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RESUMO DE DIREITO CIVIL - 4°BIMESTRE

Direitos reais sobre coisas alheias


Os direitos reais são os direitos subjetivos de ter, como seus, objetos materiais ou coisas
corpóreas ou incorpóreas. As coisas corpóreas são objetos aptos a ser percebidos pelos
órgãos dos sentidos e as incorpóreas são objetos destituídos dessa aptidão. Relativamente
a coisas alheias, uma pessoa tem direito real, se recebeu, por meio de norma jurídica,
permissão do seu proprietário para usá­-las ou tê­-las, como se fossem suas, em
determinadas circunstân­cias, ou sob condição, de acordo com a lei e com o que foi
estabelecido, em contrato válido
● São os direitos reais sobre coisa alheia em que é possível a repartição das
faculdades do direito do proprietário do jus utendi, jus fruendi, jus abutendi ou
disponendi

Direito de superfície
Conceito: CC/02 tem os seus pilares nos princípios da eticidade, operabilidade e
socialidade, isto é, as bases correspondentes da teoria tridimensional do Direito de Miguel
Reale, respectivamente, o valor, a norma e o fato.
● Superfície em geometria significa a parte exterior do corpo, tomada em conta
duas dimensões: largura e comprimento
● Direito de superfície significa o DIREITO REAL pelo qual alguém, denominado
superficiário, fica autorizado, por prazo determinado, a construir ou a plantar em
terreno ou solo alheio com a consequência de adquirir, em caráter resolúvel, a
propriedade da construção ou da plantação.
● A constituição do direito de superfície terá por principal efeito suspender, por um
prazo determinado, o efeito aquisitivo da acessão (uma forma originária de
aquisição de propriedade que ocorre com o aumento de um imóvel pela
incorporação de um outro bem, móvel ou imóvel), isto é, a regra que estabelece
que o proprietário do solo adquire a propriedade das construções e das
plantações que lhe são feitas.
● Suspensa a incidência do efeito aquisitivo da acessão coexistirão dois direitos de
propriedade de bases superpostas e separadas. O superficiário é proprietário da
construção ou da plantação e o outro é proprietário do solo
● Define-se como direito real de construir ou plantar em terreno alheio, por prazo
determinado; e propriedade da construção ou da plantação pertencente, em
caráter resolúvel, ao superficiário (propriedade superficiária), distinta da
propriedade do solo

Natureza Jurídica: a doutrina propõe o direito de superfície como um direito autônomo e


classifica como DIREITO REAL IMOBILIÁRIO LIMITADO e AUTÔNOMO de manter, ou de fazer
e manter, construção ou plantação em solo alheio, que confere ao seu titular (o
superficiário) a propriedade resolúvel da construção ou plantação separada da
propriedade do solo.

Objeto da superfície: tudo o que possa ser suscetível de aquisição por acessão pode ser
objeto do direito real de superfície. No Brasil, o direito real de superfície abrange a
construção (superfície edilícia) e a plantação (superfície agrícola)
● O direito real de superfície não abrange o subsolo, exceto se foi inerente ao objeto
da concessão (art. 1369)

Conteúdo do direito de superfície


→ Sujeitos da relação jurídica: o proprietário do solo na qualidade de concedente e o
superficiário na qualidade de concessionário, isto é, a pessoa que terá o direito de
construir ou plantar, fazendo sua a construção ou a plantação que realizar, como
propriedade separada do solo, que remanesce no domínio do proprietário do terreno.

Direitos do proprietário do solo (concedente)


● Utilizar a parte do imóvel que não é objeto da superfície, observadas as restrições
contidas no título do negócio superficiário.
● Receber remuneração periódica ajustada (solarium), se convolada a superfície
onerosamente.
● Ter preferência na aquisição da superfície alienada onerosamente.
● Promover a resolução da superfície antes do termo fixado: i) se o superficiário não
plantar ou não edificar no prazo fixado; ii) se edificar ou plantar em desacordo
com o título negocial que lha conferiu; iii) se lhe der destinação diversa da prevista
no título..
● Constituir gravames reais sobre o solo.
● Tornar-se dono do edifício ou da plantação, indenizando, ou não, o superficiário,
uma vez extinta a superfície, pelo término da suspensão do efeito aquisitivo da
acessão.

Deveres do proprietário do solo (concedente)


● não deve praticar atos que impeçam a plantação ou a construção ou o exercício
do direito de superfície.
● dar preferência ao superficiário, em igualdade de condições com qualquer
terceiro, à aquisição do solo, quando esta se faça onerosamente.

Direitos do superficiário
● usar a superfície do solo alheio, nos limites do negócio superficiário
● usar, gozar e dispor da construção ou plantação superficiária como coisa sua,
separada da propriedade do solo.
● constituir gravames reais sobre a construção ou plantação, que se extinguirão no
termo da superfície
● exercer preferência na aquisição do solo
● reconstruir a construção ou refazer a plantação, se houverem perecido, enquanto
durar a superfície.

Deveres do superficiário
● pagar a remuneração convencionada, na forma ajustada, se oneroso (pode ser
gratuito).
● construir ou plantar de acordo com o que foi estabelecido no título constitutivo da
superfície
● efetuar o pagamento dos encargos e tributos que incidam sobre a obra
superficiária e sobre o solo
● conservar a obra superficiária e não demoli-la
● dar preferência ao senhor do solo, em igualdade de condições com terceiro, à
aquisição da coisa superficiária.
● Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre
o imóvel.

Constituição/Transmissão dos direitos de superfície


Constituição: pelo registro do título constitutivo no Registro de Imóveis ou por sucessão
hereditária ou por usucapião. O contrato deve revestir a forma escrita e observar a
solenidade da escritura pública
● A superfície pode ser gratuita ou onerosa, podendo o encargo ser pago de uma só
vez ou de forma parcelada (art. 1370)
● O testador pode legar a superfície e a propriedade do solo ou legar a superfície e
deixar à universalidade dos herdeiros a propriedade do solo
● A usucapião extraordinária é hipótese rara de acontecer. A usucapião ordinária
pode acontecer em razão de concessão anterior a non domino.

Modos de transmissão: ato inter vivos ou por causa mortis sem que assista ao senhor do
solo (concedente) o direito a receber valor pela transferência (art. 1372, Par. Único).

Duração: prazo certo ou incerto.

Proteção: Desde a aquisição da superfície, o superficiário goza de proteção possessória


geral. Realizada a construção ou a plantação, torna-se proprietário resolúvel de uma ou
de outra, cabendo-lhe o exercício das ações petitórias: reivindicatória, negatória,
confessória.

Extinção do direito de superfície


● Advento do prazo final de sua duração, quando estabelecido
● Renúncia expressa e formalizada pela via jurídica adequada do superficiário
● Confusão operada pela aquisição da superfície pelo senhor do solo
● Aquisição do solo pelo superficiário ou pela aquisição do solo e da superfície por
terceira pessoa, posto que não se admite a existência de direitos reais limitados na
coisa própria.
● Resolução da superfície por descumprimento de obrigações pelo superficiário
● Distrato por acordo entre as partes
● Perecimento do objeto, isto é, pelo perecimento do solo. O perecimento apenas
da propriedade superficiária (construção ou plantação) não acarreta a extinção
do direito de superfície, porque subsiste o direito de superfície pelo tempo ajustado,
sendo lícito ao superficiário reconstruir o edifício ou refazer a plantação
● Prescrição, isto é, pelo não exercício do direito de construir ou plantar.
● Desapropriação que extingue a propriedade superficiária, o direito de superfície e
a propriedade do dono do solo. O valor da indenização será distribuído entre o
dono do solo e o superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um
(art. 1376).

Observações
● Salvo nos casos de perecimento do solo ou de desapropriação, a extinção implica
o término da suspensão do efeito aquisitivo da acessão, de modo que a
construção ou plantação passa a pertencer ao senhor do solo. A extinção da
superfície consolida no senhor do solo a propriedade plena sobre o terreno,
construção ou plantação. Há a eficácia plena do efeito aquisitivo da acessão (art.
1375).
● Pode haver a obrigação do proprietário do solo em pagar uma indenização ao
superficiário pelo valor da construção ou plantação que passam ao seu domínio. O
senhor do solo terá que indenizar o superficiário se houver estipulação nesse sentido
(art. 1375). Na falta de estipulação não há indenização.
● Os direitos reais de uso e gozo constituídos pelo superficiário se extinguem com o
término da superfície, o que se dá também com a hipoteca, exceto se houver
direito do superficiário a uma indenização, hipótese em que o crédito hipotecário
se sub-roga nesta.
● Os direitos reais de uso e gozo constituídos pelo senhor do solo após a concessão
do direito de superfície, com a extinção deste, se estendem à construção ou
plantação
● O direito de superfície está previsto também no Estatuto da Cidade (lei 10257/01),
art. 21 a 24. O direito de superfície cabe somente para o imóvel urbano.
● Permite o diploma legal utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao
terreno, respeitados o contrato e a legislação urbanística.
● Não se refere apenas à realização de obra
● Nesse ponto aproxima-se do usufruto, mas com ele não se confunde porque o
superficiário torna-se proprietário superficiário (art. 21, par. 3o).
Servidão predial (arts 1378 a 1389)
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio
serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Conceito: é o direito real constituído em favor de um imóvel, dito DOMINANTE, sobre outro
imóvel, chamado de SERVIENTE, que pertence a dono diverso.
● É direito real de fruição ou gozo de coisa imóvel alheia.
● Resulta na imposição de um encargo ao imóvel serviente em proveito do imóvel
dominante, com extração de alguma utilidade ou comodidade, mediante a
tolerância ou a abstenção de um ato.
● Decorre de lei ou vontade das partes

Características: Em regra a contiguidade não é essencial, uma relação entre imóveis


vizinhos (praedia debent esse vicina); recai sobre coisa alheia e não sobre a própria coisa
(nulli res sua servit); serve a coisa e não ao dono (servitus in faciendo consistere requit);de
uma servidão não poder constituir outra (servitus servitutis esse non potest); inalienável e
intransferível; não se presume a servidão. Não há possibilidade de dupla servidão.

