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MORTE DE STÉLVIO DE OLIVEIRA NEGLIGÊNCIA

Polícia Nacional sem Contentor na via


rasto dos suspeitos da Samba já matou
A Polícia Nacional continua sem quatro pessoas
qualquer informação sobre o grupo
Há um mês, o jovem conhecido apenas como
de jovens que espancou até à morte
Soarito perdeu a vida depois de embater
Stélvio de Oliveira, de 16 anos,
violentamente com a sua motorizada contra
confirmou ao Luanda, Jornal
um contentor mal situado na estrada da
Metropolitano, o porta-voz do MININT,
Samba. Segundo testemunhas, ele foi a
em Luanda, Mateus Rodrigues. p. 18
quarta pessoa a morrer naquele local. p. 22

JORNAL METROPOLITANO DA CAPITAL ANGOLANA


12 de Fevereiro de 2019 • Ano 1 • Número 43 • Publicação quinzenal, à segunda-feira Preço: 100Kz

POLÉMICA NA ESCOLA Nº 3043 SOBREVIVENTE

“KISEKELE"
RECORDA
A GESTA DO 4
DE FEVEREIRO
O actual secretário-geral da
Associação Comité dos Heróis do 4
de Fevereiro, contou que, na noite de
3 de Fevereiro, houve uma divisão de
grupos, com objectivos bem
definidos. “ Uns foram indicados para
atacar a Casa de Reclusão Militar,
outros a Cadeia de São Paulo, o
Regimento de Infantaria, 7ª Esquadra,
hoje Unidade Operativa e o Campo
de Aviação”, recordou. p.04-05

RUA SOBA MANDUME

OBRAS SEM
FIM À VISTA
Onze anos depois, as obras de
reabilitação da rua Soba Mandume,
no Marçal, continuam sem fim à
vista. As primeiras tentativas
remontam a Agosto de 2008. De lá
para cá, já foram adjudicadas à
várias empresas, entre nacionais e
estrangeiras, que nunca
conseguiram concluir os trabalhos.
p. 16-17

Director acusado de liderar TAÇA DAS COMUNIDADES

CENTENAS
rede de venda de vagas p. 16-17

DE CRIANÇAS
O ano lectivo 2019 na escola secundária do IIº ciclo Nº 3043, no Tala Hady, arrancou em polémica. O
director da denominada “Escola Grande do Cazenga”, Armindo Santiago Domingos, é acusado de EXIBIRAM
vender vagas a 30 mil kwanzas. Em declarações exclusivas a este jornal, refutou todas as acusações e
desafiou os seus detractores a apresentarem provas. “Se acham que eu criei grupos para receber TALENTO
dinheiro em troca de vagas, que apresentem as provas”, desafiou. p.11 Cerca de 400 adolescentes de
diferentes bairros de Luanda, na
categoria de sub-14, exibiram os
seus talentos na disputa da Taça das
Comunidades, evento de carácter
BALEIZÃO anual organizado pela Associação
Kandengues Habilidosos.
DESABRIGADOS EXIGEM CASAS p. 31

CONDIGNAS PARA VIVEREM EDIÇÃO CONDICIONADA


As 17 famílias retiradas do edifício do Baleizão esperam ser realojadas em casas dignas Devido a razões técnicas, apenas
e não em tendas. No dia 7 de Janeiro, foi-lhes vedada a entrada porque o prédio está na hoje publicamos este quinzenário.
iminência de desabar. Os desabrigados visitaram o local onde seriam colocados Por isso, pedimos as nossas
temporariamente e dizem que “lá, além de tendas multifamiliares", não há latrina nem sinceras desculpas ao nosso caro
luz. "Era no meio do nada”, contaram. p. 06-07 leitor. Boa leitura.
2

OPINIÃO
Terça-feira,12 de Fevereiro de 2019

NOTA DO DIA Luandando Postal da Cidade


Escreva-nos por e-mail para: jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Editora
CRISTINA DA SILVA
Directora Executiva

PACIENTES DIGNIDADE
ABANDONADOS AOS DESABRIGADOS
a última semana, recebemos

N
Há quatro semanas, 17 famílias “apeadas”, por alegada
uma lista de doentes inter- medida de segurança, dos apartamentos que ocupavam
nados no Hospital Américo no velho edifício do Baleizão, na Baixa de Luanda,
Boavida e que, apesar de já terem passaram a “morar” na rua. Segundo o Serviço de
alta, ainda continuam naquela uni- Protecção e Bombeiros, o prédio pode ruir a qualquer
dade hospitalar. momento. Razão pela qual as autoridades interditaram-no.
Os doentes deram entrada naque- Por mais ou menos razão, tais famílias recusam-se a ir
le hospital em estado grave, sem qual- viver em tendas, no bairro S. Pedro da Barra. Renitentes,
quer informação adicional, daí que crianças, homens e mulheres permanecem no passeio do
tudo dependia da melhoria do seu edifício. Ali têm passado dias e noites. Alguns em tendas,
quadro clínico. Após a sua recupe- de campismo, outros sem qualquer abrigo.
ração, uma equipa multissectorial do Quando a questão eclodiu, aquelas famílias ganharam
hospital foi à busca da localização algum mediatismo, mas a visibilidade foi sol de pouca Chuva paliativas não a resistem. Nem tão
dos familiares destes, que infeliz- dura. Quase um mês se passou e já não se fala no assunto. LAGOAS E BURACOS pouco o lixo que é deitado em qualquer
mente nem sequer sabiam que se en- Subentende-se que terá havido maior interesse de A chuva continua a ser o digno fiscal da lugar. Tanto na parte urbana como na
contravam internados no hospital. salvaguardar o edifício, talvez por ser seiscentista, do que província de Luanda. No primeiro dia do suburbana houve danos a registar. As
São doentes de Neurologia, Urologia, velar pela vida das pessoas. Fevereiro, surpreendeu os citadinos e autoridades provinciais anunciaram que
Ortopedia, entre outros. Paredes erguidas em blocos impedem que os moradores volto a fazer das suas. Fez lagoas na mais de 700 casas ficaram inundadas.
Segundo o documento, muitos entrem. Não vão ser tentados a ir buscar mais haveres do Baixa e na periferia. Causou engarrafa- Pelo que não deverão ter mãos a medir
destes doentes deram entrada sem que os que conseguiram tirar. Também asseguram que mento em vários pontos, tornando o para limpar o rasto de destruição que a
qualquer documentação. Não pos- ninguém mais colocará os pés no soalho. Assim, trânsito mais caótico do o costume. A chuva, geralmente, deixa. Assim como
suíam registo, uma vez que foram acautelou-se a derrocada de um Monumento Nacional. chuva também mostrou que as obras deve arranjar solução definitiva .
lá parar por meios alheios a si. A pergunta que se impõe é a seguinte: Entre nós, que
Esta situação é comum nas unida- lugar se reserva à pessoa humana?
des hospitalares de Luanda. Vários
doentes, até mesmo levados por fa-
A Constituição angolana, no Capítulo II - Direitos,
Liberdades e Garantias Fundamentais, da Secção I -
Carta do leitor
miliares, acabam abandonados nas Direitos e Liberdades Individuais e Colectivas, no artigo
unidades, mesmo depois de recebe- 30.º e seguintes, dá-nos a indicação do caminho que o
rem alta. São doentes que ocupam ca- Estado desenhou para a valorização inequívoca da pessoa
mas, que poderiam ser preenchidas humana. Porém, a realidade das famílias que, há cerca de
por outras pessoas, chegando a criar 30 dias, dormem ao relento, em pleno coração de Luanda,
sobrelotação nos hospitais. sugere outras leituras e interpretações.
Com esta e outras situações, é im- Sendo a vida de qualquer ser humano um bem inviolável
portante que a direcção provincial e que deve ser protegido, em primeira instância, pelo
do Ministério da Acção Social crie Estado, como compreender que mais de 40 angolanos
um mecanismo para que os doentes foram deixados precisamente à porta de um edifício na
que dão entrada nas unidades hos- iminência de desabar? Claro está que estas pessoas,
pitalares sejam cadastrados e iden- mesmo fora de tal prédio, correm o risco de morrer
tificados com imagem, para que pos- soterradas pelos escombros, caso o pior venha a
teriormente se faça diligência junto acontecer. Que o diabo permaneça surdo e mudo e
dos órgãos de comunicação social apenas nos oiçam todos aqueles que podem salvar as Ausência de pedonais Hoje, por exemplo, são escassos,
para divulgação e localização de fa- vidas daquelas pessoas. Não são poucas as pessoas que principalmente, no período da
miliares. São pessoas que desejam Alguns membros desta família sabem que o grupo está a acorrem à Shoprite ou à Max, manhã, os taxistas que cumprem a
voltar ao ambiente familiar. ser tratado como “ocupantes”. Ou seja, alega-se que ambas no município de Cacuaco. rota mercado dos Kwanzas-São
ocuparam o imóvel de modo indevido. Verdade ou não, o Diariamente, todos assistem a Paulo, passando pela Ngola
São doentes que facto é que entre eles há pessoas que vivem ali há 40 correria dos clientes destes super- Kiluanje. Nesse trajecto o
anos! Há jovens com mais de 30 anos que ali nasceram! mercados, que atravessam a passageiro pode apanhar dois a
ocupam camas, que Se estes dados não lhes garantem um tratamento estrada com os sacos na mão, três táxis, perfazendo 450/350
poderiam ser preen- diferenciado, então que se olhe para eles apenas como tentando esquivar os carros que kwanzas por uma rota que deveria
chidas por outras pessoas, sob pena de o Estado angolano estar a passar vêm a toda a velocidade nos dois custar entre 200 a 250 kwanzas.
por cima do que legislou e estar, sobretudo, a violar a sentidos da via. Na verdade, é um
pessoas, chegando a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Carta cenário de causar preocupação. Mara da Graça
criar sobrelotação Africana dos Direitos do Homem e dos Povos. Muitos habitantes na zona e Cazenga
nos hospitais. Os desabrigados do Baleizão merecem dignidade. arredores julgavam que tarde ou
cedo uma pedonal seria instalada, Passadeira
no local. A verdade é que o risco de A falta de passadeira constitui
atropelamento continua cada vez motivo de preocupação. Normal-
mais presente. mente, só as ruas “novas” é que
Directora Executiva: Cristina da Silva Idalina Afonso ainda têm no chão as riscas brancas
Editores: Rosalina Mateta e Domingos dos Santos Cacuaco que indicam o local seguro para
Sub-Editores: António Pimenta , Adalberto Ceita e José Bule fazer a travessia. Por Luanda vemos
Secretária de Redacção: Maria da Gama
Jornalistas: Arcângela Rodrigues, Fula Martins, Helma Reis, João Pedro, Mazarino da Cunha, Manuela Presidente do Conselho de
Rotas curtas ruas cujo tapete asfáltico ainda está
Mateus e Nilza Massango Administração: Víctor Silva As obras de melhorias na Avenida em perfeitas condições, mas as
Fotógrafos: Francisco Bernardo, Rogério Tuti, Contreiras Pipa, Domingos Cadência, João Gomes, Administradores Executivos: Ngola Kiluanje devem ser passadeiras quase que já não estão
M. Machangongo e Kindala Manuel Caetano Pedro da Conceição Júnior,
Departamento de Paginação José Alberto Domingos, Rui André Marques aplaudidas, porque, certamente, visíveis. Há motoristas que as
Irineu Caldeira (Chefe), Adilson Santos (Chefe-adjunto), Adilson Félix, Waldemar Jorge & Jorge de Sousa Upalavela, Luena Cassonde Ross Guinapo vão mudar o tráfego que há muitos respeitam e outros não. As
Ilustração: Armando Pululo & Edna Mussalo Administradores não Executivos:
Filomeno Jorge Manaças
anos é caótico. Entretanto, o tempo passadeiras ajudam a definir a
Morada: Rua Rainha Jinga 12/26 . Caixa Postal: 13 12
Telefone: 222 02 01 74/222 33 33 44 Fax: 222 33 60 73
Mateus Francisco dos Santos Júnior em que estas obras demoram tem prioridade.
Mail: jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao causado muitos problemas a quem Joana André
Publicidade: (+244) 926 40 69 29/923 40 27 00 EMAIL: antonio.goncalves@edicoesnovembro.co.ao faz o uso diário daquele trajecto. Samba
LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 3

TRADIÇÃO BEATRIZ ANTÓNIO


FESTA DO POVO FALTA DE ILUMINAÇÃO
Cientes da necessidade de DESENCORAJA DESFILE
recuperar o espírito da Quarta-feira “A festa das Mabangas constitui um ritual
das Mabangas, integrantes de obrigatório que dá azo aos grupos de sairem à
grupos carnavalescos salientam que, rua e desfilarem expontaneamente. Nos últimos
apesar de perder a sua essência, o anos, devido a factores como a falta de
Carnaval foi sempre uma festa do iluminação pública e aumento da delinquência,
povo e vai continuar a ser. os grupos preferem não desfilar nas ruas”.

FESTA DAS MABANGAS


A tinta
de caju
Foliões lamentam
perda da essência
do carnaval CHUVA DE AVISO
A chuva que, no 1º dia do mês, choveu
em Luanda parecia, até, tinham aberto
as comportas das nuvens, amarradas
dios eram unicamente por fazia tempo, deu para mostrar a raiva
Arcângela Rodrigues
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao amor à festa”, recordou. dela pelos que tratam tão mal,
violentam tanto, sua irmã Luanda.
RITUAL OBRIGATÓRIO A chuva daquela sexta-feira, dia de pôr
Quarta-feira das Ma-

