analis, como aqui observado, foi relatado por San-
tos & Garófalo (2006) mas a mortalidade de machos por conopídeos é pela primeira vez relatado. Es-
ses dados, somados àqueles de Santos & Garófalo (2006), mostram os conopídeos como importante
fator de mortalidade entre os adultos de C. analis.
O ectoparasita Varroa destructor é considerado atualmente a praga que mais causa danos a
apicultura. A dinâmica populacional do ácaro está relacionada com as diferentes subespécies de Apis
mellifera. Em abelhas da raça européia é observado um maior índice de infestação do que nas afri-
canas e seus híbridos. No Brasil, onde a varroa é encontra há mais de 30 anos, sempre foi observado
um baixo nível de infestação em abelhas adultas. Por esta razão o controle químico do ácaro não foi
necessário. Estudos recentes têm demonstrado que a taxa reprodutiva do ácaro tem sido maior do que
na década de 80. Em vista disso o objetivo desse trabalho foi averiguar a sazonalidade no índice de in-
festação do parasita em operárias adultas em apiários localizados na região de Blumenau, SC. O valor
médio alcançando no Verão, Outono, Inverno e Primavera, foi respectivamente 3,23, 3,18, 7,31 e 3,06
varroas a cada 100 abelhas adultas. Estatisticamente verificou-se que o nível de infestação difere entre
as quatro estações do ano (F = 9,3 ; P = 0.000). Pelo teste de Tukey verificou-se que a infestação foi
superior no inverno em relação às demais estações. Tais valores são similares aos encontrados em
outros estudos realizados na década de 80 e 90.
Apoio: PIBIC/FURB
This research was carried out to evaluate the infestation level of mite in adult bees, invasion
level in caped brood, total and effective reproduction rates in Africanized honeybee and evaluate if
this levels are different on the colonies that are submitted for royal jelly or queen production. The
invasion on caped brood and reproduction rates was slow and not statistic different between treat-
ments and the average for those parameters were: 1.57; 0.91; and 0.47 respectively. The royal jelly
colonies has bigger infestation (P<0.05) of mite in adult bees in relation on queen colony production.
The invasion and infestation rates were influence by month. The values of this research were low and
agree with that normally found for Africanized honeybees in Brazil.
The bee genus Eufriesea (Euglossini) comprises 62 species distributed from Mexico to southern
Brazil. Nests are known for only 10 spp. and studies suggest that these bees are highly seasonal with
only one generation per year. Here we present the life cycle and parasites of E. smaragdina and new
parasites of E. violacea. Nests of E. smaragdina were obtained through trap-nests in secondary forest
on SC Island in March 2003 to 2004, and in restinga forest in Palhoça, from March to September 2005
and in October 2006. Nests of E. violacea were found near houses in SC in summer 2007. From 14
nests and 41 cells of E. smaragdina 17 males and 5 females emerged. Cells, constructed with tree bark
chips glued together with sticky dark resin, are arranged in linear series. In 4 years, initial emergence
of imagines was on 21 November and the latest on 22 December. Parasites of E. smaragdina were
Exaerete dentata (Euglossini) emerged in December, Tetraonyx zonatus (Coleoptera, Meloidae) in
November and Melittobia sp. (Hymenoptera, Eulophidae). For E. violacea 58 males and 47 females,
2 Tetraonyx zonatus and 1 wasp (Sapygidae) emerged from 13 nests. Two cells contained dead speci-
mens of Leucospidae (Hymenoptera). Our results suggest a univoltine life cycle for E. smaragdina as
well as for its cleptoparasite Exaerete dentata. This new parasite/host record confirms the view that
this cleptoparasite may be specialized on Eufriesea hosts. The diapause of Tetraonyx zonatus suggest
an association with highly seasonal and large bees but not a specialization on Eufriesea hosts since
this parasite was also recorded in nests of Epicharis nigrita in Sao Paulo state.
A toxicidade de uma planta é o efeito deletério que ela pode causar em outras plantas ou em de-
terminados animais, por meio da liberação de substâncias químicas que podem estar uniformemente
distribuídas pela planta ou concentradas em diversas partes.Lantana camara é uma planta arbustiva
com ampla distribuição geográfica, cuja atividade tóxica está relacionada com a intoxicação de ru-
minantes. Seus extratos e óleos essenciais apresentam atividade inseticida, bactericida e repelente.
Avaliou-se a influência do macerado floral incorporado na alimentação e da aplicação tópica de ex-
tratos folhares na sobrevivência de abelhas melíferas. Operárias recém-emergidas de Apis mellifera
foram capturadas, marcadas e transferidas para caixas mantidas em BOD (34º C ± 1º C e 60 ± 5% de
umidade relativa). Os valores mínimos e máximos de sobrevivência e as medianas obtidas para as op-
erárias alimentadas com pasta-cândi contendo macerado floral de L. camara foram, respectivamente,
8, 35 e 15 dias (concentração de 10%), 2, 40 e 19,5 dias (7,5%), 4, 41 e 23 dias (5%). No grupo con-
trole, que recebeu somente pasta-cândi, foram registrados 5, 41 e 23 dias. Diferenças significativas
entre os dois grupos foram obtidas para as concentrações de 10% e 7,5% (p < 0,001). No teste em que
foram aplicados 2 µl de extrato folhar os valores respectivos foram 2, 27 e 12 dias (concentração de
0,08 mg/abelha), 2, 25 e 11 dias (0,04 mg/abelha), 2, 36 e 16 dias (0,02 mg/abelha), enquanto que no
grupo controle, que recebeu 2 µl de metanol, os valores foram 2, 27 e 14,5 dias. No teste com aplica-
ção tópica não houve diferença significativa entre o grupo experimental e o controle. A presença de
substâncias tóxicas somente no macerado floral pode indicar um mecanismo adaptativo para a defesa
das peças folhares contra o ataque de insetos.
Apoio: CNPq
OCORRÊNCIA DE PARASITISMO EM
Exomalopsis aureopilosa SPINOLA, 1853
(HYMENOPTERA, APIDAE) POR
Horcomutilla sp. CASAL, 1962
(HYMENOPTERA, MUTILLIDAE)
Felipe Varussa de Oliveira Lima*, Rogério Silvestre, Rodrigo Aranda,
José Benedito Perrella Balestieri
Univ. Federal da Grande Dourados, Faculdade Ciências Biológicas e Ambientais (UFGD / FCBA);
Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Entomologia e Conservação da Biodiversidade
Rodovia Dourados-Itahum, Km 12 , Bloco FCBA (Cidade Univesitária); C.P. - 322 CEP:
79.825-070 Dourados, MS
felipe_varussabio@yahoo.com.br
A família Mutillidae compreende vespas solitárias que na fase larval são parasitóides de estágios
imaturos, principalmente de abelhas e vespas, parasitando também insetos de outras ordens. Neste
trabalho relatamos a ocorrência de parasitismo em um ninho de Exomalopsis aureopilosa Spinola,
1853, por uma espécie de Mutillidae do gênero Horcomutilla (Casal, 1962). Os indivíduos adultos
de E. aureopilosa se mantiveram ativos durante o período de fevereiro a junho de 2005, em área gra-
mada no câmpus da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), caracterizada por um solo
do tipo Latossolo Vermelho Distroférrico, no município de Dourados-MS. Para espécie de abelha
comunal E. aureopilosa, observou-se nidificação em solo, mas não foi notado agregação de ninhos
desta; contudo, sua presença próxima a ninho de E. (Megomalopsis) fulvofasciata já foi relatada na
literatura. Durante o período de observação de atividade externa de E. aureopilosa, relatamos a en-
trada de uma fêmea, em duas ocasiões, e a eclosão de um indivíduo macho, ambos de Horcomutilla
sp.; possibilitando-nos fazer a associação de sexos em Mutillidae com o hospedeiro, situação relatada
como rara na literatura. Na maioria dos casos não se consegue associar ambos os sexos de Mutillidae
com o mesmo hospedeiro, devido aos hábitos diferenciados entre os sexos, este relacionado principal-
mente ao dimorfismo sexual apresentado, presença (machos) ou ausência (fêmeas) de asas. Ressalta-
se ainda que a taxonomia da família Mutillidae é dificultada pela falta de associação com hospedeiro,
assim este registro tem relevante importância para melhor elucidar as interações de parasitismo em
espécies de Exomalopsis e colabora com a elucidação da problemática taxonômica da família Mutil-
lidae e amplia os registros de hospedeiros do gênero Horcomutilla.
