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ARISTOTELES POETICA Bibliografia: Poética, de Arist6teles, nas seguintes edigdes: Scriptorum Classicorum Bibliotheca Oxoniensis. recognovit 1, Bywater atendon, editio altera, 1955. ‘The Loeb Classical Library, with an English translation by W. Hamilton Fyfe, London, 1960. Soc. d’Edition “Les Belles Lettres" Paris, 1952 texte établi et tradu Falemos da natureza e espécies da poesia, do condao de cada uma, de como se hio de compor as fabulas para o bom éxito do poe- jepois, do nimero ¢ natureza das partes © bem assim da demais ‘ia dessa pesqitisa, comegando, como manda a natureéa, pelas nogdes mais elementares. ‘A epopéia, o poema trigico, bem como a comédia, o ditirambo * , em sua maior parte, a arte do flauteiro ¢ a do citaredo, todas vem ‘er, de modo geral, imitagdes. Diferem entre si em trés pontos: tam ou por meios diferentes. ou objetos diferentes, ou de maneira jerente e ndo a mesma. ‘Assim como alguns imitam muitas coisas figurando-as por_meio de cores e tragos (uins gracas & arte; outros, & pritica Je outros o fazem por meio da voz, assim também ocorre naquelas meneionadas artes; fodas elas efetuam a imitagao pelo ritmo, pela palavra e pela melodia, quer separados, quer combinados. Valem-se, por exemplo, apenas da melodia ¢ ritmo a arte de tocar flauta ¢ a da citara, mais outras que porventura tenham a mesma propriedade, tal como a das fistulas; * [ia arte da danga recorre apenas ao ritmo, sem a melodia; sim, por- ue os bailarinos, por meio de gestos ritmados, imitam caracteres, emogbes, ages. A arte que se cadas, estas seja com variedade de metros combinados, a 26 espécie de metro, até hoje néo recebeu um nome. ? Nao dis: pomos de nome que dar aos mimos * de Séfron e Xenared ao mesmo tempo que aos didlogos socriticos ¢ as obras de quem realiza a imi za apenas de palavras, sem ritmo ou metrifi seja usando Hino coral em Jouvor de Dioniso (Baco) 1 2, Flauta de pastor. se diseutindo sobre © coneeito. Je assunto ordinariamente. fami Pequena farsa em pros. tagdo pot meio de trimetres, discos elegiacos ou versos semelianis Nida Prpede que pessoas, ligando & metrificago a poesia, déem © wns uotas oF nome de clegiacos, a outros o de épicos, denominande-o% Bop segundo a imitacao que fazem, mas indiseriminadamente confor: me o metro que sam. Costumese dar esse nome mesmo a quem publica matéria mé- dica ou cientifica em versos, mi além da métrica, nada hé de comum Entre Homero e Empédocles; por isso, 0 certo seria chamar poeta a0 primeiro e, a0 segundo, antes naturalista do au, poets. ‘Semelhante- parte. quem realizasse a imitagao combinando todas os metros, como Guorémon na rapsédia Ceniauro, mesclada de todos os metros, tam: bém devia ser chamado poeta. Quanto a este ponto, bastam as distingGes feit ‘Artes h4 que se utilizam de todos os meios citados, quero dizer, do ritmo, da melodia, do metro, como a poesia ditirambica, a dos So ea tragedia ¢ a comédia; diferem por usarem mas de todos noms po, outras ora de uns, ora de outros. A essas diferengas dns artes me refiro quando falo em meios de imitacao. u Como aqueles que imitam imitam pessoas em agao, estas so ne cessariamente ou boas ot. mas (pois os caracteres quase sempre s° 1 Goa apenas a esses, baseando-se no vieio ou na virtude @ distingdo {Io caréter), isto 6, ou melhores do que somos, ou piores, ou entéo tais quais, como fazem os pintotes; Polignoto, por exemp| os originais; Pausdo 0s piorava; Dionisio pintav dentemente, cada uma das ditas imitagbes admit € diferirzo entre si por imitarem assim objetos diferentes Essas diversidades podem ocorrer igualmente na arte da danga na da flauta ou da citara; bem assim no que tange & prosa ¢ na poesia nfo musicada. Homero, por exemplo, imitava pessoas superio- Fes: Cleofonte, iguais; Hegémon de ‘Tasos, 0 primeito a compor pt rédias, ¢ Nicécares, 0 autor da Diliada,* inferiores; 0 mesmo se diga quanto aos ditirambos ¢ nomos; podem-se criar ‘caracteres COMO: OS ciclopes de Timéteo e de Fildxeno. 5. Cfntico ao som de harpa, em louvor de Apo. &. Diliade Tembra Mada, mas celebra poltsSes em ver de heréls, 20 ‘que sugere © nome, © poems, aliés, € desconheside. essas distingdes 20 suer NG ess diterenga diverge a tragédia¢ a comédia eta 0s inferiores e aquela superiores aos da atualidade. nL gaits (ersira diferenga ness artes reside im como representam vida wn dete objetos. Com eleio, podemse is vats representar pelos mesmos mes nesmos objet, sje natrando, quer pela boca como fez Homero, quer na primeira pessoa, sem Ei lo as personagens imitadas tudo fazer, agindo. sas, pois, as trés diferencas is : s que distinguem a re ai como dissemos de inicio: meios, objetos e ie ae Homi: dum modo Séfocles” ¢ imitaor no mesmo sentido que fo aaa anes a seres superiores — de outro, no 0 sentido rist6fanes,* pois a1 ss mesmo senda 16s, pois ambos representam pessoas n on dea fesunde slams, 9 rario do nome dram, 0 