Natureza Jurídica: direito real de gozo ou fruição sobre imóvel alheio (há ação real e de
sequela, erga omnes).
● acessório, perpétua e indivisível.

Requisitos
● Pressupõe um ônus ou encargo (ex: obrigação de tolerar certo ato, como
passagem de um aqueduto ou obrigação de não praticar certo ato de utilização
do bem, como levantar um muro)
● Ônus recai sobre o imóvel e não sobre a pessoa
● Benefício ao prédio dominante
● Proprietários distintos

OBS: mudança de titulares dos prédios não acarreta extinção da servidão, salvo se a
qualidade de proprietários reunir-se em uma mesma pessoa.

Finalidades: função social da propriedade e correção de desigualdades naturais entre


prédios.

Servidões rurais (exemplos):


● Tirar água do prédio vizinho, onde há poço, fonte ou rio particular.
● Trânsito (iter, actus, via) que tem por objeto a passagem através de terrenos
vizinhos, para comunicação de um prédio com outro ou com a via pública (art.
1.385, par. 2)
● Condução de gado ao poço vizinho
● Pastagem
● Passagem de água
Servidões urbanas (exemplos):
● Escoar água do telhado através de goteiras, calhas, canos ou tubos para o prédio
vizinho
● Não criar obstáculo à entrada de luz no prédio dominante
● Meter trave na parede do vizinho
● Abrir janelas na própria parede ou na do vizinho para obtenção de luz
● Apoiar sua edificação nas paredes, muro ou qualquer parte do prédio confinante,
mediante condições preestabelecidas
● Gozar de vista ou da janela ou do terraço de sua casa
● Não construir prédio além de certa altura.

Classificações: conforme os critérios, (i) causa - legal, natural ou voluntária; (ii)objeto - rural,
rústico ou urbano; (iii) modo - positivas e negativas; contínuas e descontínuas e quanto à
exteriorização, há as aparentes (sinais exteriores) ou não-aparentes (ex.: de não construir, a
de caminho).

Modos de constituição
● Deve ser expresso (não se presume), por atos inter vivos (voluntário, contrato) ou
por causa mortis
→ EX: atos voluntários, unilateral, como testamento ou, bilateral, pela destinação
do pai de família ou destinação do proprietário e, excepcionalmente, pela
usucapião
● Registrada no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1.378)

OBS: apenas as servidões aparentes são constituídas pela usucapião, desde que contínuas
e incontestadas por 10 anos (art. 1.379) Logo, a servidão de trânsito não pode ser
adquirida por usucapião.
→ Exceção: Súmula 415 do STF

Conteúdo: exercido nos limites da necessidade do prédio dominante (civilizado) e nos


limites previstos no título constitutivo, interpretados restritivamente (art. 1.385).
→ Exceção: necessidade de cultura ou indústria do prédio dominante por interesse social
no desenvolvimento da produção (art. 1.385, par. 3o). Há ampliação com a indenização
ao dono do prédio serviente.
● O proprietário do prédio dominante deve exercer a servidão de modo a evitar
qualquer agravo ao prédio serviente
● Não se admite a ampliação dos limites da servidão ou mudança do modo do
exercício.
● O proprietário do prédio dominante tem direito de usar/gozar da servidão e de
realizar as obras necessárias à sua conservação e uso (CC, art. 1.380). Despesas são
por sua conta, salvo convenção em contrário, caso em que a obrigação ajustada
é propter rem
● O proprietário do imóvel serviente tem o direito de remover a servidão para outro
local mais favorável, desde que não afete o seu exercício normal pelo prédio
dominante (art. 1.384) - forma menos onerosa. Deve comunicar o dono do prédio
dominante justificando a remoção, sob pena de embargo
● O proprietário do imóvel serviente deve permitir que o dono do prédio dominante
realize obras necessárias à conservação e utilização da servidão e respeitar o uso
normal e legítimo da servidão (CC, art. 1.383).

Extinção das servidões: é perpétua, mas pode extinguir-se nos modos estabelecidos em lei,
art. 1.388), por: renúncia do titular (inciso I), Impossibilidade ou desnecessidade de seu
exercício (inciso II), resgate pelo dono do prédio serviente - paga um valor ao proprietário
do dominante para pôr fim à servidão (inciso III).

Outros modos estabelecidos por lei (art. 1389) são: (I) confusão (reunião de dois prédios no
domínio da mesma pessoa (inciso I); (II) vontade das partes (inciso II); (III) Não uso por 10
anos consecutivos (demonstra desinteresse do titular e inutilidade da serventia) (inciso III).
Dependerá da inércia ser positiva ou negativa.

→ OBS: deve haver o cancelamento do registro da servidão para produzir efeitos perante
terceiros (art. 1.387)

→ OBS: a extinção deve ser precedida por escritura pública

Proteção jurídica: as servidões, sem prejuízo de outras ações, como as possessórias, são
protegidas de modo específico pela ação confessória ou negatória
● Ação confessória: finalidade de reconhecimento da existência da servidão
quando negada ou contestada pelo proprietário do prédio serviente
● Ação negatória: finalidade de negar a existência da servidão. Impede que outro
pratique atos correspondentes ao exercício de servidão que não existe ou atos que
extrapolem ao direito de servidão existente

SÚMULA 120 (STF)Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada a menos de
metro e meio do prédio vizinho, não importando a servidão sobre ele.
SÚMULA 415 (STF): Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo
pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção
possessória.
SÚMULA 56 (STJ): Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os
juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.

Usufruto
Definição: constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa,
enquanto temporariamente destacado da propriedade. Seria o usufruto do direito real
(CC, art. 1.225, IV) conferido a alguém de retirar, temporariamente, da coisa alheia os
frutos e utilidades que ela produz, sem alterar­-lhe a substância. O usufruto pode ser
definido como direito real temporário de desfrutar de um objeto alheio na totalidade do
seu rendimento econômico, como se fosse próprio, sem lhe alterar a substância.
● Trata-se, portanto, de direito cujo conteúdo não pode ser determinado e definido
de antemão, pois depende do potencial econômico da coisa.
● O usufruto é uma limitação da posse direta que é deferida a outrem que desfruta
do bem alheio na totalidade de suas relações, retirando-lhe os frutos e utilidades
que ele produz.
● O proprietário perde o jus utendi e o fruendi, que são os poderes inerentes ao
domínio, porém, não perde a substância, o conteúdo de seu direito de
propriedade que lhe fica na nua propriedade.
● A relação é composta por usufrutuário - que retém o poder de disposição (titular
do direito) e nu-proprietário (proprietário da coisa). Deste modo, distingue-se
substância e proveito da propriedade.
● Função social - usufruto: normalmente ocorre em relações familiares (finalidade
assistencial e alimentar) com concessão gratuita e por testamento com benefício
com uso e gozo vitalício do bem (garantia de renda). → Princípio da Solidariedade.
● Pode ocorrer a doação com reserva de usufruto em que o doador ao fazer a
liberalidade guarda para si o direito de desfrutar do bem, embora transfira o
domínio.

Silvio Rodrigues - desmembramento do domínio: nu-proprietário possui o direito à


substância da coisa, a prerrogativa de dispor dela, e a expectativa de, mais cedo ou mais
tarde, assistir à consolidação da propriedade, pois o usufruto é sempre temporário. O
usufrutuário, por sua vez, passam os direitos de uso e gozo, dos quais aquele,
transitoriamente torna-se titular.

Da distinção com outros institutos: diferencia-se da locação/comodato (direitos pessoais)


por ser direito real. Do mesmo modo se diferencia da enfiteuse por essa última ser
perpétua enquanto o usufruto é temporário e intransmissível (recai sobre bens, móveis e
imóveis).
Objeto: bens móveis e imóveis (art. 1390 CC). Os bens móveis podem ser incorpóreos e
corpóreos (ex: quadros, patentes, ações de SA).
● Bens corpóreos: devem ser infungíveis e inconsumíveis - o usufrutuário deve
conservar a substância do bem. O usufruto que recair sobre bens fungíveis e
consumíveis será denominado de usufruto impróprio.
● O usufruto compreende o objeto principal, acessórios e acrescidos (art. 1392). Se
entre os acessórios e acrescidos conter coisas consumíveis, o usufrutuário deverá
restituir (art. 1392, parágrafo 1).
● Tesouro encontrado (art. 1392, parágrafo 3): exclui o direito do usufrutuário ao
tesouro, salvo no caso de ele ter sido o descobridor.
● Florestas e recursos minerais (art.1392, parágrafo 2): usufrutuário e nu-proprietário
deverão pré fixar a extensão do gozo/modo de exploração.
● Se o usufruto recair sobre a universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário
tem direito ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em
parede, cerca, muro, vala ou valado.

Efeito perante terceiros no usufruto de imóvel: para ter efeito erga omnes (contra todos) o
usufruto deverá ser averbado na matrícula do imóvel em Cartório de Registro de Imóveis
(art. 1391), salvo se o usufruto resultar da usucapião ou sentença que consolida a
titularidade do direito real de fruição e o registro posterior tem apenas um valor probante.

Incidência patrimonial: o usufruto pode recair sobre o patrimônio no todo ou em parte.


