Maria Cristina Franco Ferraz
Conseisio Eorroria
Bertha K, Becker
Candido Mendes
Cristovam Buargue
Lgnagy Sachs
randir Freire Costa
Laiclan Donor Homo deletabilis
Piere Salam Corpo, percepgao, esquecimento
do século XIX ao XXIPERCEPCAO E IMAGEM:
DO SECULO XVII AO SECULO XIX!
Anes do século XIX, 0 pereeptor era geralmente eonsiderado
‘como um recepror passivo de estimulos provenienies de objetos
exteriores que formavam percepees espelhando esse mundo
xierior.O qe tomo forma nas iltimas duas décadas do século
XIX, entretanto, foram nove de percepeia nas quaisosujeito,
‘comoum organism psicofisico dindmico, consirui ativamentc
‘omunco em torno des, por melo de um hierarguizado complexo
Jonathan Crary
Ao longo do século XIX, ocorre um proceso de modernizagaio dos
regimes de percepedioe de atengilo, Esse proceso resuttou em uma
alteragdo radical do estatuto da imagem na virada do século XTX a0
XX. Minha proposta neste ensaio ¢ a de retomar as recentes teses
do historiador da arte Jonathan Crary acerca da modernizagao da
proposto por Henri Bergson no livro Matéria e meméria, vinculado
a suas reflexdes acerca da pereepedo.
Nos limites deste ensaio, nao cabe explicitar de modo integ
ce detalhado toda a riqueza do denso trabalho de Crary. Trata-se de
partir de uma breve sintese de algumas de suas principais teses a
fim de melhor situar o conceito bergsoniano de imagem, expressdo
‘Uma verso redzidae preliminar deste ensaio fi publicada no lio mayen (realidad
2maxima de todo 0 processo de modernizagao da percep¢io
ocortide ao longo do século XIX. A tematizagao ber
percepgio, articulada a uma nogiio da matéria como um conjunto
de imagens interligadas, &
um passo necessirio a compreensio do
instigante conceito de meméria elaborado na mesma obra,
Esse recuo estratégico ao século XIX oferece uma vantagem,
suplementar: a de ressaltar de que forma certos tragos muites
vezes associados a “pés-modernidade” — fragmentagao,
desreferencializacao, descentramento do sujeito, para citar algurs
dos mais usualmente enfatizados — ji se encontravam plenamente
presentes no século XIX, tanto no dmbito da expet
quanto no da reflexao tedrica, Foi ao longo do século XIX que
a percepgao e a cognigao passaram por um amplo processo de
mutago, no contexto da emergéneia de formas industrializades
de contemplagio, da ace
eragtio dos processos de produgio e
consumo nas metrépoles em expansdio daquela virada de século,
Visdo e imagem: do século XVII ao XIX
A modemnizagio da percepeio fo se dando no mesmo passo em
que se disseminavam transportes mecanizados nas cidades ¢
que se inventay
m novas tecnologias de produgao
reprodugao de
imagens (fotografia, estereoscépio, cinema, por exemple). Segundo
Jonathan Crary, esse processo diz respeito a uma reconfi
rag
radical do sistema éptico ¢ do modelo epistemolégico vigentes
0 longo dos séculos XVII e XVII, vineulados ao dispositive
dac
mera obscura, A edmera escura, que podia ter a dimensao
de um quarto ou ser um artefato portatil, funciona da seguinte
m ambiente ou caixa totalmente fechados ¢ escuros,
apenas um pequeno orificio deixa 03 raios luminosos penetrarem,
produzindo na parede ou na superficie a0 fundo uma imagem
invertida do que estaria fora, Lentes acabaram sendo utilizadas
para corrigir a inver
Jo dessa imagem,
Nos séculos XVII e XVIII a produc da imagem estava
especialmente referida a leis da fisica Optica, a uma fisica dos
raios luminosos de base newtoniana, que nflo levava em conta a
intcrferéncia humana, Dizia respeito to-somente a leis de reflexdio
ral entendido por analogia
ede refragfo da luz. O olho cra em g
‘lente, Desse mado, assegurava-se a crenga em um sujeito € em
xterioridade —
um objeto dados a priori, ¢ em uma relagao de
portanto, no problematica — entre esses dois polos. A rigor, a
corporeidade nao intervinha na percepeo: quando esta poderia
Jo, era imediatamente
virtualmente emergir ¢ abalar esse mo
esquivada,
Por exemplo, na Didpirica? cart
potencialmente problemitica da visdo humana —o fato de termos
esiana (1637), certa caracteristica
1m unificada do mundo
dois othos ¢ de apreendermos uma imag.
1 imediatamente descartada, através do
6 é mencionada par
que teria por fungdo sintetizar
artes condensa e explora
recurso a uma “pequena glindula
imagens. Nesse texto em que De
poca, o recurso a essa explicagdio por meio de
concepgies da sua
uma glindula ndo significa, como se poderia supor, a introdugio da
20 temo Didpre
na paste da Fisica
Tuto de uma sesso do Discs0 do métado, de Descartes —rofere-se a