Apoio: UFGD
O cultivo de mamoneira (Ricinus communis L.) vem sendo explorado como matéria-prima para
a obtenção do biodiesel, porém suas sementes apresentam uma substância tóxica, que caso presente
no néctar e seja tóxica a insetos poderá causar prejuízos para apicultura e desequilíbrio ecológico.
Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar uma possível toxidez do mel da mamoneira para abelhas
melíferas (Apis mellifera L.). A existência de efeito tóxico às abelhas foi avaliado através da lon-
gevidade de operárias recém emergidas confinadas em gaiolas de madeira com dimensões de 8 x 11
x 13cm. As gaiolas possuíam as duas laterais mais largas de vidro e eram compostas de piso telado,
tela anti-fuga e dois orifícios superiores para o fornecimento da água e do alimento energético. Cada
gaiola comportou 50 operárias. O experimento constou de dois tratamentos com três repetições, sen-
do: T1: pólen, água e mel de mamoneira; T2: pólen, água e mel silvestre. Os resultados demonstraram
que por volta do sexto dia às abelhas confinadas em ambos os tratamentos apresentaram um aumento
de mortalidade, o que gerou uma brusca declividade na curva de longevidade, porém, as abelhas de
T1 e T2 apresentaram uma longevidade similar (p>0.05), média de 13 dias. Desta forma, conclui-se
que o mel de mamoneira não reduz a longevidade das abelhas confinadas em relação ao mel de flora-
das silvestres, produzido no Nordeste do Brasil.
FLORA DE IMPORTÂNCIA
POLINÍFERA PARA Apis mellifera (L.)
NA REGIÃO DE VIÇOSA, MG
Anna Frida Hatsue Modro¹*, Dejair Message², Cynthia Fernandes Pinto da Luz³, João Augusto
Alves Meira Neto²
¹Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP;
²Universidade Federal de Viçosa - UFV;
³Instituto de Botânica – IB/SP
Rua Frei Luiz de Santana 35, 13418-090 Piracicaba, Brasil
afhmodro@esalq.usp.br
Apoio: CAPES
VARIAÇÃO DE PARÂMETROS
FÍSICO-QUÍMICO DO MEL ARMAZENADO
NAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
DO ESTADO DO CEARÁ
Fernanda Farias Martins¹*, Raimundo Maciel Sousa¹, Odaci de Sousa Aguiar¹, Maria Silvia
Frota¹, Crisanto Alves Araújo²
¹Faculdade de Tecnologia Centec Sertão Central – Instituto Centec; ²Emater-CE / Secretaria de
Desenvolvimento Agrário
Avenida Geraldo Bizarria de Carvalho S/N, 638000-000 Quixeramobim, Brasil
fer_fa@hotmail.com
A produção de mel apresenta-se como uma importante atividade econômica para o estado do
Ceará, tendo marcante papel na geração de emprego e renda da população que habita as áreas de
Caatinga. O controle da qualidade do mel é baseado, em parte, nas características físico-químicas e
suas variações dentro da legislação vigente são utilizadas como ferramenta na formação dos preços.
O nível de HMF, a classificação da cor e o percentual de umidade representam os principais fatores
de formação do preço. O presente trabalho teve como objetivo estudar as principais características
físico-químicas do mel produzido em quatro regiões do município de Sobral – CE. O percentual de
umidade apresentou níveis acima dos aceitáveis para o mercado externo em todas as amostras, sendo
superior ao limite para o mercado nacional nas amostras da localidade 4, que apresentou diferença
significativa (P<0,05) com as demais. A coloração apresentou uma grande variação entre as locali-
dades, com classificações do âmbar ao extra âmbar claro. Os níveis de HMF apresentaram grande
variação de limites, com valores de 4,0 mg/kg a 193,7 mg/kg, com a maioria das amostras dentro
dos limites permitidos. Os açúcares apresentaram pequena variação, com exceção da sacarose que
mostrou valores acima do limite permitido em algumas amostras das localidades 1, 2 e 4.Conclui-se
que, o mel produzido na região apresenta coloração considerada de média a escura, percentual de
umidade alto, níveis de HMF e o percentual de sacarose com algumas variações acima do permitido,
o que pode ser corrigido com a aplicação de boas práticas de produção.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS,
ORGANOLÉPTICAS E MICROBIOLÓGICAS
DO MEL DE Melipona fasciculata Smith
ESTOCADO EM DIFERENTES CONDIÇÕES
DE LUMINOSIDADE E TEMPERATURA
Nadia Sleiman Mattar¹²*, Maria José Abigail Mendes Araújo¹², Gisele Garcia Azevedo³, Rosane
Nassar Meireles Guerra², Murilo Sérgio Drummond³, Flávia Raquel Fernandes do Nascimento²
¹ ²Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação; ²Laboratório de Imunofisiolo-
gia; ³Departamento de Biologia – Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Avenida dos Portugueses, s/n, Campus do Bacanga, 65080-040, São Luís-MA, Brasil
nadsmat@hotmail.com
Apesar do grande potencial apícola da região Nordeste, em particular do Estado do Piauí, pouca
atenção tem sido dispensada à produção de própolis. Nessa região, são escassas as informações sobre
o potencial produtivo em diferentes biomas, quais os melhores métodos de produção e quais as car-
acterísticas da própolis produzida. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou avaliar a produção de
própolis em Castelo do Piauí, região de transição caatinga-cerrado, avaliando métodos e períodos de
produção, e selecionando colméias quanto à capacidade produtiva. Entre dezembro de 2006 e agosto
de 2007, foram avaliadas 10 colônias de Apis mellifera instaladas em colméias Langstroth, sendo
cinco colméias com aberturas laterais de 2,0 cm entre o ninho e a melgueira, e cinco com aberturas
de 2,0 cm na melgueira. Foram realizadas três coletas de própolis nos meses de março, maio e agosto.
Houve produção de própolis em sete colônias que apresentaram média de produção no período de
32,1 ±12,7g. Não foram verificadas diferenças significativas na produção de própolis entre os dois
métodos de coleta pelo teste de Wilcoxon. Verificou-se maior produção no período de março a maio
(125,75 g). Foram selecionadas quatro colônias que apresentaram produção média de 41,5g para
serem utilizadas como matrizes para produção de rainhas.
Apoio: BNB/Fundeci
Esse trabalho teve como objetivos avaliar e tipificar 22 amostras de mel de Apis mellifera pro-
venientes de 11 colônias instaladas em uma área de aproximadamente 3200 hectares de mamona Rici-
nus communisL., no município de Canto do Buriti, estado do Piauí. As amostras foram submetidas às
análises melissopalinológicas, físico-químicas e sensoriais. O mel em questão mostrou-se monofloral
de mamona. Em relação aos parâmetros físico-químicos avaliados, estes se encontravam enquadra-
dos nas especificações brasileiras, apresentando-se nos seguintes intervalos: 16,9-17,1% (Umidade);
3,37-3,38 (pH); 19,99-24,16 meq/kg (Acidez); 1-1,5 mL (Prova de Lund); 0,03-0,04% (Sólidos in-
solúveis); 31,38-38,10 mg/kg (HMF); 85,14-85,23% (Açúcares redutores); 0,95-1,46% (Açúcares
não-redutores); 86,18-86,60% (Açúcares totais); presença de diastase. O mel da mamoneira apresen-
tou coloração âmbar-claro de acordo com a escala estabelecida de Pfund. As características analisa-
das (cor, viscosidade, aroma e sabor) demonstraram a boa aceitação do produto por parte de prova-
dores, obtendo média 8, de acordo com uma escala hedônica estruturada de nove pontos (1=desgostei
muitíssimo; 5= nem gostei nem desgostei; 9= gostei muitíssimo). Conclui-se que o mel proveniente
da mamoneira atende as especificações brasileiras, apresenta boa aceitação pelo consumidor e pode
ser comercializado como mel de mesa.
