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DIREITO ADMINISTRATIVO
INTRODUÇÃO
O Estado brasileiro elegeu três funções basilares a exercer, previstas na Constituição da República,
sendo estabelecido no art. 2º da CF os Poderes da União, ou seja, as funções executiva (administrativa), legislativa e
judiciária (jurisdicional). A função jurisdicional do Estado é o nosso tema de estudo neste trabalho.
A divisão de poderes prevista na Carta Magna é feita através da atribuição de cada uma das funções
governamentais como já citamos, (legislativa, executiva, jurisdicional). Pode-se afirmar que o constituinte adotou o
termo PODER para identificar tais funções, apesar da unicidade do PODER, mas não deixa de ser uma a
sistematização jurídica da manifestação do Estado.
Como já sabemos não há separação absoluta das atividades estatais, já que os poderes são harmônicos
entre e a independência é relativa entre os poderes, temos que eles legislam, administram e julgam. Mas cada um deles
possui o que se chama função típica e atípica; aquela exercida com preponderância é a típica e, a função exercida
secundariamente é a atípica. A função típica de um órgão é atípica dos outros, sendo que o aspecto da tipicidade se dá
com a preponderância. Por exemplo, o Poder Legislativo tem a função principal de elaborar o regramento jurídico do
Estado — é sua função típica — mas também administra seus órgãos, momento em que exerce uma atividade típica do
Executivo, podendo, ainda julgar seus membros, como é o caso do sistema brasileiro, bem como de julgar o Presidente
e seus ministros nos crimes de responsabilidade. Da mesma forma, tem-se a edição de medidas provisórias pelo
Presidente da República é uma função atípica do Poder Executivo. No que pertine a função jurisdicional, vê-se que o
Poder judiciário também desenvolve as funções atípicas quando elabora ou promove alterações em seu regimento
interno (legislativa) e administrativa quando exerce atividades inerentes à administração pública (concessão de férias,
provimento de cargos etc.) .
No Direito administrativo, enfatizaremos o estudo da administração pública, seus agentes, seus atos,
órgãos e suas funções.
CONCEITOS ELEMENTARES
O conceito de Administração Pública é concebido pela maioria dos doutrinadores sob dois sentidos:
- Sentido subjetivo, formal ou orgânico: refere-se ao conjunto de entes, pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos
incumbidos do exercício da função administrativa.
- Sentido objetivo, material ou funcional: natureza da atividade exercida pela Administração Pública, ou seja, a função
administrativa, típica do Poder Executivo. Nesse sentido estão inseridas as atividades de fomento, polícia
administrativa, serviço público e intervenção.
Tradicionalmente, divide-se o Direito em dois grandes ramos: Direito Publico e Direito Privado,
destinando-se aquele a regular as relações dos quais participe o Estado e, este, as relações entre particulares.
Por seu turno, o Direito Público bifurca-se em Interno e Externo. O Direito Público Interno regula, no
âmbito interno (não internacional), os interesses estatais e sociais, como já se disse. Somente por reflexo a conduta
individual é atingida. São exemplos o Direito Penal, Direito Processual, Direito Tributário e Direito administrativo.
O Direito Público Externo rege as relações entre Estados Soberanos e as atividades dos particulares na
seara internacional.
Concluída a necessária localização do Direito Administrativo em meio aos demais ramos do Direito, é
possível, passar ao seu conceito: conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as
atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado (Hely
Lopes Meirelles).
Organização da Administração: é a estruturação legal das entidades e órgãos que irão desempenhar as funções,
através de agentes públicos (pessoas físicas). Essa organização faz-se normalmente por lei, e excepcionalmente por
decreto e normas inferiores, quando não exige a criação de cargos nem aumenta a despesa pública. Neste campo
estrutural e funcional do Estado atua o Direito Administrativo organizatório, auxiliado pelas contemporâneas técnicas
de administração, aquele estabelecendo o ordenamento jurídico dos órgãos, das funções e dos agentes que irão
desempenhá-las, e estas informando sobre o modo mais eficiente e econômico de realizá-las em benefício da
coletividade. O Direito Administrativo impõe as regras jurídicas da administração e funcionamento do complexo
estatal; as técnicas de administração indicam os instrumentos e a conduta mais adequada ao pleno desempenho das
atribuições da Administração.
Governo e Administração: são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos, embora expressem conceitos
diversos nos vários aspectos em que se apresentam.
Governo, em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é o
complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A
constante do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de
manutenção da ordem jurídica vigente.
Administração Pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos
objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em
acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele
assumidos em benefício da coletividade. A Administração não pratica atos de Governo; pratica, tão somente, atos de
execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes.
Atentos ao conceito de direito administrativo, observa-se que a finalidade do Estado é alcançar o bem
comum e para isso ocorrer se vale de sua estrutura administrativa, com a finalidade de gerir os interesses públicos.
Administração pública: Administrar é gerir interesses segundo a lei, moral e finalidade dos bens
entregues a guarda e conservação alheias.
Os bens geridos podem ser individuais ou coletivos, no primeiro caso temos administração particular e
no segundo caso a administração pública.
Administração pública: gestão de bens e interesses qualificados da comunidade, no âmbito federal, estadual ou
municipal, segundo princípios - preceitos - do direito e da moral, visando o bem comum.
Administração está ligada a ideia de conservação e utilização, sendo oposto de propriedade, ligada a ideia
de disponibilidade e alienação. Poderes normais da administração conservação e utilização, já a alienação oneração
destruição e renúncia, devem vir expressas em lei, deve haver um consentimento legal.
Para a consecução dos seus objetivos, a administração pratica atos administrativos que seguem a seguinte
divisão doutrinária:
- ato de império: contém uma ordem ou decisão coativa da administração para o administrado. ex.: decreto
expropriatório.
- ato de gestão: ordena a conduta interna da administração e de seus servidores ou cria direitos e obrigações entre ela e
os administrados.
ex.: despacho que determina a execução de determinado serviço público, concessão de férias, licenças etc.
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- ato de expediente: de preparo e movimentação de processos, recebimento e expedição de papeis despachos rotineiros,
sem decisão do mérito administrativo.
Para prática dos atos acima enumerados, deve ter, o agente, investidura e competência legal. Ilegal é o ato
realizado por agente simplesmente designado.
A administração pública é uma obrigação, ou seja, um“ MÚNUS PÚBLICO ” encargo de defesa,
conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade - impondo que se cumpra os preceitos do
direito e da moral administrativa.
Visa à administração pública a defesa do interesse público, aspirações ou vantagens licitamente almejadas
por toda uma comunidade. O ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura desvio de
finalidade.
Centralizadamente;
Descentralizadamente;
A administração centralizada desenvolve suas atividades através das pessoas jurídicas de direito público
interno sem delegações ou outorgas de funções.
Na administração descentralizada a atividade pública poderá ser desempenhada por entes particulares de
cooperação (serviços sociais autônomos, concessionários, permissionários e autorizatórios), ou ainda, por entes criados
por lei, através de administração indireta (autarquias, fundações e entes paraestatais).
Tipos de Administração
Existem dois tipos de Administração:
Direta
Composta pelas entidades estatais: são pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura
constitucional do Estado e têm poderes políticos a administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os
Municípios e o Distrito Federal;
Indireta
Compostas pelas entidades:
Entidades Autárquicas: são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa,
criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizado da estatal que as criou;
funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento;
Entidades Fundacionais: pela CF/88, são pessoas jurídicas de Direito Público, assemelhadas às autarquias
(STF); são criadas por lei específica com as atribuições que lhes forem conferidas no ato de sua instituição;
Sociedade de economia mista - controlado pelo Estado e tem o particular como acionista. Ex.: Eletrobrás,
Banco do Brasil, PETROBRAS,
Empresa púbica – O controle acionário é integralmente do Estado, mas tem personalidade jurídica de
Direito Privado. Ex.: ECT, BNDES.
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Obs.: O serviço social autônomo, apesar de ser da entidade autárquica, não pertence à administração
indireta. Ex.: SENAI, SESI, SESC.
Autarquia:
Ente administrativo autônomo criado por lei especifica, com finalidade de desenvolver determinada
atividade outorgada pelo Estado. Assume várias formas e realiza serviço público típico, especialmente os que
requeiram maior especialização. É pessoa jurídica de Direito Público interno dotada de capacidade exclusivamente
administrativa.
As autarquias tem patrimônio próprio, e atribuições Estatais específicas; não visam lucro - podem cobrar
serviços prestados - se sobrou $: superávit e se faltou $: déficit; a lei transfere o patrimônio do Estado para Autarquia –
não perdem as características dos bens públicos - não há desafetação (bem público que passa a esfera de domínio do
particular). Bens Imóveis são transferidos de duas formas: (bens públicos inalienáveis) – prévia autorização do Poder
legislativo, da seguinte forma :
Esses entes executam atividade paralela ao próprio Estado - gozam das mesmas prerrogativas, tais como o
Estado (prerrogativas administrativas, não políticas) - Ex.: imunidade tributária - participam do orçamento, tem
orçamento próprio. E prerrogativas processuais da fazenda pública (contestação e quádruplo e recorre em dobro).