A
A “rainha” do histórico gru- estas estórias com tinta de caju, veio,
bangas, uma festa tra- po carnavalesco União Mun- uma vez mais, dizer, com suas palavras
dicional, realizada pe- do da Ilha, Beatriz António, feitas de água doce, que Luanda não
los grupos de foliões, após o conhecida nas lides artísti- pode continuar a ter gente insensível, a
desfile principal do Carnaval, cas por “Tia Loló”, explicou guiar-lhe os destinos, como os outros
em outros tempos, permitia que a festa da Mabanga marimbondos fizeram - e continuam a
a recolha de contribuições constitui um ritual obriga- fazer - com o dinheiro do povo.
nos mercados e bairros. Tu- tório que dá azo aos grupos A chuva de sexta-feira que vi, e senti, foi
do era pensado ao pormenor. de sairem à rua e desfilarem a da Luanda “teoricamente asfaltada”.
De tal forma que a angaria- expontaneamente. Com água a correr livremente pelas
ção de fundos iniciava com me- “Nos últimos anos, devido artérias, levar consigo, no percurso
ses de antecedência. a factores como a falta de ilu- natural, tudo o que era plástico, papel,
Simão Pedro, decano da minação pública e aumento tábuas, toda a espécie de lixo, galhos e
manifestação popular que da delinquência, os grupos folhas de árvores, pedras, lamas. A
anualmente invade as ruas da preferem não desfilar nas ruas, apontar, com provas, os reflexos
capital, conta que a Quarta-fei- sobretudo no período noctur- nefastos da mentalidade do novo-
ra das Mabangas era vivida no”, lamentou. riquismo promovido pela pequena
como uma verdadeira festa. Beatriz António apontou burguesia impreparada. Sequer para ter
Realçou que os integrantes igualmente a fadiga como um dinheiro. Porque o que usava não era - é
dos grupos que desfilassem na factor que faz com que deter- - dela, mas do povo. Tal como a maioria
Marginal tinham essa percep- minados grupos desistam de daquilo que vendia. Sempre com o
ção. Hoje, porém, tudo mu- comemorar a Quarta-feira das beneplácito de quem tinha obrigação
dou. São os foliões de rua que Mabangas devido à energia de lhe travar os apetites insaciáveis. Os
tiram do próprio bolso o di- gasta durante o desfile. Outro mesmos, ou iguais, que permitiram
nheiro para o caldo e a bebi- motivo apontado é a ansieda- ocupações de espaços públicos, fechos
da da manhã de quarta-fei- de dos grupos em saber quem de ruas, destruição de parques, zonas
ra. Simão Pedro é peremp- é o vencedor do concurso. verdes, corredores de ventos bons que
tório: “Ninguém pedia “Ganhando ou não, respeitá- arejavam a cidade.
nada, as oferendas eram di- vamos o dia das Mabangas. Na chuva de sexta-feira eu vi o que o
nheiro, farinha de man- Agora ninguém mais tem in- luandense comum viu e sabe. Sem
dioca, peixe, azeite, óleo teresse”, disse “Tia Loló”, re- necessitar que ela caia para tornar mais
de palma, sobretudo a ma- cordando que era frequente a visível a inércia dos que têm a
banga e o vinho de barril. festa começar às cinco horas obrigação de conhecer a província
Actualmente, a forma co- e estender-se noite adentro. como ninguém, mas a ignoram. Por
mo é vivida a quarta-fei- A “rainha” do União Mun- desconhecerem os efeitos de quando
ra das Mabangas ilustra do da Ilha disse também que, ela cai. Tal como fingem não saber que
bem as mudanças da durante a festa das Mabangas, é no Cacimbo que devem ser tomadas
nossa sociedade.” os grupos carnavalescos po- medidas para evitar males que ela
Custódio dos Santos de- diam desfilar ou dançar em pode causar.
fende o folclore. Ciente da outros bairros. A chuva que eu vi, senti, na tal sexta-
necessidade de recuperar-se “Nos anos 70 e 80 era uma feira foi na cidade teoricamente
o espírito da quarta-feira das festa linda de ser vista. Tí- asfaltada. Da que foi vista, e sentida,
Mabangas, salientou que, nhamos de estender um pano nos musseques, nos bairros periféricos,
apesar de perder a sua es- no chão, onde qualquer pes- que são sempre as zonas mais atingidas
sência, o Carnaval foi sem- soa contribuia com o que ti- por ela, quando muito, faço uma
pre uma festa do povo e vai nha e no acto da dança usa- pequena ideia. A chuva de sexta-feira -
continuar a ser. vámos fuba para polvilhar”, não sei se voltou a cair outra antes
“Antigamente, após a re- acentuou Beatriz António. Ela deste jornal ser posto à venda - foi
colha das contribuições feitas considera que a maior festa apenas um aviso. Nada comparada com
no bairros e mercados, além popular não pode circunscre- a de 1963, que arrasou, é o termo, a
dos comes e bebes, as sobras ver-se ao desfile central que cidade e arredores. E nessa altura,
eram repartidas entre os inte- agora acontece na Marginal Luanda, mesmo mal tratada, não era o
grantes do grupo. Os subsí- da Praia do Bispo. amontoado de disparates que é hoje.
4

LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

PATRIMÓNIO OBRAS DE RESTAURO


CLASSIFICADA EM 1992 MURAL COM OS NOMES
A Fortaleza de São Francisco do DOS EX-RECLUSOS
Penedo, ex-Casa de Reclusão, foi Numa primeira fase pretendia-se
classificada como Património Histórico restaurar dois pisos onde na década
Nacional, em 1992. Em 2017, através de de 60, como instituição prisional,
um Despacho Presidencial, foi estavam encarcerados os condenados
aprovada a sua empreitada para obras do Processo 50. Sendo por causa
de restauro e apetrechamento. destes que se deu a acção.

A GESTA DE 4 DE FEVEREIRO DE 1961 | EDIÇÕES NOVEMBRO

Nilza Massango
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

A
gostinho Inácio, mais co-
nhecido por “Kisekele”, é
um dos sobreviventes do
grupo que a 4 de Fevereiro de 1961
“Kisekele”
atacou a Emissora Oficial, no bair-
ro do CTT. Aquela acção foi lide-
rada por Virgílio Sotto Mayor.
O actual secretário-geral da As-
dá o seu
depoimento
sociação Comité dos Heróis do 4
de Fevereiro contou que, na noite
de 3 de Fevereiro, houve uma di-
visão de grupos, com objectivos
bem definidos. “Uns foram indica-
dos para atacar a Casa da Reclusão
Militar, outros a Cadeia de São Pau-
lo, o Regimento de Infantaria, 7.ª
Esquadra, hoje Unidade Operativa,
e o Campo de Aviação”, recordou.
Na associação de que “Kisekele”
é secretário-geral, localizada no
município do Cazenga, nenhum
dos atacantes da Casa da Reclusão
estava presente. Os membros dis-
seram-nos que muitos deles, senão
todos, já são falecidos.
“Kisekele” e o seu grupo saíram
do Rangel, do quintal do falecido
Imperial Santana. Foram até aos
Correios, passando pela actual es-
trada da Brigada e pela Coca-cola.
“Postos numa esquina, a cerca de
10 ou 15 metros, apareceu um po-
lícia da Guarda Republicana que
chamávamos de ‘Araracuara’. Ele
gritou, questionando: ‘Quem vem
lá faz alto’. Nós não parámos. Con-
tinuámos e quando aproximou-se,
cercámo-lo. Ele fez dois tiros que
atingiram o chefe do grupo, o Sot-
to Mayor, no braço, quase no obro.
Ele teve que ser imobilizado e le-
vado para casa. O grupo continuou
e matámos o polícia. Não o per-
doámos”, lembrou.
Segundo o antigo combatente,
“nenhum preso foi libertado nos
locais atacados naquela noite. Não
era possível. Eles, com armas de
fogo e nós com catanas”. Dado que

Dado que se
aproximava das
cinco horas da
se aproximava das cinco horas da guerrilheiros que também luta- seram-se a chamar pelo Mendes cou aquele lugar não estava lon-
manhã, optaram por manhã, optaram por retirar do lo- vam contra o colonialismo. Não de Carvalho, que se encontrava en- ge. Usou cães farejadores que
retirar do local, cal, porque tinham a certeza de sabíamos o que havia acontecido carcerado naquela cadeia, para que descobriram onde o Imperial
que, com os tiros, apareceria re- aos outros”, contou. desse as chaves. Mas Mendes de Santana estava escondido. Era
porque tinham a forço para os que estavam a ser Carvalho não respondia”, disse. uma pequena caverna que havia
certeza de que, com atacados. ATAQUE GORADO “Kisekele” disse que o grupo naquele local”.
“Nós fugimos. Fomos até aos Ca- Agostinho Inácio referiu-se ao “não conseguiu romper o portão, Dos elementos que participaram
os tiros, apareceria jueiros. Atravessámos a Linha Fér- falecido Imperial Santana para con- porque era de ferro. A polícia fez na acção, Agostinho Inácio desta-
reforço para os que rea e ficámos escondidos, pelo me- tar que aquele nacionalista co- tiros, o Imperial Santana foi atin- cou o tenente-general Agostinho
nos até às 6 horas da manhã. De- mandou o grupo de assalto à Ca- gido e escondeu-se nas barrocas João Manuel, falecido no ano pas-
estavam a ser pois, cada um foi para um lugar sa de Reclusão. “Segundo relatos no Miramar. Lá permaneceu e só sado. “Ele foi um dos históricos
atacados. mais seguro e para as matas, on- que eles mesmos contaram, depois foi descoberto de manhã, quan- veteranos do assalto à Casa de Re-
de nos podíamos juntar aos outros da acção, chegaram ao local e pu- do a Polícia viu que quem ata- clusão”, confirmou.
LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 5

“KISEKELE” CASA DA RECLUSÃO


ATAQUE DEFINIDO EDIFÍCIO
“Na noite de 3 de Fevereiro, houve uma ABRIGAVA PRESOS
divisão de grupos, com objectivos bem A Casa de Reclusão Militar, adjacente ao Porto
definidos. Uns foram indicados para de Luanda, na zona do Bungo, foi inaugurada
atacar a Casa de Reclusão Militar, em 1795, tendo beneficiado de obras de
outros a Cadeia de São Paulo, o restauração em 1850. Diz-se ainda que no
Regimento de Infantaria, e a 7ª século XVII o espaço esteve ligado ao processo
Esquadra, hoje Unidade Operativa”. de tráfico de escravos.

| EDIÇÕES NOVEMBRO

RESPOSTA VIOLENTA
PARA AGOSTINHO INÁCIO, a atenção do partido que governa o
acção do 4 de Fevereiro de 1961 te- país”, lamentou, dizendo que são
ve como causas os maus tratos e tratados com algum desprezo.
o trabalho forçado que os ango- Presentemente, a Associação
lanos sofriam das mãos dos colo- Comité dos Heróis do 4 de Feve-
nos. Porém, uma das consequên- reiro tem apenas 21 membros. Dos
cias dos ataques foi a matança. “De- 111 em 1975, tinham restado 37 em
pois dos ataques, o colono portu- 2012. Por esta e outras razões,
guês reagiu muito mal. Houve uma Agostinho Inácio não entende, por
carnificina”, contou. exemplo, “que o Governo ceda ca-
Mas, não se arrepende de ter fei- sas aos antigos comandantes e dei-
to parte de um grupo de atacan- xe de parte os elementos do 4 de
tes. “Aceitei voluntariamente, mes- Fevereiro de 1961. Fomos paten-
mo sabendo que podia ser morto”, teados como generais, ainda assim
admitiu. passamos necessidades. Temos
Hoje, reclama da falta de reco- assistência do Hospital Militar, mas
nhecimento do acto que ele e ou- é deficiente. Muitas vezes resol-
tros protagonizaram. “Nós pensa- vemos os nossos problemas de
mos que pelo trabalho feito na Re- saúde por conta própria. Que olhas-
volução, devíamos merecer maior sem um pouco mais para nós”.
| EDIÇÕES NOVEMBRO

A HISTÓRIA DA CASA DE RECLUSÃO


NA VÉSPERA DO 58.º ANI- Em Junho de 2017, a ministra como instituição prisional, es-
VERSÁRIO, do 4 de Fevereiro, da Cultura, Carolina Cerqueira, tavam encarcerados os conde-
data que marcou o início da Lu- visitou o presídio e entregou um nados do Processo 50, sendo
ta Armada de Libertação Na- dossier à Mota-Engil para o ar- por causa destes que se deu a
cional, com a invasão de dife- ranque da primeira fase de res- acção armada de 4 de Feverei-
rentes cadeias de Luanda pelos tauração, cujas obras tinham ro de 1961.
nacionalistas, o Luanda, Jornal começado no mesmo mês. A A Casa da Reclusão Militar, ad-
Metropolitano esteve na Casa da placa com a discrição da em- jacente ao Porto de Luanda, no
Reclusão para saber como an- preitada revela que os ministé- Bungo, foi inaugurada em 1795,
dam as obras de reabilitação que rios da Construção e da Cultu- tendo beneficiado de obras de
vão elevar o edifício a Museu da ra são os donos da obra e que restauração em 1850. No sécu-
Luta de Libertação. o prazo para a sua conclusão se- lo XVII, o espaço esteve ligado
Na terça-feira, um pedreiro ria de 18 meses. Mas já lá vão ao tráfico de escravos. Na década
que não quis identificar-se, dis- dois anos. de 50, o edifício abrigava presos
se que as obras foram retoma- Previa-se que, uma vez con- de delito comum e políticos.
das este ano, depois de uma lon- cluída a obra, toda a zona ar- A ideia é também transformar
ga paralisação. “Nesta altura, es- quitectónica da antiga fortaleza os antigos compartimentos em
tamos a retirar das paredes do recuperada iria dispor de um salas de visita, incluindo o re-
edifício o antigo reboco. Tam- mural com nomes dos ex-re- feitório, caserna, espaço de con-
bém estamos a fazer as unida- clusos, uma área administrativa, vívio, biblioteca e uma guarita.
des de apoio e outros trabalhos lavandaria, sala de controlo e ca- Alguns compartimentos vão ter
que vão avançar nos próximos serna de soldados indígenas. representações de figuras feitas
dias, até à sua conclusão”, ga- Numa primeira fase preten- em cerâmica, de modo a trans-
rantiu o trabalhador da Mota- dia-se restaurar dois pisos que portar os visitantes a uma via-
Engil. na década de 60 do século XX, gem histórica ao passado.

PATRIMÓNIO NACIONAL
| EDIÇÕES NOVEMBRO

A FORTALEZA de São Francisco


do Penedo, ex-Casa da Reclusão, foi
classificada como Património His-
tórico Nacional em 1992. Em 2017,
através de um Despacho Presi-
dencial publicado no Diário da Re-
pública, foi aprovada a sua em-
preitada para obras de restauro e
apetrechamento, bem como os
contratos celebrados com a em-
presa Mota-Engil, no valor de 37 mi-
lhões e 785 mil kwanzas.
6

LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

INCLEMÊNCIA ROTINA
CHUVA MOLHA DORMEM AO RELENTO
TUDO E TODOS Há mais de um mês que crianças,
Na sexta-feira, 1 de Fevereiro, a mulheres, homens e idosos dormem
chuva que tanto temiam os no passeio onde se situa o prédio e
“desabrigados do Baleizão” caiu. sobrevivem da caridade de alguns.
Foi inclemente com eles, com as Mantêm a esperança de que as
suas tendas e outros parcos autoridades competentes arranjem
pertences. uma solução definitiva.