O mel de Melipona fasciculata foi analisado com o objetivo de se identificar as espécies veg-
etais utilizadas como fontes de néctar por essa espécie. A identificação das plantas visitadas foi re-
alizada com base na análise dos tipos polínicos encontrados em 12 amostras de mel coletados men-
salmente em uma colônia, localizada no município de Palmeirândia (02º40’47,6S, 44º52’39,8”W),
Baixada Ocidental Maranhense. A identificação dos tipos polínicos foi realizada por comparação com
as lâminas de referência, confeccionadas a partir dos botões florais das espécies vegetais encontradas
no entorno da colônia e por literatura especializada. De cada amostra foram contados 1000 grãos e
os resultados expressos em porcentagem, seguindo a seguinte classificação de classes de freqüên-
cia: pólen dominante (>45%), pólen acessório (16-45%), pólen isolado importante (3-15%) e pólen
isolado ocasional (<3%). Para a caracterização do mel foram considerados monoflorais àqueles que
apresentavam apenas uma espécie dominante; biflorais, quando as espécies presentes no mel consti-
tuíam pólen acessório e heteroflorais quando não havia dominância. Foram identificados nas amostras
de mel de Melipona fasciculata 50 tipos polínicos distribuídos em 42 gêneros e 24 famílias. Fabaceae
(10 espécies) e Myrtaceae (6 espécies) apresentaram maior representatividade quanto ao número
de espécies; Pontederaceae (45%) e Fabaceaes (31%) apresentaram a maior freqüência polínica. As
espécies mais freqüentes foram: Pontederia parviflora (Pontederaceae), espécie freqüente em todo
período de amostragem (37,3%), pólen dominante em Outubro (87%), Junho (85%), Julho (76%),
Agosto (49%) e Setembro (51%) e pólen acessório em Dezembro, Janeiro e Março. Mimosa cae-
salpiniifolia (Fabaceae) foi a segunda espécie mais freqüente (22,7%) sendo pólen dominante em
Novembro (46%), Abril (73%) e Maio (71%). Myrcia eximia (Myrtaceae) e Rhynchospora nervosa
(Cyperaceae) foram consideradas pólen isolados importante. Os méis em sua maioria são monoflorais
(58,3%), havendo também méis biflorais (33%) e heteroflorais (0,08%).
ESTUDO TOXICOLÓGICO
PRÉ-CLINICO AGUDO COM O
EXTRATO HIDROALCOÓLICO DA
PRÓPOLIS DE Scaptotrigona sp.
Maria José Abigail Mendes Araújo¹*, Nadia Sleiman Mattar¹, Aramys Silva Reis¹,
Márcia Cristina Gonçalves Maciel¹, Izabel Cristina Portela Bogéa Serra¹, Maria Nilce de Sousa
Ribeiro², Adelson de Souza Lopes³, Flávia Raquel Fernandes do Nascimento¹
¹*Laboratório de Imunofisiologia;
²Laboratório de Farmacognosia;
³Laboratório de Histologia - Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Avenida dos Portugueses, s/n, Campus do Bacanga, 65080-040, São Luís-MA, Brasil
abigailaraujo@yahoo.com.br
Própolis de Scaptotrigona sp. (tubi) é usada popularmente na cura de tumores e para cicatrizar
feridas. Avaliou-se a toxicidade aguda pré-clínica do extrato hidroalcoólico de própolis (EHP) de
Scaptotrigona sp. As amostras de própolis foram obtidas no município de Barra do Corda, região
do cerrado maranhense, em março de 2007, submetidas à extração por maceração com álcool etílico
a 70%. Camundongos (Swiss, fêmeas, ± 120 dias, 20-30g) receberam por via oral doses únicas de
solução salina, 0,9% (controle) ou EHP nas doses de 750, 1500 e 3000 mg/kg (n=5/grupo). As alter-
ações fisiológicas e comportamentais dos animais foram observadas durante 14 dias. No 15º dia, os
animais foram sacrificados e submetidos à necropsia, pesagem e análise macroscópica dos órgãos
(coração, pulmão, baço, linfonodo, fígado, estômago, intestino e rins). O EHP não induziu mortes,
mas alterações pontuais de comportamento: reação de fuga, tremores finos, tremor da cauda e menor
motilidade. O tratamento com EHP na dose de 3000 mg/kg revelou diminuição significativa do peso
do baço (20,3%), porém aumento do peso do linfonodo (25,5%) quando comparados com o grupo
controle. Não ocorreram alterações no peso dos outros órgãos. O EHP 750 induziu diminuição do
número de células do baço (50,88%) e da medula óssea (31,7%). A celularidade do peritônio diminuiu
em todos os grupos tratados com EHP (EHP 750: 39,55%; EHP 1500: 49,23%; EHP 3000: 45,8%).
A análise histopatológica revelou um quadro de esteatose hepática nos grupos tratados com as doses
de 1500 e 3000 mg/kg. As alterações comportamentais e fisiológicas encontradas nos animais, não
indicam necessariamente toxicidade, há necessidade dos parâmetros hematológicos e bioquímicos,
que estão sob avaliação e somente o conjunto dos resultados poderão indicar ou não toxicidade.
POTENCIAL ANTIMICROBIANO
DE PRÓPOLIS BRASILEIRA VERDE,
PRETA E VERMELHA
Denise de Oliveira Scoaris¹, Tatiana Kelly Silva¹, Ana Carolina Peixoto Moreira², Esther Marga-
rida Alves Ferreira Bastos¹
¹ Laboratório de Recursos Vegetais e Opoterápicos/ Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento/
Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte, Minas Gerais; ² Graduanda em Ciências Biológicas,
Faculdade Pitágoras, Belo Horizonte, Minas Gerais
Rua Conde Pereira Carneiro, 80, Bairro Gameleira, CEP 30.510-010, Belo Horizonte, MG, Brasil
denise.scoaris@funed.mg.gov.br
A geléia real é uma substância rica em carboidratos, lipídeos, proteínas, minerais e vitaminas.
Para sua produção é necessária a suplementação da alimentação natural das abelhas garantindo a
síntese de proteínas e enzimas pelas glândulas mandibulares e hipofaringeanas das operárias jovens.
O objetivo foi avaliar a produção de geléia real em colônias de abelhas Apis mellifera africanizadas
suplementadas com ração formulada com óleo de linhaça e palma. Foram avaliadas 20 colônias
Apis mellifera africanizadas em sistema de recrias no período de janeiro a março de 2008. As fontes
de óleo consistiam na mistura de óleo de linhaça e de palma (RLP), óleo de linhaça (RLI) e outro
óleo de palma (RLP), sendo que no tratamento controle as colônias não consumiram ração. Foram
realizadas 30.000 transferências e 75 observações por tratamento. Houve diferença (P=0,0001) para
aceitação de larvas total, no sarrafo de cima, médio e superior para o tratamento RLP (63,45; 20,11;
21,12 e 22,23%) com relação ao tratamento RL (49,71; 16,56; 17,53 e 17,20%), RP (45,8; 14,91;
15,88 e 15,01%) e controle (49,60; 15,67; 16,63 e 15,61%), respectivamente. O total de geléia real
produzida foi superior (P=0,0001) no tratamento onde as colônias foram suplementadas com a ração
RLP (11,30g/colônia), seguido do tratamento RL (9,31g/colônia) e RP (8,40g/colônia), sendo estes
superiores ao tratamento controle (6,35g/colônia). Estes resultados mostram que a suplementação
com ração elaborada com a mistura de óleo de linhaça e palma aumentou a aceitação e a produção de
geléia real por colônia.
Palavras-chaves: Apis mellifera, geléia real, óleo de palma, óleo de linhaça, suplementação
ANÁLISE MELISSOPALINOLÓGICA
DE AMOSTRAS DE MEL DE Apis mellifera
ORIUNDAS DA REGIÃO NORTE
DO ESTADO DO PIAUÍ
Ricardo Costa Rodrigues Camargo¹*, Alyne Freire de Melo², Leudimar Aires Pereira³,
Fábia de Mello Pereira¹, Maria Teresa do Rêgo Lopes¹
¹*Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Meio-Norte;
²Universidade Estadual do Piauí- UESPI;
³Universidade Federal do Piauí - UFPI
Av. Duque de Caxias, 5650, Bairro Buenos Aires, CEP: 64006-220, Teresina-PI
ricardo@ cpamn.embrapa.br
O pólen das flores coletado pelas abelhas é fundamental para o desenvolvimento da colônia, ao
ser utilizado na alimentação das larvas. Na colméia os grãos de pólen aglutinados pelas abelhas são
depositados nos alvéolos, nesse processo alguns grãos acabam impregnando o mel armazenado. De
acordo com Barth a presença de grãos de pólen no mel constitui importante indicador para a sua ori-
gem botânica e geográfica. A análise melissopalinólogica, por meio da análise quantitativa e qualitati-
va dos grãos de pólen encontrados nas amostras de mel pode ser utilizada como ferramenta para agre-
gação do mel in natura fornecendo informações de rotulagem referentes à sua origem botânica. Esse
trabalho teve como objetivo realizar análise melissopalinólogica para determinar a origem botânica
de sete amostras de mel oriundas de diferentes municípios da região norte piauiense (Esperantina, Pi-
racuruca, Pedro II, Lagoa de São Francisco, São João da Fronteira e Brasileira) colhidas em março de
2008. As análises foram realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade dos Produtos Apícolas
da Embrapa Meio Norte, Teresina-PI. As lâminas foram confeccionadas em quadruplicata para cada
amostra de mel, de acordo com o método de LOUVEUX e analisadas com auxílio de microscopia
óptica em aumento de 40X, para contagem e identificação dos grãos pólens. Na totalidade foram
quantificados 4074 grãos de pólen, sendo que as famílias mais representadas foram Mimosaceae,
Anacardiaceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Rubiaceae e Caesalpiniaceae, respectivamente. Das sete
amostras analisadas cinco apresentaram a espécie Mimosa caesalpiniaefolia Benth (sabiá ou unha de
gato) como pólen dominante. A amostra do município de Esperantina apresentou o Hytis sp (bambur-
ral) e a do município de Piracuruca a Senna occidentalis (Caesalpiniaceae) como pólens dominantes.
