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a "Departamento de Educagao-Nacleo de Investigagoes Transdiveplinares aa _ Ano I - nimero 01 - margoa junho 2000 - URFS-BA. () Cada ser humano é um cosmos, cada individuo é uma cefervescéncia de Personalidades viruais, cada psiquismo secre~ ta uma proliferacdo de fantas- mas, sonhos, idéias. Cada um vive, do nascimento 4 morte, uma tragédia insondavel, marcada por gritos de sofrimen- to de prazet, por risos, légrimas, desfnimos, grandeza e miséria, Cada um traz em si tesouros, caréncias,falhas, abismos. Cada tum traz em sia possibilidade do amor ¢ da devogtio, do Sdio edo res- sent mento da vin- gangae do per- ao, Re~ conhe- cerissoé também reconhe- cor a identida- de hu- mana, O prin cipio da identicade humana e wnitas ‘multiplex , a unidade miltipl: tatto do ponto de vista bioldgi co quanto cultural e individual, Go) Reencontrar-realizar a unidade do homem significaria primeira- ‘mente tomar conereta a todos a fdentidade comum. Fo que se produz por flashes empiticos quando vemnos na televisdo cri- angas somalis vitimas da fome, mulheres e criangas sob os ‘obuses em Saravejo. E eviden- temente 0 desenvolvimento correlato da compaixio do co- aco, do humanismo de espiri- to, Ge um verdadeiro tuniversalismo e do respeito das diferengas que nos levard a su- perar as cegueiras ego- etnocéntricas ou ideol6gicas que nos fazer ver apenas 0 estranho no estrangeito, e que nos fazem ver, naquele que verdadeira ou ilusoriamente nos ameaga, um porco, um ser imundo. Mas, como diremos mais adiante, s20 a reforma de pensamento ea re- forma moral que permitirio ato- dos ea cada um reconhe- cer em todos ¢ em cada uma identida- de huma- na. Go) Eis-nos portanto, mindscu- los huma- nos, so- bre a mi- niiscula pelicula de vida que co- bre o minésculo planeta perdi- do num descomunal universo (que talvez sea ele pro prio mindsculo num ploriferante pluriverso). Mas, ao mesmo tempo, esse planeta 6 um mun- do, a vida € um universo pululante de bilhoes e bilhoes de individuos, € cada ser humano € um cosmos de sonho, de as- piragies de desejos. Edgar Morin Editorial ONitcleo de Investigagdes Transdiseiptinares-NIT foi germinado no segundo semestre de 1999. Durante 0 semestre realizamos diversas reunides quinzenais abordan- do, de modo tesrico-vivencial, temas como: Etica, Fisica (Quantica, Amor, Mito, Trunsdisciplinaridade ete Procuramos, a cada encontro, tanto refletir dialogica e sistematicamente sobre os respectivos temas na esfera te6rica, como também experimentamos cada um dos mesmos no plano vivencial através de exercicios e di- namicas que mobilizam o corpo, a intuigo, as emogées/ sentimentos, a interagio e a percepeao sensivel dos parti- cipantes, o autoconhecimeto, Experiéncias vivenciais que buscam proporcionar uma compreensio mais alargada, dindmica, viva e multirreferncial da vida, dos fenémenos hhumanos. Em 2000 expandimos, tanto 0 mimero de partci- pantes do Niicleo como nossas agBes. Passamos a realizar atividades de extensio e articular projetos de pesquisa. Re- alizamos uma “Celebracio Poética” em margo, no CUCA, ‘um Seminario na UEFS sobre “Epistemologia da Comple- xidade" o 0 Il Sto Jozo da UBES em junho, além da conti nuidade das reunides quinzenais ruminando outros temas. Lastreado na abordagem Transdisciplinar o NIT, ue foi aprovado por unanimidade como Nticleo no Conse- Iho do Departamento de EducagSo/UEFS, prop6e-sea“pro- porcionar ¢ desenvolver investigagves teéricas, empiricas € te6rico-vivenciais que envolvam a busea de nossoser mais singular © plural (corpo € mente, interioridade e exterioridade, Logos e Eros) mediante a articulagdo das, ‘mais diversas tematicas e experineias que possibilitem uma praxis transdisciplinar da cultura, da educagio e de nossas