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MATERIAL PRÓPRIO DE JURISPRUDÊNCIA

2- ADMINISTRATIVO: 59/111 julgados

Sumário
2- ADMINISTRATIVO: 59/111 julgados..................................................................................2

LICITAÇÕES.............................................................................................................................................2

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS............................................................................................................2

SERVIDORES PÚBLICOS:..........................................................................................................................6

CONCURSO PÚBLICO............................................................................................................................20

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR..........................................................................................22

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.........................................................................................................23

BENS PÚBLICOS....................................................................................................................................27

LICITAÇÕES
É possível a fixação do limite máximo de Custo Variável Unitário - CVU como
requisito para habilitação técnica em leilão para contratação de potência
elétrica e de energia associada
A fixação do limite máximo de Custo Variável Unitário - CVU, como requisito para habilitação
técnica em leilão a ser efetivado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), para
contratação de potência elétrica e de energia associada não é ilegal.
STJ. 1ª Seção. MS 28123-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/03/2022
(Info 736).

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Princípio da intranscendência e entidade integrante de consórcio público com
pendência no CAUC
Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos
repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita
no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o
consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o integram e,
segundo o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não podem
superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar outras
pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato.
Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar
de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus,
após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC
101/2000.
STJ. 2ª Turma. REsp 1463921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
10/11/2015 (Info 577).

É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo fato de ela


estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia?
As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de faixas de
domínio de rodovia, mesmo em face de outra concessionária, desde que haja previsão
editalícia e contratual.
STJ. 1ª Turma. REsp 1677414-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 14/12/2021
(Info 722).
As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de faixas de
domínio por outra concessionária que explora serviço público diverso, desde que haja
previsão no contrato de concessão.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1510988-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
08/02/2022 (Info 724).
É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo fato de ela estar
utilizando faixas de domínio de uma rodovia?
• Se essa cobrança é feita diretamente pelo ente público: NÃO. STF. Plenário. RE 581947, Rel.
Min. Eros Grau, julgado em 27/05/2010 (Repercussão Geral – Tema 261).
• Se essa cobrança é feita por outra concessionária de serviço público: SIM, desde que haja
previsão no edital e no contrato de concessão. STJ. 1ª Seção. EREsp 985695-RJ, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 26/11/2014 (Info 554).

Não se exige contraditório prévio à decretação de intervenção em contrato de


concessão com concessionária de serviço público
O art. 33 da Lei nº 8.987/95 afirma que, depois de ter sido declarada a intervenção, o poder
concedente deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento administrativo para
comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado o
direito de ampla defesa.
Desse modo, verifica-se claramente que, em se tratando de intervenção, o direito de defesa do
concessionário só é propiciado após a decretação da intervenção, a partir do momento em
que for instaurado o procedimento administrativo para apuração das irregularidades. Isso
porque a intervenção possui finalidades investigatória e fiscalizatória, e não punitiva.
STJ. 2ª Turma. RMS 66794-AM, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
22/02/2022 (Info 727).

É constitucional a transferência da concessão e do controle societário das


concessionárias de serviços públicos, mediante anuência do poder concedente
prevista no art. 27 da Lei 8.987/95
O art. 27 da Lei nº 8.987/95 permite que se transfira a concessão ou o controle societário da
concessionária para uma outra pessoa, desde que o poder público concorde e sejam
respeitados os requisitos legais.
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia
anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.
Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo o
pretendente deverá:
I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica
e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
O STF decidiu que esse dispositivo é constitucional.
O parágrafo único do art. 27 prevê que, mesmo com essa transferência, a base objetiva do
contrato continuará intacta. Permanecem o mesmo objeto contratual, as mesmas obrigações
contratuais e a mesma equação econômico-financeira. O que ocorre é apenas a sua
modificação subjetiva, seja pela substituição do contratado, seja em razão da sua
reorganização empresarial.
Em nosso sistema jurídico, o que interessa à Administração é, sobretudo, a seleção da
proposta mais vantajosa, independentemente da identidade do particular contratado, ou dos
atributos psicológicos ou subjetivos de que disponha.
STF. Plenário. ADI 2946/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2022 (Info
1046).
Nos contratos administrativos, é válida a cláusula que prevê renúncia do direito
aos honorários de sucumbência por parte de advogado contratado
Não contrariando a lei nem sendo abusivo, o contrato administrativo pode tratar de renúncia
a direito do contratado. Esta renúncia será eficaz e produzirá seus regulares efeitos na
hipótese em que houver expressa concordância do contratado.
Especificamente com relação aos advogados, o Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) dispõe
serem do advogado os honorários de sucumbência. Havia previsão expressa a respeito da
impossibilidade de retirar-lhes esse direito. Estava no art. 24, § 3º. Contudo, em 2009, o STF
declarou a inconstitucionalidade da regra, uma vez que se trata de direito disponível e, por
isso, negociável com o constituinte do mandato (ADI 1194, Relatora p/ Acórdão Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 20/05/2009).
Nessa linha, não se pode concluir pela abusividade ou ilegalidade da cláusula contratual que
prevê a renúncia do direito aos honorários de sucumbência, notadamente quando a parte
contratada, por livre e espontânea vontade, manifesta sua concordância e procede ao
patrocínio das causas de seu cliente mediante a remuneração acertada no contrato.
No caso em análise, a parte autora manifestou, de forma expressa e consciente, a renúncia e
só procurou discutir a cláusula após o fim do contrato.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1825800-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
05/04/2022 (Info 733).

A substituição da contraprestação inicialmente ajustada no contrato de


concessão, sem alteração dos demais encargos e das obrigações previstas entre
as partes, ofende a ordem pública administrativa
A queda de arrecadação fiscal de município contratante advinda da redução do preço do
barril de petróleo no mercado internacional não constitui motivo suficiente para redução da
contraprestação devida à concessionária de serviços públicos se essa contraprestação não
estiver vinculada contratualmente à variação do preço do petróleo.
STJ. Corte Especial. AgInt na SLS 2779-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel.
Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 01/06/2022 (Info 748).

