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1.

Cláusula abusiva afastada pelo prazo longo de negociação:

Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada, pois os fatos relevantes ao julgamento da lide


independem de prova. Suposta ocorrência de vícios formais no contrato e na circular de oferta
de franquia, que poderiam acarretar a anulação do contrato. Ausência de qualquer
comprovação das irregularidades, diante da admissão da circular pelo franqueado em
correspondência eletrônica. Ainda que assim não fosse, imperioso concluir que houve
convalidação tácita do contrato anulável, pois as prestações foram executadas de parte a parte
durante quase um ano.

(TJSP; Apelação Cível 4001599-70.2013.8.26.0576; Relator (a): Francisco Loureiro; Órgão


Julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Foro de São José do Rio Preto - 1ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 11/09/2014; Data de Registro: 15/09/2014)

Citado em:

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2. ----

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. CONTRATO DE INTERMEDIAÇÃO DE


SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES QUE SE ASSEMELHA AO CONTRATO DE FRANQUIA.
CLÁUSULA DEL CREDERE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO PARA CONTRATO DE
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. NÃO CABIMENTO. CLÁUSULA ESTABELECENDO CRITÉRIOS DE
REMUNERAÇÃO COM BASE NO ESTORNO DE DETERMINADAS COMISSÕES. AUSÊNCIA DE
ILEGALIDADE E ABUSIVIDADE. ONEROSIDADE EXCESSIVA E DESEQUILIBRIO CONTRATUAL
NÃO CONFIGURADOS. CONTRATO POR ADESÃO QUE PRODUZIU FATURAMENTO
SIGNIFICATIVO. ANUÊNCIA DA PARTE A TODAS AS CLÁUSULAS PACTUADAS. MODIFICAÇÃO
DO NEGÓCIO JURÍDICO PELO PODER JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.

O significativo faturamento ostentado pela empresa, mesmo com o estorno das comissões
pactuadas, afasta a tese de desequilíbrio e onerosidade excessiva do contrato. 5 De igual
modo, o expressivo faturamento da empresa e a inércia da parte durante toda a vigência do
acordo, apontam para a anuência da empresa à cláusula firmada, ainda que se trate de
contrato por adesão e mesmo com os estornos de bonificação, possivelmente porque o
empresário visualizou a probabilidade de relevantes ganhos, motivo pelo qual não se mostra
adequada a busca do Poder Judiciário, visando a anulação de cláusula livremente pactuada.

E cita a decisão recorrida:

Em suma: deve ter agido, como desenha Forgioni, como “homem ativo e probo”, avaliando os
riscos, e, só assim, deve ter entendido que “o contrato ser-lhe-ia vantajoso”, pois, mesmo com
os estornos, seguramente deve ter vislumbrado “a probabilidade de ganhos mínimos”, para
nos valermos da lição por último citada de Wanderer. Deve ter feito assim. Se não fez, agiu
culposamente, pois, ainda que se admita diferenças de poderio econômico entre as partes, o
empreendedor não pode pretender se valer de uma suposta vulnerabilidade que delas
decorra, exatamente pelo grau de diligência que dele se exige

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Posto isso, percebi a seguinte linha de argumentação: apesar de ser incomum a taxação sobre
o faturamento bruto, não é ilícito. Afinal, o CC prevê a legalidade de contratos conforma a
liberdade das partes (Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas
gerais fixadas neste Código.)

3. Afasta aplicação de DCD – entendimentos do STJ:

https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Nova-Lei-de-Franquia-
incorpora-entendimento-do-STJ-sobre-inaplicabilidade-do-CDC.aspx

4. Clausula de não concorrência – previsão legal na nova lei de franquia:

Art. 2º Para a implantação da franquia, o franqueador deverá fornecer ao interessado Circular de


Oferta de Franquia, escrita em língua portuguesa, de forma objetiva e acessível, contendo
obrigatoriamente:

XV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a:

a) know-how da tecnologia de produto, de processo ou de gestão, informações confidenciais e


segredos de indústria, comércio, finanças e negócios a que venha a ter acesso em função da
franquia;

b) implantação de atividade concorrente à da franquia;

5. Clausula de não concorrência – previsão legal no CC:

artigo 1.147: “não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”

6. Clausula de não concorrência – decisão 3

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA DE MULTA CONTRATUAL C/C OBRIGAÇÃO


