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PÚBLICAS FEDERAIS
SINOPSE
Público sobre seus bens, ou ainda a fundamento de simples domínio público, além
de outros casos.
A jurisprudência sobre o tema ainda não está uniformizada, consoante
entendimentos divergentes das Turmas do TJDFT.
Palavras-chave: domínio público, posse, esbulho, oposição, possibilidade jurídica.
Para uma melhor compreensão do tema - Oposição Processual promovida
pelo Poder Público em face de opostos que litigam sobre terras públicas - é oportuno
fazer, preliminarmente, algumas considerações sobre o regime de exercício da
posse do Poder Público sobre seus bens imobiliários.
MT, relator des. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 21/09/92. Vol. 070 Pág. 25760.
Sobre a natureza peculiar pela qual a posse presuntiva decorrente da aquisição
originária segue sendo exercitada pelo ente público, há suficiente fundamentação
no Acórdão do TJDFT, proferido na Apelação Civil nº 2003011041022-4, relator des.
Jeronymo de Souza, 3ª Turma Cível61.
Os atos de posse do Poder Público sobre seus bens imóveis, quando não se dão por
ocupação efetiva – prédios públicos, campos de experimentos – são aferidos mediante
fiscalização, a exemplo do que ocorre com as áreas devolutas arrecadadas pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mediante os atos de medição,
demarcação e posteriormente, de regularização fundiária, instituição de assentamentos,
fiscalização e sobre as quais detém gerenciamento e poderes de destinação.
Da mesma forma, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), mesmo antes da publicação do Decreto Presidencial,
instituidor da Unidade de Conservação (UC), já exterioriza seus atos de posse
mediante visitas à área para elaboração de estudos técnicos sobre a diversidade
biológica local e sua importância para a preservação/conservação daquele bioma,
consulta pública à população local e demais partes interessadas. Logo após o
decreto de criação da UC, o órgão ambiental inicia os atos de estruturação física
da unidade de conservação, regularização fundiária, indenização de benfeitorias,
constante fiscalização da área contra investida de estranhos etc.
As ações dos Delegados Públicos da União – delineadas anteriormente-
demonstram a efetiva presença do Poder Público em sua propriedade, de forma
a demonstrar a exteriorização de atos de posse material, suficiente para expungir
eventual alegação de posse apenas formal do Poder Público Federal sobre seus
bens imóveis.
A posse exercida pelo particular difere da posse exercida pelo Poder Público.
O particular, para exteriorizar seus atos de posse, deverá estar jungido às disposições
do Código Civil. Por outro lado, o Poder Público, para materializar a sua posse,
fica dispensado da prática de atos de exteriorização de posse, até mesmo porque
seria impossível a permanente presença física sobre seus bens.
62 Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Proteção Ambiental e Área de Relevante
Interesse Ecológico.
63 Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
64 Reserva Particular do Patrimônio Natural.
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65 Art. 200. Os bens imóveis da União seja qual for a sua natureza, não são sujeitos a usucapião.
SÚMULA N. 340 DO STF - “Desde da vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os
demais bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião”.
66 STJ - REsp nº 2002.01568512-DF- DJ 13/06/05 - Pág. 310. - Ementa: MANUTENÇÃO DE POSSE.
OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA, ADMINISTRADA PELA “TERRACAP – COMPANHIA
IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA”. INADMISSIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. – A
ocupação de bem público não passa de simples detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito
de proteção possessória contra o órgão público. – Não induzem posse os atos de mera tolerância (art.
497 do Código Civil/1916). Precedentes do STJ. Recurso especial conhecido e provido.
