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Projeto BEL:

implantação de uma
rede telemática
aberta e neutra
Catalogação na fonte feita por Dagmar Spring – CRB 09/1377

C782 Companhia Paranaense de Energia


Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra /
Companhia Paranaense de Energia; Marcos de Lacerda Pessoa et al.
-- Curitiba: COPEL, 2010.
100 p.

Apresentação de Carlos Eduardo Moscalewsky (Superintendente


de Telecomunicações da COPEL)

1. Sistema de telecomunicação. 2. Internet. 3. Sistema de


comunicação em banda larga. I. Pessoa, Marcos de Lacerda et al.
II. Título.

CDD 621.38
CDU 621.39

COPEL Telecomunicações S. A.

DIRETORIA
Rubens Ghilardi
Diretor Presidente
Antonio Rycheta Arten
Diretor de Administração
Paulo Roberto Trompczynski
Diretor de Finanças, Relações com Investidores e de Controle de Participações
Raul Munhoz Neto
Diretor de Telecomunicações
Zuudi Sakakihara
Diretor Jurídico
Moacir Mansur Boscardin
Diretor Adjunto
CONTEÚDO
APRESENTAÇÃO, 5
Carlos Eduardo Moscalewsky

INTRODUÇÃO, 9
Marcos de Lacerda Pessoa

1 Novos negócios nas telecomunicações da COPEL, 13


Marcos de Lacerda Pessoa
Marcelo Vinícius Rocha

2 Plataforma de usuários BEL, 25


Jomar Nelson Serrano Bogusz

3 Agregação, 33
Aloivo Bringel Guerra Junior
Jefferson Augusto Soletti
Julio Eduardo Martins

4 Parâmetros que impactam no resultado de um modelo de análise de


projeto (BEL) ou na precificação de serviços em telecom, 37
Jun Kitagawa

5 Dimensionamento do backbone, 43
Antonio Carlos Wulf Pereira de Melo

6 Gerenciamento da rede no Centro de Operação, 47


Ednei Teruaki Iamaguti

7 Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada, 51


Alceu Aroldo Schwingel

8 O processo de ativação no contexto BEL, 61


Marcus Vinicius Pissinatti Bilhão

9 Disco Virtual e CDN como infraestrutura de produtos para terceiros, 65


Aloivo Bringel Guerra Junior
Julio Eduardo Martins
10 Desenvolvimento e integração do sistema BIT, 73
Marcos Roberto dos Santos

11 Capacitação de profissionais da Operação, 77


Pedro Catine de Lima

12 A necessidade de atualização permanente de conhecimentos para o


desenvolvimento do novo modelo estratégico da COPEL
Telecomunicações, 81
Marcos Miguel Ferigotti

13 Smart Grid, 89
Jackson Antonio Lis
APRESENTAÇÃO

A comunicação é tão essencial à inclusão social e ao desenvolvimento econômico


quanto estradas, saneamento ou energia elétrica e precisa estar disponível a todos e em
qualquer lugar.

Estudos recentes efetuados pela Cisco, demonstram que, em qualidade da banda larga,
o Brasil está em 38º lugar em comparação a outros 42 países.

A questão que se coloca é a seguinte:

O Brasil tem um serviço de banda larga péssimo porque é um país subdesenvolvido que
tem uma distribuição de renda injusta ou é subdesenvolvido e socialmente injusto por
não ter uma banda larga adequada?

Os estudos realizados pelo Banco Mundial (Net Impact), demonstram que uma rede de
banda larga de alta capacidade pode contribuir significativamente para o aumento da
produtividade, da renda, do nível de emprego e reduzir as desigualdades entre ricos e
pobres mais rapidamente e que essas redes serão os pilares da nova sociedade.

A universalização da comunicação se dará, não através da telefonia fixa como se


pensava anteriormente, mas através da Internet que é o meio através do qual os
serviços de comunicação podem ser disponibilizados.

Não faltam provedores de serviço ou soluções de comunicação sendo desenvolvidos


pelo mundo afora. O que está faltando são as redes de alta capacidade que permitam
que estes serviços cheguem até os usuários.

A explicação para isso é que a rede é um monopólio natural e por isso as regras de
mercado não são suficientes para regular a sua oferta.

Na energia elétrica existe uma rede de distribuição única, transportando energia de


qualquer gerador até o cliente final, em condições justas e isonômicas.
Este mesmo modelo pode e deve ser aplicado a telecomunicações, para promover a
universalização e a competição entre os diversos prestadores de serviço, já que está
evidente que o modelo atual adotado no Brasil realmente não funciona para atender a
população de forma adequada.

Trata-se de separar o fornecimento da rede da prestação de serviços, como já está


sendo feito em outros países, mas aplicado às novas redes a serem construídas por
outros agentes, independentes das concessionárias de telefonia fixa.

A COPEL, através de sua subsidiária COPEL Telecomunicações, está muito bem


preparada para construir, manter e operar esta nova rede de banda larga, pois já possui
uma rede de comunicação de alta capacidade que fornece serviços para as operadoras
de telecomunicação, grandes empresas, provedores de Internet e órgãos públicos, todos
extremamente satisfeitos com a qualidade do serviço prestado.

Está presente em todo o Paraná, tem capacidade de investir no longo prazo e é


reconhecida por todos os paranaenses por sua competência e seriedade.

Além disso, precisa de conectividade em toda a sua rede elétrica para atender a
implantação das redes de energia inteligentes (smart grid).

Para isso, a COPEL está instalando redes de fibras óticas passivas, próprias para
atendimento em regiões centrais das cidades, com capacidade muito superior às redes
metálicas existentes, e utilizando um modelo de negócio que permite que estas redes
sejam compartilhadas por múltiplos serviços (voz, dados, TV, vídeo, segurança, etc), que
podem ser fornecidos por qualquer operador qualificado. A relação entre os provedores
de serviço e os clientes será operada pela COPEL através de uma plataforma de
software que já está sendo desenvolvida.

Os provedores poderão optar entre contratar serviços de rede (bit stream) ou compor
pacotes de serviço com a Internet da COPEL (plataform unbundling).
Esse é o projeto BEL, por meio do qual o cliente vai ganhar serviços mais eficientes, com
liberdade de escolha e preços justos. E o Paraná vai ganhar mais empregos,
produtividade e haverá aumento de renda, pois é isso que uma rede, como a
preconizada no BEL, proporciona. Adicionalmente, os fornecedores de serviço ganharão
a oportunidade de poder concorrer com os monopólios existentes.

Mas tudo isso não precisa ficar restrito somente ao Paraná. Aquilo que se disse sobre a
COPEL também é válido para outras distribuidoras de energia elétrica púbicas ou
privadas. Através de subsidiárias que detenham licença de Comunicação Multimídia, as
empresas distribuidoras de energia poderão ingressar em um novo negócio, promissor e
bastante sinérgico com a sua atividade original, para atender não só suas próprias
demandas, mas as de toda a sociedade.

Carlos Eduardo Moscalewsky


Superintendente de Telecomunicações da COPEL
INTRODUÇÃO

O Paraná é o estado da Região Sul que mais avançou no número de pessoas com
acesso à Internet, entre 2005 e 2008. Em 2008, 40,2% – ou 3,6 milhões – dos
paranaenses acessavam a rede, ante 25,8% registrados em 2005.

Por meio do programa Paraná Digital, todas as mais de 2.100 escolas públicas estaduais
foram interligadas em banda larga, seja por meio de fibra óptica da COPEL, seja por
satélite.

Apesar desses significativos avanços na inclusão digital, ainda há 5,4 milhões de


pessoas no estado sem acesso à Internet. Em nível nacional, a rede é inacessível a
104,7 milhões de brasileiros, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), que foram divulgados pelo IBGE.

O aumento no número de usuários no intervalo da pesquisa ocorreu especialmente entre


os mais pobres e menos escolarizados, o que demonstra que o acesso está sendo
democratizado.

No ranking de acesso à Internet, o Paraná divide com Santa Catarina o quarto lugar com
maior percentual de população incluída digitalmente. Quem lidera é o Distrito Federal,
com 56,1%, seguido por São Paulo (43,9%) e Rio de Janeiro (40,9%). Logo atrás estão
Mato Grosso do Sul (39,2%), Rio Grande do Sul (36,3%) e Roraima, que saltou de
13,6% em 2005 para 35,3% em 2008.

Tanto na média nacional, quanto no Paraná, a pesquisa também demonstrou que a


maior finalidade para o uso da Internet é a comunicação com outras pessoas, seguida de
educação e aprendizado, sendo que as atividades de lazer pela rede seguem em
terceiro lugar.
O fato é que a importância da web na comunicação entre as pessoas e no acesso
dessas a informações dos mais variados tipos, está crescendo rapidamente. Em
dezembro de 2009, o jornal Gazeta do Povo chegou a declarar que “a Internet tomou
conta da cultura”! Isso se deve ao fato de que, hoje, basta um computador ligado à
Internet para que se tenha acesso a praticamente qualquer filme, livro ou música.

Além disso, a Internet já permite a chamada Computação em Nuvem, por meio da qual
os dados pertencentes a um determinado usuário são automaticamente sincronizados na
rede, que os disponibiliza a essa pessoa, a qualquer tempo e lugar. Na pré-história da
Internet, tudo devia estar instalado ou armazenado no computador. Hoje, com a nuvem,
tudo é acessado por meio da rede. “A cultura já está on-line. Qualquer mídia pode ser
digitalizada com vantagens econômicas para a indústria. O que vemos agora é a Internet
se tornando o principal suporte de acesso à cultura e ao entretenimento”, observa o
estudioso norte-americano Nicholas Carr, autor de A Grande Mudança (editora
Landscape), que defende que a nuvem está mudando a sociedade de forma tão
profunda quanto a energia elétrica nos últimos cem anos.

Apesar dessa evolução, segundo a NIC.br, 34% dos acessos residenciais à Internet na
região Sul do país ainda são feitos por linha discada; e 50% por meio de ADSL ou cabo
de TV, não havendo praticamente ligações residenciais em fibras ópticas. Além disso,
74% dos acessos residenciais ainda são realizados a taxas inferiores a 600Kbps, sendo
apenas 2% acima de 2Mpbs. Essa é uma situação de extrema inferioridade em relação a
países mais adiantados, considerando que a taxa média de acesso residencial é de
94Mbps no Japão e de 43Mbps na Coreia do Sul e na França.

A área de telecomunicações da COPEL está se estruturando para vir a colaborar com a


alteração desse cenário. A esse respeito, reformulou recentemente a sua Missão e
Visão:
Missão

Promover o desenvolvimento do Paraná através das telecomunicações,


contribuindo para a cooperação e a integração entre governos, academia,
iniciativa privada e terceiro setor.

Visão

Ser reconhecida, até 2020, como a melhor integradora de soluções de telemática


do Paraná.

Para que se alcancem os objetivos propostos, a área de Telecomunicações da COPEL


deve inovar nos seus produtos, serviços e processos.

Com o projeto BEL, cuja concepção inicial foi apresentada em 2009 no livro “Projeto
BEL: a COPEL Telecomunicações pensada estrategicamente, em equipe”, e que agora é
tratado de forma mais prática e objetiva na presente publicação, várias inovações serão
introduzidas, como por exemplo, as seguintes:

– o acesso, tanto por parte do público corporativo como residencial, à Internet em Banda
Extra Larga, de alta confiabilidade e com taxas compatíveis àquelas existentes nos
países mais avançados;

– a facilidade para os usuários montarem os seus próprios pacotes (bundles) e poderem


optar por pelos provedores de serviços que desejarem (de Internet, TV, telefone, etc.);

– a possibilidade de haver uma única infraestrutura como meio de transporte de


informações (fibra óptica passiva), o que proporciona uma enorme vantagem aos
clientes, a despoluição visual nos postes das cidades e uma substancial economia;

– o acesso a uma grande quantidade de aplicativos e conteúdos digitais, a serem


desenvolvidos por futuras empresas parceiras da COPEL.
Em adição ao projeto BEL, a COPEL deverá, também, incrementar sua atuação na área
da universalização dos serviços de telecomunicações, como ela já fez com a energia
elétrica. Isso deverá ser realizado com tecnologias alternativas, que estão sendo
estudadas e testadas pela empresa.

E a COPEL procurará, ainda, fomentar o empreendedorismo inovador no Paraná, por


meio do projeto BEL-i9, a ser desenvolvido em parceria com as universidades, centros
de pesquisa, governos, empresas e sociedade civil, cujo propósito é incentivar a criação
e o desenvolvimento de novas empresas para gerarem produtos e serviços a serem
comercializados na plataforma BEL.

O presente livro possui uma série de capítulos, alguns mais técnicos e outros menos,
mas todos focando aspectos de grande relevância na implementação do BEL.

Outras questões a respeito dessas iniciativas da área de telecomunicações da COPEL,


que não são tratadas neste livro, poderão ser esclarecidas pelo nosso pessoal de
atendimento, por meio do telefone 0800-414181 ou através do e-mail
telecom@copel.com.

Boa leitura!

Marcos de Lacerda Pessoa


Editor
1 Novos negócios nas telecomunicações
da COPEL
1
Marcos de Lacerda Pessoa
2
Marcelo Vinicius Rocha

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


1
marcosp@copel.com
2
marcelo.rocha@copel.com

1 Introdução

As mais diversas mudanças ocorridas na área das telecomunicações, em especial na última


década, geraram um crescimento excepcional desse setor no Brasil, a ponto de o país contabilizar,
no ano de 2009, cerca de 152 milhões de celulares habilitados e um aumento considerável na
comercialização de banda larga.

Preços mais acessíveis, aumento da oferta com uma variedade de planos de serviços, opção pela
modalidade pré-paga, diferentes alternativas tecnológicas e Internet em banda larga, ainda que
estejam em evolução, já proporcionaram um grande impacto econômico-social.

Nas plataformas totalmente digitais, constata-se que um determinado conteúdo já pode ser
acessado a partir de diversos tipos de terminais, podendo-se, por exemplo, assistir a um mesmo
vídeo através da TV, do computador ou do aparelho celular.

Nesse cenário, o atual desafio das operadoras é promover a modelagem deste ambiente formado
por diferentes tipos de meios, serviços e conteúdos, de modo viabilizar a composição de pacotes
(one stop shopping), proporcionando ao cliente o conceito de “felicidade de uso”: boas
experiências obtidas pela convergência de meios, faturas, atendimento e suporte.

Os pacotes são formatados como um somatório de serviços e conteúdos, em geral incluindo voz
(telefonia fixa ou móvel), Internet e TV por assinatura.

Considerando que a tendência para constituição de pacotes está movimentando o setor e ao


mesmo tempo vem obrigando as operadoras a realizar profundas mudanças em seus planos de
negócios, portfólios de serviços e processos, vale destacar que tal diversificação implica o
rompimento do modelo tradicional de provimento de voz e dados para uma atuação que inclui o
fornecimento de aplicações e conteúdos.

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 13


Apesar de o cenário indicar a necessidade dessas transformações, ainda se verifica um certo
descontentamento por parte da demanda, visto que as ofertas são pré-formatadas e comumente
inflexíveis, nas quais o cliente precisa adequar-se ao produto ao invés de ocorrer o contrário. A
viabilização de modelos de negócios mais abertos e flexíveis, possibilitando a criação de pacotes
que verdadeiramente satisfaçam às necessidades do cliente, proporcionaria um importante
diferencial competitivo e oportunidade para criação de novas demandas para nichos específicos,
através da personalização de serviços.

No presente capítulo é apresentado um novo modelo de negócios, que está sendo implementado
na empresa COPEL Telecomunicações, cujo objetivo é prover pacotes customizados, criar novas
demandas, garantir maiores opções de escolha aos clientes e melhorar o atendimento, o que
deverá ser viabilizado por meio da integração de serviços providos por terceiros. Com isso,
pretende-se atingir novos mercados, como por exemplo, o residencial, ainda não atendido pela
empresa.

2 COPEL Telecomunicações: um breve histórico

A COPEL atua no Paraná como prestadora de serviços de telecomunicações desde 1998, ano que
marca o início efetivo da competição na área das telecomunicações no Brasil.

A quebra do monopólio estatal e a posterior privatização do setor habilitou a entrada de novos


players no mercado. Entretanto, o início da operação era algo bastante dificultoso para todos, uma
vez que as heranças do modelo estatal perduraram como obstáculos durante muito tempo, dentre
os quais pode-se destacar a unicidade da rede física de transporte e acesso.

Neste contexto, o Estado do Paraná ficou posicionado em condição privilegiada, haja vista que a
rede de fibras ópticas da COPEL passou a constituir um importante diferencial competitivo e um
significativo instrumento de estímulo à competição.

Posicionada com imparcialidade e como uma operadora focada não só na alavancagem de seus
negócios como no desenvolvimento do Estado, a COPEL, através de sua rede de fibras ópticas,
ajudou a instigar a competição e contribuiu, naquele momento, para o crescimento mais acelerado
dos novos “entrantes”, em especial, das operadoras de celulares que contrataram meios de rede
da COPEL para interligação de suas centrais e sites.

O ambiente mercadológico promissor aliado ao interesse do Estado em fomentar o


desenvolvimento através de uma infraestrutura de telecomunicações contribuíram para, em 2001,
a COPEL constituir uma subsidiária integral específica: a COPEL Telecomunicações S.A.

No contexto de provedora de conexão para outras operadoras, a COPEL Telecomunicações


passou a atender praticamente a todas as grandes empresas do setor presentes no Paraná, fixas
e celulares, ratificando uma atuação imparcial e passando a ser reconhecida de forma altamente
positiva nos quesitos de confiabilidade e de qualidade de atendimento.

De modo a ampliar sua participação no mercado passou, então, a estender o seu portfólio para o
mercado corporativo, dando início à prestação de serviços diretamente ao cliente final, em

14 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


particular para empresas interessadas em conexão de rede e acesso à Internet com alta
confiabilidade e disponibilidade.

Durante os dois últimos anos, a fim de manter-se competitiva, suportada por uma plataforma IP
orientada ao provimento de multisserviços, a COPEL Telecomunicações vem realizando
adequações em suas ofertas de serviços com uma frequência cada vez maior. Todavia, a
propensão para passar a combinar serviços e aplicações acarreta agora um novo desafio, qual
seja, o rompimento de um modelo unicamente voltado ao fornecimento de conexão e Internet para
a disponibilização de plataformas que também possibilitem ao cliente montar seus planos e
pacotes de forma personalizada.

Figura 1: Plataforma convergente

Com isso, a empresa poderá avançar com mais facilidade para outros nichos de mercado,
incluindo residências, aproveitando o conhecimento e a experiência, na área de varejo, da sua
“empresa mãe”, a COPEL - Companhia Paranaense de Energia.

3 Aplicação e conteúdo: mudança na cadeia de valor

O desenvolvimento das telecomunicações no país certamente deve muito à competição.


Estimulada por um modelo regulatório voltado a este fim, ela vem garantindo papel de destaque na
evolução acelerada do setor.

Manifestada para o cliente na forma de opções de escolha, a competição trouxe diversidade de


planos, terminais subsidiados, tarifas flat, promoções sazonais, descontos e vários outros
benefícios. Com participação mais ou menos significativa, todos acabam sendo diferenciais
competitivos e importantes mecanismos de fidelização. Todavia, ao longo do tempo tudo isso vem
perdendo força, à medida que muitos passam a oferecer as mesmas facilidades.

No âmbito tecnológico, existem diferentes meios de acesso e inúmeras variações de equipamentos


que criam oportunidades específicas para as operadoras e benefícios para os clientes. Entretanto,
ao analisar a qualidade dos serviços sob este aspecto, a uniformidade é cada vez mais aparente, a

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 15


ponto de um cliente residencial não mais escolher o acesso à Internet pela tecnologia (ADSL por
par metálico, cable modem, WiFi, fibra óptica, etc.), mas sim por outros atrativos oferecidos pelo
prestador, tais como: contratação de pacotes, qualidade de atendimento, facilidade de pagamento,
mobilidade e preço.

Devido à sensibilidade da aplicação, existem situações em que a tecnologia ainda se mantém


como diferencial. É o caso da fibra óptica que, por garantir conexões em taxas não alcançadas por
outros meios, posiciona-se como a melhor opção, por exemplo, para situações que demandem
banda extra larga. E este meio deverá, também, constituir-se como um grande diferencial
competitivo para clientes residenciais, à medida que seus custos se tornem mais atraentes.

Independente do meio (tecnologia), o fornecimento de aplicações e conteúdos, devido à maior


tangibilidade e afinidade com o negócio do cliente, garante a maior aproximação da prestadora
junto ao mesmo, sendo que, no atual cenário competitivo, a busca por essa relação mais estreita
passa a ser cada vez mais essencial.