Não é possível que concessionária de rodovia cobre valores de autarquia


prestadora de serviço público pelo fato de ela estar usando faixa de domínio da
via pública
É indevida a cobrança promovida por concessionária de rodovia, em face de autarquia
prestadora de serviços de saneamento básico, pelo uso da faixa de domínio da via pública
concedida.
Embora cedido ao particular, o bem público de uso comum do povo não se desnatura,
permanecendo, portanto, afetado à destinação pública. Por esse motivo, mostra-se ilegítimo
exigir remuneração pela sua utilização, quando voltada a viabilizar a execução de serviço
público de saneamento básico prestado por entidade estatal, cuja configuração jurídica seja
adversa à lucratividade, ou seja, esteja fora do regime concorrencial.
Não confundir:
1) Ente público cobrar da concessionária de serviço público pelo fato de ela estar utilizando as
faixas de domínio: NÃO pode.
2) Concessionária de serviço público cobrando de concessionária de serviço público pelo fato
de ela estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia: PODE.
3) Concessionária de serviço público cobrando de autarquia prestadora de serviço de
saneamento básico pelo uso da faixa de domínio: NÃO pode.
STJ. 1ª Seção.REsp 1817302-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
08/06/2022 (Tema IAC 8) (Info 740).

SERVIDORES PÚBLICOS:
Servidor público federal pode tirar mais de um período de férias no mesmo ano
É possível ao servidor que já usufruiu o primeiro período de férias, após cumprida a exigência
de 12 (doze) meses de exercício, usufruir as férias seguintes no mesmo ano civil, dentro do
período aquisitivo ainda em curso, nos termos do § 1° do art. 77 da Lei nº 8.112/90.
STJ. 1ª Seção. REsp 1907153-CE, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 26/10/2022 (Recurso Repetitivo –
Tema 1135) (Info 755).

Não é devida a indenização de férias-prêmio aos servidores estaduais que


tiveram seu vínculo com a Administração Pública, firmado com fundamento na
LC 100/2007 do Estado de Minas Gerais, anulado em virtude do julgamento da
ADI 4.876/MG pelo STF
A indenização a título de férias-prêmio não é devida aos servidores estaduais que tiveram seu
vínculo com a Administração Pública — firmado com fundamento na Lei Complementar
100/2007 do Estado de Minas Gerais — anulado em virtude do julgamento da ADI 4.876/MG
pelo Plenário do STF.
Tese fixada pelo STF:
“Não tem direito à indenização de férias-prêmio o servidor estadual cujo vínculo com a
Administração Pública, decorrente da Lei Complementar mineira 100/2007, foi declarado
nulo, por inobservância dos princípios constitucionais que regem o ingresso no serviço
público.”.
STF. Plenário. RE 1400775/MG, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/12/2022
(Repercussão Geral – Tema 1.239) (Info 1080).

Antes da LC 152/2015, os Estados não podiam editar normas prevendo


aposentadoria compulsória aos 75 anos
É inconstitucional norma estadual, editada dentro do período entre a promulgação da
Emenda Constitucional n. 88, em 7 de maio de 2015, até a publicação da Lei Complementar
n. 152, em 3 de dezembro de 2015, que estende a idade de aposentadoria compulsória para
cargos que não estejam expressamente indicados na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5378/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/12/2022
(Info 1081).

Servidor público responsável por pessoa com deficiência tem direito a jornada
reduzida
Por analogia, aplica-se aos servidores públicos estaduais e municipais que são pais ou
cuidadores legais de pessoas com deficiência o direito à jornada de trabalho reduzida, sem
necessidade de compensação de horário ou redução de vencimentos, nos moldes previstos
para os servidores públicos federais na Lei nº 8.112/90.
Tese fixada pelo STF:
“Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os efeitos, o art. 98, §
2° e § 3°, da Lei 8.112/1990.”
Art. 98 (...) § 2º Também será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência,
quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de
compensação de horário.
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou
dependente com deficiência.
STF. Plenário. RE 1237867/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
16/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.097) (Info 1080).

Não há qualquer obstáculo ao recebimento acumulado de dois benefícios de


pensão por morte se eles decorrerem de cargos acumuláveis, expressamente
previstos no art. 37, XVI, da CF/88
Em se tratando de cargos constitucionalmente acumuláveis, descabe aplicar a vedação de
acumulação de aposentadorias e pensões contida na parte final do art. 11 da Emenda
Constitucional 20/1998, porquanto destinada apenas aos casos de que trata, ou seja, aos
reingressos no serviço público por meio de concurso público antes da publicação da referida
emenda e que envolvam cargos inacumuláveis.
STF. Plenário. RE 658999/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/12/2022
(Repercussão Geral – Tema 627) (Info 1080).

Se o servidor possui 45 dias de férias por ano, o pagamento do terço


constitucional de férias deverá incidir sobre 45, e não apenas sobre 30 dias
O art. 7º, XVII, da CF/88 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais remuneradas com,
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, sem limitar o tempo da sua duração,
razão pela qual esse adicional deve incidir sobre todo o tempo de descanso previsto em lei.
Tese fixada pelo STF:
“O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição Federal incide sobre
a remuneração relativa a todo período de férias.”.
STF. Plenário. RE 1400787/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 15/12/2022
(Repercussão Geral – Tema 1.241) (Info 1080).

Viola a CF/88 a lei municipal que prevê a perda do direito de férias do servidor
pelo fato de ele ter gozado mais de dois meses de licença médica no ano
Lei municipal não pode limitar o direito fundamental de férias do servidor público que gozar,
em seu período aquisitivo, de mais de dois meses de licença médica.
O exercício da autonomia municipal para legislar sobre o regime jurídico aplicável a seus
servidores não infere permissão para editar norma que torne irrealizável direito garantido
constitucionalmente (art. 7º, XVII c/c art. 39, § 3º, da CF/88).
STF. Plenário. RE 593448/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/12/2022
(Repercussão Geral – Tema 221) (Info 1078).

Ausente a efetiva mudança de residência para a sede do CNJ, e findo o seu


mandato junto a esse mesmo Conselho, o magistrado não fará jus à ajuda de
custo para despesas de retorno ao seu domicílio funcional de origem
O direito à ajuda de custo para despesas de transporte e mudança pressupõe que o
magistrado, no interesse da Administração, tenha se deslocado a serviço para exercício em
nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente. No caso concreto, o Juiz do
Trabalho vinculado ao TRT da 12ª Região foi nomeado como Conselheiro do CNJ. Ele,
contudo, efetuou mudança de domicílio para Brasília (DF), mas sim para o Município de
Vargem Grande Paulista (SP), restando caracterizado tratar-se de escolha pessoal, não
havendo previsão para pagamento de ajuda de custo nesta hipótese, porque a lei exige que a
mudança tenha sido feita em atendimento ao interesse público.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.819.105-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
29/11/2022 (Info 761).