● O usufruto pode gravar, ainda, direitos, desde que transmissíveis, porque a
concessão do usufruto requer a transmissão parcial dos poderes contidos no direito
em que recai.
No usufruto de crédito, permite-se cobrar a dívida e aplicar a quantia recebida,
agindo em nome próprio, bem como o recebimento de juros e os dividendos
(frutos civis).
● O usufruto de valores é o que recai em títulos nominativos, como as ações de
sociedades anônimas e apólices de dívida pública, cabendo ao usufrutuário
perceber os frutos civis dos títulos, como os juros e dividendos e para efetivar
qualquer cessão deverá fazer prévio acordo com o titular do direito sobre o valor
(art. 1395, par. único).

Modos constitutivos: usufruto é constituído por lei ou atos bilaterais/unilaterais (negócio


jurídico oneroso ou gratuito, ato jurídico inter vivos ou causa mortis). Se o usufruto recair
sobre bens móveis basta a tradição destes; se imóveis, será necessário o seu registro.
● Constituição por sentença: arts 867 a 869 - o juiz pode ordenar a penhora de frutos.

Características
● Direito real sobre coisa alheia: recai sobre a coisa que pertence a outrem, seu
exercício permitirá que seu titular explore economicamente a coisa, como quiser,
devendo respeitar a substância da coisa. (usufrutuário = posse direta /
nu-proprietário = posse indireta).
● Direito temporário: não pode ultrapassar a vida do usufrutuário/prazo de 30 anos
(caso o usufrutuário seja pessoa jurídica).
→ Usufruto vitalício: dura enquanto o usufrutuário viver
→ Usufruto perpétuo: não se admite
→ Direito que acompanha alguém.
● Direito intransmissível/inalienável: não pode ser cedido e não se transmite aos
herdeiros (art. 1393).
→ Exceção: alienação ao nu-proprietário para consolidação da propriedade.
→ Exceção: é possível a cessão de título oneroso ou gratuito do seu exercício. O
usufrutuário poderá alugar ou emprestar seu exercício, para valer perante terceiro
deve estar documentalmente registrada.
● Impenhorável: o usufruto é impenhorável em razão da sua inalienabilidade, não
podendo ser penhorado em ação executiva movida contra o usufrutuário.
→ STJ: imóvel em que reside é impenhorável
→ Os frutos são penhoráveis, salvo se o aluguel serve para a subsistência (lei
8009/90).
→ Admite-se que a penhora recaia sobre o seu exercício, desde que tenha
expressão econômica, como a penhora sobre a percepção dos frutos e utilidades
do bem. O usufruto legal não poderá ter nem seu direito nem seu exercício
penhorado (interesse dos filhos, tutelado ou curatelado).
→ Síntese: o usufruto não pode ser gravado, nem penhorado (penhoráveis são os
frutos).

Espécies de usufruto: pode ser legal ou convencional, considerando a sua causa.


● Legal: instituído por lei em benefício de certas pessoas (ex: o usufruto dos pais sobre
os bens dos filhos menores).
● Convencional: decorre de um negócio jurídico bilateral (contrato) ou unilateral
(testamento).
→ Por alienação: o proprietário concede o usufruto a outro e conserva a
propriedade nua.
→ Por retenção: o proprietário cede a propriedade nua mas reserva para si o
usufruto (bem será transmitido deduzindo-se o usufruto).
→ Por testamento: o testador atribui a propriedade nua aos herdeiros, mas a
concede a outras pessoas o usufruto.
→ Por usucapião: decorre de usucapião desde que observados os pressupostos
legais (justo título e boa fé - 10 anos; sem justo título e boa-fé - 15 anos). → Usufruto
misto.
Objeto do usufruto
● Próprio: usufruto sobre bens inconsumíveis e infungíveis que serão conservados e
restituídos ao nu-proprietário.
● Impróprio: usufruto sobre bens consumíveis e fungíveis (serão consumidos com o
uso), a restituição se dará por outros bens equivalentes.

Extensão do usufruto: o usufruto pode ser universal ou particular; pleno ou restrito.


● Universal: recai sobre uma universalidade de bens(patrimônio, fundo de comércio,
parte alíquota desses bens).
● Particular: recai sobre bens individualmente determinados (art. 1390).
● Pleno: abrange todas as utilidades da coisa.
● Restrito: abrange algumas utilidades da coisa.

Duração do usufruto
● Temporário: tem termo definido para expirar.
● Vitalício: feito para perdurar até a morte do usufrutuário.
● Simultâneo/conjunto (art. 1411): instituído para beneficiar diversas pessoas (atos
inter vivos ou causa mortis). Extinguem-se gradativamente em relação às pessoas
que morrem, de modo que a consolidação da propriedade na pessoa do
nu-proprietário ocorrerá quando todos os usufrutuários estiverem mortos.

O CC não admite o usufruto sucessivo - instituído em favor de uma pessoa e que depois de
sua morte, transmite-se a terceiro.

Conteúdo do usufruto
1- Usufrutuário
● Direitos: enquanto titular de direito real transitório de explorar economicamente a
coisa, tem o direito de possuir a coisa ou o direito de fruir as suas utilidades, de
perceber os frutos, de administrá-la e de ceder o exercício do usufruto (art. 1394).
→ Posse: requisito para o exercício dos direitos. O usufrutuário tem a posse direta e
justa, pode valer-se das ações possessórias contra aquele que perturbe sua posse
(terceiro ou nu-proprietário).
→ Frutos e produtos: o usufrutuário pode utilizar a coisa conforme sua destinação e
dela tirar todas as vantagens possíveis entre os frutos (utilidades que a coisa produz
periodicamente) e produtos (utilidades que se retiram da coisa em menos
quantidade, por não serem produzidas de forma periódica). Inclui-se as crias de
animais que pertencerão ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar
as cabeças existentes ao começar o usufruto.
→ Início/Fim dos frutos: os frutos naturais pendentes no início do usufruto pertencem
ao usufrutuário e os frutos civis vencidos no início do usufruto pertencem ao
nu-proprietário. Os frutos naturais pendentes ao término do usufruto pertencem ao
nu-proprietário e os frutos civis vencidos no término do usufruto pertencem ao
usufrutuário (arts. 1396 e 1398).
→ Administração: a utilização da coisa presume que o usufrutuário possa
administrar a coisa a fim de buscar o maior proveito econômico. No entanto, não
cabe ao usufrutuário a alteração da substância da coisa (mudando sua
destinação econômica - art. 1399). Existe a exceção do usufruto legal, onde a
alteração é permitida em razão do caráter de subsistência.
EX: o usufrutuário de uma fazenda de café não poderá cultivar laranjas.
→ Cessão: o usufrutuário poderá ceder (gratuito/onerosamente) o exercício do
usufruto.
→ Gestor de negócios e levantar benfeitorias: contra o nu-proprietário, as
pretensões do usufrutuário limitam-se a poder requerer ressarcimento por gastos
feitos na qualidade de gestor de negócios e levantamento de benfeitorias

● Deveres: cumprimento das obrigações classificadas por Orlando Gomes, em


anteriores, simultâneas ou posteriores ao usufruto.
→ Anteriores: inventariar, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado
em que se acham e dar caução de velar para a conservação e entrega findo o
usufruto. Ressalta-se que o CC dispensa da obrigação de prestar caução o
doador que reservou para si o usufruto da coisa doada (art. 1400, par. Único)
→ Simultâneas: são aquelas que incumbem ao usufrutuário durante o curso do
usufruto, sendo as principais de conservar a coisa, realizar reparos ordinários e
pagar contribuições. Os reparos são aqueles normais, ordinários e módicos, de
pouco valor, pois os reparos ordinários caros ou extraordinários são de
responsabilidade do nu-proprietário. Os gastos feitos pelo nu-proprietário nos
reparos normais caros/ reparos extraordinários necessários à
conservação/aumentem o rendimento da coisa usufruída devem ser remunerados
pelo usufrutuário à taxa prevista no art. 406 CC, na medida em que o impõe a ele a
obrigação de pagar os juros do capital despendido com os reparos necessários à
conservação da coisa ou que aumentem o seu rendimento (art. 1404). Cabe ao
usufrutuário pagar certas contribuições que incidam sobre o bem dado em usufruto
em razão da posse ou rendimento da coisa
usufruída, como as prestações e os tributos ou ainda as contribuições do seguro
(art. 1403, II e 1407).
→ Posteriores: são as que incumbem ao usufrutuário pela extinção do usufruto,
como a de restituir a coisa no estado em que recebeu.

2 - Nu-proprietário
● Direitos: exigir que o usufrutuário conserve a coisa e faça reparos necessários;
obrigar o usufrutuário a prestar caução, fidejussória ou real (art. 1400); administrar o
usufruto se o usufrutuário não quiser/não puder dar caução e receber
remuneração por essa administração com arbitramento pelo juiz; receber metade
do tesouro achado no bem frutuário por terceiros; perceber os frutos naturais
pendentes ao tempo em que cessa o usufruto; receber os frutos civis vencidos na
data inicial do usufruto; autorizar a mudança da destinação da coisa (art. 1399);
exigir equivalente em gênero, qualidade, quantidade nos casos de usufruto
impróprio, não sendo possível o valor pelo preço corrente ao tempo da restituição
ou avaliação constante no título constitutivo; receber os juros do capital gasto com
as reparações necessárias à conservação da coisa frutuária ou que lhe
aumentarem o rendimento; ir contra o segurador, quando segurada a coisa que é
objeto do usufruto; não restabelecer o usufruto se por sua conta reconstruir o prédio
destruído sem culpa; reclamar a extinção do usufruto quando o usufrutuário
alienar/arruinar/deteriorar a coisa.
● Deveres: não impedir o exercício do usufrutuário, bem como o de assegurar-lhe o
uso pacífico da coisa usufruída e de realizar os reparos extraordinários e os reparos
de custos elevados necessários à conservação da coisa dada em usufruto.
Extraordinariamente, o nu-proprietário tem a obrigação de entregar ao
usufrutuário, mediante caução, o rendimento dos bens frutuários que estiverem sob
sua administração (art. 1401); respeitar o usufruto estabelecido devido ao fato do
usufruto ter sido reconstruído com a indenização do seguro; aceitar que o ônus do
usufruto recaia sobre o valor da indenização paga por terceiros ou sobre o valor da
desapropriação

Modificações do usufruto: as modificações podem ocorrer no conteúdo das obrigações,


no sujeito e no objeto.
● Objeto: poderá sofrer alterações quantitativas, quando ocorre a destruição parcial
ou alterações qualitativas operadas mediante sub-rogação, na qual a coisa
usufruída é substituída por outra.