4 Novos Negócios: a necessidade do pensamento sistêmico para o futuro empresarial

Os autores entendem que a acelerada evolução e o progressivo incremento da competição trazem,


à prestadora de serviços de telecomunicações, o desafio de posicionar-se como uma empresa
flexível voltada ao desenvolvimento do pensamento sistêmico, no sentido de concentrar a
estratégia não apenas em previsões tecnológicas ou em objetivos fixos, mas sim, e principalmente,
na capacidade de adaptar-se e de aprender mais rapidamente do que seus concorrentes [3].
Associar o crescimento empresarial tão somente com a excelência tecnológica, por exemplo,
passa a ser algo bastante arriscado. Obviamente, o permanente acompanhamento do cenário
tecnológico continua sendo importante, mas é através da participação mais estreita do cliente, no
estabelecimento de portfólios mais adequados às suas reais necessidades, que a prestadora deve
direcionar, e estar sempre ajustando, seus processos internos, bem como suas plataformas de
serviços e de aplicações.

Ao contrário do que pode parecer, o foco no cliente não afasta o ineditismo tecnológico. Tal
aproximação favorece o aprendizado, contribui para o desenvolvimento de soluções conjuntas e,
consequentemente, proporciona um ambiente muito mais orientado à customização e à inovação.
A empresa prestadora de serviços de telecomunicações que se mantiver alheia a isso, modelando
negócios focados unicamente na comercialização de conexão, ou que apostar exclusivamente em
novas tecnologias, pode colocar os seus negócios e o seu futuro em risco, em virtude da rápida
comoditização desses elementos e do gradativo afastamento que tal posicionamento trará ao
longo do tempo em relação às reais necessidades do cliente.

Apesar do fato de que o detentor de infraestrutura de rede de acesso encontra-se, atualmente, em


condição favorável em relação aos seus negócios, a ascensão na cadeia de valor precisa,
necessariamente, ser profundamente analisada sob o ponto de vista estratégico, haja vista que a
mudança de comportamento será permanente e caminhará na direção da comodidade e
satisfação.

16 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


5 Comodidade, confiabilidade e qualidade do atendimento ao cliente

Embora a evolução do setor tenha sido significativa nos últimos anos, as diversas benesses
trazidas pelo ambiente competitivo confrontam-se com questões ainda não totalmente
solucionadas, em especial no campo do atendimento ao cliente e da universalização de serviços.

Analisando a questão do atendimento ao cliente, na concepção de que o mercado caminharia para


a autorregulação e que a melhoria do atendimento seria uma consequência da competição, o
regulador optou em abrandar as regras no regime privado no intento de não interferir
demasiadamente para não prejudicar. Todavia, a realidade atual sinaliza um notório descompasso
entre um grande crescimento do setor e uma insatisfatória qualidade de atendimento, constatada
pelas inúmeras reclamações por parte dos clientes.

Diante da passividade das empresas em investir para melhorar a qualidade do atendimento ao


cliente, retorna ao poder concedente a responsabilidade de interferir e atuar em prol do
consumidor. Em vigor desde 2008, o Decreto n.° 6.52 3, que fixa as normas gerais sobre o serviço
de atendimento ao consumidor por telefone, é uma demonstração recente da necessidade de
intervenção diante da ineficiência das empresas na solução de problemas relacionados ao
atendimento.

De maneira geral, a intervenção do Estado ou do regulador voltada à defesa dos clientes é sempre
positiva. Contudo, para o setor de telecomunicações, não se deve afastar a relevância primária da
regulação focada na competitividade e no estímulo à entrada de novos players.

Apesar da imagem negativa do setor no quesito atendimento, comprovada pelas estatísticas dos
órgãos de defesa do consumidor, os autores entendem que a generalização é injusta e inoportuna.
Empresas como a COPEL Telecomunicações, que atuam no segmento corporativo, ou mesmo
algumas empresas entrantes que comercializam no varejo, vêm ganhando a confiança de seus
clientes e o reconhecimento pelo seu bom atendimento.

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 17


Tabela 1: Pesquisa de satisfação realizada pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisa Socioeconômicos
em agosto de 2008 junto aos clientes corporativos da COPEL Telecomunicações.

Escala de Escala de satisfação (ISG)


satisfação Nem insat. Total
Muito Muito
(IAC) Insatisfeito nem Satisfeito
insatisfeito satisfeito
satisf.
Muito 0 0 0 0 0 0
insatisfeito (0,00) (0,00) (0,00) (0,00) (0,00) (0,00)
0 1 1 0 0 2
Insatisfeito
(0,00) (0,25) (0,25) (0,00) (0,00) (0,50)
Nem 0 0 1 1 2
4
98,49%
insatisf. (0,00) (0,00) (0,25) (0,25) (0,50)
97,25% (1,00)
Nem satisf
0 0 2 11 10 23
Satisfeito
(0,00) (0,00) (0,50) (2,76) (2,51) (5,76)
Muito 0 1 2 15 352 370
satisfeito (0,00) (0,25) (0,50) (3,76) (88,22) (92,73)
0 2 6 27 364 399
Total
(0,00) (0,50) (1,50) (6,77) (91,23) (100,00)

98%

6 O cliente dentro da empresa

Provimento de pacotes (serviços de telecomunicações + aplicações + conteúdos), qualidade de


serviço e bom atendimento constituem, conjuntamente, a base sustentável para a COPEL
Telecomunicações manter-se competitiva no âmbito corporativo e um passo importante rumo ao
ingresso no mercado residencial. Ainda assim, sustentar a busca por novas soluções, em conjunto
com o cliente, é requisito fundamental para a preservação da confiança e consequente fidelização.

Por esse prisma, os autores entendem que “mercado” não deve ser um conceito abstrato, posto
ser constituído por pessoas, que são “únicas” nas suas características e nos seus desejos. E se o
cliente é “único”, torna-se natural – e essencial – que se lhe ofereçam serviços personalizados.

Se por um lado é necessária a soma de esforços para estabelecer uma estratégia diferenciada de
negócios e serviços para um mercado altamente competitivo e complexo, por outro, o verdadeiro
diferencial competitivo estará fundamentalmente ancorado na alta satisfação proporcionada aos
clientes, que realizarão o julgamento de qualidade e valor, por suas próprias percepções.

O enfoque ora sugerido é o de uma maior participação “no cliente” por considerar que versatilidade
e flexibilidade são os principais mecanismos de personalização do atendimento, de forma a
estabelecer as melhores condições para bem servir e fidelizar clientes numa visão estratégica de
ativo intangível e não copiável. Para isso é preciso aumentar a oferta de produtos e serviços para
cada cliente através da integração com ofertas oriundas de parceiros.

18 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


7 O papel da integradora de serviços

O dinamismo do ambiente aumenta consideravelmente quando abordado sob a ótica do cliente


constituir seus próprios pacotes. Isso passa a ser crucial, na medida em que as telecomunicações
passam a se confundir com aplicações e conteúdos. A infinidade de aplicações que se renovam
em curtos intervalos de tempo, acrescida do imprevisível volume de conteúdos gerados para a
Internet a cada dia, comprovam a intensa velocidade da mudança que estamos vivenciando.

Nesse cenário diversificado, a atuação isolada no provimento de pacotes fica comprometida e a


busca por complementaridade de serviços através de acordos com outros players de
telecomunicações, empresas de informática e provedores de conteúdo, vai se mostrando
indispensável.

Ratificada a propensão estratégica de aumentar a base de clientes corporativos e de diversificar o


portfólio, a COPEL Telecomunicações deve passar a se posicionar como uma integradora de
soluções que, através de terceiros, agrega serviços, aplicações e conteúdos voltados ao cliente,
bem como outros insumos orientados ao desenvolvimento de novos negócios.

Tabela 2: Exemplos de aplicações, conteúdos e serviços de valor agregado.

EXEMPLOS DE APLICAÇÕES, CONTEÚDOS E SERVIÇOS AGREGADOS


RESIDENCIAL CORPORATIVO
Jogos interativos Cloud computing
Músicas Acesso remoto a sistemas corporativos
Aplicativos sociais Monitoramento remoto de máquinas e equipamentos
Softwares para segurança de rede Acesso a serviços de outros prestadores
Streaming audiovisual (filmes, seriados, outros) Serviços de localização e rastreamento de frota
Hospedagem Automação de força de vendas e de equipes de campo
Localização Monitoramento remoto para segurança patrimonial
Vídeo-conferência Aplicações de telemedicina
Vídeo mensagem Videoconferência e treinamento à distância
Segurança patrimonial Canais de propaganda e divulgações
Informações de tráfego Incorporações de serviços móveis
Ensino à distância Comodato de equipamentos e terminais
Serviços de TV por Assinatura Softwares de segmentos
Serviços de Telefonia e VoIP E-commerce

A sustentabilidade do modelo de negócio entre COPEL Telecomunicações e fornecedores


depende, obviamente, do estabelecimento de uma relação “ganha-ganha” no âmbito contratual,
todavia será através da adequação e do realinhamento de processos que se obterá a sinergia
adequada para operacionalização do modelo.

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 19


8 O conceito de rede aberta: unbundling de plataforma

Não obstante às limitações regulatórias que ainda avançam na direção da convergência e da


unificação das autorizações, a regulamentação atual não é fator impeditivo para a viabilização do
modelo proposto no presente capítulo.

Sob a ótica contratual, na relação da COPEL Telecomunicações com outros prestadores de


serviços de telecomunicações, o modelo se sustenta, essencialmente, na aplicação do conceito de
unbundling (desagregação de rede), modalidade que ainda depende de resolução específica, mas
que já vem sendo aceita e até instigada pela Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL.

O unbunling, por ser matéria já regulada em vários países, vem sendo tratado em 4 variações:

• FULL UNBUNDLING: desagregação plena, a prestadora aluga o meio de acesso até o


cliente final para outra prestadora de serviços de telecomunicações, sem restrição de uso
do espectro de radiofrequências.

• LINE SHARING: desagregação compartilhada, a prestadora aluga o meio de acesso até o


cliente para outra prestadora, com restrição de uso do espectro de radiofrequências do
respectivo meio. Comumente aplicado ao par metálico para separação do serviço de
telefonia do serviço de banda larga (ADSL).

• BIT STREAM: desagregação da rede mediante fornecimento de banda, quando a


prestadora detentora do acesso fornece uma banda para que outro prestador acrescente
seus serviços.

• UNE-P (Unbundled Network Element – Platform): desagregação de plataforma,


caracterizada pelo fornecimento, pela prestadora detentora da rede, de uma plataforma
genérica de acesso, transmissão, comutação, sinalização e outros elementos, para outras
prestadoras de serviços de modo a viabilizar a oferta de uma variada gama de serviços
e/ou aplicações.

As variações mencionadas acima possuem influência tecnológica e a opção mais adequada


dependerá da análise objetiva de cada caso. Todavia, aliando a migração das telecomunicações
para o “mundo IP”, com a plataforma de serviços adquirida pela COPEL Telecomunicações, a
variação UNE-P será, certamente, a modalidade mais aplicada no caso de implantação do modelo.

Vale destacar que a ANATEL, através da Resolução n°516/ 2008, aprovou o Plano Geral de
Regulamentação, documento que define as matérias que serão tratadas pela Agência nos
próximos anos e, dos assuntos relacionados no curto prazo, apresenta-se o unbundling em suas 4
variações.

9 A rede pelo enfoque de valor social

O posicionamento como integradora traz ainda oportunidades para o desenvolvimento social do


Estado do Paraná, não no contexto de universalização que merece abordagem específica, mas na
medida em que a COPEL Telecomunicações passe a atuar como partícipe em projetos
sustentáveis dirigidos à melhoria da qualidade dos serviços públicos.

20 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


A universalização de serviços tem caráter evolutivo e apresenta contrastes dependendo do local
de estudo. Enquanto algumas localidades brasileiras ainda aguardam a disponibilidade de telefonia
fixa, outras, mais “universalizadas”, revelam a carência por banda larga e mobilidade. Para garantir
eficácia plena nos programas de universalização, seja qual for o serviço, faz-se necessário ir além
da disponibilidade do acesso, fator essencial, mas que por fim tende a se confrontar com o baixo
poder aquisitivo da população. Sendo assim, a massificação do acesso precisa vir acompanhada
de políticas públicas orientadas à modicidade de preços e tarifas, sejam elas diretas ou indiretas.

O conceito de valor ou de criação de valor social na rede está implícito na relação entre maximizar
os benefícios diretos ou indiretos para o cidadão, minimizando o seu tempo e esforço para obter os
resultados esperados. Como exemplo, atualmente a COPEL Telecomunicações já está
interligando em rede todos os órgãos da administração pública do Estado, sendo que já conectou
mais de 2.200 escolas estaduais, que já se beneficiam desta rede não somente pelo acesso à
Internet pela ótica da inclusão digital, mas também, como meio para a melhoria da gestão e de
processos educacionais de acordo com as diretrizes e exigências da Secretaria de Educação do
Paraná (SEED), otimizando custos e recursos para fomentar as melhores práticas e consequente
incremento da qualidade de ensino para os alunos.

Pelo prisma da rede como o alicerce fundamental para o acampamento de aplicativos, conteúdos e
serviços à luz da missão de desenvolvimento, certamente é possível beneficiar a cidadania pelas
vertentes essenciais da educação, saúde, segurança e transporte, por meio da sinergia entre
governos, academia, iniciativa privada e terceiro setor.

10 Considerações finais

O objetivo do capítulo foi contextualizar o cenário em que a COPEL Telecomunicações está


inserida e apresentar uma proposta de novos negócios orientada ao crescimento da empresa, mas
que, ao mesmo tempo, esteja conciliada com o desenvolvimento socioeconômico do Estado do
Paraná.

A adoção de um modelo “aberto”, posicionando a empresa como uma integradora, gera maior
competitividade e oportunidades em comparação aos modelos comumente adotados pelas
prestadoras de telecomunicações, em que os terceiros são, exclusivamente, empresas
pertencentes ao mesmo grupo econômico.

Vale destacar que a sinergia procedente da atuação conjunta com terceiros e a maior aproximação
junto ao cliente final, assegurará à COPEL Telecomunicações um importante balizador à
ampliação da rede de transporte e de acesso, em complemento aos direcionamentos atualmente
imputados pelo governo do Estado e pela própria Companhia Paranaense de Energia.
Benefícios do modelo para o mercado:

• Acesso a pacotes (one stop shopping).

• Soluções customizadas.

• Transparência e comodidade.

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 21


• Manutenção e suporte integrados.

• Simplificação dos processos de pagamento de faturas.

• Maior rapidez no atendimento.

Benefícios e oportunidades para a COPEL Telecomunicações:

• Maior competitividade.

• Projetos com melhor relação CAPEX / OPEX.

• Maximização do uso da infraestrutura e dos recursos de rede.

• Projetos sustentáveis com governo e/ou terceiro setor para desenvolvimento de


aplicações setoriais voltados à inclusão social e a melhoria de serviços públicos.

• Maior “aproximação” com o cliente e consequente aumento da fidelização.

• Identificação mais rápida de pontos de melhoria.

• Maior atuação no interior do Estado do Paraná.

Benefícios e oportunidades para os terceiros:

• Expansão dos negócios no Estado do Paraná.

• Redirecionamento dos investimentos de infraestrutura de rede.

• Ambiente favorável ao desenvolvimento de novas aplicações.

Premissas para implementação do modelo no âmbito da COPEL Telecomunicações:

• Capacitar e desenvolver os empregados.

• Garantir um ambiente orientado à mudança e ao desenvolvimento.

• Garantir processos flexíveis.

• Implementar ferramentas compartilhadas de gestão e de colaboração (ERP/CRM).

• Diversificar os canais de comunicação com o cliente (pessoal, telefone e eletrônica).

• Modelo orientado para o compartilhamento de receitas e resultados.

11 Conclusão

A COPEL Telecomunicações deve se posicionar como uma integradora de soluções, de modo a


assegurar seu crescimento sustentável, garantindo maior participação no mercado corporativo,

22 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


entrando no mercado residencial e agregando valor à sua infraestrutura mediante ascensão na
cadeia.

O posicionamento como integradora não descaracteriza a imparcialidade da COPEL


Telecomunicações perante o mercado e passa a garantir uma significativa ampliação do rol de
oportunidades e de fomento ao desenvolvimento do Estado do Paraná.

12 Referências
[1] Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, http://www.anatel.gov.br, acesso em setembro de
2009.

[2] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.

[3] SENGE, Peter. A Quinta Disciplina. Rio de Janeiro, Editora Best Seller, 2008.

[4] Teleco: Inteligência em Telecomunicações, http://www.teleco.com.br, acesso em setembro de 2009.

[5] Telecom Online, http://www.telecomonline.com.br, acesso em setembro de 2009.

[6] Teletime, http://www.teletime.com.br, acesso em setembro de 2009.

Novos negócios nas telecomunicações da COPEL 23


2 Plataforma de usuários BEL

Jomar Nelson Serrano Bogusz

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


jsb@copel.com

1 Introdução

Plataforma é uma expressão utilizada para denominar a tecnologia empregada em determinada


estrutura de Telecomunicações ou Tecnologia da Informação, garantindo a facilidade de
integração desses diversos elementos.

Assim sendo, essa plataforma é a base de criação de um canal de comunicação via Internet, entre
cliente e empresa, onde os elementos integradores serão compostos de requisitos que atendam
aos processos de negócios da COPEL Telecomunicações e de seus parceiros.

2 Objetivo

Neste estudo, pretende-se apresentar os pontos relevantes desta plataforma, bem como seus
objetivos e os recursos utilizados para alcançá-los.

3 Necessidade da plataforma

Segundo o Ibope Nielsen Online, em julho de 2009, nas áreas urbanas, 97% das empresas e
23,8% dos domicílios brasileiros estavam conectados à Internet [1].

No primeiro semestre de 2008, as compras on-line somaram R$ 3,8 bilhões (45% mais do que
igual período de 2007). O ano fechou em R$ 8,2 bilhões (crescimento de 30% na comparação com
2007). A previsão para o primeiro semestre de 2009 era de R$ 4,5 bilhões, mas, mesmo com crise,
o faturamento foi de R$ 4,8 bilhões, 27% a mais em relação ao mesmo período de 2008 [1].

A Internet tornou-se o terceiro veículo de maior alcance no Brasil, atrás apenas do rádio e TV. Com
isso, a publicidade on-line tornou-se um fator importante de faturamento para diversas empresas.
As empresas de comércio eletrônico aceleram os investimentos para reformular seus sítios e
torná-los mais acessíveis, para manter por maior tempo o consumidor e estimular as vendas.

Plataforma de usuários BEL 25


Para que a COPEL Telecomunicações possa participar deste mercado emergente é de suma
importância a criação de uma plataforma que permita a empresa ofertar através da Internet seus
serviços e o de parceiros aos seus atuais e futuros clientes.

A plataforma abordará dois pontos importantes: uma maior proximidade entre cliente e empresa,
permitindo que haja um canal de acesso à informação e aos serviços hoje disponibilizados e a
materialização de novos negócios através de parcerias, soluções e serviços diferenciados.

Essa iniciativa estará alinhada à Visão da COPEL Telecomunicações.

Visão

Ser reconhecida, até 2020, como a melhor integradora de soluções de telemática do


Paraná.

4 Arquitetura da plataforma

A figura abaixo apresenta a arquitetura da plataforma. Os componentes de software que compõe a


solução e a ligação entre eles.

Figura 1: Arquitetura da Plataforma

26 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Portal (Canal de Comunicação)

Um portal é uma estrutura na web para apresentar informações de diversas fontes, de uma
forma unificada. Portais oferecem uma maneira para que as empresas forneçam um canal de
comunicação com uma aparência consistente, com controle de acesso e procedimentos para
múltiplas aplicações e bases de dados.

Sendo assim, a COPEL Telecomunicações disponibilizará aos seus clientes, de forma


integrada e segura, suas informações e os serviços ofertados.

• Segurança e Acesso (AAA - Autenticação, Autorização e Auditoria)

Devido à necessidade de garantia das informações, um sistema de segurança confiável será


disponibilizado. Para acessar a área de clientes, o sistema permitirá a autenticação,
autorização e auditoria. A autenticação se dará através da identidade (login) do usuário,
verificada pela sua credencial (senha). Após ser autenticado o processo de autorização
determina o que ele poderá fazer no sistema. A auditoria (accounting) é uma referência à
coleta da informação relacionada à utilização, dos recursos do sistema, pelos usuários. Esta
informação será utilizada para gerenciamento, planejamento, cobrança, etc.

O acesso pela plataforma à área de clientes será por este mecanismo, garantindo assim que
as operações realizadas são de inteira responsabilidade do cliente, salvo confirmada alguma
irregularidade por parte da empresa. Serão armazenados registros de todas as transações
efetuadas através do portal, data e hora, identificação IP, etc.

• Integração de Sistemas

A plataforma se utilizará de um modelo de integração que permita, através de padrões,


conversar com os sistemas de gestão empresarial, engenharia, legado e parceiros. A
definição dos padrões a serem utilizados, documentos para trocas de informações, estrutura
de dados, protocolos de comunicação, entre outros, fazem parte do trabalho de construção da
solução.