Se o servidor público federal trabalha exposto à radiação, sua jornada semanal


máxima será de 24 horas; todas as horas que ultrapassarem esse limite deverão
ser pagas como horas extras
Os servidores públicos federais expostos à radiação fazem jus à jornada de vinte e quatro
horas semanais, sendo-lhes assegurado o pagamento de horas extras em relação a todo o
período trabalhado além desse limite, sob pena de enriquecimento indevido da
Administração.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.565.474-RJ, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 29/11/2022 (Info
Especial 8).

Lei estadual pode passar a exigir nível superior para cargos que anteriormente
tinham o nível médio como requisito de escolaridade, por se tratar de
reestruturação da administração, e não de provimento derivado por ascensão
A exigência de diploma de nível superior, promovida por legislação estadual, para o cargo de
perito técnico de polícia - que anteriormente tinha o nível médio como requisito de
escolaridade - não viola o princípio do concurso público (art. 37, II, da CF/88) nem as normas
constitucionais sobre competência legislativa (art. 22, I e art. 24, XVI e § 4º, da CF/88). A
reestruturação de cargos não configura ascensão funcional, e portanto não viola o princípio
do concurso público, quando realizada de acordo com os requisitos da uniformidade das
atribuições, igualdade dos requisitos de escolaridade para ingresso no cargo, e identidade
remuneratória entre o cargo extinto e o cargo criado
STF. Plenário. ADI 7081/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/9/2022
(Info 1074).

Lei estadual não pode instituir regime previdenciário específico para os agentes
públicos não titulares de cargos efetivos
Viola o art. 40, caput e § 13, da Constituição Federal, a instituição, por meio de lei estadual,
de um regime previdenciário específico para os agentes públicos não titulares de cargos
efetivos. É competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito legislar sobre
previdência social, nos termos do art. 24, XII, CF. Aos Estados e ao Distrito Federal compete
legislar sobre previdência social dos seus respectivos servidores, no âmbito de suas
respectivas competências e especificamente para os servidores titulares de cargo efetivo,
sempre em observância às normas gerais editadas pela União. O regime próprio de
previdência social aplica-se aos servidores titulares de cargos efetivos (art. 40, caput, CF/88).
Aos agentes públicos não titulares de cargos efetivos, por sua vez, aplica-se o regime geral de
previdência social (art. 40, §13, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7198/PA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/10/2022 (Info 1074).

O art. 15 da Lei 10.887/2004 somente se aplica apenas aos servidores ativos e


inativos e aos pensionistas da União
É formalmente inconstitucional lei federal que determina a todos os entes federados
mantenedores de regimes próprios da previdência social a realização de reajustes, na mesma
data e índice em que se der o reacerto dos benefícios do regime geral, excetuados os
beneficiados pela garantia da paridade.
STF. Plenário. ADI 4582/DF, Rel. Min. André Mendonça, julgado em
28/10/2022 (Info 1074).

É inconstitucional a previsão de pensão vitalícia para viúvas de ex-prefeitos


É inconstitucional, por violação aos princípios republicano, democrático, da moralidade, da
impessoalidade e da igualdade, lei municipal que concede pensão especial mensal e vitalícia a
viúvas de ex-prefeitos.
STF. Plenário. ADPF 975/CE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/10/2022
(Info 1071).

Compete à Justiça Comum o julgamento de controvérsia envolvendo direitos de


servidor contratado para exercer cargo em comissão regido pela CLT
De acordo com entendimento sumulado do STJ, “Compete à Justiça dos Estados processar e
julgar ação de servidor estadual decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício
de cargo em comissão” (Súmula 218). Isso porque o servidor ocupante de cargo em comissão
mantém um vínculo jurídico-administrativo com o Poder Público, não sendo uma relação
empregatícia. Não importa, para fins de competência, que a lei municipal diga que a relação
jurídica seria regida pela CTL. Isso porque, neste caso, houve um desvirtuamento do vínculo
do cargo em comissão feito pela lei municipal. Justamente por essa razão, o STF já decidiu
que a competência para julgar controvérsia envolvendo direitos de servidor contratado para
exercer cargo em comissão é da Justiça Comum mesmo se o servidor ocupante de cargo em
comissão for regido pela CLT.
STJ. 1ª Seção. EDcl no AgInt no CC 184.065-SP, Rel. Ministro Herman
Benjamin, julgado em 25/10/2022 (Info 760).

A vantagem pecuniária estabelecida no art. 3º da Lei 6.932/96 do Estado da


Bahia não pode ser aplicada em relação aos integrantes de Tribunais de Contas
dos Municípios da Bahia
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia (Súmula Vinculante n. 37). No caso, o
recorrente alegava que legislação baiana garantiu por lei a isonomia entre a carreira dos
servidores estaduais e a dos municipais, pelo que não se aplicaria a vedação contida na SV 37.
Essa conclusão, contudo, não está correta porque a legislação baiana não assegura essa
isonomia entre os servidores do TCE e do TCM.
STJ. 1ª Turma. RMS 58.436-BA, Rel. Ministro Gurgel de Faria, julgado em
4/10/2022 (Info 760).