VIVEM AO RELENTO

Rosalina Mateta
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

o relento, 17 famílias per-

A manecem no passeio do edi-


fício do Baleizão. Esperam
que as autoridades do município
da Ingombota ou de Luanda as rea-
lojem em casas dignas. No dia 7
de Janeiro, foi-lhes vedada a en-
trada porque, segundo o Serviço
de Protecção e Bombeiros, o pré-
dio em que viviam está na emi-
nência de desabar.
Os acessos ao prédio foram se-
lados com blocos e cimento. A ener-
gia eléctrica foi desligada. No in-
terior do edifício ficou a maior par-
te dos haveres dos mais de 40
moradores.
Um dia depois do incidente que
deitou abaixo o soalho do aparta-
mento de Adérito Kisisu e que terá
motivado a decisão de retirar dos
moradores do prédio do Baleizão,
a Administração da Ingombota co-
municou-lhes que seriam alojados,
temporariamente, num abrigo de
emergência. Eram tendas, algures
no bairro S. Pedro da Barra. Pro-
posta que os moradores recusaram
de imediato.
Os relatos de pessoas retiradas
de outras zonas consideradas de ris-
co e que há anos continuam em ten-
das pesaram na recusa do grupo
que se mantém coeso e à porta da
sua velha casa. Manuel Vieira, um
dos moradores, disse ao Luanda,
Jornal Metropolitano que ele e al-
guns vizinhos foram visitar o local
com o Administrador da Ingombo-
Desabrigados
do Baleizão clamam
ta. “Lá, além de tendas multifami-
liares, não havia mais nada. O se-
nhor Administrador, Hélder Balsa,
não disse nada, mas via-se, pela sua
expressão facial, que ficou sur-

por casas dignas


preendido. Não havia uma latrina,
nem luz. Era no meio do nada. Só
tínhamos o mar por perto”, contou.
A aversão às tendas é geral. A
moradora Elizabeth, funcionária do
Ministério da Educação, garantiu
que “nem quero ouvir falar em ten-
das”. Fase à recusa, os desabriga-
dos do Baleizão foram praticamente
abandonados à própria sorte. “O que pode arranjar. Tratada ou não. manifestou a intenção de defender a alfabetizador já falecido, nasceu há ção para atestar que, “de facto, to-
senhor Hélder Balsa prometeu vol- Tomam banho na rua, depois de re- causa. Como as autoridades aparen- 28 anos no prédio do Baleizão. Ali das as pessoas que ocuparam este
tar para conversar connosco. Mas tirar água de um buraco que era temente cruzaram os braços, os mora- cresceu e fez-se homem. Casado e prédio foram recrutadas em 1978 pa-
nunca mais apareceu”, desabafou uma boca de água para apagar in- dores escreveram à Comissão Admi- pai de um filho, tem um sentimen- ra dar aulas de alfabetização. Na al-
Adérito Kisisu. cêndios. Como “quarto de banho” nistrativa de Luanda e ao Ministério da to de pertença em relação àquele lu- tura foram alojadas aqui. Isto era
Assim, há mais de um mês que comum têm um canto entre o Ho- Educação. Na primeira vez foi para re- gar. Como ele está Elisabeth que che- uma casa de passagem. Mas, com o
crianças, mulheres, homens e ido- tel Continental e a parede do edifí- clamarem o seu direito à habitação. “Es- gou ao prédio em 1978. Actualmente tempo, as pessoas foram ficando e
sos dormem no passeio onde se si- cio onde moravam. Durante o dia, crevemos também para o Ministério encontra-se a convalescer de uma muitas delas estão até hoje”.
tua o prédio e sobrevivem da cari- os desabrigados do Baleizão, além da Educação, para que o mesmo certi- trombose. É funcionária do Minis- Manuel Vieira, outro morador,
dade de alguns. Mantêm a espe- de agentes da Polícia que, espora- fique porque razão as pessoas vieram tério da Educação, mas está de jun- esclareceu que a decisão de escrever
rança de que as autoridades dicamente, aparecem por lá, têm re- viver aqui”, disse Adérito Kisisu. ta médica devido à sua condição clí- para o Ministério da Educação sur-
competentes arranjem uma solução cebido a visita de vários órgãos de nica. Apesar disto, está no grupo dos giu porque funcionários da Admi-
definitiva. Enquanto isso, fazem fi- imprensa aos quais não se cansam ALFABETIZADORES antigos alfabetizadores ou funcio- nistração da Ingombota “queriam
gas para não chover, comem o que de contar o seu drama. Também já re- DESPREZADOS nários do Ministério da Educação passar a mensagem de que nós éra-
aparece e cada um bebe da água ceberam a visita de uma advogada que Adérito Kisisu, filho de um antigo que escreveu para a citada institui- mos meros ocupantes”. “Não acei-
LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 7

TENDAS ALTERNATIVA
ABRIGO RECUSADO RESTA A RUA
“Lá, além de tendas multifamiliares, não COMO OPÇÃO
havia mais nada. O senhor Administrador, Tomam banho na rua, depois de retirar
Hélder Balsa, não disse nada, mas via-se, água de um buraco que,
pela sua expressão facial, que ficou provavelmente, era uma boca-de-
surpreendido. Não havia uma latrina, incêndio. Como “quarto de banho”
nem luz. Era no meio do nada. Só comum têm um canto entre o Hotel
tínhamos o mar por perto” Continental e a parede do edifício onde
moravam.

JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO


JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Caso não obtenham as


respostas desejadas,
pretendem recorrer a
outras instâncias como
a Presidência da
República e a
Assembleia Nacional.
Esta é a conduta que os
mais moderados
tencionam adoptar.

tros pensam em derrubar as barrei-


ras erguidas e entrar no prédio. Ma-
ria Brígida está tentada a isso. Tal-
vez o desespero esteja a tomar conta
dela. “Se não tiver uma resposta cer-
ta a minha opinião é que temos que
entrar para pegar as nossas coisas. Os
meus filhos não foram matriculados
porque os documentos ficaram pre-
sos lá em cima”, afirmou. A carne que
tinha na arca frigorífica apodreceu. O
sentimento de ter dinheiro deitado
para o lixo é geral. Passam fome e por
outras dificuldades, quando nos apar-
tamentos interditados têm tudo o que
lhes está a faltar na rua.

FALTA QUASE TUDO


Sem roupa, camas, produtos de hi- mentou Adérito Kisisu. Maria Brí- ças já não estão aqui porque al- horas, observamos a presença
giene e outros utensílios indispen- gida destacou que os moradores guns familiares as levaram para da Polícia. Depois disto ficamos
sáveis, todos os elementos do gru- vivem graças à caridade de al- as suas casas”, revelou. mesmo sozinhos e temos que en-
po “viram-se” como podem. Os guns familiares, vizinhos e pes- Os desabrigados do Baleizão frentar muita coisa”, queixou-se
que apenas têm uma muda de rou- soas anónimas. “A esta hora mui- ainda têm que conviver com de- Manuel Vieira.
pa, lavam-na de noite para vestir tos aqui ainda não comeram na- mentes, drogados, os ruídos pro- Desgastado pelas condições
no dia seguinte. Para comer, uns da. A esta hora poucas crianças duzidos pelos carros e as alga- actuais e pelo tempo de espera,
conseguem “bater” um funje na estão aqui, porque alguns vizi- zarras de rua. “Nós não dormi- Manuel Vieira apela: “Nós, ape-
rua, enquanto aqueles que não nhos as recolhem em suas casas mos sossegados. Temos que estar sar de estarmos na Baixa, não
têm dinheiro esperam por mãos e passam lá o dia. Outras crian- atentos aos malucos e drogados. estamos a pedir casas no Ki-
caridosas. À noite, as crianças que JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Também tememos a chuva. Não lamba. Apenas queremos casas
durante o dia ficam dispersas em temos protecção alguma. De dia, condignas para vivermos com
casa de vizinhos ou mesmo a brin- e, às vezes, até por volta das 21 as nossas famílias.”
car no passeio juntam-se aos adul-
tos para dormir. Uns fazem-no em
pequenos colchões, outro mesmo CHUVA E ADMINISTRAÇÃO
no chão. Os que podem dormem
em tendas e há os que têm mos- INSENSÍVEIS À SITUAÇÃO
quiteiros, mas os mosquitos não
dão tréguas. Implacáveis já fize- NA SEXTA-FEIRA, 1 de Feverei- moradores que ali estavam. Os ci-
ram várias vítimas entre adultos ro, a chuva que tanto temiam os dadãos, a quem apelidamos “ de-
e crianças, sendo estas as mais “ desabrigados do Baleizão” caiu. sabrigados do Baleizão”, foram pos-
afectadas pela doença. A chuva foi inclemente com eles, tos fora dos seus apartamentos no
A viver uma situação impen- com as suas tendas e outros par- dia 7 de Janeiro, depois que o Ser-
sável, os moradores desabrigados cos pertences. viço de Protecção e Bombeiros in-
tamos que nos tratem assim. Há aqui, do edifício do Baleizão lamentam Enquanto as crianças, inocentes, terditou o conhecido edifício do Ba-
pelo menos, duas gerações dos al- a forma como foram esquecidos brincavam à chuva, os adultos pro- leizão por, alegadamente, estar em
fabetizadores”, argumentou Elisa- logo depois do anúncio do de- curam proteger tudo que o estra- eminência de desmoronar-se.
beth, cujos filhos e netos nasceram sabamento do chão de um apar- gasse ou molhasse. Os semblantes Há um mês a dormir ao relen-
no prédio do Baleizão. tamento e a consequente interdi- estavam carregados. As expres- to e a experimentar diversas difi-
Depois do procedimento admi- ção. “Ninguém está preocupado sões demonstravam revolta. Na- culdades, os membros de 17 famí-
nistrativo, o grupo aguarda pelos connosco. Nunca tivemos a visi- quela altura nenhuma autoridade lias, não vêem, sequer, uma luz no
despachos, que deviam ser divul- ta de uma instituição do Estado do município apareceu no local. Ape- fundo do túnel.
gados na última sexta-feira. Caso ou privada que zela pelos direi- nas um grupo de jovens, não mo- Por tudo narrado nestas páginas,
não obtenham as respostas deseja- tos humanos. Quando isto acon- radores, tentou quebrar, com pedras, tentamos ouvir o Administrador
das, pretendem recorrer a outras ins- teceu, nos dois primeiros dias, al- uma das barreiras de betão para que da Ingombota, Hélder Balsa, mas,
tâncias, como a Presidência da Re- guns moradores receberam água os moradores entrassem no edifí- mesmo depois de enviarmos men-
pública e a Assembleia Nacional. Es- e pão da Administracção da In- cio e se protegessem da chuva. A sagens de texto por telefone, não ob-
ta é a conduta que os mais gombota. Mas, depois parece que tentativa foi repelida pelos poucos tivemos qualquer resposta.
moderados tencionam adoptar. Ou- todos se esqueceram de nós”, la-
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LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

NJINGA MBANDE SETE NOVAS ESCOLAS


QUADRO MILHARES DE ALUNOS
POUCO ANIMADOR Com um total de 45 semanas de actividades
O corpo docente na escola Njinga escolares, segundo o calendário distribuído
Mbande e demais instituições de pelo Ministério da Educação, para este ano
ensino, em Luanda, incutiram a lectivo, a província de Luanda vai contar com
responsabilidade da ausência dos mais sete novas escolas, que vão permitir,
alunos aos encarregados de pela primeira vez, o ingresso de 141.417 novos
educação. alunos.

ANO LECTIVO 2019 JAIMAGENS | EDIÇÕES NOVEMBRO

Alunos procuram acompanhar


ritmo dos professores
Uma semana depois da abertura do ano lectivo 2019, mais alunos afluem às escolas e
procuram acompanhar o ritmo das aulas. O cenário de salas vazias observado a 1 de
Fevereiro, primeiro dia de aulas mudou

141 MIL VAGAS


PARA NOVOS
ALUNOS
DADOS ESTATÍSTICOS reve-
lam que mais de 141 mil novos alu-
nos estão frequentar o ano lecti-
vo 2019, em Luanda.
Porém, outros milhares ainda es-
tão fora do sistema de ensino na
capital angolana, que ganha este
ano sete novas escolas, anunciou
o governo provincial.
O Governador de Luanda, Sérgio
Luther Rescova, ao presidir a ce-
rimónia oficial de abertura do ano
letivo 2019 em Luanda, referiu
que a capital angolana “aumentou

A
Apesar do absentismo dos va por mais alunos, uma vez que e mandar os filhos para a escola e tuições escolares”,lamentou. a oferta pública” no ensino.
alunos, foi notória a pre- descansaram durante três meses. contribuir para evitar esse hábito Relativamente aos caminhos pa- “Vamos acolher 141.417 mil novos alu-
sença considerável dos pro- De todo o modo, a docente espe- que se enraizou em muitas insti- ra a melhoria do processo de ensi- nos nos diferentes níveis de ensi-
fessores que, mesmo com as salas ra que os alunos sejam mais inte- no e aprendizagem, o director pe- no dos quais mais de 56 mil entram
vazias, assinaram o ponto e man- ractivos e haja maior conexão en- dagógico da escola do I Ciclo do pela primeira vez, o sistema con-
tiveram contacto com os presen- tre a escola e os encarregados, con- Ensino Secundário nº 5011, em Via- tará igualmente com sete novas es-
tes para as primeiras impressões siderando que a inexistência de “Devemos ao longo na, sugere a redução de 24 para 18 colas para as quais peço a sua con-
sobre o presente ano lectivo. dialogo entre encarregados e a es- do ano lectivo os tempos semanais, para permitir servação e manutenção”, disse.
José da Rosa, professor de Bió- cola é um dos grandes problemas que os alunos assimilem melhor os O governador assegurou que as
loga da 11ª e 12ª no Instituto Mé- travados pelo sistema. reforçar o conteúdos transmitidos pelos pro- condições pedagógicas indis-
dio Normal de Educação Neves e Professor da escola Njinga apetrecho das fessores. Daniel Mondomba consi- pensáveis foram criadas. Acres-
Sousa, de Viana, lamentou o fac- Mbande, Osvaldo Domingos in- dera pesadas as 24 semanas, por, centou que “devemos ao longo do
to de a instituição ter registado a cutiu a responsabilidade da au- escolas, no seu entender, não deixar mar- ano lectivo reforçar o apetrecho
presença de cerca de 50 por cento sência dos alunos aos encarrega- particularmente, em gem de manobra aos discentes e das escolas, particularmente, em
de alunos, condicionando o pri- dos de educação, que a seu ver es- docentes para acções de investiga- relação aos livros para bibliotecas
meiro dia de aulas. tão a perder o hábito de mandar relação aos livros ção. O primeiro dia de aulas este- ou espaços de leitura, bem como
Adelaide Borges, por sua vez, os filhos à escola no primeiro dia para bibliotecas” ve reservado às apresentações e no- equipamentos laboratoriais espe-
professora de Francês na mesma de aulas. ções sobre o programa lectivo. cíficos e indispensáveis para os cur-
instituição, avançou que espera- “Os pais têm de ter autoridade * ANGOP sos técnicos”.
LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 11

VAGAS DISPONÍVEIS FINALISTAS


CONFORMIDADE COM A LEI DOIS MIL E 500 ALUNOS
O director da Escola Grande do Cazenga, Segundo a denúncia, cerca de dois mil e 500 alunos
Armindo Santiago Domingos, refutou as finalizaram a 12ª classe, por isso deveria estar disponível o
acusações que pesam sobre si e garantiu que mesmo número de vagas ou aproximado disso. Acontece
as inscrições foram feitas em conformidade que está afixada uma lista de 300 e tal alunos
com a Lei. O gestor disse ter informado o seleccionados para matrículas. A nossa fonte disse ter visto
Gabinete Provincial da Educação o número de um encarregado de educação em prantos devido ao facto
vagas disponíveis para o ano lectivo de 2019. do filho correr o risco de não estudar este ano.