relagdes com o ecossistema fundamentadas nos mananci- ais da Citncia, da Filosofia, da Ante e das Tradigbes espiri- tuais”. (O jomal TRANS, outra agao extensiva do NIT, des- ponta como um insirumento de cardter formativo e infor- ‘mativo que pretende publicar artigos acerca dos temas de- bbuthados no Nécleo para um piblico mais amplo. No mes- ‘mo, também publicamos informes relevantes para 0s pro- pésitos do. NIT, hem como ilustragdes, poemas ete. Esse 6 © nosso primeiro broto. Desejamos que rnossas paginas possam trazer palavras fecundas ¢ vivides propiciando momentos proficuos e prazemteiros para os lei- tores. Que possaimos, através do TRANS, estar contribuin- do na tessitura da teia transdisciplinar da complexidade da cultura, da vida na dinamica de suas metamorfoses. 2 TRANS- Nicleode Investigagdes Transdiseplinares smargo a junho 2000- UEPS-BA, ‘Anderson Oliveira «= Miguel Almir © Desenhos i “Gabriel Normeide Rios Editoracao Eletronica & = Arte Final Jorge Neves : -Impressao Imprensa Grafica Universiti Hina mame ue) bee UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FFEIRA DE SANTANA te Rettords 2: ao .-Anaci Bispo Paim = Diretor do Dep de Edu: ~ André Luiz B. Nascimento : Coodenador do NI t Miguel AlmirL. de Aratijo Informes SEMINARIO SOBRE “EPISTEMOLOGIA COMPLEXIDADE” ONicleo de Investigagées ‘Transdisciplinares - NIT, junta- mente com o Departamento de Educag3o da UEFS realizaram no Ailtimo dia 06 de junho de 2000, 0 ‘Seminario “Epistemologada Complexidade”, tendo como palestrante 0 Prof? Dr. Roberto Sidnei Macedo (UFBA — UNE) Além da palestra, o Seminario contou também com apresentagoes e performances apreciadas por mais de cem pessoas que participa ram do evento de diversos Depar- tamentos da UEES. CELEBRACAO POETICA O NIT- Niicico de Investigagdes ‘Transdisciplinares realizou no CUCA no dia 31 de margo, &noite, uma Celebr: cdo Poética com um Sarau que mesclc is de poesia e apresentacdes ¢ miisica. A celebrago foi um mioment bastante significative onde a magia c poesia os encantos da miisica propo cionaram momentos de prazere afirm: gifo da baleza da vida para os artistas plblico presente. Esses versos traduze, tum pouco do que foi a Celebragao Pov tica A vida sem 0 tom da arte Fica murcha e desbotada Tudo se torna pesado e frio Numa rotina desencantada A arte viceja a alma Floresce mente e coracio Nos faz sorver a beleza Ao mundo dé encantagao As musas inspiram a miisica Nos acordes de uma cangiéio Que exuita nossos sentimentos Nos danca de éxtase e palxao A poesia poe magia nisso Fecunda a saga do viver Palavras de claro enigma Verso, vertigem e alvorecer eles. ISAO JOAO DA UEFS Dia 16 de juno ocomeré a Cele bragto do Il Sto Jofo da UEFS no Paraue Esportiva da Universidade. A Noite de Fo- lia setd vieejada com folguedos juainos como Cantiga de Roda, Pav-ie-fita, Que- bra-pote, ritual da Fogueirae. grande for ‘A celebragio do Sao Jodo da UEFS. que comegou com mais intensidade no ano passado envolvendo professores, estudan- tes funcionacios se prope a contribuirna afirmagio da relevancia dessa manifestagao antistico-cultural tio enraizada no imaging +10,no corpo ena alma das populagSes des- ses rineBesserténicos, bem como propiciar um encontro festivo-celebrativo de confra- temizagdo com toda a comunidade da UEFS. O evento estésendo onganizado pelo Nicleo de Investigagées ‘Tramsdisciplinares do Departamento de Educacio da UEFS, com participagéo da Biblioteca Central através de uma comissio composta de professores, estudantes e funcionsrios e tem 0 apoio do CUCA/UERS. ‘A comissio organizadora do II Si0 Jodo da UBFS também realizaré no dia 15 de junho, as 14:00h, um seminsio sobre 0 “'Sentido pedagdgico do Sie Joao” no Colégio Luis Eduardo Maga- “A celebragio do Sao Joao/ en- canta c alumis