representélas wag Por iso também seivndicam os dios para si tanto a trax dia, quanto comédia: a cométia, os megarenses® daqui, como ada no tempo de sa democracia, e os da Sicflia, por ser dali Epi- mo, poeta muito anterior» QuiGnides © Magnes a tragéia alguns © Feloponeso. Alegam como prova a denominao, porquanto cles, zem, dio 0 nome de coms aos arrabaldes: 0s ateienses, 0 de demos. Os comediantes trariam © nome, néo do verbo komdzein, mas do fata de vaguenim pelos, srabaldes,focados, com desprezo a ; ademai no seu dialeto, é 5 que os atenienses dizem prdtt aan ated a Quanto, pois, as diferengas de representacdo, seu mimero € na as s . Iv va shteie, de movi geral,darem origem & poesia dus caus, am. s. Imitar é natural ao homem desde a infancia — e nisso 7. Autor de tragédias 8. Autor de comédias. 9. Duas cidades se chamavam Mégar 8 Beebe leaeyaEs Mégara; uma, proxima do Istmo de Percorret as ras em «18s em cortejo, cantando ¢ dangando, 21 difere dos outros enimais, em ser o mais caper de imitar ¢ de Gs primeiros conhecimentos por meio da imitagdo — © todos tém prazer em imitar. Prova disso é 0 que acontece na realidade: das coisas cuja visio & ponosa temos prazer em contemplar a imagem avant mais pet felta; por exemplo, as formas dos bichos mais despreziveis e dos cadaveres. Outta reno € que aprender é sumamente agradével niio s6 acs filésofoe, mas igualmente aos demais homers, com a diferensé de que a estes em parte pequenina, Se a vista das imagens proporciona Alazer € porque acontece a quem as contempla aprender ¢ identificar eer priginal, por exemplo, “esse € Fulano”: als, se, por acti gente nao o vit antes, nio serd como representacs> ave dard prazer, Bere pela execugio, ou pelo colorido, o por alguma oulrs <2use semelhante. Por serem naturais em nés a tendéncia para a imitaglo, « melo- dia eg ritmo — que os metros sao parte dos ritmos é fato evidente = primitivamente, os mais bem dotados para eles, progredindo a pouco Ppouco, fizeram nascer de suas improvisagoes @ poesia ‘A poesia diversificou-se conforme o génio dos autores: uns, HES graves, representavam as ages nobres ¢ as de pessoas nobres; outros, sieje vulgares, as do vulgo, compondo inicialmente vitupérios. como os outros compunham hinos ¢ encémios. De nenhum autor anterior a Homero podemos citar uma obra dlesse genero, embora seja provével que terha havido muitos; pode nos, @ partir de Homero, mencionar, por exemplo o seu Margites ¢ saews comelhantes, nos quiais, em harmonia com o género, velo tam Peary metro jimbico — ainda hoje se denomina poesia jémbica esse género — porque nesse metro se trocavam doestos. Houve, p etc os antigos, autores tanto de versos herdicos, # quanto de jam bicos. HHomero, assim como foi autor de poemas nobres — pois <6 compés obras, que, sobre serem excelentes, slo representacdo de ages — assim também foi o primeiro a mostrar esbogo da comédi: 11. © jambo € um pé de duas sflabas, a primeira, breve © segunda, Tonga. Usavase nas invectivas 12, Hexametro, verso teoricamente composte de uma silaba longa seguida de duas breves de seis déetilos. pés formados yl dtamatizando, nao é , no 0 vitupério, mas © comico, i fc, . cémico, pois 0 Margite fs cométie como a Hada e 2 Odi para as ‘sagen sna Eide 2 tragéda © a comédia, os autores, segundo a inlinagd patra, penam pare esta ou agua, ns tomaramse, em ugar de : idgrafos; outros, em lugar de €picos, trégi } m “outros, icos, td nerom esies generos superiores agueles emais estmedos en” P™ Exami ; ; mminar se a tragédia em suas variedades alcangou ou néo pleno desenvolvimento, julgada em si mesma e nos espetéculos, é , julgada n julg: nest 8, Nasci : : co Ngiide, pois, de improvisgies «principio — tanto la quanto erential nae] te oe] aes Ties ao cub Te ouualons ub ds que replam os cans falios, costume ainda hoje conservado een eee a tragédia cresceu desenvol- os Esatilo auem teve iniiativa de clevar de um para dois 0 primazia; o néroero ee esTas papel do coro e atribuiu ao didlogo ‘Adguitinds as le trés atores e o cendrio devem-se a Séfocles. ae el een abandono de fébulas curtas e da lingua- mente adquitiu, majest fe sua origem satitica, a tragédia s6 tardia- lente adguiriu majestade. O sex metro, de tetrmetro tovsio,* el eae ae Ur) tetrmetro trocaico porque o fe cologuial, Demonstra fa de rcterione ne commen mos do tom de conversa s. © estes, quando © niimero d 6 fe episddios © ornamentos ls ; em geral com que se di fentalda ordenadas as partes, demo-los por estudados, : a go trabalho discorrer sobre cada um pene v A comédi é imitaga ef Some como dissemos, éimitasio de pessous infeiores; no go a todo vicio, mas sim por ser 0 cémico uma 15. Tetrémetro, verso formad 130 formado de quatro metro i , OU coreu, compée-se ur il ee sesuide, Game bree ee ee oe Pi de uma silaba longa seguida duma breve. sétiros. O" nome nad retado por le sitira, que 6 la ores vestides como

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