Autarquia Especial: que prestam serviços especializados. É toda aquela que a lei instituidora conferir privilégios
específicos e aumentar a sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns - sem infringir os preceitos
constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública - os que a posicionam são as regalias. Tem seu
orçamento público e deve cumprir com ele. (ANATEL, ANEL, ANAC e outras).
- CONTROLE AUTÁRQUICO
Só admissível nos estritos limites e fins que a lei estabelecer. - nos termos da lei - Entre a Entidade Matriz
e a Autarquia, não h subordinação e sim controle. São 3 os níveis de controle. O Controle não é pleno – nem ilimitado
- limitado ao limite da lei - para não Suprimir a autonomia do administrado dessas entidades. Sempre que a Autarquia
tiver Patrimônio em que não for suficiente para cobrir as responsabilidades - a Entidade Matriz -responde
subsidiariamente.
- CONTROLE POLÍTICO: nomeação de seus dirigentes pelo executivo. A gestão maior da autarquia e controlada
pela administração central.
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- CONTROLE ADMINISTRATIVO: exerce através de órgão específico - bem como para recurso interno ou externo
na forma da lei. O conjunto de atos que a administração central pratica com a finalidade de conformar as autarquias ao
cumprimento de seus fins próprios e que não suprime a autonomia administrativa não se confunde com hierarquia.
Fundações Públicas:
São Universidade de bens “universitas bonorum” personalizados em atenção ao fim que lhe dá unidade.
Tem como objetivos de interesse coletivo. Em nossa Constituição Federal é considerada uma entidade de direito
público, integrante da administração indireta ao lado das autarquias e entidades paraestatais. Quando criadas e mantidas
pelo Poder Público, aparecem as fundações como pessoa jurídica de direito público, tal como as autarquias.
São criadas por autorização legislativa para determinados fins específicos, no campo assistencial,
filantrópico, educacional, etc.. de atividades não lucrativas e atípicas do poder público - mas de interesse
coletivo.Diferente de serviços públicos. A lei que a cria determina sua função.
OBS: Fundações Particulares que recebem dinheiro do Poder Público - submetem-se ao controle do Tribunal de
Contas - mas não desnatura sua natureza jurídica.
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CONTRATO celebrado pelas fundações públicas - precedidas de licitação.
Observações:
- Orçamento idêntico ao das entidades estatais
- Dirigentes da fundação pública; Investidos no cargo na forma da lei - seu pessoal sujeito ao regime único - litígios
decorrentes da relação de trabalho competência da Justiça do Trabalho.
- Proibição de cumulação remunerada de cargo ou emprego ou função.
São considerados funcionários públicos seus dirigentes e autoridades. Para fins penais, Mandado de
Segurança e Ação Popular.
Empresa pública:
Pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização legislativa com capital exclusivamente
público, de uma ou várias entidades públicas, para realizar atividades de interesse da administração instituidora nos
moldes da atividade privada, podendo revestir-se de qualquer forma e organização empresarial; geralmente
destinadas a prestar serviços industriais ou de atividades econômicas. É controlada pelo poder público. Se Sujeita ao
controle do estado, já que seu patrimônio, a sua direção e os seus fins estatais. O ato de criação de uma empresa pública
é um ato administrativo e não de direito privado.
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-Patrimônio da empresa pública
Embora público por origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma regulamentar ou
estatutária, independentemente de autorização legislativa especial. Todo seu patrimônio, bens e rendas servem para
garantir empréstimos e obrigações resultantes de suas atividades. A transferência inicial de bens públicos imóveis, tem
sido feita por decreto, forma mais adequada, termo administrativo ou escritura pública.
Na contratação de obras e serviços, compras e alienações de bens, sujeitam- se a licitação, nos moldes da
Lei 8.666/93.
O estatuto de tais empregados é o da empresa e não do poder público que o criou. Para fins criminais
dirigentes e empregados, são, entretanto, considerados funcionários públicos, por expressa determinação do Código
Penal. A proibição de acumulação de cargos, funções ou empregos atinge agora os dirigentes e empregados das
empresas públicas e sociedades de economia mista.
Dependem do Estado para sua criação e ao lado do Estado e sob seu controle desempenham as atribuições
de interesse público que lhe forem cometidas - é instrumento de descentralização de serviço. Seu patrimônio e de
natureza de direito público - particular não tem direito sobre o patrimônio - só sobre o capital. A Constituição impõe
que quando o Estado incumbir uma empresa de alguma atividade econômica deve explora-la em igualdade de
condições com as empresas privadas, para não lhe fazer concorrência.
Tem sido a ANÔNIMA S.A., obrigatoriamente. Adotada esta forma, a sociedade organiza-se pelas normas
pertinentes.
Com previsão expressa no artigo 37 da Constituição Federal, todos os Poderes e órgãos e entidades da
administração pública estão vinculados aos princípios constitucionais Básicos da Administração que constituem os
fundamentos da ação administrativa, ou, por outras palavras, os sustentáculos da atividade pública; relegá-los é
desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses
sociais. Os princípios basilares encontram-se explícitos no art. 37 da CF, e não excluem outros, encontrados no bojo da
própria CF e na doutrina.
a) Princípio da legalidade: como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador
público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e
deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil
e criminal, conforme o caso. A eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da
lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar,
significando "deve fazer assim". As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não
podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários.
c) Princípio da Impessoalidade (Finalidade): impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim
legal; e o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato,
de forma impessoal. Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública,
o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros; pode,
entretanto, o interesse público coincidir com o de particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos
negociais e nos contratos públicos, casos em que é lícito conjugar a pretensão do particular com o interesse coletivo;
vedando a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, visando a
unicamente satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob forma de
desvio de finalidade.
d) Princípio da Publicidade: é a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos
externos. A publicidade não é elemento formativo do ato, é requisito de eficácia. Por isso mesmo, os atos irregulares
não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou
regulamento exige. O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos
externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral . Abrange
toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de
conhecimento da conduta interna de seus agentes. Os atos e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à
publicidade necessária não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõe a invalidação por falta desse
requisito de eficácia e moralidade. E sem a publicação não fluem os prazos para impugnação administrativa ou
anulação judicial, quer o de decadência para impetração de mandado de segurança (120 dias da publicação), quer os de
prescrição da ação cabível.
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e) Principio da Eficiência: é o que impõe ao agente publico o dever de realizar suas atribuições com presteza,
perfeição e rendimento funcional. Não se contenta com o simples desempenho legal da função, exigindo resultados
positivos e atendimento satisfatório das necessidades da comunidade.
1.1. Poder vinculado: é aquele que o Direito Positivo (a lei) confere à Administração Pública para a prática de ato de
sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização. O ato será nulo se deixar de
atender a qualquer dado expresso na lei, por desvinculação de seu tipo-padrão (ver adiante), podendo tal regularidade
ser reconhecida pela própria Administração ou pelo Judiciário, se requerer o interessado.
1.2. Poder discricionário: é o que o Direito concede à Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática
de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo. Discricionariedade é
liberdade de ação administrativa, dentro dos limites permitidos em lei. A faculdade discricionária distingue-se da
vinculada pela maior liberdade que é conferida ao administrador. Para a prática de um ato vinculado, a autoridade
pública está adstrita à lei em todos os seus elementos formadores. Para praticar um ato discricionário o administrador é
livre, no âmbito em que a lei lhe concede essa faculdade. A atividade discricionária encontra plena justificativa na
impossibilidade de o legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige.
1.3 Poder hierárquico: é o de que dispõe o Administrador para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos,
ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro
de pessoal. Hierarquia é a relação de subordinação existente entre vários órgãos e agentes da Administração, com
distribuição de funções e garantias da autoridade de cada um.; o poder hierárquico tem por objetivo ordenar,
coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da Administração; desse modo atua
como instrumento de organização e aperfeiçoamento do serviço e age como meio de responsabilização dos agentes
administrativos, impondo-Ihes o dever de obediência. Do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o
superior, tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuições e a de rever os
atos dos inferiores. A hierarquia no meio militar deve ser estudante em matéria especifica.
1.4. Poder disciplinar: é a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração; é uma supremacia especial que o Estado exerce sobre
todos aqueles que se vinculam à Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de
funcionamento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou transitoriamente.
As penas disciplinares no nosso Direito Administrativo Federal são: 1) advertência; 2) suspensão; 3) demissão; 4)
cassação de aposentadoria ou disponibilidade; 5) destituição de cargo em comissão; 6) destituição de função
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comissionada. No âmbito de cada Estado Federado, pode haver alguma diferença. No meio militar, a matéria é
peculiar e deve ser estudada à parte, pois o rol de sanções inclui aquelas restritivas da liberdade ambulante.