EDUCAÇÃO NO CAZENGA
| EDIÇÕES NOVEMBRO

tivo de 2019. “Tívemos 3.358 ins-


crições para um horizonte de 319
vagas. E como muitos alunos fi-
caram de fora, muitos estão a pen-
sar que eu estou esconder as va-
gas para vender aos encarrega-
dos”, disse.
Para o director, os seus detrato-
res não são pessoas sérias e que-
rem apenas manchar o seu “bom
nome e da instituição que dirige”.
“Agora se acham que eu criei gru-
pos para receber dinheiro em tro-
ca de vagas, que apresentem as pro-
vas”, desafiou.
Armindo Santiago Domingos
convidou a pessoa que fez a de-
núncia e a que foi cobrada a con-
tactarem a direcção da escola, sem
medo, para que o assunto seja tra-
tado como deve ser. “Quem de-
nuncia deve apresentar provas pa-
ra podermos corrigir as coisas. Não
me recordo ter recebido valor al-
gum de professor ou quem quer
que seja. Então quem estar a fazer
essa denúncia deve apresentar pro-
vas”, reafirmou.
Armindo Santiago Domingos fri-
sou que muitos encarregados de
educação escolhem a “Escola Gran-
de do Cazenga” pela qualidade de
ensino leccionado naquela institui-
ção, sendo este também um dos mo-
tivos que faz com que muita gente
acorra àquela instituição, apesar de
poucas vagas disponíveis.
“Os nossos alunos não são ape-
nas do Tala Hady ou do Cazenga
mas de toda a Luanda. Aconselho
os encarregados de educação e to-
dos quanto fazem esse tipo de de-

Direcção da “Escola Grande” acusada nuncia a citarem nomes, para que


junto da inspecção escolar se dê o
devido tratamento”, afirmou.

de vender vagas por 30 mil Kwanzas Segundo o director, a “Escola


Grande do Cazenga” conseguiu
matricular todos os alunos nas-
cidos em 2004 e 2005. “Será que
todos esses também pagaram o
A nossa fonte disse ter visto um cionados”, revelou. “As escolas pú- com notas altas para terem acesso director ou alguma pessoa liga-
Domingos dos Santos* encarregado de educação em pran- blicas não têm anunciado as reais facil às escolas do II ciclo e poli- da ao director?”, questionou-se,
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao
tos devido ao facto do filho correr vagas disponíveis. Continuam a técnico. Há directores que nesta al- acrescentando: “Infelizmente,
o risco de não estudar este ano. De- fazer cobranças. Até os inspetores tura fazem muito dinheiro, preju- as pessoas olham para este fac-
sesperado, acrescentou, o encarre- da educação recolhem processos dicando o pacato cidadão”, disse. to para denegrir a pessoa do di-
direcção da escola secun-

A
gado de educação contactou um de estranhos e levam às escolas. rector. Não olham para o esfor-
dária do IIº ciclo Nº 3043, a professor que supostamente faz Fazem parte do negócio. A rede é DIRECTOR REFUTA ço que fizemos para isncrever es-
famosa “Escola Grande do parte de uma rede montada pelo montada da seguinte forma: se a ACUSAÇÕES ses alunos”.
Cazenga”, é acusada de ter omiti- director da escola Nº 3043, Armin- escola tiver 500 vagas, apenas se- O director da “Escola Grande do Armindo Santiago Domingos di-
do o número real de vagas dispo- do Santiago Domingos, que cobrou- lecionam 200 crianças. As demais Cazenga”, Armindo Santiago Do- rige a Escola Grande do Cazenga
níveis, para vender aos pais e en- lhe 30 mil Kwanzas para matricu- ficam por conta do director da es- mingos, refutou as acusações que há três anos. Quando lá chegou,
carregados de educação desespe- lar o seu filho. cola, em conluio com os delega- pesam sobre si e garantiu que as disse, encontrou um estabeleci-
rados em matricular os seus filhos “O encarregado disse não ter di- dos municipais”, denunciou. inscrições foram feitas em confor- mento de ensino degradado e on-
para o ano lectivo 2019. nheiro, porque está desemprega- A nossa fonte defende que o an- midade com a Lei e os estatutos do de muitos pais e encarregados de
Segundo a denúncia, cerca de do”, explicou a fonte, acrescentan- terior sistema de testes era melhor, Ministério da Educação. “Eu não educação se recusavam a inscre-
dois mil e 500 alunos finalizaram do que a mesma situação se verifi- ao contrário do sistema de média, sei onde foram buscar essas infor- ver os seus filhos para estudar.
a 12ª classe, por isso deveriam es- ca nas escolas técnicas, I e II ciclos, que permite a alguns encarregados mações, porque nós tornamos pú- “Hoje, temos melhores condições,
tar disponíveis o mesmo número onde os directores fixaram listas de educação subornarem os pro- blico o número de vagas que tí- procuramos ter um ensino de ex-
de vagas ou aproximado disso. com número real de vagas, mas com fessores para os filhos terem mé- nhamos”, defendeu-se. celência e somos uma das melho-
“Foram matriculados 300 e tal alu- nomes de candidatos inexistentes. dias altas. “Os colégios fazem mui- Armindo Santiago Domingos dis- res escolas do município do Ca-
nos. Onde estão as restantes va- “Aos olhos de todos, a lista está com- to esta prática, porque os certifi- se ter informado o Gabinete Pro- zenga, por isso é que a procura é
gas?”, questionou-se a fonte que pleta, mas, na realidade, a sua equi- cados são emitidos nas escolas vincial da Educação o número de maior”, concluiu.
preferiu o anonimato. pa tem uma outra lista dos selec- públicas. Os seus alunos surgem vagas disponíveis para o ano lec- *Yara Simão
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VOZ DO MUNÍCIPE
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 13

KEVIN FATI BAPTISTA MOISÉS


“MUITO COMPLICADO” “SORTE DIFERENTE”
“No ensino primário nem por isso acho “Moro há vários anos no bairro da Madeira,
que seja tão difícil encontrar vaga município do Cazenga, e estou descontente
como oiço falar. O mesmo já não posso devido às dificuldades que eu e muitos pais
falar do ensino médio, onde tem sido enfrentamos para matricular os filhos. Felizmente
tudo muito mais complicado. Em consegui, mas nem todos tiveram a mesma
tempos, ouvi falar, inclusive, no sorte, e obviamente muita criança ficará fora do
pagamento de ‘gasosa’.” sistema de ensino.”

ACESSO AO ENSINO PÚBLICO


JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Limitação
de vagas
e de recursos
adia o desejo de
formação
de formação
centes e jovens fiquem de fora. Em ceira para pagar propinas dos fi- tudante seja submetido a um exa- na Universidade Agostinho Neto
João Pedro
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao Luanda, a realidade não difere mui- lhos em colégios privados, alguns me de aptidão, o cenário de difi- ficou marcado por uma manifesta-
to das restantes províncias do país. pais optaram por transferi-los pa- culdades não difere muito. É nor- ção de estudantes contra a cobran-
A procura foi enorme e a escassez, ra escolas públicas, tornando o qua- malmente nesta fase do ano que ça do valor de quatro mil kwanzas

O
acesso ao ensino público à semelhança dos anos anteriores, dro mais complicado. Portanto, muitos jovens se preocupam em re- de taxa por um curso e seis mil por
continua a ser um desafio deu azo a denúncias de venda de mais uma vez, não foi surpresa ou- novar as matrículas face ao anún- dois cursos para cada candidato,
para muitos cidadãos, tudo vagas, pairando no ar o espectro da vir que alguns encarregados de edu- cio de novas vagas. Porém, a sua li- sem a existência de uma lei que de-
porque a limitação de vagas nas es- corrupção. Em síntese, o quadro de cação pernoitaram à porta das es- mitação acaba por “amputar” o de- termine a quantia a ser paga. Dian-
colas e dificuldades financeiras vi- dificuldades pouco ou nada se al- colas com o único propósito de ma- sejo de formação da maioria. te destes factos, o Luanda, Jornal
vidas pela maioria das famílias le- terou. No ensino primário, por tricular os filhos. Em Janeiro, o processo de ins- Metropolitano foi à rua e ouviu a
va a que muitas crianças, adoles- exemplo, por insuficiência finan- No ensino médio, embora o es- crição para o exame de admissão opinião dos munícipes.

AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Florentino Quaresma Adão Quitunga Onésimo Setucula Agostinho Adriano Joaquim Matias
“Mais escolas” “A realidade era outra” “Constantes lamentações” “Pernoitar nas escolas” “Enormes filas”

“ Resido no Sambizanga, bairro


onde várias vezes tentei
matricular os meus filhos nas
“ Nem todos têm a mesma
sorte, mas acredito que
nalguns casos o conhecimento
“ Os meus filhos são maiores de
idade e frequentam há anos o
ensino superior. Contudo,
“ Para conseguir uma vaga no
ensino público, daquilo de que
se fala, algumas pessoas tiveram
“ Moro no município de Cacuaco
e para não me chatear com as
enormes filas e outros
escolas públicas. Infelizmente, não fala mais alto. Quanto a mim, acompanho as constantes que pernoitar à porta das escolas. É constrangimentos, optei por
tenho tido sorte e a opção tem sido sempre frequentei o ensino lamentações de muitos vizinhos e, triste que assim seja, mas seria de matricular os meus filhos em
colocá-los em escolas privadas, público e nunca tive dificuldades. de facto, é triste. Devemos todo desejável que as autoridades escolas privadas. Não tive
onde não enfrento burocracia para A realidade era outra. Hoje, para reconhecer que não está a ser fácil trabalhassem muito mais para aborrecimentos para fazê-lo.
conseguir uma vaga”. conseguir uma vaga está difícil”. para quem tem mais de dois filhos”. evitar este tipo de situação”. Contudo, sei que não vai ser fácil...”.
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OBRAS
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

VENDA AMBULANTE INSATISFAÇÃO


REGRESSO EM FORÇA OBRA SEM
DAS ZUNGUEIRAS FISCALIZAÇÃO
A insatisfação dos moradores agrava-
Os vendedores ambulantes tomaram se a cada novo prazo. Já lá vão 11 anos.
conta da rua Soba Mandume, perante Para eles, a demora na conclusão da
a passividade dos agentes da Polícia obra é consequência de falta de
Nacional e da fiscalização destacados fiscalização. “Já não acreditamos
nas proximidades das bombas de mais nos prazos para a reabilitação
combustíveis. dessa rua”.

BAIRRO MARÇAL

Entre avanços e recuos


obras da Soba Mandume
continuam sem fim à vista
Os moradores do bairro Marçal estão inconformados com as constantes paralisações das obras de reabilitação do troço
de 850 metros da rua Soba Mandume. As obras remontam a Agosto de 2008. De lá para cá, as obras de reabilitação foram
adjudicadas a várias empresas nacionais e estrangeiras, que nunca as concluíram.

TRISTE REALIDADE O cenário de muito lixo, lama, águas residuais, montes de areia no meio da via, já faz parte da rotina dos moradores do bairro Marçal e dos automobilistas

DOMINGOS DOS SANTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

cionais e estrangeiras, que nunca sespero tomou conta dos mora-


Domingos dos Santos
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao as concluiram. Em 2008, as obras dores e automobilistas, que não
de reabilitação estiveram a cargo acreditam numa solução dura-
da Empresa Nacional de Cons- doura para aquela via. Em Feve-
nze anos depois, as obras da

O
trução de Infra-Estruturas Básicas reiro de 2017, uma nova tentativa
rua Soba Mandume, no (ENCIB) e consistiram na terra- para a reabilitação da rua resultou
bairro Marçal, distrito ur- plenagem, criação de novo siste- em fracasso. Em Junho de 2018, a
bano do Rangel, continuam sem ma de drenagem, bem como na co- esperança voltou a renascer, com
fim à vista, para desgraça dos mo- locação de passeios. Na altura, o o reinício das obras de reabilita-
radores e automobilistas, incon- responsável da obra, Francisco An- ção, no âmbito do Programa de
formados com a demora na reabi- dré, garantiu, em declarações à An- Reabilitação e Manutenção das
litação do troço de 850 metros, en- gop, que os trabalhos iriam ser rea- Vias Secundárias e Terciárias de
tre as bombas de combustíveis do lizados em 30 dias. Luanda, que visa a melhoria da
São Paulo e o entroncamento com Passaram-se anos e o estado da circulação rodoviária e descon-
a avenida Hoji ya Henda. rua Soba Mandume vai de mal a gestionamento das vias principais.
As obras remontam a Agosto pior, tornando-se intransitável, de- O coordenador do projecto, Mil-
de 2008. De lá para cá, foram ad- vido aos enormes buracos, às ton Cerveira, garantiu na altura
judicadas a várias empresas na- águas das chuvas e ao lixo. O de- que os trabalhos seriam concluí-
OBRAS
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 17

COMÉRCIO OBRAS PARALISADAS


FALTA DE CLIENTES RECURSOS FINANCEIROS
Comerciantes consideram a obra Em Junho, o ministro da Construção e Obras
necessária, porém sublinham que a Públicas, Manuel Tavares de Almeida, garantiu
demora atrapalha o negócio, pois que havia disponibilidade financeira para
embora já estejam habituados com os conclusão dos projectos paralisados em Luanda.
avanços e recuos dos trabalhos, os “Está garantida a activação das linhas de
seus clientes reclamam dos acessos financiamento destes projectos e vão ter o ritmo
para chegarem aos estabelecimentos. normal de construção”.

DOMINGOS DOS SANTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

dos em Dezembro do ano passa- nário é de muito lixo, lama, águas DOMINGOS DOS SANTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

do. O projecto previa a colocação residuais e montes de areia. A rua


de um colector de escoamento pa- está interditada e somente é per-
ra as águas residuais e pluviais, mitido o trânsito local. Os acessos
terraplenagem, bem como a ins- às ruas do Marçal estão fechados
talação de iluminação pública, si- com separadores de betão. Os ven-
dedores ambulantes tomaram con-
ta do local, perante a passividade
As obras de dos agentes da Polícia Nacional e
reabilitação da Soba da fiscalização.

Mandume DISPONIBILIDADE FINANCEIRA


remontam a Agosto Ainda em Junho, o ministro da
Construção e Obras Públicas, Ma-
de 2008. De lá para nuel Tavares de Almeida, garan-
cá, já foram tiu que que havia disponibilida-
de financeira para a conclusão dos
adjudicadas à várias projectos paralisados em Luanda.
empresas O ministro falava à imprensa
no final de uma visita às obras das
encostas da Boavista e do Sambi-
zanga, Casa da Reclusão, rua So-
nalização vertical e horizontal e ba Mandume, Gajajeira, Ngola Ki- INSATISFAÇÃO DOS MORADORES
construção de passeios. luange e ponte do Panguila/Ki- DOMINGOS DOS SANTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

O prazo para a conclusão dos fangongo.


trabalhos terminou e o pessoal da “Está garantida a activação
empresa China Harbour Engi- das linhas de financiamento des-
neering Company (CHEC), en- tes projectos e vão ter o ritmo
carregue das obras, nunca mais normal de construção”, garantiu
foi visto na zona. No terreno, o ce- na altura.
DOMINGOS DOS SANTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

RUA DA CHAPADA Vias do Marçal estão obstruídas com areia

AS OBRAS, de reabilitaçao da rua problemas de saúde, prevê gran-


Soba Mandume já fazem parte da des dificuldades para entrar e sair
rotina dos moradores do Marçal. de casa. “Conforme eles cavaram
Diariamente, convivem com bu- isso, com as chuvas, a rua vai-se
racos e valas abertas. A insatisfa- transformar num autêntico rio e
ção dos moradores agrava-se a ca- teremos dificuldades para circular
da novo prazo. Já lá vão 11 anos. tanto a pé como de carro”, alertou.
Para eles, a demora é conse- Manuel da Silva sabe do que fa-
quência de falta de fiscalização. “Já la, pois em tempos idos viveu si-
não acreditamos mais nos prazos tuações semelhantes, devido às
COMERCIANTES REGISTAM PERDAS para a reabilitação dessa rua”, afir- constantes paralisações das obras.
mou Katuila dos Santos. “Este cenário já virou uma rotina
OS COMERCIANTES, reclamam Sofia Miranda, proprietária de um Segundo ela, embora a placa de para nós, porque as obras nunca
que a demora para a conclusão da pequeno estabelecimento co- obra contenha informações sobre mais acabam”, sublinhou.
obra já começa a afectar os ne- mercial, considerou a obra ne- a existência de fiscalização, esta não Jorge Bernardo, outro morador,
gócios. Nos últimos dois anos, so- cessária. Porém, sublinhou que existia e o responsável pelos traba- reconheceu a importância das
freram uma baixa significativa nas a demora atrapalha o negócio, lhos nunca estava presente para pres- obras, mas acrescentou que o
vendas e tiveram que despedir tra- pois, apesar de estar habi- tar esclarecimento aos moradores. não cumprimento dos prazos cau-
balhadores. “Cerca de 80 por cen- tuada aos avanços e recuos, “Agora, acho que abandonaram a sa indignação aos habitantes e co-
to dos meus clientes deixaram de os clientes reclama dos aces- obra definitivamente, porque nun- merciantes. Ele disse sentir na pe-
frequentar o meu estabelecimen- sos. “Este é um troço peque- ca mais os vi por aqui”, disse. le as consequências do atraso
to por causa das condições da rua. no, que nem tem um quiló- Com a chegada da época chu- das obras. “Quando chove, a rua
É difícil chegar aqui. Dá-se muitas metro. Segundo a placa, tem vosa, Manuel da Silva, 54 anos, já fica inundada e a água invade as
voltas ou estacionam as viaturas apenas 850 metros, mas leva faz contas à vida, devido aos trans- nossas casas. Já perdi sofá, com-
em local distante”, lamentou um uma eternidade para ser con- tornos que terá que enfrentar no putador e outros bens por causa
comerciante. cluído. É triste”, lamentou. seu dia-a-dia. Assolado por graves das enchentes”, queixou-se.
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PLANTÃO
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

INVESTIGAÇÃO PERDA IRREPARÁVEL


POLÍCIA PAI DA VÍTIMA EM PRANTOS
PROSSEGUE BUSCAS Ilundo Oliveira, pai da vítima, continua em
A Corporação vai continuar a prantos, lamentando a perda irreparável. “O
investigar o caso até à localização meu filho tinha um grande futuro pela frente.
dos autores do crime, que ocorreu Sonhava jogar numa grande liga europeia. A
na madrugada do dia 27 de Janeiro, pensar nisso, formou uma equipa de futebol
a escassos metros da residência no bairro, o Arsenal do Marçal, onde foi o
da vítima. principal líder e mentor”.