Apesar das amostras terem sido enviadas com identificação de outra florada (marmeleiro), as análises
indicaram outro resultado, demonstrando a importância da técnica para auxiliar na devida identifica-
ção botânica dos méis.
Apoio: FINEP
Os méis de meliponíneos, abelhas sem ferrão, possuem características que os diferem do tradi-
cional mel de Apis mellifera, conferindo-lhes sabor marcadamente distinto. O objetivo do trabalho
foi realizar análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de méis provenientes de colméias
de Scaptotrigona bipunctata e Scaptotrigona aff. depilis para averiguar a possibilidade de consumo
do mel destas espécies. As colméias estavam instaladas na Estação Experimental de Luíz Antônio,
SP. As análises microbiológicas consistiram em examinar a presença/ausência de bactérias e fungos e
leveduras através do método de contagem de placas; e a presença/ausência de coliformes totais e fe-
cais através do método do Número Mais Provável (NMP). Verificou-se ausência de coliformes totais
e fecais, e que a forma mais adequada de coleta do mel foi aquela em que houve o menor contato pos-
sível com o produto. As análises dos parâmetros físico-químicos seguiram a metodologia estabelecida
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, exceto a realização do índice de HMF, que
foi baseada no Official Methods of Analysis (AOAC). As análises físico-químicas indicaram que as
amostras analisadas se assemelham ao mel de Scaptotrigona mexicana e Scaptotrigona pectoralis
(VIT, MEDINA e ENRIQUEZ, 2004), e que estavam dentro dos parâmetros propostos por VILLAS-
BÔAS (2005). Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos indicam condições favoráveis para o
consumo de mel de Scaptotrigona aff. depilis e Scaptotrigona bipunctata, obtidos através de manejo
semelhante aos usados no estudo.
A adulteração de mel é um dos crimes mais comum contra o consumidor. Muitas são as substan-
cias adicionadas ao mel, mas principalmente açúcares como sacarose e glicose. Em alguns casos a
adulteração é total, isto é, o produto é totalmente artificial, sem adição de mel. Em Roraima a produção
de “mel artificial” é considerável e concorre com o produto natural, principalmente nas feiras livres.
Com o objetivo de verificar o percentual de adulteração de mel de Apis mellifera em feiras livres de
Boa Vista, adquirimos 31 amostras de diversas feiras livres. De cada amostra foram separadas três
frações. Uma fração destinada para análise de Lund, que consiste na precipitação dos albuminóides
presentes no mel pelo ácido tânico. Outra fração foi destinada para a realização de análise polínica e
a terceira fração para análise sensorial. Das 31 amostras analisada 10 (32,2%) deram resultado positi-
vos e 21 (68,8%) deram resultado negativo para a reação de Lund. Na análise sensorial, realizada por
apicultores experientes, somente uma amostra foi considerada indeterminada, as demais resultados
coincidiram com os da reação de Lund. A análise polínica ainda não foi finalizada. Conclusão: Com
quase 70% das amostras de méis analisadas, provenientes de feiras livres de Boa Vista consideradas
adulteradas, fica o alerta para o consumidor e a recomendação para que evite consumir méis de fontes
duvidosas e que estejam colocados em frascos ou garrafas sem identificação. Um percentual tão alto
de adulteração é alarmante e exige providências imediatas por parte dos órgãos fiscalizadores.
Apoio: FEMACT- RR
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS
E QUÍMICOS DE PRÓPOLIS
DE Scaptotrigona sp. (TUBI)
Alexandre Michel Costa Nogueira¹, Richard Pereira Dutra¹, Bruno Vinícius de Barros Abreu¹,
Marisa Cristina Aranha Batista¹, Maria José Abigail Mendes Araújo²*, Maria Célia Pires Costa³,
Maria Nilce de Sousa Ribeiro¹
¹Laboratório de Farmacognosia; ²*Laboratório de Imunofisiologia, Universidade Federal do Ma-
ranhão; ³Departamento de Química e Biologia, Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, São
Luís - MA, Brasil
Avenida dos Portugueses, s/n, Campus do Bacanga, 65080-040, São Luís-MA, Brasil
abigailaraujo@yahoo.com.br
O presente trabalho visou o conhecimento da diversidade vegetal nas ilhas Floresta e Laranjeira
contribuindo com o conhecimento da biodiversidade vegetal na área de preservação ambiental do alto
rio Paraná. Então, realizou-se a identificação botânica das espécies e a análise polínica dos méis para
que essas informações sejam utilizadas, principalmente, na determinação da origem floral do mel pro-
duzido nesta região. Realizaram-se coletas mensais no período de agosto de 2005 a agosto de 2006,
o material fértil da flora foi coletado e preparado de acordo com as técnicas usuais de herborização.
Sendo coletado um total de 521 amostras de plantas, destas, relacionamos 132 espécies de plantas,
distribuídas em 96 gêneros e 44 famílias. As famílias mais importantes em número de espécies foram
Asteraceae (19), Rubiaceae (10), Solanaceae (8) e Fabaceae (7). Os gêneros mais diversos foram:
Solanum com seis espécies, Ludwigia com cinco espécies e Vernonia, Mikania, Ipomoea e Croton
com três espécies de cada uma. Verificou-se, por meio da análise polínica do mel produzidos nas ilhas
estudadas, que as famílias Euphorbiaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Polygonaceae foram as principais
fontes de néctar exploradas por Apis mellifera africanizada para a produção de mel orgânico. Por-
tanto, o conhecimento das plantas da área e sua participação na produção dos diferentes méis é vital
para o manejo tanto das populações de plantas quanto das abelhas.
Apoio: CAPES
DESEMPENHO DE COLMÉIAS DE
Apis mellifera ALIMENTADAS COM
DIETAS ARTIFICIAIS PARA PRODUÇÃO
DE GELÉIA REAL
Regina Helena Nogueira Couto, Leomam Almeida Couto, Daniel Nicodemo*
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal - UNESP
Via de Acesso Prof.Paulo Donato Castellane s/n. 14884-900. Jaboticabal - SP
nicodemo@fcav.unesp.br
As abelhas, para produzir geléia real, necessitam de uma dieta equilibrada que apresente quanti-
dades adequadas de proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Em regiões de mon-
ocultura e outras com pasto apícola escasso, a produção se torna pequena e, as vezes, inviável devido
a deficiência nutricional das abelhas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de colméias
alimentadas com dietas artificiais e pólen, no que refere-se a condição interna das colméias, consumo
de ração e aceitação de larvas transferidas para cúpulas. Foram utilizadas 12 colméias que apresenta-
vam coletor de pólen no alvado. Cada grupo de quatro colméias recebeu um tipo de ração. A primeira
ração (T1) era composta de pólen. A segunda (T2) apresentava 15% de farinha de soja texturizada e
85% de farelo de trigo e, a terceira (T3), era constituída de 13,8% de farelo de soja e 86,2% de farelo
de trigo. Em todas se acrescentou mel para que o alimento tivesse forma pastosa. A colocação de cole-
tor de alvado implicou em diminuição da área de cria e alimento das colméias. O consumo de ração
foi de 14,17±3,24; 12,8±3,10 e 14,17±2,84 g, respectivamente para T1, T2 e T3. Não houve diferença
entre os tratamentos no que diz respeito a aceitação das larvas transferidas. O ingrediente farelo de
soja proporcionou melhores resultados quando comparado a farinha de soja texturizada. A utilização
de dietas artificiais com farelos de soja e trigo viabiliza a produção de geléia real em locais nas quais
há falta de alimento para as abelhas.