A apuração regular da falta disciplinar é indispensável para a legalidade da punição interna da Administração.
Primeiramente deve-se apurar a falta, pelos meios legais compatíveis com a gravidade da pena a ser imposta, dando-se
a oportunidade de defesa ao acusado (requisitos fundamentais, sem o qual se torna ilegítima e invalidável a punição).
A motivação da punição disciplinar é sempre imprescindível para a validade da pena; não se pode admitir como legal a
punição desacompanhada de justificativa da autoridade que a impõe, que se destina a evidenciar a conformação da
pena com a falta e permitir que se confiram a todo tempo a legalidade e a legitimidade dos atos ou veracidade dos fatos
ensejadores da punição administrativa.
1.5 Poder regulamentar: é a faculdade de que dispõem os Chefes do Executivo (leia-se administradores públicos em
geral, pois o Legislativo e o Judiciário, assim como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, também exercem
funções administrativas) de explicar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria
de sua competência, ainda não disciplinada por lei. É um poder inerente e privativo do Chefe do Executivo (CF, art. 84,
IV), e, por isso mesmo, indelegável a qualquer subordinado.
Regulamento, repise-se, é ato administrativo geral e normativo, expedido privativamente pelo Chefe do Executivo,
através de decreto, com o fim de explicar o modo e forma de execução da lei (regulamento de execução) ou prover
situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo ou independente). Na omissão da lei, o regulamento supre a
lacuna, até que o legislador complete os claros da legislação; enquanto não o fizer, vige o regulamento, desde que não
invada matéria reservada à lei.
1.6 Poder de polícia: é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo
de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Podemos dizer que o
poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito
individual. O conceito legal encontra-se no Código Tributário Nacional, art. 78.
1.6.1 Razão e Fundamento: a razão do poder de polícia é o interesse social e o seu fundamento está na supremacia
geral que o Estado exerce em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades, supremacia que se revela nos
mandamentos constitucionais e nas normas de ordem pública, que a cada passo opõem condicionamentos e restrições
aos direitos individuais em favor da coletividade, incumbindo ao Poder Público o seu policiamento administrativo.
1.6.2 Objeto e Finalidade: o objeto do poder de polícia administrativa é todo bem, direito ou atividade individual que
possa afetar a coletividade ou por em risco a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo, regulamentação, controle e
contenção pelo Poder Público. Com esse propósito, a Administração pode condicionar o exercício de direitos
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individuais, delimitar a execução de atividades e condicionar o uso de bens que afetem a coletividade em geral ou
contrariem a ordem jurídica estabelecida ou se oponham aos objetivos permanentes da Nação. A finalidade do poder de
polícia é a proteção ao interesse público. Nesse interesse superior não entram só os valores materiais como, também, o
patrimônio moral e espiritual do povo, expresso na tradição, nas instituições e nas aspirações nacionais da maioria que
sustenta o regime político adotado e consagrado na Constituição e na ordem vigente.
1.6.3 Extensão e Limites: a extensão do poder de polícia é muito ampla, abrangendo desde a proteção à moral a
aos bons costumes, a preservação da saúde pública, o controle de publicações, a segurança das construções e dos
transportes, até a segurança nacional em particular. Os limites do poder de polícia administrativa são demarcados pelo
interesse social em conciliação com os direitos fundamentais do indivíduo assegurados na CF (art. 5°). Através de
restrições impostas às atividades do indivíduo que afetam a coletividade, cada cidadão cede parcelas mínimas de seus
direitos à comunidade, recebendo em troca serviços prestados pelo Estado. Há limites, portanto, também nos direitos
fundamentais do cidadão, mas não são menos importantes os limites impostos pelos constitucionais princípios da
razoabilidade (entendida esta como a conduta aceitável para o homem médio, muito invocada no momento da tomada
de decisões) e da proporcionalidade (adequação dos meios aos fins pretendidos).
a) Atributos gerais
Auto-executoriedade: pode-se executar o ato sem a autorização da Justiça, por conta do interesse público;
todavia, é da essência dos atos administrativos serem sempre revisáveis pelo Poder Judiciário, ante a
inexistência, no Direito brasileiro, da figura do contencioso administrativo. A auto-executoriedade pode
abranger a exigibilidade, que consiste na possibilidade de decidir, e a executoriedade, traduzida como a
possibilidade de executar diretamente, com maior celeridade, o ato editado. Saliente-se, ainda, que a
exigibilidade está sempre presente, ao contrário da executoriedade que depende de expressa previsão legal.
b) Atributos específicos
Observações importantes:
A multa de trânsito é uma exceção à regra da auto executoriedade, pois, salvo quando espontaneamente
satisfeita pelo autuado, à Administração é defesa a sua exigência pela via administrativa, tornando-se
necessária a execução fiscal, via Judiciário, do referido valor.
Em algumas situações anteriormente exemplificadas, o ato poderá ser vinculado, ou seja, quando a norma
legal que o rege estabelecer o modo e a forma de sua realização, a exemplo das licenças expedidas pela
Administração.
Ressalte-se que não se deve confundir poder de polícia com atividade policial ou polícia judiciária, de
acordo com a acepção comum do termo.
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ATOS ADMINISTRATIVOS
DEFINIÇÃO
Não há definição legal de ato administrativo. Por esse motivo, conceituar ato administrativo é tarefa difícil e
traz como consequência divergências entre os doutrinadores.
Para Celso Antonio Bandeira de Mello ato administrativo é conceituado como: “declaração do Estado (ou de
quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas
a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.1
Hely Lopes Meirelles assim o define: “É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
que, agindo nessa qualidade tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. 2
Há circunstâncias em que a Administração se afasta das prerrogativas que possui, equiparando-se ao particular.
É aí que devemos diferenciar o ato administrativo do ato da Administração.
A Administração pode praticar atos que não são atos administrativos, como ocorre com os atos regidos pelo
direito privado. Assim, se a Administração não emprega prerrogativa própria e específica e se utiliza de instituto regido
pelo direito privado, o ato é jurídico, mas não administrativo, como, por exemplo, quando emite um título de crédito
(cheque).
Fato administrativo, ao contrário do ato administrativo, não traz inserida a manifestação de vontade da
Administração, mas corresponde apenas à realização concreta, à atividade efetiva e material (construção de um
viaduto, por exemplo).
O ato administrativo envolve sempre uma declaração, já o fato administrativo resulta sempre do ato
administrativo que o determina.
1
MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 339.
2
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 141.
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É aquele ato que está apto a produzir os seus efeitos.
A subordinação do ato a uma condição suspensiva, ou seja, o ato subordinado a um fato futuro e incerto.
Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz.
A subordinação do ato a um termo inicial, ou seja, o ato subordinado a um fato futuro e certo. Enquanto o
fato não acontecer, o ato será ineficaz.
A subordinação dos efeitos do ato à prática de outro ato jurídico, ou seja, autorização, aprovação ou
homologação, a ser manifestado por uma autoridade controladora.
REQUISITOS DE VALIDADE
São as condições necessárias para a existência válida do ato. Tema também controvertido na doutrina
brasileira. Pode-se estudá-lo segundo a posição adotada por Hely Lopes Meirelles.
Do ponto de vista da doutrina tradicional, os requisitos dos atos administrativos são cinco. (COMFF)
Competência
Será competente o agente que reúne competência legal ou regulamentar para a prática do ato. O ato
administrativo, para ser considerado válido, deve ser editado por quem detenha competência para tanto.
É o dever-poder atribuído a um agente público para a prática de atos administrativos. O sujeito competente
pratica atos válidos. Para se configurar a competência, deve-se atender a três perspectivas:
Objeto
O objeto corresponde ao efeito jurídico pretendido pelo ato (adquirir, resguardar direitos) e também decorre de
expressa previsão legal. O objeto deve ser lícito e moralmente aceito; somente assim será válido o ato administrativo.
Motivo
O motivo é a obrigação que possui a Administração Pública de oferecer, àqueles a quem representa,
explicações quanto ao ato que edita.
É o acontecimento da realidade que autoriza ou determina a prática de um ato administrativo, ou seja, os atos
administrativos irão acontecer após um fato da realidade. Exemplo: está disposto que funcionário público que faltar
mais de 30 dias consecutivos será demitido. O funcionário “A” falta mais de 30 dias e é demitido. O motivo da
demissão está no fato de “A” ter faltado mais de 30 dias.
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O motivo determina a validade dos atos administrativos por força da Teoria dos Motivos Determinantes. Essa
teoria afirma que os motivos alegados para a prática de um ato administrativo ficam a ele vinculados de tal modo que, a
prática do ato mediante a alegação de motivos falsos ou inexistentes determina a sua invalidade.