CRIME EM LUANDA | EDIÇÕES NOVEMBRO

DETIDO
SUB-CHEFE
DO CAZENGA
O SUB-CHEFE DA 12.ª ESQUA-
DRA da Polícia Nacional no mu-
nicípio do Cazenga foi detido acu-
sado de receber dinheiro para sol-
tar “Zé do Poster”, um presumível
delinquente que se encontrava a
contas com a justiça, considerado

Autores do assassinato altamente perigoso.


O porta-voz da Corporação, Ma-
teus Rodrigues, explicou que o
suspeito encontrava-se a aguardar
pelo julgamento, num processo que

de Stélvio de Oliveira decorre os trâmites legais.


“Zé do Poster” encontrava-se de-
tido preventivamente naquela es-
quadra, quando desapareceu em

continuam a monte
circunstâncias ainda por esclarecer.
Fontes da Polícia sustentam
que o suborno terá sido feito por
familiares do “Zé do Poster”, acusado
de roubo de dinheiro e telemóveis
na via pública.
Contra o sub-chefe está em
curso um processo disciplinar por
António Pimenta Luanda, garantiu que a Corpo- armas de fogo e brancas, garra- corpo. Um corte na garganta ori- corrupção e abuso de poder, que
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao ração vai continuar a investigar fas e outros objectos cortantes. De ginou a sua morte no Hospital a serem confirmados, poderá ser
o caso até à localização dos au- acordo com Delfina Lourenço, vi- Américo Boavida, onde foi leva- expulso da Corporação, para além
tores do crime, que ocorreu na zinha e testemunha ocular dos in- do para ser socorrido. de ter que responder criminal-
Polícia Nacional continua

A
madrugada do dia 27 de Janeiro, cidentes, os jovens aparentavam Ilundo Oliveira, pai da vítima, mente.
sem qualquer informação a escassos metros da residência ter entre 16 e 18 anos de idade e continua em prantos, lamentan- Por outro lado, o oficial de Co-
sobre o grupo de jovens da vítima, na Rua do Jacó, no bair- corriam a gritar: “Vamos matar, do a perda irreparável. “O meu municação do Comando Provincial
que, há mais de uma semana, es- ro Marçal. vamos matar.” filho tinha um grande futuro pe- de Luanda, Euler Matari, anunciou
pancaram até à morte Stélvio Eu- O malogrado regressava da Alarmados com os gritos, Stél- la frente. Sonhava jogar numa que foram detidos 37 cidadãos
rico Manuel de Oliveira, de 16 Cidadela Desportiva, onde assis- vio de Oliveira e amigos, de quem grande liga europeia. A pensar suspeitos de crimes diversos. Qua-
anos, confirmou ao Luanda, Jor- tiu a um espectáculo da Clé En- se fazia acompanhar, puseram-se nisso, formou uma equipa de fu- tro encontram-se detidos por de-
nal Metropolitano o Intendente tertainment, em comemoração do em fuga. “O Stélvio tropeçou nu- tebol no bairro, o Arsenal do Mar- sacato à autoridade e arruaça.
Mateus Rodrigues. Dia da Cidade de Luanda, assi- ma pedra e caiu”, explicou Del- çal, onde foi o principal líder e A Polícia apreendeu uma arma
Em contacto mantido por via nalado a 25 de Janeiro. fina Lourenço. Depois disso, os mentor”, desabafou. de fogo e recuperou três viaturas,
telefónica, o director de Comu- Próximo da sua residência, foi marginais atacaram-no com bru- Stélvio de Oliveira foi a en- utensílios domésticos e artefactos
nicação Institucional e Imprensa interpelado por um grupo de 15 talidade, desferindo pontapés, so- terrado no cemitério da Santa utilizados na prática de crimes.
do Ministério do Interior, em jovens que circulavam na rua com cos e cortes em várias partes do Ana.
COMPORTAMENTO
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 19

ROTUNDA DA SUNSET PARAGEM DAS MULHERES


CONTENTORES NA VIA PRUDÊNCIA REDOBRADA
PERIGO À VISTA NO PERÍODO NOCTURNO
O contentor já tinha sido retirado da Os taxistas que fazem a rota Multiperfil/Mutamba e
estrada e colocado no interior do Benfica/Mutamba queixam-se dos contentores. Todos são
bairro, mas os moradores de ferro e estão situados em locais impróprios, como por
acabavam por depositar o lixo no exemplo, na paragem das mulheres próximo ao ENAD.
chão, o que causava desconforto às A falta de prudência pode ser fatal, principalmente
pessoas que ali vivem. no período nocturno.

ESTRADA DA SAMBA JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

João Pedro
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao

á quatro semanas um trá-

H gico acidente na estrada


da Samba levou a vida de
um jovem. Abalados, os mora-
dores contam que há meia-noi-
te foram surpreendidos com um
trágico acidente. Ainda levaram
a vítima com vida a uma unida-
de hospitalar, mas o esforço foi
em vão. Soarito, como era co-
nhecido, morreu.
Esta foi a quarta vítima mor-
tal de contentores mal situados
na via pública. Tudo aconteceu
depois de o jovem sair de um con-
vívio com os amigos. Ele condu-
zia uma mota. No cruzamento
que dá para a rua onde a sua mãe
mora, terá feito mal os cálculos
e chocou no contentor de lixo que
teimosamente permanece à bei-
ra da estrada.
Algumas testemunhas que es-
tiveram no local dizem que o ma-
logrado ficou preso no gancho
do contentor que auxilia os ca-
miões de lixo a fixarem os encai-
xes. A queda foi fatal. “Ele teve
um rasgão enorme no peito. Os
órgãos apareciam”, descreveu Pe-
dro Miguel que lamentou o fac-
to, visto que Soarito casara-se há
aproximadamente um mês.
“Quando ouvi que um dos fi-
lhos da tia Ana tinha sofrido um
acidente, pensei no menor e não

Contentor
o Soarito, porque ele não gosta-
va muito de conduzir a mota.
Não sei o que lhe deu…”, disse
outro amigo do jovem.
Bruno Manuel, taxista, afir-

mal situado mata


mou que Soarito cresceu num
meio onde muitos jovens entra-
ram para o mundo crime, “mas
ele não se deixou influenciar pe-
los maus caminhos. Era humilde,

quatro pessoas
sempre foi trabalhador e ajuda-
va a família. É triste, eu não con-
sigo olhar para a tia Ana. Logo que
me vê começa a chorar. Nós, des-
de crianças, estávamos sempre jun-
tos. Perdi um irmão”, lamentou
Bruno Manuel, que desconhece a
razão que faz as empresas de sa-
neamento colocarem os conten-
tores em locais perigosos. cionados ao longo da estrada da o condutor não for prudente, aca- entendemos porque motivo isso dade e deparam-se com um con-
Engrácia Manuel disse que o Samba como outros perigos pa- ba por colidir com um contentor não acontece na estrada da Sam- tentor à beira da estrada, numa
contentor já tinha sido retirado ra quem conduz ou atravessa a de lixo e causa muitas vítimas”, ba”, lamentou outro taxista. área de asfalto irregular. “Por pou-
da estrada e colocado no interior via. “Além dos contentores, mui- frisou um taxista. O Luanda, Jornal Metropoli- cos centímetros não colidi com es-
do bairro, mas os moradores aca- tos moradores estacionam os seus Menos de 100 metros separam tano contou 28 contentores na es- te contentor. Agora, fico mais
bavam por depositar o lixo no carros na estrada, o que repre- dois contentores que ficam numa trada da Samba, todos eles sem atento”, disse Mauro da Staff.
chão, o que causava desconforto senta um perigo enorme, princi- das rotundas da rua da Samba. qualquer protecção. Como este taxista, muitos ou-
às pessoas que ali vivem. “Os bi- palmente se for um camião”, de- Ambos foram colocados na es- Aquela via pública, nas ime- tros automobilistas têm-se de-
chos começaram a entrar para as nuncia. trada. “Não estamos a dizer que diações da Escola Nacional de Ad- parado com a mesma situação.
nossas casas e tivemos que reti- Os taxistas que fazem a rota não devem existir contentores ministração (ENAD), no lado Muitas denúncias são feitas pe-
rar daqui”, justificou. Multiperfil/Mutamba e Benfi- nesta zona. Mas, como em outros oposto à famosa paragem das mu- los moradores da Samba, princi-
ca/Mutamba queixam-se dos lugares da cidade, gostaríamos lheres, é apontada pelos auto- palmente. Mas os contentores
OUTROS PERIGOS contentores. Observam que to- que aqui se fizesse a protecção mobilistas como o ponto de maior permanecem nos mesmos luga-
Engrácia Manuel apontou os dos são de ferro e estão mal si- de betão armado, onde os con- risco, por ser o local onde os mo- res, provavelmente à espera da
carros e camiões que são esta- tuados em locais impróprios. “Se tentores ficam guardados. Não toristas imprimem maior veloci- próxima vítima.
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PUBLICIDADE Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

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(700.000)
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019
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quotidiano
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

SISTEMA DE CANALIZAÇÃO JOÃO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Águas residuais
danificam asfalto ESTAÇÃO DE
SERVIÇO NEGA
ACUSAÇÕES

na Samba JÚLIA JOÃO, recepcionista da es-


tação de serviço acusada de estar
a estragar o asfalto, refutou as ale-
gações dos taxistas, “porque eles
não conhecem as causas principais
Os esgotos entupidos e o mau hábito de alguns moradores que insistentemente da situação”.
Segundo a funcionária, o principal
deixam as torneiras abertas que danificam o asfalto motivo do alagamento na estrada
é a areia que está a obstruir os es-
gotos. “Já recebemos visitas do ad-
ministrador da Samba que tomou
tidão no trânsito. O Luanda, Jor- um enorme engarrafamento, por- serviço e os moradores da zona pa- conhecimento da verdadeira si-
João Pedro nal Metropolitano, em conversa que foram feitos trabalhos pa- ra ver se evitam situações do gé- tuação e até agora estamos à es-
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao
com taxistas que diariamente con- liativos no mesmo local, que não nero”, esclareceu Agostinho José. pera que seja feito um trabalho, de
duzem naquela via, ficou a saber resultaram. Ngeve Matias, habitante da zo- maneira que as águas possam fluir
que, só no ano passado, foram fei- “Se não se resolver o proble- na, criticou os moradores que não e acabar com esta situação cons-
s automobilistas que diaria-

O
tas mais de duas reparações no mes- ma na fonte, que são os esgotos, contribuem para minimizar a si- trangedora”, disse Júlia João.
mente transitam na rua da mo lugar. “Mesmo assim nada me- todo o esforço feito para tapar tuação, porque deixam as tornei- Os trabalhadores da estação de ser-
Samba deparam com vários lhorou. O que admira é que até na os buracos será em vão e um des- ras abertas e a água que jorra vai viço gastam diariamente grandes
constrangimentos na via. As viatu- época de Cacimbo a estrada fica perdício de dinheiro público que para a estrada. “Muita gente ainda quantidades de água e sem a ca-
ras mal estacionadas e os engarra- sempre com água e estraga o asfal- poderia servir para fazer outras tem um comportamento lamentá- nalização funcional a estrada sofre
famentos são os principais. to”, esclareceu Mário Lucas. coisas, como asfaltar muitas ruas vel que prejudica a maioria. Infe- as consequências.
Há dias em que a fila de carros O mesmo taxista afirmou que a terciárias que são importantes”, lizmente, esta situação vai conti- Um agente de trânsito da Samba
vai do hospital da Samba até à pon- principal causa da degradação da destacou Mário Lucas. nuar se não forem tomadas medi- disse que os buracos são inevitá-
te do Zamba 2. Mas o maior nó fi- via é da água proveniente de uma O taxista Agostinho José con- das punitivas urgentes”, disse. veis. “É um trabalho enorme para
ca depois do sinal luminoso que es- estação de serviço que, por falta de sidera que a permanência desta Enquanto conversávamos, uma os agentes normalizarem o trânsi-
tá em frente do Posto de Identifi- escoamento adequado, vai parar na situação “é um atentado aos bens moradora despejou água na rua e to, principalmente no período da
cação da Samba. estrada principal da Samba e dani- públicos”. Ngeve Matias disse que “assim não manhã. Esperamos que este tra-
A causa disto são os enormes fica o asfalto. “A Associação dos Taxistas pro- vamos longe”. “Depois querem co- balho que foi feito possa durar
buracos devido a um esgoto re- Mário Lucas mostrou-se agas- curou ajuda dos agentes da Polícia locar a culpa no Estado”, criticou mais tempo do que o anterior”, des-
bentado que deita água para o as- tado com a situação e afirmou da Esquadra da Samba para sensi- a moradora que se mostrou agas- tacou o agente.
falto danificandoo e causando len- que na semana passada houve bilizar o proprietário da estação de tada com a situação.
QUOTIDIANO
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 23

RELAÇÕES EXTERIORES LÍDIA FIGUEIREDO


SERVIÇOS INTEGRADOS LENTIDÃO PERDURA
A falta de serviços integrados nos NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
guichés é apontada como uma das “Fala-se em rapidez, mas o que se vê é uma situação
principais causas da morosidade no relâmpago. Tudo parece eficaz, mas quando chegamos
atendimento. Os cidadãos frequentam aqui a lentidão nos consome. De todos os
por duas ou três vezes a mesma departamentos que frequentamos o Serviço Integrado
instituição, porque os serviços do Cidadão ainda é o mais rápido, levamos cerca de
complementares estão fora. vinte e cinco minutos a depender do movimento”.