Apoio: CNPq
Palavras-chaves: geléia real, dietas artificiais, farelo de soja, farelo de trigo, pólen
Os alimentos probióticos, ativam o sistema imunológico e regulam a flora intestinal, pois re-
sistem à passagem do trânsito gastrointestinal (FERREIRA,1998). Esse trabalho teve como objetivos
analisar sensorialmente e intenção de compra do novo produto potencialmente probiótico, de leite de
cabra fermentado com L. acidophilus sabor natural, enriquecido com mel e pólen apícola. As análises
procederam no laboratório de análise sensorial da FATEC Sobral- Ceará, durante o segundo semestre
de 2007. Foram selecionados 44 provadores não treinados, com faixa etária entre 19 e 45 anos de am-
bos os sexos, com hábito de consumir leite. A amostra foi distribuída em copos descartáveis de 50ml
sendo avaliada de acordo com a escala hedônica de 9 pontos (DUTUCOSKI, 1996), sendo analisados
os atributos produto de maneira geral, cor, textura, cheiro e sabor. O atributo cor obteve nota 6,46
(gostei ligeiramente), não havendo uma boa aceitação para este atributo, visto que a nota mínima para
aceitação é 7 (gostei regularmente); Para o cheiro 5,49 (indiferente); 6,25 para textura; e, 5,46 para
o produto de maneira geral. O fator citado como resultante da não aceitação do leite fermentado foi
o sabor amargo o que, segundo JR Notícias (2003) ocorre devido à presença do pólen. No entanto,
ao se analisar a intenção de compra observa-se que 30,23% dos provadores compraria o produto,
25,60% talvez compraria e 44,17% não compraria. Sendo a soma dos percentuais que comprariam o
produto com os que talvez comprassem superior a 55,83%. Conclui-se que: A não aceitabilidade do
leite fermentado pelos provadores deveu-se provavelmente ao hábito alimentar destes, a variação in-
trínseca existente no sabor do pólen, bem como ao desenvolvimento da formulação; O valor agregado
ao produto, pela adição de mel de abelhas e pólen apícola, alimentos reconhecidos com funcionais,
evidenciou a intenção de compra, condicionado a mudança de formulação.
ETNOCONHECIMENTO SOBRE A
IDENTIFICAÇÃO DO MEL DE ABELHA
PELOS MORADORES DO BAIRRO DO
LAGUINHO, MACAPÁ, AP, BRASIL
Eliane Rocha Rodrigues*¹ ², Daniel de Sá Cavalcante¹ ³, Lorena Oliveira de Souza¹ ³, Arley José
Silveira da Costa¹ ²
¹Núcleo de Estudos Científicos e Tecnológicos sobre Abelhas Regionais da Universidade Federal do
Amapá; ²Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional; ³ UNIFAP
Rod. J.K., Km 02, UNIFAP, PROPESPG, NECTAR, Bloco I, Macapá-AP, 68902-280
erocharodrigues@yahoo.com.br
Apoio: PROBIC/UNIFAP
ANÁLISE MELISSOPALINOLÓGICA DE
AMOSTRAS DE MEL DE ABELHAS NATIVAS
DE UMA PROPRIEDADE LOCALIZADA NA
ZONA RURAL DE TERESINA-PI
Alyne Freire de Melo¹, Ricardo Costa Rodrigues Camargo², Fábia de Mello Pereira²,
Maria Teresa do Rêgo Lopes², Leudimar Aires Pereira³
¹* Universidade Estadual do Piauí – UESPI;
²Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Meio-Norte;
³Universidade Federal do Piauí - UFPI
Av. Duque de Caxias, 5650, Bairro Buenos Aires, CEP: 64006-220, Teresina-PI
alynezinha.freire@hotmail.com
As Abelhas são importantes polinizadores das regiões tropicais, executam uma importante
função na perpetuação das florestas e da biodiversidade, como polinizadores e integrantes da ca-
deia alimentar, estando relacionadas diretamente com a manutenção dos diversos ecossistemas por
existir um processo evolutivo associado e dependente entre abelhas e plantas. A presença de grãos
de pólen no mel constitui importante indicador para a sua origem botânica e geográfica. Como fer-
ramenta de agregação do mel in natura pode-se proceder à análise melissopalinólogica por meio da
análise quantitativa e qualitativa dos grãos de pólen encontrados nas amostras de mel objetivo deste
trabalho. Foram realizadas análises melissopalinológicas de quatro amostras de mel de Abelhas do
Gênero Melipona coletadas na Usina Santana na zona rural de Teresina-PI. As lâminas foram con-
feccionadas em quadruplicata para cada amostra de mel, de acordo com o método de LOUVEUX e
analisadas com auxílio de microscopia óptica em aumento de 40X, para contagem e identificação dos
grãos pólens. Na amostra 1 foram quantificados 1401 grãos de pólen representando as famílias Mi-
mosaceae como pólen dominante, Fabaceae e Anacadiaceae como pólen acessório e Caesalpiniaceae
e Turneraceae como pólen ocasional respectivamente. Na amostra 2 foram quantificados 942 grãos de
pólen representando a família Fabaceae como pólen dominante, Anacadiaceae como pólen acessório
e Mimosaceae, Polygonaceae e Caesalpiniaceae como pólen ocasional respectivamente. Na amostra
3 foram quantificados 1283 grãos de pólen representando a família Fabaceae como pólen dominante,
Anacadiaceae Mimosaceae como pólen acessório e Caesalpiniaceae e Turneraceae como pólen oca-
sional respectivamente. Na amostra 4 foram quantificados 587 grãos de pólen representando a família
Mimosaceae como pólen dominante e Caesalpiniaceae, Fabaceae , Anacardiaceae , Turneraceae e
Virtaceae como grãos de pólen ocasionais respectivamente. Constatou-se tratar de mel polifloral, sen-
do que as amostras apresentaram grande riqueza em tipos polínicos de variadas espécies vegetais.
Apoio: Finep
A maioria dos trabalhos desenvolvidos com abelhas na região amazônica tem se concentrado,
em termos geográficos, aos principais rios e arredores das capitais. Ao mesmo tempo, existem coleções
de abelhas em algumas instituições sediadas na região que poderiam melhorar esse quadro, mas que
nem sempre têm sido aproveitadas. Neste trabalho procuramos fazer um levantamento das espécies e
da distribuição geográfica de abelhas sem ferrão (Meliponina) e abelhas das orquídeas (Euglossina)
existentes em Roraima, tendo por base as coleções do Museu Integrado de Roraima (MIRR), em Boa
Vista, e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus. Também foram incluí-
dos exemplares coletados mais recentemente pelos autores. Foram registradas 65 espécies de abelhas
das orquídeas, incluindo um novo registro para o Brasil e dois para Roraima, além de 49 espécies
de abelhas sem ferrão, sendo 21 novos registros para o Estado. As espécies do gênero Scaptotrigona
não puderam ser incluídas porque estavam emprestadas para estudos taxonômicos. A explicação para
tamanha riqueza de abelhas em um Estado relativamente pequeno como Roraima talvez possa ser
atribuída ao mosaico de ambientes que o tornam único na Amazônia, podendo ser encontrados desde
florestas amazônicas com sua variantes, até campos e pantanais, além de uma grande variação de
relevo. Os dados obtidos nas duas coleções estudadas revelam que a cobertura geográfica em Ro-
raima ainda é bastante precária, pois, que a maioria das localidades amostradas estão concentradas
em torno dos dois eixos principais que o cortam no sentido norte-sul que são o rio Branco e a rodovia
BR 174. Por outro lado, extensas áreas do Estado ainda continuam sem poder serem amostradas pois
constituem áreas indígenas, as quais apresentam uma série de obstáculos burocráticos e políticos a
essa tarefa.
