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1. NOÇÕES GERAIS
O que se entende por Estado?
o Conceito instituição organizada política, social e juridicamente, dotada de personalidade
jurídica de direito público, formada por um território, uma comunidade humana e um
governo soberano, não subordinado juridicamente a qualquer outro poder, externo ou
interno
Governo elemento formador do Estado,
Sentido subjetivo cúpula diretiva do Estado, responsável pela condução
das atividades estatais
Sentido objetivo ou material atividade diretiva do Estado, confundindo-
se com o complexo de suas funções básicas.
o Estado de Direito concepção de Estado na qual a Administração Pública se submete ao
ordenamento jurídico posto, baseado na tripartição dos poderes, na universalidade da
jurisdição (controle da validade dos atos estatais) e na generalização do princípio da
legalidade
o Poderes do Estado segmentos estruturais em que se divide o poder geral e abstrato
decorrente da soberania, dotados de funções típicas e atípicas
o Quais são os Poderes do Estado?
Poder Legislativo função típica de criação normativa e de fiscalização
Poder Judiciário função típica de solucionar definitivamente conflitos de
interesses mediante a provocação do interessado
Poder Executivo função administrativa típica, consistente na defesa concreta dos
interesses públicos, de ofício ou a requerimento, atuando dentro dos limites da lei.
o Os Poderes do Estado também podem exercer funções atípicas:
As funções atípicas de cada poder devem estar previstas na Constituição
As funções atípicas devem ser interpretadas restritivamente, dado o seu caráter
excepcional
o Celso Antônio Bandeira de Mello Função Política ou de Governo, abrangendo os atos
jurídicos do Estado que não se encaixam nas funções anteriores.
O que se entende por Administração Pública?
o Sentido formal (orgânico ou subjetivo) designa conjunto de órgãos e agentes estatais no
exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam
o Sentido objetivo-material função administrativa, devendo ser entendida como a atividade
administrativa exercida pelo Estado para a defesa concreta do interesse público.
Função externa (extroversa) atividade-fim da Administração Pública, visando a
atender interesses públicos primários em benefício diretos dos cidadãos.
Função interna (introversa) atividade-meio, atendendo às necessidades da
coletividade de forma mediata
o Critério objetivo-formal Administração Pública é analisada a partir do regime jurídico
adotado
o Quais são as atividades abrangidas pela Administração Pública?
Poder de Polícia limitação e condicionamento pelo Estado da liberdade e
propriedade privadas em favor do interesse público
Função prestacional prestação de serviços públicos.
Função regulatória (fomento) incentivo a setores sociais específicos em atividades
exercidas por particulares, estimulando o desenvolvimento da ordem social e
econômica
Função de controle poder-dever atribuído ao Estado de verificar a correção e
legalidade da atuação exercida pelos seus próprios órgãos.
o Qual é a relação órgão/pessoa?
Teoria do mandato agentes seriam mandatários do Estado (teoria do mandato)
Estado é despido de vontade, não podendo outorgar mandato
Teoria da representação agentes são representantes do Estado (teoria da
representação)
Estado estaria sendo considerado uma pessoa incapaz
Se o representante exorbitasse os poderes concedidos, não seria
possível responsabilizar o Estado
Teoria do órgão (Otto Von Gierke) vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída
aos órgãos que a compõem
Princípio da imputação volitiva vontade do órgão público é imputada à
pessoa jurídica a cuja estrutura ele pertence
o Relação externa pessoa jurídica e outras pessoas
o Relação interna órgão e a pessoa jurídica englobante
Há 03 teorias de caracterização do órgão:
o Teoria subjetiva órgãos públicos são o próprio agente público
o Teoria objetiva órgão público é a unidade funcional da
organização administrativa
o Teoria eclética círculo de competência e o agente público
exercente
O que se entende por Direito Administrativo?
o Direito Público objeto principal é a regulação dos interesses da sociedade como um todo,
compondo-se de normas que visam a disciplinar as relações jurídicas em que o Estado
aparece como parte
Desigualdade nas relações jurídicas por ele regidas (verticalidade)
Normas imperativas
o Direito Privado objeto principal é a regulação dos interesses dos particulares
Igualdade jurídica entre as partes (horizontalidade)
Normas supletivas, que podem ser afastadas ou modificadas por acordo das
partes interessadas.
o Há 07 critérios para definição do Direito Administrativo:
Critério legalista (escola exegética) Direito Administrativo se resume no conjunto
da legislação administrativa existente no país.