Se, na execução do ato, o administrador se afastar dos motivos, caracterizada estará a figura do desvio de
finalidade, modalidade de ilegalidade e, portanto, passível de reapreciação pelo Poder Judiciário.
a) Motivação
É a justificação escrita, feita pela autoridade que praticou o ato e em que se apresentam as razões de fato e de
direito que ensejaram sua prática. Difere do motivo, visto que este é o fato e a motivação é a exposição escrita do
motivo. Há casos em que a motivação é obrigatória (quando a lei expressamente afirmar a sua obrigatoriedade) e nesses
casos ela será uma formalidade do ato administrativo, sendo que sua falta acarretará a invalidade do ato.
Quando a lei é omissa quanto à obrigatoriedade da motivação, existe, entretanto, uma polêmica doutrinária
sobre quando se deverá determinar a obrigatoriedade da motivação.
Alguns autores entendem que a motivação será obrigatória em todos os casos de atos administrativos
vinculados, e outros entendem que será obrigatória em todos os casos de atos administrativos discricionários. Alguns
autores, no entanto, entendem que todos os atos administrativos, independentemente de serem vinculados ou
discricionários, deverão obrigatoriamente ser motivados, ainda que a lei nada tenha expressado. Esse entendimento
baseia-se no Princípio da Motivação (princípio implícito na Constituição Federal de 1988). O princípio decorre do
Princípio da Legalidade, do Princípio do Estado de Direito e do princípio que afirma que todos os atos que trazem lesão
de direitos deverão ser apreciados pelo Poder Judiciário.
Para estes, que entendem haver sempre obrigatoriedade, existem exceções em que o ato administrativo pode
validamente ser praticado sem motivação, são elas:
quando em um ato, por suas circunstâncias intrínsecas, o motivo que enseja a sua prática é induvidoso em
todos os seus aspectos, permitindo o seu conhecimento de plano por qualquer interessado.
b) Móvel
É a intenção subjetiva (psicológica) com que um agente pratica um ato administrativo, ou seja, quando uma
autoridade pratica um ato administrativo, possui uma intenção subjetiva e essa intenção é o móvel do ato
administrativo. O móvel de uma autoridade pública pode ser valorado, ou seja, pode ser ilícito ou imoral. Isoladamente
considerado, embora sendo ilícito ou imoral, o móvel não interfere na validade do ato, ou seja, não determina a
invalidade do ato.
14
c)Motivo legal do ato
É o fato abstratamente descrito na hipótese da norma jurídica e que, quando se concretiza na realidade, propicia a
prática do ato administrativo, ou seja, é a descrição do fato feita na norma jurídica que leva à prática do fato
concreto (motivo). Não é uma característica unicamente do Direito Administrativo e sim da Teoria Geral do Direito.
Por exemplo: Maria faltou ao trabalho do dia 07 de abril ao dia 07 de maio, sem dar nenhuma justificativa. As
faltas de Maria por 30 dias consecutivos ensejaram sua demissão. Essas faltas caracterizam o fato concreto que se
subsume ao fato descrito na lei (motivo legal - hipótese de incidência).
Nem sempre os atos administrativos possuem motivo legal. Nos casos em que o motivo legal não está descrito
na norma, a lei deu competência discricionária para que a autoridade que for praticar o ato escolha o motivo legal (por
exemplo: a lei dispõe que compete ao prefeito demitir funcionários; neste caso a lei não descreveu o motivo legal,
então o prefeito poderá escolher o motivo legal para a demissão).
Deve-se observar que qualquer competência discricionária tem um limite para ação. A autoridade que vai
praticar o ato poderá escolher o motivo legal, entretanto terá limites para isso. Esse limite está dentro do campo da
razoabilidade.
A autoridade deverá escolher um fato que guarde pertinência lógica com o conteúdo e com a finalidade jurídica
do ato. Não havendo essa observância, a autoridade estará sendo arbitrária, indo além da liberdade discricionária que
lhe foi dada pela lei, ficando caracterizada, também, a figura do desvio de finalidade.
Finalidade
A finalidade é relevante para o ato administrativo. Se a autoridade administrativa praticar um ato fora da
finalidade, estará praticando um ato viciado caracterizando “desvio de poder ou desvio de finalidade”. Normalmente no
desvio de poder há móvel ilícito.
Forma
A Administração Pública só pode exteriorizar um ato administrativo de acordo com a forma previamente
estabelecida por lei. A forma apresenta-se nas seguintes modalidades: escrita, oral ou por símbolos, como por exemplo:
placas de trânsito, farol, apito do guarda etc.
Em especial,a forma oral é utilizada nas hipóteses emergenciais ou de urgência. A forma escrita é aplicada
predominantemente.
Atributos são prerrogativas que existem por conta dos interesses que a Administração representa, são as
qualidades que permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos jurídicos.
1. Presunção de Legitimidade
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É a presunção de que os atos administrativos devem ser considerados legítimos até que se demonstre o
contrário, a bem da continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso não quer dizer que não se possa contrariar os
atos administrativos, o ônus da prova é que passa a ser de quem alega.
2. Imperatividade
Poder que os atos administrativos possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
independente da concordância destes. É a prerrogativa que a Administração possui para impor, exigir determinado
comportamento de terceiros.
3. Auto executoriedade
É o poder que possuem os atos administrativos de serem executados materialmente pela própria administração
independentemente de recurso ao Poder Judiciário.
A auto executoriedade é um atributo de alguns atos administrativos, ou seja, não existe em todos os atos,
podendo ocorrer em apenas dois casos:
Quando a lei expressamente previr. Exemplo: em matéria de contrato, a Administração dispõe de diversas
medidas auto executórias, como a utilização dos equipamentos e instalações do contratado para dar
continuidade à execução do contrato.
Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso deverá haver a soma dos requisitos de situação de
urgência e inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão). Exemplo: a demolição
de um prédio que ameaça ruir.
Exigibilidade
“É a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros o
cumprimento, a observância, das obrigações que impôs.”3
4. Tipicidade
“É atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a
produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido
em lei.
3
MELLO, Celso Antonio de. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed.São Paulo: Malheiros, 2002. p. 370.
16
INVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
Como sabemos e destacamos no módulo anterior, alguns autores consagram a invalidação como gênero do
qual a anulação e a revogação são espécies; já outros tratam-na como sinônima da palavra anulação (posição, já
estudada, adotada por Celso Antônio Bandeira de Mello).
Hely Lopes Meirelles sustenta que a invalidação consiste em desfazer atos inconvenientes, inoportunos ou
ilegítimos que se revelarem inadequados aos fins visados pelo Poder Público ou contrários às normas legais que os
regem. Traz como meios comuns de invalidação dos atos administrativos a revogação e a anulação.
Para ele, a invalidação dos atos administrativos se perfaz ou pela anulação (quando há ilegalidade) ou pela
revogação (quando há conveniência e oportunidade).
A anulação pode acontecer por via judicial, quando provocada, ou por via administrativa, quando a própria
Administração expede um ato anulando o antecedente (utilizando-se do princípio da autotutela), baseada no poder de
revisão dos seus atos sempre que forem ilegais ou inconvenientes. A anulação feita por esta via pode ser de ofício ou
por provocação de terceiros.
ADMINISTRAÇÃO E
Quem pode ordenar ADMINISTRAÇÃO
JUDICIÁRIO
CONVENIÊNCIA E
Motivo ILEGALIDADE
OPORTUNIDADE
Nesse contexto, na linha do entendimento de Hely Lopes Meirelles, o Supremo Tribunal Federal editou a
Súmula 473 que estabelece:
17
“Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
Por seu turno, relembramos que, Celso Antônio Bandeira de Mello designa invalidação o que Hely Lopes
Meirelles prefere designar anulação. Justifica o eminente professor que prefere não se utilizar da palavra invalidação
como gênero, abrangendo quaisquer casos de desconformidade com o direito (inconveniência, inoportunidade,
ilegitimidade), mas sim, abrangendo apenas um: a ilegitimidade.
Para ele, o termo “invalidação”, etimologicamente analisado, traz ideia contraposta de validade, concluindo
que somente os atos que estão em desacordo com a lei é que podem ser invalidados.
Alega que a revogação não pode ser espécie de invalidação, porque há casos em que o ato é válido, mas por
ser inconveniente à Administração pode ser suprimido.
Atos nulos: são os praticados por pessoa jurídica sem atribuição, por órgão absolutamente
incompetente ou por agente usurpador da função pública (nulidade quanto à capacidade). Também
os são, os atos praticados que desrespeitem a forma externa prevista em lei, que possuam objeto
ilícito ou impossível por ofensa à lei, ou nele se verifique o exercício de direito de modo abusivo.
Atos anuláveis: são os praticados por agente incompetente, desde que dentro do mesmo órgão
especializado, a elaboração do ato caiba, na hierarquia, ao superior (anulabilidade quanto à
capacidade). Decorrente de vício de vontade (erro, dolo, coação... - artigo 171, inciso II, do
Código Civil).