PARA ESTUDAR NO EXTERIOR VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO


que vai de imediato até 72 horas.
Cristina da Silva Uma informação que não condiz
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao com a realidade.
Em várias instituições, o cida-
dão pode levar 15 dias para ob-
s longas filas ficaram pa-

A
ter o Bilhete de Identidade. Para
ra trás, mas ainda assim o reconhecimento de assinatura
para ter um processo de em documentos nos cartórios, o
tradução e reconhecimento de do- prazo de execução é imediato.
cumentos para estudar no exte- A falta de serviços integrados
rior, o cidadão aguarda por um nos guichés é apontada como uma
período de 10 a 15 dias úteis, con- das principais causas dessa mo-
trariamente às 72 horas estabe- rosidade. “Não se aceita que eu te-
lecidas em alguns casos, para ter nha de frequentar uma instituição,
a sua situação resolvida. por duas ou três vezes, porque os
Helena Crisna está desde De- serviços complementares estão fo-
zembro do ano passado a tentar ra dela, como aconteceu agora com
concluir o processo de reconhe- o reconhecimento dos documen-
cimento dos documentos neces- tos de viagem”, queixou-se Daniel
sários para ingressar numa uni- Figueira, que rcelamou da moro-
versidade no exterior do país. sidade da autenticação de docu-
Em três dias úteis, a jovem con- mentos pelo Ministério das Rela-
seguiu tirar o seu certificado de ções Exteriores em caso de viagem.
habilitações literárias da 12.ª clas- “Só no Ministério das Relações
se. Para o efeito, teve de desem- Exteriores, isto nos Serviços Con-
bolsar o equivalente a dois mil sulares e Secretária, foram duas
kwanzas. O passo seguinte foi ob- semanas. O único departamento
ter a assinatura do director do que atestou em menos de 15 mi-
Gabinete Provincial da Educação. nutos foi o Cartório para Certi-
Teve que esperar quatro dias ficado de Tradução”, disse, aler-
úteis e pagar mil kwanzas para tando para a necessidade dos mi-
ter o seu certificado assinado. nistérios reverem a situação. “A
Concluída esta fase, Helena Cris- burocracia tem de acabar. Um
na precisaria agora de traduzir pa- único processo a ser tratado em
ra uma língua estrangeira o registo dois departamentos do mesmo
criminal, o assento de nascimento
e o certificado de habilitações. O
processo parecia fácil, uma vez que
Reconhecer e traduzir Ministério, mais com instalações
separadas, quem sofre é o cida-
dão”, acrescentou.

documentos está cada


uma vitrina da Secretaria do Mi- Vitorino Garcia é de opinião que
nistério das Relações Exteriores (MI- se crie um serviço integrado onde
REX) atestava que cada um dos do- os departamentos ministeriais que
cumentos levaria apenas três dias tratam dos mesmo assuntos estejam
úteis para estar pronto. Tal nunca
veio a acontecer. Passado o prazo
vez mais caro e moroso numa única repartição. “O cidadão
não precisa de sair para tratar de do-
estabelecido, os seus documentos cumentação. Actualmente, muitos
não se encontravam disponíveis. Tratar de documentos em Luanda nunca foi tarefa fácil. Além dos elevados preços departamentos ministeriais têm nos
Preocupada com a situação, He- praticados, a burocracia continua a ser um teste para quem pretende em uma semana seus guichés documentos acumu-
lena Crisna voltou ao guiché do concluir um processo de reconhecimento de documentos lados e a caducar devido à morosi-
MIREX cinco dias depois. Dos dade no processo”, alertou.
três documentos que dera entra- Lídia Figueiredo recorreu ao Mi-
da, apenas dois se encontravam rex para traduzir uma Procuração
disponíveis. Agastada, exigiu que Tutelar e um Registo Crimal. Cin-
lhe fosse entregue a documenta- PRAZOS DE ENTREGA co dias depois não tinha os docu-
ção no mesmo dia e já no perío- mentos concluídos. “Fala-se em ra-
do da tarde, novamente foi sur- A AUTENTICAÇÃO DE FOTO- tidade, se for cidadão nacional e nos Serviços Consulares leva seis pidez, mais o que se vê é uma si-
preendida com a troca do nome. CÓPIAS, conferindo com o ori- Passaporte para o estrangeiro. A dias, mas, quando há urgência, tuação relâmpago. Tudo parece
“É uma situação que não se en- ginal do documento, demora 72 tradução na Secretária Geral do são 24 horas. eficaz, mais quando chegamos a
tende. O meu certificado, por horas a partir da data de entra- MIREX leva três dias úteis. A assinatura do director pro- lentidão nos consome”.
exemplo, eu atestei a cópia do ori- da do processo nos Serviços In- Neste particular não importa a vincial, bem como a autenticida- Na altura em que fazíamos a re-
ginal, mais ainda assim o nome tegrados. língua, pois são oficialmente três de do certificado de habilitações portagem, Abel Francisco, aguar-
veio trocado”, contou. O reconhecimento de assina- dias úteis, o que não acontece com leva de três a quatro dias úteis. Mas, dava pela garantia da tradução
Quando tudo parecia estar bem tura em documentos é imediato, os que pagam com urgência, que em muitos casos, o cidadão só dos documentos em Russo.
encaminhado e faltando apenas bastanto que o cidadão se faça demoram dois dias. consegue reaver os documentos Estudante do 2º ano da Faculda-
reconhecer os documentos nos acompanhar do Bilhete de Iden- A autenticação de documentos depois de 10 dias. de de Ciências, pretende ingres-
Serviços Consulares do mesmo sar numa bolsa para o exterior. "Já
Ministério, Helena Crisna foi sur- estive noutros escritórios de tra-
preendida com a informação de kwanzas por cada folha de tra- do MIREX e de lá receber então mais de 30 mil kwanzas. dução, que dizem que em caso de
que deveria dirigir-se ao Cartó- dução, num total de 12 mil kwan- o documento traduzido e assi- certificados, só o Mirex está au-
rio Notarial. Neste sector do Mi- zas, ainda teve de desembolsar nado e novamente encaminhado SERVIÇOS INTEGRADOS torizado, mais ainda assim, os se-
nistério da Justiça e dos Direitos 3.554 pelo documento outorga- para os Serviços Consulares do A informação que circula no Portal nhores não me conseguem res-
Humanos, a estudante precisaria do. “É muito dinheiro gasto e des- mesmo ministério para autenti- de Serviços do Cidadão sobre o pra- ponder favorável", desabafou.
de um certificado de tradução. necessário”, desabafou. cação. Ali, pagou também por ca- zo de execução de um determina- O jovem têm esperança em con-
“Fiquei surpresa”, disse a jovem Depois do Cartório, precisou da processo o equivalente a 3.660 do documento, atesta que o pro- seguir uma das bolsas, embora
que, além de ter pago quatro mil ainda de deslocar-se à Secretaria kwanzas. No total desembolsou cesso tem um prazo de execução dependa destes documentos.
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PUBLICIDADE Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

(700.009b)

(700.003a) (700.003e)
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019
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(700.003f)
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LAZER
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

Cartoon Armando Pululo

?
Cinema
TESTE CINEMAX /Kilamba
Semana: 01 a 07 de fev

• Título: Novos Amigos


Improváveis
Sala ( VIP)
• Género: Drama, Comédia

/20h50/23h30(1)
•Sessões:13h00/15h30/18h10

(1)Apenas dias 01, 02 e 03 Fev

Desafio Curiosidades
Sobre animais

1 - O comportamento animal é resul-


tado da interacção entre factores ge-
néticos e ambientais. Qual é o ramo
da zoologia que estuda o ramo
animal?

1- Psicologia

2- Etologia.
•Título: Aquaman 3D
3- Psicobiologia • Género: Acção, Aventura
(sala 1)
4- Antropologia
•Sessão:12h40/15h40/18h40/21h40

5- Ciência cognitiva
•Título: A Pedra dos Desejos
(sala 2)
• Género: Animação
Sobre carnaval •Sessão:13h00/14h50/16h40/18h30

• Título: Escape Room


2- O Carnaval de Luanda é uma
(sala 2 )
festividade popular que ocorre
anualmente nos dias de • Género: Acção/Terror
• Sessões: 20h20/22h40(1)
(1)Apenas dias 01, 02 e 03 Fev
A fantástica Ilha do Mussulo
Carnaval. Cada um dos grupos
tem a liberdade para escolher
o ritmo a executar. Quais são
esses ritmos?

a- Kabetula,
• Título: Família Instantânea
(sala 3)
Ilha do Mussulo é um fra-estruturas turísticas e de do, que bate numa praia de

c- Kazukuta
b- Rap

d- Salsa
A banco de areia com
cerca de 30 km de
lazer. As águas calmas da
baía favorecem a prática de
areia branca e quase deser-
ta, habitada apenas por pes-
• Género: Comédia
• Sessões: 14h00/16h30/19h00
/21h30/23h40 (1)
(1)Apenas dias 01, 02 e 03 Fev
e- Dizanda
comprimento formado pe- desportos aquáticos. cadores nativos.
f- Kuduro
los sedimentos do rio Cuan- Do outro lado da restinga, O embarque faz-se a partir
g- Semba
za, na costa sul de Luanda. voltada para o Oceano do embarcador. O comple-
A restinga do Mussulo abri- Atlântico, há uma imensa xo turístico possui embar-
ga a baía do Mussulo que al- praia de areia branca, pra- cações de transporte segu-
berga três ilhas no seu inte- ticamente deserta. ro. As Palmeirinhas, a sul
Sobre Luanda rior, sendo a ilha dos Padres A Ilha é cercada por uma sé- de Luanda, com ondas mais
a maior e mais conhecida. rie de pequenas ilhas. O vi- pronunciadas e com uma
3- Existem dois edifícios emble-
Local de descanso e de re- sitante tem duas opções de formação de falésias que
máticos e mais antigos do centro
de Luanda, construídos durante o laxe para luandenses e visi- desfrute, o lado continental permite uma harmoniosa
período colonial que receberam, tantes, as belas praias, onde do Mussulo, de águas cal- vista do mar principalmen-
oficialmente a classificação de se chega de barco estão pro- mas é ideal para a prática te no pôr-do-sol. Os museus
Património Histórico-Cultural de tegidas pela sombra de cen- de desportos aquáticos, ou, da cidade e as igrejas eno-
Angola. Quais são esses edifícios? tenas de coqueiros, estando o lado oceânico, com o mar brecem o mundo cultural,
• Título: Astérix: O Segredo
várias delas dotadas de in- de água limpa, mais agita- natural e religioso.
da Porção Mágica VP
R:................................. (sala 4)
• Género: Animação
• Sessões:13h50/15h50
R:...............................
Palavras Cruzadas Horizontais
1- Município da província do Bengo.
7- Verbal. 11- Doca para barcos de

• Título: Creed II
recreio. 12- Cabeça (Bras.). 13- Lavrar.
RESPOSTAS
(sala 4 )
14- Figura. 16- Rente. 17- Raiva.
• Género: Drama
40- VIR. 41- FAB. 44- HM. 18- Espaço de 12 meses. 19- O número
• Sessões: 17h50/20h30/23h10 (1)
NASCE. 34- METE. 37- ALAR. 38- RALA. quatro em numeração romana.
(1) Apenas dias 01, 02 e 03 Fev
21- Abreviatura de et cetera. 23- Elas.
Filme Esquebra – 800 Kz
ETERNO. 26- REMA. 28- TÍPICO. 31-
VEZ. 22- CUA. 24- RESTAR. 25- 24- Tornar a ler. 27- Que não é o mesmo.
29- Extraterrestre. 30- Tipo de meditação
ACENAR. 10- LAMOSO. 15- MATO. 20- contemplativa. 32- Nesse lugar.
5- IN. 6- ZAIRE. 7- OCA. 8- RUGA. 9- 33- Preposição designativa de falta.
• Título: Glass
1- AMAR. 2- MARÉ. 3- BRASIL. 4- RIR. 35- Perverso. 36- Diz-se do número inteiro
(Sala 5)
Verticais que é divisível por dois. 39- Escuridão
• Género: Thriller
completa. 41- Série de pessoas, animais
ROER. 46- EMBORA. ou coisas colocadas umas atrás das ou-
/21h30
tras. 42- Prefixo (oposição). •Sessões:13h30/16h10/18h50
VAS. 41- FILA. 42- ANTI. 43- CHACAL. 45- 43- Quadrúpede feroz, da família dos
32- AÍ. 33- SEM. 35- MAU. 36- PAR. 39- TRE- cães. 45- Ratar. 46- Não obstante.
24- RELER. 27- OUTRO. 29- ET. 30- ZEN.
17- IRA. 18- ANO. 19- IV. 21- ETC. 23- AS. Verticais
CUCA. 13- ARAR. 14- IMAGEM. 16- RÉS. 1- Assumir expressão alegre.
1- AMBRIZ. 7- ORAL. 11- MARINA. 12- 5- Na moda. 6- Província de Angola
Horizontais situada no extremo noroeste do país.
Palavras Cruzadas 7- Vazia. 8- Sulco na pele. 9- Chamar a
atenção por meio de gestos. 10- Lama-
cento. 15- Terreno inculto, coberto de
plantas agrestes. 20- Turno. 22- Comissão
e Edifício da Laasp. da União Africana. 24- Remanescer.
3 - R: Edifício sede da Imprensa Nacional 25- Que não tem fim. 26- Move os remos.
2- e: dizanda, 2-g: semba. 28- Característico. 31- Vem ao mundo.
2 - a: kabetula, 2- c: kazukuta, 34- Coloca dentro. 37- Em forma de asa.
1 - 2 - Etologia. 38- Tritura. 40- Regressar. 41- Federação
Desafio: Angolana de Basquetebol.
44- Símbolo de hectómetro.
LUANDA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 27

RAPPER MASTRO
FORMATO DIGITAL
OLD SCHOOL
“Com a experiência que possuo,
sinto-me preparado para lançar um
álbum. Tenho músicas gravadas e
instrumentalizadas em formato
digital, todas produzidas na Beat
Master Recordz.

