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DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pública: princípios básicos. Poderes administrativos: ........................................................................................................01


Poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. Serviços Públicos:...04
Conceito e princípios; delegação: concessão, permissão e autorização. .................................................................................................09
Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vincula-
ção ................................................................................................................................................................................................................................. 10
Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; autarquias, fundações, empre-
sas públicas e sociedades de economia mista. ....................................................................................................................................................15
Órgãos públicos: conceito, natureza e classificação. .........................................................................................................................................24
Servidores públicos: cargo, emprego e função pública. ..................................................................................................................................27
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo; .................28
Responsabilidade civil do Estado. ..............................................................................................................................................................................35
Improbidade administrativa (Lei nº 8.429/1992). .................................................................................................................................................37
Lei 8666/93 e alterações .................................................................................................................................................................................................49
Lei nº 10.520/02: Do pregão. ........................................................................................................................................................................................77
Do processo administrativo (Lei n° 9.784/99)........................................................................................................................................................79
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Federais: Lei nº 8.112/90 com alterações posteriores: Provimento. Vacância. Di-
reitos e Vantagens. Dos deveres. Das proibições. Da acumulação. Das responsabilidades. Das penalidades. Do processo
administrativo disciplinar e sua revisão. ...................................................................................................................................................................85
Processo Judicial Eletrônico – PJE. Lei nº 11.419/2006; .....................................................................................................................................90
Medida Provisória nº 2.200-2, de 24/08/2001. .....................................................................................................................................................94
Resolução nº 185, de 24/03/2017, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho................................................................................95
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Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o


Estado não é uma pessoa natural determinada, mas uma
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS estrutura organizada e administrada por pessoas que
BÁSICOS. PODERES ADMINISTRATIVOS: ocupam cargos, empregos e funções em seu quadro. Logo,
pode-se dizer que o Estado é uma ficção, eis que não
existe em si, mas sim como uma estrutura organizada pelos
próprios homens.
Administração pública: princípios básicos É de direito público porque administra interesses que
pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios
“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um
é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito
territorial dotada de um poder de mando originário; sob o administrativo.
aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre Em face da organização do Estado, e pelo fato deste
um território, com potestade superior de ação, de mando assumir funções primordiais à coletividade, no interesse
e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema
territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução
é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 14, I). Como de tais funções, buscando atingir da melhor maneira
ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do possível o interesse público visado. A execução de funções
Direito Público como no do Direito Privado, mantendo sempre exclusivamente administrativas constitui, assim, o objeto
sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da do Direito Administrativo, ramo do Direito Público. A
dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente função administrativa é toda atividade desenvolvida pela
superada. O Estado é constituído de três elementos originários Administração (Estado) representando os interesses de
e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Povo terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.
é o componente humano do Estado; Território, a sua base Devido à natureza desses interesses, são conferidos à
física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, Administração direitos e obrigações que não se estendem
que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa
e auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode posição de superioridade em relação a estes.
haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
poder absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária
de conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer a divisão de funções das atividades estatais de maneira
cumprir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual
A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal. A
denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar
clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo
Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o judiciário, a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função
típica de julgar. Em situações específicas, será possível que
independentes e harmônicos entre si e com suas funções
reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organização do
no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário
Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão
exerçam administração.
política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à
Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes,
aos direitos e garantias dos governados. Após as disposições
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
constitucionais que moldam a organização política do Estado
I - a União;
soberano, surgem, através da legislação complementar
e ordinária, e organização administrativa das entidades II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
estatais, de suas autarquias e entidades paraestatais III - os Municípios;
instituídas para a execução desconcentrada e descentralizada IV - as autarquias;
de serviços públicos e outras atividades de interesse coletivo, V - as demais entidades de caráter público criadas
objeto do Direito Administrativo e das modernas técnicas de por lei.
administração”1. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as
Com efeito, o Estado é uma organização dotada de pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado
personalidade jurídica que é composta por povo, território estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto
e soberania. Logo, possui homens situados em determinada ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
localização e sobre eles e em nome deles exerce poder. É
dotado de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Nestes público interno. Mas há características peculiares distintivas
moldes, o Estado tem natureza de pessoa jurídica de direito que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
público. de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. si o exercício das atividades de administração pública.

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A expressão pessoa administrativa também pode reflete a impessoalidade no que tange à contratação de
ser colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam serviços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se ao
pessoas administrativas aquelas pessoas jurídicas princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado
que integram a administração pública sem dispor de pela administração pública é somente o interesse público.
autonomia política (capacidade de auto-organização). Em Com efeito, o interesse particular não pode influenciar no
contraponto, pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente a
de direito público interno – União, Estados, Distrito Federal preservação do interesse coletivo.
e Municípios. c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
Princípios uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
Os princípios da Administração Pública são regras relacionada ao poder público. A administração pública
que surgem como parâmetros para a interpretação das não atua como um particular, de modo que enquanto
demais normas jurídicas, sendo a base da disciplina do o descumprimento dos preceitos morais por parte
direito administrativo. Têm a função de oferecer coerência deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o
e harmonia para o ordenamento jurídico. Quando houver ordenamento jurídico adota tratamento rigoroso do
mais de uma norma, deve-se seguir aquela que mais se comportamento imoral por parte dos representantes do
compatibiliza com os princípios elencados na Constituição Estado. O princípio da moralidade deve se fazer presente
Federal, ou seja, interpreta-se, sempre, consoante os não só para com os administrados, mas também no âmbito
ditames da Constituição. interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom
administrador, que não somente deve ser conhecedor da
Princípios constitucionais expressos lei, mas também dos princípios éticos regentes da função
São princípios da administração pública, nesta ordem: administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE
Legalidade ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação
Impessoalidade com os dois princípios anteriores.
Moralidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Publicidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Eficiência atos e a todas informações armazenadas nos seus bancos
de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e a
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Administração Pública. É de fundamental importância um todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas indevidamente a fornecer informações ao administrado
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, caracteriza ato de improbidade administrativa.
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho2 e No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
Spitzcovsky3: o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade político-eleitoral:
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe.
Contudo, como a administração pública representa os Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei caráter educativo, informativo ou de orientação social,
expressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na públicos.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita. Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
interesses que representa, a administração pública instrumentos para proteção são o direito de petição e
está proibida de promover discriminações gratuitas. as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e -
Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos demais, residualmente - do mandado de segurança. Neste viés,
privilegiando ou prejudicando. Segundo este princípio, a ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º:
administração pública deve tratar igualmente todos aqueles
que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação participação do usuário na administração pública
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direta e indireta, regulando especialmente:
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
2010. públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
3 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
ed. São Paulo: Método, 2011. interna, da qualidade dos serviços;

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II - o acesso dos usuários a registros administrativos e Em relação à necessidade de motivação dos atos
a informações sobre atos de governo, observado o disposto administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
no art. 5º, X e XXXIII; único comportamento possível) e dos atos discricionários
III - a disciplina da representação contra o exercício (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com
administração pública. um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina
é uníssona na determinação da obrigatoriedade de
e) Princípio da eficiência: A administração pública motivação com relação aos atos administrativos vinculados;
todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
atos discricionários.
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
Meirelles5 entende que o ato discricionário, editado
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualificados
sob os limites da Lei, confere ao administrador uma
ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus margem de liberdade para fazer um juízo de conveniência
cargos (pois é possível exonerar um servidor público por e oportunidade, não sendo necessária a motivação. No
ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de entanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a condicionar-se a esta, em razão da necessidade de
procura por produtividade e economicidade. Alcança os observância da Teoria dos Motivos Determinantes. O
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se entendimento majoritário da doutrina, porém, é de que,
referindo diretamente à conduta dos agentes. mesmo no ato discricionário, é necessária a motivação para
que se saiba qual o caminho adotado pelo administrador.
Outros princípios administrativos Gasparini6, com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98,
aponta inclusive a superação de tais discussões doutrinárias,
Além destes cinco princípios administrativo- pois o referido artigo exige a motivação para todos os atos
constitucionais diretamente selecionados pelo constituinte, nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos
podem ser apontados como princípios de natureza ética discricionários quanto os vinculados.
relacionados à função pública a probidade e a motivação: c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
a) Princípio da probidade: um princípio constitucional O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
incluído dentro dos princípios específicos da licitação,
por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
é o dever de todo o administrador público, o dever de
delegada, deve a Administração, até por uma questão de
honestidade e fidelidade com o Estado, com a população,
coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
no desempenho de suas funções. Possui contornos mais Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos,
definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini4 o Estado é obrigado a não interromper a prestação dos
alerta que alguns autores tratam veem como distintos os serviços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22
princípios da moralidade e da probidade administrativa, do Código de Defesa do Consumidor:
mas não há características que permitam tratar os mesmos
como procedimentos distintos, sendo no máximo possível Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
afirmar que a probidade administrativa é um aspecto concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
particular da moralidade administrativa. forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais contínuos.
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão danos causados, na forma prevista neste código.
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
d) Princípio da Supremacia do Interesse Público
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da
sobre o Particular e Princípio da Indisponibilidade:
Administração.
Na maioria das vezes, a Administração, para buscar de
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável
maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se
ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente colocar em um patamar de superioridade em relação aos
levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os particulares, numa relação de verticalidade, e para isto se
atos administrativos devem ser motivados para que o utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao princípio
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem irrenunciável, por não haver faculdade de atuação ou não
ser observados os motivos dos atos administrativos. do Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
4 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª 6 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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Sempre que houver conflito entre um interesse individual Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
e um interesse público coletivo, deve prevalecer o interesse mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos.
público. São as prerrogativas conferidas à Administração Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito
Pública, porque esta atua por conta de tal interesse. Com anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade origina-
efeito, o exame do princípio é predominantemente feito se do direito germânico (muito mais metódico, objetivo e
no caso concreto, analisando a situação de conflito entre organizado), muito embora uma tenha buscado inspiração na
o particular e o interesse público e mensurando qual deve outra certas vezes. Por conta de sua origem, a proporcionalidade
prevalecer. tem parâmetros mais claros nos quais pode ser trabalhada,
e) Princípios da Tutela e da Autotutela da enquanto a razoabilidade permite um processo interpretativo
Administração Pública: a Administração possui a faculdade mais livre. Evidencia-se o maior sentido jurídico e o evidente
de rever os seus atos, de forma a possibilitar a adequação caráter delimitado da proporcionalidade pela adoção em
destes à realidade fática em que atua, e declarar nulos os doutrina de sua divisão clássica em 3 sentidos:
efeitos dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O - adequação, pertinência ou idoneidade: significa que o
sistema de controle dos atos da Administração adotado no meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pretendido;
Brasil é o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma - necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida
inexorável, ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no restritiva de um direito humano ou fundamental somente é
âmbito da Administração, no tocante à sua legalidade. É, legítima se indispensável na situação em concreto e se não for
portanto, denominado controle finalístico, ou de legalidade. possível outra solução menos gravosa;
À Administração, por conseguinte, cabe tanto a - proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido de
anulação dos atos ilegais como a revogação de atos máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado com
válidos e eficazes, quando considerados inconvenientes relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito humano
ou inoportunos aos fins buscados pela Administração. ou fundamental, notadamente verificando se há uma proporção
Essa forma de controle endógeno da Administração adequada entre os meios utilizados e os fins desejados.
denomina-se princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário
cabe somente a anulação de atos reputados ilegais. O
embasamento de tais condutas é pautado nas Súmulas 346 PODER HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR;
e 473 do Supremo Tribunal Federal.
PODER REGULAMENTAR; PODER DE POLÍCIA;
Súmula 346. A administração pública pode declarar a USO E ABUSO DO PODER. SERVIÇOS PÚBLICOS:
nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473. A administração pode anular seus próprios O Estado possui papel central de disciplinar a sociedade.
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes que exercerão
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo tal papel. No exercício de suas atribuições, são conferidas
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos prerrogativas aos agentes, indispensáveis à consecução
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação dos fins públicos, que são os poderes administrativos. Em
judicial. contrapartida, surgirão deveres específicos, que são deveres
administrativos.
Os atos administrativos podem ser extintos por Os poderes conferidos à administração surgem como
revogação ou anulação. A Administração tem o poder de instrumentos para a preservação dos interesses da coletividade.
rever seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, Caso a administração se utilize destes poderes para fins
mas também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar diversos de preservação dos interesses da sociedade, estará
atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em ilegalidade.
se aplica nas situações de conveniência e oportunidade, Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar controle dos atos
quanto que a anulação serve para as situações de vício de administrativos que impliquem em excesso ou abuso de poder.
legalidade. Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
colocados como prerrogativas de direito público conferidas aos
f) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade: agentes públicos, com vistas a permitir que o Estado alcance
Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a estes poderes,
de caráter instrumental na solução de conflitos que se surgem deveres ao administrador.
estabeleçam entre direitos, notadamente quando não “O poder administrativo representa uma prerrogativa
há legislação infraconstitucional específica abordando a especial de direito público outorgada aos agentes do Estado.
temática objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder Cada um desses terá a seu cargo a execução de certas funções.
público toma determinada decisão administrativa deve se Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos agentes, devem
utilizar destes vetores para determinar se o ato é correto eles exercê-las, pois que seu exercício é voltado para beneficiar
ou não, se está atingindo indevidamente uma esfera de a coletividade. Ao fazê-lo, dentro dos limites que a lei traçou,
direitos ou se é regular. Tanto a razoabilidade quanto pode dizer-se que usaram normalmente os seus poderes. Uso
a proporcionalidade servem para evitar interpretações do poder, portanto, é a utilização normal, pelos agentes
esdrúxulas manifestamente contrárias às finalidades do públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”7.
texto declaratório. 7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Neste sentido, “os poderes administrativos são Uma das principais limitações ao poder discricionário
outorgados aos agentes do Poder Público para lhes permitir é a adequação, correspondente à adequação da conduta
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O
assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são segundo limite é o da verificação dos motivos9. Neste
eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente sentido, discricionariedade não pode se confundir com
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes a ela caberá controle de legalidade perante o Poder
para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício e Judiciário.
lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em última “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo
instância, a coletividade, esta a real destinatária de tais de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale
poderes. Esse aspecto dúplice do poder administrativo dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou
é que se denomina de poder-dever de agir”8. Percebe- aos agentes da Administração, perquirindo os critérios
se que, diferentemente dos particulares aos quais, quando de conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a
conferido um poder, podem optar por exercê-lo ou não, conduta. A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da
a Administração não tem faculdade de agir, afinal, sua legalidade dos atos, não poderá questionar critérios que
atuação se dá dentro de objetos de interesse público. a própria lei defere ao administrador. [...] Modernamente,
Logo, a abstenção não pode ser aceita, o que transforma o os doutrinadores têm considerado os princípios da
poder de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar razoabilidade e da proporcionalidade como valores
um poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser que podem ensejar o controle da discricionariedade,
responsabilizado. enfrentando situações que, embora com aparência de
Os poderes da Administração se dividem em: vinculado, legalidade, retratam verdadeiro abuso de poder. [...] A
discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamentar e exacerbação ilegítima desse tipo de controle reflete ofensa
de polícia. ao princípio republicano da separação dos poderes”10.
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não
existe o dever de motivação, mas isso não está correto:
Poder vinculado
aqui, mais que nunca, o dever de motivar se faz presente,
No poder vinculado não há qualquer liberdade quanto à
demonstrando que não houve arbítrio na decisão
atividade que deva ser praticada, cabendo ao administrador
tomada pelo administrador. Basicamente, não é porque o
se sujeitar por completo ao mandamento da lei. Nos atos
administrador tem liberdade para decidir de outra forma
vinculados, o agente apenas reproduz os elementos da lei.
que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
Afinal, o administrador se encontra diante de situações que
incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
comportam solução única anteriormente prevista por lei.
parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não
Portanto, não há espaço para que o administrador faça um
obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa da
juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele administração, o seu maior objetivo é o atendimento aos
é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei interesses da coletividade.
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória por
servidor que já completou 70 anos; pedido de licença para Poder regulamentar
prestar serviço militar obrigatório. Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder
conferido à administração de elaborar decretos e
Poder discricionário regulamentos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas
Existem situações em que o próprio agente tem a situações, exerce força normativa, expedindo normas
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, no poder que se revestem, como qualquer outra, de abstração e
discricionário o administrador não está diante de situações generalidade.
que comportam solução única. Possui, assim, um espaço Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre
para exercer um juízo de valores de conveniência e possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática
oportunidade. fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos
e regulamentos com capacidade de dar execução às leis
Conveniência = condições em que irá agir editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prerrogativa
Oportunidade = momento em que irá agir complementar à lei, não podendo em hipótese alguma
Discricionariedade = oportunidade + conveniência o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, poderá o
Executivo criar obrigações subsidiárias, que se impõem
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando ao administrado ao lado das obrigações primárias fixadas
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na na própria lei.
circunstância de sua revogação. 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao Poder hierárquico


Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da competência “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os atos órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo a
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder organização da função administrativa. E não poderia ser de
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Administração
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos Pública que não se poderia conceber sua normal realização sem
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos a organização, em escalas, dos agentes e dos órgãos públicos.
de natureza originária ou primária) ou de execução (atos Em razão desse escalonamento firma-se uma relação jurídica
de natureza derivada ou secundária), embora a essência entre os agentes, que se denomina relação hierárquica”12. Nesta
do poder regulamentar seja composta pelos decretos e relação hierárquica, surge para a autoridade superior o poder de
regulamentos de execução. O regulamento autônomo pode comando e para o seu subalterno o dever de obediência.
ser editado independentemente da existência de lei anterior, Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à
se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – administração de fixar campos de competência quanto às
por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto-
regulamentos de execução dependem da existência de lei organização. É exercido tanto na distribuição de competências
anterior para que possam ser editados e devem obedecer aos entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre os servidores
seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se sujeitam que o compõem. Se o ato for praticado por órgão incompetente,
a controle de legalidade. é inválido. Da mesma forma, se o for praticado por servidor que
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamente não tinha tal atribuição.
ao Presidente da República expedir decretos e regulamentos Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
para a fiel execução da lei, atividade que não pode ser o poder de revisão, consistente no poder das autoridades
delegada, nos termos do parágrafo único. Em que pese o teor superiores de revisar os atos praticados por seus subordinados.
do dispositivo que poderia dar a entender que a existência de
decretos autônomos é impedida, o próprio STF já reconheceu Poder disciplinar
decretos autônomos como válidos em situações excepcionais. Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a
Carvalho Filho11, a respeito, afirma que somente são decretos hierarquia que permite aos agentes de nível superior fiscalizar
e regulamentos que tipicamente caracterizam o poder as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar é o poder
regulamentar aqueles que são de natureza derivada – o autor conferido à administração para aplicar sanções aos seus
admite que existem decretos e regulamentos autônomos, mas servidores que pratiquem infrações disciplinares.
diz que não são atos do poder regulamentar. Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
A classificação dos decretos e regulamentos em natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
autônomos e de execução é bastante relevante para fins de penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, destacam-se a de
controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, o advertência, suspensão, demissão e cassação de aposentadoria.
parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está vinculado, Evidentemente que tais punições não podem ser aplicadas
ocorrendo mero controle de legalidade como regra – não sem alguns requisitos, como a abertura de sindicância ou
caberá controle de constitucionalidade por ações diretas de processo disciplinar em que se garanta o contraditório e a ampla
inconstitucionalidade ou de constitucionalidade, mas caberá defesa (obs.: existem cargos que somente são passíveis de
por arguição de descumprimento de preceito fundamental – demissão por sentença judicial, que são os vitalícios, como os de
ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite o controle sobre magistrado e promotor de justiça).
atos regulamentares derivados de lei, tal como será cabível
mandado de injunção. Em se tratando de decreto autônomo, Poder de polícia
o parâmetro de controle sempre será a Constituição Federal, É o poder conferido à administração para limitar, disciplinar,
possuindo o decreto a mesma posição hierárquica das demais restringir e condicionar direitos e atividades particulares
leis infraconstitucionais, ocorrendo genuíno controle de para a preservação dos interesses da coletividade. É ainda, fato
constitucionalidade no caso concreto, por qualquer das vias. gerador de tributo, notadamente, a taxa (artigo 145, II, CF), não
Outra observação que merece ser feita se refere ao conceito podendo ser gerador de tarifa que se caracteriza como preço
de deslegalização. O fenômeno tem origem na França e público e não podendo ser cobrada sem o exercício efetivo do
corresponde à transferência de certas matérias de caráter poder de polícia.
estritamente técnico da lei ou ato congênere para outras fontes “A expressão poder de polícia comporta dois sentidos, um
normativas, com autorização do próprio legislador. Na verdade, amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de polícia significa
o legislador efetuará uma espécie de delegação, que não será toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos
completa e integral, pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o direitos individuais. [...] Em sentido estrito, o poder de polícia se
regramento básico, ocorrendo a transferência estritamente do configura como atividade administrativa, que consubstancia,
aspecto técnico (denomina-se delegação com parâmetros). como vimos, verdadeira prerrogativa conferida aos agentes da
Há quem diga que nestes casos não há poder regulamentar, Administração, consistente no poder de restringir e condicionar
mas sim poder regulador. É exemplo do que ocorre com as a liberdade e a propriedade”13.
agências reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras. 12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2010. 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de

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DIREITO ADMINISTRATIVO

No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a atividade Polícia judiciária e polícia administrativa
do Poder Legislativo, considerando que ninguém é obrigado a Uma das mais importantes classificações doutrinárias
fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impuser (artigo 5º, II, CF). corresponde à distinção entre polícia administrativa e polícia
No sentido estrito, tem-se a atividade da polícia administrativa, judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos se
envolvendo apenas as prerrogativas dos agentes da Administração. enquadram no âmbito da função administrativa, vale dizer,
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio legislador representam atividades de gestão de interesses públicos. A
estabelece no Código Tributário Nacional: “Considera-se poder Polícia Administrativa é atividade da Administração que se
de polícia a atividade da administração pública que, limitando exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito
o disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática da função administrativa. O mesmo não ocorre com a Polícia
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público [...]” Judiciária, que, embora seja atividade administrativa, prepara
(art. 78, primeira parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente a atuação da função jurisdicional penal, o que a faz regulada
administrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito pelo Código de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por
administrativo. órgãos de segurança (polícia civil ou militar), ao passo que a
Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do poder Polícia Administrativa o é por órgãos administrativos de caráter
de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a administração mais fiscalizador. Outra diferença reside na circunstância de que
não precisa de manifestação do Poder Judiciário para colocar seus a Polícia Administrativa incide basicamente sobre atividades
atos em prática, efetivando-os. dos indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária preordena-
se ao indivíduo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o
Polícia-função e polícia-corporação cometimento de ilícito penal”15. Além disso, essencialmente, a
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em Polícia Administrativa tem caráter preventivo (busca evitar
decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena realçar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária tem caráter
que não há como confundir polícia-função com polícia- repressivo (busca a punição daquele que causou o dano
corporação: aquela é a função estatal propriamente dita e deve social).
ser interpretada sob o aspecto material, indicando atividade Sobre os campos de exercício da polícia administrativa,
administrativa; esta, contudo, corresponde à ideia de órgão considerando que todos os direitos individuais são limitados
administrativo, integrado nos sistemas de segurança pública e pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir que o âmbito
incumbido de prevenir os delitos e as condutas ofensivas à ordem de atuação do poder de polícia é o mais amplo possível.
pública, razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polícia ambiental,
formal). A polícia-corporação executa frequentemente funções de polícia de trânsito e tráfego, polícia de profissões (OAB, CRM,
polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a atividade etc.), polícia de construções, etc. Neste sentido, será possível
oriunda do poder de polícia, é exercida por outros órgãos atuar tanto por atos normativos (atos genéricos, abstratos e
administrativos além da corporação policial”14. impessoais, como decretos, regulamentos, portarias, instruções,
resoluções, entre outros) e por atos concretos (voltados a um
Competência indivíduo específico e isolado, que podem ser determinações,
A competência para exercer o poder de polícia é, a princípio, como a multa, ou atos de consentimento, como a concessão
da pessoa administrativa que foi dotada de competência no ou revogação de licença ou autorização por alvará).
âmbito do poder regulamentar. Se a competência for concorrente,
também o poder de polícia será exercido de forma concorrente. Liberdades públicas e poder de polícia
Evidentemente, abusos no exercício do poder de polícia não
Delegação e transferência podem ser tolerados. Por mais que todo direito individual seja
O poder de polícia pode ser exercido de forma originária, relativo perante o interesse público, existem núcleos mínimos
pelo próprio órgão ao qual se confere a competência de atuação, de direitos que devem ser preservados, mesmo no exercício
ou de forma delegada, mediante lei que transfira a mera prática do poder de polícia. Neste sentido, a faculdade repressiva deve
de atos de natureza fiscalizatória (poder de polícia seria de respeitar os direitos do cidadão, as prerrogativas individuais
caráter executório, não inovador) a pessoas jurídicas que tenham e as liberdades públicas que são consagrados no texto
vinculação oficial com entes públicos. constitucional.
Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização, no Para compreender a questão, interessante suscitar qual
âmbito de simples constatação, não é considerada delegação do o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vinculado.
poder de polícia. Delegação ocorre quando a atividade fiscalizatória A doutrina de Meirelles16 e Carvalho Filho17 recomenda que
em si é transferida. Por exemplo, uma empresa contratada para quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixados há
operar radares não recebeu delegação do poder de polícia, mas discricionariedade (por exemplo, quando o poder público vai
uma guarda municipal instituída na forma de empresa pública
com poder de aplicar multas recebeu tal delegação. 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015.
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- 16 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
ris, 2015. brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015. ris, 2015.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

decidir se pode ou não ocorrer pesca num determinado rio), Dever de eficiência
mas quando já existem os limites o ato se torna vinculado (no A atividade administrativa deve ser célere e técnica,
mesmo exemplo, não se pode decidir por multar um pescador mesclando qualidade e quantidade. Para tanto, é necessário
e não multar o outro por pescarem no rio em que a pesca é atribuir competências aos cargos conforme a qualificação
proibida, devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é exigida para ocupá-los; bem como desempenhar atividades
relevante para verificar, num caso concreto, se houve ou não com perfeição, coordenação, celeridade e técnica. Não
abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os significa que perfeccionismo em excesso seja valorizado,
limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham sido pois ele afeta o elemento quantitativo do serviço, que
ignorados: não haverá discricionariedade, então. também é essencial para que ele seja eficiente.
Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
são: Dever de probidade
“- Necessidade – a medida de polícia só deve ser Trata-se de um dos deveres mais relevantes,
adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de correspondendo à obrigação do agente público de
perturbações ao interesse público; agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade
- Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre administrativa e o interesse público. A violação deste dever
a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado; caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo
- Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir 37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas penas,
o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração como suspensão de direitos políticos, perda da função
não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as pública, proibição de contratar com o poder público, multa,
suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”18. além de restituição ao erário por enriquecimento ilícito e/
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade ou reparação de danos causados ao erário.
de garantia de contraditório e ampla defesa ao
administrado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no Dever de prestação de contas
processo administrativo para imposição de multa de Como o que é gerido pelo administrador não lhe
trânsito, são necessárias as notificações da atuação e da pertence, é seu dever prestar contas do que realizou à
aplicação da pena decorrentes da infração”. coletividade, isto é, informar em detalhes qual o destino
dado às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever
Deveres da Administração abrange não só aqueles que são agentes públicos, mas
a todos que tenham sob sua responsabilidade dinheiros,
Dever de agir bens ou interesses públicos, independentemente de serem
O administrador possui um poder-dever de agir. ou não administradores públicos.
Não se trata de mero poder, porque priorizam atender “A prestação de contas de administradores pode ser
ao interesse da coletividade e, em razão disso, o poder realizada internamente através dos órgãos escalonados
de agir é também um dever, que é irrenunciável e em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o
obrigatório. Ao administrador é vedada a inércia. Logo, controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser
poderá ser responsabilizado por omissão ou silêncio, ele o órgão de representação popular. No Legislativo se
abrindo possibilidade de obter o ato não realizado: pela situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua
via extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de especialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação
petição; ou por via judicial, por intermédio de mandado de contas dos administradores”19.
de segurança, quando ferir direito líquido e certo do
interessado comprovado de plano, ou por ação de Uso do poder
obrigação de fazer. Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a
ilegal. As denominadas omissões genéricas, que envolvem lei lhes confere”20. Significa que se um agente toma suas
prerrogativas de ação do administrador de caráter geral e atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos,
sem prazo determinado para atendimento, inseridas em está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para
seu poder discricionário, não autorizam a alegação de determinar se a ação está ou não em conformidade é o dos
ilegalidade por violação do poder-dever de agir. Insere-se deveres administrativos.
aqui a denominada reserva do possível – por óbvio sempre Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
existirão algumas omissões tendo em vista a escassez de obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que
recursos financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de exercem.
um edifício, não construir um estabelecimento de ensino.
São ilegais, com efeito, as omissões específicas, que são
omissões do poder público mesmo diante de imposição 19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
expressa legal e prazo fixado em lei para atendimento. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
Nestas situações, caberá até mesmo responsabilização civil, 2010.
penal ou administrativa do agente omisso. 20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
18 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/ direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
direito-administrativo/conceito-de-direito-administrativo 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Abuso de poder Classificação quanto à fruição:


Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso • Gerais (ute univesi) – prestado a todos e usufruído
deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte dos por todos. Custeados pela receita geral, não pode ser
administradores das prerrogativas a eles conferidas no âmbito dos medido. Ex: iluminação pública.
poderes da administração, por violação expressa ou tácita da lei. • Singulares/Individuais (ute singuli) – prestado a
“A conduta abusiva dos administradores pode decorrer de duas todos. A Administração sabe quanto cada um gastou. Ex: luz
causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de sua competência; e 2ª) o • Classificação quanto à prestação:
agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse • Serviços Públicos Exclusivos indelegáveis – a
público que deve nortear todo o desempenho administrativo. No Administração Pública deve prestar diretamente, sem
primeiro caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ delegação. Ex: correios, segurança pública.
e no segundo, com ‘desvio de poder’”21. Basicamente, havendo • Delegação Obrigatória – o Estado tem o dever de
abuso de poder é possível que se caracterize excesso de poder prestar mas também tem o dever de delegar. Ex: radio, TV
ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente nem teria • Possibilidade de delegação – o Estado tem o
competência para agir naquela questão e o faz. No abuso dever de prestar diretamente ou através de particulares. Ex:
de poder, o agente possui competência para agir naquela telefonia, energia.
questão, mas não o faz em respeito ao interesse público, ou • Não exclusivo – o Estado tem o dever de prestar e
seja, desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o o particular tem o poder de prestar independentemente de
desvio de poder também é denominado desvio de finalidade. A autorização. Ex: saúde, educação, previdência.
conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
Princípios:
EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA Além dos princípios já vistos para a Administração, te-
ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO DE mos:
FINALIDADE • Dever de prestação pelo Estado – O Estado é o
responsável por promover o serviço, direta ou indiretamente.
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de poder se
• P. da Universalidade (Generalidade) – deve ser
configura como ilegalidade. Não se pode conceber que a conduta
prestado ao maior numero de pessoas possível.
de um agente, fora dos limites de sua competência ou despida da
• P. da Modicidade das Tarifas – as tarifas devem
finalidade da lei, possa compatibilizar-se com a legalidade. É certo
ser módicas.
que nem toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
• P. da Adaptabilidade (atualização) – deve se
abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão
adaptar as técnicas mais modernas.
administrativa ou judicial”22.
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro que a
• P. da Cortesia – educação no trato com o usuário
legislação não apenas confere poderes ao administrador, mas do serviço.
também estabelece deveres. • P. da Continuidade – deve ser ininterrupto.
• P. da Isonomia – isonomia na lei e perante a lei
(formal e material).

CONCEITO E PRINCÍPIOS; DELEGAÇÃO: Os serviços prestados pelo Estado são chamados de


CONCESSÃO, PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO. serviços centralizados. Para tanto, a Administração distribui
a competência na execução desses serviços através da des-
concentração em órgãos internos, sempre buscando efi-
Conceitos: ciência.
São todas as atividades administrativas executadas pelo Poder A desconcentração pode se dar por OUTORGA ou
Público de forma direta ou indireta, ou por colaboração de particu- por DELEGAÇÃO.
lares sob regime de direito público (concessão ou permissão). Ex: Na outorga o Estado transfere a outra entidade a titula-
segurança pública, transporte, saúde, educação. Uma obra não é ridade e a prestação do serviço. Só é admitida a outorga à
serviço, pois tem tempo limitado. PJ de direito Público, criadas por meio de lei.
O serviço público é composto de 3 elementos: Na delegação o Estado mantém a titularidade e trans-
• Substrato Material – utilidade ou comodidade material fere apenas o poder de prestar o serviço. São feitas a qual-
prestada continuamente à sociedade. quer entidade privada, seja da Administração ou particular.
• Trato Formal – exercido sob o regime de direito público, Delegação:
mesmo sobe concessão ou permissão. O art. 175, CF preleciona q determinados serviços pú-
• Elemento Subjetivo – prestado pelo Estado de forma di- blicos q são de competência exclusiva do Poder Público,
reta ou indireta. podem ser remunerados sob a forma de concessão ou per-
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de missão. O Poder Público transfere ao particular a execução e
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, responsabilidade de serviço público mediante remuneração
2010. (tarifa) paga pelos usuários.
22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de A legislação q regulamenta é a lei 8.987/95. Apenas a
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, execução dos serviços é repassada aos particulares, man-
2010. tendo o Poder Público a titularidade dos serviços.

9
DIREITO ADMINISTRATIVO

Concessão:
É o contrato administrativo pelo qual o concessionário,
mediante prévia licitação na modalidade concorrência, realiza ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
execução de determinados serviços públicos, por sua própria REQUISITOS E ATRIBUTOS; ANULAÇÃO,
conta e risco, sob a fiscalização do poder concedente. Somen- REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO;
te as pessoas jurídicas e os consórcios de empresas poderão DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO.
firmar concessão.
A lei 11079/2004 criou duas espécies de concessão (Con-
tratos de Parceria Público Privadas – PPP): Fatos da administração, atos da administração e atos
– Concessão Patrocinada – A Administração contrata a administrativos
empresa para realizar o serviço, recebendo remuneração do O ato administrativo é uma espécie de fato administrativo
usuário e tb contraprestação da Administração (até 70%). A e é em torno dele que se estrutura a base teórica do direito
Administração está patrocinando o contrato. Serve para co- administrativo.
brança de tarifas mais baixas pela empresa. Por seu turno, “a expressão atos da Administração traduz
– Concessão Administrativa – A Administração contrata sentido amplo e indica todo e qualquer ato que se origine
a empresa para realizar serviço, mas a própria Administração dos inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo
é o usuário direito ou indireto do serviço, remunerando em em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, entre os atos da
100%. Ex: construção de um presídio. Administração se enquadram atos que não se caracterizam
Extinção: propriamente como atos administrativos, como é o caso
– Advento do termo contratual: reversão da concessão dos atos privados da Administração. Exemplo: os contratos
quando do término do prazo contratual. regidos pelo direito privado, como a compra e venda, a
– Encampação: retomada do serviço pelo Poder Conce- locação etc. No mesmo plano estão os atos materiais, que
dente antes do término do contrato por razões de interesso correspondem aos fatos administrativos, noção vista acima:
público, com lei autorizativa, com pagamento de indenização são eles atos da Administração, mas não configuram atos
ao concessionário. administrativos típicos. Alguns autores aludem também aos
– Caducidade: extinção da concessão por razões atos políticos ou de governo”23.
de inexecução total ou parcial do contrato por culpa do con- Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
cessionário. Serviço ineficiente ou inadequado. ampla. Envolve, também, os atos privados da Administração,
– Rescisão: forma de extinção decorrente de descumpri- referentes às ações da Administração no atendimento de seus
mento das normas contratuais pelo Poder Concedente. Sem- interesses e necessidades operacionais e instrumentais agindo
pre ocorre de forma judicial, sendo q o concessionário não no mesmo plano de direitos e obrigações que os particulares.
pode parar os serviços enquanto tramita a ação. O regime jurídico será o de direito privado. Ex.: contrato de
– Anulação: extinção em decorrência de vício de ilegali- aluguel de imóveis, compra de bens de consumo, contratação
dade ou ilegitimidade, podendo ser declarada de forma unila- de água/luz/internet. Basicamente, envolve os interesses
teral pelo Poder Concedente ou pelo Poder Judiciário. particulares da Administração, que são secundários, para que
ela possa atender aos interesses primários – no âmbito destes
Permissão: interesses primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é
É considerado pela doutrina um ato administrativo ne- que surgem os atos administrativos, que são atos públicos da
gocial, unilateral, precário (extinto a qualquer tempo sem
Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público.
direito a indenização – mas isso não se aplica em contratos
Atos da Administração ≠ Atos administrativos.
administrativos), discricionário, aplicando-se às permissões
Atos privados da Administração = atos da
os mesmos requisitos atinentes às concessões. Tem natureza
Administração → regime jurídico de direito privado.
jurídica de contrato de adesão. Igualmente depende de licita-
Atos públicos da Administração = atos administrativos
→ regime jurídico de direito público.
ção com modalidade variada. A lei 8.987/95 determina o seu
instrumento – contrato de adesão, não havendo possibilidade
de formalização com consórcio de empresas, mas admitem a Os atos administrativos se situam num plano superior de
contratação com PJ o PF. direitos e obrigações, eis que visam atender aos interesses
Autorização: públicos primários, denominados difusos e coletivos. Logo, são
Ato que permite a execução de serviços transitórios, atos de regime público, sujeitos a pressupostos de existência
emergenciais, a particulares. e validade diversos dos estabelecidos para os atos jurídicos no
Possui natureza de ato administrativo, discricionário, pre- Código Civil, e sim previstos na Lei de Ação Popular e na Lei
cário, pelo qual o Poder Público consente com o exercício de de Processo Administrativo Federal. Ao invés de autonomia
atividade, pelo particular, que indiretamente lhe convém. O da vontade, haverá a obrigatoriedade do cumprimento da lei
interesse objeto da autorização toca, diretamente, ao próprio e, portanto, a administração só poderá agir nestas hipóteses
particular. Ex: taxistas, despachantes. Não depende de licita- desde que esteja expressa e previamente autorizada por lei24.
ção.
Alguns doutrinadores defendem não ser aplicável aos 23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
serviços públicos, visto emergir do interesse privado. Outros direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
entendem ser possível quando o interesse atingido é o coleti- ris, 2015.
vo. Outros entendem como excepcional, conforme a urgência. 24 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra-

10
DIREITO ADMINISTRATIVO

Fato administrativo é a “atividade material no exercício Classificação dos atos quanto à formação (processo de
da função administrativa, que visa a efeitos de ordem elaboração):
prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da
voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por Administração.
atos administrativos, que formalizam a providência 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade de
desejada pelo administrador através da manifestação mais de um órgão ou agente administrativo.
da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que refletem 3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade de
os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou um órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o
não precedidas de ato administrativo formal. Já os fatos ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível.
administrativos naturais são aqueles que se originam de
fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na órbita Classificação quanto à manifestação da vontade:
administrativa. Assim, quando se fizer referência a fato Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifestação
administrativo, deverá estar presente unicamente a noção de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão - Para Hely
Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos unilaterais.
de que ocorreu um evento dinâmico da Administração”25.
Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifestação
de vontade de duas pessoas.
Atos administrativos em espécie
Atos multilaterais: São aqueles formados pela vontade de
a) Atos normativos: são atos gerais e abstratos mais de duas pessoas.
visando a correta aplicação da lei. É o caso dos decretos, Ex.: Contrato administrativo.
regulamentos, regimentos, resoluções, deliberações.
b) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da Classificação quanto ao destinatário:
Administração e a conduta de seus agentes. É o caso de 1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
instruções, circulares, avisos, portarias, ofícios, despachos finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que
administrativos, decisões administrativas. estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O
c) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre particular não pode impugnar, pois os efeitos são para todos.
Administração e administrado em consenso. É o caso de 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e determinada,
licenças, autorizações, permissões, aprovações, vistos, criando situações jurídicas individuais. O particular atingido
dispensa, homologação, renúncia. pode impugnar.
d) Atos enunciativos: são aqueles em que a
Administração certifica ou atesta um fato sem vincular ao Classificação quanto ao seu regramento:
seu conteúdo. É o caso de atestados, certidões, pareceres. 1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
e) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições pressupostos e elementos necessários para sua prática e
aos particulares e servidores. perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a
prática daquele ato. O administrador é um “mero cumpridor
Classificação dos atos administrativos de leis”. Também se denomina ato de exercício obrigatório.
Classificação quanto ao seu alcance: 2) Atos discricionários: são os atos que possuem parte
1) Atos internos: praticados no âmbito interno de seus pressupostos e elementos previamente fixados pela
da Administração, incidindo sobre órgãos e agentes lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finalidade e a
administrativos. forma estão previamente fixados na lei – são os pressupostos
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da vinculados. Aquilo que está em branco ou indefinido na lei será
preenchido pelo administrador. Tal preenchimento deve ser
Administração, atingindo administrados e contratados. São
feito motivadamente com base em fatos e circunstâncias que
obrigatórios a partir da publicação.
somente o administrador pode escolher. Contudo, tal escolha
não é livre, os fatos e circunstâncias devem ser adequados
Classificação quanto ao seu objeto: (razoáveis e proporcionais) aos limites e intenções da lei.
1) Atos de império: praticados com supremacia em Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos
relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório administrativos se classificam em vinculados ou discricionários.
cumprimento. “Os atos vinculados são aqueles que tem o procedimento
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de quase que plenamente delineados em lei, enquanto os
condição com o particular, ou seja, sem usar de suas discricionários são aqueles em que o dispositivo normativo
prerrogativas sobre o destinatário. permite certa margem de liberdade para a atividade pessoal do
3) Atos de expediente: praticados para dar andamento agente público, especialmente no que tange à conveniência e
a processos e papéis que tramitam internamente na oportunidade, elementos do chamado mérito administrativo.
administração pública. São atos de rotina administrativa. A discricionariedade como poder da Administração deve ser
exercida consoante determinados limites, não se constituindo
em opção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde
tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004. há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos de tal
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de espécie são vinculados em vários de seus aspectos, tais como
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- a competência, forma e fim”26.
ris, 2015. 26 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.

11
DIREITO ADMINISTRATIVO

Requisitos ou elementos Avocar é solicitar o que seria de competência de outro


1) Competência: é o poder-dever atribuído a determinado para sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto
agente público para praticar certo ato administrativo. A pessoa de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior pega
jurídica, o órgão e o agente público devem estar revestidos de para si as atribuições do subordinado/órgão inferior. Como
competência. A competência é sempre fixada por lei. exige subordinação, toda avocação é vertical.
A Constituição Federal fixa atribuições para as diversas 2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato
esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impossível impor administrativo foi abstratamente criado pela ordem
que um único órgão as exercesse por completo. Por isso, jurídica. A lei estabelece que os atos administrativos
tais atribuições são distribuídas entre os diversos órgãos que devem ser praticados visando a um fim, notadamente, a
compõem a Administração Pública. Esta divisão das atribuições satisfação do interesse público. Contudo, embora os atos
entre os órgãos da Administração Pública é conhecida como administrativos sempre tenham por objeto a satisfação do
competência. interesse público, esse interesse é variável de acordo com
Conceitua Carvalho Filho27 que “competência é o a situação. Se a autoridade administrativa praticar um ato
círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes fora da finalidade genérica ou fora da finalidade específica,
exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que a estará praticando um ato viciado que é chamado “desvio
competência administrativa pode ser colocada em plano diverso de poder ou desvio de finalidade”.
da competência legislativa e jurisdicional. 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
A competência é pressuposto essencial do ato administrativo, mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita.
devendo sempre ser fixada por lei ou pela Constituição Federal. Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex:
Vale ressaltar, no entanto, que a lei e a CF fixam as competências trânsito). A forma é sempre fixada por lei.
primárias, que abrangem o órgão como um todo; podendo 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do
existir atos internos de organização que fixam as divisões de ato administrativo e dela se extrai o motivo, que é o
competências dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos. acontecimento real que autoriza/determina a prática
A competência se reveste de dois atributos essenciais: do ato administrativo. É o ato baseado em fatos e
inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a outro por
circunstâncias, que o administrador por escolher, mas
mera vontade entre as partes ou por consentimento do agente
deve respeitar os limites e intenções da lei. Nem sempre
público; e improrrogabilidade, pois um órgão competente não
os atos administrativos possuem motivo legal. Nos casos
se transmuta em incompetente mesmo diante de alteração da lei
em que o motivo legal não está descrito na norma, a lei
superveniente ao fato.
deu competência discricionária para que o sujeito escolha
O ato praticado por sujeito incompetente prescinde de
o motivo legal (o motivo deve ser oportuno e conveniente).
pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele
considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos.
Com efeito, a teoria dos Motivos Determinantes
É possível fixar os critérios de competência nos seguintes afirma que os motivos alegados para a prática de um ato
moldes: administrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da função, prática de um ato administrativo mediante a alegação de
por exemplo, entre Ministérios e Secretarias de diversas motivos falsos ou inexistentes determina a sua invalidade.
especialidades. “A teoria dos motivos determinantes está relacionada
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de atividades mais a prática de atos administrativos e impõe que, uma vez
complexas a agentes/órgãos de graus superiores dentro dos órgãos. declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização territorial teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para
de atividades. que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto,
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de competência o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o
por tempo determinado, notadamente diante de algum evento resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos determinantes
específico, como de calamidade pública. não condiciona a existência do ato, mas sim sua validade”28.
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a competência 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara,
é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação deve ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo,
legalmente admitidos”. restando ao administrador preencher o vazio nestas
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a outro situações. O ato é branco/indefinido. No entanto, deve se
órgão/agente (pode ser vertical, quando houver subordinação; demonstrar que a prática do ato é oportuna e conveniente.
ou horizontal, quando não houver subordinação) – A delegação é Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e
parcial e temporária e pode ser revogada a qualquer tempo. Não do objeto do ato é discricionária não significa que seja
podem ser delegados os seguintes atos: Competência Exclusiva, arbitrária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a
Edição de Ato de Caráter Normativo, Decisão de Recursos conveniência.
Administrativos. Mérito = oportunidade + conveniência

php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 28 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- -que-consiste-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-
ris, 2010. -maria-ferraz-de-sousa

12
DIREITO ADMINISTRATIVO

Atributos 1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes em


1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta e regra.
executa unilateralmente seus atos, não dependendo da participação 2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem não
e nem da concordância do particular. Do poder de império ou ser eficazes se estiver pendente o implemento de condição.
extroverso, que regula a forma unilateral e coercitiva de agir da 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é, em
Administração, se extrai a imperatividade dos atos administrativos. regra, ineficaz.
2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode
pode concretamente executar seus atos independente da ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for relevante para
manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam a segurança jurídica manter tais efeitos.
diretamente a esfera jurídica de particulares. 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou publicado não é válido e nem eficaz.
pela Administração é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, 6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito pode
seja no conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Evidente que gerar efeitos impróprios, que não dependem da execução do
tal presunção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de ser ato, como o efeito impróprio reflexo (repercussão em outros
ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação declaratória de atos ou situações jurídicas) e o efeito impróprio prodrômico
falsidade, que irá argumentar que houve uma falsidade material (efeito de natureza procedimental que implica numa
(violação física do documento que traz o ato) ou uma falsidade providência ou etapa necessária para aperfeiçoamento do ato,
ideológica (documento que expressa uma inverdade). como a manifestação de um segundo agente ou órgão).
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Administração 7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito
agir se presume que o fez conforme a lei. Tal presunção é relativa (juris pode preencher os requisitos de validade, mas se lhe faltar um
tantum), podendo contudo ser ilidida por qualquer meio de prova. pressuposto especial será imperfeito e, logo, ineficaz.
Obs.: Todo ato administrativo tem presunção de veracidade e de
legitimidade, mas nem todo ato administrativo é imperativo (pode Vícios do ato administrativo
precisar da concordância do particular, a exemplo dos atos negociais). Os vícios dos atos administrativos podem se referir a
sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do sujeito
O silêncio no direito administrativo
– pode restar caracterizado o crime de usurpação de função
“Uma questão interessante que merece ser analisada no
(artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode caracterizar
tocante ao ato administrativo é a omissão da Administração
excesso de poder, quando excede os limites da competência
Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão
que tem, o sujeito pode incidir no crime de abuso de autoridade;
é verificada quando a administração deveria expressar uma
pode se detectar função de fato, quando quem pratica o ato
pronuncia quando provocada por administrado, ou para fins de
está irregularmente investido no cargo, emprego ou função
controle de outro órgão e, não o faz. Para Celso Antônio Bandeira
de Mello, o silêncio da administração não é um ato jurídico, – situação com aparência de legalidade – ato considerado
mas quando produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico válido; b) Vícios de incapacidade do sujeito – pode haver
administrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir em impedimento ou suspeição, ambos casos de anulabilidade.
omissão, ausência de manifestação de vontade, ou não. Em Os vícios dos atos administrativos também podem se
determinadas situações poderá a lei determinar a Administração referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato ilegal
Pública manifestar-se obrigatoriamente, qualificando o silêncio = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso concreto;
como manifestação de vontade. Nesses casos, é possível afirmar impossível (exemplo: a nomeação para cargo que não existe);
que estaremos diante de um ato administrativo. [...] Desta forma, imoral; indeterminado (desapropriação de bem não definido
quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade, com precisão).
produz efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode Os vícios podem atingir a forma, quando a lei
atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso expressamente exige e não é respeitada, e ainda o motivo,
de certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua quando pressupostos de fato e/ou de direito não existem e/
determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante de um ou são falsos.
fato jurídico administrativo”29. Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que são
desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o agente
Validade e eficácia do ato administrativo pratica ato administrativo sem observar o interesse público e/
Destaca-se esquemática trazida por Baldacci30: ou o objetivo (finalidade) previsto em lei.
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos por lei
estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito (P). Ato inexistente
- Quanto estes pressupostos preenchidos respeitarem o que A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega
a lei exige, falamos que é válido (V). relevância jurídica aos chamados atos administrativos
- Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios falamos que inexistentes sob o fundamento de que seriam equivalentes
é eficaz (E). aos atos nulos.
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio Bandeira
29 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca de Melo ao discorrer sobre os atos administrativos inexistentes
do silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008. no sentido de que “consistem em comportamentos que
30 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra- correspondem a condutas criminosas, portanto, fora do
tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004. possível jurídico e radicalmente vedadas pelo Direito”.

13
DIREITO ADMINISTRATIVO

O ato inexistente é aquele que não reúne os elementos expedido outro ato fundado em competência diversa da do
necessários à sua formação e, assim, não produz qualquer primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao daquele,
consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que embora de modo a inibir a continuidade da sua eficácia; caducidade,
reúna os elementos necessários a sua existência, foi praticado que é a retirada do ato administrativo em decorrência de
com violação da lei, da ordem pública, dos bons costumes ou ter sobrevindo norma superior que torna incompatível a
com inobservância da forma legal31. manutenção do ato com a nova realidade jurídica instaurada.
4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz
Ato nulo em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua
“Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, continuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que
normalmente resultante da ausência de um de seus concedem privilégios e prerrogativas.
elementos constitutivos, ou de defeito substancial em algum 5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz
deles (por exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar
objeto não previsto em lei e o ato praticado com desvio de concordância, tida como indispensável para que o ato
finalidade). O ato nulo está em desconformidade com a lei pudesse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro
o com os princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) beneficiário recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse
e seu defeito não pode ser convalidado (corrigido). O ato será extinto.
nulo não pode produzir efeitos válidos entre as partes. [...] Em detalhes:
Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de A cassação é a retirada do ato administrativo em
manifestação de vontade da administração pública, mas, decorrência do beneficiário ter descumprido condição tida
em verdade, não se origina de um agente público, mas de como indispensável para a manutenção do ato. Embora
alguém que se passa por tal condição, como o usurpador de legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se torna
função. [...] Ato anulável é o que apresenta defeito sanável, ilegal na sua execução a partir do momento em que o
ou seja, passível de convalidação pela própria administração destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Por
que o praticou, desde que ele não seja lesivo ao interesse exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar o
público, nem cause prejuízo a terceiros. São sanáveis o vício serviço público, porém descumpriu uma das condições para
de competência quanto à pessoa, exceto se se tratar de a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a título de
competência exclusiva, e o vício de forma, a menos que se penalidade, procede a cassação da permissão.
trate de forma exigida pela lei como condição essencial à A anulação é a retirada do ato administrativo em
validade do ato”32. decorrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou
administrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros
Extinção dos atos administrativos: revogação,
de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com
anulação e cassação
efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegitimidade.
A extinção do ato administrativo pode se dar nas
Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e
seguintes situações:
legitimidade) e pela Administração Pública (aspectos legais
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos os
e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as
seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto de
consequências passadas, presentes e futuras.
vista jurídico.
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do Ato: A revogação é a retirada do ato administrativo em
Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será considerado decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade
extinto. em face dos interesses públicos, sendo o ato válido e
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que praticado dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via
elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada do ato administrativa. Trata-se da extinção de um ato administrativo
administrativo em decorrência de sua invalidade, reconhecida legal e perfeito, por razões de conveniência e oportunidade,
judicial ou administrativamente, preservando-se os direitos pela Administração, no exercício do poder discricionário.
dos terceiros de boa-fé; por revogação, que é a retirada do O ato revogado conserva os efeitos produzidos durante
ato administrativo em decorrência da sua inconveniência o tempo em que operou. A partir da data da revogação é
ou inoportunidade em face dos interesses públicos, sendo que cessa a produção de efeitos do ato até então perfeito
o ato válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se a e legal. Só pode ser praticado pela Administração Pública
revogação na via administrativa; cassação, que é a retirada por razões de oportunidade e conveniência, não cabendo
do ato administrativo em decorrência do beneficiário ter a intervenção do Poder Judiciário. A revogação não pode
descumprido condição tida como indispensável para a atingir os direitos adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc,
manutenção do ato; contraposição ou derrubada, que não retroage.
é a retirada do ato administrativo em decorrência de ser
Convalidação
31 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/audi- A convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
tor-fiscal-do-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-admi- retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-
nistrativo-inexistente.html lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior
32 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di- que sana um vício de um ato anterior, transformando-o em
reito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: válido desde o momento em que foi praticado.
Método, 2008.