Extinção do usufruto: refere-se ao titular, objeto ou a própria relação jurídica.


● Titular: morte do usufrutuário, renúncia, culpa do usufrutuário.
→ A morte extingue já que é direito real temporário e não pode ultrapassar a vida
do seu titular e ser transferido aos seus herdeiros (CC proíbe o usufruto sucessivo).
→ A morte deixa de ser extintiva do usufruto quando houver pluralidade de
usufrutuários instituídos conjuntamente e entre eles for estipulado o direito de
acrescer.
→ Caso contrário, extingue-se o usufruto em relação ao falecido, subsistindo por
parte em proporção aos sobreviventes.
→ Tratando-se de pessoa jurídica beneficiária do usufruto não há se falar em morte
da pessoa jurídica, de modo que o CC limita a duração do usufruto a 30 anos.
→ A morte do nu-proprietário não extingue o usufruto, pois a nua-propriedade
transmite-se aos seus sucessores.
→ A renúncia, declaração de vontade do usufrutuário de que não mais quer
titularizar e exercer o usufruto também acarreta sua extinção. A renúncia, para ser
eficaz, deve ser expressa e, tratando-se de usufruto sobre imóvel, deve ser
averbada no Cartório de Registro de Imóveis e acarretar o cancelamento do
usufruto.
→ A culpa do usufrutuário na conservação do bem lhe acarreta como sanção a
extinção do usufruto que, no entanto, deve ser reconhecida por sentença.

● Objeto: apenas a destruição total da coisa leva a extinção do usufruto, tendo em


vista que a destruição parcial permite a manutenção do usufruto, mas em
extensão inferior à original.
→ Estando o imóvel segurado ou ocorrendo a sua desapropriação não há a
extinção do usufruto, mas a sua alteração qualitativa na medida e quem o ônus irá
recair sobre o valor da indenização por força da sub- rogação determinada pelo
arts. 1408 e 1409.
→ Se houver desapropriação do bem frutuário, há quem entenda que o preço
deve ser entregue ao usufrutuário para que goze os rendimentos pelo tempo do
seu direito, devendo, entretanto, dar ao nu-proprietário caução para garantir-lhe a
restituição (art. 1407, 1408, 2ª parte, e 1409)
→ Se tratar de destruição de bem consumível e fungível, não haverá extinção do
usufruto, porque se destina tal bem ao consumo, observando-se o que dispõe o art.
1392, par. 1º do CC.

● Relação jurídica: consolidação, termo de sua duração/condição resolutiva,


cessação da causa originária do usufruto e prescrição (enunciado 252, art. 1389, III
CC).

Efeitos finais da extinção do usufruto: são cessadas as prerrogativas da administração;


devolve-se ao nu-proprietário o uso e gozo do bem; restitui-se-lhe a posse deste e a
percepção dos frutos pendentes, cabendo ao nu-proprietário ação reivindicatória do
bem se houver recusa em devolvê-lo. Deve-se prestar contas para saber a quem
competirá o saldo apurado.

ENUNCIADO 252: Art. 1.410: A extinção do usufruto pelo não uso, de que trata o art. 1.410,
inciso VIII, independe do prazo previsto no art. 1.389, inciso III, operando-se imediatamente.
Tem-se por desatendida, nesse caso, a função social do instituto.
Direito real de aquisição - direito do promitente comprador
O compromisso ou promessa irretratável ou irrevogável de venda, está disciplinado pelo
Decreto-Lei 58/37 e da Lei 6766/76, determinando seus principais aspectos no campo dos
direitos reais.

Natureza jurídica: compromisso de compra e venda é um novo direito real, no entanto,


não é pleno ou ilimitado, como a propriedade, já que o compromissário-comprador não
tem direito real sobre coisa própria, não é ele o dono do bem. O domínio da coisa
permanece nas mãos do promitente-vendedor que, embora tenha, na expressão
“recordação da propriedade”, com a resolução do contrato o seu direito de propriedade
volta à plenitude.
● Trata-se de um direito real sobre coisa alheia, mas não se configura, como
pretendem alguns, como um direito real de gozo, apesar de o direito do
compromissário-comprador ser tão extenso que se assemelha ao domínio útil, já
que tem a posse do imóvel, podendo dele usar e gozar.
● É direito real sobre coisa alheia de aquisição. A Lei 649/49 criou o direito real de
promessa de venda de forma efetiva (art. 1).
● Lei 6766/79, art 25: São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e
promessas de cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e,
estando registrados, confiram direito real oponível a terceiros.
● A Lei 4.380/64, art. 69, atribuiu eficácia de direito real à promessa de cessão de
compromisso, desde que sem a cláusula de arrependimento e com imissão de
posse, inscrito o contrato no registro imobiliário, aplicáveis a imóveis não loteados.
O novo CC dispõe no art. 1.417 e 1.418, até então inexistente no CC/16.
● Embora a cessão de direitos de aquisição de imóvel loteado não seja mencionado
no art. 1225, não há dúvidas que esse contrato perdeu sua característica de direito
pessoal.

Alienação fiduciária em garantia: direito real de aquisição - alienação fiduciária de móvel


ou imóvel. Consiste em direito real ao devedor fiduciante, seu cessionário ou sucessor (art.
1368-B, lei 13.043/14 e enunciado 325).

Do conceito: contrato pelo qual o compromitente vendedor obriga-se a vender ao


compromissário-comprador determinado imóvel, pelo preço, condições e modo
ajustados, outorgando a escritura definitiva assim que ocorrer o adimplemento da
obrigação firmada. O compromissário comprador, ao pagar o preço e satisfazer todas as
condições do contrato, tem o direito real sobre o imóvel , podendo reclamar a outorga da
escritura definitiva ou a adjudicação compulsória (medida legal que permite a alguém
receber a propriedade de um imóvel prometido em contrato, mesmo que o vendedor se
recuse a cumprir o acordo), havendo recusa por parte do compromitente vendedor ou de
terceiro, a que os direitos deste forem cedidos.
● Aproximação com o contrato preliminar de venda porque seu resultado prático é
adiar a transferência do domínio do bem compromissado até que o preço seja
totalmente pago, diferenciando-se dele porquanto dá lugar à adjudicação
compulsória.
● O compromisso contém os elementos da compra e venda, mas os contratantes,
por conveniência ou oportunidade ou por falta de algum documento necessário,
não efetuam, de imediato, o contrato definitivo, não tornando, de logo, efetiva a
venda. Não passa de uma venda condicional.

Distinção - contrato preliminar X compromisso de compra e venda: a adjudicação


compulsória só será possível nas obrigações de dar, que têm, no caso em tela, como ato
devido: a outorga da escritura definitiva, uma vez pago o preço (art. 1418), enquanto o
contrato preliminar gera apenas uma obrigação de fazer.

Requisitos
● Capacidade das partes: ao assinar a promessa irretratável de vender certo imóvel,
assume também, desde logo, a obrigação de aliená-lo, momento de
manifestação do jus disponiendi. Assim, o compromissário-comprador e o
promitente-vendedor deverão estar em pleno gozo de sua capacidade civil ou
devidamente representados, em caso de incapacidade, cabe adjudicação/ser
representado, a superveniência da incapacidade não escusa o devedor de
cumprir a obrigação quando era plenamente capaz.
→ Se casado é indispensável a outorga uxórua/marital, salvo pelo regime de
separação total de bens. Se casar depois de assinar, não há necessidade da
outorga.
● Objeto: imóvel loteado ou não loteado, rural ou urbano, edificado ou não, desde
que não seja alienável (ler art. 22 do decreto lei 58/37). Esse direito real favorece o
compromissário comprador de imóveis, regularmente loteados, como de imóveis
de qualquer outra natureza, aplicando-se até as promessas de cessão de
compromisso relativo ao imóvel.
→ Loteamento: subdivisão de gleba de lotes destinados à edificação.
● Preço: à vista / em prestações periódicas.
● Irretratabilidade do contrato: ausência de cláusula de arrependimento. Se houver,
aplica-se a súmula 412 do STF que consiste na determinação da devolução do sinal
por quem o deu, ou sua restituição em dobro por quem recebeu, excluindo
indenização maior a título de perdas e danos, salvo juros moratórios + encargos do
processo.
→ A rescisão não se confunde com o descumprimento do contrato e
irretratabilidade, não há perda do direito real, para que haja direito real, não se
deve constar a cláusula de arrependimento.
● Assento no Cartório de Registro de Imóveis: antes do assento, a promessa é direito
obrigacional (art. 1417). Com a averbação (art. 5 Decreto lei 58) o compromissário
terá o direito real oponível a terceiros, essa averbação prevalece até que seja
cancelada por requerimento das partes contratantes, devido à resolução do
compromisso pelo registro da escritura definitiva e por mandado judicial (art. 7º).
→ Jurisprudência: sem o registro só gera efeitos entre as partes (súmula 168 do STF).