• Legado

Os sistemas do legado serão utilizados até que sejam substituídos. Os dados disponíveis
nestes sistemas comporão o conjunto inicial de informações e serviços a serem apresentados
aos clientes, parceiros e funcionários.

• Sistemas de Gestão Empresarial

A COPEL está adquirindo estas soluções para substituírem os atuais sistemas de


comercialização, faturamento, arrecadação, etc. O CIS (Customer Information System) e o

Plataforma de usuários BEL 27


ERP (Enterprise Resource Planning) serão os softwares oficiais da empresa e que conterão
todos os dados e funções referentes a esses assuntos. As informações e serviços necessários
para o uso no portal partirão destes sistemas.

• Sistemas dos Parceiros

A troca de dados entre a COPEL e seus parceiros num primeiro momento estará restringida a
informações de serviços / produtos comercializados pelo parceiro, suas campanhas
publicitárias e os registros de seu faturamento (co-billing). Estas informações serão sempre
submetidas e analisadas pela COPEL antes de estarem disponíveis no portal. A definição de
padrões que garantam a integridade e a negociação destas informações ocorrerá em
momento oportuno.

5 Estrutura do Portal

A apresentação da estrutura levará em consideração as questões técnicas relevantes para o canal


de comunicação da plataforma BEL. Esta construção será trabalhada e disponibilizada em
conjunto com a implantação dos softwares de gestão empresarial CIS e ERP.

5.1 Processos (procedimentos)

São os processos que orientam as macro atividades operacionais de telecomunicações. Estes


processos servirão de base para a definição dos requisitos sistêmicos e que serão utilizados para
a modelagem da solução. As atividades abordadas pela plataforma são: comercialização,
engenharia e operação, faturamento/arrecadação e o atendimento.

O material utilizado será o mapeamento executado pela equipe de processos da COPEL.

5.2 Apresentação (design)

O portal apresentará conteúdo aos clientes de maneira clara e acessível. Este conteúdo será
constituído de publicidade, informações institucionais, produtos e serviços, área de acesso aos
clientes, contatos e outras necessidades complementares.

Para obtenção de qualidade e confiabilidade, os padrões estabelecidos pelo Consórcio World Wide
Web (W3C) para a construção de aplicações e páginas da web deverão ser seguidos [3].

Complementam à sua construção a aplicação de estudos ergonômicos e apresentação gráfica


(formatação, cores, etc).

A identidade visual da COPEL será preservada.

28 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


5.3 Atendimento, informações cadastrais, serviços / produtos e históricos

A área de atendimento apresentará formas de contato entre o cliente e a empresa: telefones de


contato, e-mail, registros de manifestações (reclamações, elogios, dúvidas), FAQ's, etc. Duas
áreas vão existir, uma externa aberta a todos os visitantes do portal e uma interna disponível
apenas aos clientes cadastrados. O serviço de cotação (orçamento) estará contido em ambas as
áreas, mas para o aceite e a sua conclusão é obrigatório que o usuário esteja cadastrado. As
informações de análise de crédito do cliente também estarão disponíveis e apresentadas antes de
qualquer pacto contratual.

A princípio, na área interna, os itens preparados para utilização serão: consultas de informações
cadastrais, serviços consumidos, faturamento, contratos, acordos, descontos, acompanhamento
de solicitações, respostas a registros efetuados, históricos, etc. Novas contratações, solicitações
de serviços, autoprovisionamento (quando o serviço permitir e através da integração com sistema
especialista) e outras situações ainda não detectadas também deverão ser permitidas por este
acesso.

O cliente que utilizar o portal terá a sua disposição a lista de todos os serviços / produtos
comercializados pela COPEL Telecomunicações e por seus parceiros. Nesta listagem aparecerão
também as promoções, pacotes (bundles / combos) e campanhas.

O controle de fluxo das atividades (workflow), bem como as ordens de serviços agendadas, o
faturamento, arrecadação e outros são de inteira responsabilidade dos sistemas de origem (CIS,
ERP, legado, etc), mas suas informações serão disponibilizadas para apresentação pelo portal
utilizando-se a plataforma como integradora. O portal deverá possibilitar a expansão conforme
necessidade da empresa.

5.4 Contratos

A contratação dos serviços na maioria dos casos será on-line. Os clientes terão disponíveis no
portal os documentos para serem lidos na íntegra e um termo de aceite. O sítio necessita ser
validado por uma Autoridade Certificadora (AC) da ICP-Brasil [2]. Para que o sítio tenha total
garantia das transações, e por questões legais, torna-se necessário o uso da certificação digital
que deverá ser adquirida pela COPEL Telecomunicações.

É importante informar que essa tecnologia confere a mesma validade jurídica ao documento
assinado digitalmente do equivalente em papel assinado de próprio punho [2].

Os documentos serão produzidos em um formato portável de documento (PDF) bloqueado, para


evitar modificações por terceiros, e identificados por versões a medida que sofrerem alterações.
Para cada contratação estará identificada uma versão contratual e esta permanecerá até que haja
renovação do contrato (mantendo o histórico) ou um novo acordo entre as partes interessadas.

A aquisição da certificação digital será realizada em conjunto entre a COPEL Telecomunicações e


a área de segurança da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da COPEL.

Plataforma de usuários BEL 29


5.5 Publicidade e marketing

O portal terá áreas definidas para a apresentação de publicidade e marketing. Estas áreas serão
utilizadas pela própria COPEL e oferecidas aos seus parceiros para a apresentação de campanhas
e / ou promoções relacionadas aos produtos comercializados em parceria. As áreas no sítio
deverão ter tamanhos diferenciados e estar numa quantidade em que não ocorra poluição visual,
degradação do acesso ou atrapalhe a ergonomia.

O material de propaganda será enviado pelos parceiros e submetido a aprovação da COPEL


Telecomunicações. Este material possuirá um padrão único a ser definido quando concluído o
levantamento de requisitos da plataforma.

5.6 Pesquisas

Como o portal é um canal de comunicação, é viável possibilitar a criação de pesquisas e consultas


sobre assuntos diversos referentes aos clientes e parceiros. Por exemplo, perfil de acesso, região,
desistências, tempo de permanência no sítio, satisfação dos serviços, etc. Estas informações
poderão ser cruzadas com um sistema de CRM (Customer Relationship Management) e utilizadas
em estudos estratégicos para tomada de decisões.

As pesquisas deverão ser elaboradas de acordo com a necessidade de informação da COPEL


Telecomunicações em conjunto com a equipe da empresa que atue neste segmento.

6 Estrutura da integração

Esta será a estrutura que condensará a troca de informações entre os sistemas da COPEL
Telecomunicações e de seus parceiros. Os tópicos levados em consideração são: padrões,
documentos, procedimentos, estruturas de dados, protocolos de comunicação, serviços, softwares
de apoio, etc. As questões técnicas relevantes para que a integração funcione corretamente
dependerão do detalhamento de tais tópicos.

Parte desta definição dependerá de como estarão providas as soluções CIS e ERP que estão
sendo adquiridas. Geralmente estas ferramentas vem com softwares de integração que deverão
ser utilizados para compor a plataforma.

7 Infraestrutura da plataforma

A infraestrutura da plataforma levará em consideração a escalabilidade (horizontal e vertical) de


modo a atender um determinado número de acessos simultâneos baseado no volume de clientes
on-line estimado.

Os itens a serem avaliados e organizados são: modelo de equipamento a ser utilizado, sistema
operacional, banco de dados da aplicação, servidor web, firewall e antivirus, licenças de uso,
localização física, segurança, backup e plano de contingência, manutenção e operação.

30 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


A definição desta infraestrutura ocorrerá em parceria entre a COPEL Telecomunicações e a área
de suporte da STI. Esta definição será compatibilizada com a disposição dos novos sistemas de
gestão empresarial.

8 Conclusão

O mercado de comércio eletrônico está em constante crescimento e a sua abrangência é


gigantesca. As empresas já identificaram este evento e perceberam a necessidade de se adequar
a ele. A COPEL Telecomunicações, seguindo sua missão e visão, entrará nesse mercado e se
posicionará atuante, aumentando a satisfação dos seus clientes e corroborando sua marca, ainda
com a possibilidade de aumentar sua força de venda, a realização de novos negócios e a
disponibilização de novos serviços.

A COPEL Telecomunicações além de disponibilizar seus atuais serviços / produtos iniciará um


novo modelo de negócio através de parcerias. Este modelo necessitará de uma base tecnológica
que permita a comercialização e a troca de informações entre estes parceiros.

Em virtude destes cenários, se faz necessária a construção da plataforma BEL como uma ponte
para o novo modelo.

Como este documento baseou-se superficialmente sobre alguns apontamentos técnicos,


recomenda-se a continuidade dos estudos e uma análise aprofundada das questões apresentadas
para se obter o melhor modelo para esta plataforma.

9 Referências
[1] Ibope Nielsen Online. Estatísticas, dados e projeções atuais sobre a Internet no Brasil.
http://http://www.tobeguarany.com/internet_no_brasil.php. Acesso em 18/10/2009.

[2] Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI. Certificação Digital.


http://www.iti.gov.br/twiki/bin/view/Certificacao/CertificadoObterUsar. Acesso em 18/10/2009.

[3] World Wide Web - W3C. Recomendações de padrões para a construção de sítios. (XHTML e CSS).
http://www.w3.org/TR/2002/REC-xhtml1-20020801. Acesso em 18/10/2009.

Plataforma de usuários BEL 31


3 Agregação
1
Aloivo Bringel Guerra Junior
2
Jefferson Augusto Soletti
3
Julio Eduardo Martins

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


1
aloivo.guerra@copel.com
2
jefferson.soletti@copel.com
3
julio.martins@copel.com

1 Introdução

O serviço de banda larga tem evoluído no mercado de telecomunicações, onde a principal


característica de competitividade ente os players tem sido a largura de banda, normalmente
comercializada em Mbps (megabit(s) por segundo). Atualmente, outras características numa rede,
consideradas de maior relevância estão relacionadas com a qualidade, tanto de serviço (QoS)
como de experiência (QoE) do assinante no uso das suas aplicações.

A motivação para implantação de um projeto de agregação se justifica na medida em que a rede


cresce geograficamente dispersa, existe uma expectativa pelo aumento do número de assinantes
e surge a necessidade da aplicação de políticas descentralizadas de forma granular. Neste
cenário, onde a individualidade de cada assinante e das suas aplicações deve ser tratada e o
modelo descentralizado aumenta a complexidade no planejamento e operação de uma rede,
tornado-se inviável à oferta de serviços flexíveis por clientes com definições singulares por
aplicações.

Destacamos que é exatamente esta capacidade de tratar e aplicar políticas numa infraestrutura de
rede que influenciam diretamente o QoE (Quality of Experience) para cada assinante, onde a
implantação de uma solução de agregação, que seja integrada a atual e as novas infraestrururas
de transporte, cria na verdade alguns pontos de aplicação de políticas centralizadas, capacitando a
rede as expectativas dos assinantes com relação a sua banda ou aplicação. Este modelo baseado
em políticas é a semente para uma rede inteligente.

A COPEL pretende implantar o modelo de rede aberta, onde a rede poderá ser utilizada por
clientes e terceiros, sendo a sua infraesturtura totalmente aberta para que terceiros ofertem os
seus serviços. Para a concretização da oferta de uma rede aberta, onde cada fornecedor de

Agregação 33
serviço possui algumas características próprias na comercialização dos seus produtos, a rede
deve ser capaz de se moldar as necessidades das aplicações, bem como deve ter a capacidade
de identificar individualmente os fornecedores e os clientes destes fornecedores.

As características apresentadas dependem de uma solução de agregação, que deve ter a


capacidade de ofertar serviços em diferentes cenários, para exigências de aplicações distintas e
para clientes com perfis diferentes. No âmbito do BEL, este projeto é a base para concretização do
novo modelo BEL de rede aberta.

2 Aspectos de operação

Independentemente das características a serem priorizadas e valorizadas nos serviços de banda


larga, existe a necessidade de gerenciamento da infraestrutura de rede e das conexões lógicas
dos assinantes nos seus diversos aspectos, como por exemplo: o que será ativado para um
assinante, quais serão as características para entrega de um determinado serviço de um assinante
específico, o que será gerenciado na minha infraestrutura, o que será permitido alterar pelo
assinante em tempo real dentro da minha infraestrutura física.

A comunicação com a infraestutura de uma operadora é realizada através de políticas que podem
ser implantas de diferentes maneiras e dependem muito do fabricante da roteador de agregação,
das ferramentas de gerência e dos processos internos das empresas.

Os equipamentos de uma rede IP possuem normalmente o que se chama de plano de controle e


plano de dados, onde o plano de controle é o recurso de um equipamento que toma decisões
importantes quanto a priorização do tráfego, protocolos de roteamento e quanto ao controle de
banda, com a implantação de uma solução de agregação é como se algumas funcionalidades do
plano de controle fossem centralizadas nos pontos de aplicação de políticas, facilitando desta
maneira o atendimento de serviços flexíveis numa rede de dados.

3 Componentes de uma solução de agregação

O projeto de uma solução de agregação possui alguns componentes indispensáveis para sucesso
de um projeto de banda larga, sendo importante para o leitor conhecer estes componentes.
Relacionam-se abaixo os principais componentes de um projeto de agregação:

• Roteador ou Switch Router de agregação ou equipamento BRAS: Elemento


responsável em agregar todas as conexões físicas e lógicas dos clientes, possui
inteligência de comutação, recursos de virtualização, elementos de priorização,
componentes de autenticação direta ou por domínio e interfaces de integração com outras
plataformas, como a plataforma de políticas.

• Equipamento ou solução de autenticação: É o componente da solução que garante a


identidade de um determinado cliente, seja pessoa física ou organização, de forma direta
ou através de direcionamentos para plataformas de autenticação de terceiros. Este
componente ainda garante a comunicação com fabricantes distintos através de atributos

34 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


que permitem a definição das características de serviços de um cliente, que são definidas
nos dicionários fornecidos pelos fabricantes do roteador de agregação.

• Plataforma de políticas: São elementos da solução que garantem ao projeto uma


integração através de portais, onde o cliente ou uma operadora pode definir a sua política
previamente ou no momento em que uma sessão já estiver ativa, alterando
dinamicamente as características do seu serviço. Estes elementos são integráveis a um
ou mais roteadores de agregação.

• Infraestrutura de suporte a solução: Esta porção da solução possui características que


dependem de projeto para projeto, mas de uma maneira geral esta infraestrutura deve
prover conectividades entre todos os elementos da solução e a rede de transporte que
suporta a última milha de uma determinada operadora, além de garantir os recursos de
segurança do projeto.

4 A Evolução das soluções de agregação

Durante os últimos anos, a evolução das soluções de BRAS tem apresentado uma série de
inovações, motivadas pelo crescimento das redes de banda larga das operadoras de
telecomunicações, e dos serviços de banda larga fornecidos a partir das tecnologias DSL(Digital
Subscriber Line) e DSLAM (Digital Line Access Multiplexer).

As tecnologias de suporte aos clientes baseadas em conexões PPP passaram a adotar a


tecnologia ethernet como a tecnologia dominante do mercado para este tipo de solução, sendo,
portanto consolidada como tecnologia para provimento de serviço as soluções baseadas em
PPPoE.

A evolução do tráfego de vídeo, cada vez mais exigente tanto em qualidade como em largura de
banda, vem promovendo as últimas evoluções nas soluções de agregação, sendo o PPPoE (Point-
to-Point Ethernet) pela característica de centralização ponto a ponto, ineficiente para os tráfegos
de Multicast e para novas redes de distribuição de conteúdo CDN (Content Delivery Network).

Para solucionar este problema, o estado da arte nas soluções de agregação tem tratado da
evolução do DHCP, que vem incorporando funcionalidades denominadas de opções, são estas
opções que garantem a coexistência entre o tradicional mundo de banda larga com o os modernos
serviços de distribuição de vídeo.

Diversas das evoluções sintetizadas neste capítulo são apresentadas pelo fórum de banda larga
(broadband fórum) que já se encontra no seu broadbandsuite release 3.0 e merece uma consulta
por parte do leitor.

5 Flexibilidade na integração com as arquiteturas de rede e equipamentos de acesso da


COPEL

A solução de agregação deve ter a capacidade de integração com as diversas plataformas de


acesso e transporte de uma operadora. A solução implantada pode ser o único elemento IP de
uma rede de acesso e transporte óptico, como também pode ser mais um elemento de uma rede

Agregação 35
metropolitana ou IP/MPLS, com todos os recursos e protocolos necessários para uma completa
integração.

Portanto, a flexibilidade de integração com as diversas arquiteturas de rede e também com relação
às tecnologias de acesso, sejam elas GPON ou PLC, são premissas básicas deste projeto na
COPEL.

6 O Cenário de rede aberta

O projeto de agregação deve garantir diversos recursos para que a COPEL possa implantar a rede
aberta BEL, que é o conceito de fornecimento de uma infraestrutura de rede flexível o suficiente
para ofertar a sua infraestutura como serviço para outras operadoras, de forma transparente.

7 Expectativas do projeto de agregação

Quanto à evolução do projeto, a aquisição e implantação da solução deverão ocorrer em 2010.


Enfatiza-se que esta solução é um componente de extrema importância para o projeto BEL, mas
ela é totalmente dependente de uma rede de acesso com extrema capilaridade e de uma rede de
transporte de grande capacidade. Apesar da sua capacidade de integração com outras
plataformas, os projetos de portais de comercialização precisam ser desenvolvidos para que a
concretização do modelo BEL ocorra.

8 Conclusão

Os autores apresentaram a importância do projeto de agregação para o BEL, os seus


componentes, as modernas funcionalidades para que a COPEL venha a ser um fornecedor de
banda inteligente (smart pipe) e a sua importância para implantação do modelo de rede aberta.
Apesar das facilidades que estarão disponíveis após a sua implantação, a dependência deste
projeto com outros projetos foi citada sendo a implantação e integração dos vários projetos o
grande desafio que se apresenta nos próximos anos para o sucesso do BEL.

9 Referências
[1] http://www.juniper.net/solutions/literature/white_papers/200187.pdf

[2] http://www.broadband-forum.org/technical/download/Release3.0.pdf

[3] http://www.zeugmasystems.com/Repository/Products/Smart%20Pipe%20(Q409).pdf

[4] http://whitepapers.silicon.com/0,39024759,60412212p,00.htm

36 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


4
Parâmetros que impactam no resultado de
um modelo de análise de projeto (BEL) ou
na precificação de serviços em telecom

Jun Kitagawa

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


jun.kitagawa@copel.com

1 Introdução

Não existe mágica, nem engenharia financeira na análise de projetos ou na formulação de preços.
Todos os parâmetros e premissas consideradas nos cálculos tem o objetivo único de prover com a
melhor precisão possível, uma taxa de retorno positiva para o empreendimento.

A confiança do resultado depende fortemente da qualidade dos dados e das premissas utilizadas
nestes estudos.

2 A Diferença entre preço e valor

De uma forma empírica, o preço pode ser definido como o valor necessário para cobrir o custo de
produção e comercialização de uma mercadoria, produto ou serviço, em que estão contemplados
os custos fixos e variáveis, assim como todas as despesas inerentes ao processo e ao qual é
acrescentado um lucro adequado, desde que compatível com o contexto econômico do mercado
em questão.

Muitas pessoas pensam que preço é sinônimo de valor e vice-versa, entretanto, existe uma grande
diferença entre os dois. A frase de Warren Buffet "O preço é o que você paga. O valor é o que
você leva", exemplifica exatamente essa diferença.

A questão é que o valor é definido pelos clientes e não pelo que a empresa faz. A percepção dos
clientes sobre o produto é que agregará um determinado valor a ele, e isso irá depender de
diversas coisas, como o conceito transmitido pela publicidade e suas qualidades.

Por isso, o preço não pode ser definido somente pelo custo de produção, mas pelo valor que
aquele produto é percebido na mente do consumidor. Se a percepção dele for ruim o preço será
baixo, mas se para o cliente o produto tem algum significado e atende a seus desejos, o preço
certamente será mais caro.

Parâmetros que impactam no resultado de um modelo de análise de projeto (BEL) ou na precificação de serviços em telecom 37
O valor é o que você leva, porque independente do preço que o consumidor pague, ele leva não só
o produto em si, mas todo o conceito que está agregado a ele.

3 Modelo de análise de custos e precificação de serviços em telecom

O modelo adotado de análise de custos e de precificação dos serviços é o modelo de Custos


Incrementais ou LRIC (Long Run Incremental Cost). Este modelo é o adotado em diversos países,
inclusive pela Anatel definidos na Res.396, para definição de custos de interconexão em rede de
STFC (Sistema Telefônico Fixo Comutado), na oferta de interconexão em rede de SMP (Serviço
Móvel Pessoal) e na oferta de EILD (Exploração Industrial de Linhas Dedicadas) entre estes
operadores.

Tem como premissa principal a separação dos custos e investimentos já incorridos na prestação
dos serviços atuais, e dos novos custos e investimentos para a prestação de outros serviços ou
projetos.