Critério do Poder Executivo Direito Administrativo corresponde à atuação do
Poder Executivo
Critério das relações jurídicas Direito Administrativo é disciplina das relações
jurídicas entre a administração pública e o particular.
Critério do serviço público (Escola do Serviço Público, Leon Duguit) Direito
Administrativo tem por objeto a disciplina jurídica dos serviços públicos
Critério teleológico ou finalístico Direito Administrativo deve ser conceituado
como sistema de princípios jurídicos que regula as atividades do Estado para
cumprimento de seus fins.
Critério negativista Direito Administrativo deve ser conceituado por exclusão,
regulando as funções do Estado que não são legislativas ou jurisdicionais.
Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado distinção entre a
atividade jurídica não contenciosa do Estado e a atividade de cunho social, por meio
da qual estrutura seus órgãos e atividades em geral.
o Conceito moderno ramo do Direito Público consistente em um conjunto harmônico de
regras e princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado".
O objeto do Direito Administrativo é a função administrativa, ainda que ela seja
exercida pelo Poder Legislativo ou pelo Poder Judiciário, de forma atípica.
Teleologia realizar de forma concreta, direta e imediata os fins desejados pelo
Estado
o Ciência da Administração ciência de cunho social consistente no estudo de técnicas e
estratégias para melhor planejar, executar e organizar a gestão governamental, definindo
técnicas de gestão.
O que se entende por regime jurídico administrativo?
o Conceito conjunto harmônico de princípios e regra que definem a lógica da atuação da
Administração Pública e dos agentes administrativos em geral, baseando-se nos princípios da
supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público, definindo
prerrogativas a serem estipuladas ao Estado e limitações impostas ao ente estatal na
persecução do interesse público
o O que se entende pela constitucionalização do Direito Administrativo?
Conceito tendência modernização do conceito de legalidade no Direito
Administrativo (e no Direito Público em geral), introduzindo uma parametricidade
que contempla todos os princípios e regras constitucionais (conceito de
juridicidade), ensejando uma ampliação do controle judicial sobre os atos
administrativos, principalmente no que diz respeito à atuação voltada para políticas
públicas
Há uma redução do âmbito de discricionariedade do legislador
Sentido restrito de legalidade princípio da reserva legal determinadas matérias
da atuação administrativa são reservadas à lei.
Sentido amplo de legalidade abrange não somente a lei formalmente
considerada, mas também os atos normativos emanados do Poder Executivo, além
dos princípios expressos e implícitos no texto constitucional.
Como deve ocorrer a interpretação do Direito Administrativo?
o A interpretação das regras do Direito Administrativo está sujeita aos princípios
hermenêuticos gerais
o Hely Lopes Meirelles 03 pressupostos que devem ser observados na interpretação de
normas de Direito Administrativo
Desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados, em virtude da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
Presunção de legitimidade dos atos da administração
Necessidade de poderes discricionários para a Administração atender ao
interesse
público, haja vista o fato de que o administrador público não atua como mero
interpretador da lei
o Quais são os sistemas de controle da atuação administrativa?
Sistema francês (sistema do contencioso administrativo) sistema da dualidade de
jurisdição proíbe o conhecimento pelo Poder Judiciário, de atos ilícitos praticados
pela Administração Pública, ficando esses atos sujeitos à jurisdição especial do
contencioso administrativo
Jurisdição administrativa Tribunais de natureza administrativa, com
plena jurisdição em matéria administrativa
Jurisdição comum formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com
competência para resolver os demais litígios que não envolvam atuação da
Administração Pública.