RAPPER MASTRO

Cultura Hip-Pop
como estilo
de vida
cima de um instrumental, aper- primeira experiência vocal, com a
Manuela Mateus cebi-me que soava bem e, a par- evolução do Hip-Hop no país e mo-
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao
tir daí, fui investigando mais so- tivado ao ver os SSP lançar o pri-
bre o estilo musical”, recordou. meiro álbum, “Rapper MAstro” de-
aldemar Emídio

V
“Rapper MAstro” considera que cidiu tornar-se um pioneiro no es-
Jorge é um um a cultura Hip-Hop tem inúmeros tilo Hip-Hop. No mesmo ano, criou
amante confesso da aspectos positivos. Apontou as le- o Caz-Clã, um movimento de Rap,
música Hip-Hop. Natu- tras das músicas, muitas das quais que integrava músicos oriundos do
ral do município do Ca- carregadas de mensagens que abor- Cazenga, Tala-Hady e Hoji-ya-Hen-
zenga, província de dam os princípios morais da ju- da, bairros da periferia de Luanda.
Luanda, onde veio ao ventude, respeito pelo bem comum “Com a experiência que possuo,
Mundo a 12 de Janei- e a boa convivência em sociedade. sinto-me preparado para lançar
ro de 1980, define-se “Em busca de conhecimento che- um álbum. Tenho músicas gra-
como uma pessoa tí- guei a consultar a revista ‘The vadas e instrumentalizadas em
mida e de poucas pa- Source’, um magazine americano formato digital, todas produzi-
lavras, porém, de trato de informação sobre o movimen- das na Beat Master Recordz. Al-
fácil. Compositor, de- to Hip-Hop”, realçou. gumas, inclusive, tocam nas re-
signer gráfico e criador de Além de admitir que a revista des sociais”, afirmou.
artes plásticas, contou que constituiu uma escola para os pro- “Rapper MAstro” não pretende
“abraçou” o mundo da música por pósitos que pretendia alcançar, a ficar por aqui. Tem a pretensão de
incentivo de colegas aquando do orientação de Kool Klever, Phater trabalhar com outras produtoras.
período de formação militar. Mack e Simimi ny Moio, para si O álbum “Mister Pool” foi pro-
“Comecei a cantar quando es- ícones do rap em Angola, ajudou- duzido por um dos mais expe-
tava no cumprimento da vida mi- lhe a gravar algumas músicas. rientes e antigos produtores da
litar. Integrava as fileiras ‘Fan- Em 2000, quatro anos depois da geração Rap em Angola.
farras’ e realizava ensaios musi-
cais. Foram os instrutores
portugueses que atribuíram-me
o apelido de ‘MAstro’, que tem a PROJECTOS E METAS MUSICAIS
designação de ‘Astro’, a ‘Celebri-
dade’. A letra M significa todas as CASADO E PAI de quatro filhos, Embora seja um ferveroso
ideias positivas que tenho criado Valdemar Emídio Jorge, ou “Rap- amante do Hip-Pop, o “Rapper
ao longo dos anos”, disse. per MAstro”, como é conhecido MAstro” aventa a possibilidade de
Conquistado o gosto pelo canto, nas lides musicais, encontra na fa- mudar para o estilo Afro-Jazz. A
“Rapper MAstro” enveredou pela mília o seu maior suporte para con- vontade de tocar saxofone ou cla-
cultura Hip-Hop. Corria o ano de tinuar a apostar na realização rinete em público, no fundo, um
1995 e tinha como inspiração gru- dos seus sonhos e projectos. desejo antigo, deixa-o bastante
pos conceituados da lusofonia. No- “Rapper MAstro” tem como motivado.
mes como Black Company, DC-Uni- principal projecto para 2019 o “Rapper MAstro” pretende,
ty e SSP dominavam o seu imagi- lançamento do primeiro disco igualmente, mostrar aos fãs e pú-
nário. Era ouvinte assíduo de de originais. Intitulado “Ressurei- blico de uma forma geral uma ou-
programas radiofónicos que abor- ção 2019”, o CD contém 10 faixas tra vertente do estilo Hip-Hop.
davam o estilo musical que tanto musicais, maioritariamente com Na sua nova faceta musical,
seguia. A “Era do Hip-Hop”, por mensagens que abordam ques- ambiciona apresentar um estilo
exemplo, era um dos programas tões sociais. de Hip-Hop and R&B com a sim-
que o impulsionava a apostar cada “Quando componho, observo biose de “vibes” da nova escola
vez mais naquele género musical. o pulsar do meu gheto e o quo- do Rap, que se traduz em men-
FOTOS CEDIDAS

“Em 1996, comecei a gravar a tidiano dos moradores. Tenho o sagens construtivas, incentiva-
minha voz, numa cassete em um sonho de lançar o meu disco doras de festas e relações amo-
aparelho gravador do meu fale- provavelmente até aos meus 40 rosas, atendendo ao estilo que se
cido irmão. Sem microfone, por anos”, assegurou. tornou mais comercial.
28

CULTURA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

LIGAÇÃO A BONGA DILSON KABANGU


RESPEITO ARTE E MESTRIA
E GRATIDÃO “A minha vivência no Marçal, e a minha
Dilson está hoje ligado a Bonga. A passagem pelos bairros Operário e
relação começa com a sua ida a Prenda contaram muito. Eu sentia que
Portugal, onde o autor de trazia aquilo tudo no sangue. No meu
“Kisselenguenha” foi o presidente da quintal, na rua do Peixe Frito, no bairro
mesa do júri do Concurso Marçal, ensinava da mesma forma como
Internacional de Kizomba. aprendi com os mais velhos”.

DILSON KABANGU
EDIÇÕES NOVEMBRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Da Rua
do Peixe
Frito
(no Marçal)
às pistas
da Europa

Matadi Makola casa, Dilson tinha sempre um rá- mã da sua mãe. É neste emble- se saído bem no Cassules do missão de ministrar aulas de
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao dio cassete para espantar os ma- mático bairro onde toma con- União 54, procurou se integrar no semba e kizomba no espaço da
les e animar a clientela. Foi nes- tacto com os dissidentes do bai- conhecidíssimo “Bailado do Lu- referida associação cultural.
sas condições que começa a gos- lado “Maestros da Kabetula”, saka”, que muitas vezes chegava “A minha vivência no Mar-
ilson do Rosário Júlio Kaban-

D
tar do semba e da kizomba, com os quais funda o grupo “Ka- nas competições do badalado pro- çal, e a minha passagem pelos
gu nasce a 27 de Novembo de enquanto músicas. betula do B.O”. grama infanto-juvenil “Nila bairros Operário e Prenda con-
1986, fruto da relação de Mo- Como qualquer miúdo do “Fizemos várias apresenta- Show”, embora nunca tenha con- taram muito. Eu sentia que tra-
rais Kabango e Lucinda Júlio, ambos seu tempo, deixou-se seduzir pe- ções e já tínhamos uma disci- quistado o primeiro lugar. zia aquilo tudo no sangue”, fri-
originários de Malange. Nasceu na la música electrónica e pela dan- plina de grupo profissional”, re- “Nunca chegamos a vence- sa. No seu quintal, na rua do Pei-
conhecida rua da Escola do Peixe Fri- ça. Dilson Kabangu não teve co- corda. Dilson volta a mudar de dor porque no Prenda tinha o xe Frito, no bairro do Marçal,
to, que desemboca na famosa praça mo tal uma escola, tendo des- bairro, desta vez com destino à pesado “Semba Muxima”, do To- Dilson ensinava da mesma for-
da Chapada, no coração do Marçal, coberto o dom pela dança na Samba. Mais do que ganhar ami- ni do Fumo Filho. Este grupo ma como aprendeu com os mais
um dos bairros míticos da história re- inocência e na alegria dos toques gos, estende contactos com a di- nos dava muita ‘surra’ na dan- velhos, que consistia em pedir
cente da cidade capital. de kuduro, que quase todas as recção do grupo carnavalesco ça. Saíamos sempre em segundo ao aprendiz que pisasse no pé
Lembra que a sua entrada era um crianças angolanas dominam União 54, do Prenda. É neste gru- ou terceiro lugar”, destaca. do professor e se deixasse levar
beco, que terminava na sua casa, ain- com alguma espontaneidade. po onde aprende a dançar o sem- pelos movimentos do mestre.
da de madeira, sinais claros da então Apesar de começar a dançar ba tradicional no escalão infantil. INÍCIO DE UMA FELIZ Mais do que conquistar os alu-
pejorativa classificação de bairro in- na tenra idade, assume-se como “Foi muito bonito porque não TRAJECTÓRIA nos, o seu carisma convenceu a
dígena. Começa a dançar tecno no profissional há cerca de 14 anos, tínhamos um coreógrafo de for- Foi em 2004 que viu o seu nome direcção do grupo carnavalesco
seu bairro natal. O contacto com a ki- quando deu início a carreira de mação académica. Eram as ma- vinculado às actividades do Chá Unidos de Caxinde, que o con-
zomba e o semba foi casual. Para além professor de dança no espaço mãs que nos ensinavam e conta- de Caxinde, a convite do grupo vida a fazer parte da sua agre-
da cerveja e do vinho, em sua casa Chá de Caxinde, à baixa de vam como se dançava o semba, de dança “Diamantes”, dirigido miação. Dilson, que contava
vendiam kapuca e kimbombo. Mui- Luanda. Em 2002 já era um ado- a varina e os ‘calundus’ nos am- por Jorge Malanga. Posto à pro- pouco mais de 18 anos, aceita e
tos artistas “dinossauros do semba” lescente e abandona o Marçal bientes do antigamente”, escla- va pelo coreógrafo Paulo Sete, é logo colocado como monitor
paravam no seu quintal. Por ser num que o viu nascer. Rumou para o rece. Já a dominar melhor os gru- não demorou muito a despontar, do escalão de adultos, tudo por-
tempo de guerra civil em Angola, em Bairro Operário, à casa da tia, ir- pos de dança do Prenda e tendo tanto que lhe foi incumbida a que inspirava confiança a Jac-
CULTURA
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 29

AULAS PAIXÃO FULMINANTE


SEMBA E KIZOMBA COMPANHEIRA
Foi em 2004 que viu o seu nome DE LONGA DATA
vinculado às actividades do Chá de Dilson conheceu a bailarina Ilda no grupo
Caxinde, a convite do grupo de dança carnavalesco Os Unidos de Caxinde. Foi paixão
“Diamantes”. Posto à prova, não demorou fulminante, pela simpatia, classe e discrição da
muito a despontar, tanto que lhe foi jovem. Embora seja com Bernadeth que fez o par
incumbida a missão de ministrar aulas de que ficou aclamado na Europa, é com Ilda que vive
semba e kizomba. até hoje e têm dois filhos.

| EDIÇÕES NOVEMBRO
ques dos Santos, Luisa Fançony e ou- Roma, e outras capitas menos so- risiense e já vivia das aulas de
tros membros de direcção do grupo. nantes onde ninguém sequer adivi- Dilson, que contava dança que ministrava.
“Os Unidos dos Caxinde congregava nhava que o semba e a kizomba já ti- Edson torna-se agente de
intelectuais que olhavam a dança de nham público ávido em aprender as pouco mais de 18 Dilson e ambos dominam a ro-
outra forma”, pontua. passadas. anos, aceita e é logo da por França, Alemanha e Lu-
Passados dois anos a monitorar colocado como xemburgo, culminando com
Os Unidos do Caxinde, recebe o con- BONGA CONVENCIDO: a criação da escola Kizomba
vite, formulado pessoalmente por Jor- “ESSE MIÚDO TEM JINDUNGO”
monitor do escalão F.R, sediada em Paris. “As
ge Antunes, para fazer parte do cor- Dilson está hoje ligado a Bonga. A re- de adultos, tudo pessoas não têm noção do
po de coréografos do Estrelas ao Pal- lação começa com a sua ida a Portu- porque inspirava quanto o semba e a kizomba,
co, dado que era preciso artistas de gal, onde o autor de “Kisselengue- confiança a Jacques enquanto danças, conquista-
talento que pudessem cobrir o vazio nha” foi o presidente da mesa do jú- ram as grandes cidades euro-
deixado por Tony África. Dilson jun- ri do Concurso Internacional de
dos Santos, Luísa peias. Foi por intermédio des-
ta-se a Zinho e Ianes, membros do Kizomba, ladeado pelo mecenas Fançony e outros sa escola que muitos dos que
grupo de dança Os Manésimas, de Mantorras, Mestre Petchu, e os membros de direcção hoje são professores, bem pa-
que viria a fazer parte. cabo-verdianos Zé Barbosa e do grupo. Os Unidos gos, aprenderam a dançar ki-
“Eles já estavam a fazer grandes Avelino Chantré, este último zomba e semba”, salientou.
shows e tinham um convite para tra- professor de dança contem- do Caxinde Contas feitas, Dilson já leva
balharem no exterior. Eu sentia que porânea. congregava dez anos de promoção do
ainda precisava de me preparar me- intelectuais que semba e da kizomba na Eu-
lhor”, salienta. Com a concretização ropa. Ele e Edson Teka dis-
da ida de Zinho e Ianes para o exte-
olhavam a dança de cordavam da forma como as
rior, Dilson assume a coreografia do outra forma. danças estavam a perder ca-
concurso Estrelas ao Palco e teve as racterísticas, uma luta que já
suas contribuições nas primeiras per- vinha a ser levada a cabo por
formances na dança “huga huga”, mos celebrar um contrato”. Mestre Petchú, receando que
dando sequência a um trabalho ini- Durante três anos o par acom- Angola perdesse a patente, ca-
ciado por Tony África. panhou Bonga. Conheceram so não procurasse formas de
Já sem OS Manésimas e assu- “as europas da vida” sob a a oficializar.
mindo sozinho a coreografia, re- protecção do artista. “Tive Do seu imaginário de me-
cruta outros bailarinos e funda, muito desse kota. Conheci o nino dos tempos do Marçal,
em 2005, o grupo Jota- mundo e aprendi a ser um ar- Dilson trouxe à dança nomes
Dance, com o qual tista vendo o Bonga actuar”, de movimentos que hoje são
se apresenta no sustenta. Mestre Petchú, res- celebrizados nos grandes fes-
Festival da Canção ponsável da delegação do Bal- tivais da Europa. Embora já
de Luanda e dá suporte let Tradiconal Kilandukilu em existissem alguns nomes. Foi
ao Estrelas ao Palco. Portugal, e grande entusias- ele quem deu o nome aos mo-
Confiante na sua experiência, qua- A justificar as quali- ta da kizomba e semba por vimentos “pescadora”,
tro anos depois, em 2009, surge o Fes- dades da firme passada aquelas bandas, também pre- “peão” “anzol” e “ponteiro do
tival Internacional de Kizomba em do vencedor, Bonga disse: dispôs-se a ser agente de Dil- Relógio”.
Angola. Tenta a sorte como concor- “esse miúdo tem jindungo. son, tanto que havia vezes
rente e sagra-se vencedor, tendo re- A dança dele é bastante nos- que o acolhia em sua casa. Foi
cebido como prémio o passaporte pa- sa”. Bonga convidou os artis- pela mão de Petchú que o bai-
ra participar na edição em Portugal. tas a irem almoçar em sua ca- larino profissional participa
Dilson ganha fama nacional e torna- sa. “Percebemos que era hábito em vários festivais de ki-
se um dos rostos da kizomba. “Mais do Bonga convidar os artistas zomba realizados na Europa.
do que sorte, foi audácia. Eu sou dos angolanos que pela primei- Popularizada, Portugal
que crê que a sorte favorece mesmo ra vez iam a Portu- perdera o monopólio pe-
os audazes”. gal, a ter um almo- la França, que se tornou
“Naquela altura eu era uma das ço de confraterni- na grande arena da ki-
poucas pessoas que se engajava mes- zação em sua zomba na Europa, com
mo em dar aulas de kizomba, com casa”, lembrou. gente de distintas na-
excepção do Calado Show, que já ti- Foi durante o al- cionalidades a se aven-
nha vídeos tutoriais na Internet”, diz, moço que Bonga, sem turarem como professo-
para acrescentar que “fui eu quem muitos rodeios, disse ao res. Foi assim que associa-
ajudou a massificar a kizomba”. par Dilson e Bernadeth: “vo- se a Edson Tekas, que
Ainda em 2009 ruma para Portu- cês vão trabalhar comigo. Va- dominava o circuito pa-
gal, na competição internacional de
kizomba, que também chega a ven-
cer. No ano seguinte, faz parte da ca-
ravana de artistas que a TAAG se-
ILDA FILOMENA: AMOR NOS PALCOS E NA VIDA
lecciona na inauguração do voo di- DILSON CONHECEU A BAILARINA ILDA, ra. Vivem até hoje e têm dois filhos. forja uma rapsódia onde englobará os vários
recto para São Paulo. Em terras do no grupo carnavalesco Os Unidos de Caxin- Actualmente, vive apenas da dança. Apesar momentos e transformações destas danças.
samba, aproveita para participar no de. Foi paixão fulminante, pela simpatia, clas- de assumir ser verdade que a dança vive dias O projecto terá um espectáculo e concur-
Concurso de Kizomba do Brasil, que se e discrição da jovem. Embora seja com difíceis por cá, nega que seja um dos que não sos para diferentes faixas etárias. Arranca já no
também venceu. Já pouco tinha a pro- Bernadeth que fez o par que ficou aclama- teve tempo de bonança na profissão. “Não vi- dia 18 de Fevereiro, com o concurso “Os kotas
var, e a mídia portuguesa que dis- do na Europa, Bonga revelou publicamen- vo bem. Mas consigo dar de comer à minha que bailam”, que desfilarão primeiro no pro-
pensava alguma atenção à kizomba te, no espectáculo no Centro de Confe- família”, afirma. Para além de ser pivô de uma grama televisivo Janela Aberta, para, poste-
estava rendida. O nome Dilson Ki- rências de Belas, no pretérito 30 de De- rubrica sobre dança num dos canais da tele- riormente, passarem à uma sala de espectá-
zomba ficou conhecido pela Europa. zembro, que respeitava mais ainda o bai- visão angolana, pretende levar já avante o “Res- culos da capital. Dilson almeja trabalhar com
Num intervalo de cinco anos, andou larino, por este amar e viver com a mulher gate Dançar”, um projecto que visa elucidar as coreógrafos e incorporar o projecto, paulati-
pelas várias capitas da Europa, com por quem se apaixonou no início da carrei- origens das danças semba e kizomba. Tem na namente, às escolas de Luanda.
destaque para Berlin, Paris, Madrid,
30
PUBLICIDADE Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019

(600.015a)
DESPORTO
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 31

RSD GUELSON F.C FABRICE MAIECO “AKWA”


FUTURO PROMISSOR NOVOS VALORES
Presença assídua na Taça das “Durante o torneio vimos exibir bons talentos que,
Comunidades, a equipa RSD Guelson inclusive, estão a ser cobiçados por equipas de
F.C é tida como um exemplo de renome do Girabola. Se forem bem
permanente evolução e com futuro acompanhados e devidamente encaminhados,
bastante promissor. Entre as equipas tenho a certeza que se tornarão bons
que se destacaram, junta-se o profissionais. É uma prova do nosso engajamento
Engenhocas.com. na procura de novos valores”.