Exemplo: Os custos dos cabos de fibras ópticas OPGW já instalados, não devem ser computados
nos modelos de análise de custos e precificação de novos projetos ou serviços, de forma que os
custos dos novos projetos sejam incrementais ao já existentes.
CUSTO

Curva de Custos X Volume de Vendas


24/10/2009

CUSTO INCREMENTAL
DO PROJETO A

CUSTOS JÁ
INCORRIDOS
PARA A
OFERTA DOS
SERVIÇOS
ATUAIS

VOLUME ATUAL
COMERCIALIZADO VOLUME DO PROJETO A

VOLUME

Uma das explicações de seu uso é evitar que ineficiências já incorridas no passado, influenciem
negativamente na decisão de implementação de novos projetos e/ou nos preços dos novos
serviços.

Como regra geral, para que o resultado obtido com o Novo Projeto venha a somar no desempenho
empresarial, a taxa de retorno do projeto deve ser sempre superior a taxa objetivada da empresa.

38 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


4 Parametros que impactam no resultado de um modelo de análise de projeto (BEL) ou na
precificação de serviços em telecom

Qualquer que seja o modelo adotado, o que se busca com a análise, é prever com razoável
confiança o índice de retorno do investimento, considerando todos os dados que possam
influenciar neste resultado.

A confiança no resultado de qualquer modelo depende fortemente da qualidade dos dados e das
premissas utilizadas nestes estudos.

Os dados e premissas que impactam de alguma forma no resultado esperado de desempenho do


projeto ou de determinado serviço comercializado são:

• Estudo de mercado com estimativas de volume de clientes.

• Estudos e estimativas de percentual de acessos x ativações de clientes.

• Custo dos Equipamentos e Sistemas necessários.

• Impostos e taxas.

• Estimativa de custos de Manutenção e Operação.

• Estimativa de custos de Comercialização e Atendimento.

• Mix de Serviços x Preços.

• Outros custos e serviços de terceiros.

1.1 Estudo de mercado

A busca, com razoável precisão, da quantidade de clientes potenciais dentro de uma região
geográfica tem o objetivo de fornecer subsídios para uma estimativa correta dos investimentos
necessários para o atendimento destes clientes.

Dados mais detalhados destes clientes, segmentados por setor ou atividade, podem dar melhores
subsídios para a montagem de pacotes de serviços mais adequados.

1.2 Estimativas de nº de acessos x ativações de clientes (exemplo fictício)

Pressupondo que o mercado alvo de um projeto fosse em torno de 50% dos clientes potenciais de
uma determinada região, e o esforço de vendas resultasse numa efetiva contratação de 70%, isto
resultaria numa participação de 35% do mercado.

Os sistemas e equipamento devem ser instalados para atender aos 50% dos clientes alvo
estimados.

Parâmetros que impactam no resultado de um modelo de análise de projeto (BEL) ou na precificação de serviços em telecom 39
Este é um dos pontos críticos de sucesso, pois se a taxa de contratação de serviços para os
acessos instalados for menor que o estimado, então a taxa de retorno do projeto poderá ficar
abaixo do estabelecido como mínimo, inviabilizando todo o empreendimento.

Portanto, todo esforço de comercialização deve ser alocado para que esta contratação seja a
maior possível nos locais de oferta dos serviços.

1.3 Custo dos equipamentos e sistemas necessários

Os valores previstos devem refletir o mais fielmente possível, os valores a serem dispendidos para
implementar o conjunto de equipamentos, cabos, materiais e mão de obra, para a oferta dos
serviços propostos para a quantidade de clientes estimados para o projeto.

Adicionalmente, podem ser necessários adquirir ou ampliar, sistemas de gerência e configuração,


sistema comercial e de atendimento tipo contact center, web sites, etc.

O ponto crítico é a necessidade constante de redução dos custos destes investimentos, de forma a
estar sempre equiparado ou estar melhor que a concorrência.

1.4 Custo de manutenção e operação

Os equipamentos instalados devem ser operados e mantidos seja por mão de obra própria ou de
terceiros. Estes custos devem abranger também contratos de manutenção e assistência técnica do
fabricante e dos laboratórios.

1.5 Comercialização e atendimento

Novos serviços para novos mercados, normalmente requerem equipes e sistemas diferentes de
comercialização e atendimento.

A eficiência destes, são requisitos fundamentais para o sucesso deste projeto.

O ponto crítico é a necessidade de alcançar o volume de vendas projetado e crescente ao longo


dos primeiros anos.

1.6 Mix de serviços x preços

Deve-se estimar um mix de serviços x preços de mercado, objetivando atender ao segmento alvo,
de forma a projetar uma receita ao longo do tempo.

Como os preços de mercado são passíveis de alteração por reação dos concorrentes já
estabelecidos, podem ter como efeito:

• Menor volume de vendas.

• Necessidade de reposicionar melhor o serviço no quesito qualidade e atendimento.

40 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Reavaliar região ou segmento com menor concorrência.

• Outras contramedidas.

1.7 Parcerias e provedores de serviços

A principal característica do projeto BEL é ser um sistema aberto onde há a oferta de serviços por
empresas parceiras, mediante pagamento dos meios por compartilhamento de receita ou outra
forma de pagamento.

É necessário estabelecer os requisitos mínimos de qualidade para os serviços ofertados por estas
empresas.

5 Conclusão

O sucesso de qualquer projeto depende fortemente da execução de todas as etapas e por todas
as áreas envolvidas, de forma integrada e dentro das estratégias e premissas definidas e
discutidas previamente.

Parâmetros que impactam no resultado de um modelo de análise de projeto (BEL) ou na precificação de serviços em telecom 41
5 Dimensionamento do backbone

Antonio Carlos W. P. de Melo

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


email.acmelo@copel.com

1 Introdução

A necessidade crescente por banda foi uma constante especialmente nos últimos anos. Isso é
verificado na COPEL tanto pelo aumento das vendas de tráfego de transmissão para as
operadoras-clientes bem como pela necessidade de transporte cada vez maior da rede IP própria.
Além disso, o tempo entre cada expansão do nosso sistema de transmissão fica cada vez menor.

Considerando a expansão da atuação da área de telecomunicações da COPEL cabe ao sistema


de transmissão suportar as capacidades necessárias ao correto funcionamento dos serviços,
garantindo a qualidade requerida e as demandas de tráfego.

2 De que forma ampliar o sistema de transmissão existente

A correta escolha e dimensionamento do sistema de transmissão de telecomunicações,


encontrando o equilíbrio adequado entre confiabilidade, custo e capacidade, sempre foi um desafio
para a área de engenharia. Desde que a COPEL optou pela tecnologia óptica no seu sistema de
transmissão, o seu backbone vem crescendo de forma cada vez mais rápida e acentuada, já tendo
multiplicado por 16 sua capacidade inicial e o fez com custos por Mbps cada vez menores,
mantendo a confiabilidade elevada.

Hoje, uma nova expansão do sistema de transmissão exigirá uma mudança de tecnologia. O
nosso velho conhecido sistema de transmissão em SDH já não é capaz de fazer frente a
necessidade incessante por banda. Muito embora saibamos que o SDH ainda será utilizado por
muitos anos, o backbone principal da nossa rede precisa de uma capacidade que é mais
econômica por intermédio de outra tecnologia.

Essa tecnologia é a de Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda Denso, mais


conhecida pela sigla DWDM.

Dimensionamento do backbone 43
Se o SDH permitia transmitir vários sinais agrupando-os em um único sinal maior, o DWDM
permite a transmissão destes vários sinais sem agrupá-los. Nisso reside sua maior capacidade. O
SDH torna-se eletronicamente mais complexo (e caro) quando atinge taxas muito elevadas, pois
por definição seu tempo de quadro é fixo e, portanto, precisa diminuir o tempo do bit para
aumentar sua taxa.

O DWDM permite, por assim dizer, transmitir vários sinais SDH simultaneamente. Além disso, se o
tráfego for de uma rede IP, não é preciso utilizar uma interface SDH no roteador para o seu
transporte. É possível transportar Ethernet diretamente pelo DWDM. A rede fica menos complexa.

3 Problemas advindos desta expansão

Porém, não há escolha sem perda. A simples adoção do DWDM em detrimento do SDH tornaria a
rede menos flexível e protegida. Poucos se lembram, até porque a COPEL “pulou” esta etapa na
sua evolução tecnológica da rede de transmissão, que o SDH nasceu com o advento da fibra
óptica e substituiu uma outra tecnologia de transmissão conhecida como PDH, que, embora tenha
sido um marco nas telecomunicações modernas, tinha uma série de deficiências.

Estas deficiências iam desde a necessidade de múltiplos níveis de multiplexação/demultiplexação


do sinal para retiradas de canais específicos, seja por sua topologia ponto a ponto, seja pela
ausência da relação de fase entre os sinais individuais, a impossibilidade de gerenciamento remoto
do tráfego e dos equipamentos (sem estruturas paralelas para tal), a total ausência de
mecanismos de proteção, entre outras. O SDH foi concebido para sanar tais deficiências. E sanou.

Acontece que o sistema DWDM é um sistema ponto a ponto como o PDH, não conhece as
relações de fase dos sinais individuais sendo transportados, possui gerenciamento de
equipamentos e de sinais, mas não de tráfego e nenhum mecanismo inerente de proteção.

Para que o DWDM fosse uma solução e não um problema, foi preciso dotá-lo de diversas
funcionalidades existentes no SDH. Isso foi feito através dos mecanismos previstos na
recomendação ITU-T G.709, mais conhecida como OTN.

O que a OTN prevê, também chamado de Digital Wrapping, é o encapsulamento dos sinais
transportados com estruturas onde diversas funcionalidades de monitoração, alarmes e proteção
são implementadas. O uso da OTN é chave para a existência de uma rede DWDM robusta, flexível
e confiável. Além disso, facilita a compatibilidade entre sinais provenientes de equipamentos
diferentes, por ser adequadamente padronizada.

Deixando de lado a OTN, uma olhada mais atenta sobre o DWDM nos traz de volta aos antigos
sistemas multiplexados da época da micro-ondas. Problemas como cross-talking, monitoração de
relação sinal-ruído, sintonização e nível de portadoras, só para citar algumas, voltam a estar na
rotina da operação. Quem disse que a tecnologia também não se repete?

44 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


4 Como está sendo preparada a expansão

O DWDM é, no momento, a escolha adequada, sem sombra de dúvida, para a próxima expansão
do sistema de transmissão. Já está tecnologicamente maduro, seu custo está competitivo e atende
as demandas de tráfego que advirão.

Tal expansão já está em curso. As especificações técnicas foram feitas, os fornecedores estão
sendo selecionados e sua aquisição se dará ainda este ano. Foram previstos treinamentos de
O&M de equipamentos para 60 pessoas, de O&M via gerência para 30 pessoas e de
administração do sistema de gerenciamento para 12 pessoas. Além disso, haverá treinamento de
aspectos específicos de engenharia para 10 pessoas e de uso de instrumental específico para
outras 12 pessoas.

Possui suporte e manutenção garantida, entre garantia e contrato, por 2 anos e meio a contar da
sua entrada em operação, valendo o mesmo em se tratando de aquisições para sua expansão.
Sua entrada em operação deve ocorrer entre março e abril.

Seu sistema de gerenciamento, similarmente ao que já se tem hoje, também terá redundância
geográfica e poderá contar com estações de monitoramento nos polos de manutenção. Possuirá
interfaces para integração de alarmes em sistema centralizado, contemplando também outras
gerências.

O sistema em aquisição prevê o atendimento inicial das localidades de Curitiba, Ponta Grossa,
Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçú com diversidade de rotas e estações. Permite fácil
expansão nas localidades de Cianorte, Umuarama, Toledo, Cornélio Procópio, Santo Antonio da
Platina, Guarapuava, Francisco Beltrão/Pato Branco, entre outras. Sua capacidade é de 40 canais
de 10Gbps cada, mas pode migrar para 80 canais bem como trafegar canais de 40 Gbps.

A quantidade de canais adquiridos de início não chega a 10, mas são utilizados de tal forma que,
comparando com o atual backbone em anel, aumenta em mais de 4 vezes a capacidade hoje
instalada. Para a rede IP multiplica a banda por mais de 10 vezes.

Possui equipamentos capazes de rotar canais opticamente e também de mudar seu comprimento
de onda a distância, o que permitirá no futuro mecanismos de proteção mais sofisticados, como o
ASON.

5 Conclusão

O sistema de transmissão de telecomunicações da COPEL estará preparado para a expansão de


trafego que se avizinha. Será adequada em termos de tecnologia, ágil em termos operacionais e
abrangente até onde consideramos necessário. É um novo patamar tecnológico, com as
vantagens e desvantagens deste fato.

Embora seja uma tecnologia sofisticada, confia-se que o sistema de transmissão DWDM será,
como já ocorre com o sistema de transmissão atual, um sustentáculo real e seguro para o
desenvolvimento das telecomunicações da COPEL e do estado do Paraná.

Dimensionamento do backbone 45
6 Gerenciamento da rede no Centro de
Operação

Ednei Teruaki Iamaguti

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


ednei.iamaguti@copel.com

1 Introdução

Num cenário em que as empresas estão se focando cada vez mais no núcleo de seus negócios, a
qualidade individual empregada em cada uma das atividades ao longo de todo o processo
produtivo fica cada vez mais implícito no resultado final, seja este um produto ou um serviço
prestado.

Qualidade tem a haver, primordialmente, com o processo pelo qual os produtos ou serviços são
materializados. Se o processo for bem realizado, um bom produto final advirá naturalmente. A
Qualidade reside no que se faz – aliás – em tudo o que se faz – e não apenas no que se tem como
consequência disso [1].

Em outras palavras, todos os processos de uma determinada atividade são importantes; se os


processos forem desenvolvidos com qualidade, o resultado final será de qualidade.

Na atividade de gerenciamento da rede no Centro de Operação buscamos melhorias na qualidade


dos processos internos, pois esta se refletirá na qualidade final do produto ou serviço final, seja pra
o cliente externos ou para os próprios operadores da rede.

Um sistema de telecomunicações precisa ser gerenciado. Centrais telefônicas, equipamentos


SDH, roteadores, sistema de rádio enlace, etc. necessitam de monitoramento com o objetivo de
alcançar os requisitos de desempenho operacional e de qualidade de serviço, que muitas vezes
estão especificados em contratos através de um SLA (Service Level Agreemment) [2].

Na busca ao atendimento destes requisitos se faz necessário a adoção de não somente um, mas
utilizar os pontos fortes dos vários modelos de gerenciamento definidas por entidades e
organizações como TMForum (TeleManagement FORUM) , ITU (International Telecommunication
Union), ISO (Internation Organization for Standardization), ETSI (European Telecommunications
Standards Institute).

Gerenciamento da rede no Centro de Operação 47


Além do uso de boas práticas como COBIT (Control Objectives for Information and related
Technology), SoGP (Standard of Good Practices) e ITIL (Information Technology Infrastructure
Library).

Destes modelos alguns possuem o foco na Tecnologia empregada, outros no Serviço e no


Negócio, outros ainda possuem o foco nos Processos.

2 Gerenciamento com qualidade a rede de telecomunicações

A complexidade para administrar e gerenciar uma rede é diretamente proporcional ao seu tamanho
e a complexidade aumenta significativamente quando outros fatores relevantes são levados em
conta: a heterogeneidade de tecnologias, utilização de ferramentas proprietárias, convivência entre
o sistema legado e o novo, a abrangência geográfica da rede gerenciada, quantidade de usuários
e clientes conectados e quantidade de serviços gerenciados.

Vemos um horizonte muito desafiador, motivado neste momento especialmente pelo BEL, no âmbito
de gerenciamento de redes visto que existem projetos em diversas frentes de trabalho que
demandarão, após a implantação, o trabalho do Centro de Operação, tanto na operação de novos
equipamentos de tecnologias não utilizadas atualmente na COPEL como GPON, Agregador BRAS,
todas as tecnologias Wireless, quanto nos novos sistemas e serviços e conceitos propostos como o
VoIP, videoconferência, virtualização de recursos (servidor, disco), CDN, “clube virtual”, além do
aumento da capacidade atual no Backbone SDH e IP.

Um dos processos para operação de telecomunicações descrito em [3], é a Gerência e Operação de


Recursos (Resource Management & Operations-RM&O): este processo detêm o conhecimento dos
recursos existentes (aplicativos, infraestrutura de rede e de TI) sendo responsável pelo gerência
destes recursos (redes, sistemas de TI, servidores, roteadores, etc.) que são utilizados para entregar
e suportar os serviços requisitados pelos clientes além de ser responsável por garantir que a
infraestrutura de rede e TI suporte a entrega fim a fim dos serviços e, principalmente que funcione
adequadamente.

3 O gerenciamento de eventos e falhas na rede

O gerenciamento de redes de computadores ou de telecomunicações, não se resume apenas à


tecnologia capaz de colher dados dos vários recursos da rede. Ela está relacionada também a
transformação destes dados em conhecimento e a transformação do conhecimento em ações
corretivas ou pró-ativas [2].

Atualmente na COPEL Telecomunicações para os eventos gerados pela Rede MPLS, IP e Gigabit
Ethernet, utiliza-se uma ferramenta que concentra todos alarmes destas diferentes tecnologias em
uma única console de gerência, permitindo o tratamento de eventos vindos destas diferentes
tecnologias. O ganho obtido é a significativa diminuição de eventos, o enriquecimento destes
eventos com informações adicionais, o correlacionamento com outro fato externo, facilitando a
tomada de decisão, como acionar um plantão ou executar algum procedimento padrão.

Um dos fatores que aumentam a percepção da qualidade dos serviços prestados pelos clientes é a
diminuição de reincidência de falhas e a minimização dos incidentes.

48 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


Uma prática comum na COPEL é a análise de eventos e falhas que podem impactar na
confiabilidade e excelência da rede. Este trabalho é feito por especialistas das áreas de
engenharia e operação de telecomunicações, onde se é feita a análise dos problemas ocorridos, a
aplicação da solução e principalmente evitar que estes problemas ocorram novamente. Além da
prevenção dos erros, um ganho visível é a possibilidade do armazenamento da solução no sistema
que é a resultante do senso comum dos vários profissionais envolvidos na resolução de um
problema [4].

Uma evolução desta prática está sendo proposta por um projeto de pesquisa e desenvolvimento
de um sistema de gerência integrada de alarme e diagnóstico de falhas em redes de
telecomunicações utilizando técnicas de Inteligência Artificial [5].

4 Unificação de procedimentos

A unificação, o uso de procedimentos padrões e a integração dos sistemas utilizados permite a


melhoria contínua na qualidade das informações que trafegam no Centro de Operação e que
fazem parte da rotina de todos os profissionais que atuam na operação da rede.

Veem-se os benefícios desta prática desde o início do processo de ativação do serviço até o
suporte pós-venda, passando por todo o processo de gerenciamento e operação da rede. Os
sistemas utilizados atualmente geram a configuração padronizada dos equipamentos, diminuindo
consideravelmente a necessidade de digitação, minimizando os erros e aumentando a
produtividade.

A necessidade de padronização e integração entre os sistemas da área técnica e os sistemas da


área comercial fica evidente na medida em que ocorre o aumento no volume de serviços ativados
e gerenciados em função do aumento na quantidade de clientes atendidos.

5 Gerenciamento de redes na arquitetura orientada a serviços e as iniciativas em código


aberto

No atual cenário econômico, as operadoras buscam uma arquitetura de sistemas de


gerenciamento que ajudam na mitigação do impacto de novas tecnologias na rede e ajudam no
planejamento do investimento, com esta necessidade vemos um direcionamento no investimento
no domínio de gerenciamento de redes em sistemas de gerenciamento utilizando a arquitetura
SOA [9], focando na proteção de invertimento e na mitigação de impacto e risco. Esta arquitetura é
recomendada por entidades como ETSI (European Telecommunications Standards Institute) nos
documentos “ETSI TS 188 001” [6], ITU-T nas recomendações M.3060 [7] e por alguns fabricantes
de equipamentos.

Existe alguma evolução e amadurecimento nas definições e iniciativas de desenvolvimento de


implementações em código aberto de interfaces que suportem as novas gerações dos sistemas de
suporte à operação (NGOSS) por iniciativa do TM Forum Interface Program [8] com o projeto Open
Operations Support systems [9].

Gerenciamento da rede no Centro de Operação 49


6 Conclusão

O crescimento da infraestrutura de redes motivada pela necessidade de atender à demanda de


novos conceitos, projetos, clientes, produtos e serviços, propõe uma inevitável atualização
tecnológica e uma nova forma de pensar a operação de rede no atendimento aos requisitos de alto
desempenho operacional e de qualidade de serviço.

7 Referências
[1] LOBOS, Júlio. Qualidade através das pessoas. São Paulo, J.Lobos,1991.p.14.

[2] ELER, Esdras de Oliveira. Aplicação ao Gerenciamento de Redes de Telecomunicações.


http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialmodelotmn/pagina_1.asp. Acesso em 22/10/2009.