Caso da ACP proposta pelo MPF contra FUNASA e CAPESESP


O MPF ajuizou ação civil pública em razão de repasses indevidos efetuados por fundação
(FUNASA) a entidade fechada de previdência complementar (CAPESESP) que assistia os
então empregados celetistas da FUNASA, no período de 1991 a 2007, a título de previdência
complementar. Ocorre que, com a edição da Lei nº 8.112/90, os empregados da FUNASA já
haviam sido incluídos no regime estatutário por força do Regime Jurídico Único (RJU). Logo,
não poderiam estar gozando desse benefício de previdência complementar, que era aplicável
unicamente aos empregados públicos. Diante disso, o MPF postulou: a) reparação do erário;
b) proibição de concessão de novos benefícios e cancelamento dos concedidos nos últimos 5
anos. Não é possível, em ação civil pública ajuizada pelo MPF, a ingerência judicial no liame
entre assistidos e entidade de previdência complementar, notadamente a proibição de
concessão de novos benefícios e o cancelamento de benefícios complementares
indevidamente concedidos, sem que exista prova concreta de que a manutenção desses
poderia violar gravemente a esfera jurídica de número indeterminado de múltiplos sujeitos de
direito.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.325.652-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
4/10/2022 (Info 752).
Se o servidor público estadual está respondendo a PAD e pede a concessão de
aposentadoria, a tramitação do requerimento ficará suspensa até a conclusão do
PAD, mesmo que isso não esteja previsto na lei estadual; aplica-se, por analogia,
o art. 172 da Lei 8.112/90
A lacuna na Lei Complementar Estadual nº 131/2010 do Estado do Paraná acerca da
possibilidade de suspender o processo de aposentadoria enquanto tramita o processo
administrativo disciplinar deve ser suprida com a aplicação subsidiária da Lei n. 8.112/1990.
Trata-se de legítima integração da legislação estadual por meio da aplicação subsidiária da
norma federal, consoante pacífica jurisprudência. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS
58.568/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 19/10/2020. A lacuna em Lei
Complementar Estadual acerca da possibilidade de suspender processo de concessão de
aposentadoria enquanto tramita processo administrativo disciplinar deve ser suprida com a
aplicação subsidiária da Lei nº 8.112/90. STJ. 2ª Turma. AgInt no AgInt no RMS
61.130-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27/09/2022 (Info
751).

Lei estadual pode passar a exigir nível superior para cargos que anteriormente
tinham o nível médio como requisito de escolaridade, por se tratar de
reestruturação da administração, e não de provimento derivado por ascensão
A exigência de diploma de nível superior, promovida por legislação estadual, para o cargo de
perito técnico de polícia - que anteriormente tinha o nível médio como requisito de
escolaridade - não viola o princípio do concurso público (art. 37, II, da CF/88) nem as normas
constitucionais sobre competência legislativa (art. 22, I e art. 24, XVI e § 4º, da CF/88). A
reestruturação de cargos não configura ascensão funcional, e portanto não viola o princípio
do concurso público, quando realizada de acordo com os requisitos da uniformidade das
atribuições, igualdade dos requisitos de escolaridade para ingresso no cargo, e identidade
remuneratória entre o cargo extinto e o cargo criado.
STF. Plenário. ADI 7081/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/9/2022
(Info 1074).

Não é possível responsabilizar o fabricante de medicamento por reação adversa


descrita na bula, risco inerente ou intrínseco à sua própria utilização
A ingestão de medicamentos tem potencial para ensejar reações adversas, que, todavia, não
configuram, por si só, defeito do produto, desde que a potencialidade e a frequência desses
efeitos nocivos estejam descritas na bula, em cumprimento ao dever de informação do
fabricante.
A bula da novalgina contém advertência sobre a possibilidade de o princípio ativo do
medicamento (dipirona), em casos isolados, causar a Síndrome de Stevens-johnson, que
acometeu a autora da ação, ou a Síndrome de Lyell, circunstância que demonstra o
cumprimento do dever de informação pelo fabricante do remédio.
Sendo incontestável a eficiência da dipirona para os fins a que se destina (analgésico e
antitérmico), associada ao fato de que a reação alérgica que acometeu a parte autora da ação,
a despeito de gravíssima, está descrita na bula, não decorre propriamente de defeito do
fármaco, mas de imprevisível característica do sistema imunológico do paciente, não há que
se falar em defeito do produto, pressuposto básico para a obrigação de indenizar do
fornecedor.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.402.929-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
11/4/2023 (Info 771).

Parâmetro remuneratório em relação ao qual deve incidir a VNPI dos


Procuradores da Fazenda Nacional
O parâmetro remuneratório sobre o qual deve incidir a VNPI para o cálculo da remuneração
dos Procuradores da Fazenda Nacional é o existente em março/2002.
STJ. 1ª Turma. AREsp 956526-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
13/09/2022 (Info 749).

É possível, em acordo celebrado em ação de divórcio, dispor sobre a


manutenção do ex-cônjuge como dependente em plano de saúde fechado,
restrito a servidores públicos
Caso adaptado: João, servidor público estadual, é casado com Regina. Pelo fato de João ser
servidor público, ele tem direito ao PLANSERV, um plano de saúde fechado, restrito aos
servidores públicos estaduais ativos ou aposentados. João e Regina decidiram se divorciar.
No acordo de divórcio, foi pactuado que Regina seria mantida no plano de saúde em que João
é titular.
O plano de saúde será obrigado a aceitar e cumprir o acordo, mantendo a qualidade de
segurada de Regina. Isso porque não há nenhuma ilegalidade no processo de divórcio que
prevê a manutenção de ex-cônjuge no plano de saúde do outro, ante o caráter alimentar da
prestação.
STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 67430-BA, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 05/09/2022 (Info
750).
É válido decreto estadual que impõe aos servidores públicos o dever de
entregar, anualmente, declaração de bens e valores que compõem o seu
patrimônio privado
Não extrapola o poder regulamentar da Administração Pública, ou os princípios que a regem,
Decreto Estadual que dispõe sobre o dever de agentes púbicos disponibilizarem informações
sobre seus bens e evolução patrimonial.
Os servidores públicos já estão, por força do art. 13 da Lei nº 8.429/92, obrigados na posse e
depois, anualmente, a disponibilizar informações sobre seus bens e evolução patrimonial,
razão pela qual conclui-se que o Decreto não extrapolou o poder regulamentar.
STJ. 1ª Turma.AgInt nos EDcl no RMS 55819-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 08/08/2022 (Info 747).

É inconstitucional remunerar servidor público, mesmo que exerça jornada de


trabalho reduzida, em patamar inferior a um salário mínimo
É defeso (proibido) o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao
servidor público, ainda que labore em jornada reduzida de trabalho.
STF. Plenário. RE 964659/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 5/8/2022
(Repercussão Geral – Tema 900) (Info 1062).

