Você está na página 1de 1

O termo letramento foi sugerido inicialmente, salienta Soares (2001), em face de uma obra de

Mary Kato. Embora isso tenha ocorrido em 1986, uma autora faz uso do termo, de modo mais
específico, somente dois anos depois. Isso se dá em obra voltada para a distinção entre
letramento de alfabetização. Trata-se do livro “Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso”,
de Leda Verdiani Tfouni. Resultou de pesquisa voltada ao estudo do modo de falar e de pensar
de adultos analfabetos.

Nos últimos anos, a expressão tornou-se mais usual, como se pode verificar no título de
diversos livros publicados. Tal interesse nos faz indagar sobre a relação entre as palavras e os
fenômenos por elas referidos. Desse modo, a palavra letramento resulta de um novo
acontecimento no mundo em que vivemos atualmente. Trata-se de um fenômeno que
demandava denominação, identificação. Em suma, estudiosos buscaram diferenciar
alfabetização de letramento. Ao mesmo tempo, em razão da distinção que será elaborada por
eles, igualmente careceu definir-se o sentido de ser alfabetizado e de ser letrado.

O que se buscou elaborar foi um conceito pertinente para expressar o que o termo letramento
vem, desde então, significando. Ao tratar desse assunto, Soares (1998) frisa que, ao se buscar
faze-lo, os estudiosos contemplaram um universo que ia além da codificação/decodificação da
linguagem escrita. Este universo, enfim, vinha sendo forjado por uma condição de (re)
conhecer o uso do código em questão, no dia-dia individual e coletivo dos sujeitos sociais. Esse
esforço, vale notar, resultou do pleno uso das possibilidades linguísticas que se encontravam à
mão.

Ao recorrer aos recursos da língua materna, puderam apropriar-se de alguns elementos, cuja
utilidade possibilitava elaborar a (re) significação do termo em questão. Tais elementos
formaram uma base epistemológica coerente, oferecendo a base sob a qual deveriam
repousar os direitos de todos os pertencentes de comunidades que faziam uso da leitura e da
escrita. Em suma, ao se olhar mais atentamente para o letramento em contextos de Educação
de Jovens e Adultos, vinculou-se necessariamente a necessidade de se deter o olhar sobre um
tipo específico de ensino. Este criaria uma oportunidade impar para tornar alvo de estudo a
educação formal oferecida àqueles que, por inúmeros motivos, não dispuseram de ingresso
em idade apropriada à escolaridade formal e/ou evadiram-se da escola ao longo do Ensino
Fundamental e Médio

Você também pode gostar