[3] TeleManagement FORUM. enhanced Telecom Operations Map (eTOM) The Business Process Framework
For the Information and Communications Services Industry, 2002.

[4] Programa Tolerância Zero. III Seminário Técnico de Telecomunicações, 2008.

[5] RAMOS, M. P. Aplicação de Sistemas Inteligentes em Telecom. IV Seminario Técnico de


Telecomunicações da COPEL, 2009.

[6] Telecommunications and Internet Converged Services and Protocols for Advanced Networking
(TISPAN);NGN Management;OSS Architecture Release 1 ETSI TS 188 001 V0.2.9 (2005-07).

[7] ITU-T M.3060 Principles for the Management of Next Generation Networks, 2006.

[8] TMFORUM Interface Program. http://www.tmforum.org/InterfaceProgram/5733/home.html. Acesso em


22/10/2009.

[9] OpenOSS, open operation support systems.


http://sourceforge.net/apps/mediawiki/openoss/index.php?title=Main_Page. Acesso em 22/10/2009.

[10] WIKIPEDIA. Service-oriented architecture. http://en.wikipedia.org/wiki/Service-


oriented_architecture#SOA_and_network_management_architecture. Acesso em 22/10/2009.

50 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


7 Redes ópticas passivas – detalhes da
rede planejada

Alceu Aroldo Schwingel

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


alceu@copel.com

1 Introdução

No primeiro artigo [1] abordou-se sobre os principais elementos de uma rede óptica passiva,
propondo-se uma metodologia de planejamento de uma rede de telecomunicações. Agora pretende-
se relatar os avanços e as melhorias a serem implementadas dos principais pontos do planejamento
da rede de acesso para o projeto BEL, utilizando uma formatação do tipo check list.

Ressalta-se que a metodologia proposta tem como objetivo dar uma diretriz ao planejamento. O grau
de detalhamento de cada etapa depende das informações disponíveis, quanto mais informações a
serem analisadas, mais complexo é o processo de planejamento. Algumas etapas podem ser
omitidas ou agrupadas a outras etapas, podendo ou não comprometer o resultado final. Resumindo,
o planejamento não é uma ciência exata, e o bom senso é a melhor medida a ser adotada. Sua
finalidade é dar subsídio para a tomada de decisão: não é um fim, é um meio.

A figura 1 apresenta a metodologia proposta. Neste trabalho as etapas da escolha de solução


tecnológica e modelagem da rede foram agrupadas, excluindo-se a subetapa de otimização.

Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada 51


Definição das Premissas

Definição dos Serviços

Previsão de Demanda Escolha da Solução


e Tráfego Tecnológica

Modelagem e Otimização

Análise Econômica e de
Risco

Plano de Expansão

Figura 1: Etapas do planejamento das redes de telecomunicações

2 Definição das premissas

As principais premissas para o planejamento da rede de acesso para o projeto BEL, são:

i. Segmentos

• Residencial: classes A e B

• Empresarial

ii. Regiões – inicialmente estamos fazendo um trial em duas regiões em Curitiba

• Bairros: Batel e Bigorrilho

• Bairros: Juvevê e Alto da Glória

iii. Horizonte – referência para dimensionamento da rede e equipamentos

• Rede óptica: maior que 10 anos

• Equipamentos: menor que 5 anos

52 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


iv. Taxa média por usuário: 40 Mbps

v. Fator de divisão dos splitters: 1:64

vi. A rede óptica deverá suportar circuitos ponto a ponto: o objetivo é atender alguns serviços
atuais que são providos por conexões ponto a ponto, com implicações, principalmente, no
dimensionamento na rede primária ou feeder.

3 Definição dos serviços

É importante nesta etapa definir claramente quais os serviços serão suportados por esta rede. Os
principais pontos analisados são:

i. Quais serviços?

Considera-se para o projeto da rede o atendimento de todos os serviços prestados atualmente e


os novos serviços. Basicamente a rede deverá suportar os seguintes serviços:

• Serviços de dados.

• Internet com banda extra-larga – até 100Mbps.

• Streaming de vídeo – HDTV, VOD, Videoconferência, etc.

• Serviços de voz: VoIP.

ii. Características dos serviços

As características técnicas de cada categoria dos serviços acima impõem restrições técnicas que
devem ser suprimidas através da escolha de materiais e equipamentos apropriados, topologia e
construção adequada da rede. O reflexo destas restrições causam impacto em:

• Equipamentos: protocolos suportados, capacidade de tráfego, interfaces, etc.

• Rede óptica: atenuação, perda por retorno, etc.

4 Previsão de tráfego e demanda dos serviços

Esta etapa tem como finalidade dar subsídios ao dimensionamento da rede ou equipamento. Fornece
também informações primordiais para a etapa de análise econômica e de risco.

Utilizando uma ferramenta geo-referenciada, com informações cadastrais do consumo de energia


elétrica, mapeam-se os segmentos desejados, e dimensiona-se a rede óptica mais adequada para
cada seção. A figura 2 mostra a tela da ferramenta com as informações dos segmentos empresarial e
residencial (classes A e B).

A expectativa de venda dos serviços, ou a demanda dos serviços, impacta no dimensionamento


dos equipamentos e, principalmente, na análise econômica do projeto. Como há dificuldade em

Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada 53


obter estas informações, principalmente para novos serviços, propõe-se estudo de mercado ou a
avaliação através de cenários.

Figura 2: Tela do sistema GEO-TE com informações cadastrais dos segmentos almejados

5 Modelagem

Procuramos nesta etapa modelar tanto os aspectos técnicos quanto os principais processos
envolvidos, principalmente aqueles que podem influenciar na qualidade dos serviços ou retardar o
processo de instalação da rede de acesso.

5.1 Rede óptica externa – primária e secundária

Os principais pontos para a modelagem da rede óptica externa são:

54 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


i. Definição da topologia: dupla estrela, com dois níveis de splitters; splitters concentrados.

ii. Especificação dos elementos de rede através de uma análise técnica-econômica.

iii. Definição dos cenários – influencia diretamente no tamanho das seções de serviços, e
consequentemente seu custo.

• Região central: grande concentração de clientes potenciais.

• Região intermediária: média concentração de clientes potenciais.

• Região periférica: pequena concentração de clientes potenciais.

iv. Planejamento da rede óptica – as principais etapas são:

• Definição da área de abrangência,

• Definição das rotas.

• Definição dos nós concentradores da rede secundária (distribuição).

• Definição da rede secundária (distribuição).

• Definição dos nós concentradores da rede primária (feeder).

• Definição da rede primária (feeder).

v. Projeto da rede – principais pontos

• Projeto executivo e diagramas.

• Dimensionamento de equipes.

vi. Execução

• Padrões de instalação.

• Dimensionamento de equipe.

• Fiscalização.

• Cronograma.

vii. Comissionamento – aceitação da rede instalada

• Medição.

• Testes de aceitação.

Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada 55


viii. Cadastro – medidas adotadas

• Adequação do sistema GEO-TE para inclusão do splitter.

• Desenvolvimento de uma ferramenta de projeto no GEO-TE.

5.2 Condomínios verticais

A rede para condomínios verticais tem características diferentes da rede externa. Os principais
pontos para sua modelagem são:

i. Soluções tecnológicas – podem ser através de duas abordagens:

• Rede FTTA: todo o cabeamento do prédio é feito por fibra óptica.

• ONU/xDSL: instalação de equipamentos ONUs na base do prédio, e o atendimento aos


clientes é realizado utilizando a rede metálica existente e equipamentos xDSL nos
ambientes dos clientes.

ii. Definição dos cenários – FTTA

• Prédios até 5 andares: instalação do cabo óptico externo na base do prédio, e a conexão
dos clientes a este cabo é feito por cordões sem distribuidores intermediários.

• Prédios acima de 5 andares: instalação do cabo óptico externo na base do prédio;


instalação de uma rede óptica vertical na prumada do prédio; instalação de distribuidores
intermediários, donde serão conectados os clientes.

iii. Especificação dos elementos de rede através de uma análise técnica-econômica.

iv. Planejamento

• Mapear os prédios de maior atratividade econômica.

• Negociação com o síndico ou administrador do prédio.

• Definir a melhor solução tecnológica a ser adotada.

v. Projeto da rede – principais pontos

• Projeto executivo e diagramas.

• Dimensionamento de equipes.

vi. Execução

• Padrões de instalação.

• Dimensionamento de equipe.

56 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Fiscalização.

• Cronograma.

vii. Comissionamento – aceitação da rede

• Medição.

• Testes de aceitação.

viii. Cadastro – necessidade de desenvolver ferramenta adequada para cadastrar as informações


das redes verticais.

5.3 Alta de assinante

Entende-se por alta de assinante a conexão do cliente na rede.

i. Cenários

• Redes FTTH (Fiber-to-the-Home): é a instalação de cabos drop e equipamentos


terminais (ONTs),

• Redes FTTA (Fiber-to-the-Apartment): é a instalação de cordões que ligam o cliente à


rede óptica (ex. em um distribuidor intermediário) e equipamentos terminais.

ii. Especificação dos elementos de rede através de uma análise técnica-econômica.

iii. Padrões de instalação – projetos padrões.

iv. Execução – conforme a demanda

• Dimensionamento de equipe.

• Fiscalização.

• Cronograma.

v. Comissionamento – aceitação dos serviços

• Medição.

• Testes de aceitação.

vi. Cadastro – necessidade de desenvolver ferramentas adequadas para cadastrar as


informações das conexões dos clientes nos seguintes sistemas:

• GEO-TE: rede óptica.

• SIT: equipamentos e serviços.

Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada 57


5.4 Equipamentos GPON

i. Especificação dos equipamentos

• OLT.

• ONT.

• UNU.

• Gerência

ii. Projeto

• Definição dos sites.

• Projeto executivo.

iii. Execução

• Cronograma.

• Fiscalização.

iv. Comissionamento

• Testes de aceitação.

• Gerência assistida.

v. Cadastro

5.5 Operação e manutenção

i. Elaborar modelos de contratos de manutenção para:

• Rede óptica.

• Equipamentos.

ii. Formatação dos serviços

• Padrões de instalação para a rede óptica.

• Configuração dos equipamentos.

iii. Treinamentos

iv. Instrumentais

58 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


v. Dimensionamento de equipes

5.6 Processos internos

i. Licitação

• Elaboração do edital.

• Homologação.

• Aceitação em fábrica.

6 Análise econômica e de risco

i. Definir a contribuição do custo da rede de acesso para o custo total dos serviços.

ii. Elaborar análise econômica.

iii. Elaborar análise de risco.

7 Plano de expansão

AÇÔES 2009 2010


Modelagem da rede óptica externa
Construção da rede óptica: Juvevê e Batel
Especificação Equipamento
Consolidar modelagem da rede óptica (ODN)
Consolidar modelagem do equipamento GPON
Ampliar a rede óptica de Curitiba

8 Conclusões e recomendações

De acordo com o objetivo deste capítulo, procurou-se elencar os principais pontos envolvidos no
processo de planejamento de rede óptica passiva, seguindo uma metodologia proposta. Algumas
informações foram omitidas por serem menos relevantes ao processo, outras por terem um grau de
relevância estratégico, impossibilitando a sua divulgação. De modo geral, acredita-se que as
informações contidas neste capítulo possam dar ao leitor uma visão geral do processo de

Redes ópticas passivas – detalhes da rede planejada 59


planejamento de uma rede óptica passiva. Salienta-se que este é um modelo, ou abstração da
realidade: a melhor forma de utilizá-lo é adotando medidas de bom senso em sua formatação. Um
planejamento complexo e exaustivo permite uma melhor avaliação dos cenários, porém pode
retardar a implantação dos sistemas - nem sempre há esta folga!

Para dar continuidade aos trabalhos, recomenda-se:

i. Consolidar alguns pontos abordados na etapa de modelagem.

ii. Elaborar uma análise mais criteriosa dos serviços a serem ofertados, principalmente em
relação à previsão de demanda ou expectativa de vendas.

iii. Evoluir na análise econômica e de risco, através de capacitação e adoção de ferramentas


apropriadas para tal.

iv. Identificar pontos de melhorias na rede.

9 Agradecimentos

Ao Ernesto Eiti Fujita, engenheiro da Furukawa, pela sua preciosa colaboração, dirimindo algumas
dúvidas e participando ativamente em um trial de rede em condomínios verticais.

10 Referências
[1] SCHWINGEL, Alceu Aroldo. Considerações sobre planejamento e projeto de redes ópticas passivas:
contribuições para o projeto BEL. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente em equipe / Companhia Paranaense de Energia, Curitiba, COPEL,2009.

60 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


8 O processo de ativação no contexto BEL

Marcus Vinicius Pissinatti Bilhão

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


bilhao@copel.com

1 Introdução

A COPEL Telecomunicações trabalha hoje com um prazo médio de 30 dias corridos ou 22 dias
úteis para a ativação de um novo serviço para um cliente interno ou externo à COPEL. É claro que,
como este prazo é médio, existem casos em que os serviços são ativos em menos de 30 dias
corridos: serviços que não requerem a construção de uma rede de acesso ou esta rede de acesso
a ser construída seja de curta distância, e casos em que os serviços são disponibilizados em mais
de 30 dias corridos: necessidade de instalação de equipamentos de maior capacidade, rede de
acesso a ser construída de longa distância, etc.

Dentro do novo modelo de negócios baseado no contexto da Banda Extra Larga – BEL, este prazo
atualmente utilizado não atende a qualidade que se quer estabelecer e nem a necessidade e
expectativa do cliente que se quer atingir. Um prazo arrojado de ativação de serviços deve estar
entre 2 a 5 dias úteis, ou seja, 4 a 11 vezes mais rápido em relação ao que é realizado atualmente.

1.1 Processo atual de ativação de serviços

Analisando o processo atual de ativação de serviços, sob um ponto de vista global, ou seja,
independente do produto que está sendo oferecido e do cliente que está sendo atendido (interno
ou externo), pode-se detalhá-lo em atividades ou etapas com os seus tempos médios de
realização (em dias úteis), conforme a seguir:

i. Solicitação de Ativação – início do processo pela Área Comercial.


ii. Geração das informações da obra – 1 dia.
iii. Elaboração do Pré-projeto – 2 dias.
iv. Verificação em campo – 2 dias.
v. Elaboração do projeto – 2 dias.
vi. Construção da rede de acesso – 13 dias:

O processo de ativação no contexto BEL 61


• Solicitação de materiais – 2 dias.
• Lançamento do cabo óptico em campo – 8 dias.
• Fusão do cabo óptico em campo – 3 dias.
vii. Ativação e testes do serviço – 2 dias.
viii. Liberação do serviço para o cliente – fim do processo pela Área Comercial.

Figura 1: Processo de ativação atual

Esta é uma análise básica tomando-se como foco a construção da rede de acesso óptica, mas
vale ressaltar que existem outras etapas que acontecem em paralelo com as relatadas acima,
como por exemplo: Cadastro nos sistemas, Planejamento da ocupação das equipes terceirizadas,
etc.

Atualmente cada uma das etapas deste processo é gerenciada pelo Sistema PAS – Processo de
Ativação de Serviço, desenvolvido pela Área de Tecnologia da Informação da COPEL - STI.

2 Processo de ativação de serviço no contexto BEL

Analisando o processo de ativação atual e trazendo para dentro do contexto BEL, onde o prazo
total deve ser 4 a 11 vezes menor, conforme já mencionado anteriormente, podemos facilmente
perceber que será preciso iniciar um processo de mudança. Para que esta mudança aconteça é
necessário trabalhar em duas frentes: Sistemas e Pessoas.

Dentro da frente Sistemas, pode-se focar no Processo fazendo uma análise crítica do processo
atual, conforme apresentado anteriormente. Se for feito um exercício reduzindo o prazo de cada

62 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


etapa na proporção de 4 a 11 vezes, conclui-se que várias etapas não seriam possíveis de serem
realizadas, mesmo com um excelente planejamento de cada atividade, ou seja, é preciso “pensar
fora da caixa”, rever todo o processo e aplicar uma re-engenharia. Não é possível evoluir o
processo de ativação de serviço no contexto BEL pensando como antes. É preciso inovar,
diferenciar, encontrar outra forma de realizar esta atividade, pensar em outro processo, em uma
forma diferente de atingir o resultado esperado.

Fazendo agora outro exercício, poderia-se refletir em como reduzir ao máximo o tempo de ativação
de um serviço. Pode-se iniciar esta reflexão dividindo o processo de ativação atual nas seguintes
etapas:
• Gestão de obras.
• Projeto.
• Construção da rede óptica.
• Ativação do serviço.

O prazo de 1 dia estipulado para a etapa Gestão de obras poderia ser eliminado se o número da
obra, bem como todas as demais informações contábeis fossem geradas automaticamente junto
com a solicitação de ativação do serviço da Área Comercial.

Com um cadastro da rede de acesso bem atualizado, além da posse de todas as informações
necessárias do cliente: local de ativação do serviço, pessoa de contato, etc., poderiam ser
eliminadas as fases de pré-projeto e verificação em campo da etapa de Projeto, ganhando assim,
mais 4 dias no tempo de ativação total do serviço.

O prazo estipulado para a etapa de Construção da rede óptica poderia ser reduzido com a
construção antecipada e planejada de uma rede óptica primária ou rede GPON, pois a distância do
acesso diminuiria consideravelmente. No caso da rede GPON, por exemplo, não seria mais
necessária a intervenção nas caixas de emenda intermediárias para a disponibilização da fibra no
endereço do cliente. Uma outra melhoria que poderia ser realizada nesta etapa seria um melhor
planejamento das equipes terceirizadas ou, até mesmo, o aumento do número destas equipes.

Na etapa de Ativação do serviço o prazo de 2 dias poderia ser reduzido com um planejamento
antecipado dos POPs (Pontos de Presença), instalando antecipadamente os equipamentos nestes
locais e com uma mudança na forma de trabalho dos técnicos envolvidos através de uma melhor
otimização das viagens até o local da ativação do serviço. Outra ideia seria a terceirização da
ativação do serviço no cliente.

Considerando que todas as ações acima fossem implementadas, o novo processo de ativação no
contexto BEL teria o seguinte fluxo:

O processo de ativação no contexto BEL 63


Figura 2: Processo de ativação proposto

Esta mudança de processo pode ser implementada aos poucos. Por exemplo, com a definição de
um prazo diferenciado (por exemplo: 15 dias) para os serviços que necessitem da construção de
uma rede de acesso mais curta (por exemplo: até 500 metros).

Esta foi uma análise realizada com o foco nos Sistemas, mas temos que nos ater a outra frente
mencionada anteriormente que são as Pessoas. Nenhum processo de mudança acontece sem o
envolvimento das pessoas, portanto, esta frente não pode deixar de ser trabalhada de forma muito
bem planejada.

Toda mudança gera resistência, pois ela dói e em geral gostamos das coisas “mornas” e só nos
movemos quando as coisas “esquentam”. Assim, é necessário trabalhar com as pessoas,
principalmente no inconsciente delas, pois é aí que as mudanças realmente acontecem. Cada
pessoa envolvida neste processo de mudança deve perceber o benefício que lhe trará para poder,
na sequência, dispor-se ao sacrifício que a mudança exige.

3 Conclusão

Para que seja possível adequar este processo no contexto BEL é preciso desenvolver a
capacidade de planejamento e estar à disposição para tomar riscos e lidar com incertezas. Isto só
é possível se todas as pessoas envolvidas se colocarem como donos deste negócio, expondo
suas ideias. Cabe também aos líderes de cada área atuar junto às suas equipes para que estas
ideias sejam consideradas, analisadas e selecionadas a fim de que, as melhores, possam ser
colocadas em prática no menor prazo possível.

64 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


9 Disco Virtual e CDN como infraestrutura
de produtos para terceiros
1
Aloivo Bringel Guerra Junior
2
Julio Eduardo Martins

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


1
aloivo.guerra@copel.com
2
julio.martins@copel.com

1 Introdução

Com o avanço das tecnologias de comunicação e o aumento da competição no mercado de banda


larga, o preço do Mbp/s tem caído a cada dia. A comoditização da infraestrutura e o aumento
considerável de banda oferecida aos usuários finais têm gerado uma diminuição considerável do
ARPU (Average Revenue Per User), fato este que tem conduzido as operadoras a buscarem
novas alternativas para manter e ampliar suas receitas.

A COPEL, observando o contexto supracitado, também vem buscando novas opções para se
diferenciar no mercado. Uma pesquisa conduzida pela Acision (www.acsion.com), encomendada
pela Teleco (www.teleco.com.br) apontou a “ascensão de serviços de valor adicionado como forma
para manter o ARPU”.

Paralelamente a esta linha, a COPEL vem percebendo que o crescimento das bandas oferecidas
aos usuários do mercado brasileiro tem sido feito de maneira desordenada sem a contrapartida
das aplicações que se fazem necessárias para o consumo de tal banda.