Nossa melhor doutrina diverge no tocante à matéria, questionando a possibilidade ou não da convalidação do
ato inválido.
Convalidar é tornar válido o que até então não era. Supre-se o vício existente em um ato, com efeitos
retroativos à data em que este foi praticado.
Hely Lopes Meirelles não aceita a convalidação dos atos, sustentando que os atos administrativos somente
podem ser nulos. Para ele, no direito público não há lugar para os chamados atos anuláveis, como já assinalamos
anteriormente. O ato administrativo é legal ou ilegal, é válido ou inválido.
Contrariando posição anterior, aparece Celso Antônio Bandeira de Mello, que defende a convalidação, que em
nada se incompatibiliza com os interesses públicos, pois, com ela, há um restabelecimento da legalidade suprimida.
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Importante destacar o reconhecimento pelo legislador federal, da possibilidade de convalidação dos atos
administrativos consoante norma fixada pela Lei 9.784/99, artigo 50, inciso VIII, que dispõe:
“Art. 50 – Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos
quando:
ratificação: é a convalidação realizada pela própria autoridade que emanou o ato viciado;
confirmação: é a convalidação realizada por outra autoridade, que não aquela que emanou o ato viciado;
saneamento: é a convalidação que resulta de um ato de particular afetado (quando a edição do ato dependia
da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada).
Alguns autores entendem que, verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação será
discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o ato de acordo com a conveniência. Outros autores, tendo
por base o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a convalidação deverá ser obrigatória, visto
que, se houver como sanar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, que existam obstáculos ao
dever de convalidar, não havendo alternativa senão anular o ato. São obstáculos ao dever de convalidar. A situação
gerada pelo ato viciado já se apresenta estabilizada pelo Direito. A estabilização acontece com:
a impugnação do ato: se houve impugnação, judicial ou administrativa, não há que se falar mais
em convalidação. O dever de convalidar o ato só se afirma se ainda não houve sua impugnação.
Observação: Exceção a esta regra surge no caso da motivação do ato vinculado expedida tardiamente após
a impugnação do ato. A demonstração, embora tardia, de que os motivos preexistiam e o ato foi praticado
com o exato conteúdo da lei não inibe sua convalidação, mesmo que já impugnado.
o decurso de tempo: o decurso de tempo pode gerar um obstáculo ao dever de convalidar. Se a lei
estabelecer um prazo para a anulação administrativa, na medida em que ocorrer a expiração deste prazo,
dito “prescricional”, o ato não poderá ser convalidado.
A conversão ocorre em atos administrativos nulos, trazendo, quando possível, efeitos retroativos, sanando vício
de ato antecedente, transformando-o em ato distinto, de diferente categoria tipológica.
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Por menores, há um ato viciado e, para regularizar a situação, ele é transformado em outro, de diferente
tipologia (exemplo: concessão de uso sem prévia autorização legislativa; a concessão é transformada em permissão de
uso, que não precisa de autorização legislativa para que seja um ato válido – conversão).
O ato nulo, embora não possa ser convalidado, poderá ser convertido, transformando-se em ato válido.
CONCEITO:
Contrato administrativo é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com o particular
ou com outra entidade da administração pública, para concretização de objetivos de interesse público.
PRINCÍPIOS NORTEADORES:
1. AUTONOMIA DA VONTADE:
A autonomia da vontade significa o poder das partes de contratar aquilo que melhor lhes convier. É a liberdade
de contratar e, portanto, de produzir efeitos jurídicos.
3. FORÇA OBRIGATÓRIA:
O contrato é lei entre as partes. Assim, um contrato válido e eficaz deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt
servanda.
4. BOA FÉ CONTRATUAL:
Dever das partes de agir de forma correta antes, durante e depois do contrato.
É, acima de tudo, uma condição de lealdade de agir.
Consensual: porque efetiva um acordo de vontades, não traduz ato impositivo da administração pública;
Pessoal: porque deve ser executado pelo próprio contratado, em princípio, sendo proibida a substituição por
outra pessoa.
A Exigência de Prévia Licitação: porque a administração representa a coletividade, só pode agir diante das
necessidades da coletividade. A licitação só será dispensada nos casos expressamente autorizados por lei.
Competência:
- Legislativa: de acordo com o Art. 22, Inciso XXVII da Constituição Federal, compete privativamente à União
legislar sobre licitações.
- Administrativa: a competência para licitar, ou seja, utilizar as regras já existentes para realizar tal procedimento
administrativo, é descentralizada, em razão da forma de atuar do Estado Federal. Assim, União, Estados, Distrito
Federal e Municípios podem licitar.
PRINCÍPIOS:
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada
em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que
lhes são correlatos.
GERAIS:
- Isonomia: exige tratamento igual para todos os interessados em participar da licitação, dentro das condições
estipuladas no edital.
- Legalidade: exige que o agente público aja exatamente na forma exigida e descrita na lei. Temos que o administrador
público só pode fazer o que a lei permite.
- Publicidade: exige que todos os atos da administração pública sejam publicados nos diários oficiais e, em alguns
casos, em jornais de grande circulação.
- Impessoalidade: exige duas coisas do agente público: primeiro que ele não utilize a máquina administrativa (bens e
dinheiro) para fazer propaganda pessoal; segundo que ele dê tratamento impessoal a todos que precisarem da
administração pública, sem fazer distinção, sem preconceitos ou privilégios.
- Eficiência: exige que a administração pública apresente à coletividade serviços prestados de maneira adequada. Três
características se destacam: produtividade, atendimento com presteza e atualidade técnica e tecnológica.
ESPECÍFICOS:
- Vinculação ao edital: A administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha
estritamente vinculada. É a regra inserida no Art. 41 da Lei 8.666/93.
- Julgamento objetivo das propostas: diz o Art. 45 da Lei 8.666/93 que o julgamento das propostas será objetivo,
devendo a comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
O parágrafo 1º do mesmo artigo explicita os seguintes critérios: menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior
lance ou oferta, neste último caso em alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
- Adjudicação compulsória: a administração pública deve entregar o objeto da licitação à proposta considerada
vencedora, nos termos previstos no edital.
Exige-se que a administração siga estritamente a ordem de classificação, favorecendo o primeiro colocado, dando
chances ao demais participantes apenas se o primeiro colocado não tiver interesse no contrato ou não cumprir com as
exigências legais (Art. 50 da 8.666/93).
O prazo estipulado pela lei para que a adjudicação se concretize é de 60 dias, findo o qual o particular não estará mais
obrigado a manter sua proposta (Art. 60 da 8.666/93).
21
Dispensa e Inexigibilidade de Licitação
A Constituição Federal tem a seguinte regra no Art. 37, Inciso XXI, prevendo estes dois institutos como exceção à
regra geral:
“ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”
O Valor (pequeno): neste caso considera-se para a dispensa o pequeno valor, com dispõem os Incisos I e II do Art. 24.
A Situação: neste caso, o que justifica a contratação direta é a situação excepcional, anormal, são os casos de guerra,
grave perturbação da ordem ou situações emergências como nos estados de calamidade pública, é o previsto, por
exemplo, no Inciso IV do Art. 24 da citada lei.
Da Pessoa Do Contratado: este critério leva em consideração apenas as características da pessoa a ser contratada. São
os casos dos Incisos XIII, XVI, e XX do Art. 24.
Características do Objeto: como exemplos da utilização deste critério temos: a contratação de remanescente de obra,
serviço ou fornecimento em consequência de rescisão contratual, como previsto no Inciso XI do Art. 24, negociações
com imóveis, sendo que o imóvel buscado é aquele que atenderá as necessidades da administração pública, como
previsto no Art. X do Art. 24 e compra de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, como disposto no Inciso
XII do Art. 24.
São três os critérios para que a licitação não seja exigida, de acordo com o Art. 25 da citada lei:
Fornecedor Exclusivo: esta hipótese apresenta três situações diferentes, a aquisição de materiais, de equipamentos ou
gêneros, desde que estes só possam ser fornecidos por um produtor ou fornecedor. Exigindo-se, porém atestado de
exclusividade, emitido por órgão específico (Art. 25, I).
Notória Especialização: esta hipótese possibilita a contratação sem licitação, de profissionais notoriamente
especializados para o exercício de atividades singulares. Exige-se o cumprimento de dois requisitos: a caracterização
de um serviço de natureza singular e a contratação de um profissional notoriamente especializado (Art. 25, II).
Setor Artístico: motiva a contratação direta do artista por ser inviável a abertura de licitação, mas exige-se que o
contratado seja aclamado pela crítica ou pela opinião pública.
Em todas as hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação, o preço pago deve ser aquele praticado no mercado.