Palavras-chaves: Apidae, Euglossina, Meliponina, abelhas das orquídeas, abelhas sem ferrão
AVANÇOS RECENTES NA
SISTEMÁTICA E TAXONOMIA DE
AUGOCHLORINI (HALICTINAE)
Rodrigo B. Gonçalves
Museu de Zoologia da USP
Av. Nazare, 481, CEP 04263-000, Sao Paulo, SP, Brasil
rbg@usp.br
Augochlorini é um grupo monofilético que possui cerca de 520 espécies descritas e tem dis-
tribuição predominantemente Neotropical, com espécies derivadas chegando à região Neártica. Desde
a última revisão genérica um novo gênero foi descrito e sete gêneros foram ou estão sendo revisados,
adicionando ao menos 30 espécies para a tribo. Trabalhos taxonômicos e catalográficos recentes
discordam em parte da última proposição revisionária, sugerindo que a taxonomia do grupo ainda
não está estabilizada. Existem duas hipóteses filogenéticas baseadas em dados morfológicos para o
relacionamento dos táxons em nível de gênero. As topologias dessas hipóteses são parcialmente con-
clusivas e conflitantes (apenas dois grupos de gêneros corroborados). Além disso é notável o elevado
grau de homoplasia nos cladogramas, quando comparado com o grau obtido naqueles de outras tribos
de abelhas, medida dada pelo índice de retenção. Como tema de tese de doutoramento, objetiva-se
testar as duas hipóteses disponíveis através da reanálise dos dados morfológicos já levantados e da
proposição de nova hipótese baseada em dados moleculares. Para a primeira análise, as matrizes dos
dois estudos foram compiladas integralmente e submetidas à busca das árvores mais parcimoniosas
utilizando os parâmetros originais. Na segunda etapa foram modificadas a ordenação e a pesagem dos
caracteres e variados os parâmetros de busca nas matrizes. As topologias resultantes foram as mesmas
ou menos resolvidas do que nos cladogramas originais e o índíce de retenção foi o mesmo em todas
as análises. Isto sugere uma forte estruturação das matrizes originais e um baixo poder explicativo
de hipóteses baseadas em caracteres morfológicos. A segunda análise, em andamento, visa gerar uma
hipótese de relacionamento entre os gêneros de Augochlorini empregando, pela primeira vez, carac-
teres moleculares. Para tanto, três genes nucleares de cópia única serão analisados. Por fim, os dados
moleculares serão também integrados a dados morfológicos em uma análise combinada.
Apoio: FAPESP
Dentre as abelhas Euglossini, Euglossa é o gênero que apresenta a maior diversidade de espécies
(aproximadamente 104), distribuídas em seis subgêneros. Abelhas deste gênero apresentam tamanho
de pequeno a médio e tegumento metálico. Até o presente, ainda são poucos os estudos empregando
marcadores moleculares na investigação das relações genéticas de diferentes espécies e subgêneros
de Euglossa. Neste trabalho, marcadores PCR-RFLP e RAPD foram utilizados na investigação das
relações genéticas de machos de 12 espécies de Euglossa (melanotricha, pleosticta, truncata, corda-
ta, fimbriata, securigera, despecta, analis, cognata, imperialis, annectans e sapphirina), membros de
3 subgêneros e 6 grupos distintos. Operárias de Apis mellifera e Melipona quadrisfaciata e machos de
Eulaema nigrita e Eufriesea violacea foram empregados como grupos externos. Foram utilizados seis
primers de RAPD, que produziram 289 locos. As análises de PCR-RFLP envolveram as regiões 16S,
COI e COI-COII do mtDNA, cortadas com as endonucleases AseI, SspI e DraI, resultando em 99
fragmentos de restrição. Foram identificados 28 haplótipos distintos. Com base nos perfis eletroforé-
ticos, na maioria dos casos, os dois tipos de marcadores foram capazes de discriminar as diferentes
espécies analisadas entre si. A. mellifera e M. quadrifasciata, seguidas por E. nigrita e E. violacea,
apareceram na parte basal dos dendrogramas de similaridade genética. Em um dendrograma gerado
a partir de marcadores RAPD os maiores valores de bootstrap foram detectados entre os seguintes
pares de espécies: 1)E. truncata + E. pleosticta; 2)E. cordata + E. fimbriata; 3)E. melanotricha +
E. despecta; cada par compartilhando do mesmo subgênero e grupo de espécies. Os dados de PCR-
RFLP resultaram em um dendrograma no qual E. cordata aparece como grupo-irmão de E. pleosticta
+ E. truncata; agrupamento este pouco provável, apesar do valor de bootstrap de 70.7%. Análises
futuras envolvendo outras regiões mitocondriais devem contribuir para um maior entendimento das
relações genéticas entre as espécies estudadas.
Aproximadamente 3000 espécies de abelhas são encontradas no Brasil. Com o intuito de con-
hecer um pouco mais sobre essa diversidade, o presente trabalho teve como objetivo principal inven-
tariar a apifauna da região do Parque Estadual do Itacolomi (PEIT), em três paisagens distintas: uma
área de mata fechada, uma área mais aberta e outra de mata de altitude. As coletas foram quinzenais,
sendo que em cada local foi traçado um quadrante de 50X10m. Um total de 407 indivíduos de 54
espécies, 25 gêneros, e 5 famílias foi coletado. 380 indivíduos foram coletados na área mais aberta, 5
indivíduos na área de mata fechada e 22 indivíduos na mata de altitude. Apenas 2 espécies ocorreram
nos três locais, 84,7% apenas na área mais aberta, 1,7% apenas na mata de altitude, e nenhuma foi
exclusiva da área de mata fechada. O baixo número de abelhas registrado neste local provavelmente
deve-se ao elevado porte das árvores, dificultando a metodologia de coleta. As maiores coletas foram
registradas nos meses de Setembro a Novembro, com 46,3% do total de abelhas. Apidae foi a família
mais coletada, correspondendo a 83,0% do total. Bombus atratus, com 66 indivíduos, foi a espécie
mais abundante dentre as nativas. As plantas visitadas correspondem a 29 espécies, perfazendo um
total de 13 famílias, sendo Asteraceae a mais visitada, com um total de 183 abelhas coletadas. O PEIT
apresenta um grande potencial em relação à comunidade de abelhas por apresentar uma grande het-
erogeneidade ambiental oferecendo os recursos necessários para as abelhas construírem seus ninhos
e alimentarem a prole.
Apoio:
ABELHAS MELIPONINA
(HYMENOPTERA, APIDAE) DA REGIÃO
CENTRO-OESTE DO AMAPÁ
Richardson Ferreira Frazão*, Arley José Silveira da Costa
Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional, Universidade Federal do Amapá; Núcleo de
Estudos Científicos e Tecnológicos sobre Abelhas Regionais, Universidade Federal do Amapá.
Rod. Juscelino Kubitschek, KM-02 - Jardim Marco Zero - CEP 68.902-280 - Macapá - AP - Brasil
ric_frazoni@yahoo.com.br
O Amapá possui 72% de sua área em terras indígenas e Unidades de Conservação, mas o cen-
tro-oeste do estado enfrenta pressão de empresas de mineração e madeireiras, assentamentos agríco-
las e pecuária. Comunidades de abelhas, em especial meliponíneos, são importantes na compreensão
da biogeografia e de interferências antrópicas. Objetivo deste trabalho foi identificar a diversidade
dos meliponíneos da região centro-oeste do Amapá. A área de estudo compreende assentamentos
agrícolas no entorno do PARNA Tumucumaque entre os municípios de Pedra Branca do Amaparí
e Serra do Navio. Abelhas foram coletadas aleatoriamente na vegetação à beira de ramais, vicinais,
rodovias e em ninhos encontrados. Coletas ocorreram de 08:00h às 17:00h entre set-dez/2005. Os
espécimes foram coletados e enviados ao NECTAR para identificação e armazenagem. A riqueza foi
dada por Frieseomelitta aff. trichocerata, F. flavicornis; Melipona captiosa; M. compressipes; M.
fuliginosa; M. fulva; M. lateralis; M. parensis; Nanotrigona punctata; Partamona ferreirai; P. vicina;
Ptilotrigona lurida; Scaura gr. latitarsis; Tetragona gr. clavipes; Trigona cilipes; T. dallatorreana;
T. fulviventris; T. pallens e T. williana. O reduzido número de espécies de meliponíneos encontradas,
comparado ao de outros estudos na Amazônia, pode ser um indício do impacto da antropização na
região Centro-Oeste do Amapá.
O gênero Hylaeus Fabricius, 1793 reúne abelhas pequenas e esguias e é o único gênero da
subfamília Hylaeinae que ocorre em todos os continentes do mundo. Diferentemente da maioria das
abelhas, as fêmeas de Hylaeus não possuem aparato externo para o transporte de pólen, que é levado
para o ninho no papo. No Brasil são reconhecidas 20 espécies, nenhuma das quais foi registrada em
Minas Gerais (MG). Porém, apenas na coleção taxonômica da UFMG existem 93 exemplares coleta-
dos nesse estado. Um trabalho minucioso vem sendo feito para investigar quais espécies de Hylaeus
ocorrem em MG e, para isso, cerca de sessenta caracteres morfológicos vêm sendo analisados, além
da distribuição geográfica destas abelhas. Foram examinados os exemplares do acervo da UFMG e
serão feitos estudos em indivíduos de outras coleções taxonômicas. Vinte e seis morfoespécies foram
reconhecidas até o momento, dezesseis das quais tem se tentado identificar com o auxílio da única
chave taxonômica disponível para as espécies neotropicais do gênero (Moure, J.S. 1960. Bol. Mus.