Seguindo este raciocínio, a COPEL vem estudando a possibilidade de implantar novas


infraestruturas de produtos e serviços como forma de habilitar sua rede para serviços de valor
agregado, podendo ser próprios ou fornecidos por terceiros, de modo a fornecer um real valor ao
usuário na utilização de sua infraestrutura produzindo uma experiência diferenciada.

2 Infraestrutura como serviço (Infrastructure as a Service - IaaS)

Segundo CIMCORP (2009), a grande maioria das empresas conta com recursos de TI para suprir
a necessidade de gerenciamento do negócio, para tanto, mantêm uma infraestrutura de
processamento, armazenamento e rede para garantir que esta matéria prima básica, a informação,
esteja disponível de forma rápida e segura.

Disco Virtual e CDN como infraestrutura de produtos para terceiros 65


Neste cenário, onde se fala muito em infraestrutura como serviço, a COPEL vem buscando
modelar sua rede de maneira a possibilitar a virtualização de alguns de seus componentes para o
fornecimento de infraestrutura como serviço a fim de aumentar o valor agregado percebido por
seus clientes.

3 Disco virtual (cloud storage)

O conceito de “Cloud Storage” ou simplesmente, “Disco Virtual”, trata do provimento de um serviço


de armazenamento remoto de maneira virtualizada. Tal serviço visa possibilitar aos clientes o
armazenamento de dados em um local remoto, seguro, redundante e transparente.

Esta solução visa também retirar o ônus dos clientes em manter uma infraestrutura de
armazenamento, sendo possível focarem em atividades inerentes aos seus negócios, deixando
toda a responsabilidade de manutenção da infraestrutura para a operadora.

3.1 Cenários

Neste tópico, serão descritos alguns cenários onde a solução de Disco Virtual pode ser utilizada.
São eles:
Corporativo: Empresas que possuam a necessidade de armazenamento de dados inerentes ao
seu negócio não necessitariam adquirir toda a infraestrutura necessária para tal. A COPEL, através
dos seus serviços de rede já existentes no mercado, poderia fornecer uma conexão em fibra,
interligando a rede do cliente à solução de disco da COPEL. De maneira transparente, o cliente
poderia ter acesso a um espaço “virtualizado”, de acordo com a sua necessidade, para armazenar
seus dados, como se estivesse localmente em sua empresa.

Site Backup: Para empresas que necessitam de alta disponibilidade de seus dados e serviços e já
realizaram algum tipo de investimento em infraestrutura própria, podem optar por adquirir a
solução de Site Backup da COPEL, onde a empresa continua utilizando sua infraestrutura própria
como a principal e aluga a infraestrutura da COPEL para prover redundância em caso de falha ou
até mesmo para alguma necessidade pontual e imediata.
Residencial: Usuários residenciais normalmente possuem diversas aplicações e dados em seus
computadores. Estes dados normalmente não possuem uma proteção efetiva contra ataques de
vírus e malwares, fato este que pode ocasionar perdas. Para evitar tais constrangimentos, os
usuários residenciais poderiam adquirir a solução de backup e armazenamento da COPEL,
recebendo a oferta de um produto de armazenagem dos seus dados em um local seguro.

4 Rede de distribuição de conteúdo (CDN – Content Delivery Network)

Content Delivery Network (CDN ou Rede de Fornecimento de Conteúdo) é um termo criado em


fins da década de 1990 para descrever um sistema de computadores interligados em rede através
da Internet, que cooperam de modo transparente para fornecer conteúdo (particularmente grandes
conteúdos de mídia) a usuários finais.

66 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


4.1 Características da CDN

• Coordenação na distribuição do tráfego descentralizado.

• Infraestura de distribuição de conteúdo.

• Capacidade de recursos de Global Load Balance.

• Capacidade para entregar vídeo.

• Segurança na legalidade dos conteúdos.

• Garantias na distribuição do conteúdo.

• Capacidade de largura de banda para vazão do tráfego de vídeo.

• Facilidades de gestão de repositório de conteúdo.

• Funcionalidades de DNS.

• Recursos de distribuição inteligente de conteúdo.

• Capacidade de armazenagem em grande escala.

• Facilidades na gestão de conteúdo.

• Infraestutura para ofertar serviços privados e públicos.

• Conexão com baixa latência, alta disponibilidade e grande largura de banda.

4.2 Tipos de clientes

Neste tópico, vamos procurar identificar os tipos de clientes com interesse nas plataformas de
CDN.

Os potenciais clientes dos produtos resultantes deste projeto são classificados como produtores
independentes analógicos, distribuidores iniciantes e distribuidores experientes.
Produtores Independentes Analógicos: São empresas que possuem boa parte do seu conteúdo
ainda analógico e estão analisando como irão digitalizar e distribuir o seu conteúdo numa rede.
Nesta classe de clientes encontramos algumas instituições de ensino.
Distribuidores Iniciantes: São empresas que possuem boa parte do seu conteúdo em formato
digital, muitas vezes em alta definição e ainda estão avaliando as possibilidades de distribuição em
rede. É o caso, por exemplo, de algumas redes de televisão aberta.
Distribuidores Experientes: São empresas que já fazem uso de todos os recursos de mídia
digital, inclusive construíram CDNs com os recursos disponíveis, desenvolvendo aplicações de

Disco Virtual e CDN como infraestrutura de produtos para terceiros 67


controle e de distribuição. É o caso, por exemplo, de algumas empresas que nasceram como ISPs
e estão tornando-se provedores de mídia.

O apelo de uma infraestrutura de serviços numa empresa de energia é único e sempre soa muito
bem junto aos seus clientes.

4.3 Cenários

Neste item descrevem-se os cenários possíveis para a solução de CDN. São eles:

Provedor de Aplicação/Conteúdo: Empresas que hoje possuem o seu negócio focado em


fornecer diversos tipos de aplicações na “nuvem” (Ex. http://www.salesforce.com) poderiam
adquirir uma solução completa da COPEL para armazenar e distribuir as aplicações aos seus
clientes de maneira segura e confiável. Com tal solução os provedores de conteúdo poderiam
realizar a gestão completa de distribuição de suas aplicações, realizando a “bilhetagem” de acesso
e de uso, inserção ou exclusão de usuários e aplicações.
Mídia: Assim como no cenário descrito anteriormente, empresas que possuam aplicações de
mídia tais como IPTV, VoD e servidores de jogos, poderiam, de maneira transparente, adquirir uma
infraestrutura completa da COPEL, para realizar a gestão e distribuição de seu conteúdo, sem
preocupar-se com investimentos adicionais em infraestrutura.

4.4 Caso Real

Diversas empresas mostraram um grande interesse quando souberam que a COPEL está
conduzindo o projeto de CDN. Ao se visitar uma destas empresas, ela foi classificada como
Distribuidores Experientes, para avaliar o real interesse na infraestutura aberta e também para
entender quais são os componentes necessários na infraestrutura que está sendo planejada.

Como resultado desta visita, identificou-se que esta organização poderá ser um futuro cliente da
COPEL. A empresa manifestou o seu interesse na infraestrutura proposta e informou que
atualmente está contratando uma parte da sua CDN diretamente nos EUA e a outra está
distribuindo dentro das operadoras.

Este é um cliente que exige um nível de serviço de alta qualidade e já, de imediato, uma grande
infraestrutura como serviço.

5 Modelos de serviços

Até onde deve ir o investimento na infraestrutura de uma rede é uma decisão estratégica, como
negócio, sendo que a infraestrutura deve prover condições para que o uso da rede seja pleno.

O investimento na infraestrutura de Disco Virtual para atender clientes de pequenas, médias e


grandes empresas e futuramente os clientes residenciais é um meio para que a valorização da
infraestrutura de banda extra larga seja percebida e para que as soluções da COPEL possam
encontrar condições de fornecimento de serviços com qualidade. Portanto, este investimento

68 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


garantirá que o fornecimento do serviço de site backup confiável e adequado as necessidades das
corporações possa ser uma realidade.

Atualmente se está na era dos ZETTABYTES, onde o principal consumidor das infraestuturas de
armazenamento são os conteúdos de vídeo. A oferta de uma infraestutura completa com
armazenagem e empurrador de vídeo passa a ter influência na infraestutura de uma rede.

Atualmente, os modelos de serviços de forma virtualizada, que permitam a COPEL ofertar


soluções para os seus clientes e parceiros, já estão mapeados no mercado e podem-se citar três
modelos de serviços, como o SaaS (Software as a Service), AaaS (Application as a Service) e
IaaS (Infrastructure as a Service).

O atual projeto concentra-se principalmente no IaaS, que parece estar mais alinhado com a
vocação da COPEL em construir infraestruturas de rede abertas para terceiros.

6 IPTV ou Internet ?

Segundo Pedro Ripper, presidente da Cisco Brasil, o futuro das infraestruturas/redes de transporte
deverá ser conduzido pelo tráfego de vídeo visto que isto já está ocorrendo atualmente, onde o
tráfego de VoD já começa a superar o tráfego de P2P puro. Esta afirmação foi feita após uma
pesquisa promovida por sua empresa para identificar as tendências dos usuários e mercado. Ele
afirmou que a América Latina irá liderar o crescimento do tráfego de Internet até 2012 e que o
vídeo irá redefinir a arquitetura e o perfil de tráfego na Internet.

O fato é que as infraestruturas para distribuição de vídeos já estão em fase de conclusão na


maioria das operadoras, que já investiram em soluções de IPTV. Apesar de todo investimento já
realizado, atualmente inicia-se uma nova discussão se o tráfego de vídeo do futuro será confinado
as redes privadas com qualidade fim a fim, ou se a nova composição de infraestruturas e
aplicações que fazem a rede Internet possuir uma melhor qualidade será a tendência futura para a
transmissão de vídeos.

Os autores entendem que independente da infraestrutura dominante de mercado, o projeto


proposto de Disco Virtual + CDN possui componentes para atender a qualquer uma das duas
tendências para as redes de vídeo que irão distribuir os conteúdos no futuro.

7 Contribuições para o BEL e para o modelo de rede aberta

Dentre as contribuições que este projeto poderá fornecer para o desenvolvimento do BEL, uma
das principais é compor, junto com a rede aberta do BEL, uma opção atrativa para parceiros,
detentores de conteúdo de vídeo que irão valorizar o tráfego de Banda Extra Larga.

Além deste grande benefício, devem-se apresentar outros, tais como:

• Permitir a entrega de aplicações próprias e de terceiros que garantam a experiência dos


clientes no uso da infrestrutura.

• Possibilitar a oferta de vários serviços/produtos para clientes coorporativos e residenciais.

Disco Virtual e CDN como infraestrutura de produtos para terceiros 69


• Implantar uma infraestrutura que implemente todos os recursos de rede para as diversas
soluções da COPEL e de terceiros.

• Ofertar infraestrutura virtualizada como serviço para os parceiros e clientes.

• Viabilizar alguns recursos de DataCenter que de maneira compacta possibilitarão a oferta


complementar de produtos de rede.

• Elevar a COPEL ao status de ponto de troca de tráfego profissional de grande


capacidade, em função da sua infraestrutura de rede e de serviços aberta para todas as
operadoras. Esta concentração permitirá a projeção do projeto BEL na região Sul do país.

• Possível redução futura nos custos com a contratação do tráfego de trânsito na Internet.

• Parceria para entrega de conteúdo tornando-se pontos de outras CDNs.

8 Os benefícios do projeto para o futuro

A questão do futuro do tráfego e infraestruturas para suportar todas estas aplicações são
discussões muito estratégicas quanto à evolução dos serviços nas redes de dados de
telecomunicações.

O tráfego de Internet tem crescido muito nos últimos anos, somente na COPEL, apenas em 2009,
saiu-se de um tráfego de 200Mbps para 800Mbps. A Internet tem sido o verdadeiro meio de
transporte das mais populares aplicações. Apesar do custo da Internet estar em queda constante,
a oferta de banda verdadeiramente larga para os clientes finais deve ser suportada por uma
burocrática, imensa e dispendiosa contratação de transporte dos grandes players de Internet.

A COPEL, apoiada neste projeto, pode dar um grande salto para solucionar este problema,
principalmente para os futuros clientes do BEL.

Fazendo uso da comunicação do conceito de rede aberta para as operadoras de


telecomunicações do mercado, com a implantação inicial do projeto de Disco Virtual e CDN
seguindo o mesmo conceito de comunicação ampla para os players de conteúdo de vídeo, e se
ainda puder trazer a conectividade centralizada do tráfego internacional da fronteira, a COPEL
poderá tornar-se o PTT de maior capacidade do sul do país, de extrema atividade e sendo fiel ao
conceito BEL de rede aberta, ou melhor, de infraestrutura aberta.

Neste momento os próprios clientes da infraestrutura de Disco Virtual + CDN passam a forçar que
o tráfego das operadoras seja conectado o mais diretamente possível com a COPEL. Atualmente,
eles distribuem os seus servidores pelas operadoras, o que gera um alto CAPEX e OPEX para os
provedores de mídia.

A proposta poderá convergir para criação inicial de um PTT de 10Gbps com praticamente todas as
operadoras de telecom do país, para suportar os novos clientes ou parceiros da COPEL. De
maneira estratégica, este movimento irá posicionar a empresa para o futuro do transporte de
aplicações pela Internet em nosso país.

70 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


O projeto BEL aponta para construção de uma via de acesso de enorme capilaridade e largura de
banda, através de tecnologias como o GPON ou DPON. Apesar disto, deve-se entender que tal
infraestrutura de atendimento de massa não se concretiza da noite para o dia e que, por outro
lado, uma transmissão de alta definição já aponta para encoders que conseguem concretizar o
sonho da imagem perfeita em bandas cada vez menores.

Existe, portanto uma lacuna de tempo, onde o tráfego dos clientes dentro do nosso estado estará,
ainda por algum tempo, ocorrendo maciçamente através dos acessos tradicionais de banda larga,
como ADSL e cable que são hoje ofertados por outras operadoras, sendo que muitas delas são
comercializadoras do tráfego de transporte e não possuem o interesse em conectar-se com a
COPEL.

Este cenário deverá ser modificado com a possibilidade de a COPL, através do projeto BEL,
posicionar-se como uma provedora de infraestrutura de rede aberta e neutra, em também à
medida que a COPEL passar a fornecer uma infraestrutura de CDN para os seus clientes e
parceiros de conteúdo, pois neste caso, as operadoras passam a ter uma necessidade em
melhorar a conexão com a COPEL, seja por redução de custos de transporte ou por melhoria da
qualidade.

Deve-se enfatizar que esta janela de oportunidade para a COPEL poderia ser fechada, na medida
em que os mais significativos conteúdos possam ser hospedados adequadamente num maior
número de operadoras, ou que alguma operadora tenha a mesma iniciativa que a COPEL. Mesmo
que o movimento de uma ou mais operadoras possa ser no sentido de prover esta infraestrutura,
atualmente não existe nenhuma operadora em nosso país com o conceito de fornecer serviços
dentro de uma infraestrutura aberta e este modelo poderá ser o grande diferencial para o sucesso
da COPEL neste segmento de telecomunicações.

9 Conclusão

Os autores entendem que este projeto é de extrema importância para o desenvolvimento pleno
dos direcionadores BEL e que existe uma janela de oportunidade que deve ser aproveitada,
garantindo assim o crescimento da COPEL Telecomunicações no estado e o provimento de mais e
melhores serviços à população.

10 Referências
[1] http://www.adrenaline.com.br/telecom/noticias/96/presidente-da-cisco-fala-sobre-o-futuro-da-internet.html

[2] http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=20431&sid=80

[3] http://www.cisco.com/en/US/solutions/ns341/ns525/ns537/ipodwdm_announcement.html

[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/CDN

Disco Virtual e CDN como infraestrutura de produtos para terceiros 71


10 Desenvolvimento e integração do
sistema BIT

Marcos Roberto dos Santos

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


marcosrs@copel.com

1 Introdução

O sistema BasIP nasceu em meados do ano de 2005 da necessidade de concentração e


integração dos dados operacionais da rede de telecomunicações. Até então, o cadastro era
implementado através do uso de planilhas, onde muitas delas tinham replicação manual das
informações, o que acarretava em eventuais erros cadastrais. A consequência maior destes erros
era o tempo gasto com retrabalho na busca da informação correta para uma atuação de operação
e manutenção. No início de 2006 o sistema entrou em produção e de lá para cá diversas melhorias
foram implementadas, as quais serão explanadas a seguir. Em 2009 o sistema foi rebatizado com
o nome BIT (Base Integrada de Telecomunicações), incorporando os dados da rede determinística.
Até então somente os dados da rede estatística eram tratados.

2 Melhorias do sistema BIT

Dentre as diversas melhorias do sistema BIT, são destacadas abaixo as principais, as quais
poderiam ser classificadas mais adequadamente como “evoluções do sistema”:

• Integração com o sistema comercial.

• Notificação automática de ocorrências.

• Possibilidade de atribuição individual de SLA para serviços (circuitos).

• Geração e padronização da configuração de equipamentos.

2.1 Integração com o sistema comercial

Após a entrada em produção do sistema no início do ano de 2006, a forma de inserção de dados
vindos da área comercial era manual. Com o passar do tempo, o volume de dados foi aumentando.

Desenvolvimento e integração do sistema BIT 73


Percebeu-se com isso que em pouco tempo esta tratativa se tornaria inviável considerando a
demora e a possibilidade de erro por inserção manual de dados.

No ano de 2007 foram iniciados os trabalhos de desenvolvimento de uma ferramenta de integração


entre as bases de dados. O colega de trabalho Julio Eduardo Martins foi o precursor desta nova
ferramenta, a qual foi desenvolvida em linguagem de programação java. Neste momento a
integração era do cadastro dos clientes. Os dados de endereços e serviços ainda tinham entrada
manual.

No segundo semestre do mesmo ano um outro colega, estagiário, Luiz Henrique Anjos Cardim,
implementou diversas melhorias na integração. Estas implementações possibilitaram o fim da
entrada manual de dados para novos serviços. Desde então, dados de clientes, endereços e
cadastro de serviços com suas respectivas velocidades alimentam o sistema BIT automaticamente
todos os dias.

No fim do ano de 2008 até meados do ano de 2009 foi implementada uma segunda versão de
integração, casada com uma nova facilidade de exportação de dados no sistema comercial, onde
os dados são exportados para um arquivo xml e este é lido pela nova versão de integração. Esta
facilidade veio em conjunto com o acréscimo no sistema dos dados da rede determinística, pois
até então somente os dados da rede estatística eram importados.

Outras iniciativas de integração também estão na lista das melhorias do sistema. Por exemplo,
integração com o sistema de gerenciamento de falhas HP Open View e com o sistema de
visualização de consumo Cacti.

2.2 Notificação automática de ocorrências

Com a maturidade do sistema do ponto de vista de entrada de dados e tratativa individual dos seus
cadastros, foram levantadas necessidades de informações consolidadas para análise gerencial.
Assim, diversas informações foram sendo geradas a partir do sistema como indicadores,
quantidades, ocupação e disponibilidade de equipamentos, dentre muitas outras.

Um dos produtos mais amplamente divulgados pela área mantenedora do sistema é o relatório de
ocorrências. No início este era gerado e distribuído de forma manual. Em uma segunda fase
passou-se a ser gerado de forma semiautomática, com um click, salvando o resultado em um
arquivo no formato pdf e enviado manualmente por e-mail para diversos destinatários. Por fim, foi
implementado no sistema agentes que são executados através de agendamento em servidores, os
quais enviam por e-mail para destinatários previamente cadastrados, diariamente e
automaticamente, os avisos que os relatórios de ocorrências foram postados em um servidor que
disponibiliza a informação no formato web-xml. Atualmente este servidor é o PortalNet.

2.3 Possibilidade de atribuição individual de SLA para serviços (circuitos)

Desde a sua concepção, o sistema BIT procurou retratar cadastralmente a rede de


telecomunicações o mais próximo possível da realidade.

74 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


Uma das características implementadas no sistema é a possibilidade da tratativa individual para
cada ponto contratado por um cliente do ponto de vista do restabelecimento do serviço e
criticidade deste. Esta facilidade permite estabelecer prioridade no atendimento de manutenção de
serviços, bem como o tempo máximo para atuação (vencimento de um registro).

A figura 1 apresenta as informações de vencimento e criticidade no tratamento de chamados do


sistema BIT, ilustrando a situação citada anteriormente, onde um registro de chamado apresenta a
abertura em 15/10/09 15:44, vencimento em 15/10/09 23:44 e criticidade “Critical” do chamado.

Figura 1: Vencimento e criticidade do chamado

2.4 Geração e padronização da configuração de equipamentos

Dentre as melhorias implementadas no sistema BIT desde o seu nascimento, sem dúvida, a
geração de configuração de equipamentos através de scripts é a mais significativa, complexa e
geradora de uma economia absolutamente fantástica para a empresa.

