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Estado, governo e administração são termos que caminham juntos e muitas vezes são
confundidos, embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam.
1.3. Funções do Estado (típica e atípica) – são decorrentes dos poderes. FUNÇÃO
é o exercício de uma atividade em nome e interesse de outrem. FUNÇÃO PÚBLICA é o
exercício de atividade em nome e interesse do POVO. Entretanto, no Brasil, não há
exclusividade no exercício dessas funções, não há uma rígida ou absoluta divisão dos
Poderes, mas sim preponderância na realização desta ou daquela função. Assim, embora
os Poderes tenham funções precípuas (funções típicas), a própria Constituição autoriza
que também desempenhem funções que normalmente pertenceriam a Poder diverso
(funções atípicas). São as chamadas ressalvas (ou exceções) ao princípio da separação
dos Poderes.
Importa salientar que, a despeito de a teoria tripartite das funções estatais ser a mais
difundida, há juristas de peso que entendem diversamente. Com efeito, Kelsen sustentava
que as funções estatais seriam apenas duas, a de criar o direito (legislar) e a de executar o
direito (o que tanto é feito pela Administração quanto pela Jurisdição). No Brasil,
Oswaldo Aranha Bandeira de Melo entendia que existem apenas as funções administrativa
(legislar e executar: programação e realização de objetivos públicos) e jurisdicional.
GOVERNO x ADMINISTRAÇÃO
Vale registrar a clássica lição do Prof. Hely Lopes Meirelles sobre a diferença entre governo
e administração:
“Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado
preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.
A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com
maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes.
São os chamados atos administrativos (...).
“Comparativamente, podemos dizer que governo é atividade política e discricionária;
administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica.
Governo é conduta independente; administração é conduta hierarquizada. O Governo
comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade
profissional pela execução; a Administração executa sem responsabilidade
constitucional ou política, mas com responsabilidade técnica e legal pela execução. A
Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções
políticas do Governo. Isto não quer dizer que a Administração não tenha poder de decisão.
Tem. Mas o tem somente na área de suas atribuições e nos limites legais de sua
competência executiva, só podendo opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos,
financeiros, ou de conveniência e oportunidade administrativas, sem qualquer faculdade de
opção política sobre a matéria”.