TAÇA DAS COMUNIDADES


FOTOS CEDIDAS | EDIÇÕES NOVEMBRO

Adolescentes
exibiram talento
no bairro
Morro Bento
Disputada no Complexo Cultural Paz Flor, bairro Morro
Bento, distrito urbano da Samba, município de Luanda, a
terceira edição do torneio de futebol Taça das Comunida-
des, decorreu de 20 de Janeiro a 3 de Fevereiro e juntou 20
equipas de Luanda que fizeram 49 jogos

jogos por dia, Fabrice Maieco “Ak- limite definida pela organização. engajamento no incentivo às crian- Futebol Clube é tida como um
Adalberto Ceita
jornal.luanda@edicoesnovembro.co.ao wa” afirmou que se pretende dar “Felizmente temos mecanismos ças e adolescentes para a prática exemplo de permanente evolução
visibilidade aos jogadores e pro- capazes de detectar essas e outras do desporto e o futebol em parti- e com futuro bastante promissor.
mover uma cultura de valores, re- situações negativas e, neste aspec- cular, que está a contribuir para “É uma equipa que vem do Gol-
erca de 400 adolescentes

C
correndo à capacidade do desporto to, a comissão organizadora tem fei- atenuar a desigualdade social en- fe 2, município do Kilamba Kiaxi e
oriundos de diferentes bair- em unir e criar laços de aspirações to um trabalho louvável”, garantiu. tre os mais novos, tendo como fo- apresenta uma margem de pro-
ros da capital do país, na ca- comuns. Entretanto, o antigo capi- Além de agradecer o apoio dos co o futebol comunitário”. gressão elevada”, realçou Fabrice
tegoria de sub-14, preencheram tão dos Palancas Negras lamentou habituais patrocinadores e não só, Maieco “Akwa”. A par do RSD
durante duas semanas o campo de a postura de alguns dirigentes e trei- para levar avante o projecto de fu- MARGEM DE PROGRESSÃO ELEVADA Guelson Futebol Clube, entre as
relva sintética do Complexo Cul- nadores que insistem em promover tebol, Fabrice Maieco “Akwa” re- Presença assídua na Taça das Co- equipas que se destacaram, junta-
tural Paz Flor para a disputa da jogadores acima dos 14 anos, idade feriu que “é uma prova do nosso munidades, a equipa RSD Guelson se o Engenhocas.com, provenien-
Taça das Comunidades, evento de te do distrito do Rangel, e a Esco-
carácter anual organizado pela As- la de Futebol do Morro Bento, am-
sociação Kandengue Habilidoso. bas pela excelente qualidade do
Em declarações ao Luanda, Jor- DIVULGAÇÃO DAS ACTIVIDADES futebol exibido e o número de jo-
nal Metropolitano, o presidente gos vencidos. Ainda neste quesi-
da associação organizadora do tor- UM ACORDO de cooperação pa- país”, disse. A concretizar-se o da, desenvolvem sonhos positi- to, Fabrice Maieco “Akwa” fez
neio Fabrice Maieco “Akwa” con- ra divulgação das actividades da As- acordo, os jogos passam a ser emi- vos, aprendem a respeitar o ad- questão de destacar o exemplo da
siderou o balanço positivo. Este sociação Kandengue Habilidoso, tidos nos canais de duas opera- versário, partilhar hábitos de hi- equipa de futebol Santa Rita de
ano, com o lema “O Trumuno é em particular das partidas de fu- doras de televisão por satélite que giene e mais facilmente fogem Cássia da província do Uíge, ven-
dos Kandengues”, a organização tebol, pode ser assinado em breve emitem em Angola. das más práticas”, disse. cedora da primeira edição, quan-
seleccionou a dedo equipas de fu- com uma cadeia de televisão na- Fabrice Maieco “Akwa” destacou Fabrice Maieco “Akwa” aprovei- do a Taça das Comunidades tinha
tebol espalhadas por Luanda. cional, revelou o seu presidente. que é sinal de que as pessoas es- tou a ocasião para agradecer os um cariz nacional.
“Durante o torneio vimos exibir “Trata-se de um órgão de co- tão atentas ao trabalho que a as- apoios de todos os que se soli- “A conquista da primeira edi-
bons talentos que, inclusive, estão municação muito virado à co- sociação tem desenvolvido e vão darizam com o projecto. Apelou, ção motivou o presidente do San-
a ser cobiçados por equipas de re- munidade, se revê no nosso pro- continuar a fazê-lo mesmo diante igualmente, às direcções das em- ta Rita de Cássia, Nzolani Pe-
nome do Girabola. Se forem bem jecto e manifestou interesse em de todas as dificuldades. presas, que quando solicitadas a dro,que alargou o seu projecto de
acompanhados e devidamente en- associar-se a nós. “Continuamos a bater portas em apoiar os Kandengue Habilidoso, futebol e apostou numa equipa
caminhados, tenho a certeza que Acreditamos que a divulgação busca de apoios, porque as crian- que independentemente de poder sénior que agora disputa o Gira-
se tornarão bons profissionais”, ajudará a projectar a imagem dos ças, quando ocupadas com o des- fazê-lo ou não, ao menos respon- bola. Fico satisfeito porque a apos-
disse. Com uma média de quatro nossos talentos dentro e fora do porto, adoptam uma vida regra- dam ao pedido endereçado. ta partiu daqui”, disse.
Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019
Número 43 • Ano 1

Precisamos de melhorar e reforçar os CIDADE DO SEQUELE


procedimentos e métodos de actuação da “MATUTINO ECOLÓGICO”
Operação Resgate, tendo o diálogo Sob o lema“Saúde, bem-estar e
qualidade de vida”, a Associação Nação
construtivo e o agir pedagógico como o Verde – O Garante da Protecção do
suporte da afirmação da autoridade do Ambiente, realiza no dia 16 de Fevereiro,
Estado sábado, com início às sete horas e 30
minutos, na Cidade do Sequele, a
SÉRGIO LUTHER RESCOVA terceira edição do “Matutino Ecológico”.
Governador Provincial A concentração será na Rua 9.

TRÂNSITO AUTOMÓVEL
Por fim...

VASCO GUIWHO | EDIÇÕES NOVEMBRO


Resenha da Semana

MOBILIDADE RODOVIÁRIA
FRANCESES QUEREM INVESTIR Sub-Editor
NOS TRANSPORTES PÚBLICOS
Empresários da República Francesa mostraram-se SOCIALIZAÇÃO DOS CIDADÃOS
disponíveis, na semana passada, em investir no
sistema de transportes públicos na capital do país, de Apesar de representarem apenas uma
forma a melhorar a mobilidade rodoviária. gota de água no Oceano, se tivermos em
O desejo foi manifestado à imprensa, no final de um conta o número de crimes que ocorrem
encontro de cortesia que o governador provincial, todos os dias na nossa cidade, o
Sérgio Luther Rescova, concedeu ao grupo de assassinato de Stélvio de Oliveira e da
empresários franceses, interessados em investir em jovem de 21 anos de idade, morta pelo
Luanda. padrasto, confirmam o aumento em
espiral da onda de criminalidade em
Patrice Fonlladosa, presidente do Movimento dos
Luanda, quer seja em quantidade como
Empresários Franceses (MEDEF), disse que a vinda
em espécie. A jovem de 21 anos foi
dos empresários serve de resposta ao convite
morta pelo padrasto que, após o acto,
formulado pelo Presidente angolano, João Lourenço,
ainda teve tempo de cheirar o cano da
aquando da visita realizada a França, em que solicitava
arma como que a vangloriar-se do acto
uma delegação para estudar potenciais áreas para
que cometeu. Sem grandes diferenças
investimento.
MEDIDA Governo da Província empreende acções para ordenar o estacionamento na forma, os métodos utilizados para os
dois crimes evidenciam a ausência de

Rainha Ginga sem MUNICÍPIO DE CACUACO


FUNDA COM CENTRO MATERNO
algum sentido de humanidade nos seus
executores. Os dois foram mortos sem
razões aparentes. Encharcados com

espaços para PARA ATENDER 200 PACIENTES


Um centro materno-infantil, com capacidade para
etílico e drogas pelo meio, um grupo de
jovens saiu à rua para matar Stélvio de
Oliveira. Do outro lado, um padrasto

estacionar viaturas atendimento diário de 200 pacientes, foi entregue à


população da comuna da Funda, município de Ca-
cuaco, em Luanda, em substituição das antigas instala-
sacou da arma e atirou a matar contra a
sua enteada. Como um mal nunca vem
só, esperávamos no mínimo que o
ções que se encontravam em degradação acentuada. assassino da enteada, funcionário dos
A PROIBIÇÃO de parquear viaturas nas a ter apenas uma faixa, causando es- O centro tem uma sala de parto, com três marquesas, Serviços de Investigação Criminal (SIC),
laterais da faixa de rodagem da Rainha trangulamento à circulação rodoviária. área de consultas pré-natal, pediatria, planeamento fa- fosse responsabilizado, mas não foi.
Ginga (rua onde se localiza o Luanda, Quanto ao beco da antiga cervejaria miliar, Programa Alargado de Vacinação, consultas de Pelo contrário e de acordo com
Jornal Metropolitano), no centro da ci- Biker, onde muitos automobilistas tam- medicina, atendimento a pacientes seropositivos e um denúncias feitas através da Rádio
dade, em toda a sua extensão (do anti- bém estacionam as viaturas, o director laboratório para análises clínicas. Luanda pela família da rapariga, o
go Baleizão ao Largo do Ambiente), tem do GCII do Governo da Província de O funcionamento do Centro Materno-infantil da Funda agente do SIC encontra-se em liberdade.
deixado frustrados automobilistas, que Luanda disse que foi igualmente proi- é assegurado por 42 funcionários, dos quais 22 são A Polícia “limpa as mãos” em relação ao
reclamam da falta de alternativa e por bido o estacionamento por se tratar de técnicos de enfermagem, dois médicos de clínica geral assunto e “atira a bola” ao Ministério
a medida ter sido tomada sem aviso pré- uma rua e não de um parque de esta- e pessoal de apoio. O administrador municipal de Ca- Público que, segundo sustentam, é o
vio. cionamento. Sebastião José disse que a cuaco, Augusto José, que procedeu à inauguração do único órgão neste momento capaz de
A medida que vigora há uma sema- cancela existente à entrada daquela rua centro materno-infantil, disse que a unidade sanitária é responder em relação à soltura do
na, resulta de uma orientação baixada vai ser removida por estar ilegalmente de carácter provisório, em virtude do estado degra- agente do SIC. Mas seja lá o que for, os
pelo governador da província, Sérgio colocada. A mesma medida vai ser apli- dante da antiga. dois crimes acabam por deixar
Rescova, que pretende ordenar o esta- cada na rua que fica entre o Chá de Ca- subjacente a gritante perda de valores a
cionamento de viaturas, para facilitar a xinde e o Banco Económico, que tam- que se assiste na nossa sociedade,
circulação rodoviária na cidade capital. bém está há anos interdita ao trânsito. consequência dos problemas sociais
MUNICÍPIO DO CAZENGA
O director do Gabinete de Comuni- Sebastião José alertou que os auto- que enfrentamos. Antigamente, matava-
cação Institucional e Imprensa (GCII) mobilistas que insistirem em parquea- DETIDO CIDADÃO ACUSADO se por auto-defesa e até mesmo para
do Governo da Província de Luanda rem viaturas nos espaços agora proibi- DA MORTE DE TAXISTA roubar. Hoje, as coisas mudaram
confirmou tratar-se de uma orientação do vão ser sancionados, de acordo com radicalmente. As pessoas matam por
do governador, argumentando que a o Código de Estrada ou outras medidas O Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve, na semana tudo e por nada. Perdeu-se o respeito
mesma visa acabar com o estaciona- complementares. O alto funcionário do passada, um homem acusado de ter morto, no início do pelo próximo, pela vida humana.
mento de viaturas nas faixas de roda- GPL disse não ser justa a reclamação mês de Fevereiro, um taxista na zona do mercado dos Quando isso acontece, podemos
gens. De acordo com Sebastião José, que apresentada por aqueles que tinham es- Kwanzas, município do Cazenga, com golpes de arma concluir que atingimos o “sinal
citava a orientação de Sérgio Rescova, a ses espaços como parque de estaciona- branca ( espeto metálico). vermelho”, urgindo a tomada de
ideia é permitir que o trânsito seja feito mento, porque os mesmos não foram Segundo fonte da Polícia Nacional, contactada pela Angop, medidas drásticas para a inversão do
normalmente nessas vias. concebidos para este fim. o homem de 30 anos de idade, que é considerado alta- actual quadro, com acções que
“O governador orientou que aí onde Segundo uma fonte da Direcção de mente perigoso, exercia a função de lotador. ultrapassem a mera intervenção da
não existir parque de estacionamento, a Viação e Trânsito, afecta à Administra- O homicídio resultou de uma divergência entre ambos, ordem pública. Mudanças estruturantes
faixa de rodagem deve estar livre para ção do Distrito Urbano da Ingombota, quando o acusado exigia a quantia de 100 kwanzas, alega- são necessárias a todos os níveis, mais
que o trânsito possa fluir”, salientou. Se- a ideia não é fazer com que os automo- damente por ter lotado a viatura da vítima. bem pensadas. Continuo a considerar
bastião José disse haver, no centro da ci- bilistas deixem de estacionar naqueles Os lotadores são elementos que auxiliam os taxistas a as escolas como a principal via para a
dade de Luanda, vias que foram con- espaços para sempre. O que se preten- preencher as viaturas nas paragens ou chamadas placas normalização de qualquer sociedade,
cebidas para duas a três faixas de roda- de na verdade, continuou, é liberar pro- em diferentes pontos da província de Luanda. Por cada ser- desde que acompanhadas por outros
gem, mas por causa desses visoriamente o lugar para se fazer um viço prestado recebem entre 100 a 150 kwanzas. trabalhos complementares como, por
estacionamentos anárquicos, passaram pequeno parque de estacionamento. exemplo, a socialização dos cidadãos.

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