Analisa a separação de poderes de forma absoluta
Sistema inglês (sistema de jurisdição única) aquele no qual todos os litígios
podem ser levados à justiça comum
O sistema de unicidade de jurisdição não obsta a realização do controle
de legalidade dos atos administrativos pela própria Administração Pública.
o Qual é o sistema adotado no Brasil?
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema inglês, conforme o princípio
da inafastabilidade da jurisdição ou da unicidade
A formação de coisa julgada administrativa não impede ou obstaculiza a decisão
judicial acerca da matéria, desde que seja provocado a atuar.
A possibilidade de recorrer ao judiciário não depende do esgotamento das
instâncias administrativas.
Exceção ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva
5. PODERES ADMINISTRATIVOS
O que se entende por Poderes Administrativos?
o Conceito conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica atribui aos
órgãos e entidades administrativas para que executem suas tarefas e cumprem suas funções
Instrumentalidade concedidos ao ente estatal para que ele consiga alcançar o fim
público que almeja.
Irrenunciabilidade administrador não pode dispor deles livremente
Obrigatoriedade devem ser obrigatoriamente exercidos pelos titulares (Poderes-
deveres)
o O que se entende por abuso de poder?
Conceito situações nas quais a autoridade pública pratica o ato extrapolando a
competência legal ou visando uma finalidade diversa daquela estipulada pela
legislação.
Excesso de poder autoridade pública atua fora dos limites de sua competência
Desvio de poder quando o agente do Estado praticar visando a alcançar outra
finalidade que não aquela prevista em lei.
O agente público pratica um ato visando interesses individuais,
A autoridade pública pratica o ato respeitando a busca pelo interesse
público, mas não respeitando a finalidade especificada por lei para aquele
determinado ato.
o Quais são as espécies de poderes administrativos quanto aos limites legais?
Poder Vinculado hipóteses em que a previsão legal estabelece de forma
apriorística todos os elementos do ato administrativo, sem que a autoridade pública
possa exercer um juízo de valor sobre a consequência da conduta, quando houver
preenchimento do suporte fático da norma jurídica
Hely Lopes Meirelles poder vinculado ou regrado é aquele que
estabelece único comportamento possível a ser tomado pelo administrador
diante de casos concretos, sem nenhuma liberdade para juízo de
conveniência e oportunidade."
Poder Discricionário hipóteses em que a previsão legal confere margem de
apreciação ao administrador, a quem incumbe a escolha da solução mais adequada
em face do caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência (mérito
administrativo)
A atuação discricionária encontra limites no ordenamento jurídico, não
configurando um poder arbitrário
8. PODER DE POLÍCIA
O que se entende por Poder de Polícia?
o Conceito prerrogativa de direito público, calcada na lei, que autoriza a Administração
Pública a restringir ou condicionar o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do
interesse coletivo
Art. 78 do CTN Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade
regula a prática de ato ou abstenção de fato
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado
ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público
à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.
Poder de Polícia no sentido amplo qualquer atuação restritiva do Poder Público,
abrangendo atos gerais ou concretos
Poder de Polícia em sentido estrito. atuação concreta da Administração Pública
de condicionamento de direitos (Polícia Administrativa)
o Quais são as formas de expressão do Poder de Polícia?
Preventiva disposições genéricas e abstratas que visam prevenir lesões ao
interesse público
Repressiva atos concretos visando à obediência à lei e aos regulamentos
Fiscalizadora
o Quais as diferenças entre Polícia administrativa e Polícia judiciária?
Polícia judiciária atuação administrativa que visa à prevenção e à repressão à
prática de ilícitos criminais
Incide sobre pessoas, de forma ostensiva ou investigativa
Exercida pelas Polícias Civil e Federal
Polícia Administrativa condicionamento dos direitos ou da liberdade, com vistas à
consecução do interesse público
Atua sobre bens, direitos ou atividades.