14
DIREITO ADMINISTRATIVO

Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos


atos, sustentando que os atos administrativos somente ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA;
convalidação seriam os atos anuláveis.
CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA;
Existem três formas de convalidação:
- Ratificação: é a convalidação feita pela própria
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
autoridade que praticou o ato; PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA
- Confirmação: é a convalidação feita por autoridade MISTA.
superior àquela que praticou o ato;
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de
terceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato
nem por autoridade superior. Centralização, descentralização, concentração e
Não se deve confundir a convalidação com a conversão desconcentração
do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regularizar
a situação, ele é transformado em outro, de diferente Em linhas gerais, descentralização significa transferir
tipologia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado, a execução de um serviço público para terceiros que não
poderá ser convertido, transformando-se em ato válido. se confundem com a Administração direta; centralização
significa situar na Administração direta atividades que, em
tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela;
Decadência administrativa
desconcentração significa transferir a execução de um
Um dos poderes que a Administração possui é o da
serviço público de um órgão para o outro dentro da própria
Administração; concentração significa manter a execução
autotutela administrativa, consistente no poder de rever os
seus próprios atos administrativos independentemente de central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra
precisar recorrer ao Judiciário, seja em razão de vícios de autoridade da Administração direta.
ilegalidade, seja em razão de conveniência e oportunidade. Passemos a esmiuçar estes conceitos:
É o que prevê a súmula 473 do Supremo Tribunal Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do
Federal: “a administração pode anular seus próprios atos, Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são de
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na CF:
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da República
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos
judicial”. VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Supondo que um ato administrativo contenha vício de Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União,
ilegalidade, é um poder-dever da Administração invalidá- que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
lo, embora não possa fazê-lo por um período irrestrito de
tempo caso um terceiro de boa-fé possa ser prejudicado, Neste sentido:
pois senão violaria o princípio da segurança jurídica.
Ultrapassado o prazo, para se rever o vício seria necessário Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:
recorrer ao Judiciário. Quanto à revisão por conveniência a) organização e funcionamento da administração
e oportunidade, ultrapassado o prazo não mais caberá federal, quando não implicar aumento de despesa nem
a revisão, também em vista do princípio da segurança criação ou extinção de órgãos públicos;
jurídica. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
A prescrição administrativa é, neste sentido, a perda Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, com
do direito pela Administração de revisão dos seus atos audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
pelo decurso do tempo (perda do direito de autotutela). Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públicos
federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável,
Como se fala na perda de um direito, a terminologia mais
não a extinção)
adequada para o caso é decadência e não prescrição (afinal,
prescrição é perda da pretensão e não perda do direito).
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem opções
Isto é, decadência administrativa.
de delegar parte de suas atribuições privativas para os Ministros
São as regras do processo administrativo que irão de Estado, o Procurador-Geral da República ou o Advogado-
determinar qual o prazo para revisão do ato até que a Geral da União. O Presidente irá delegar com relação de
decadência administrativa ocorra. No âmbito federal, a hierarquia cada uma destas essencialidades dentro da estrutura
questão é tratada pela Lei nº 9.784/99, que fixa o prazo organizada do Estado. Reforça-se, desconcentrar significa
de 5 anos para anulação do ato administrativo de que delegar com hierarquia, pois há uma relação de subordinação
decorram efeitos favoráveis para os destinatários pela dentro de uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de
própria Administração. Estado, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União respondem diretamente ao Presidente da República
e, por isso, não possuem plena discricionariedade na prática
dos atos administrativos que lhe foram delegados.

15
DIREITO ADMINISTRATIVO

Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
privativas da Administração pública direta no âmbito mais XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja ou nele permaneçam temporariamente;
porque se optou por não delegar. XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual,
o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente de orçamento previstos nesta Constituição;
da República: XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a as contas referentes ao exercício anterior;
direção superior da administração federal; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos na forma da lei;
previstos nesta Constituição; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, termos do art. 62;
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
execução; Constituição.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: Descentralizar envolve a delegação de interesses
a) organização e funcionamento da administração estatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
federal, quando não implicar aumento de despesa nem é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
criação ou extinção de órgãos públicos; a atos administrativos que somente possam ser praticados
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando pela Administração direta porque se referem a interesses
vagos; estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é
VII - manter relações com Estados estrangeiros e uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma
acreditar seus representantes diplomáticos; delegação de um ente para outro (não há subordinação
VIII - celebrar tratados, convenções e atos nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios –
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; se trata de vínculo e não de subordinação).
X - decretar e executar a intervenção federal; Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas
XI - remeter mensagem e plano de governo ao jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para prestarem
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio próprio
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda, exercem
providências que julgar necessárias; em nome próprio direitos e obrigações, respondendo
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, pessoalmente por seus atos e danos.
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar a
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, descentralização administrativa: outorga e delegação.
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade e a
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los ela transfere, através de previsão em lei, determinado serviço
para os cargos que lhes são privativos; público e é conferida, em regra, por prazo indeterminado.
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Isso é o que acontece quanto às entidades da Administração
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Indireta prestadoras de serviços públicos. Neste sentido, o
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador- Estado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando-
Geral da República, o presidente e os diretores do banco os a outras entidades criadas para prestá-los, as quais podem
central e outros servidores, quando determinado em lei; tomar a forma de autarquias, empresas públicas, sociedades
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os de economia mista e fundações públicas.
Ministros do Tribunal de Contas da União; A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
Constituição, e o Advogado-Geral da União; para que o ente delegado o preste ao público em seu próprio
XVII - nomear membros do Conselho da República, nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. A
nos termos do art. 89, VII; delegação é geralmente efetivada por prazo determinado.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão ou
o Conselho de Defesa Nacional; nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere aos
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, concessionários e aos permissionários apenas a execução
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por temporária de determinado serviço.
ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, Centralizar envolve manter na estrutura da
e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a Administração direta o desempenho de funções
mobilização nacional; administrativas de interesses não essenciais do Estado, que
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do poderiam ser atribuídos a entes de fora da Administração
Congresso Nacional; por outorga ou delegação.

16
DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração Pública Direta c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia


Administração Pública direta é aquela formada pelos ou independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos
entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada
Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da
Federal e os Municípios. À exceção da União, que é dotada Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
de soberania, todos os demais são dotados de autonomia. d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Dispõe o Decreto nº 200/1967: deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
Art. 4° A Administração Federal compreende: do MTE.
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
integrados na estrutura administrativa da Presidência da e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
República e dos Ministérios. sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos não
A administração direta é formada por um conjunto pertencem nem mesmo aos três poderes.
de núcleos de competências administrativas, os quais já Conforme Carvalho Filho33, “a noção de Estado, como
foram tidos como representantes do poder central (teoria visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Estado, na
da representação) e como mandatários do poder central verdade, é considerado um ente personalizado, seja no âmbito
(teoria do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de internacional, seja internamente. Quando se trata de Federação,
Otto Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos vigora o pluripersonalismo, porque além da pessoa jurídica
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, central existem outras internas que compõem o sistema
mas que podem ser organizados por decretos autônomos político. Sendo uma pessoa jurídica, o Estado manifesta sua
do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de vontade através de seus agentes, ou seja, as pessoas físicas que
personalidade jurídica própria. pertencem a seus quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os
Assim, os órgãos da Administração direta não possuem agentes, compõe o Estado um grande número de repartições
patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome internas, necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
próprio e nem direitos em nome próprio (não podem que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições
ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de é que constituem os órgãos públicos”.
mandado de segurança – tanto como impetrante como “Várias teorias surgiram para explicar as relações do Estado,
quanto impetrado). Já que não possuem personalidade, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do mandato,
atuam apenas no cumprimento da lei, não atuando por o agente público é mandatário da pessoa jurídica; a teoria foi
vontade própria. Logo, órgãos e agentes públicos são criticada por não explicar como o Estado, que não tem vontade
impessoais quando agem no estrito cumprimento de seus própria, pode outorgar o mandato”34. A origem desta teoria está no
deveres, não respondendo diretamente por seus atos e direito privado, não tendo como prosperar porque o Estado não
danos. pode outorgar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a Num momento seguinte, adotou-se a teoria da
responsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos representação: “Posteriormente houve a substituição dessa
que estejam exercendo atribuições da Administração concepção pela teoria da representação, pela qual a vontade dos
direta é denominada teoria da imputação objetiva, de Otto agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Estado, como
Giërke, que institui o princípio da impessoalidade. ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas que apontam
Quanto se faz desconcentração da autoridade central para representantes dos incapazes. Ocorre que essa teoria, além
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com de equiparar o Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que
diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados o Estado é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não
em simples ou complexos (simples se possuem apenas foi suficiente para alicerçar um regime de responsabilização da
uma estrutura administrativa, complexos se possuem uma pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
rede de estruturas administrativas) e em unitários ou em que o agente ultrapassasse os poderes da representação”35.
colegiados (unitário se o poder de decisão se concentra Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sendo visto como
em uma pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições
conjunto e prevalece a vontade da maioria): plenas de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem como
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou porque se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o
estrutura do Estado, gozando de independência para Estado não poderia ser responsabilizado.
agir e não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles
definir as políticas que serão implementadas. É o caso da 33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Presidência da República, órgão complexo composto pelo direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
gabinete, pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho ris, 2010.
da República, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o 34 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi-
Presidente da República é o único que toma as decisões). nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do 35 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo
poder, com autonomia funcional, porém subordinados – esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos,
politicamente aos independentes. É o caso de todos os conteúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São
ministérios de Estado. Paulo: Atlas editora, 2013.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, Essas quatro pessoas integrantes da Administração
segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos indireta serão criadas para a prestação de serviços públicos
criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas,
ser organizados por decretos autônomos do Executivo (art. como no caso das empresas públicas e sociedades de
84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o
própria. Com efeito, o Estado brasileiro responde pelos atos grau de especialidade e eficiência da prestação do serviço
que seus agentes praticam, mesmo se estes atos extrapolam público ou, quando exploradoras de atividades econômicas,
das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o visando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
intocável e assustador direito de regresso. da segurança nacional.
Apresenta-se a classificação dos órgãos: Com efeito, de acordo com as regras constantes do
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
distritais e municipais. poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são em duas situações, conforme se colhe do caput do referido
aqueles que detêm condição de comando e de direção, e os artigo, a seguir reproduzido:
subordinados, incumbidos das funções rotineiras de execução. Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta
c) Quanto à composição: singulares, quando integrados Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
em um só agente, e os coletivos, quando compostos por Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
vários agentes. de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem conforme definidos em lei.
atribuições em todo o território nacional, estadual, distrital e Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
municipal, e os locais, que atuam em parte do território. constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado,
e) Quanto à posição estatal: são os que representam os ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta
poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. deferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compostos. econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto
Os órgãos compostos são constituídos por vários outros Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em grau
órgãos. de igualdade com os particulares, e sob o regime do artigo
170 da Constituição, inclusive quanto à livre concorrência,
Administração indireta submetendo-se ainda a todas as obrigações constantes do
A Administração Pública indireta pode ser definida regime jurídico de direito privado, inclusive no tocante às
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
atuam paralelamente à Administração direta na prestação de Autarquias
serviços públicos ou na exploração de atividades econômicas. Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
“Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos
internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei,
pessoas jurídicas, também denominadas de entidades”36. com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
Em que pese haver entendimento diverso registrado em para executar atividades típicas da Administração Pública,
nossa doutrina, integram a Administração indireta do Estado que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, as administrativa e financeira descentralizada.
Fundações, as Sociedades de Economia Mista e as Empresas
Públicas. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público,
Dispõe o Decreto nº 200/1967: de natureza administrativa, criadas para a execução de
serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas
Art. 4° A Administração Federal compreende: entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica lei e comum monopólio do Estado.
própria: “O termo autarquia significa autogoverno ou governo
a) Autarquias; próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semântica
b) Empresas Públicas; para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa com
c) Sociedades de Economia Mista. relativa capacidade de gestão dos interesses a seu cargo,
d) fundações públicas. embora sob controle do Estado, de onde se originou. Na
verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo está
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que ultrapassado e não mais reflete uma noção exata do instituto.
prestam serviços públicos por delegação, embora não [...] Pode-se conceituar autarquia como a pessoa jurídica de
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os direito público, integrante da Administração Indireta, criada
permissionários, os concessionários e os autorizados. por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter
36 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de econômico, sejam próprias e típicas do Estado”37.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- 37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
ris, 2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo O patrimônio da autarquia é formado por bens públicos,
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, ser razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
prestadoras de serviços públicos, contando com capital oriundo regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
da Administração direta. O Código Civil, em seu artigo 41, IV, as que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
coloca como pessoas jurídicas de direito público, embora exista oneração e de usucapião.
controvérsia na doutrina. Os agentes públicos das autarquias são concursados
Carvalho Filho38 classifica quanto ao regime jurídico: “a) e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
autarquias comuns (ou de regime comum); b) autarquias especiais à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e são
(ou de regime especial). Segundo a própria terminologia, é fácil nomeados e destituídos livremente pelo chefe do Executivo.
distingui-las: as primeiras estariam sujeitas a uma disciplina
jurídica sem qualquer especificidade, ao passo que as últimas Agências reguladoras
seriam regidas por disciplina específica, cuja característica seria São figuras muito recentes em nosso ordenamento
a de atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de
autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aquelas regime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público
criadas para serviços especiais, como autarquias de ensino (ex.: com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas
USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM e CREA). as regras das autarquias.
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: Instituto O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se
Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento Nacional de baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado,
Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Administrativo de o dirigente passa a gozar de mandato com prazo
Defesa Econômica (CADE), Departamento nacional de Registro determinado e só pode ser destituído por processo com
do Comércio (DNRC), Instituto Nacional da Propriedade decisão motivada.
Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil de serviços públicos. Elas não executam o serviço
propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com
(Bacen).
Ainda sobra as autarquias:
típica função de controle da prestação dos serviços públicos
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de
e do exercício de atividades econômicas, evitando a prática
transferência pela entidade estatal a que se vinculam, portanto,
de abusos por parte de entidades do setor privado.
capital exclusivamente público.
São titulares da matéria técnica que regulam, de modo
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejando
que somente elas podem disciplinar as regras e padrões
seus gastos e compromissos a cada exercício. A proposta
orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do Executivo,
técnicos desta determinada seara.
que a inclui no orçamento fiscal da lei orçamentária anual. A No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar
própria autarquia presta contas diretamente ao Tribunal de o cumprimento de contratos de concessões e o atingimento
Contas. de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendimento
Podem pagar aos seus credores por meio de precatórios e a consumidores e usuários (inclusive recebendo e
requisição de pequeno valor, tal como a Administração direta. processando denúncias e reclamações, aplicando penas
Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa de seus devedores. administrativas e multas, bem como rescindindo contratos),
Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a todas definir política tarifária e reajustá-la.
unidades da federação. Entre as agências reguladoras inseridas no
A elas se conferem as mesmas prerrogativas processuais ordenamento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência
que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para contestar Nacional de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996;
e recorrer, além de reexame necessário da causa em situações de a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela
condenação acima de certos valores. Lei nº 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petróleo,
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e extintas pela Lei nº 9.478/1997.
por lei, que podem ser complementadas por atos do Executivo,
notadamente Decretos. Agências executivas
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais Agência executiva é a qualificação conferida a
e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou autarquia, fundação pública ou órgão da administração
intermunicipais (não é permitida a associação de unidades direta que celebra contrato de gestão com o próprio
federativas para a criação de autarquias). ente político com o qual está vinculado. As agências
Devem executar atividades típicas do direito público e, executivas se distinguem das agências reguladoras por
notadamente, serviços públicos de natureza social e atividades não terem como objetivo principal o de exercer controle
administrativas, com a exclusão dos serviços e atividades de sobre particulares que prestam serviços públicos, que é o
cunho econômico e mercantil. objetivo fundamental das agências reguladoras. Assim, a
expressão “agências executivas” corresponde a um título ou
ris, 2010. qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públicas
38 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de cujo objetivo seja exercer atividade estatal.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Fundações públicas Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços


Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: públicos, estará submetida a regime jurídico público,
ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, atividade econômica, estará submetida a regime jurídico
criada em virtude de autorização legislativa, para o denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
desenvolvimento de atividades que não exijam execução necessidade de observância, ao menos em suas relações
por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia com os administrados, das regras atinentes ao regime da
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos Administração, a exemplo dos princípios expressos no
órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
da União e de outras fontes. Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo
para atingir uma finalidade específica, denominadas, (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
em latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de Estas empresas públicas se caracterizam e se diferenciam
assistência. das sociedades de economia mista por: não possuírem fins
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive lucrativos (o capital excedente não se transforma em lucro,
para aquelas que não integram a Administração indireta é reinvestido na própria empresa), podem adotar perfis
(não-governamentais). No caso das fundações que integram empresariais diversos (LTDA, comandita, nome coletivo,
a Administração indireta (governamentais), quando forem S/A), o capital social é formado por recursos públicos e
dotadas de personalidade de direito público, serão regidas só admite sócios públicos (pode ter apenas um sócio –
integralmente por regras de direito público. Quando forem unipessoalidade originária ou inicial).
dotadas de personalidade de direito privado, serão regidas
por regras de direito público e direito privado. Sociedades de economia mista
Quando as fundações são criadas pelo Estado são Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
conhecidas como fundações públicas, ou autarquias
fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada
fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei
criar e organizar a fundação. As fundações públicas são para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam
públicas que adotam regime jurídico de direito público, se em sua maioria à União ou a entidade da Administração
equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas regras Indireta.
que elas.
Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas
fundação pública que adote regime jurídico de direito de Direito Privado criadas para a prestação de serviços
privado, ou então um regime misto, caso em que seus públicos ou para a exploração de atividade econômica,
servidores poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não contando com capital misto e constituídas somente sob a
será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei forma empresarial de S/A.
autorizadora deve ser expressa neste sentido. Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado
que participa dela, existem acionistas a ela vinculados.
Empresas públicas Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário
(se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade empresa comum, não sociedade de economia mista).
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital Alguns exemplos de sociedade mista:
exclusivo da União, criado por lei para a exploração de - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
atividade econômica que o Governo seja levado a exercer e Banespa.
por força de contingência ou de conveniência administrativa - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento
direito. Habitacional Urbano).
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas),
para a exploração de atividades econômicas, que contam adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social
com capital exclusivamente público, e são constituídas é formado por recursos públicos e privados, os sócios são
por qualquer modalidade empresarial, após autorização privados e públicos (Estado).
legislativa do ente federativo criador.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresas públicas e sociedades de economia mista: § 1º O consórcio público constituirá associação pública
semelhanças ou pessoa jurídica de direito privado.
Embora a Constituição Federal reserve a atividade § 2º A União somente participará de consórcios públicos
econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado em que também façam parte todos os Estados em cujos
os papéis de integração (integrar o Brasil na economia territórios estejam situados os Municípios consorciados.
global), regulação (definindo regras e limites na exploração § 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão
da atividade econômica por particulares) e intervenção obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o
(fixação de regras e normas para combater o abuso do Sistema Único de Saúde – SUS.
poder econômico) (conforme artigos 173 e seguintes, CF),
autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão
diretamente atividades econômicas se houver um determinados pelos entes da Federação que se consorciarem,
relevante interesse em matérias (serviços públicos em observados os limites constitucionais.
geral) ou atividades de soberania. § 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por público poderá:
meio de sociedades de economia mista e empresas I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer
públicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais
de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;
abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode II – nos termos do contrato de consórcio de direito
dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, público, promover desapropriações e instituir servidões nos
tributários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais, termos de declaração de utilidade ou necessidade pública,
não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam. ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente III – ser contratado pela administração direta ou indireta
se aplica quando o Estado está explorando atividade dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.
econômica propriamente dita, não quando está ofertando § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos
serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas
Estado pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta e outros preços públicos pela prestação de serviços ou
a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles
econômico. Por exemplo, os Correios são uma empresa administrados ou, mediante autorização específica, pelo
pública e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de ente da Federação consorciado.
bens. § 3º Os consórcios públicos poderão outorgar
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços
economia mista são criadas por lei e a existência delas deve públicos mediante autorização prevista no contrato de
ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, consórcio público, que deverá indicar de forma específica
ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus o objeto da concessão, permissão ou autorização e as
bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora condições a que deverá atender, observada a legislação de
de serviço público e não exploradora de atividade normas gerais em vigor.
econômica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à
recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005). Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato
Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo
mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da de intenções.
atividade-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao
regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de
contratados mediante concurso público de provas ou intenções as que estabeleçam:
provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a
obedecer ao teto de remuneração (exceto no caso de sede do consórcio;
sociedade de economia mista que subsista sem qualquer II – a identificação dos entes da Federação consorciados;
auxílio do governo, apenas com seus lucros). III – a indicação da área de atuação do consórcio;
IV – a previsão de que o consórcio público é associação
LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005. pública ou pessoa jurídica de direito privado sem fins
econômicos;
Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios V – os critérios para, em assuntos de interesse comum,
públicos e dá outras providências. autorizar o consórcio público a representar os entes da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Federação consorciados perante outras esferas de governo;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI – as normas de convocação e funcionamento da
assembléia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, modificação dos estatutos do consórcio público;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância
consórcios públicos para a realização de objetivos de máxima do consórcio público e o número de votos para as
interesse comum e dá outras providências. suas deliberações;

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DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado com a
representante legal do consórcio público que, obrigatoriamente, ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.
deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação § 1º O contrato de consórcio público, caso assim preveja
consorciado; cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos
IX – o número, as formas de provimento e a remuneração entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções.
dos empregados públicos, bem como os casos de contratação § 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita
por tempo determinado para atender a necessidade temporária pelos demais entes subscritores, implicará consorciamento
de excepcional interesse público; parcial ou condicional.
X – as condições para que o consórcio público celebre § 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição
contrato de gestão ou termo de parceria; do protocolo de intenções dependerá de homologação da
XI – a autorização para a gestão associada de serviços assembleia geral do consórcio público.
públicos, explicitando: § 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste
a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo
público; de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio
b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área público.
em que serão prestados;
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
permissão ou autorização da prestação dos serviços; I – de direito público, no caso de constituir associação pública,
d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de
no caso de a gestão associada envolver também a prestação de intenções;
serviços por órgão ou entidade de um dos entes da Federação II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos
consorciados; da legislação civil.
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de
outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e direito público integra a administração indireta de todos os
entes da Federação consorciados.
XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de
adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento
direito privado, o consórcio público observará as normas
das cláusulas do contrato de consórcio público.
de direito público no que concerne à realização de licitação,
§ 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo,
celebração de contratos, prestação de contas e admissão de
considera-se como área de atuação do consórcio público,
pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho
independentemente de figurar a União como consorciada, a
- CLT.
que corresponde à soma dos territórios:
I – dos Municípios, quando o consórcio público for constituído
Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o
somente por Municípios ou por um Estado e Municípios com funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos do consórcio
territórios nele contidos; público.
II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando
o consórcio público for, respectivamente, constituído por mais de Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos
1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e o Distrito Federal; ao consórcio público mediante contrato de rateio.
III – (VETADO) § 1º O contrato de rateio será formalizado em cada
IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio exercício financeiro e seu prazo de vigência não será superior
for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos
V – (VETADO) que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes
§ 2º O protocolo de intenções deve definir o número de em programas e ações contemplados em plano plurianual ou a
votos que cada ente da Federação consorciado possui na gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou
assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente outros preços públicos.
consorciado. § 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio
§ 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja de contrato de rateio para o atendimento de despesas genéricas,
determinadas contribuições financeiras ou econômicas de inclusive transferências ou operações de crédito.
ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, § 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem
destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as como o consórcio público, são partes legítimas para exigir o
transferências ou cessões de direitos operadas por força de cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.
gestão associada de serviços públicos. § 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos
§ 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000,
eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma e o consórcio público deve fornecer as informações necessárias
condições da legislação de cada um. para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados,
§ 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na todas as despesas realizadas com os recursos entregues em virtude
imprensa oficial. de contrato de rateio, de forma que possam ser contabilizadas
nas contas de cada ente da Federação na conformidade dos
elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.

22
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após § 1º O contrato de programa deverá:


prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar, I – atender à legislação de concessões e permissões de
em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as serviços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo
dotações suficientes para suportar as despesas assumidas de tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos
por meio de contrato de rateio. serviços a serem prestados; e
II – prever procedimentos que garantam a transparência
Art. 9º A execução das receitas e despesas do consórcio da gestão econômica e financeira de cada serviço em relação
público deverá obedecer às normas de direito financeiro a cada um de seus titulares.
aplicáveis às entidades públicas. § 2º No caso de a gestão associada originar a
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal
fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos,
de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do o contrato de programa, sob pena de nulidade, deverá
Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive conter cláusulas que estabeleçam:
quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das I – os encargos transferidos e a responsabilidade
despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo subsidiária da entidade que os transferiu;
do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos II – as penalidades no caso de inadimplência em relação
contratos de rateio. aos encargos transferidos;
III – o momento de transferência dos serviços e os
Art. 10. (VETADO) deveres relativos a sua continuidade;
Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos
da gestão de consórcio não responderão pessoalmente do pessoal transferido;
pelas obrigações contraídas pelo consórcio público, mas V – a identificação dos bens que terão apenas a sua
responderão pelos atos praticados em desconformidade com gestão e administração transferidas e o preço dos que sejam
a lei ou com as disposições dos respectivos estatutos. efetivamente alienados ao contratado;
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e
Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio
avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados
público dependerá de ato formal de seu representante na
mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da
assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei.
prestação dos serviços.
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa
consorciado que se retira somente serão revertidos ou
que atribuir ao contratado o exercício dos poderes de
retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de
planejamento, regulação e fiscalização dos serviços por ele
consórcio público ou no instrumento de transferência ou
próprio prestados.
de alienação.
§ 2º A retirada ou a extinção do consórcio público § 4º O contrato de programa continuará vigente mesmo
não prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os quando extinto o consórcio público ou o convênio de
contratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
pagamento das indenizações eventualmente devidas. públicos.
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio
Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de público, ou de convênio de cooperação, o contrato de
consórcio público dependerá de instrumento aprovado pela programa poderá ser celebrado por entidades de direito
assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes público ou privado que integrem a administração indireta
consorciados. de qualquer dos entes da Federação consorciados ou
§ 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações conveniados.
decorrentes da gestão associada de serviços públicos § 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o
custeados por tarifas ou outra espécie de preço público deste artigo será automaticamente extinto no caso de o
serão atribuídos aos titulares dos respectivos serviços. contratado não mais integrar a administração indireta do
§ 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis ente da Federação que autorizou a gestão associada de
por cada obrigação, os entes consorciados responderão serviços públicos por meio de consórcio público ou de
solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantindo convênio de cooperação.
o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou § 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as
dos que deram causa à obrigação. obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer
ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato consórcio público.
de programa, como condição de sua validade, as obrigações
que um ente da Federação constituir para com outro ente Art. 14. A União poderá celebrar convênios com
da Federação ou para com consórcio público no âmbito os consórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a
de gestão associada em que haja a prestação de serviços descentralização e a prestação de políticas públicas em
públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, escalas adequadas.
serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos
serviços transferidos.

23
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios
funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados de cooperação, contratos de programa para gestão associada
pela legislação que rege as associações civis. de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que tenham
sido celebrados anteriormente a sua vigência.
Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a seguinte Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o
redação: disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabilidade
pública que serão observadas pelos consórcios públicos
“Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações para que sua gestão financeira e orçamentária se realize na
públicas; [...]” (NR) conformidade dos pressupostos da responsabilidade fiscal.

Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21 Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e 117º
“Art. 23. [...] da República.
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo
quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO, NATUREZA E
triplo, quando formado por maior número.»
CLASSIFICAÇÃO.
“Art. 24. [...]
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente
da Federação ou com entidade de sua administração indireta, 1. OS ÓRGÃOS PÚBLICOS E A NOÇÃO DE ESTADO.
para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em Na seara do Direito administrativo existe uma sólida
convênio de cooperação. doutrina que cuida da pesquisa e da publicação de textos
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos voltados para o estudo dos órgãos públicos. No Estado
I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) brasileiro não podemos afastar a compreensão entre órgão
para compras, obras e serviços contratados por consórcios público, federalismo e pessoa jurídica.
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Daí segundo José dos Santos Carvalho Filho:
Agências Executivas.” (NR)
“A noção de Estado, como visto, não pode abstrair-se
“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do da de pessoa jurídica. O Estado, na verdade, é considerado
art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações um ente personalizado, seja no âmbito internacional, seja
de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente internamente. Quando se trata de Federação, vigora o
justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo pluripersonalismo, porque além da pessoa jurídica central
único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro existem outras internas que compõem o sistema político.
de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e Sendo uma pessoa jurídica, o Estado manifesta sua vontade
publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, através de seus agentes, ou seja, as pessoas físicas que
como condição para a eficácia dos atos” (NR). pertencem a seus quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os
agentes, compõe o Estado um grande número de repartições
“Art. 112. [...] internas, necessárias à sua organização, tão grande é a
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação extensão que alcança e tamanha as atividades a seu cargo.
da qual, nos termos do edital, decorram contratos Tais repartições é que constituem os órgãos públicos.[1]
administrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
entes da Federação consorciados. Extrai-se do fragmento da obra deste autor, a
§ 2º É facultado à entidade interessada o importância de estudar e compreender a teoria do órgão,
acompanhamento da licitação e da execução do contrato.» formulada pelos europeus e que abastece a seara jurídica
(NR) administrativa brasileira.

Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, 1.1 A evolução teórica da relação visualizada na doutrina
passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos: entre o Órgão e a Pessoa.
“Art. 10. [...]
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha No campo do Direito administrativo existe um legado
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão deixado pelos europeus acerca das outras teorias que
associada sem observar as formalidades previstas na lei; antecederam a teoria do órgão aceita pelos doutrinadores
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem brasileiros. Dentre elas iremos ressaltar as que fizeram parte
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar dos primeiros degraus para alicerçar o pensamento alemão
as formalidades previstas na lei.” (NR) sobre o assunto e que foi aceito no Brasil.

24
DIREITO ADMINISTRATIVO

Primeiramente, a ideia jurídica era agasalhada pela As células administrativas, são nada mais do que órgãos,
teoria do mandato. O que esta teoria dizia ? Em seu componentes públicos, junção de agentes, de categorias, de
arcabouço, os agentes públicos eram mandatários do atribuições, que todos juntos fazem o Estado e o apresentam
Estado. Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro: como organismo vivo, dinâmico e pulsante, que deve
acompanhar as transformações sociais, administrativas e
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do energéticas do mundo globalizado.
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: 1. pela teoria do
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurídica; Em razão da teoria do órgão, no Brasil houve a criação
a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, que da noção de imputação dos atos praticados pelos agentes ao
não tem vontade própria, pode outorgar o mandato.”[2] Estado, numa relação orgânica. No dizer de Hely Lopes Meireles
“os órgãos são, centros de competências instituídos para o
Esta teoria teve sua gênese no direito privado e não desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja
atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.”[4]
poderia prosperar, até porque, o Estado não poderia
outorgar mandato a alguém. Como dito acima, a teoria foi
A teoria alemã, tem aplicação direta na hipótese da
bastante questionada, pois se o Estado não tem vontade
chamada função de fato. Esta imputação tem reflexos na
própria, haveria então duas vontades existentes, uma do
responsabilidade, pois o Estado brasileiro responde pelos atos
agente e outra distinta. Tal teoria não sobreviveu. que seus agentes praticam, mesmo se estes atos extrapolam
das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o
Em outro momento, teoria diferente surgiu. Foi intocável e assustador direito de regresso.
denominada de teoria da representação. Aqui, passou-se a
compreender que os agentes públicos são representantes Cabe ao servidor público brasileiro extremo zelo nas
do Estado. Na visão de Irene Patrícia Nohara: suas atitudes profissionais, tendo em vista que qualquer ato
praticado, que seja interpretado com prejudicial ou desprezível
“Posteriormente houve a substituição dessa concepção ao patrimônio de alguém, sofre o desprazer de suportar o
pela teoria da representação, pela qual a vontade dos irascível desgosto de pagar a conta pelo prejuízo causado.
agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Estado,
como ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas que 1.2 Conceito de órgão público.
apontam para representantes dos incapazes. Ocorre que
essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurídica, Com base na teoria do órgão, podemos conceituar órgão
ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica dotada público como uma unidade que une atribuições praticadas
de capacidade plena), não foi suficiente para alicerçar um pelos agentes públicos que o formam com o objetivo de
regime de responsabilização da pessoa jurídica perante manifestar a vontade do Estado, o seu pensamento, ou pelo
terceiros prejudicados nas circunstâncias em que o agente menos a sua tendência de agir.
ultrapassasse os poderes da representação”.[3]
Na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello “os órgãos
Não obstante o conceito acima trazido pela doutrina nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes
brasileira, é perceptível que acerbas foram também as ácidas individuais de poderes funcionais repartidos no interior da
críticas a esta teoria. Inicialmente, porque o Estado estaria personalidade estatal e expressados através dos agentes neles
sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa providos.”[5]
que não tem condições plenas de manifestar, de falar, de
Vale dizer que a teoria do órgão, de onde procede o
resolver pendências. E depois, porque se o representante
conceito acima foi bem aceita por outros juristas, tais como,
estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não poderia ser
Jellinek, Carré de Malberg, Renato Alessi, Marcello Caetano
responsabilizado. Ora, tal situação é totalmente estranha,
entre tantos outros.
inadequada.
2 EVOLUÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA E A TEORIA DO
Pois bem, superadas tais teorias, surge então uma ÓRGÃO.
terceira que agrada a classe jurídica tanto europeia como
também a brasileira. Surge então a denominada teoria do Acerca da natureza dos órgãos também foram elaboradas
órgão. Por inspiração do jurista germânico Otto Friedrich teorias dentre as quais enquadramos a natureza jurídica.
von Gierke, foi construída a teoria do órgão, capaz de Dentre elas citamos a teoria subjetiva, a teoria objetiva e a
nos apresentar a compreensão de que segundo ela, a teoria eclética.
vontade da pessoa jurídica estatal deve ser atribuída aos
órgãos que a compõem. Acredito que nos dias atuais, a Na primeira, surge a teoria subjetiva os órgãos são
teoria do órgão também poderia ser compreendida como identificados com os agentes públicos. Em síntese esta
uma teoria das células administrativas. Assim, peço venia teoria entende que desaparecendo o funcionário público,
aos doutrinadores brasileiros, para apresentar esta nova o órgão também deixa de existir. Tal interpretação é a
nomenclatura, a saber, teoria das células administrativas. manifestação de sua enorme falha. Não pode o órgão
desaparecer, com o sumiço do funcionário.

25
DIREITO ADMINISTRATIVO

Na segunda, surge a teoria objetiva, por outro Em José dos Santos Carvalho Filho:
lado, vê no órgão público um conjunto de atribuições, “São os mais diversos os critérios adotados para definir-
mas inconfundível com o agente público. Leva uma se a classificação dos órgãos públicos. Veremos os mais
certa vantagem sobre a teoria anterior, uma vez que, importantes: “a)-quanto à pessoa federativa; b)-quando à
desaparecendo o funcionário, o órgão público não situação estrutural; c)-quanto à composição; d)-quanto aos
desaparece com ele. Porém, é criticada pelo aspecto de que órgãos de representação unitária; e)-quanto aos órgãos de
o órgão não tem vontade própria, da mesma forma que o representação plúrima.”[7]
Estado. Esta teoria não consegue explicar como o Estado Quanto à pessoa federativa, os “órgãos dividem-se
expressa sua vontade. em federais, estaduais, distritais e municipais. Quanto à
situação estrutural, este critério leva em consideração a
Enfim, por último surge a teoria eclética. Aqui o órgão é situação do órgão, sua estrutura estatal, assim temos:
forjado pois dois elementos. Surge claramente a figura do a)-os diretivos que são aqueles que detêm condição de
agente e a figura do complexo de atribuições. Entretanto, comando, de direção. b)-os subordinados, os incumbidos
esta teoria incide na mesma falha que a subjetiva, à medida das funções rotineiras de execução.
que, exigindo os dois elementos para a existência do De outro lado, quanto à composição, podem os órgãos
órgão, levará à mesma conclusão de que, desaparecendo dividir-se em singulares e coletivos. Os singulares, quando
um deles, no caso o agente, também desaparecerá o órgão. integrados em um só agente. Podemos exemplificar, na figura
do chefe do Executivo. E os coletivos, quando compostos
Vê-se então que várias são as teorias que apresentam a por vários agentes, é o caso dos órgãos colegiados ou de
natureza jurídica do órgão público. Entretanto, a teoria que representação plúrima (como nos Tribunais, Conselhos) e
prevalece no Brasil vigente é a de que o órgão é um feixe os de representação unitária, em que a vontade do agente
de atribuições, de atividades vivas e orgânicas. Com isto exterioriza a vontade do próprio órgão (como no caso dos
ressaltamos a doutrina exposta por Maria Sylvia Zanella di Departamentos, Coordenadorias).
Pietro: Em Maria Sylvia Zanella di Pietro, a classificação dos
órgãos públicos “vários são os critérios para classificar os
“Acreditamos que a doutrina que hoje prevalece
órgãos públicos: 1.quanto à esfera de ação [...] 2.quanto
no direito brasileiro é a que vê no órgão apenas um
à posição estatal [...] 3.quanto à estrutura [...] 4.quanto à
feixe de atribuições, uma unidade inconfundível com os
composição”.[8]
agentes. Como diz Hely Lopes Meirelles (2003:67), “cada
órgão, como centro de competência governamental ou
Quanto à esfera de ação, classificam-se em centrais e
administrativa, tem necessariamente funções, cargos e
locais. Os centrais, exercem atribuições em todo o território
agentes, mas é distinto desses elementos, que podem
ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão
nacional, estadual, distrital e municipal. Assim, temos os
da unidade orgânica. Isto explica por que a alteração de ministérios e secretarias. E os locais, atuam em parte do
funções, ou a vacância dos cargos, ou a mudança de seus território, como delegacias de polícia, postos de saúde etc.
titulares não acarreta a extinção do órgão”. Além disto,
grande parte dos órgãos é constituída por vários agentes, Quanto à posição estatal, são os originários da
cada um exercendo uma parcela das atribuições totais dos constituição federal vigente, e representam os poderes
órgãos que integram”.[6] do Estado. No Brasil, como temos apenas três poderes,
citamos o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Cremos que a existência de órgãos públicos, com
estrutura e atribuições definidas em lei, corresponde a Quanto à estrutura os órgãos podem ser simples
uma necessidade de distribuir de forma racional as várias e ou unitários e compostos. Os órgãos compostos são
complexas atribuições que incumbem ao Estado brasileiro constituídos por vários outros órgãos, como ocorre nos
nos dias atuais. A diretriz constitucional vigente diz isto, e ministérios e secretarias.
enfatiza que os órgãos públicos não são criados livremente
e também extintos só pela vontade pura e simples. As Quanto à composição, classificam-se em singulares,
reservas legais estão disciplinas na Constituição Federal de integrando-se a um único agente. E os coletivos, integrando-
1988 e devem ser observadas como caminhos adequados se por vários agentes, como é o caso da Presidência da
pelo governo. República.

3. A CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS. Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, analisadas no
contexto deste artigo, cada órgão público é um centro
São várias e diversas as classificações adotadas pela de competência governamental ou administrativa,
doutrina brasileira acerca dos órgãos públicos. Entretanto, tendo funções, cargos e agentes. Compreendemos que
demonstraremos duas em destaque. A primeira, na visão de a existência de órgãos públicos, no Brasil, com estrutura
José dos Santos Carvalho Filho e a última na visão jurídica e atribuições definidas, surgem em razão da lei e não do
de Maria Sylvia Zanella di Pietro. mero capricho do governante.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Destacamos, que a competência é atribuída aos órgãos, Na modalidade de provimento em comissão, não há
pelo ato legislativo, através da desconcentração jurídica. Tais leis garantia de permanência ou de forma de perda, como o
são de iniciativa do chefe do Poder Executivo federal, conforme efetivo, mas é uma atividade de caráter transitório, ou seja,
descreve o artigo 61 §1º, ressaltando que está vedada a criação dura enquanto a confiança da pessoa que nomeou o agente
ou extinção de órgãos públicos mediante decretos (art. 84, existir, ou enquanto essa pessoa ocupar determinado
inciso VI, letra a). escalão dentro da Adm. Pública.
As reservas legais estão disciplinadas na Constituição
Federal de 1988, devendo ser observadas como caminhos Outra característica dos cargos públicos é que existe
adequados, afastando-se qualquer nulidade jurídica ou vício na a possibilidade de progressão para outras classes, e
sua feitura, uma vez que, ao chefiar o Poder Executivo, ocorre consequente aumento de vencimentos e exercício de
em muitos homens e mulheres, a emoção da assinatura de um atividades mais complexas.
documento oficial e o deslumbramento perante a sociedade.
Por fim, apresentamos duas classificações adotadas pela Para acumular dois cargos não pode haver choque
doutrina brasileira acerca dos órgãos públicos. Embora existam de horários, tampouco ultrapassar o teto constitucional.
várias admitidas no Brasil. Ressaltamos as visões jurídicas de José Além do mais, os cargos têm de serem aqueles previstos
dos Santos Carvalho Filho e de Maria Sylvia Zanella di Pietro. na Constituição: dois cargos de professor; um de professor
Pedagogicamente, os dois autores apresentam com um de técnico ou científico; dois cargos de profissional
entendimentos coerentes e que ajudam a compreender como vinculado à área de saúde.
o Brasil recepcionou a teoria do órgão e apresenta o raciocínio
acerca das atribuições e das competências, que são instituídas Emprego:
para o desempenho de funções estatais, através de seus
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a qual estão É o vínculo estabelecido entre a pessoa natural e
vinculados. a Administração Pública Indireta (empresas públicas e
sociedades de economia mista), sendo que essas relações
empregatícias serão regidas pela Consolidação das Leis do
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO E Trabalho.
FUNÇÃO PÚBLICA.
Função públicos:
O termo função aqui não se refere àquelas atividades
que todo agente público exerce, mas sim a um vínculo de
Agentes públicos: Cargo, emprego e função públicos
trabalho entre uma pessoa física e a Adm. Pública. Conjunto
Não se admite que qualquer pessoa exerça atividades em
de atribuições e responsabilidades exercidas por pessoa,
nome do Estado, devendo exercê-las somente aquelas que
mantenham vínculo laboral com a Administração Pública. em regra para a execução de serviços eventuais.
Existem três tipos de vínculo:
Para distinguir cargo em comissão de função, é
Cargo: necessário esclarecer que os cargos em comissão são
Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades que aqueles de chefia, direção (1º escalão), enquanto que na
possui um agente público, criado por lei (conjunto), em número função, o agente exerce em regra a chefia de determinados
determinado, com denominação própria e remunerado pelos setores (chefia executiva), ficando subordinada ao que
cofres públicos. É o vínculo de trabalho que liga a espécie de detém o cargo em comissão.
agente público servidor público à Administração:
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e Existem as funções de confiança que são aquelas
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que ocupadas por agentes concursados (art. 37, V, CF) e as
devem ser cometidas a um servidor. (LEI Nº 8.112, DE 11 DE temporárias, que são ocupadas por terceirizados e regidas
DEZEMBRO DE 1990). pela lei 8.745/93.

