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MINISTERIO PUBLICO FEDERAL. Neil4-PGR-RJMB MANDADO DE SEGURANCA N° 30.231/DF IMPETRANTE : UNIFLORESTA — ASSOCIACAO DA CADEIA PRODUTIVA FLORESTAL DA AMAZONIA, IMPETRADO : CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA E OUTRA RELATOR : MINISTRA ROSA WEBER MANDADO DE SEGURANCA. GRILAGEM DE TERRAS NO ESTADO DO PARA. TERRAS DEVOLUTAS. CANCELAMENTO DE MATRICULAS PELA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTICA. CONTRADITORIO E AMPLA DEFESA PERANTE OS CARTORIOS DE REGISTRO DE IMGVEIS. AUSENCIA DE NULIDADE. 1. __ Grilagem de terras no Estado do Para. Situagéo de extrema gravidade. Terras sao originalmente publicas, insusceptiveis de usucapido. Necessidade de comprovacéo de que os iméveis foram desmembrados validamente do patriménio publico. 2. Comeigdes especiais em cartérios de registros de iméveis em todo o Estado, realizadas pela Corregedora de Justica das Comarcas do Interior do TJPA, que constataram a existéncia de milhares de titulos irvegulares, com limites imprecisos. Alto indice de fraudes de titulos levados a registro nos cartérios. 3. Deciséio do Corregedor Nacional de Justiga que determinou o cancelamento das matriculas ja bloqueadas. Determinacdo dirigida exclusivamente a Corregedoria de Justia estadual, no exercicio das atribuigdes de controle ¢ fiscalizacao dos servigos extrajudiciais. 4, Provimento n® 10/2013, da Corregedoria de Justiga do TJPA, que regulamentou a requalificagéo das matriculas canceladas, preservando as garantias do contraditorio e da ampla defesa, havendo possibilidade de participacao do interessado, com a comprovagéo da propriedade e a restauracdo das matriculas. 5. Auséncia da alegada inconstitucionalidade. Parecer pela denegacao da seguranga. 1. ‘Trata-se de mandado de seguranga coletivo, com pedido de medida liminar, fundamentado no art. 5°, LXIX, da Constituicao Federal ¢ art. 18, da Lei 12.016/2009, impetrado por Unifloresta — Associacfo da Cadeia Produtiva Florestal da Amazénia contra wy MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Mandado de Seguranca n? 30.231/DF deciséo do Cortegedor Nacional de Justica, proferida nos autos do Pedido de Providéncias 0001943-67.2009.2.00.0000 e¢ ato da Corregedora de Justiga das Comarcas do Interior do Tribunal de Justica do Estado do Para. 2. Os atos supostamente coatores consistem em decisdo proferida pela Corregedoria Nacional de Justica, na qual foi determinado 0 cancelamento generalizado de mais de seis mil matriculas imobilidrias no Estado do Para, sem a oitiva prévia dos interessados, bem como provimento da Corregedoria estadual que regulamentou a execugao de tal decisdo. 3. A impetrante afirma que, devido ao cancelamento das citadas matriculas imobiliarias, os associados vinculados a ela tiveram subtraido 0 sustentaculo juridico das suas propriedades, nao detendo mais a disponibilidade juridica das propriedades imobilidrias de suas terras. 4. Sustenta, em sintese, a ocorréncia de afronta aos arts. 52, LIV e LV, e 37, caput, da Constituicao Federal, bem como ao art. 214 da Lei 6.015/1973 e ao direito liquido e certo de propriedade 5. Argumenta que é imprescindivel a propositura de acao propria para a decretagao da invalidade do registro, sendo 0 Corregedor Nacional de Justica absolutamente incompetente para dispor sobre a matéria. 6 Requer, ao final, a concessao de medida liminar para suspender a deciséo proferida nos autos do Pedido de Providéncias 0001943-67.2009.2.00,0000 ¢ o Provimento 002/2010, determinando- se que as autoridades coatoras se abstenham de promover o cancelamento administrative das matriculas das propriedades imobilidrias dos associados vinculados a impetrante, até a decisao final da presente impetracao, ¢ também o desfazimento do cancelamento ja efetuado das matriculas dos iméveis, ¢ do que porventura venha a ocorrer em decorréncia dos atos ora impugnados. No mérito, pede a 2/10 pe MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Mandado de Seguranca n® 30.231/DF declaragao da nulidade da decisao proferida nos autos do Pedido de Providéncias 0001943-67.2009.2.00.00000 e do Provimento 002/2010 nos mesmos termos do pedido liminar. 7. Ae. Relatora declarou a ilegitimidade da segunda autoridade impetrada, excluindo-a do polo passivo da demanda. 8 A Corregedoria Nacional de Justia prestou informagées, esclarecendo que, em 16 de agosto de 2010 mandou cancelar intimeros registros imobiliarios, tendo em vista a apuracdo da Corregedoria-Geral de Justica do Tribunal de Justiga do Estado do Pard, onde foram apuradas irregularidades ¢ nulidades. Tal determinacéo foi complementada por despacho que, em 22 de setembro de 2010, determinou a comunicacao aos interessados por parte dos cartorios de registro de iméveis. 9. A impetrada argui, preliminarmente, a ilegitimidade ativa da Unifloresta — Associagao da Cadeia Produtiva Florestal da Amazénia, sustentando que o direito de propriedade afrontado diz respeito exclusivamente a cada um dos associados, nado havendo entre eles relacdo comum a justificar a atuagao da associagao. Acrescenta que o tema s6 poderia ser deduzido com a apresentacdo dos titulos de propriedade respectivos ¢ demonstracao dos registros pertinentes. Sem isso, nao ha evidéncia de ato concreto e supostamente lesivo. 10. No mérito, alega a Corregedoria Nacional de Justica que ordenou o cancelamento dos registros imobiliérios que foram lavrados sem atencio aos padrées constitucionais em vigor, decorrentes de concessées de terras ptblicas (devolutas) pelo Estado do Para. Cumpriré aos Oficiais de Registro de Iméveis, caso a caso, apurar a regularidade de cada assento registral, Recorda que a determinagao ora impugnada foi dirigida aos Cartérios e nao aos proprietarios ou aos orgaos publicos, pois as atribuigdes do CNJ nesse tema estado limitadas ao controle e fiscalizagéo dos servicos extrajudiciais. Conclui, assim, que 0 ato coator néo abrangia os interessados impetrantes ou titulares, 3/10

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