Par. Emilio Goeldi 27), o restante continua sem nome e será comparado com os holótipos de espécies
descritas, em busca da correta identificação ou da descrição de novas espécies.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
DAS ESPÉCIES BRASILEIRAS DO
GÊNERO Megalopta SMITH 1853
(APIDAE: HALICTINAE)
Leandro Mattos Santos¹*, Gabriel Augusto Rodrigues de Melo¹, Fernando A. Silveira²
¹ Laboratório de Biologia Comparada de Hymenoptera, Departamento de Zoologia, Universidade
Federal do Paraná;
²Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas, Departamento de Zoologia, Universidade Federal
de Minas Gerais
megalopta@gmail.com
Apoio: CNPq
FILOGENIA E EVOLUÇÃO DO
POLIMORFISMO CEFÁLICO EM
Rhinocorynura SCHROTTKY
(HALICTINAE, AUGOCHLORINI)
Rodrigo B. Gonçalves, Gabriel A. R. Melo
Museu de Zoologia da USP; Departamento de Zoologia da UFPR
Av. Nazaré, 481, 04263-000, São Paulo, SP
goncalvesrb@yahoo.com.br
Rhinocorynura é um gênero monofilético restrito à América do Sul. Dentre suas espécies ap-
enas R. inflaticeps foi estudada com mais detalhe, tendo seu ninho descrito e reconhecido o poli-
morfismo cefálico nas fêmeas atrelado ao comportamento parasocial. Este polimorfismo envolve uma
diferenciação no tamanho corporal, nas proporções estruturais da cabeça e na morfologia do clípeo.
Como parte de um estudo mais amplo da filogenia da tribo Augochlorini pelo autor sênior, o gênero
Rhinocorynura está sendo revisado e a morfologia das espécies sendo analisada utilizando técnicas
morfométricas. Até o momento, 345 espécimes foram analisados revelando oito espécies, quatro
delas novas, cujas relações filogenéticas com base em caracteres morfológicos são (R. crotonis ((R.
sp.1 + R. sp.2) ((R. briseis + R. darwini + R. sp.3) (R. inflaticeps + R. sp.4)))). Todas as espécies apre-
sentam variação de tamanho e nas proporções estruturais da cabeça, porém a diferenciação na morfo-
logia do clípeo surgiu na linhagem ancestral originária do clado R. inflaticeps e R. sp.4. Para melhor
compreender essa variação foi utilizada uma análise morfométrica, em que medidas de 11 distâncias
da cabeça, de 16 exemplares de cada espécie, foram submetidas a análise de componentes principais.
Para R. inflaticeps, R. sp.4 e em menor grau R. sp.1, os dois primeiros componentes mostram duas nu-
vens de pontos (representando os indivíduos) indicando um possível dimorfismo, enquanto que para
as demais espécies os pontos apresentam-se mais coesos indicando variação contínua. Ainda é pos-
sível visualizar uma maior dispersão pontual entre as fêmeas maiores do que entre fêmeas menores.
Todas as medidas estão correlacionadas com o primeiro componente indicando uma forte influência
do tamanho. As variáveis mais correlacionadas com o segundo componente foram quilha mandibular,
área supraclipeal, e fronte. Estes dados corroboram a hipótese do surgimento de dimorfismo a partir
de variações polimórficas.
PHYLOGENETIC RELATIONSHIPS
AMONG SPECIES OF GENUS Scaura
(HYMENOPTERA: MELIPONINI)
INFERRED FROM MTDNA SEQUENCES
Alayne Magalhães Trindade Domingues¹*, Sidnei Mateus², Maria Cristina Arias¹
¹Universidade de São Paulo – USP;
²Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP
Rua do Matão, Nº 277 / Sala 320, 05508-090, São Paulo, Brasil
alaynedomingues@usp.br
The genus Scaura contains species of stingless bees of small size and dark color pattern. The
group presents variation in the nesting behavior including several types of cavities as tree hollows or
within active termite nests. Currently, four species are recognized: Scaura latitarsis, S. atlantica, S.
longula e S. tenuis. This genus is of particular interest in terms of taxonomy and phylogenetic rela-
tionships. However all the literature are based on morphology and behavior data. The present work
aim at to establish the pattern phylogenetic in the genus Scaura by using molecular approaches as a
new contribution to this bee group. Samples were collected from nests in different regions of Brazil.
Five mitochondrial genes (12S, 16S, CO I, CO II and Cyt b) were amplified and sequenced for Scaura
species and Schwarzula timida and Schwarziana quadripunctata (outgroups). Phylogenetic relation-
ships among the included taxa were inferred using neighbor-joining and maximum parsimony meth-
ods. The results show high A+T content. The tree obtain allowed discrimination of species closely
related, making part the same monophyletic group. Further studies using more molecular techniques
will contribute to a better understanding of the mechanisms involved in the evolution and to contrib-
ute to the correct taxonomic classification of the genus.
Apoio: CNPq
Obligatory cleptoparasitism has evolved several times independently among bees, and only two
large groups lacked known cases, the Andreninae and the Mellitinae. Here we present the first known
case of obligatory cleptoparasitism in the Andreninae. The new species, known from two females
collected in malaise trap in Morretes, Paraná, Brazil, possesses numerous morphological features
associated with obligatory cleptoparasistism, such as complete reduction of the pollen collecting
apparatus, strong and deep integument punctation, mid femur with rounded lower margin, tergum 5
elongate and lacking a pre-pygidial fimbria. The pygidial and basitibial plates, however, are relatively
well developed, indicating that change to obligatory parasitism evolved only recently in the lineage
history. The species also exhibits additional features usually associated with males: labral plate with a
deep emargination along the distal border, simple mandibles, short 1st flagellomere, yellow maculae
on the clypeus and lower parocular area, facial foveae and lateral foveae of tergum 2 reduced, and a
glabrous basitibial plate. Although the placement of the new species in Protandrenini is unproblem-
atic, its position within the tribe remains obscure due to the morphological changes associated with
cleptoparasitism, as well as due to lack of conspecific males. Among the current lineages of Protan-
drenini, proximity with Rhophitulus is supported by the presence of two submarginal cells in the
forewing and possession of a microsculptured hairy metapostnotum. The generic classification of the
tribe, however, is quite precarious, with genera delimited too broadly and likely to represent poly- and
paraphyletic assemblages. Therefore, further studies into the tribe’s phylogeny are required to better
understand the position of this new parasitic lineage.
Apoio: CAPES
DIFERENCIAÇÃO DE 24 SUBESPÉCIES
DE Apis mellifera POR TÉCNICA DE
MORFOMETRIA GEOMÉTRICA
Marina Lopes Grassi*, Vanessa de Andrade Bugalho, Tiago Mauricio Francoy, Lionel Segui
Gonçalves
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Avenida Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto, Brasil
marinalg@usp.br
Devido a sua ampla distribuição geográfica as abelhas Apis mellifera apresentam inúmeras di-
ferenciações comportamentais e ecológicas, que as possibilitam habitar os mais variados ambientes.
Uma diversificada gama de técnicas já foram desenvolvidas para possibilitar a diferenciação destas
subspécies, porém, muitas são demoradas e dispendiosas. Buscando a melhora neste processo e a
diferenciação das subespécies de Apis mellifera , decidimos aplicar a técnica de morfometria geomé-
trica, mediante a utilização de pacotes de softwares disponiveis na internet, para a análise quanto a
geometria do formato das nervuras das asas. Foram utilizadas 24 subespécies de Apis mellifera que
dispomos para estudo morfométrico foram previamente montadas entre duas lâminas de microscopia,
fotografadas com câmera digital acoplada a um estereomicroscópio e armazenadas de modo digital.
Após a realização das análises discriminantes, das 34 deformações relativas geradas, 32 contribuiram
significantemente (p<0.05) para a discriminação dos grupos (Wilk’s λ = 0,00000001; p = 0,0000001)
com a distinção correta de 94% das amostras dentro do seu respectivo grupo. Os testes de validação
cruzada, de acordo com as equações geradas a partir das análises discriminantes, apresentaram êxito
de 70,7% de acerto na classificação das asas como pertencentes aos seus respectivos grupos, sendo
que a maior parte dos indivíduos foram classificados entre 99% a 100% de probabilidade de classifi-
cação dentro de seus grupos. Com base nos resultados obtidos consideramos ser esta técnica de muita
utilidade nos trabalhos envolvendo morfometria de abelhas pela sua praticidade na identificação e
classificação de abelhas . Por outro lado, trata-se de um método rápido e pouco dispendioso, uma vez
que a morfometria das asas permite, em apenas um dia, a identificação das abelhas de várias colméias,
diferentemente das técnicas tradicionais que requerem muito mais tempo.