Modalidades de Licitação: são as elencadas no Art. 22 da Lei 8.666/93, quais sejam: concorrência, tomada de
preços, convite, concurso e leilão e ainda o pregão, modalidade introduzida pela Lei 10.520/02
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de
das concorrências, das tomadas de preços, dos licitação feita por órgão ou entidade da Administração
concursos e dos leilões, embora realizados no local da Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
repartição interessada, deverão ser publicados com financiadas parcial ou totalmente com recursos federais
antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada ou garantidas por instituições federais; (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994) pela Lei nº 8.883, de 1994)
22
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito § 4o Qualquer modificação no edital exige
Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação divulgação pela mesma forma que se deu o texto
feita por órgão ou entidade da Administração Pública original, reabrindo-se o prazo inicialmente
Estadual ou Municipal, ou do Distrito estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a
Federal; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) alteração não afetar a formulação das propostas.
III - em jornal diário de grande circulação no Estado Art. 22. São modalidades de licitação:
e também, se houver, em jornal de circulação no
Município ou na região onde será realizada a obra, I - concorrência;
prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o II - tomada de preços;
bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto III - convite;
da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação IV - concurso;
para ampliar a área de competição. (Redação dada pela V - leilão.
Lei nº 8.883, de 1994)
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação
o
§ 1 O aviso publicado conterá a indicação do local entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
em que os interessados poderão ler e obter o texto habilitação preliminar, comprovem possuir os
integral do edital e todas as informações sobre a requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
licitação. para execução de seu objeto.
Art. 5º É vedada a exigência de: I - são considerados bens e serviços comuns da área da
I - garantia de proposta; saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição que integram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões
para participação no certame; e de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os definidos no edital, por meio de especificações usuais
referentes a fornecimento do edital, que não serão do mercado.
superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos
custos de utilização de recursos de tecnologia da II - quando o quantitativo total estimado para a
informação, quando for o caso. contratação ou fornecimento não puder ser atendido
pelo licitante vencedor, admitir-se-á a convocação de
Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 tantos licitantes quantos forem necessários para o
(sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital. atingimento da totalidade do quantitativo, respeitada a
ordem de classificação, desde que os referidos
Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade licitantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta
da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de vencedora.
entregar ou apresentar documentação falsa exigida para
o certame, ensejar o retardamento da execução de seu III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no
objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados
execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo outros preços diferentes da proposta vencedora, desde
ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e que se trate de objetos de qualidade ou desempenho
contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou superior, devidamente justificada e comprovada a
Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao
sistemas de cadastramento de fornecedores a que se limite máximo admitido.”
refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de
até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas SERVIDORES PÚBLICOS
em edital e no contrato e das demais cominações legais.
CARGO PÚBLICO: São os mais simples e
Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os
decorrentes de meios eletrônicos, serão documentados indivisíveis unidades de competência a serem
29
expressadas por um agente, prevista em número certo, II - o gozo dos direitos políticos;
com denominação própria, retribuídas por pessoa
III - a quitação com as obrigações militares e
jurídica de direito público e criadas por lei. eleitorais;
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá
todos os brasileiros, são criados por lei, com com a posse.
denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos, para provimento em caráter efetivo ou em Art. 8o São formas de provimento de cargo
comissão. público:
Parágrafo único. Os demais requisitos para o § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração
ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, específica.
mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que
fixar as diretrizes do sistema de carreira na § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de
Administração Pública Federal e seus cargo por nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
regulamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de de 10.12.97)
10.12.97)
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará
Seção III declaração de bens e valores que constituem seu
patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de
Do Concurso Público outro cargo, emprego ou função pública.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento
títulos, podendo ser realizado em duas etapas, se a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste
conforme dispuserem a lei e o regulamento do artigo.
respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição
do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, Art. 14. A posse em cargo público dependerá de
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as prévia inspeção médica oficial.
hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele
10.12.97) (Regulamento) que for julgado apto física e mentalmente para o
exercício do cargo.
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
(dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das
por igual período. atribuições do cargo público ou da função de
confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 1o O prazo de validade do concurso e as 10.12.97)
condições de sua realização serão fixados em edital,
que será publicado no Diário Oficial da União e em § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor
jornal diário de grande circulação. empossado em cargo público entrar em exercício,
contados da data da posse. (Redação dada pela Lei nº
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto 9.527, de 10.12.97)
houver candidato aprovado em concurso anterior com
prazo de validade não expirado. § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será
tornado sem efeito o ato de sua designação para função
Seção IV de confiança, se não entrar em exercício nos prazos
31
previstos neste artigo, observado o disposto no art. § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função
18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de confiança submete-se a regime de integral dedicação
ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
§ 3o À autoridade competente do órgão ou ser convocado sempre que houver interesse da
entidade para onde for nomeado ou designado o Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
servidor compete dar-lhe exercício. (Redação dada pela 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a
o
§ 4 O início do exercício de função de confiança duração de trabalho estabelecida em leis
coincidirá com a data de publicação do ato de especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
designação, salvo quando o servidor estiver em licença
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor
em que recairá no primeiro dia útil após o término do nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e
publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
capacidade serão objeto de avaliação para o
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o desempenho do cargo, observados os seguinte
reinício do exercício serão registrados no assentamento fatores: (Vide EMC nº 19)
individual do servidor.
I - assiduidade;
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o
servidor apresentará ao órgão competente os elementos II - disciplina;
necessários ao seu assentamento individual.
III - capacidade de iniciativa;
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de IV - produtividade;
exercício, que é contado no novo posicionamento na
carreira a partir da data de publicação do ato que V- responsabilidade.
promover o servidor. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do
estágio probatório, será submetida à homologação da
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro autoridade competente a avaliação do desempenho do
município em razão de ter sido removido, redistribuído, servidor, realizada por comissão constituída para essa
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem
prazo, contados da publicação do ato, para a retomada prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
do efetivo desempenho das atribuições do cargo, enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
incluído nesse prazo o tempo necessário para o (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
deslocamento para a nova sede. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) § 2o O servidor não aprovado no estágio
probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto
licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere no parágrafo único do art. 29.
este artigo será contado a partir do término do
impedimento. (Parágrafo renumerado e alterado pela § 3o O servidor em estágio probatório poderá
Lei nº 9.527, de 10.12.97) exercer quaisquer cargos de provimento em comissão
ou funções de direção, chefia ou assessoramento no
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser
estabelecidos no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de
10.12.97) Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS,
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº
trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes 9.527, de 10.12.97)
aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do
trabalho semanal de quarenta horas e observados os § 4o Ao servidor em estágio probatório somente
limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
8.270, de 17.12.91) assim afastamento para participar de curso de formação
decorrente de aprovação em concurso para outro cargo
32
na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei nº ou (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
9.527, de 10.12.97) 4.9.2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
assegurada ampla defesa. § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no
cargo resultante de sua transformação. (Incluído pela
Seção VII Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - por invalidez, quando junta médica oficial Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já
declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; tiver completado 70 (setenta) anos de idade.
33
Seção IX Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento
e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
Da Reintegração exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do
servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no Capítulo II
cargo resultante de sua transformação, quando
invalidada a sua demissão por decisão administrativa Da Vacância
ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o de:
servidor ficará em disponibilidade, observado o
disposto nos arts. 30 e 31. I - exoneração;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a
outro cargo; pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo I - quando não satisfeitas as condições do estágio
de origem, o servidor será aproveitado em outro, probatório;
observado o disposto no art. 30.
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não
Seção XI entrar em exercício no prazo estabelecido.
Da Redistribuição Capítulo IV
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao
computadas, nem acumuladas, para efeito de concessão servidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em
de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, virtude de mandato eletivo.
sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
37
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele Da Indenização de Transporte
que, não sendo servidor da União, for nomeado para
cargo em comissão, com mudança de domicílio. Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte
ao servidor que realizar despesas com a utilização de
Parágrafo único. No afastamento previsto no meio próprio de locomoção para a execução de
inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo serviços externos, por força das atribuições próprias do
órgão cessionário, quando cabível. cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Subseção II
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no
Das Diárias ressarcimento das despesas comprovadamente
realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da com meio de hospedagem administrado por empresa
sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da
do território nacional ou para o exterior, fará jus a despesa pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de
passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas 2006)
de despesas extraordinária com pousada, alimentação e
locomoção urbana, conforme dispuser em Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao
regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de servidor se atendidos os seguintes requisitos: (Incluído
10.12.97) pela Lei nº 11.355, de 2006)
§ 1o A diária será concedida por dia de I - não exista imóvel funcional disponível para uso
afastamento, sendo devida pela metade quando o pelo servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou
quando a União custear, por meio diverso, as despesas II - o cônjuge ou companheiro do servidor não
extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela ocupe imóvel funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355,
Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 2006)
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro
constituir exigência permanente do cargo, o servidor não seja ou tenha sido proprietário, promitente
não fará jus a diárias. comprador, cessionário ou promitente cessionário de
imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de
se deslocar dentro da mesma região metropolitana, construção, nos doze meses que antecederem a sua
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por nomeação; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em
áreas de controle integrado mantidas com países IV - nenhuma outra pessoa que resida com o
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, servidor receba auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº
entidades e servidores brasileiros considera-se 11.355, de 2006)
estendida, salvo se houver pernoite fora da sede,
hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as V - o servidor tenha se mudado do local de
fixadas para os afastamentos dentro do território residência para ocupar cargo em comissão ou função de
nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) confiança do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se Especial, de Ministro de Estado ou
afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
VI - o Município no qual assuma o cargo em
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor comissão ou função de confiança não se enquadre nas
retornar à sede em prazo menor do que o previsto para hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de
o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela Lei
excesso, no prazo previsto no caput. nº 11.355, de 2006)
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de VII - adicional de férias;
alteração de lotação ou nomeação para cargo
efetivo. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
trabalho.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de
junho de 2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) IX - gratificação por encargo de curso ou
concurso. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será
considerado o prazo no qual o servidor estava
ocupando outro cargo em comissão relacionado no
inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 80. As férias somente poderão ser Art. 83. Poderá ser concedida licença ao
interrompidas por motivo de calamidade pública, servidor por motivo de doença do cônjuge ou
comoção interna, convocação para júri, serviço militar companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou
ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas
pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação expensas e conste do seu assentamento funcional,
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Férias de mediante comprovação por perícia médica
Ministro - Vide) oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor Da Licença para Capacitação
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
deslocado para outro ponto do território nacional, para
o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo
Poderes Executivo e Legislativo. exercício, o servidor poderá, no interesse da
Administração, afastar-se do exercício do cargo
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem efetivo, com a respectiva remuneração, por até três
remuneração. meses, para participar de curso de capacitação
profissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge 10.12.97)
ou companheiro também seja servidor público, civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Parágrafo único. Os períodos de licença de que
do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver trata o caput não são acumuláveis.(Redação dada pela
exercício provisório em órgão ou entidade da Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Administração Federal direta, autárquica ou
fundacional, desde que para o exercício de atividade Seção VII
compatível com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o Parágrafo único. A licença poderá ser
servidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor
reassumir o exercício do cargo. ou no interesse do serviço. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção V
Seção VIII
Da Licença para Atividade Política
Da Licença para o Desempenho de Mandato
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem Classista
remuneração, durante o período que mediar entre a sua
escolha em convenção partidária, como candidato a Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à
cargo eletivo, e a véspera do registro de sua licença sem remuneração para o desempenho de
candidatura perante a Justiça Eleitoral. mandato em confederação, federação, associação de
classe de âmbito nacional, sindicato representativo da
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
localidade onde desempenha suas funções e que exerça ainda, para participar de gerência ou administração em
cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação sociedade cooperativa constituída por servidores
ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia públicos para prestar serviços a seus membros,
imediato ao do registro de sua candidatura perante a observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art.
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e
pleito. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) observados os seguintes limites: (Redação dada pela
Lei nº 11.094, de 2005)
43
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de
associados, 2 (dois) servidores; (Redação dada pela Lei origem. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
nº 12.998, de 2014)
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a publicada no Diário Oficial da União. (Redação dada
30.000 (trinta mil) associados, 4 (quatro) pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) da República, o servidor do Poder Executivo poderá ter
associados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei exercício em outro órgão da Administração Federal
nº 12.998, de 2014) direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para
fim determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores 8.270, de 17.12.91)
eleitos para cargos de direção ou de representação nas
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão § 5º Aplica-se à União, em se tratando de
competente. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de empregado ou servidor por ela requisitado, as
2014) disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
§ 2o A licença terá duração igual à do mandato,
podendo ser renovada, no caso de reeleição. (Redação § 6º As cessões de empregados de empresa
dada pela Lei nº 12.998, de 2014) pública ou de sociedade de economia mista, que receba
recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou
Capítulo V parcial da sua folha de pagamento de pessoal,
independem das disposições contidas nos incisos I e II
Dos Afastamentos e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do
empregado cedido condicionado a autorização
Seção I específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº
Entidade 10.470, de 25.6.2002)
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da Gestão, com a finalidade de promover a composição da
União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos força de trabalho dos órgãos e entidades da
Municípios, nas seguintes hipóteses: (Redação dada Administração Pública Federal, poderá determinar a
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento) (Vide lotação ou o exercício de empregado ou servidor,
Decreto nº 4.493, de 3.12.2002) (Regulamento) independentemente da observância do constante no
inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei
nº 10.470, de 25.6.2002) (Vide Decreto nº 5.375, de
I - para exercício de cargo em comissão ou função
2005)
de confiança; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
17.12.91)
Seção II
II - em casos previstos em leis específicas.
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou aplicam-se as seguintes disposições:
dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão
ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente I - tratando-se de mandato federal, estadual ou
nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de distrital, ficará afastado do cargo;
17.12.91)
II - investido no mandato de Prefeito, será
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
pública ou sociedade de economia mista, nos termos remuneração;
das respectivas normas, optar pela remuneração do
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo III - investido no mandato de vereador:
acrescida de percentual da retribuição do cargo em
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso
44
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá exercício do cargo efetivo, com a respectiva
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração, para participar em programa de pós-
remuneração do cargo eletivo; graduação stricto sensu em instituição de ensino
superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
b) não havendo compatibilidade de horário, será
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou
remuneração. entidade definirá, em conformidade com a legislação
vigente, os programas de capacitação e os critérios para
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor participação em programas de pós-graduação no País,
contribuirá para a seguridade social como se em com ou sem afastamento do servidor, que serão
exercício estivesse. avaliados por um comitê constituído para este
fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou
classista não poderá ser removido ou redistribuído de § 2o Os afastamentos para realização de programas
ofício para localidade diversa daquela onde exerce o de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
mandato. servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para
Seção III mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o
período de estágio probatório, que não tenham se
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior afastado por licença para tratar de assuntos particulares
para gozo de licença capacitação ou com fundamento
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da
para estudo ou missão oficial, sem autorização do solicitação de afastamento. (Incluído pela Lei nº
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do 11.907, de 2009)
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal
Federal. § 3o Os afastamentos para realização de programas
de pós-doutorado somente serão concedidos aos
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e servidores titulares de cargos efetivo no respectivo
finda a missão ou estudo, somente decorrido igual órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído
período, será permitida nova ausência. o período de estágio probatório, e que não tenham se
afastado por licença para tratar de assuntos particulares
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste
anteriores à data da solicitação de afastamento.
artigo não será concedida exoneração ou licença para
(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
tratar de interesse particular antes de decorrido período
igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de
ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que
permanecer no exercício de suas funções após o seu
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos
retorno por um período igual ao do afastamento
servidores da carreira diplomática.
concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração
autorização de que trata este artigo, inclusive no que se
do cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o
refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
período de permanência previsto no § 4 o deste artigo,
em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
deverá ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art.
10.12.97)
47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990 , dos
gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em 11.907, de 2009)
organismo internacional de que o Brasil participe ou
com o qual coopere dar-se-á com perda total da
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau
remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de 2000)
que justificou seu afastamento no período previsto,
aplica-se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na
Seção IV hipótese comprovada de força maior ou de caso
Do Afastamento para Participação em Programa fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 98. Será concedido horário especial ao Parágrafo único. O requerimento e o pedido de
servidor estudante, quando comprovada a reconsideração de que tratam os artigos anteriores
incompatibilidade entre o horário escolar e o da deverão ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e
repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. decididos dentro de 30 (trinta) dias.
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de
exigida a compensação de horário no órgão ou entidade 2010)
que tiver exercício, respeitada a duração semanal do
trabalho. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
9.527, de 10.12.97)
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
o
§ 2 Também será concedido horário especial ao interpostos.
servidor portador de deficiência, quando comprovada a
necessidade por junta médica oficial, § 1o O recurso será dirigido à autoridade
independentemente de compensação de imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala
ascendente, às demais autoridades.
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são
extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou § 2o O recurso será encaminhado por intermédio
dependente portador de deficiência física, exigindo-se, da autoridade a que estiver imediatamente subordinado
porém, neste caso, compensação de horário na forma o requerente.
do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) Art. 108. O prazo para interposição de pedido de
reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da
vinculado à compensação de horário a ser efetivada no decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe
atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76- Art. 109. O recurso poderá ser recebido com
A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de efeito suspensivo, a juízo da autoridade competente.