A proposta do sistema para esta funcionalidade é gerar a configuração de qualquer equipamento


em que seja possível determinar um modelo padrão de configuração e a utilização dos dados
cadastrais do sistema em partes deste modelo.

Sistemas comerciais elaborados com este fim, normalmente possuem outras funcionalidades além
da geração de configuração, comumente chamada de provisionamento, a qual pode ser
considerada uma das mais importante do conjunto. Entre as funcionalidades estão o próprio
provisionamento, monitoração da rede, gerenciamento de configuração, atualização de software,
inventário, auditoria, recuperação em caso de desastres, dentre outras. As cifras deste tipo de
solução normalmente estão no calibre de sete dígitos ou mais.

Neste ponto é que se encontra o diferencial do sistema BIT. Ele procura cumprir com eficácia uma
parte do que um software comercial inchado de funcionalidades também se propõe: gerar a
configuração para qualquer equipamento de qualquer fabricante. Significa que o sistema BIT não
faz tudo que estes softwares de mercado fazem. Entretanto, ele cumpre com competência o seu
propósito. Outro ponto a favor do sistema é que ele foi concebido para atender especificamente a
necessidade da empresa, diferentemente das soluções comerciais em que normalmente os
processos e definições cadastrais necessitam de adaptação da empresa para a solução comercial.

Desenvolvimento e integração do sistema BIT 75


3 Nova plataforma de dados e de interface

Com o crescimento do volume de dados, bem como o crescimento do número de usuários do


sistema, a partir do ano de 2009 o sistema está sendo reescrito para uma plataforma mais
moderna, bem como sua base de dados sendo migrada para uma base mais robusta.

O sistema atual utilizado em produção foi desenvolvido na linguagem Delphi 5 e com o banco de
dados MSAccess.

A plataforma escolhida para substituir o sistema atual foi java em ambiente web, utilizando a
tecnologia jsp e rich-faces, com banco de dados MySQL. Neste ponto é importante deixar claro
que o desenvolvimento da nova solução é independente do banco de dados. Significa que se
houver uma decisão técnica ou administrativa de troca de banco de dados, não há impedimento
por parte do desenvolvimento da nova solução. Bastam alguns pequenos ajustes para o correto
funcionamento do sistema.

4 Conclusão

A utilização do sistema BIT trouxe para as áreas usuárias ganhos que por diversas vezes são
difíceis de mensurar ou também muitas vezes passam despercebidos. O fato de existir uma
plataforma centralizada de dados da rede de telecomunicações possibilita a troca de informação
padronizada. É notável a proporcionalidade da exigência dos usuários em relação ao que o
sistema pode entregar. Na medida em que o sistema evolui, seus usuários evoluem também.
Lembrar do passado recente onde gastava-se muito tempo com procura e atualização de dados
em planilhas, e-mails e documentos, remete ao seguinte questionamento: “Será que precisamos
de mais e mais pessoas trabalhando nas diversas áreas da empresa ou precisamos de
ferramentas e processos melhores que tragam benefícios reais, reduzindo o tempo gasto com
atividades secundárias, direcionando esforços para as atividades realmente importantes para cada
profissional, área, enfim, para a nossa empresa?”

76 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


11 Capacitação de profissionais da
Operação

Pedro Catine de Lima

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


pedro.catine@copel.com

1 Introdução

A definição de capacitação encontrada no dicionário Aurélio é a seguinte:

Capacitação

[De capacitar + -ção.]


S. f.
1. Ato ou efeito de capacitar(-se).

Capacitar

[De capacidade (< lat. capacitate) + -ar2, seg. o padrão erudito.]

V. t. d. e i.
1. Tornar capaz; habilitar: 2
2. Convencer, persuadir: &

V. p.

3. Tornar-se capaz; habilitar-se.


4. Convencer-se, persuadir-se.

A definição, que traz uma explanação bem simplificada, remete à outra palavra pouco lembrada
quando tratamos sobre capacitação: a palavra habilitar.

É comum associar o aprimoramento da capacidade do ser humano com o tema treinamento. E


quando surge esta palavra, mais corriqueiro ainda é o entendimento de que treinamento deve
ocorrer da forma mais tradicional, ou seja, agrupando um certo número de pessoas numa sala,
disponibilizando recursos audiovisuais para repasse de conhecimento, num determinado espaço e
tempo.

Capacitação de profissionais da Operação 77


Este modo de compartilhar conhecimento pressupõe que todas as pessoas devem obter certo
aprendizado pelo mesmo método, ignorando a particularidade de cada indivíduo. Considerando isto,
a área de Operação de Telecomunicações da COPEL tem apresentado soluções alternativas para
fomentar o aprendizado de seus profissionais.

2 O despertar da Operação

A primeira ferramenta que fez a área despertar para as lacunas que existiam com relação à
passagem de conhecimento foi a ISO9000:2000. Esta, que ao ser implementada na COPEL,
trouxe consigo também um aplicativo, desenvolvido pela área de TI, denominado Sorriso.

Mais do que os métodos e conceitos existentes, o amadurecimento de um pensamento sistêmico


voltado para a correção de problemas foi o principal ganho da área com a implantação e gestão do
sistema da qualidade.

Outra ferramenta, que foi apresentada à área pela equipe de engenharia IP, que muito auxiliou na
aceleração do conhecimento, foi o Portalnet. O conceito de compartilhar conhecimento numa base
única e de fácil pesquisa, nos revelou ser bastante eficiente no momento mais crítico, quando os
profissionais, sob o regime de sobreaviso, necessitam de atuação na rede de telecomunicações.

Por fim, uma outra iniciativa da área que tem dado bons resultados, é promoção treinamento
ministrados pela própria área, ou ainda pela área de Engenharia IP.

2.1 O sistema da qualidade

A implantação da ISO9000:2000 na área trouxe um certo amadurecimento no tratamento de


problemas que, em muitos momentos, indiretamente está correlacionado com a falta de alguma
habilidade dos profissionais, não percebida durante a rotina dos processos. Atualmente na
Operação, se houver uma falha de atuação de algum profissional, o foco será sempre voltando
para o processo ou procedimento e para a validação da habilitação do funcionário, considerando
principalmente a individualidade do ser humano, que é inerente a cada um. Este filtro faz com que
os sistemas sejam aprimorados, os procedimentos sejam revistos de forma que cada profissional
possa atuar com mais segurança, dentro das suas limitações.

O sistema também trouxe um grande progresso na atuação efetiva de um novo funcionário. A


rotina de PDCA (plan, do, check, act; ou seja: planejar, executar, verificar e agir) também foi
aplicada na inserção de novos funcionários à área. Documentos que mapeiam, incluindo sistemas,
chaves de acesso, pastas de rede, foram gerados com o intuito de tornar ágil e serena a atuação
do novo funcionário em seu novo posto de trabalho. Como resultado, tem-se notado uma alta
produtividade destes novos integrantes já durante o período experimental.

2.2 O Portalnet

O Portalnet, ferramenta proposta e concebida pela área de engenharia IP, teve como fundamento
a mesma filosofia da Wikipedia, ou seja, uma ferramenta aberta, com conteúdo colaborativo e que
pudesse ser acessada por todos, utilizando uma interface simples de acesso e busca. Esta

78 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


ferramenta, além de agilizar o aprendizado, acelerou também a forma como as informações
técnicas eram repassadas, já que todos puderam colaborar com o seu conhecimento, gerando
rapidamente uma base de conhecimento, que possui conteúdo de interesse das maioria das áreas
que atualmente compõem a Superintendência da Telecomunicações da COPEL.

Apesar do forte apelo que o Portalnet tem pela sua proposta, ainda há muitos desafios a serem
vencidos para que este torne-se uma referência, quase que exclusiva, para recuperar informações
operacionais. O controle sobre um procedimento vencido ou qualquer informação que já se tornou
obsoleta são alguns dos problemas deste portal. A repetição da informação ou até a validade dela
também é outro fator que preocupa. Isto porque, mesmo sendo baseado no conceito da Wikipedia,
o Portalnet difere desta porque ainda não tem gestores da informação, que teriam o papel de
validar a informação a ser armazenada. A falta desse gestor é que tem, de certa forma, mantido
ainda o Portalnet como uma referência secundária como alternativa de conhecimento
compartilhado.

2.3 A iniciativa interna de capacitar

A forma tradicional de se buscar no mercado empresas especializadas em treinamento para suprir


carências de conhecimento, pela própria dificuldade de contratação e pelos prazos envolvidos
nesta, tem levado as equipes a terem acesso aos conhecimentos necessários para sua atuação a
longo prazo o que, consequentemente, ocasiona certo atraso para a atuação efetiva dos
profissionais. Na grande maioria dos cursos ofertados, não há nada que esteja totalmente
direcionado à tecnologia e equipamentos em uso. Isto faz com que o tempo e o aproveitamento
efetivo do curso sejam menores do que a expectativa gerada um função da carência existente.

Percebendo esta dificuldade, a Operação tem elaborado cursos com conteúdo direcionado e com
um ambiente voltado para a prática aplicada aos negócios da empresa. São cursos direcionados
visando um único público, o que torna a passagem de conhecimento mais produtiva e uniforme. O
próprio conceito do curso tem sido trabalhado, pois o entendimento de que o conhecimento
somente pode ser retransmitido com base em apostila e recursos audiovisuais está sendo
alterado. Repasse de conhecimentos, quase como um formato de palestra ou de uma pequena
reunião, tem se tornado mais comuns na área, visando um fim, já planejado e controlado, para
cada novo funcionário.

Contudo, ater-se somente às lacunas de conhecimento técnico apenas da equipe seria como
negar que a área não faz parte de um processo. Pensando assim, a iniciativa de estender os
cursos para as outras equipes da área de telecomunicações contribuiu para que a Operação
tivesse mais produtividade em certas atividades. Estes cursos promoveram, além de uma
responsabilidade cooperativa, uma maior integração entre as áreas, tornando as atividades
conjuntas mais ágeis.

3 Conclusão

A experiência da Operação ressalta a importância de se buscar constantemente alternativas para


novos conhecimentos e para o compartilhamento destes. Neste último item, trabalhou-se de forma

Capacitação de profissionais da Operação 79


mais efetiva, promovendo ambientes colaborativos, com o intuito de propiciar um clima na equipe
com liberdade para o “fazer”.

4 Referências
[1] Dicionário Aurélio Eletrônico, versão 3.0. Acesso em 20/10/2009.

80 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


A necessidade de atualização permanente

12 de conhecimentos para o
desenvolvimento do novo modelo
estratégico da COPEL Telecomunicações

Marcos Miguel Ferigotti

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


marcos.ferigotti@copel.com

1 Introdução

O setor de (tele)comunicações passa por um momento de grandes transformações em função do


advento das convergências tecnológicas, de mercado e regulatória. Neste sentido, considerando
as transformações do setor, as empresas estão buscando a alavancagem de novos modelos de
negócios, e com a COPEL Telecomunicações não poderia ser diferente. Podemos considerar o
Projeto BEL como um marco divisor de águas contextualizado neste novo cenário, e como
derivado direto do mesmo, a nova Missão e Visão da COPEL Telecomunicações, estabelecendo
com isso, desafios verdadeiramente grandiosos, arrojados e corajosos.

Missão

Promover o desenvolvimento do Paraná através das telecomunicações, contribuindo para


a cooperação e a integração entre governos, academia, iniciativa privada e terceiro setor.

Visão

Ser reconhecida, até 2020, como a melhor integradora de soluções de telemática do


Paraná.

O acelerado avanço e evolução da Internet está provocando um profundo impacto na economia


global com inegável influência na maneira de pensar e agir das sociedades. O uso intenso da
Internet por todos os segmentos da sociedade está promovendo mudanças radicais em termos de
inovação, criatividade, produtividade, empreendedorismo e conhecimento na era da chamada Web
2.0, cuja principal característica é ser muito mais focada nas pessoas, nas suas interações e na
geração de conteúdos e aplicativos de forma altamente colaborativa, utilizando da tecnologia não
mais como o recurso predominante do passado, mas como o meio convergente para a promoção
dessas novas dinâmicas. Entendendo a Internet como o meio para a universalização das

A necessidade de atualização permanente de conhecimentos para o desenvolvimento do novo modelo estratégico da COPEL Telecomunicações 81
comunicações e para a disponibilização destes serviços, tendo em conta a cobertura da sua rede
no estado, a COPEL Telecomunicações passa a adotar o modelo de integradora, de forma a
disponibilizar uma plataforma aberta e neutra para o provimento de múltiplos serviços com
múltiplos parceiros que passarão a complementar, de acordo com as demandas deste novo
mercado, os serviços de infraestrutura de Internet e comunicação em redes que a COPEL
Telecomunicações já oferece atualmente, proporcionando muito mais comodidade e conveniência
para os usuários. Como efeito deste novo posicionamento e, por conseguinte, do seu crescimento
em volume de usuários e de capilaridade de rede, a COPEL estimulará ainda mais a livre
concorrência, oportunizando a alavancagem de novos negócios, além de fomentar cada vez mais
o desenvolvimento socioeconômico do Paraná através das telecomunicações. Mas o que se pode
dizer do que virá a seguir? Ao certo, ainda não se sabe! O que se pode adiantar é que virá a Web
3.0, seguida pela Web 4.0 e assim por diante...E, se pelo menos isso é sabido, é preciso que se
inicie uma profunda reflexão estratégica com ações para adentrar e permanecer na futura e não
muito distante era x.0 da Web, concentrando esforços para se atualizar com o perfil e desafios
deste novo mercado, inserido em um modelo de gestão eficiente e de alta competitividade.

1.1 O desenvolvimento do modelo integrador

O posicionamento estratégico inovador da COPEL Telecomunicações à luz da sua nova Missão e


Visão, caracterizando-a como uma integradora de soluções de telemática, em um novo modelo de
rede aberta e neutra, preconiza uma relação sinérgica com terceiros, não somente pela proposta
inovadora do modelo em si, mas, essencialmente, para acompanhar e processar as mudanças e
transformações das (tele)comunicações na mesma velocidade que elas acontecem. O conceito de
Integradora deve ser entendido como um somatório de competências próprias e de terceiros para
a modelagem de novos negócios, que reflitam no atingimento altruísta da empresa pelo prisma do
desenvolvimento socioeconômico do estado do Paraná através das telecomunicações. Para
viabilizar o modelo integrador, faz-se necessário atender às mais diversas exigências e demandas
consideradas como fundamentais para a implementação, expansão e sustentabilidade das nossas
ações no presente e no futuro, tais como:

• Desenvolvimento e ampliação dos serviços prestados à COPEL (energia).

• Entrada da COPEL Telecomunicações no mercado residencial (pessoa física).

• Modelagem de novos negócios à luz da regulamentação e da correta tratativa jurídica,


contábil, tributária, fiscal e financeira.

• Composição de pacotes (bundles contendo telefonia, dados, Internet, TV e outros


conteúdos), pela agregação de serviços de empresas parceiras (service providers).

• Desenvolvimento e oferta de novos produtos e serviços, a serem providos pela própria


COPEL Telecomunicações, integrando os bundles.

• Elaboração de modelos de negócios com empresas parceiras potenciais, contemplando


mecanismos para compartilhamento de receitas.

82 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Elaboração de modelos de contratos de parceria, com flexibilidade de adaptação aos
serviços específicos de cada service provider.

• Elaboração de modelo de contratação on-line, e sua implementação na web, para a


agilização do atendimento, com isso permitindo um salto mais significativo no número de
clientes.

• Oferta aos clientes da opção de co-billing.

• Projeto, aquisição e implantação de plataforma tecnológica de serviços, baseada em web


e integrada aos sistemas legados e ao CIS/ERP que está sendo adquirido pela COPEL.

• Adequação das plataformas de integração e dos sistemas de informação.

• Convergência na interação e na comunicação com o cliente inserido no contexto “one


stop shopping”.

• Ampliação dos canais de comercialização e de suporte.

• Provimento de estruturas adequadas aos vários canais de atendimento.

• Ampliação do backbone, para suportar a expansão decorrente da implantação dos novos


negócios.

• Projeto, aquisição e instalação de redes GPON.

• Integração com redes que utilizam tecnologias distintas (óptica, wireless, PLC e outras).

• Concepção de modelo de atendimento para público de mais baixa renda (exemplo:


projeto de universalização por tecnologia Wi-Fi Mesh, com subsídios por propaganda,
dentre outros).

• Identificação da necessidade de adequação do organograma da STL para a viabilização


dos novos negócios, em sistema de gestão por processos.

• Estruturação de programa de atualização permanente de conhecimentos, para


empregados da COPEL Telecomunicações, enfocando, particularmente, os novos
aspectos desse modelo preconizado.

2 Aprendizagem, geração e obsolescência do conhecimento

Diante do novo cenário que a COPEL Telecomunicações está se inserindo, faz-se necessário a
realização de um amplo trabalho de atualização profissional, envolvendo a discussão da matéria
com os gestores e demais colaboradores das operações no que diz respeito ao desenvolvimento
das atividades correlacionadas à estratégia e das competências exigidas para o acompanhamento
do modelo adotado. Em outras palavras, é preciso sistematicamente renovar o acervo de
conhecimento para a execução consciente de ações alinhadas com os objetivos estratégicos da
organização.

A necessidade de atualização permanente de conhecimentos para o desenvolvimento do novo modelo estratégico da COPEL Telecomunicações 83
Arie de Geus, em seu livro A Empresa Viva, refere-se as organizações competitivas como
“organizações baseadas no conhecimento” ou como “organizações que aprendem”: organizações
inerentemente mais flexíveis, adaptáveis e mais capazes de continuamente “reinventarem-se”.
Tais organizações terão como base a crença de que, em um mundo de mudanças cada vez mais
aceleradas e crescente interdependência, “a fonte básica de toda vantagem competitiva está na
capacidade relativa da empresa de aprender mais rápido do que seus concorrentes, o que pode vir
a ser a única vantagem competitiva sustentável”. Por este prisma, vale lembrar Charles Darwin e a
teoria da evolução das espécies: "Não é o mais forte, nem o mais inteligente, é o mais adaptável
às mudanças que vai sobreviver". A teoria de Darwin também tem muita valia para as
organizações, visto que neste contexto, a sobrevivência se torna sinônimo de competitividade. De
maneira geral, estamos acostumados a associar competitividade com atributos mercadológicos,
que de fato são indispensáveis e fundamentais para sustentar a competitividade de uma
organização, mas não suficientes. Isto porque, adaptação, flexibilidade e agilidade são atributos
humanos. No entretanto, não podemos estabelecer um manual de procedimentos para formar
pessoas competentes, uma vez que estes talentos não podem ser adquiridos, mas sim,
desenvolvidos continuamente.

Para Kaplan & Norton, a causa fundamental para o sucesso de uma organização está relacionada
as pessoas, enfocadas na perspectiva de aprendizado e crescimento no modelo de gestão
baseado no Balanced Scorecard BSC das organizações, como o alicerce para gerar crescimento,
produtividade e melhoria a longo prazo. Para eles, “a inovação e a melhoria de produtos, serviços
e processos nascerão da reciclagem dos funcionários, pelo uso de tecnologias de informações e
de procedimentos organizacionais estrategicamente alinhados. Organizações bem sucedidas são
aquelas em que suas lideranças estão permanentemente envolvidas com o processo de
aprendizagem dos seus colaboradores como matéria-prima para a geração e ampliação do
conhecimento nas suas mais diversas áreas e na transformação destes em ações direcionadas
para o atingimento dos objetivos organizacionais. Esta compreensão e investimento em pessoas é
que determinarão ou não o sucesso de qualquer empreendimento. Esse é o princípio
fundamental!” De forma complementar, o aprendizado inserido no contexto educacional, deve ser
essencialmente percebido como a chave para o desenvolvimento sustentado das organizações e
de seus colaboradores no âmbito pessoal e profissional. De acordo com a etimologia da palavra
educação, o verbo educar deriva do grego duc (conduzir), e o e (reflexivo), o ato ou efeito de se
autoconduzir, o que, no sentido filosófico da palavra, significa ser o responsável direto sobre suas
ações, assumindo o comportamento adequado para liberar o espírito humano que torna possível a
iniciativa, a criatividade e o empreendorismo.”

Dulce Magalhães define aprendizagem como a “capacidade de transformar informação em


conhecimento”. E complementa “o que difere a informação do conhecimento é que o conhecimento
modifica a forma de pensar e agir influenciando no comportamento das pessoas. Já a informação
não possui esta prerrogativa. Há uma quantidade enorme de informações que circulam
diariamente, às quais temos acesso, mas que efetivamente não modificam o nosso
comportamento”. De acordo com o Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da
Informação – Cenadem, a humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50
anos que nos 5 mil anteriores. Esse número duplicará nos próximos 26 meses. Em 2010, a
informação duplicará a cada 11 horas. Obviamente, é necessário que exista um filtro para que haja
um processamento natural das informações que nos rodeiam para fomentar um processo de
aprendizagem que nos conduza ao atingimento dos nossos alvos. Para tal, é necessário ter foco.