As regras do Estatuto da Advocacia que tratam sobre relação de emprego,


salário, jornada de trabalho e honorários se aplicam aos advogados de empresas
estatais que atuam no mercado em regime concorrencial
As regras previstas nos arts. 18 a 21 do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94) — que tratam
da relação de emprego, salário, jornada de trabalho e honorários de sucumbência — são
aplicáveis aos advogados empregados de empresas públicas e de sociedade de economia
mista que atuam no mercado em regime concorrencial (sem monopólio).
Os advogados de empresas estatais, em regra, estão sujeitos ao teto remuneratório do serviço
público (art. 37, XI), quanto ao total da sua remuneração (salários mais vantagens e
honorários advocatícios), com exceção daqueles vinculados a empresa pública, sociedade de
economia mista ou subsidiária que não receba recursos do ente central para pagamento de
pessoal ou custeio e nem exerça sua atividade em regime monopolístico (art. 37, § 9º).
Os arts. 18 a 21 do Estatuto da Advocacia não se aplicam aos advogados empregados de
empresas públicas ou sociedades de economia mista ou suas subsidiárias que tenham sido
admitidos por concurso público, em cujos editais tenham sido estipuladas condições diversas
daquelas do estatuto, sem qualquer impugnação.
O STF deu interpretação conforme a Constituição ao art. 4º da Lei 9.527/97, excluindo de seu
alcance os advogados empregados públicos de empresa pública, sociedade de economia mista
e suas subsidiárias, não monopolísticas, com as ressalvas das compreensões acima indicadas.
STF. Plenário. ADI 3396/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 23/6/2022
(Info 1060).

O servidor federal inativo faz jus à conversão em pecúnia de licença-prêmio por


ele não fruída durante sua atividade funcional?
Presente a redação original do art. 87, § 2º, da Lei nº 8.112/90, bem como a dicção do art. 7º
da Lei nº 9.527/97, o servidor federal inativo, sob pena de enriquecimento ilícito da
Administração e independentemente de prévio requerimento administrativo, faz jus à
conversão em pecúnia de licença-prêmio por ele não fruída durante sua atividade funcional,
nem contada em dobro para a aposentadoria, revelando-se prescindível, a tal desiderato, a
comprovação de que a licença-prêmio não foi gozada por necessidade do serviço.
STJ. 1ª Seção. REsp 1854662-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
22/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1086) (Info 742).

A atividade de praticagem é incompatível com as atribuições da Carreira de


Auditoria da Receita Federal do Brasil
Caso concreto: mandado de segurança contra ato do Ministro da Economia que, em processo
administrativo disciplinar, demitiu o impetrante do cargo de Auditor Fiscal da Receita
Federal pelo exercício da atividade privada de Prático de Navio.
O art. 1º da Portaria RFB nº 444/2015 prevê que as atividades de advocacia, contabilidade e
praticagem são incompatíveis com as atribuições de Auditor da Receita Federal. Essa
previsão está respaldada pela Lei nº 11.890/2008, que impede os integrantes desse segmento
do serviço público de exercerem outra atividade, pública ou privada, potencialmente
conflitante com suas atribuições, em consonância com a Lei nº 12.813/2013 (arts. 4º, 5º e
10), que versa sobre o conflito de interesses no âmbito do Poder Executivo.
STJ. 1ª Seção. MS 26683-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
25/05/2022 (Info 739).

Não é compatível com a CF a norma que permita a convocação temporária de


profissionais, sem vínculo com a administração pública, para funções de
magistério na educação básica e superior do estado nos casos de vacância de
cargo efetivo
É inconstitucional norma estadual que, de maneira genérica e abrangente, permite a
convocação temporária de profissionais da área da educação sem prévio vínculo com a
Administração Pública para suprir vacância de cargo público efetivo.
STF. Plenário. ADPF 915/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
20/5/2022 (Info 1055)

Não há prescrição de fundo de direito nas ações em que se busca a concessão do


benefício de pensão por morte
Não é possível inviabilizar o pedido de concessão do benefício previdenciário ou de seu
restabelecimento em razão do transcurso de quaisquer lapsos temporais - seja decadencial ou
prescricional.
Diante da decisão do STF na ADI 6.096/DF, não é possível inviabilizar o próprio pedido de
concessão do benefício (ou de restabelecimento), em razão do transcurso de quaisquer lapsos
temporais - seja decadencial ou prescricional -, de modo que a prescrição se limita apenas às
parcelas pretéritas vencidas no quinquênio que precedeu à propositura da ação, nos termos
da Súmula 85/STJ.
Assim, fica superado o entendimento firmado pelo STJ nos EDcl nos EREsp 1.269.726/MG,
tendo em vista que o art. 102, § 2º, da CF/1988 confere efeito vinculante às decisões
definitivas em sede de ADI em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta nos âmbitos federal, estadual e municipal.
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1805428-PB, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF5), julgado em 17/05/2022 (Info 737).

É inconstitucional a criação de cargos em comissão sem a devida observância


dos requisitos indispensáveis fixados pelo STF
O STF possui critérios para definir se as atribuições dos cargos podem ser enquadradas como
direção, chefia e assessoramento?
SIM. O STF, ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em comissão é exceção
à regra de ingresso no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e
títulos e somente se justifica quando presentes os pressupostos constitucionais para sua
instituição. Na oportunidade, foram fixadas as seguintes teses:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de
direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades
burocráticas, técnicas ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e
o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a
necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos
no ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na
própria lei que os instituir.
Caso não se respeite esses requisitos, a criação dos cargos em comissão será considerada
inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/5/2022 (Info
1053).

Valores recebidos por servidores públicos por força de decisão judicial precária,
posteriormente reformada, devem ser restituídos ao erário
Se o servidor recebeu os valores amparado por uma decisão judicial precária, não há como se
admitir a existência de boa-fé, pois a Administração em momento algum gerou-lhe uma falsa
expectativa de definitividade quanto ao direito pleiteado.
Se não fosse permitida a restituição, isso iria gerar o desvirtuamento do próprio instituto da
antecipação dos efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais para sua concessão
reside justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1711065-RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
03/05/2022 (Info 735).

Para a aposentadoria voluntária de servidor público, o prazo mínimo de cinco


anos no cargo em que se der a aposentadoria refere-se ao cargo efetivo ocupado
pelo servidor e não à classe na carreira alcançada mediante promoção
A promoção por acesso de servidor a classe distinta na carreira não representa ascensão a
cargo diverso daquele em que já estava efetivado, de modo que, para fins de aposentadoria, o
prazo mínimo de cinco anos no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40, § 1º, inciso III, da
Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998, e pelos artigos 6º da
Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional 47/2005, não recomeça a
contar pela alteração de classe.
STF. Plenário. RE 1322195/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/4/2022
(Repercussão Geral – Tema 1207) (Info 1049).

Servidor admitido sem concurso antes da promulgação da CF, ainda que


beneficiado pela estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT, não pode ser
reenquadrado em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração previsto
para servidores efetivos
É vedado o reenquadramento, em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração, de
servidor admitido sem concurso público antes da promulgação da Constituição Federal de
1988, mesmo que beneficiado pela estabilidade excepcional do artigo 19 do ADCT, haja vista
que esta regra transitória não prevê o direito à efetividade, nos termos do artigo 37, II, da
Constituição Federal e decisão proferida na ADI 3609 (Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal
Pleno, DJe. 30/10/2014).
STF. Plenário. ARE 1306505/AC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/3/2022 (Repercussão Geral – Tema 1157) (Info 1048).

A indenização de campo (art. 16 da Lei 8.216/91), devida a determinados


servidores públicos federais, deve ser reajustada na mesma data e nos mesmos
percentuais de reajustes aplicados às diárias
A indenização de campo, prevista no art. 16 da Lei nº 8.216/91, deve ser reajustada pelo
Poder Executivo na mesma data e nos mesmos percentuais de reajustes aplicados às diárias,
conforme determina o art. 15 da Lei nº 8.270/91.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 480379-PB, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

Bolsa de desempenho é uma verba paga aos servidores do Estado da Paraíba;


por ter natureza propter laborem, não é devida aos aposentados
A bolsa de desempenho instituída pela Lei nº 9.383/2011 do Estado da Paraíba possui
natureza propter laborem não sendo, portanto, devida aos servidores inativos.
STJ. 2ª Turma.RMS 68357-PB, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
22/03/2022 (Info 730).

O tempo de residência médica exercido na vigência da Lei 1.711/52 deve ser


considerado como tempo de serviço para aposentadoria contanto que tenha sido
remunerado pelos cofres públicos
O período de residência médica exercido na regência da Lei nº 1.711/52 deve ser considerado
como tempo de serviço para aposentadoria, independentemente da forma de admissão,
contanto que tenha sido remunerado pelos cofres públicos.
STJ. 2ª Turma.REsp 1487518-GO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
08/03/2022 (Info 730).
No caso se discutiu se a propositura da execução de obrigação de fazer
interrompeu, ou não, a fluência do prazo prescricional para a propositura da
ação executiva da obrigação de pagar, relativa ao reajuste de servidores no
percentual de 28,86%
O início da execução de sentença proferida em ação coletiva referente à obrigação de fazer,
em regra, não influi no prazo prescricional da execução da obrigação de pagar, salvo se
reconhecida a dependência na decisão transitada em julgado ou no juízo da execução.
Deixando mais claro:
• Em regra: o ajuizamento de execução da obrigação de fazer não interrompe o prazo
prescricional para a propositura da execução que visa o cumprimento da obrigação de pagar.
• Exceção: excepciona-se a regra nas hipóteses em que a própria decisão transitada em
julgado ou o juízo da execução, reconheça que a execução de um tipo de obrigação dependa
necessariamente da prévia execução de outra espécie de obrigação.
No caso concreto, o STJ decidiu que a situação não se amoldava na exceção. Isso porque não
havia razão para que se aguardasse a execução de fazer para só então ajuizar a execução de
pagar. Diante disso, a situação se enquadrava na regra geral.
STJ. 1ª Turma. REsp 1687306-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 08/03/2022 (Info 736).

A progressão funcional não está elencada no rol de proibições do art. 22,


parágrafo único, da LRF (limite prudencial)
É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor público, quando
atendidos todos os requisitos legais, a despeito de superados os limites orçamentários
previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente público,
tendo em vista que a progressão é direito subjetivo do servidor público, decorrente de
determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso I do parágrafo único
do art. 22 da Lei Complementar n. 101/2000.
STJ. 1ª Seção. REsp 1878849-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
Convocado do TRF da 5ª região), julgado em 24/02/2022 (Recurso Repetitivo –
Tema 1075) (Info 726).

Até a edição da EC 103/2019, é admissível, aos servidores públicos, a conversão


do tempo de serviço especial em comum objetivando a contagem recíproca de
tempo de serviço
O STF, ao julgar o Tema 942, assim decidiu:
Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo
comum, do prestado sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física
de servidor público decorre da previsão de adoção de requisitos e critérios diferenciados para
a jubilação daquele enquadrado na hipótese prevista no então vigente inciso III do § 4º do
art. 40 da Constituição da República, devendo ser aplicadas as normas do regime geral de
previdência social relativas à aposentadoria especial contidas na Lei nº 8.213/91 para
viabilizar sua concretização enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da
matéria (STF. Plenário. RE 1014286, Rel. Luiz Fux, Relator p/ Acórdão Edson Fachin, julgado
em 31/08/2020. Repercussão Geral – Tema 942).
Antes do julgado do STF acima mencionado, o STJ possuía entendimento em sentido diverso
(EREsp 524.267/PB, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 24/3/2014).
Com a tese fixada no Tema 942, o STJ teve que se alinhar à posição do STF e, em juízo de
retratação, decidiu que:
Até a edição da EC 103/2019, é admissível, aos servidores públicos, a conversão do tempo de
serviço especial em comum objetivando a contagem recíproca de tempo de serviço.
STJ. 2ª Turma. REsp 1592380-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
08/02/2022 (Info 724).

CONCURSO PÚBLICO
Se a suposta ilegalidade surgiu somente após a homologação do concurso e após
o encerramento do prazo de validade do certame, essas datas não poderão ser
consideradas como termo inicial do prazo decadencial do mandado de
segurança
A data do último ato administrativo reputado ilegal é o termo inicial do prazo decadencial
para impetração de Mandado de Segurança com objetivo de reclassificação em concurso
público em virtude de anulação de questões por decisão judicial após o encerramento do
prazo de validade do certame.
STJ. 2ª Turma. RMS 64025-BA, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
04/10/2022 (Info 752).