The group “hyptidis” is a small ensemble of bees distributed in relatively dry areas in northeastern
and central Brazil and northeastern Argentina, associated mainly with flowers of Scrophulariaceae as oil
source. This group is formed by the species Centris hyptidis Ducke, distributed in the Brazilian Caatinga
(States of Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Tocantins, Goiás and Minas Gerais),
C. hyptidoides Roig-Alsina in the Chaco (Brazil: Mato Grosso do Sul; Argentina: Formosa), and a previ-
ously unknown species distributed in central Brazil (Goiás). The females of the group “hyptidis” present a
unique morphological character within the genus: the almost complete reduction of the secondary comb of
the elaiospathes of fore basitarsi, which are covered externally with abundant setae of flattened apex, used
to grasp the epithelial elaiophores, especially of flowers of the genus Angelonia. The males have the scape
and 1st flagellomere subequal in length and the long and abundant pilosity in the lateral areas of sternum
5 form a semicircular comb. A basal laminar projection in the fore and mid trochanters is a feature present
in both sexes. These characters suggest that the group is a monophyletic unit, despite the uncertainties as
regards the relationships with other groups of species (or subgenera). In the literature it is possible to find
the group “hyptidis” included in the subgenera Centris s. str., Paracentris, Ptilocentris, Ptilotopus, and
Wagenknechtia. Unfortunately, there is no published study that strongly supports the relationships of the
group with any of the subgenera mentioned above. Some morphological characters, however, suggest that
it belongs to an independent lineage, probably close to Wagenknechtia, with which it shares some morpho-
logical characters, especially of females. The females of Centris hyptidis and C. hyptidoides can be identi-
fied by the secondary posterior giant setae placed beside the primary anterior comb of fore elaiospathes
(present in C. hyptidoides, absent in C. hyptidis), the length of forelegs (elongated in C. hyptidis, normal
in C. hyptidoides) and by the pubescence of tergum 4 (yellow in C. hyptidoides, black in C. hyptidis). The
males of these species are very difficult to distinguish, being the band of yellow pilosity of tergum 1 (inter-
rupted in the middle in C. hyptidis, uninterrupted in C. hyptidoides) and the length of the 1st flagellomere
reliable distinguishing features. On the other hand, the male and the female of the new species are easily
recognized by the bands of orange pilosity of the metasoma, the yellowish pubescence of hind legs and the
triangular black spot on the clypeus present in both sexes.
Apoio: CNPq
MELIPONICULTURA E GERAÇÃO DE
RENDA EM BOA VISTA DO RAMOS – AM
Ana Laura B. Mantovani*, Jerônimo K. Villas-Bôas
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA; Uni-
versidade Federal da Paraíba - UFPB
Caixa Postal 5122 CEP 58051-970 João Pessoa - PB
aninha_eco@yahoo.com.br
A meliponicultura tem sido considerada atividade de grande potencial para a geração de renda
em comunidades rurais na Amazônia. No entanto, são escassos os estudos que descrevam a efetivi-
dade econômica da produção e venda de mel de abelhas sem ferrão. Este trabalho teve como objetivo
avaliar a participação do mel na renda das famílias meliponicultoras integrantes da ACAIÁ – As-
sociação dos Criadores de Abelhas Indígenas da Amazônia, fundada em 2002 em parceria com o
Instituto Iraquara no município de Boa Vista do Ramos (AM). Na ocasião do estudo, a ACAIÁ con-
tava com 98 famílias associadas, distribuídas em 17 comunidades, das quais 47, de 15 comunidades,
foram entrevistadas. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionário semi-estruturado
entre janeiro e fevereiro de 2006, e referem-se à produção obtida na safra de 2005. Aproximadamente
75% das famílias entrevistadas produziram mel, totalizando 1205,1 kg, com uma média de produção
de 34,43 kg/família. O quilo foi vendido a R$ 15,00 e gerou uma renda média anual de R$ 516,45,
proporcional a um acréscimo médio de 10,45% na renda mensal. Foi detectada considerável dis-
paridade nas rendas declaradas - que oscilam entre R$1000,00 e R$50,00, e representam as diversas
condições socioeconômicas das famílias associadas, sendo algumas praticamente sub-existentes e
outras engajadas em formas de produção agropecuárias. A produção de mel por família também oscila
consideravelmente – 257 kg e 1 kg, refletindo na renda média mensal a variação de 150% a 0, 27%.
As disparidades de produção estão relacionadas, além do número de colônias criadas e qualidade de
manejo, com articulações logísticas com a associação. Geralmente, famílias residentes em comuni-
dades distantes da sede do município são prejudicadas pelo auxilio técnico menos eficiente no que
se refere a: fornecimento de materiais, principalmente melgueiras na época de produção; colheita; e
transporte do produto.
Apoio:
DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO
DAS FAMÍLIAS MELIPONICULTORAS
DE BOA VISTA DO RAMOS – AM
Ana Laura B. Mantovani*, Jerônimo K. Villas-Bôas
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA. Uni-
versidade Federal da Paraíba - UFPB
Caixa Postal 5122 CEP 58051-970 - João Pessoa – PB
aninha_eco@yahoo.com.br
O uso tradicional do mel é comum em diversas localidades e está associado às formas de apreen-
são da realidade pelas comunidades. Assim, este trabalho busca compreender o conhecimento tradi-
cional relativo ao uso do mel de abelha pelos moradores do bairro Laguinho, cuja origem remonta aos
negros transferidos da área central de Macapá-AP. Cinco moradores, sendo quatro mulheres (entre 39
e 58 anos) e um homem (44 anos) foram individualmente entrevistados. As entrevistas semi-estru-
turadas foram gravadas e as transcrições depositadas no NECTAR/UNIFAP. As análises registraram
a maneira como os moradores percebem, usam, aprimoram e transmitem seus conhecimentos sobre
o mel. Conhecimento sobre o mel está presente em todos os entrevistados que relatam um domínio
do gênero feminino sobre a confecção de remédios. O conhecimento a respeito do mel é transmitido
de geração para geração atrelado às atividades cotidianas. Distinguem-se os usos alimentar, estético
e medicinal, sendo este o mais usado. O mel pode ser utilizado desacompanhado como laxativo, com
ovo de galinha como fortificante ou associado com andiroba, copaíba, alho, algodão, urucum, cebola,
jataí (casca) de forma profilática ou curativa para doenças respiratórias.
Apoio: PROBIC/UNIFAP
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA E CICATRIZANTE
DE GÉIS CONTENDO EXTRATO
PADRONIZADO DE PRÓPOLIS –
EFICÁCIA PRÉ-CLÍNICA E CLÍNICA
Andresa A. Berretta; Juliana Maldonado Marchetti
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto, SP, Brasil. labandresa@apisflora.com.br
As lesões por queimaduras são a terceira causa de morte acidental em todas as faixas etárias,
sendo que 75% dessas lesões resultam da ação da vítima e ocorrem no ambiente domiciliar. A própo-
lis, produto elaborado pelas abelhas, apresenta potencial antimicrobiano, cicatrizante, etc. Assim,
foram desenvolvidos géis termorreversíveis contendo extrato padronizado de própolis (EPP-AF) a
1,2%, 2,4% e 3,6%, fornecido pela Apis Flora Ltda (Pedido Patente PI0405483-0). O objetivo foi
avaliar a atividade antimicrobiana in vitro e a redução do tempo de cicatrização in vivo. Avaliou-se
a atividade antimicrobiana através da difusão em agar e a concentração inibitória mínima (CIM) por
microdiluição em microplacas, frente aos microrganismos Staphylococcus aureus, Micrococcus lu-
teus e Pseudomonas aeruginosa. A atividade cicatrizante foi avaliada em incisões cirúrgicas no dorso
de ratos wistar e em áreas doadoras de pacientes queimados (Unidade de Queimados, HC-FMRP-
USP). Os resultados demonstraram que os extratos de própolis, bem como os géis demonstraram
atividade antimicrobiana através das metodologias empregadas, sendo que a CIM foi de 50 e 200 ug/
mL, respectivamente, para S. aureus e P. aeruginosa. Observou-se que a lesão provocada nos animais
não tratados obtém a cicatrização da área em sete dias. Com a aplicação do gel contendo 3,6% de
própolis a recomposição epitelial e a melhor organização das fibras do tecido conjuntivo se deu em
três dias de tratamento. Quanto à pesquisa clínica, observou-se que o tempo de cicatrização com a
nitrofurazona (medicamento referência) foi de 10,18 ± 2,48 dias, enquanto com o gel de própolis foi
de 9,75 ± 2,11. Palavras-chaves: queimaduras, gel