Atua para evitar ou reprimir o ilícito administrativo.
Exercida por diversos órgãos da Administração.
Quais são os atributos do Poder de Polícia
o Imperatividade possibilidade de impor obrigações aos particulares independentemente de
sua concordância
o Autoexecutoridade A Administração Pública pode executar seus atos e decisões
independentemente de prévia autorização judicial, utilizando-se de seus próprios meios,
desde que haja previsão legal ou se trate de uma situação de urgência
A Administração Pública tem interesse de agir?
STJ A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo
atos em que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão
da inafastabilidade do controle jurisdicional.
o Coercibilidade os atos determinados pela Administração são obrigatórios, podendo haver
a utilização de meios indiretos de coerção
o Discricionariedade Administração Pública tem a liberdade de definir a medida mais
adequada ao interesse público, conforme a oportunidade e conveniência da prática dos atos
de poder de polícia.
STJ A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa,
ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o
licenciamento seja do município ou do estado.
STJ Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da
licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já
que não se confunde a competência para licenciar com a competência para
fiscalizar.
STJ O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de
polícia para impor sanções administrativas relacionadas à transgressão dos preceitos
ditados pelo Código de Defesa do Consumidor - art. 57 da Lei n. 8.078/90.
STJ O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal -
CEF por infração às normas do Código de Defesa do Consumidor,
independentemente da atuação do Banco Central do Brasil.
o O Poder de Polícia é discricionário?
1ª corrente (entendimento tradicional, vide Hely Lopes Meirelles) Poder de
Polícia é marcado pela discricionariedade, podendo o agente público definir a
melhor atuação nos limites e contornos autorizados pela lei.
2ª corrente NÃO é possível afirmar que o poder de polícia seja sempre
discricionário, haja vista a possibilidade de previsão legal de atos vinculados
decorrentes do exercício do poder de polícia (vide licenças)
o Qual é a natureza dos atos de polícia?
Entendimento tradicional poder de polícia constitui um poder negativo, haja
vista o fato de que os atos decorrentes dessa atividade encerram a exigência de
abstenções a particulares (obrigações de não fazer)
Entendimento atual São admitidos atos positivos decorrentes do exercício do
poder de polícia (vide a obrigação de edificação)
É possível a delegação dos atos de polícia?
o Há 04 fases do ciclo de polícia:
Ordem de polícia (restrição de polícia) fase do ciclo de polícia em que a
Administração Pública estabelece os limites e condições necessárias para o exercício
da atividade ou uso dos bens por parte dos particulares.
Consentimento de Polícia fase na qual a Administração exara o consentimento
para que o particular pratique determinada atividade ou para que utilize o bem
segundo a ordem de polícia em vigor.
Fiscalização de Polícia fase na qual a Administração verifica se o particular está
cumprindo as regras estabelecidas na ordem de polícia.
Sanção de Polícia fase na qual a Administração procede à aplicação das
penalidades administrativas para aquele que descumpriu a ordem de polícia.
o As fases da ordem de polícia e de fiscalização de polícia estão presentes em todo e
qualquer ato de poder de polícia, enquanto as fases de consentimento de polícia e de sanção
de polícia podem ocorrer ou não.
o Atividades de Polícia Administrativa são indelegáveis aos particulares, sendo delegáveis
apenas atividades de apoio ao poder de polícia (ex.: instalação de radares)
STJ A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da
delegação do poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo,
não podendo ser considerada relação de trabalho e, por consequência, não está
incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista.
o É possível a delegação para pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública?
Entendimento tradicional possibilidade de delegação apenas das fases de
consentimento de polícia e de fiscalização de polícia, porque estariam ligados ao
Poder de Gestão da Administração Pública
STJ Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de
economia mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório.
Entendimento atual SIM
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de
capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
Qual é a prescrição das sanções de polícia
o Artigo 1º da Lei 9.873/99 Prescreve em cinco anos a ação punitiva
da Administração Pública Federal, direta e indireta
no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor
contados da data da prática do ato
ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado
o STJ Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.
o E se não houver legislação local?
STJ O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas
por Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é
quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo
inaplicáveis as disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à
Administração Pública Federal Direta e Indireta.
o E se o fato constituir crime?
Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir
crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
o Quais são as hipóteses de interrupção do prazo prescricional?
Artigo 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva
pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de
edital
por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
pela decisão condenatória recorrível.
por qualquer ato inequívoco que importe
o em manifestação expressa de tentativa
o de solução conciliatória no âmbito interno da administração
pública federa
Artigo 2º-A Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória
pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
pelo protesto judicial
por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor
por qualquer ato inequívoco
o ainda que extrajudicial
o que importe em reconhecimento do débito pelo devedor;
por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa
o de tentativa de solução conciliatória
o no âmbito interno da administração pública federal.
o Há incidência de prescrição intercorrente?
Artigo. 1 °, §1 ° Incide a prescrição no procedimento administrativo
paralisado por mais de três anos
pendente de julgamento ou despacho
cujos autos serão arquivados de oficio
ou mediante requerimento da parte interessada
sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da
paralisação, se for o caso".
Quais são as demais teses firmadas pelo STJ sobre o Poder de Polícia?
o É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento quando
notório o exercício do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente municipal, sendo
dispensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização.
o Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço
prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos,
decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e
Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regularidade desses equipamentos.
STJ O uso de balança no interior da empresa sem qualquer relação com a
comercialização de produtos não acarreta pagamento de taxa de serviços
metrológicos
o É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores
Mobiliários decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários -
CVM, visto que os efeitos da Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata e se prolongam
enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de beneficiária de
incentivos fiscais.
o Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de Desenvolvimento e
Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa,
tendo em vista que o seu pagamento é compulsório e decorre do exercício regular de poder
de polícia.
É possível a cobrança de multa em múltiplos de salário mínimo?
o Impossibilidade de aplicação de multa administrativa vinculada ao salário mínimo.
o Tal entendimento é baseado na cláusula final do inciso IV do artigo 7º da Constituição Federal
em que a tomada do salário mínimo como parâmetro de cálculo de multa ofende a CF. STF.
1ª Turma. Ag-RE-AgR 1.377.546; SP; Rel. Min. Dias Toffoli, DJE 19/09/2022. STF. 2ª Turma.
ARE 1361517 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/08/2022, DJE 29-08-2022.
o Multa administrativa vinculada ao salário mínimo = INCONSTITUCIONAL
o Multa processual vinculada ao salário mínimo = CONSTITUCIONAL (ADI 4398)
Quando pode ocorrer a inscrição em cadastro de ente público inadimplente?
o A inscrição de entes federados em cadastro de inadimplentes (ou outro que dê causa à
negativa de realização de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres que
impliquem transferência voluntária de recursos), pressupõe o respeito aos princípios do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, somente reconhecido:
a) após o julgamento de tomada de contas especial ou procedimento análogo
perante o Tribunal de Contas, nos casos de descumprimento parcial ou total de
convênio, prestação de contas rejeitada, ou existência de débito decorrente de
ressarcimento de recursos de natureza contratual (salvo os de conta não prestada)
e;
b) após a devida notificação do ente faltoso e o decurso do prazo nela previsto
(conforme constante em lei, regras infralegais ou em contrato), independentemente
de tomada de contas especial, nos casos de não prestação de contas, não
fornecimento de informações, débito decorrente de conta não prestada, ou
quaisquer outras hipóteses em que incabível a tomada de contas especial.
STF. Plenário. RE 1067086, Rel. Rosa Weber, julgado em 16/09/2020 (Repercussão
Geral – Tema 327)