DE NÃO FAZER E TUTELA DE URGÊNCIA. CONTRATO DE FRANQUIA. ORTOBOM. VIOLAÇÃO DA
CLÁUSULA DE NÃO-CONCORRÊNCIA. TUTELA DE URGÊNCIA. REQUISITOS EVIDENCIADOS.
DECISÃO MANTIDA. 1. É de rigor a observância da cláusula de “não-concorrência” estabelecida
em contrato de franquia, eis que essa se mostra legítima e tem por objetivo a inibição de
deslealdade do parceiro uma vez rescindida a contratação com a franqueadora. 2. Presentes os
requisitos insculpidos no artigo 300 do CPC/15, deve ser concedida a tutela de urgência para se
dar efetividade à cláusula de não-concorrência entabulada, de modo que, uma vez não
identificados excesso ou ilegalidade na Decisão vergastada, improcede o pedido recursal.
AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO.
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7. Clausula de não concorrência - Decisão 4

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE FRANQUIA. CLÁUSULA DE NÃO


CONCORRÊNCIA. LEGALIDADE. 1. O contrato de franquia tem como objetivo a concessão
pela franqueadora ao franqueado do know how para o início de determinada atividade. 2.
A cláusula de não concorrência tem como finalidade obstar o franqueado de exercer
atividade concorrente à franqueadora, evitando, com isso, infringência à Lei da
Propriedade Industrial. 3. Recurso desprovido.
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8. Clausula de não concorrência – possibilidade – lei anterior – decisão 5

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR


DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL – CONTRATO DE FRANQUIA – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA –
APLICAÇÃO DO CDC – PRECEDENTES DO STJ – CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA – CLÁUSULA
PENAL – PREVISÃO LEGAL – EXCLUSÃO DA QUALIDADE DE FRANQUEADA – RESCISÃO DO
CONTRATO – ABUSIVIDADE – DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL PELA FRANQUEADORA – DILAÇÃO
PROBATÓRIA – CONTRADITÓRIO – DIVULGAÇÃO DE MÍDIA DA LOJA – SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA –
RECURSO DESPROVIDO. O CDC não é aplicável aos contratos de franquia, razão pela qual não se
mostra possível a inversão do ônus da prova em favor do franqueado. O art. 3º, IX, “b”da Lei nº
8.955/94 não veda a pactuação de cláusula de não concorrência nos contratos de franquia. A
incidência da cláusula penal é admitida pelo art. 408 do CC/02. A exclusão da qualidade de
franqueado decorre da rescisão formal do contrato de franquia. Se o agravante não demonstra
qualquer ilegalidade a justificar o afastamento das cláusulas contratuais, não resta configurado o
requisito do fumus boni juris para a concessão da liminar. A declaração de abuso e descumprimento
do contrato são matérias controvertidas, que demandam submissão ao contraditório, observados
os princípios da boa-fé contratual, da identidade física e do livre convencimento motivado. A
devolutividade do Agravo de Instrumento se limita àquilo que fora objeto de decisão, sob pena de
violação do princípio do duplo grau de jurisdição, diante da supressão da instância natural da causa.
(N.U 0116431-57.2011.8.11.0000, , MARCOS MACHADO, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO,
Julgado em 25/04/2012, Publicado no DJE 07/05/2012)

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9. Aplicação do CC aos contratos de Franquia – decisão 6


CIVIL. APELAÇÃO. MICROEMPRESA. EMPRESÁRIA INDIVIDUAL CASADA. CONTRATO DE FRANQUIA
FIRMADO COM A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. TRANSFERÊNCIA. AUSÊNCIA
DE OUTORGA CONJUGAL. POSSIBILIDADE. ARTIGOS 978 E 1.642, I, DO CÓDIGO CIVIL. ATO DE
DISPOSIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DESTINADO AO DESEMPENHO DA ATIVIDADE EMPRESÁRIA.
RECURSO NÃO PROVIDO.

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10. – Aplicação do CC aos contratos de Franquia – decisão 7

ADMINISTRATIVO. CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. ECT. CONTRATO DE FRANQUIA EMPRESARIAL.


RESCISÃO. PRESTAÇÃO EM ABERTO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 206, § 5º, INC. I DO CÓDIGO
CIVIL

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11. Prazo de 2 anos para anulação de clausula (CC e jurisprudência) – decisão 8

Ação declaratória c/c restituição. Alegação de nulidade do contrato de Franquia. Aplicação do prazo
prescrição de dois anos previsto no art.179 do CC. Reconvenção. Alegação de irregular instalação de
nova franquia. Devido o pagamento de Royalties desta nova franquia. Sentença julgou
improcedente a ação principal em razão da prescrição e procedente parcialmente a reconvenção
para determinar o pagamento dos Royalties, que se mantém. Apelo que se nega seguimento.

 Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato

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12. – Prazo de 2 anos para anulação de clausula (CC e jurisprudência) - decisão 9

Ademais, mesmo não tendo apontado o vício no momento oportuno, a Autora somente poderia ter
pleiteado a anulabilidade do negócio jurídico dentro do prazo de 02 (dois) anos, conforme disposto
no art. 179, do Código Civil

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