Adjudicação compulsória: art. 216-B da Lei 14.382/22


Efeitos
● Oponibilidade erga omnes: todo direito real é oponível a terceiros, podendo o
proprietário o poder de dispor do bem compromissado, pois sobre ele se liga
imediante o direito do compromissário comprador de torná-lo seu, uma vez pago,
integralmente o preço.
● Transmissibilidade aos herdeiros: morte do compromissário-comprador ou do
promitente-vendedor (RT 410:192).
● Direito de sequela: compromissário-comprador tem o poder de buscá-lo onde quer
que se encontre. Logo, se o imóvel tiver sido vendido a terceiro após o registro da
promessa irretratável de venda, o adquirente o recebe onerado, e a ele é oponível
o direito de receber a escritura.
● Imissão na posse: pode usar e gozar do imóvel, responsabilizando-se pelas
obrigações gravadas (fiscais/civi). No entanto, a posse não gera usucapião
(precária) se houver ausência de pagamento do preço, deste modo, a
impossibilidade de ação reivindicatória.
● Cessibilidade da promessa: direito transferível, valendo a cessão dos direitos do
compromissário comprador a terceiro, independentemente do consentimento do
promitente vendedor, ficando solidário perante quem recebeu a cessão, mas se
houver anuência do promitente vendedor não há solidariedade passiva.
● Constituição da mora: pagamento integral da dívida. O devedor deve ser
notificado judicialmente/Cartório de títulos e documentos e Registro de imóveis
desde que nela constituído, quando em atraso das prestação vencidas e não
pagas, pelo prazo de 30 dias (imóvel loteado) e 15 dias (imóvel não loteado). →
Súmula 76 do STJ.
● Adjudicação compulsória (art. 1418): caso de recusa da entrega de imóvel
comprometido ou da outorga da escritura definitiva, ou na hipótese do imóvel ter
sido alienado a terceiros e, havendo pago totalmente o preço estipulado o
compromissário-comprador munido da promessa registrada poderá propor a ação
de adjudicação compulsória, notificando o vendedor a lhe outorgar a escritura no
prazo de 10 dias, se o vendedor nada alegar, o juiz adjudicar ao requerente o
imóvel e a sentença valerá como título para registro.

Modos de execução - 2 modos


1- Escritura: não é instrumento de outro negócio, mas a forma de um ato devido que
expressa o cumprimento de obrigação oriunda de contrato na qual o intento negocial das
partes foi definido a atribuição patrimonial determinada.
2- Sentença: título translativo a quem se recusar a outorgar a escritura definitiva de
compra e venda mesmo tendo recebido o preço.

Extinção
1- Execução voluntária: Execução voluntária do contrato, o registro da escritura definitiva
acarreta o cancelamento da averbação.
2-Execução coativa/compulsória: Execução coativa ou compulsória, com assento da
carta de adjudicação no registro imobiliário
3- Distrato ou dissolução por mútuo consentimento – Distrato ou dissolução por mútuo
consentimento, em que as partes voluntariamente, por qualquer razão, resolvem tornar
sem efeito a promessa, voltando tudo ao status quo ante, procedendo-se ao registro de tal
instrumento, para que o promitente-vendedor possa dispor livremente do imóvel que era
objeto do compromisso.
4-Resolução: não poderá ser feita sem a intervenção judicial. De forma que nenhuma das
partes poderá, unilateralmente, considerar rescindido o compromisso havendo
inexecução da outra; deverão pedir sua resolução, já que, sem a sentença resolutória, o
contrato não se dissolverá. Normalmente, é a hipótese da mora do
compromissário-comprador no pagamento das prestações periódicas em que se divide o
preço, desde que o comprador não se utilize de favores legais (art. 14 do Decreto-Lei 58/37
ou do art. 1º do Decreto- Lei 745/69, referente à purgação da mora, conforme o imóvel
seja loteado ou não). Assim sendo, 15 dias depois de constituído em mora o devedor
(Dec.Lei 58, art. 14 alterada Lei 13.097/15), estará rescindido o contrato, operando,
consequentemente, a devolução ao devedor das prestações que pagou, acrescidas dos
juros estipulados, e o ressarcimento dos danos causados ao vendedor, prefixado em
cláusula penal obrigatória.
→ Pode o compromissário-comprador sofrer reintegração de posse, mas todo o valor pago
deve ser devolvido a ele, para que não haja enriquecimento ilícito do vendedor
→ Deve ser apurada a culpa judicialmente, tanto assim que a lei estabeleceu o prazo de
30 dias para a emendatio more, se se tratar de bem imóvel loteado
5- Impossibilidade superveniente: destruição do imóvel total ou desapropriação, caso
fortuito ou força maior.
6- Vício redibitório
7- Evicção

Dissolvido o vínculo oriundo do compromisso por qualquer dessas circunstâncias,


extingue-se o direito real pelo cancelamento de seu registro (Lei 6.766/79, art. 36)
→ Nota: Não há resolução do contrato por sentença declaratória de falência de qualquer
das partes
Propriedade fiduciária (arts. 1359 a 1368-B CC)
Propriedade resolúvel: a norma jurídica admite que em algumas situações a propriedade
seja temporária, subordinando a uma condição resolutiva ou termo final contido no título
constitutivo do direito ou originário de causa. A resolução pode operar-se em benefício do
próprio alienante, de seu sucessor ou de terceiro, pouco importando a pessoa que vai
auferir vantagens com ela; o que interessa é saber se a propriedade se extingue com o
implemento do termo ou da condição.
● A propriedade resolúvel (ad tempus), pode advir de um negócio jurídico a título
gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa mortis, isto porque a sua resolubilidade
está subordinada a acontecimento futuro, certo ou incerto.

Exemplos de propriedade resolúvel: contrato de compra e venda com pacto de


retrovenda, venda a contento sob condição resolutiva (art. 509), venda a estranho por
condômino de sua quota ideal a coisa comum indivisível, doação com cláusula de
reversão, alienação fiduciária em garantia.

Efeitos da propriedade resolúvel: embora revogável, enquanto o evento não se der, o


titular desse domínio condicionado poderá exercer todos os seus direitos. Com a
realização desse evento cessa o direito do proprietário condicional, passando para aquele
em cujo benefício se operou a resolução.

Os efeitos variam conforme dois critérios:

1 – Se constar no título constitutivo o fato da causa de resolução da propriedade, caso em


que terá efeito ex tunc
● Caso em que a propriedade resolúvel se apoia no título ou condição relativa ao
art.1359 CC.
● A condição ou termo resolutivo (art. 1359) operam de maneira que todos os direitos
que se constituíram em sua pendência serão desfeitos, como se nunca tivessem
existido, e os seus adquirentes, que vieram a perdê-los, não poderão alegar
quaisquer prejuízos resultantes da resolução, isto porque esses danos são oriundos
de sua própria negligência ou do fato de terem assumido os riscos desta resolução.
● O proprietário, em cujo favor se opera a resolução tem direito a ação
reivindicatória para recuperação do bem, por tê-la adquirido de proprietário
resolúvel (art. 1360 CC).
2 – Se decorrer de causa superveniente a resolução da propriedade, caso em que terá
efeito ex nunc
● Se a resolução for superveniente, alheia ao título e posterior à transmissão do
domínio, opera-se efeitos ex nunc.
→ EX; se o doador fizer uma doação, o donatário adquire a propriedade plena
sobre o bem, desde que não haja qualquer restrição no ato translativo. Se
posteriormente, o donatário cometer ingratidão contra o doador, por lei (art. 557),
permite-se que se revogue a doação, extinguindo-se, assim, o domínio do
donatário sobre a coisa.
● Não há nenhuma ação real para reaver o bem, pois perdeu a propriedade da
coisa por motivo superveniente à sua transmissão, faltando-lhe legitimação para
reivindicar o bem de adquirente de boa-fé.

Propriedade fiduciária
Trata-se de espécie de propriedade resolúvel.

Hipóteses de negócio fiduciário - direito romano:


● Fiducia cum amico: contrato de confiança e não de garantia em que o fiduciante
aliena seus bens a um amigo, com condição de lhe serem restituídos quando
cessassem as circunstâncias aleatórias como risco de perecer na guerra, viagem,
perdas em razão de acontecimentos políticos, etc.
● Fiducia cum creditore: caráter assecuratório ou de garantia, pois o devedor vendia
seus bens ao credor, sob a condição de recuperá-los se, dentro de certo prazo,
efetuasse o pagamento de débito

Nas duas hipóteses, há a transferência da coisa ou do direito para determinado fim, com a
obrigação do adquirente de restituí-lo ao alienante, depois de cumprido o objetivo a que
se pretendia

Conceito de propriedade fiduciária: propriedade resolúvel de coisa que o devedor, com


escopo de garantia, transfere ao credor.
● A propriedade fiduciária, como meio de garantia, representa a transferência ao
credor pelo devedor da propriedade resolúvel e da posse indireta de um bem
infungível (art. 1361 CC) ou fungível (Lei 4728/65, art. 66-B, par. 3, títulos de crédito
no mercado financeiro), ou, ainda, de um bem imóvel (Lei 9514/97, art. 22 a 33),
em garantia do seu débito, resolvendo-se o direito do adquirente com pagamento
da dívida garantida.

Constituição: a partir do registro do contrato por instrumento público ou particular


geralmente de alienação fiduciária.