67 TJDFT - APELAÇÃO CIVIL Nº 19990110854048 - RELATOR DES. JOÃO MARIOSI
- 1ª TURMA CÍVEL - Ementa: CIVIL - INTERDITO PROIBITÓRIO - TERRA PÚBLICA
- OCUPAÇÃO PRECÁRIA - POSSE INEXISTENTE - CONDIÇÕES DA AÇÃO, NÃO
PREENCHIMENTO: EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO -
ART. 267, INCISO VI DO CPC. NÃO PROVIMENTO AO RECURSO. - 1 - Constitui pedido
juridicamente impossível, a proteção possessória deduzida por particular sobre bem público contra
órgão público detentor da propriedade. 3 - As terras públicas não podem ser objeto de posse ou
usucapião, podendo, somente, sua ocupação ser tolerada ou permitida. 4 - Não tendo os requerentes
legitimidade, nem interesse para postular o direito à proteção possessória, faltam-lhes as condições da
ação. Negaram provimento. Unânime.
68 TJDFT - APELAÇÃO CIVIL Nº 19990110461213 - RELATORA DESA. VERA ANDRIGHI
- 4ª TURMA CÍVEL - Ementa : CIVIL. PROCESSO CIVIL. INTERDITO PROIBITÓRIO.
DISTRITO FEDERAL. POSSE. ÁREA PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO
PEDIDO. 1 -As terras públicas estão excluídas da proteção possessória, tendo em vista o caráter
de precariedade de que se revestem as detenções exercidas sobre aquele patrimônio, o qual pode ser
reclamado, a todo instante, pela administração pública.
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planaltina-DF, retrata bem este tema em seu artigo: “O cabimento da oposição pelo
proprietário com base no domínio, em ação possessória disputada por terceiros
sobre bens públicos71,”in www.cjf.gov.br/revista/número 23/artigos 10.
Ainda que o ente público buscasse a tutela jurisdicional do Estado para afastar
a pretensão dos opostos, fundado apenas no direito de propriedade sobre o bem
litigado – o que nunca seria a única causa de pedir da oposição, ante a natureza
presuntiva de sua posse - mesmo assim sua pretensão teria guarida legal, haja vista
tratar-se de situação subsumível ao direito público, e não ao direito civil, a teor
77 A Lei nº 4.947/66, que fixa normas de Direito Agrário, tipifica como crime, em seu art. 20, caput e
parágrafo único, as seguintes condutas: Art. 20 - Invadir, com intenção de ocupá-las, terras da União,
dos Estados e dos Municípios: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. Parágrafo único. Na
mesma pena incorre quem, com idêntico propósito, invadir terras de órgãos ou entidades federais,
estaduais ou municipais, destinadas à Reforma Agrária.
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1ª TURMA CÍVEL
2ª TURMA CÍVEL
3ª TURMA CÍVEL
4ª TURMA CÍVEL
5ª TURMA CÍVEL
6ª TURMA CÍVEL
3ª CÂMARA CÍVEL
III - DISPOSITIVO
94. Pelo exposto, com espeque nos art. 59, 61 e 269, inciso I, do digesto
Processual Civil, julgo procedente a presente oposição, determinando
a imissão do Incra na posse da área, nos termos requeridos na inicial,
com vistas a efetivar a implementação dos seus objetivos institucionais,
em especial, para que realize a implantação do Projeto de Assentamento
Rio Gelado a que se refere a fl. 29.
95. Em conseqüência, julgo improcedente o pedido veiculado na ação
possessória.
96. Revogo a liminar concedida à fl. 59 da ação atuada sob nº
2006.39.03.002610-4.
97. Presentes os requisitos e pressupostos comandados pelo art. 273,
do CPC, nos termos da fundamentação deste decisum a que me reporto,
especialmente quanto ao receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, tendo em mira a instabilidade social instalada na área do
grave conflito agrário, concedo a antecipação dos efeitos da tutela, para
determinar a imediata imissão do Incra na posse da área, objeto do litígio.
98. Expeça-se mandado de imissão de posse e ofício à Polícia Federal,
requisitando a força policial necessária à segurança da efetivação da
diligência, devendo o Incra fornecer à autoridade policial os dados
relativos ao dimensionamento da questão, para que seja mobilizado o
efetivo policial necessário e suficiente.
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IX. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS