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Felipe Palhano
Obs.: Alguns autores têm defendido que os direitos reais devem ser vistos também sob o
aspecto existencial, vez que a propriedade promove direitos da personalidade. Ex.:
Quem é proprietário de um imóvel (moradia) tem o resguardo de sua privacidade,
integridade física, saúde, etc. Só imaginar: quem mora numa rua e quem mora numa
casa, quem tem seus direitos existenciais mais protegidos?
Características
2) Rol taxativo: os direitos reais são enumerados no art. 1.225 do CC. O CC/02
excluiu a enfiteuse e a constituição de renda sobre imóvel, que constavam da
codificação de 1916, e incluiu o direito de superfície e o direito do promitente
comprador do imóvel.
Obs.: Nenhum direito é absoluto no sentido de que pode ser exercido sempre e de
qualquer maneira. Quando o direito absoluto é exercido de forma abusiva, não haverá
proteção.
Já os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos inter vivos, em
regra só se adquirem com o registro no RGI. Exemplo de exceções: avulsão, usucapião,
comunicação de bens por celebração de casamento. Antes da tradição ou registro existe
apenas um direito obrigacional (mas não real).
Usar: poder de utilizar a coisa ou mantê-la a sua disposição, sem alterar a sua
substância. Ex.: O titular usa o imóvel quando mora nele ou o mantém em seu poder.
Dispor: poder de decidir quanto ao destino a ser dado à coisa: alienar totalmente
(vender, doar), alienar parcialmente (instituir servidão, usufruto, etc), abandonar e
inclusive destruir.
Quando todos esses poderes se acham reunidos em uma só pessoa, diz-se que ela é
titular da propriedade plena. O proprietário, no entanto, pode transferir algum ou alguns
dos poderes a um terceiro. Nesse caso, a propriedade passa a ser limitada. Assim, por
exemplo, no usufruto: o usufrutuário recebe os poderes de usar e fruir da coisa,
enquanto o nu-proprietário permanece com os poderes de reivindicar e dispor.
A propriedade se classifica como direito real sobre coisa própria. Já os demais direitos
reais se estabelecem na coisa alheia, onerando ou limitando o direito do respectivo
dono. Podem ser divididos, didaticamente em:
Origem
Conceito
De acordo com o Código Civil, o direito de superfície é um direito real, por meio do
direito do qual o proprietário (fundeiro, fundieiro ou concedente) transfere a outrem
(superficiário ou concessionário), por tempo determinado, o direito de construir ou
plantar em seu terreno mediante escritura pública registrada no RGI.
Enunciado 39, CJF/STJ: “As normas previstas no CC sobre o direito de superfície não
revogam as relativas a direito superfície constantes no Estatuto da Cidade por ser
nstrumento de política de desenvolvimento urbano.
LINDB, Art. 2º, §2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par
das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.
Obs. 1: Muitas vezes o fundeiro pode instituir de forma gratuita a superfície, com o
benefício de aquisição ao final da concessão, sem pagamento de indenização, das
construções e plantações que o superficiário tiver feito em seu terreno.
Obs. 2: Mitigação dos efeitos da teoria das acessões (ou principialidade do solo): a regra
é a de que toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se (presunção
relativa) feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. (art. 1.253,
CC). Na superfície, todavia, a presunção é a inversa, ou seja, de que as plantações e
construções foram realizadas pelo superficiário.
Fundamento
Exemplo: Pessoas que possuem um terreno, mas não tem dinheiro para construir no
mesmo, podem permitir que outro construa e usufrua da superfície por um determinado
período de tempo.
Finalidade
As partes podem instituir a superfície com vistas a uma finalidade específica. Ex.:
plantação de laranja, construção de uma garagem ou estádio de futebol.
Se não for prevista finalidade, o superficiário é livre para exercer os seus direitos para
qualquer fim legítimo.
A lei prevê apenas o contrato (gratuito ou oneroso), na forma de escritura pública, como
forma de se constituir a superfície.
Obs.: Alguns autores defendem que poderia ser constituída também por testamento e
por usucapião.
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel.
A lei prevê que o superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel: tanto relacionados à superfície quanto ao solo. Ex.: cota condominial, IPTU,
ITR.
Entende-se que as partes podem prever de forma diversa. Nesse sentido, o Enunciado n.
94 do CJF/STJ: “as partes têm plena liberdade para deliberar, no contrato respectivo,
sobre o rateio dos encargos e tributos que incidirão sobre a área objeto da concessão do
direito de superfície”.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer
pagamento pela transferência.
Direito de preferência
Obs.: Parte da doutrina ressalta que “o direito de preferência não se aplica quando a
transmissão for gratuita ou tiver por objeto a permuta por bens infungíveis, uma vez que
nessas hipóteses não se mostra viável igualar a oferta do adquirente” – Tepedino.
Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o
terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não
houverem estipulado o contrário.
Extinção da concessão (deve haver o cancelamento do registro no RGI – art. 172, LRP)