Distinção: propriedade fiduciária X alienação fiduciária em garantia


● A propriedade fiduciária não se confunde com a alienação fiduciária em garantia
por ser um direito real. No entanto, a alienação fiduciária gera a propriedade.
● Na propriedade fiduciária se transfere o direito de propriedade limitado ou
resolúvel de bem imóvel ou móvel infungível, em benefício de um credor, para
garantir uma obrigação, ou melhor, uma concessão de crédito, restringindo os
poderes do proprietário fiduciário. Por isso, essa propriedade fiduciária constitui-se
mediante registro do contrato.

A alienação fiduciária se decompõe em duas relações jurídicas:


● Uma das relações é obrigacional que expressa um débito contraído e a outra real
representada pela GARANTIA e exteriorizada em uma alienação temporária ou
transitória.
● A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a
posse indireta da coisa alienada, independentemente da tradição efetiva do bem,
tornando o alienante ou devedor possuidor direto e depositário
● Devedor = possuidor direto da coisa
● Trata-se de negócio jurídico subordinado a uma condição resolutiva, tendo em
vista que a propriedade fiduciária cessa em favor do alienante, com a solução do
débito garantido, de modo que o alienante transfere a propriedade
fiduciariamente readquire com o pagamento da dívida. Ao celebrar o negócio, o
fiduciante (devedor) tem a intenção de recuperar o domínio do bem alienado em
garantia, basta que cumpra a sua obrigação.

Características: bilateral (cria obrigações ao fiduciário e ao fiduciante), oneroso (beneficia


ambas as partes), acessório (depende de uma obrigação principal), formal (depende de
instrumento particular ou público) e indivisível (pagamento de uma ou mais prestações
não importa em exoneração da garantia).
● A alienação fiduciária tem por fim prover o devedor de meios para solver o débito,
mas nada impede que o pagamento dessa dívida revista-se de outras garantias
como fiança, no contrato principal, ou o aval, em título a este vinculado, pois
nenhuma delas é incompatível com a alienação fiduciária, desde que não
incidam sobre os bens alienados
● Pagando o débito do devedor o avalista ou o fiador ou, ainda, terceiro não
interessado sub-rogar-se-ão no crédito e na garantia real constituída pela
alienação fiduciária

Requisitos
● Subjetivos: pessoa jurídica ou natural de direito público ou privado (art. 1368-A)
poderá alienar em garantia desde que tenha capacidade para atos jurídicos e de
disposição (domínio do bem a ser dado em garantia).
● Objetivos: recai sobre bem móvel no comércio e infungível; bem imóvel e poderá
recair sobre bens enfitêuticos, direito real de uso, desde que suscetível de
alienação e propriedade superficiária.
→ Havia polêmica acerca da coisa móvel fungível, o CC tomou posição ao
prescrever que é fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o
devedor com o escopo de garantia transfere ao credor (art. 1361).
● Formais: registro do contrato celebrado por instrumento público ou particular que
lhe serve de título, no registro de títulos e documentos do domicílio do devedor. Se
tratando de veículos, na repartição competente para licenciamento, fazendo-se a
anotação no certificado do registro.
→ Deve ser feita por instrumento escrito, público ou particular, do qual conste o
total da dívida ou sua estimativa; o prazo ou época do pagamento; taxa de juros;
cláusula penal; estipulação da atualização monetária; descrição do objeto da
alienação e os elementos de sua identificação. Em se tratando de bem imóvel,
requer escritura pública.
→ O registro no Registro de Títulos e Documentos, na repartição competente para
o licenciamento, caso de veículos ou no registro imobiliário, se imóvel, é
pressuposto para tornar oponível erga omnes a garantia
→ Conforme Súmula 92 STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação
fiduciária não anotada no Certificado de Registro do veículo automotor

Direitos e obrigações do fiduciante (devedor)


● O devedor tem o direito de ficar com a posse direta da coisa alienada em garantia
fiduciária, podendo usar a coisa conforme sua destinação.
● Tem o direito de ter simbolicamente restituído o bem dado em garantia, mediante
baixa no registro de alienação fiduciária em garantia, com o pagamento da
dívida.
● Alienação fiduciária de coisa imóvel: com o pagamento do débito e seus
encargos, resolve o prazo de 30 dias, contado da data da liquidação da dívida,
com o fornecimento pelo fiduciário ao fiduciante do termo de quitação, pois a
prova da quitação ao oficial do registro imobiliário este efetuará o cancelamento
do registro de propriedade fiduciária (art. 25, da Lei 9.514/97).
● Com a liquidação do débito, resolvem-se todos os direitos que o credor-fiduciário
tenha constituído sobre o bem. A posse indireta do adquirente credor-fiduciário
termina, e o alienante (devedor- fiduciante), que tinha apenas a posse direta,
recupera o domínio em toda sua plenitude.
● Reivindicar a coisa se cumprida a obrigação.
● O devedor-fiduciante, cessionário ou sucessor tem direito real de aquisição sobre o
bem móvel ou imóvel pela alienação fiduciária (art.1368-B)
● Promover ação de consignação em pagamento no caso de recusa do credor em
receber a prestação ou outorgar quitação, valendo, nesse caso, a sentença como
título liberatório e de recuperação da propriedade do bem alienado
fiduciariamente.
● O fiduciante (devedor) responde pelos impostos, taxas, contribuições condominiais
incidentes sobre o bem alienado ao credor-fiduciário. É seu dever conservar o bem
alienado e permitir ao fiduciário fiscalizar o estado da coisa.
● O devedor-fiduciante não deve dispor da coisa alienada fiduciariamente, onerosa
ou gratuitamente, porque o bem não lhe pertence, é da propriedade do seu
credor-fiduciário

Prisão civil do devedor fiduciante: Súmula 25 vinculante do STF - É ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
● art. 652 CC/02, CR art. 5º, LXVII, CP, art. 171, par. 2º, I; Dec.-Lei 911, art. 1º, par. 8º e
jurisprudência nesse sentido pela licitude da prisão.
● A Súmula contraria texto expresso da CR/88. O STF não pode ditar e modificar a
CR/88, quem editou a CR/88 foi o povo através do Congresso Nacional eleito pelo
voto.

Direitos e deveres do fiduciário (credor) - ver slide


● Proporcionar ao devedor fiduciante o financiamento, empréstimo ou entrega de
mercadoria a que se obrigou.
● São direitos de ser temporariamente (pro tempore) o proprietário da coisa
gravada, embora a possua apenas indiretamente; reivindicar o bem alienado
fiduciariamente contra terceiro ou o fiduciante.
● Pode o credor fiduciário alienar judicial ou extrajudicialmente a coisa que adquiriu
fiduciariamente, a fim de se ressarcir pelo seu crédito e pelas despesas de
cobrança, se inadimplente o fiduciante (art. 1364). Deverá ser notificado o devedor
fiduciante em mora mediante notificação ou protesto do título (ou carta
registrada), expedida pelo Cartório de Títulos e Documentos e, conforme reiterada
jurisprudência e Súmula 72 STJ. → Ler slide
● É nula qualquer cláusula que estabelecer a perda total das prestações pagas em
benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do
contrato e a retomada do produto alienado, art. 53, CDC.
● Caberá ao fiduciário respeitar o uso da coisa alienada pelo fiduciante, não lhe
molestar a posse direta e restituir-lhe o domínio da coisa gravada, assim que o
fiduciário receber integralmente seu crédito (art. 1363).
● O credor-fiduciário pode mover a ação de depósito contra o devedor-fiduciante
para obter a restituição do objeto depositado ou o equivalente em dinheiro, se não
encontrado o bem e não informado pelo devedor o local em que poderia ser
apreendido e nos mesmos autos da ação de busca e apreensão, pedir a
conversão em ação de depósito (art. 4º, Dec.-Lei 911/69).
● O fiduciário (credor) pode utilizar-se da ação de reintegração de posse (se imóvel,
desocupação em 60 dias, se comprovada a consolidação da propriedade em seu
nome, art. 30, da Lei 9.514/97) ou de reivindicatória, ou, ainda, ação de busca e
apreensão, por ser possuidor indireto e proprietário resolúvel.
● O credor fiduciário também opor embargos de terceiro, se o bem for penhorado
por qualquer credor. Note-se que já se decidiu que automóvel em alienação
fiduciária não pode ser penhorado por terceiro credor na execução contra o
devedor fiduciante, por não ser propriedade sua, mas do credor fiduciário.
● Cabe ao credor fiduciário empregar o produto da venda do bem alienado no
pagamento do crédito, juros e despesas da cobrança e entregar-lhe o saldo que
houver do valor obtido (art. 1364). Vedado o pacto comissório (cláusula contratual
que dá ao credor o direito de posse sob uma propriedade deixada como garantia
em um empréstimo ou financiamento)
● O art. 1365 proíbe a inserção de cláusula que permite ao credor- fiduciário ficar
com a coisa alienada em garantia, em caso de inadimplemento contratual,
também denominada pacto comissório.
● O fiduciário tem direito que seja declarada ineficaz a contratação ou prorrogação
de locação de imóvel alienado fiduciariamente por prazo superior a um ano sem
sua concordância por escrito (art. 37-B, Lei 9514/97)
● O credor fiduciário também pode pedir a devolução da coisa alienada
fiduciariamente, se houver falência do fiduciante (Lei 11.101/05, art. 85 a 90, par.
único, e art. 7º do Dec-Lei 911/69), sem alterar a circunstância a estrutura da
execução da alienação fiduciária.
● É dever do credor-fiduciário provar, contra terceiros, a identidade dos bens de sua
propriedade possuídas pelo devedor, desde que referidos bens, alienados
fiduciariamente, não possam ser identificados por números, marcas e sinais
indicados no título constitutivo da alienação fiduciária em garantia (Dec.Lei 911,
art. 1º, par. 3º)
● É dever ressarcir as perdas e danos, quando se recusar a receber o pagamento da
dívida ou a dar quitação, pois a subsistência do direito real após a liquidação do
débito acarreta prejuízos ao fiduciante, pelos quais responderá o fiduciário.
.
Extinção da propriedade fiduciária
1. A propriedade fiduciária extingue-se com a extinção da obrigação, por, na qualidade
de direito acessório, seguir a sorte do direito principal.
2. Com o perecimento da coisa alienada fiduciariamente
3. Com a renúncia do credor
4. Com a adjudicação judicial, remição, arrematação ou venda extrajudicial da coisa
alienada fiduciariamente
5. Com a confusão
6. Com a desapropriação da coisa alienada fiduciariamente
7. Com implemento de condição resolutiva

STJ
SÚMULA 28: O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que
já integrava o patrimônio do devedor.
SÚMULA 72: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem
alienado fiduciariamente.
SÚMULA 76: A falta de registro do compromisso de compra e venda de imóvel não
dispensa a prévia interpelação para constituir em mora o devedor.
SÚMULA 92: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no
certificado de registro do veículo automotor.
SÚMULA 132: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do
antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.
SÚMULA 245: A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por
alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito.
SÚMULA 384: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.
SÚMULA 419: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.

Penhor (art. 1431 a 1472 do CC)


Conceito: penhor pressupõe o direito a um crédito, sua função de garantia determina-se a
sua natureza acessória, conforme o art. 1431 se trata de um direito real de garantia
constituído pela entrega de um bem móvel/mobilizável suscetível de alienação, ao credor
feita pelo devedor ou por terceiro com objetivo de garantir o pagamento do débito.

Sujeitos e capacidade
a) Devedor pignoratício: pode ser tanto o sujeito passivo da obrigação principal como
terceiro que ofereça o ônus real. É ele que contrai o débito e transfere a posse do bem
empenhado, como garantia ao credor, logo, deve ser proprietário do objeto onerado,
devendo ter a livre disposição de seus bens, bem como o poder de alienar, livremente, o
bem dado em garantia
b) Credor pignoratício: que é o que empresta o dinheiro e receba o bem empenhado,
recebendo, pela tradição, a posse deste

Além da capacidade do devedor pignoratício, que deve observar o disposto no art. 1420
CC (só o que pode e os bens alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese)
exige-se que a coisa sujeita ao pagamento da dívida seja móvel, encontra-se pela
tradição na posse do credor e observe a forma prevista em lei).

Peculiaridades
● O penhor recai sobre coisa móvel singular ou coletiva, corpórea ou incorpórea.
● Penhor - coisa móvel coletiva = penhor solidário
● Penhor - coisa fungível sem individuação = penhor irregular
● Regra: objeto do penhor ser bem móvel. Essa regra comporta exceção, pois se
admite penhor sobre imóveis por acessão física ou intelectual no chamado penhor
rural e industrial
● Tratando-se de bem móvel, justifica-se que o bem permaneça na posse do credor,
pois, de outro modo, não haveria estabilidade na garantia na medida em que o
devedor poderia facilmente alienar o bem. O CC exige a tradição da coisa móvel
(art. 1431)
● O penhor constituído pela vontade das partes deve observar a forma prevista em
lei (art. 1432) ou a forma pública (art. 1424). Necessário: qualificação das partes,
valor do crédito, sua estimação ou valor máximo e o prazo fixado para o
pagamento, o bem onerado com suas especificações seno fungível necessário a
qualidade e quantidade, taxa de juros (sendo máx. de 12%), em caso de penhor
rural/industrial necessário menção à propriedade em que se encontram os feitos
empenhados.
● Eficácia contra terceiros: necessário registro de títulos e documentos (penhor
comum sobre coisas móveis) e no registro de imóveis (penhor industrial/rural).
● Desnecessidade do consenso do credor hipotecário para constituição do penhor
rural se estiver hipotecada a propriedade rural (art. 1440) sem prejuízo do direito de
preferência.

Características: acessoriedade (da obrigação que o garante, segue os destinos da


obrigação principal), indivisibilidade (persiste o ônus sobre a coisa mesmo que ocorra o
pagamento principal da dívida) e temporariedade (não pode ultrapassar o prazo
estabelecido).
● Exceção: art. 1433, II, CC, autoriza o credor reter a coisa até ser ressarcido das
despesas com a conservação da coisa.

Espécies
Penhor legal (arts. 1467 a 1472): criado pela lei, dispensa manifestação de vontade das
partes, tem o objetivo de assegurar o pagamento de certas dívidas que merecem
tratamento especial. São todos aqueles que preencherem as condições/formalidades
legais, podendo apossar-se dos bens do devedor, retirando-os de sua posse para sobre
eles estabelecer o seu direito real revestido de sequela e ação real erga omnes.
● Bagagem de hóspede (art.1467, I): se os hóspedes não pagarem a hospedagem e
consumo, autoriza a lei, mediante simples estimativa, que o credor apreenda as
bagagens, diante do perigo da demora (arts 1469, 1470), tomando posse de alguns
objetos até o valor da dívida. O magistrado deverá homologar esse penhor, por
petição instruída com: 1- conta das despesas (art.1468); 2- tabela de preços do
estabelecimento; 3- relação de objetos retidos em garantia do débito (art.1470
-2parte)
→ Procedimento (arts.703-706 cpc).
→ Poderá ocorrer homologação pela via extrajudicial a notário de livre escolha do
credor (mesmos requisitos da inicial judicial). O prazo será de 5 dias para
pagar/impugnar a cobrança.
→ Homologado judicialmente o penhor legal, consolida-se a posse do autor sobre
o objeto; se negada, será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar
a dívida pelo procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da
obrigação
→ Contra a sentença caberá apelação, e, na pendência de recurso, poderá o
relator ordenar que a coisa permaneça depositada ou em poder do autor.
● Penhor sobre bens móveis do inquilino (art.1467, II): o credor de aluguéis pelo
art.964, VI do CC assegura ao credor de aluguéis o privilégio sobre os utensílios de
uso domésticos. Poderá apreender todos os bens móveis que estiverem no prédio
alugado, desde que eles não sejam impenhoráveis ou pertencentes a outrem.
→ O credor poderá fazer efetivo o penhor antes de recorrer ao Judiciário (perigo
da demora) - art. 1470.
→ Depois que houver retido os móveis suficientes para cobrir o valor do crédito (art.
1469), terá que requerer ao magistrado a homologação (art. 1471) do penhor legal,
juntando à petição o contrato de locação e a prova de que os aluguéis não foram
pagos.
→ O locatário poderá impedir a constituição do penhor legal para garantir a dívida
se prestar caução idônea (art. 1472 CC).
● Artistas e auxiliares teatrais sobre o material cênico da empresa teatral:
importância de seus salários e despesas de transporte, ou seja pelo valor das
obrigações não cumpridas pelo empregador (Lei 6.533/78, art. 31) sobre o
equipamento e todo o material de propriedade do empregador, utilizado na
realização do programa, espetáculo ou produção, pelo valor das obrigações não
cumpridas pelo empregador.

OBS: O penhor industrial não tem preferência sobre o penhor legal do locador do imóvel
(Decreto-Lei 4.191/42). O penhor cedular das máquinas e aparelhos utilizados na indústria
tem preferência sobre o penhor legal do locador do imóvel de sua situação.

OBS: penhor legal - há em primeiro lugar uma providência de caráter privado, pois o
credor toma posse do objeto que se encontra em poder do devedor, completando-se in
iudicio, ou seja, pela intervenção do magistrado ao homologar o penhor.
→ Se o credor não requerer homologação comete esbulho (se não devolver o bem
apreendido).
→ A mera apreensão não traz consigo a constituição do penhor; este só se aperfeiçoa
com a homologação judicial, que legaliza a detenção da coisa pelo credor, dando
origem ao direito real de garantia.

Penhor voluntário: é aquele constituído por uma convenção (acordo de vontades).


Subdivide-se em comum, regido por normas gerais e, especial, como o rural (art. 1438 a
1443), industrial e mercantil (art. 1447 a 1450), de direitos e de títulos de créditos públicos ou
particulares (art. 1451 a 1460) e de veículos (art. 1461 a 1466).
● Característica - penhores especiais: modalidade de penhor o devedor continua na
detenção do bem por razões econômicas. Em contrapartida dá-se maior ênfase
ao registro, tornando pública a garantia e permitindo ao credor perseguir a coisa,
pelo direito de sequela, em caso de alienação ou removê-la na ameaça ou
tentativa de desvio.
● Mediante concessões especiais alarga-se o número de penhores em que o
proprietário se converte em simples depositário da coisa no próprio ato de sua
constituição. Nesses casos, a posse sempre pertence ao credor, mas a detenção
da coisa ficará em mãos do próprio devedor ou do proprietário, na qualidade de
simples depositário.
● O penhor pode recair sobre títulos de crédito da dívida pública ou pessoal, bem
como em ações ou direitos (art. 1451 a 1458).
● O penhor, denominado caução, dispensa a tradição se incidir sobre títulos da
dívida pública e exige a tradição se incidir sobre títulos de crédito ou pessoal.
● Na caução de títulos existe uma relação triangular entre o credor caucionado, na
verdade o titular do direito real; o credor caucionante, na verdade o devedor
pignoratício, e o devedor do título de crédito.
● Ao credor caucionado, titular de direito real, são atribuídos os deveres descritos nos
incisos I, II e III do art. 1459 CC, e o direito de receber a importância dos títulos
caucionados descrito no inciso IV. Não há infração ao disposto no art. 1428 CC,
pois o credor não fica com o título de crédito, mas com o crédito representado por
ele.

