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: ISLA dificil determinar com precisio 0 alcance histérico do primeiro contato brutal entre a Europa crista e o Isla,' na Espanha, em prinefpio do século VIL (711). A conseqiténcia imediata foi a queda do reino visigodo aparente- inente em crise profunda, e do qual nao € possivel o aleance de sua influéncia tna Europa crista caso nao tivesse sucumbido, Talver a integrago de certos ele- tnentos de sua tradigio cultural (Isidoro de Sevilha) a0 legado da Cristandade ‘cidental tenha sido favorecida pela dispersio de suas elites, jd que uma parte tclugiou-se no Império Carolingio. Inversamente, com o reino de Oviedo, no hnoroeste da Espanha, consticuia-se a partir de 718 um “reduto cristio” muico isolado culturalmente onde esta mesma tradigao se manteria de forma mais hhomogénea (a liturgia mogérabe e 0 c6digo visigético perpetuaram-se no di- rcito asturiano, depois no leonés) Primetros CONTATOS: SECULOS VIII-X ‘Ao rechacar o Islé para fora da Francia ocidental, os Carolingios impu- seram duramente a autoridade franca austrasiana as regides que os mugulma- nos tinham temporariamente dominado, inclusive a antiga Septimania visigg- tica (Languedoc mediterrineo, do Rédano 20 Roussillon). L4 ainda, na fron- teira de tertitérios reconquistados ao Isla, em torno da velha cidade fortifica- da de Barcelona (ocupada em 801), surgiram as bases de uma regido lignda politicamente ao dominio franco mas com forte individualidade humans (os hrispani « juridica (diteito de origem visigética), fundamento da futura Caa- Junha, Um pouco mais tarde, no século VIII ¢ principio do IX, aparecem na zona pirenaica entidades politicas auténomas ainda mais frigeis: os condados pitenaicas dos quais 0 principal é Aragio, enquanto a Navarra, pafs dos bas- cos, realmente se constituiré como reino apenas no século X. 1. Em francés, como em poreugues, dams indica 20 mesmo tempo a regi € ac silizagio nela baseada. Mas, para evar ambiglidades, por Ili, com maitscula, enter {demos o conjunto territorial ¢ culcural fundamentado em uma rcligio, 0 istamismo correspondente 20 que é *Crstandade” para © mundo do cxstianismo, (HED) 655 A luta vitoriosa contra a ameaga 4 afirmagio da dinastia carolingia, com o apoio do papado, po ‘s40 do império de Carlos Magno e da *“Cristandade I © cardter decisivo destes acomtecimentos foi "= dificil saber c c plenamente percebido pelos cai Femporiineos. A este respeito, cita-se por vezes o termo Europenses que a ( nica mopénabe de 754 emprega paa designat os francos na bead Toil ose Pode levar a supor que existia (circunstancialmente entre os cristie oer lum cert pereepio da dimensio do “chogue de cv Seo processo de repovoamento iniciado a partir de eélulas ctstis do nor da Peninsula Ibérica (os “nicleos da Tecan der heen Coal csrende lentamente 0 terrt6rio cristio em direséo a0 sul a parti do fim do ew {o VIL, nos extensos terrtérios despovoados da bacia do Douro, os limites da ‘mundo musulmano, que se fisam imprecisamente no vale médlio do Teja, is vale do Ebro, nos confins da cade pirenaica, nao vaiardo substancialmente aid oséculo XI, Passada a grande crise politica que afetou o mundo islimico (Dar ake slam) em meados do século VIII com a substituigao do califado omiada de Ua ‘masco pelo califado abdssda de Bagd, o Isl, absorvido por sua reonganizayia infor € Por sus prdpros problemas potco-ligiosos no mais manifesta seu dinamismo expansionistaa nao ser em algumas zonas limitadas (conquis Sita pos pis de Kaan ene 870 fin do aN) cnn lém de eventos militares marginais, alguns contatos diplomsticos a Cvablcds dum ld ent or sshoanscaltagose xdaane dee califado de Bag, 05 emirados aglibida e omiada da Wiigiya eda Espanha, Contudo, nos séculos IX e X 0 fendmeno que domina a histéria das rela ‘90es entre a Europa ¢ 0 mundo mugulmano é o da pirataia sarracena no Me- diterrinco ocidenta. As expedigbes de frota oficiais da época do califado oma. da, interrompidas desde meados do século VIII, do lugar por volta de 800 aon ataques contra asilhas do Mediterrineo,o licoral do Império Carolingio, da Ie lia central e meridional, desencadeados principalmente de al-Andalus mas tan, beém do Magreb. Esta piratara que se desenvolve nos séculos IX e X parece tet sido organizada fora do ambito dos poderescaatsis, Parece que tis ncurses i, rnham o objetivo de caprurar escravos, cuja demanda era grande no mundo mu sulmano. A tnica regio em que os ataques estiveram sob controle de um par der politico cra a Sicilia, cuja conquista pelos aglibidas comegou em 827. Pouco depois, entre 834 e 839, bandos deifiqiyanos e de andaluzes apa- receram no sul da Ilia. Estes muculmanos tomaram Tarento em 840 e Bari os ‘em 841, constituindo dois pequenos “emirados’ que duraram apenas até a reocupagio bizantina em 871 (Bari) c 880 (Tarento). Mas as depredagbes le- vadas a cabo a partir de pequenas bases estabelecidas perto das costas conti- rnuatam a ocorrer na Calibria, Campania ¢ Telia central. Grandes mosteiros como Farfa e Monte Cassino foram despovoados, enquanto a prépria Roma tinha sido atacada e parcialmente pilhada em 846. [Na Provenga, os ataques culminaram com o estabelecimento de uma co- lonia sarracena em Fraxinetum por volta de 890 (La Garde-Freinet). As devas- tagGes provocadas pelos piratas alastraram-se por uma rea geogréfica impres- sionante, até aos Alpes, onde interceptavam caravanas de mercadores ¢ pere- ‘grinos que viajavam entre a Germania e a Ita, Os poderes cristios locais ou distantes (ialianos, germanicos) revelaram-se incapazes de expulsé-los até que tuma reagéo da aristocracia provengal, consecutiva & captura do abade Sio Maiol de Cluny, pds fim a ocupagao em 972. Neste mesmo perfodo, a fraqueza dos poderes politicos na Ieilia levou © papado em diversas ocasides a tomar a iniciativa na luta contra os bandos ¢ incursées sarracenos — que consticufam a principal ameaga no flanco me- ridional da Cristandade — vindo a delinear uma espécie de embrio da dou- trina da “guerra santa’, cujos desdobramentos levariam a Cruzada. O pet go sarraceno acabou por se atenuar tanto em razio da resistencia dos ctis- tios quanto devide a fatores internos ao Isla. Em fins do século X, 0 pior ‘momento tinha passado, nao mais restando estabelecimentos mugulmanos no litoral da Galia e da Ikdlia. Entretanto, a ameaga continuava a existir no sul da Iedlia, desde a Sicii Em 982 os kalbidas da Sicilia vencem mesmo o exército enviado pelo imperador Oto II para combater os bandos de sarracenos que tinham invadi- do a Calabria (cabo Colonna). A Espanha mugulmana ¢ entéo governada pelo poderoso ministro do califado, o hadjif al-Mansur, que de 980 até sua morte em 1002, aterroriza os Estados cristaos do norte com poderosas expedighes no ccurso das quais ele pilha Barcelona em 985 e de Santiago de Compostela em 997. Mas 0 dinamismo mugulmano chega ao fim com a crise politica instau- rada em Cérdoba a partir de 1009 e em Palermo apés 1036. Apenas um dos principes das saifis andaluzas que sucedem ao califado, Mudjahid de Denia, que controla as Baleares, tenta prolongar a atividade guerreira ao empreender a conquista da Sardenha em 1015-1016, tendo sido prontamente rechacado por pisanos e genoveses. © acontecimento simboliza a alteracéo na relacéo de forcas em proveito dos cristios. 6 Outras formas de contaco entre o Isla e Pouco importantes neste periodo. Ap Cérdoba do abade Joao de Gorze, da Lorena, como embs Para pedir a incerrupgao dos ataques sarracenos a parti de Frasinwd envio ao mesmo Oto, pelo califa Abd al-Rahman Ill, do mundo (ao qual Liutprando dedica seu Antapodosi). Na Espanls $6es diplomaticas eram mais freqiientes. © envio por parte do i fa em 958 do médico judeu Hasday ben Shaprut & rainha Tada de ficou célebre:tinha a missio de fazer emagrecer o neto de Tous w Leio, Sancho, o Gordo, destronado pelos stiditos devide 4 su oben de ajudiclo a recuperar o poder, E nos limite do ealifdo de Cérdoba e de Leto, nas partes meu deste reino, onde se tinham instalado nicleos de populagoes crisis a independentes da auroridade mugulmana, ¢ nos mosteiros destas rey ‘ desenvolve aos séculos IX e X a arte extemamente orginal qui “mogérabe”.Trata-se sobretudo de belos manuscritos rligiosos ium igrejas influenciadas por formas arquitetonicas entio valorizadas no (atcos com ferro duplo, absbadas com nervutss), Menos espetaculaes Primecias infleragbes de elementos da ciénciadrabe no Ocidente cristin 5 que 0 monge francés Gerberto de Aurillac, o futuro papa Silvestre IIy dou em 967-970 nos mosteiros catales¢ af obteve uma formacio mate de nivel muito superior & dos seus contemporineos, utilizando as primeinay

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