84 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


Contudo, focar não é apenas eleger o que queremos, mas também deixar de lado o que não
queremos. É o que a Andragogia, ciência exclusivamente dedicada a aprendizagem de adultos,
preconiza. Uma das premissas dessa especialidade é entender a motivação das pessoas por trás
da aprendizagem. Todo adulto ao iniciar um processo de aprendizagem, já trás consigo uma série
de conceitos, crenças e informações de vida, que vão servir de filtros direcionadores para a
aquisição e aplicação de novos conhecimentos. Isso porque, o verdadeiro aprendizado deve gerar
um novo comportamento, modificar hábitos e rever métodos. E quanto menor o tempo entre a
aprendizagem e a ação, maior será o domínio e a competência para uma determinada atividade.
De forma análoga, o efetivo aprendizado das organizações depende do conhecimento prático de
seus quadros na velocidade adequada para proporcionar continuamente a agregação de valor ao
negócio. Ainda nesta linha, é mister salientar que a geração de conhecimentos não pode ser
apenas vista pelo modelo convencional de aprendizado por meio de treinamentos ou de programas
de capacitação e reciclagem dos quadros organizacionais. Além destas formas clássicas, o
conhecimento deve ser acumulado e inserido de forma multidisciplinar e integrada através do
compartilhamento de experiências e habilidades individuais adquiridas, bem como, dos efeitos
resultantes de suas ações, o que exige uma interação intensiva e laboriosa entre os membros da
organização, conforme abaixo ilustrado.

FORMAS DE TRANSMIÇÃO DO
CONHECIMENTO
ÍNDICES DE RETENÇÃO
DO CONHECIMENTO
5% Assistir uma palestra

10% Leitura

20% Utilizando Recursos áudio-visuais

30% Demonstração / Uso imediato

50% Discussões em grupo

FOCO DAS
ATIVIDADES
75% Praticando o conhecimento

85% Ensinando os outros

Figura 1: Pirâmide do Conhecimento

Entretanto, os conhecimentos adquiridos depreciam muito rapidamente quando novos


conhecimentos são constantemente criados. Em áreas mais dinâmicas, como as de alta
tecnologia, e em especial, a de telemática, a expectativa de conhecimento relevante e atualizado
através de décadas, está atualmente, reduzida para meses ou anos. A meia vida do conhecimento,
aqui definido como o tempo necessário para que a metade do conhecimento num certo campo
torne-se obsoleto devido a novos desenvolvimentos, pesquisas e inovações, conforme abaixo

A necessidade de atualização permanente de conhecimentos para o desenvolvimento do novo modelo estratégico da COPEL Telecomunicações 85
ilustrado, está notoriamente baixando ao longo do tempo. Esta percepção, pelo enfoque da
atualização de conhecimento, reforça o que Peter Drucker afirmou, ao final dos anos 80, quando
dizia que “20% das mudanças e transformações de maior impacto global ocorreriam nos últimos
vinte anos do século XX, e que 80% delas ocorreriam nos vinte primeiros anos do século XXI”.

Ritmo de Desenvolvimento do Conhecimento

Defasagem da
Atualização

Habilidade real
de Utilização

1980 Tempo

Figura 2: Meia vida do conhecimento

3 O uso de videoconferência como recurso para atualização profissional

O uso do recurso de videoconferência tem sido uma constante na COPEL Telecomunicações para
a promoção de reuniões de rotina entre áreas fisicamente distantes e em reuniões gerenciais com
a participação dos gestores lotados nos polos de telecomunicações localizados no interior do
estado. Além disso, são promovidas encontros virtuais com fornecedores que detém sistemas
compatíveis de videoconferência ao utilizado na COPEL. Entendendo a necessidade de constante
atualização de conhecimentos para os profissionais da COPEL Telecomunicações, de acordo com
os conteúdos acima expostos para o desenvolvimento do modelo integrador, a utilização de
videoconferência estabelece a melhor relação custo-benefício para a promoção de eventos desta
natureza. A redução de custos, fortemente evidenciada na anulação de deslocamentos e
hospedagem, além da expressiva economia de tempo, gera comodidade, praticidade e escala de
participantes. Estudos comparativos de custos já realizados para a participação de uma pessoa em
um evento de atualização profissional, promovido em ambiente externo, na forma presencial, em
relação a possível utilização de videoconferência para a mesma finalidade, apontam para uma
proporção de no mínimo 1/10, ou seja, com o custo de participação de uma pessoa em um evento
externo, seria possível proporcionar a mesma oportunidade para, no mínimo, dez pessoas usando
o recurso de videoconferência. Cabe observar que estes custos, por sua vez, acabam se diluindo
cada vez mais a medida que se aumenta o número de participantes. Embora possamos utilizar o
recurso de videoconferência para a promoção de eventos de atualização, é necessário

86 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


primeiramente compreender que o desenvolvimento deste programa, em específico, não prevê o
uso de tecnologias de alta definição, como é o caso da telepresença, ou de recursos de
infraestrutura de apoio pedagógico comumente utilizados por entidades que promovem a
educação a distância profissionalizada como um negócio para atingir um grande público. A
viabilização deste projeto, prevê a utilização de recursos tecnológicos e físicos atualmente
disponíveis na empresa, de forma a proporcionar uma interatividade adequada para a realização
de uma série de palestras e debates com os mais diversos conteúdos de interesse estratégico da
COPEL Telecomunicações, conduzida por consultores externos. Por entender que a maioria
destes consultores estão lotados em São Paulo, será disponibilizado um link dedicado para a
transmissão destes eventos diretamente do escritório de representações da COPEL em São Paulo
(ESPA), cujos conteúdos serão apresentados pelos consultores via desktop, utilizando câmera e
microfone acoplados a um computador com software adequado para a promoção da conferência.
Na COPEL, a interatividade será promovida em sala com disposição de mini auditório, utilizando
equipamento de videoconferência apoiado por microfone, monitor de TV e tela para a projeção das
apresentações, que também poderão ser visualizadas por pessoas lotadas em outras salas no
interior.

4 Conclusão

A necessidade de aprendizado e de atualização constante exige disciplina no dia-a-dia das


pessoas. Estabelecer um tempo formal para estar em sintonia com a realidade, trás na essência a
busca do conhecimento adequado como elemento-chave para a viabilização de qualquer
empreendimento de uma organização. Além disto, o uso de tecnologias e recursos que permitam
viabilizar conteúdos de aprendizado, como o que se sugere através da promoção de um programa
de atualização profissional por meio de videoconferência, proporcionam eficiência, rapidez e
praticidade para os propósitos e resultados desejados.

A essência deste capítulo é demonstrar os aspectos intrínsecos da atualização profissional para a


promoção da participação, integração e desenvolvimento dos colaboradores da COPEL
Telecomunicações. Nessa intenção, é relevante demonstrar que o propósito da educação
consciente e responsável das suas atribuições, inserida no pensamento sistêmico voltado para o
atendimento dos anseios da sociedade, implica no desenvolvimento humano das organização e a
prática do conhecimento adjacente como a mola propulsora da criatividade, inovação e
empreendedorismo, enfocando resultados para a empresa e a realização pessoal da sua força de
trabalho.

5 Referências
[1] GEUS, Arie de. A Empresa Viva. 1ed. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998.

[2] KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A. Estratégia em Ação: Balanced Scorecard. 1ed. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1977.

[3] MAGALHÃES, Dulce. Mensageiro do Vento. 1 ed. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2006.

[4] http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?pub_id=9264. Acesso em 05/10/2009

[5] http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2007/08/piramidedoconhecimento. Acesso em 05/10/2009

A necessidade de atualização permanente de conhecimentos para o desenvolvimento do novo modelo estratégico da COPEL Telecomunicações 87
13
Jackson Antonio Lis
Smart Grid

COPEL – Companhia Paranaense de Energia


jackson@copel.com

O termo Smart Grid, que pode ser traduzido como Malha ou Rede Inteligente (de energia elétrica),
tem sido bastante comentado desde promulgação do “American Recovery and Reinvestment Act”
ou Ato de Reinvestimento e Recuperação pelo Presidente Barack Obama (EUA), logo após a sua
posse.

Nesse Ato de Recuperação e Reinvestimento foram incluídos R$ 4,5 B especificamente para


Smart Grid. Na época da divulgação do plano, revistas americanas, como a Time, publicaram que
Barack Obama é o primeiro Presidente “Internet Connected” e que reconhece a importância que a
Informação e a Conectividade tem para o Smart Grid.

É interessante o discurso desse Presidente: ”Iremos além de reaparelhar a américa para a


economia global. Isso significa que renovaremos o modo como hoje temos a eletricidade iniciando
pela construção de uma nova Smart Grid com a qual economizaremos dinheiro, protegeremos
nossas fontes de geração contra ataques, “blackout” e entregaremos uma energia limpa e a partir
de formas alternativas am cada canto da nação”.

Para os americanos o termo Smart Grid associa-se às expectativas:

• Será bom para o meio ambiente:


Melhoria do da eficiência e provimento de novas fontes de energia com redução de
emissão de gases poluentes.
Tornar uma realidade a rede verde (Green Grid).

• Simplicidade, baixos custos de operações e maior eficiência:


Redução dos custos das tecnologias envolvidas no sistema elétrico.
Aumento da eficiência nas operações atuais do sistema elétrico obtendo melhores taxas
de utilização.

Smart Grid 89
• Melhorias nas operações da rede elétrica:
Alta recuperação no caso de falhas.
Menor tempo de indisponibilidade / menos indisponibilidades / decisões inteligentes.

• Maiores opções para os consumidores:


Atendimento das necessidades individuais através de maiores opções.
Tarifas dinâmicas que atendam as necessidades de rede elétrica das operadoras e dos
consumidores.
Redução do custo final da energia para os consumidores.

Mas o que realmente significa Smart Grid para os americanos? Sobrepondo diversos depoimentos,
parece que para ele Smart Grid está sendo entendido como:

• Implantação de tecnologias inteligentes de medição.

• Automação da Distribuição.

• Uso e integração de fontes de energia distribuídas, fontes alternativas para atendimento


de demandas de pico e eficiência das fontes.

• Segurança Cibernética.

• Integração com equipamentos/eletrodomésticos e outros dispositivos residenciais


inteligentes.

• Implantação e integração de elementos de armazenagem de eletricidade e elementos


capazes de aplainar os picos de demanda da rede.

• Transferência de informações para os consumidores, em tempo real, de modo a permitir


decisões de controle de consumo.

• Desenvolvimento de padrões de comunicações e interoperabilidade de


equipamentos/eletrodomésticos conectados à rede elétrica.

• Otimização da operação das redes de energia de modo a refletir o dinamismo das


mudanças das infraestruturas físicas e dos mercados econômicos.

De um modo geral, para os americanos, Smart Grid contempla:

• Medidores eletrônicos com conectividade.

• Utilização de fontes alternativas de energia:


Painéis Solares.
Energia Eólica.
Carros dual motor.
Geração de energia a nível do consumidor residencial.

90 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Controle de cargas doméstica:
Bombas hidráulicas.
Ventiladores.
Aquecedores (água, ...).
Lavadoras de roupa.
Secadoras.

E para os brasileiros, o que está sendo entendido como Smart Grid? Apesar das opiniões ainda
divergirem, percebe-se já o entendimento abaixo:

• Pelos fornecedores de equipamentos:


Como uma grande oportunidade de empacotar num único nome, vendável, diversas
soluções já existentes, facilitando a compreensão e compra pelos gestores das empresas
de energia.

• Pelos Gestores das empresas de energia:


Como uma revolução que poderá dar novos rumos ao setor.

• Pelo pessoal técnico das empresas de energia:


Um oportunidade de empreender, agora com o apoio da gestão, diversas iniciativas que
antes eram incompreensíveis e até tolhidas.

• Pela ANEEL:
A redução das perdas, melhoria da qualidade da energia oferecida e possibilidade de
redução da tarifa.

No Brasil, num recente evento sobre Smart Grid abrangendo a América Latina, alguns gestores de
grandes empresas e de grupos de empresas, comentaram sobre suas expectativas:
Grupo 1: Aumento da lucratividade.

Grupo 2: Uma cesta de motivos que compreende redução de custos e perdas, melhoria
da qualidade, do meio ambiente, da lucratividade e oferta de novos serviços como por
exemplo energia pré paga.

Outros: Controle da rede, Observabilidade da rede, “Self Healing”, melhoria na


manutenção com pró atividade.

Um dos principais elementos, compreendido pelo Smart Grid, são os medidores eletrônicos,
conectados bidirecionalmente. Dessa forma se terá não somente a Telemedição, mas também
mais um ponto de sensoriamento da rede de distribuição.

Na COPEL Distribuição a telemedição já é utilizada em alguns locais, porém os planos futuros são
bastante arrojados.

Smart Grid 91
1ª Momento – Telemedição de consumidores do Grupo A:

Telemedição de grandes contas: Grandes Industrias, Grandes Empresas, os quase compreendem


0,32% dos clientes mas representam 48,8% da receita da DIS;

Telemedição de Clientes especiais: Padarias, Postos de Gasolina, Bares, Médias empresas os


quais representam 2,5% dos clientes e representam 16,1% da receita da DIS.

Esses dois grupos de clientes representam quase 60% da receita da DIS

2ª Momento – Telemedição de consumidores do Grupo B:

Telemedição de clientes normais, residenciais e pequenas empresas.

A COPEL Telecomunicações e o primeiro momento de Telemedição da COPEL Distribuição

De modo a atender ao Primeiro momento de telemedição da Distribuição a COPEL


Telecomunicações propôs a conexão via fibra óptica, inicialmente, de 1.000 consumidor do grupo
A já no ano de 2010.

Fibra óptica
Tunelamento

VPN TELEMEDIÇÃO

Medidor IP

Figura 1

A conexão em fibra permitira à COPEL Distribuição acessar em tempo real os medidores


instalados nesses consumidores, obtendo maior gerência sobre:

• Mercado – Dados de consumo em bloco.

• Perdas – Balanço energético, alarmes de violação e etc.

• Faturamento – Leitura consistida.

92 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


• Relacionamento com cliente – perfil de consumo.

• Medição – Defeito de equipamentos de medição.

• Tarifas – Curvas de carga.

A partir dos clientes conectados em Fibra óptica abrem-se mais oportunidades para a COPEL
Distribuição com a transformação desses locais em pontos de atendimento para outras conexões,
como por exemplo soluções especializadas de Rádio Frequência ou mesmo WiFi, possibilitando a
telemedição de outros clientes nas proximidades, incluindo clientes do grupo B e também o
monitoramento de pontos da Rede de Distribuição nas proximidades.

Figura2

Por outro lado, a conectividade desses clientes em fibra abre oportunidades para a
comercialização de serviços de telecomunicações, desde Internet pela COPEL Telecomunicações
até serviços de terceiros como Telefonia IP, através do modelo BEL de rede aberta.

Smart Grid 93
Telefonia IP
IP TV
fastTV
...
X TV IP TV
... opção
opção Telefone IP
Fibra óptica
Tunelamento Internet

VPN TELEMEDIÇÃO

Internet
Medidor IP

Figura 3

A COPEL Telecomunicações e o segundo momento de Telemedição da COPEL Distribuição

A conexão desses clientes do Grupo B, que na maioria são residências e apartamentos, pode ser
através de fibra óptica.

Figura 4

94 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


No caso dos consumidores do grupo B, a ANEEL informou que pretende, num prazo de 10 anos,
que as concessionárias de distribuição implementem Medição eletrônica em todos os seus
consumidores. Isso significa trocar cerca de 63 milhões de medidores no Brasil.

No entanto, a data de início ainda não está definida. Fala-se que isso acontecerá a partir de 2011.
No momento a ANEEL está consolidando os requisitos desse medidor eletrônico, sendo que as
características, ainda não oficiais, divulgadas pela ANEEL, compreendem:

• Tensão.

• Corrente.

• Energia ativa e reativa.

• Demanda ativa e reativa.

• Fator de potência.

• Frequência.

• Registro de frequência e duração de interrupção.

• Duração de transgressão de tensão.

• Capacidade de pré pagamento.

• Capacidade de leitura remota.

• No mínimo 1 meio de comunicação.

• Dados bidirecionais.

• Visualização do medidor remoto (no caso de medição centralizada).

• Valor monetário consumido.

A tendência dos medidores eletrônicos é que a conectividade do medidor seja um módulo


intercambiável. Possibilitando assim diversas alternativas de conectividade. Recentemente
conversou-se com um fabricante de medidores sobre a possibilidade desse módulo de
comunicação ter:

Smart Grid 95
(i) Conectividade óptica:

Medidor eletrônico

Fibra Óptica •Módulo de Comunicação IP


•Transceiver Óptico/Ethernet
Figura 5

Dessa forma o medidor estaria pronto para a conectividade óptica oferecida pela COPEL
Telecomunicações.

(ii) Possuir um micro Switch Ethernet:

Telefone
IP
Internet IP TV
Medidor eletrônico

Fibra Óptica •Módulo de Comunicação IP


•Transceiver Óptico/Ethernet
•Micro Switch Ethernet
Figura 6

Com o micro switch seria a possível a COPEL Telecomunicações ofertar serviços próprios e de
terceiros aos consumidores.

96 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


(iii) Possuir um micro switch óptico:

Telefone
IP
Medidor eletrônico
Internet IP TV

Fibra Óptica

Fibra Óptica •Módulo de Comunicação IP


•Transceiver/ Switch Óptico/ Ethernet
Figura 7

O switch óptico possibilitaria à COPEL Telecomunicações entrar de forma óptica e passiva dentro
da residência, através da mesma tubulação dos cabos de energia sem oferecer ou sofrer
interferências elétricas ou de rádio frequência.

O fabricante de medidores eletrônicos, com quem se conversou, deixou claro que todas as
alternativas acima são possíveis de serem fabricadas, ressaltando que a terceira seria a mais
adequada devido à passividade elétrica da conexão, protegendo o medidor de fatores elétricos
externos incluindo oxidação de contatos.

Telefone
IP
Medidor eletrônico
Internet IP TV

Cabos Elétricos
e
Fibra Óptica
Juntos
Figura 8

A partir da terceira alternativa surgem mais oportunidades de melhoria na conexão da fibra óptica
ao cliente com a utilização de cabos elétrico já com a fibra óptica fundida ou então de cabos
elétrico com tubos apropriados para a inserção de fibras óptica.

Em conversa com um fabricante mundial de cabos elétricos e ópticos, tomou-se conhecimento da


possibilidade de se fabricar cabos elétricos já com a fibra óptica.

Smart Grid 97
Existem também outras forma de conexão além da fibra óptica, vale comentar sobre os testes com
a tecnologia BPL (Broad Band Powerline) que a COPEL está fazendo na cidade de Santo Antonio
da Platina.

Os testes têm mostrado a dificuldade que é a transmissão de dados pela rede elétrica,
notadamente dentro das residências devido aos ruídos espúrios gerados por diversas fontes,
desde aparelhos eletrodomésticos, reatores elétricos de lâmpadas, fontes chaveadas e
carregadores de baterias de diversos equipamentos tais como telefones celulares, MP3s,
máquinas fotográficas etc, e até uma geladeira velha que além de desperdiçar energia ainda é
eletricamente ruidosa.

Outra constatação nos testes empreendidos em Santo da Platina foi que em alguns clientes onde a
conectividade BPL dentro da residência não foi possível devido justamente aos ruídos, mesmo o
sinal BPL estando satisfatório no medidor, o próprio consumidor fez uma conexão elétrica direta a
partir do medidor até o local dentro da residência onde desejava ter o sinal BPL e obteve sucesso.

Modem BPL Master

FILTRO

SINA Internet
L BPL RUÍDO
Fibra Óptica

Modem BPL
Figura 9

Ainda é prematuro concluir sobre a total aplicabilidade da tecnologia BPL, porém talvez com BPL,
exista a chance de uma outra alternativa de conectividade para a telemedição de energia elétrica e
também a possibilidade de uma alternativa de conectividade Internet aos consumidores, talvez não
tão confiável como em fibra óptica, mas que eventualmente possa ser a única opção para muitos
consumidores humildes e distantes. Dessa forma, sempre lembrando que ainda estão sendo
realizados os testes, a tecnologia BPL poderá vir a ser mais uma alternativa de conexão aos
medidores eletrônicos e também uma alternativa de conectividade Internet a clientes residenciais,
onde a COPEL Telecomunicações poderia ter um produto de Internet disponível na rede elétrica
(dentro da rede elétrica), com a garantia de presença do sinal BPL até o medidor, cabendo ao
consumidor providenciar a conectividade até o ponto desejado dentro da residência, onde o
consumidor acessaria a Internet mediante um mecanismo de validação de usuário (Nome de
usuário e senha) e pagaria somente pela quantidade de Internet efetivamente consumida. Porém
lembrando, os testes ainda estão em andamento.

98 Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra


DIAGRAMAÇÃO
Cristiane Garbin Langner

CAPA
Breno Afonso Soares Magalhães
Fernanda Lianna Will

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