2007)
46
Parágrafo único. Em caso de provimento do a) ao público em geral, prestando as informações
pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
decisão retroagirão à data do ato impugnado.
b) à expedição de certidões requeridas para defesa
Art. 110. O direito de requerer prescreve: de direito ou esclarecimento de situações de interesse
pessoal;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão
e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes
das relações de trabalho; VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, superior ou, quando houver suspeita de envolvimento
salvo quando outro prazo for fixado em lei. desta, ao conhecimento de outra autoridade competente
para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, de
Parágrafo único. O prazo de prescrição será 2011)
contado da data da publicação do ato impugnado ou da
data da ciência pelo interessado, quando o ato não for VII - zelar pela economia do material e a
publicado. conservação do patrimônio público;
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
IX - manter conduta compatível com a moralidade
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não administrativa;
podendo ser relevada pela administração.
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é
assegurada vista do processo ou documento, na XI - tratar com urbanidade as pessoas;
repartição, ao servidor ou a procurador por ele
constituído. XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
abuso de poder.
Art. 114. A administração deverá rever seus atos,
a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Parágrafo único. A representação de que trata o
inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual
estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força é formulada, assegurando-se ao representando ampla
maior. defesa.
Título IV Capítulo II
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
cargo; competente, qualquer documento ou objeto da
repartição;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - recusar fé a documentos públicos;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - opor resistência injustificada ao andamento
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando de documento e processo ou execução de serviço;
manifestamente ilegais;
V - promover manifestação de apreço ou
V - atender com presteza: desapreço no recinto da repartição;
47
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora I - participação nos conselhos de administração e
dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição fiscal de empresas ou entidades em que a União
que seja de sua responsabilidade ou de seu detenha, direta ou indiretamente, participação no
subordinado; capital social ou em sociedade cooperativa constituída
para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de Lei nº 11.784, de 2008
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político; II - gozo de licença para o trato de interesses
particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo legislação sobre conflito de interesses. (Incluído pela
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou Lei nº 11.784, de 2008
parente até o segundo grau civil;
Capítulo III
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
ou de outrem, em detrimento da dignidade da função Da Acumulação
pública;
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na
X - participar de gerência ou administração de Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
sociedade privada, personificada ou não personificada, cargos públicos.
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos,
11.784, de 2008 empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista da
XI - atuar, como procurador ou intermediário, União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de e dos Municípios.
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes
até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita,
fica condicionada à comprovação da compatibilidade
XII - receber propina, comissão, presente ou de horários.
vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições; § 3o Considera-se acumulação proibida a
percepção de vencimento de cargo ou emprego público
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os
estado estrangeiro; cargos de que decorram essas remunerações forem
acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527,
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; de 10.12.97)
XV - proceder de forma desidiosa; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de
um cargo em comissão, exceto no caso previsto no
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela
repartição em serviços ou atividades particulares; participação em órgão de deliberação coletiva.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
XVII - cometer a outro servidor atribuições
estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
emergência e transitórias; aplica à remuneração devida pela participação em
conselhos de administração e fiscal das empresas
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam públicas e sociedades de economia mista, suas
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e subsidiárias e controladas, bem como quaisquer
com o horário de trabalho; empresas ou entidades em que a União, direta ou
indiretamente, detenha participação no capital social,
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais observado o que, a respeito, dispuser legislação
quando solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº
10.12.97) 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta
X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 quando investido em cargo de provimento em
comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos,
salvo na hipótese em que houver compatibilidade de
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horário e local com o exercício de um deles, declarada Das Penalidades
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
envolvidos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 127. São penalidades disciplinares:
10.12.97)
I - advertência;
Capítulo IV
II - suspensão;
Das Responsabilidades
III - demissão;
Art. 121. O servidor responde civil, penal e
administrativamente pelo exercício irregular de suas IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
atribuições.
V - destituição de cargo em comissão;
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte VI - destituição de função comissionada.
em prejuízo ao erário ou a terceiros.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente consideradas a natureza e a gravidade da infração
causado ao erário somente será liquidada na forma cometida, os danos que dela provierem para o serviço
prevista no art. 46, na falta de outros bens que público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
assegurem a execução do débito pela via judicial. antecedentes funcionais.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço III - pelo chefe da repartição e outras autoridades
público federal o servidor que for demitido ou na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
destituído do cargo em comissão por infringência do nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. (trinta) dias;
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
dias consecutivos.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a
falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
dias, interpoladamente, durante o período de doze com demissão, cassação de aposentadoria ou
meses. disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o IX - adoção de formas simples, suficientes para
processo administrativo no âmbito da Administração propiciar adequado grau de certeza, segurança e
Federal direta e indireta, visando, em especial, à respeito aos direitos dos administrados;
proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
cumprimento dos fins da Administração. X - garantia dos direitos à comunicação, à
apresentação de alegações finais, à produção de provas
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos e à interposição de recursos, nos processos de que
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, possam resultar sanções e nas situações de litígio;
quando no desempenho de função administrativa.
XI - proibição de cobrança de despesas
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: processuais, ressalvadas as previstas em lei;
Parágrafo único. Nos processos administrativos I - ser tratado com respeito pelas autoridades e
serão observados, entre outros, os critérios de: servidores, que deverão facilitar o exercício de seus
direitos e o cumprimento de suas obrigações;
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - ter ciência da tramitação dos processos
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a administrativos em que tenha a condição de
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
salvo autorização em lei;
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documentos neles contidos e conhecer as decisões emprego ou função nas entidades mencionadas no
proferidas; artigo anterior.
III - formular alegações e apresentar documentos Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no
antes da decisão, os quais serão objeto de consideração que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
pelo órgão competente; público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por direta ou indireta.
advogado, salvo quando obrigatória a representação,
por força de lei. Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou
hierarquia são obrigados a velar pela estrita
CAPÍTULO III observância dos princípios de legalidade,
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
assuntos que lhe são afetos.
Art. 4o São deveres do administrado perante a
Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
normativo: ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
I - expor os fatos conforme a verdade;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou
valores acrescidos ao seu patrimônio.
III - não agir de modo temerário;
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão
IV - prestar as informações que lhe forem ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento
solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável
pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a
LEI 8.429/92 indisponibilidade dos bens do indiciado.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, econômica, direta ou indireta, a título de comissão,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra percentagem, gratificação ou presente de quem tenha
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
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amparado por ação ou omissão decorrente das do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
atribuições do agente público; art. 1° desta lei;
II - perceber vantagem econômica, direta ou XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas,
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior
ao valor de mercado; Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que
III - perceber vantagem econômica, direta ou Causam Prejuízo ao Erário
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
de bem público ou o fornecimento de serviço por ente Art. 10. Constitui ato de improbidade
estatal por preço inferior ao valor de mercado; administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
veículos, máquinas, equipamentos ou material de dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de no art. 1º desta lei, e notadamente:
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
bem como o trabalho de servidores públicos, I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
empregados ou terceiros contratados por essas incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física
entidades; ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades
V - receber vantagem econômica de qualquer mencionadas no art. 1º desta lei;
natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal integrantes do acervo patrimonial das entidades
vantagem; mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
VI - receber vantagem econômica de qualquer espécie;
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
sobre medição ou avaliação em obras públicas ou III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
medida, qualidade ou característica de mercadorias ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no
no art. 1º desta lei; art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à locação de bem integrante do patrimônio de qualquer
evolução do patrimônio ou à renda do agente público; das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer ao de mercado;
atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa
física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente locação de bem ou serviço por preço superior ao de
das atribuições do agente público, durante a atividade; mercado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes dispensá-lo indevidamente; (Vide Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
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IX - ordenar ou permitir a realização de despesas V - frustrar a licitude de concurso público;
não autorizadas em lei ou regulamento;
VI - deixar de prestar contas quando esteja
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo obrigado a fazê-lo;
ou renda, bem como no que diz respeito à conservação
do patrimônio público; VII - revelar ou permitir que chegue ao
conhecimento de terceiro, antes da respectiva
XI - liberar verba pública sem a estrita divulgação oficial, teor de medida política ou
observância das normas pertinentes ou influir de econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem
qualquer forma para a sua aplicação irregular; ou serviço.
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que VIII - XVI a XXI - (Vide Lei nº 13.019, de
terceiro se enriqueça ilicitamente; 2014) (Vigência)
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço IX - (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à Referências
disposição de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito
público, empregados ou terceiros contratados por essas Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002
entidades. MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito
Administrativo. 20ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo
tenha por objeto a prestação de serviços públicos por Brasileiro. 21ª Ed. São Paulo: Malheiros, 1996.
meio da gestão associada sem observar as formalidades
previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito
2005) Administrativo. 20ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que
Atentam Contra os Princípios da Administração
Pública
69. Quando a Administração Pública limita direitos 50-C 51-B 52-C 53-D 54-B 55-C 56-E
ou atividades de particulares sem qualquer vínculo
com a Administração, com base na lei, está atuando 57-B 58-A 59-B 60-C 61-C 62-A 63-A
como expressão de seu poder
a) hierárquico. 64-A 65-D 66-C 67-B 68-D 69-B 70-B
b) de polícia.
c) normativo. 71-C 72-E