A prerrogativa da escolha do momento para a nomeação de candidato, aprovado


dentro das vagas ofertadas em concurso público, é da Administração Pública,
durante o prazo de validade do certame
Embora o candidato aprovado dentro das vagas ofertadas em concurso público tenha direito
público subjetivo à nomeação, a prerrogativa da escolha do momento para a prática do ato é
da Administração Pública, durante o prazo de validade do certame.
Para que a contratação temporária se configure como ato imotivado e arbitrário, a sua
celebração deve deixar de observar os parâmetros estabelecidos no RE 658.026/MG, também
julgado sob a sistemática da repercussão geral, bem como há de haver a demonstração de que
a contratação temporária não se destina ao suprimento de vacância existente em razão do
afastamento temporário do titular do cargo efetivo e de que existem cargos vagos em número
que alcance a classificação do candidato interessado.
STJ. 2ª Turma. RMS 68657-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
27/9/2022 (Info Especial 8).

Mandado de segurança não serve para questionar o parecer da comissão


examinadora de heteroidentificação, que não aceitou a autodeclaração de
cotista em concurso
É inadequado o manejo de mandado de segurança com vistas à defesa do direito de candidato
em concurso público a continuar concorrendo às vagas reservadas às pessoas pretas ou
pardas, quando a comissão examinadora de heteroidentificação não confirma a sua
autodeclaração.
STJ. 1ª Turma. RMS 58785-MS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/08/2022
(Info 746).

Administração reclassificou o candidato para dentro do número de vagas;


posteriormente esse ato foi anulado; persiste o direito subjetivo à nomeação
A reclassificação do candidato para dentro do número de vagas oferecidas no edital de
abertura de concurso público, operada em razão de ato praticado pela Administração Pública,
confere-lhe o direito público subjetivo ao provimento no cargo público, ainda que durante a
vigência do ato não tenha sido providenciada a sua nomeação e que, em seguida, o ato de que
derivada a reclassificação tenha sido posteriormente anulado.
Caso concreto: João participou de concurso para uma única vaga em determinada lotação.
Classificou-se na segunda colocação, de forma que estaria em posição de eliminação de
acordo com o edital. Ocorre que o referido regramento foi revogado e houve nova publicação
da lista de aprovados, contemplando-se todos aqueles que antes eram considerados
eliminados. No entanto, as idas e vindas do certame ensejaram um novo edital que anulou o
referido anteriormente a fim de novamente restringir o número de candidatos considerados
aprovados e classificados, mas salvaguardou o direito adquirido dos servidores nomeados.
STJ. 2ª Turma. RMS 62093-TO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
24/05/2022 (Info 738).
São inconstitucionais as leis estaduais que concedam isenção do pagamento de
taxa de inscrição em concursos a servidores públicos estaduais
É inconstitucional lei estadual que isenta servidores públicos da taxa de inscrição em
concursos públicos promovidos pela Administração Pública local, privilegiando, sem
justificativa razoável para tanto, um grupo mais favorecido social e economicamente.
O concurso público é um mecanismo que proporciona a realização concreta dos princípios
constitucionais da isonomia e da impessoalidade, não admitindo discrímen que, ao invés de
fomentar a igualdade de acesso aos cargos e empregos públicos, amplia a desigualdade entre
os possíveis candidatos.
A norma estadual questionada não se amolda às hipóteses excepcionais mencionadas, pois
promove o agrupamento de candidatos em dois grupos bem distintos – os que já são
servidores públicos e os que não o são – e concede preferência apenas ao primeiro grupo,
resultando em um discrímen desarrazoado e desprovido de fundamento jurídico.
STF. Plenário. ADI 5818/CE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 13/5/2022 (Info 1054).
STF. Plenário. ADI 3918/SE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/5/2022 (Info
1054).

A exigência dos requisitos previstos em edital para nomeação em cargo público


não pode ser afastada por legislação posterior mais benéfica ao candidato
Caso adaptado: em 2014, foi aberto concurso para assessor administrativo. O edital, com base
na lei estadual, exigia como requisito para o cargo “bacharelado superior”. João foi aprovado,
mas ainda não havia sido nomeado. Em abril de 2018, a lei estadual foi alterada e o requisito
para o cargo de assessor administrativo passou a ser “graduação em geral”. Em maio de 2018,
João foi nomeado e apresentou seus documentos, dentre eles, seu diploma de tecnólogo.
Tecnólogo é um diploma de graduação, mas não é um diploma de bacharelado superior.
Assim, João não preenchia os requisitos do cargo segundo o edital, mas atendida os requisitos
se considerarmos a lei vigente na época da posse.
O STJ decidiu que ele não tem direito à posse.
A entrada em vigor de nova legislação, em momento posterior ao edital do certame e à
homologação do concurso, não pode ter aplicabilidade ao concurso público já realizado e
homologado, seja para prejudicar, seja para beneficiar o candidato, em face da isonomia entre
os participantes, só podendo a novel legislação ser aplicada aos concursos abertos após a sua
vigência.
Não se aplica para o presente caso a súmula 266 do STJ: “O diploma ou habilitação legal para
o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.”
A ratio essendi da Súmula 266/STJ é no sentido de que os requisitos que foram exigidos no
edital do certame para o exercício de determinado cargo público devem ser comprovados no
momento da posse.
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 61658-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 10/05/2022 (Info 748).

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


Sendo anuladas provas produzidas no processo criminal, estas deverão ser
excluídas do processo administrativo disciplinar, mas isso não contamina a
legalidade da utilização de provas produzidas de forma independente pela
comissão disciplinar de PAD
A decisão que determina exclusão de elementos probatórios obtidos mediante o acesso ao e-
mail funcional de servidor investigado não contamina a legalidade da utilização de provas
produzidas de forma independente por comissão disciplinar de PAD, em observância à teoria
da fonte independente e da descoberta inevitável da prova.
STJ. 3ª Seção. AgRg na Rcl 42292-DF, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 24/08/2022 (Info
747).

A mesma autoridade que ofereceu denúncia criminal contra o suspeito pode


atuar como julgadora no processo administrativo que apura o mesmo fato
O oferecimento de denúncia criminal por autoridade que, em razão de suas atribuições legais,
seja obrigada a fazê-lo não a inabilita, só por isso, a desempenhar suas funções como
autoridade julgadora no processo administrativo.
Caso concreto: membro do MP praticou fato que, em tese, configura, ao mesmo tempo,
infração disciplinar e crime. Foi instaurado processo administrativo. Além disso, o PGJ
ofereceu denúncia criminal. Depois da denúncia, chegou ao fim o processo administrativo e o
mesmo PGJ aplicou sanção disciplinar. Ele poderia ter feito isso. Não há, nesse caso,
comprometimento da imparcialidade.
STJ. 1ª Turma. RMS 54717-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/08/2022
(Info 744).