nosso viver/ acende 0 fache das labutas/floresce a vida de prazer”. ‘maryo.ajunho 2000- UEFS-BA, TRANS ~ Nicieo de Investigagses Transdiseplinares 3 Artigos REFLEXOES SOBRE MITO Mito, por sua origem e por sua historia, segundo Vernant (1992) é, “A nogdo de mito que herdamos dos Brupos perience a uma iradigdo de Pensamento que é préprio do Ociden- te ¢ na qual 0 mito se define pelo que do é, numa dupla relagdo de opasi- ga0 ao real, por um tado (0 mito é fiecdo), e ao racional, por outro (0 mito & absurdo)” No senso comuim miito € visto como uma lenda, uma fébula, uma forma me- nor de explicagdo do mundo. Em outras palayras é uma maneira fantasiosa de cexplicar a realidade que ainda néio foi justificado pela razio, Para os antigos ‘gregos, dois modos de realidade: 0 mito © 0 logos, a fantasia e 0 discurso da razo. Fantasia por ser 0 mito uma ex- pressio simbélica, carregada de conotagdes afetivas, caracterizando-o pelo seu poder de sedugdo, Porém, 0 homem ocidental domina o mundo pela ciénciae pela técnica, através do pen- samento racional quer explicar tudo, ne- cessitando de investigar os porqués, nua tentativa de explicagio légica da origem das coisas, No entanto, as raizes do mito nao se acham nas explicagdes somente racio- nnais, mas na realidade vivida, portanto, pré-reflexiva das emogdes e da afetividade. O mito sintetiza contetidos que s¢ referem as mais profundas aspi- ragdes do ser humano: sua sede de transcendéncia, sua extrema busca de plenitude, Nossa vida é guiada por paradigmas que ultrapassam a consci- Encia racional: somos nossos deuses — fascinados por qualidades. Somos agui- lo que amamos. Como afiema Almeicia (1988), “0 mito & poesia original, porque ma- nifestagdo do ser; esta é instauradora do mundo, amplia a consciéncia hu- mana oferecendo paradigmas mais elevadas do ser € aproximando da Grbita da vida humana novas modali- dades de existéncia. A poesia é entdo a expressdo eminente do mito”. S&bias palavras! Decerto que mito nio ocorreu apenas entre os povos primitivos nem somente com os gregos. E algo que faz parte de nossa vida cotidiana, como uma das for- mas do existir humano. O milto esté presente nos virios estégi- 5 da hist6ria do homem, fazendo parte {a vida cotidiana do homem contempo- raneo, sem aquele conceito simplista, ingénuo, mas como novas Formas c fun- ‘$Ges mitos politicos, artsticos, esportis- tas, enfim, que representam todos anseios da nossa imaginagtio, sem dei- xar de lado a razdo, Isto porque o mito vive com a davida dos homens, com @ confianga que depositam em algo com poder de orientar suas vidas. O mito narra uma ceria verdade ¢ a forga des- sa verdade polariza ~ é a sua seducdo. * Ana Liicia Godinho Mendes 6 asses- sora pedagégica.e mestranda em Educa ‘io Especial (UEFS/CELABE/ Cuba). Ana Liicia Godiaho* BIBLIOGRAFIA: ALMEIDA, Maria da Piedade ga de, Mito: metéfora viva? IN: As razSes do mito. Regis de Morais (org.). Campinas, SP: Papirus, 1988 (pp 59-67). ARANHA, Maria Liicia A. © MARTINS, Maria Helena F. Filosof: do, Introdueto 3 Filosofia. Sao Paul Moderna, 1993. ROCHA, EverandoP, Guimaraes. O que mito, 7 ed, Sao Paulo: Ed. Brasiliense, 1994 (Colegdo Primeiros Passos). VERNANT, Jean Pierre. Mito_e Sociedade na Grécia Antiga. Rio de Taneiro: José Otimpio, 1992. SUGESTAO DE LIVROS =” a ‘Um sopiox ae Nida Caer Lispecton gies Ouuiveiseeuindiasio vee = Brian Swim Bas salt de.sseulo XX Edgar ie Vore\ Fereira Gullar Odireito A iermura Leis: : los Restrepo. Le ‘Qiser quintico—Danah Zohar _ SUGESTAQ DE 4c: PULMES “‘Advogado do diabo — Tentor Muckford A enchtric familia de Antonia ~ Matieen Gorrts Colcha de Retalhos — Jacelyn “Mporhouse Bm nome de ‘Deus ~ Clive “Dhrier °O'principe das marés = : Barbra Streisand: a ts

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