Direitos e deveres do credor pignoratício


● Antes de vencida a dívida: credor pignoratício terá direito à posse podendo
utilizar-se das ações possessórias necessárias.
● Frutos, gozo e aquisição por usucapião: não são direitos do credor pignoratício.
● Despesas: o credor poderá pedir o ressarcimento se as despesas foram feitas em
razão da preservação da coisa e possui o direito de reter o bem até ser ressarcido.
● Indenização: em razão dos prejuízos causados pelos vícios da coisa empenhada.
● Depositário: o credor será depositário antes de vencida a dívida, devendo ressarcir
o devedor pelos danos causados por sua culpa.
● Incabível - penhor irregular: o credor deverá restituir com bens do mesmo gênero,
qualidade e quantidade.
● Dívida vencida: o credor poderá alienar o bem para satisfazer seu crédito, no
entanto, deverá restituir o excesso ao devedor pignoratício.

Direitos e deveres do devedor pignoratício


● Direitos: percepção dos frutos, restituição da coisa ante o pagamento da dívida,
direito ao saldo em caso de alienação do bem, dispor da coisa, usar o bem em
caso de detenção.
Extinção do penhor
● O penhor extingue-se por um fato pertinente à obrigação, como o pagamento e
formas especiais de pagamento, exceto o pagamento com sub-rogação face o
disposto no art. 349 CC e na dação em pagamento, caso se entenda que essa
modalidade de pagamento viola o dispositivo que proíbe o pacto comissório (art.
1428)
● O penhor extingue-se também por um fato da própria coisa, como seu
perecimento ou por fato inerente ao próprio direito real de penhor como a
renúncia do credor ou a adjudicação, a remissão ou a venda.

Hipoteca (arts. 1473 - 1488 CC)


Conceito: direito real constituído em favor do credor sobre coisa móvel/imóvel do devedor
ou de terceiro, tendo por fim sujeitá-la ao cumprimento da obrigação sem tirá-la da posse
do dono. É direito acessório, depende da existência de uma obrigação e se destina a
assegurar seu titular com eficácia erga omnes, provido de sequela preferencialmente
sobre o valor da coisa.

Obrigações suscetíveis de garantia por hipoteca: todas as obrigações de natureza


econômica (dar, fazer/não fazer), civis ou comerciais. Se a obrigação é de dar, a
hipoteca assegura diretamente a entrega do objeto da prestação. Se a obrigação é de
fazer ou de não fazer, a hipoteca assegura o pagamento da indenização por perdas e
danos em consequência de sua inexecução.

Bens que podem ser hipotecados (art.1473): imóveis e seus acessórios; domínio direto;
domínio útil na enfiteuse; minas; navios; aeronaves; direito real de uso especial para fins de
moradia; propriedade superficiária; recursos naturais, estradas de ferro. Exige-se que eses
bens sejam alienáveis e encontrados no comércio.
● A hipoteca sobre bem imóvel compreende o imóvel por natureza e o imóvel por
acessão física artificial (art. 1474).

Espécies de hipoteca (3)


1 – Hipoteca convencional: acordo de vontades com observância de escritura pública em
decorrência do valor do imóvel.
2 – Hipoteca legal (art. 1489)
3 – Hipoteca judicial: garantia da execução das decisões judiciais condenatórias. Consiste
no direito real de conferir ao exequente garantia sobre os imóveis do executado para o
efeito de responderem pela execução da sentença.

Especialização: a hipoteca convencional/legal depende de descrição e enumeração


detalhada das características da obrigação e da coisa em garantia (art.1424). O objetivo
é diagnosticar a posição do devedor hipotecário de modo que com a publicidade
terceiros tenham exata noção da situação econômica do devedor.
● Impedimento da hipoteca geral e ilimitada.
● Hipoteca convencional: especialização por escritura pública
● Hipoteca legal: especialização por petição do juiz (pode ser feita por escritura).
● Hipoteca judicial: não há propriamente uma especialização, pois a sentença
condenatória, ainda que genérica ou ilíquida, valerá como título constitutivo da
hipoteca judiciária, conforme o art. 495 CPC/15.

Registro: a eficácia da penhora depende do registro da causa (contrato, sentença de


especialização, sentença condenatória) no registro de Imóveis no lugar do imóvel.

Efeitos: garantia do direito de sequela e garantia do direito de preferência quando


tratar-se da convencional/legal. A hipoteca judiciária garante o direito de preferência
para o credor
hipotecário, quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a
prioridade no registro (art. 1.495 do CC/02).

Penhora de bem hipotecado: a penhora não impede que outros credores que não sejam
titulares de direito real penhorar o imóvel hipotecado. Nesse caso, o credor quirografário
deve promover a intimação do credor hipotecário quando a penhora recair sobre bens
hipotecados, sob pena de ineficácia em relação a ele, da alienação do bem gravado.
● Inércia do credor hipotecário (art.1499, VI): acarreta extinção da hipoteca.
● Embargos de terceiro - analogia (art.1509, par. 1): quando intimado o credor
hipotecário deveria opor embargos de terceiro com a finalidade de comprovar a
existência de direitos dos bens do devedor sobre os quais poderá incidir a penhora.
● Impossibilidade de desconstituição da penhora: o credor hipotecário poderá
executar seu crédito em decorrência do vencimento antecipado da dívida.
● Preferência do credor hipotecário (art. 905, II cpc e STJ): mesmo com a alienação
do bem na execução (credor quirografário) não haverá prejuízo em relação ao
credor hipotecário no recebimento do valor apurado.

Hipotecas sucessivas: permitidas pelo CC. É possível que o valor do imóvel comporte
garantir duas ou mais obrigações (art.1476 CC), admite-se que o dono do imóvel
hipotecado possa constituir sobre ele hipotecas sucessivas em favor do mesmo ou outro
credor.
● O título constitutivo da primeira hipoteca pode conter cláusula proibindo a
segunda hipoteca.
● O conflito entre credores hipotecários é resolvido pela prioridade na inscrição no
registro (art. 1493). Para este efeito, se os títulos forem apresentados no mesmo dia,
prevalecerá o número de ordem mais baixo no protocolo; se os títulos forem
lavrados no mesmo dia, e hora, prevalece a que foi lavrada por primeiro.
● Na segunda hipoteca sobre um mesmo imóvel deve ser feita menção à primeira
(evitar acusação de estelionato).
● Se ocorrer de a segunda hipoteca ser levada a registro antes da primeira, deve o
oficial aguardar por 30 dias a inscrição da primeira hipoteca.
● Enquanto não vencida a dívida garantida pela primeira hipoteca, o credor da
segunda hipoteca não poderá executar sua garantia, ainda que o devedor deixe
de honrar a obrigação assumida.
● Esta regra não é aplicada quando ocorre a insolvência ou falência do devedor, e
não o mero inadimplemento, por instaurar-se nesse caso a execução geral contra
o devedor comum, a que devem acudir todos os credores.

Remição: se relaciona à RESGATE, não se confunde com perdão (remissão). Trata da


hipótese em que o legitimado (credor sub hipotecário - não original) ou o adquirente do
imóvel hipotecado resgata o imóvel do ônus da hipoteca que pendia sobre ele.
● O credor sub-hipotecário para remir a primeira hipoteca depositará a importância
do débito e das despesas judiciais e intimará o credor para levantá-la e remi-lá, se
quiser (art.1478).
● O credor sub-hipotecário, ao remir a hipoteca, fica sub-rogado nos direitos desta,
sem prejuízo dos que lhe competirem contra o devedor comum (art. 1478)
● O adquirente do imóvel hipotecado tem o direito de remi-lo, propondo para a
remição, no mínimo, o preço pago para adquirir o imóvel. Deve notificar o credor
dessa sua proposta. O credor deve responder concordando com a proposta ou
requerer que o imóvel seja licitado.
→ Notificação: em 30 dias
● O adquirente que não realiza o resgate e prefere sofrer a execução sujeitar-se-á às
sanções (art. 1481, par. 3) entre elas a pagar as custas e despesas judiciais e a
diferença entre a avaliação e a adjudicação.
● A avaliação do imóvel não deve ser inferior ao preço da venda. O imóvel será
leiloado, contra a vontade do credor se o preço da venda ou da avaliação for
insuficiente para quitar a dívida hipotecária
● O adquirente do imóvel que não efetua a remição verá a execução recair sobre o
seu imóvel. A hipoteca é direito exercitável contra quem possua (adversus
quemcumque possessorem).

Perempção - hipoteca: deve ter prazo prorrogável pelas partes até no máximo 30 anos.
Findo o prazo, devem proceder à nova inscrição, com aplicação nas hipotecas
convencionais.

Extinção da hipoteca (6)


1 – Extinção da dívida principal, pois hipoteca é acessória
2 – Perecimento da coisa. A indenização pela destruição da coisa, ou o valor fixado na
ação de desapropriação passam a garantir a dívida hipotecária
3 – Resolução da propriedade
4 – Renúncia do credor, deve ser expressa
5 – Remição
6 – Arrematação ou adjudicação (art. 1501)

STJ
SÚMULA 199: Na execução hipotecária de crédito vinculado ao Sistema Financeiro da
Habitação, nos termos da Lei 5.741, de 1971, a petição inicial deve ser instruída com, pelo
menos, dois avisos de cobrança.
SÚMULA 308: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os
adquirentes do imóvel.
SÚMULA 478: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência
sobre o hipotecário.

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