Em regra, a imposição de sigilo a processos administrativos sancionadores,


instaurados por agências reguladoras contra concessionárias de serviço
público, é incompatível com a Constituição
Os processos administrativos sancionadores instaurados por agências reguladoras contra
concessionárias de serviço público devem obedecer ao princípio da publicidade durante toda
a sua tramitação, ressalvados eventuais atos que se enquadrem nas hipóteses de sigilo
previstas em lei e na Constituição.
STF. Plenário. ADI 5371/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/2/2022
(Info 1045).

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Pessoa jurídica interessada continua com legitimidade para propor ação de
improbidade e para celebrar acordo; não existe obrigatoriedade de a assessoria
jurídica fazer a defesa do agente público acusado de improbidade

Inconstitucionalidade da restrição da legitimidade para ajuizamento da ação e


para a realização de acordo
Segundo a Lei nº 14.230/2021, somente o Ministério Público teria legitimidade para propor
ação de improbidade e para celebrar acordo de não persecução cível. A Lei buscou excluir
essa possibilidade da pessoa jurídica interessada.
O STF, contudo, decidiu que essa alteração foi inconstitucional.
Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de atos de improbidade também estão
autorizados, de forma concorrente com o Ministério Público, a propor ação e a celebrar
acordos de não persecução civil em relação a esses atos.
Desse modo, fica restabelecida a existência de legitimidade ativa concorrente e disjuntiva
entre o Ministério Público e as pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação por
ato de improbidade administrativa e para a celebração de acordos de não persecução civil.

Inexistência de obrigatoriedade de a assessoria jurídica fazer a defesa do agente


público
A Lei 14.230/2021 inseriu o § 20 no art. 17 da Lei nº 8.429/92 prevendo que “A assessoria
jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos administrativos
praticados pelo administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a decisão transite em
julgado.”
O STF declarou a inconstitucionalidade parcial, com redução de texto, desse dispositivo para
dizer que não existe “obrigatoriedade de defesa judicial”.
Não deve existir obrigatoriedade de defesa judicial do agente público que cometeu ato de
improbidade por parte da Advocacia Pública, pois a sua predestinação constitucional,
enquanto função essencial à Justiça, identifica-se com a representação judicial e extrajudicial
dos entes públicos. Contudo, permite-se essa atuação em caráter extraordinário e desde que
norma local assim disponha.
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgados em 31/8/2022 (Info 1066).

As mudanças promovidas pela Lei 14.230/2021 no elemento subjetivo e na


prescrição da improbidade administrativa retroagem?
A partir do advento da Lei 14.230/2021 (nova Lei de Improbidade Administrativa – LIA) —
cuja publicação e entrada em vigor ocorreu em 26/10/2021 —, deixou de existir, no
ordenamento jurídico, a tipificação para atos culposos de improbidade administrativa.
Por força do art. 5º, XXXVI, da CF/88, a revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa, promovida pela Lei 14.230/2021, é irretroativa, de modo que os
seus efeitos não têm incidência em relação à eficácia da coisa julgada, nem durante o processo
de execução das penas e seus incidentes.
Incide a Lei 14.230/2021 em relação aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência da Lei 8.429/92, desde que não exista condenação transitada em
julgado, cabendo ao juízo competente o exame da ocorrência de eventual dolo por parte do
agente.
Os prazos prescricionais previstos na Lei 14.230/2021 não retroagem, sendo aplicáveis a
partir da publicação do novo texto legal (26.10.2021).
Tese fixada pelo STF:
1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de
improbidade administrativa, exigindo-se — nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA — a presença do
elemento subjetivo — DOLO;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem
tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes;
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado,
em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar
eventual dolo por parte do agente;
4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se
os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.
STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
18/8/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.199) (Info 1065).

A contratação de servidores temporários sem concurso público, baseada em


legislação municipal, não configura ato de improbidade administrativa
A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em
legislação local, não configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei nº
8.429/92, por estar ausente o elemento subjetivo (dolo), necessário para a configuração do
ato de improbidade violador dos princípios da administração pública.
STJ. 1ª Seção.REsp 1913638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
11/05/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1108) (Info 736).

O acordo de não persecução cível pode ser celebrado mesmo que a ação de
improbidade administrativa já esteja em fase de recurso
É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de
improbidade administrativa em fase recursal.
STJ. 1ª Seção. EAREsp 102585-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
09/03/2022 (Info 728).

Competência para julgar ação de improbidade proposta por Município contra


ex-prefeito que não prestou contas de convênio federal
Nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de
eventuais irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores
decorrentes de convênio federal, o simples fato de as verbas estarem sujeitas à prestação de
contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a competência da
Justiça Federal.
Igualmente, a mera transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada,
no âmbito civil, não pode impor de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se
houver manifestação de interesse jurídico por ente federal que justifique a presença no
processo, (v.g. União ou Ministério Público Federal) regularmente reconhecido pelo Juízo
Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a competência para processar e julgar a ação civil de
improbidade administrativa será da Justiça Federal.
As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para
deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF.
Logo, não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis.
Diante disso, é possível afirmar que a competência cível da Justiça Federal deve ser definida
em razão da presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da
CF/88 na relação processual, seja como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da
natureza da verba federal sujeita à fiscalização do TCU.
Assim, em regra, compete à Justiça Estadual processar e julgar agente público acusado de
desvio de verba recebida em razão de convênio firmado com o ente federal, salvo se houver a
presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação
processual.
STJ. 1ª Seção. CC 174764-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
09/02/2022 (Info 724).

BENS PÚBLICOS
A ratificação de registros de terras de fronteira, prevista na Lei 13.178/2015,
deve respeitar a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária
É constitucional a ratificação de registros imobiliários prevista na Lei nº 13.178/2015, desde
que observados os requisitos e condições exigidos pela própria norma e os previstos pela
Constituição Federal de 1988 concernentes à política agrícola, ao plano nacional de reforma
agrária e à proteção dos bens imóveis que atendam a sua função social.
STF. Plenário. ADI 5623/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/11/2022
(Info 1077).

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