Se dividem em cargos de provimento efetivo e os de A função públicos é regida pelo estatuto, trata-se de
provimento em comissão. um dos casos excepcionais em que as regras estatutárias
Na primeira modalidade, o agente público poderá adquirir são aplicadas a servidores com outro tipo de vínculo que
estabilidade após três anos de efetivo exercício. Efetividade não o de servidor.
segundo Odete Medauar, é o modo de preenchimento do Os empregados públicos apesar de se equipararem
cargo, garantindo ao agente a permanência no exercício de aos empregados privados, se sujeitam a alguns preceitos
suas atribuições. Já a estabilidade, se refere ao modo como o aplicáveis aos estatutários, como o limite da remuneração,
agente público perderá seu cargo, devendo ser somente por proibição de acumulação de cargos e possibilidade de
sentença judicial transitada em julgado, processo administrativo, sofrer sanções por improbidade administrativa.
procedimento de avaliação periódica e para possibilitar que as .
despesas com pessoal não excedam os limites estabelecidos em
lei.

27
DIREITO ADMINISTRATIVO

Elementos e natureza jurídica do controle


CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO Segundo Carvalho Filho41, dois são os elementos
DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE básicos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização
ADMINISTRATIVO; CONTROLE JUDICIAL; e a revisão são os elementos básicos do controle. A
CONTROLE LEGISLATIVO; fiscalização consiste no poder de verificação que se faz
sobre a atividade dos órgãos e dos agentes administrativos,
bem como em relação à finalidade pública que deve servir
de objetivo para a Administração. A revisão é o poder de
Controle da Administração Pública é o exercício de corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham
vigilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional, vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade de
exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com alterar alguma linha das políticas administrativas para que
relação a outro. melhor seja atendido o interesse coletivo”.
“O controle do Estado pode ser exercido através Para o autor, a natureza jurídica do controle é de
de duas formas distintas, que merecem ser desde logo princípio fundamental da administração pública,
diferenciadas. De um lado, temos o controle político, conforme teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que
aquele que tem por base a necessidade de equilíbrio assegura também que o controle deve ser exercido em
entre os Poderes estruturais da República – o Executivo, o todos níveis e em todos órgãos.
Legislativo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento
se encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios Classificação das formas de controle
e contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem
o crescimento de qualquer um deles em detrimento “O poder-dever de controle é exercitável por todos os
de outro e que permitem a compensação de eventuais Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
pontos de debilidade de um para não deixá-lo sucumbir administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa em
à força de outro. São realmente freios e contrapesos dos todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agentes. Por
Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses casos esse motivo, diversas são as formas pelas quais o controle
é a demonstração do caráter que tem o controle político: se exercita, sendo, destarte, inúmeras as denominações
seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das instituições adotadas” 42.
democráticas do país. O controle administrativo tem
linhas diversas. Nele não se procede a nenhuma medida Conforme o âmbito da administração
para estabilizar poderes políticos, mas, ao contrário, se a) Por subordinação: exercido por meio dos patamares
pretende alvejar os órgãos incumbidos de exercer uma das de hierarquia dentro da mesma Administração. Trata-se de
funções do Estado – a função administrativa. Enquanto o controle tipicamente interno.
controle político se relaciona com as instituições políticas, b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
o controle administrativo é direcionado às instituições atribuídos poderes de fiscalização e revisão em relação a
administrativas. [...] Podemos denominar de controle pessoa diversa. Trata-se de controle tipicamente externo.
da Administração Pública o conjunto de mecanismos
jurídicos e administrativos por meio dos quais se Conforme a iniciativa
exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade a) De ofício: executado pela própria Administração
administrativa em qualquer das esferas de Poder”39. quando está regularmente exercendo as suas funções.
O princípio da legalidade e o princípio das políticas Afinal, a Administração tem a prerrogativa da autotutela,
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da que a permite invalidar ou revogar suas condutas de ofício
Administração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, (súmulas 346 e 473, STF).
a ideia central, quando se fala em controle da Administração b) Provocado: ocorre mediante provocação de
Pública, reside no fato de que o titular do patrimônio público terceiro, postulando a revisão do ato administrativo dito
(material e imaterial) é o povo, e não a Administração, ilegal ou inconveniente.
razão pela qual ela se sujeita, em toda a sua atuação, sem
qualquer exceção, ao princípio da indisponibilidade do Conforme a origem ou a extensão do controle
interesse público”40. a) Controle interno: é aquele realizado pelas
autoridades no âmbito do próprio órgão ou entidade em
que atuam no âmbito da administração. Exemplo: chefe que
na repartição controla os seus subordinados; corregedoria
que faz inspeção em um fórum.

39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad- 41 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad-
ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
40 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Adminis- 42 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Adminis-
trativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. trativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

28
DIREITO ADMINISTRATIVO

Basicamente, sempre se está diante de controle interno - Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas
quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo, isto entidades de administração indireta vinculadas a um
é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscalizando Ministério, não havendo subordinação;
Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo. - Recursos Administrativos: serve para provocar o
Quando, no exercício do controle interno, uma reexame do ato administrativo pela própria Administração
autoridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da Pública.
entidade responsável pelo controle externo, notadamente - Direito de petição: é um direito fundamental
um Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária conferido a toda pessoa de defender seus direitos e noticiar
entre a autoridade que praticou a ocultação e a autoridade ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, CF). Pode ser
que praticou o ilícito. exercido por diversas vias, como representação (denúncia de
b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder irregularidade perante a Administração, Tribunal de Contas
que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizando um ou outro órgão de controle), reclamação administrativa
sistema de freios e contrapesos. É o caso do controle de (oposição expressa a ato administrativo que ofenda direito
atos do Executivo por decisões do Poder Judiciário, ou ou interesse legítimo, podendo ser interposta perante o
mesmo da sustação de ato normativo do Executivo pelo Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo contrariar
Legislativo, além do julgamento de contas do Presidente súmula vinculante), pedido de reconsideração (solicitação
da República pelo Congresso Nacional, e de auditorias do de mudança da decisão pela própria autoridade que
Tribunal de Contas da União quanto ao Executivo federal. praticou um ato), recurso hierárquico próprio (solicitação
c) Controle externo popular: realizado pelo de mudança da decisão por autoridade hierarquicamente
contribuinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31, superior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
§3º, CF; artigo 74, §2º, CF). impróprio (solicitação de mudança da decisão por
autoridade diversa, com competência especificada em lei,
Conforme o momento a ser exercido porém não hierarquicamente superior àquela que praticou
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do o ato), revisão (solicitação de alteração em punição aplicada
pela Administração no exercício do poder disciplinar diante
início da prática ou antes da conclusão do ato administrativo.
do surgimento de fatos novos).
b) Controle concomitante: exercido durante a
- Controle social: é aquele exercido pela própria
realização do ato, verificando a sua validade enquanto ele
sociedade, em demanda emanada de grupos sociais,
é praticado.
no exercício da atividade democrática que tem amparo
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os
constitucional notadamente na garantia pelo artigo 37,
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou confirmando.
§3º, CF de edição de lei que regule formas de participação
Envolve atos como os de aprovação, homologação,
do usuário na administração direta e indireta. Entre as
anulação, revogação ou convalidação. formas que já são trazidas por algumas leis, como a Lei nº
9.784/1999 sobre o processo administrativo federal, estão
Conforme a amplitude ou a natureza do controle as audiências e consultas públicas. Neste âmbito do controle
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi social, é possível fixar uma divisão entre controle natural,
praticado em conformidade com a lei. O controle pode ser feito pela população em si, e controle institucional, feito
interno ou externo. O resultado final é a confirmação ou a por órgãos em atuação por legitimidade extraordinária,
rejeição do ato, anulando-o. como o Ministério Público e a Defensoria Pública.
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e
a conveniência administrativas do ato controlado. Trata-se Recurso de administração
do controle sobre a atuação discricionária da Administração Recursos administrativos são meios hábeis que
Pública, mantendo-o ou revogando-o. Diz-se que o podem ser utilizados para provocar o reexame do ato
Judiciário não pode fazer este controle, o que é verdade, administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
em termos: o Judiciário não pode controlar a atividade Conforme conceitua Carvalho Filho43, “são os meios
discricionária que é legítima, mas se ela exceder parâmetros formais de controle administrativo, através dos quais o
de razoabilidade e proporcionalidade pode fazê-lo. Nesta interessado postula, junto a órgãos da Administração, a
questão se insere a polêmica sobre o controle judicial de revisão de determinado ato administrativo”. É necessário,
políticas públicas. para recorrer, que o interessado tenha tido a sua pretensão
contrariada pela administração, logo, é da essência do
É o controle exercido pela Administração quanto recurso a manifestação de inconformismo, retratando
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder ilegalidade ou abuso do poder público.
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário Os principais recursos de administração são os
quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange à seguintes: representação, em que se faz denúncia de
legalidade quanto em relação à conveniência. É sempre um irregularidades feita perante o poder público; reclamação,
controle interno, que deriva do poder-dever de autotutela. em que há oposição expressa a atos da administração que
Entre os meios de controle, destacam-se: afetam direitos ou interesses legítimos do interessado;
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é pedido de reconsideração, em que se solicita reexame à
inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercício dos 43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad-
órgãos superiores em relação aos inferiores; ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

mesma autoridade que praticou o ato; recurso hierárquico Último ponto que se coloca tange à coisa julgada
próprio, que se dirige à autoridade ou instância superior administrativa, que basicamente é uma “situação jurídica
do mesmo órgão administrativo em que foi praticado pela qual determinada decisão firmada pela Administração
o ato; recurso hierárquico impróprio, que se dirige à não mais pode ser modificada na via administrativa”44,
autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o embora o possa na via judicial; diferenciando-se da coisa
ato recorrido, mas com competência julgadora expressa; e julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede a
revisão, em que se busca a alteração de punição aplicada rediscussão da matéria em qualquer via.
pela Administração no exercício do poder disciplinar diante
do surgimento de fatos novos, abrindo-se novo processo. Reclamação
Outra classificação relevante é a que separa os recursos Segundo Di Pietro45, “a reclamação administrativa é o
mencionados em duas categorias: recursos incidentais, ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor
que são interpostos quando o processo administrativo público, deduz uma pretensão perante a Administração
está em curso e o inconformismo é contra um ato nele Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou
praticado (enquadram-se aqui o pedido de reconsideração, a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de
o recurso hierárquico próprio e o recurso hierárquico lesão”.
impróprio); recursos deflagradores ou autônomos, que A primeira referência à reclamação no ordenamento
são aqueles que formalizam a própria abertura de processo está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 ano
(enquadram-se aqui a reclamação, a representação e a para que ocorra a prescrição:
revisão).
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição
Vale apontar sobre os efeitos dos recursos a demora do titular do direito ou do crédito ou do seu
administrativos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, representante em prestar os esclarecimentos que lhe forem
pois os atos administrativos têm em seu favor a presunção reclamados ou o fato de não promover o andamento do feito
de legitimidade; excepcionalmente, caso concedido judicial ou do processo administrativo durante os prazos
pela autoridade competente, terá efeito suspensivo. Vale respectivamente estabelecidos para extinção do seu direito
destacar que caso o recurso tenha efeito suspensivo, à ação ou reclamação.
também o prazo prescricional ficará suspenso, enquanto
que se o efeito for apenas devolutivo irá continuar correndo. Art. 6º O direito à reclamação administrativa,
que não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser
Súmula 429, STF. A existência de recurso administrativo formulada, prescreve em um ano a contar da data do ato
com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de ou fato do qual a mesma se originar.
segurança contra omissão da autoridade.
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento
Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que mais usual com a fixação em lei da possibilidade de sua
nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa e apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o ato
judicial, considerando que são independentes entre si. Aliás, administrativo contrariar súmula vinculante. As hipóteses
apenas existem duas hipóteses em que o esgotamento de reclamação são ampliadas pelo Código de Processo
dos recursos administrativos é imposto: trata-se de Civil de 2015:
demanda perante a justiça desportiva, conforme o artigo
217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula vinculante Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do
na via administrativa e o administrado pretende invoca- Ministério Público para:
la mediante reclamação, conforme artigo 7º, §1º, Lei nº I - preservar a competência do tribunal;
11.417/2006. Em todos os demais casos, tal exigência é II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
proibida. III – garantir a observância de enunciado de súmula
Outra questão que merece ser abordada no campo vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em
dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus, controle concentrado de constitucionalidade;
ou seja, da reforma da decisão tomada pela administração IV – garantir a observância de acórdão proferido
de modo a agravar a situação do administrado. Devido a em julgamento de incidente de resolução de demandas
previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio in repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
pejus em recurso administrativo modificando a decisão § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
recorrida é permitida, mas o recorrente deverá ter tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional
oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já em se cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
tratando de reformatio in pejus em processo de revisão, há pretenda garantir.
vedação. Quanto à possibilidade de gravame na primeira § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova
hipótese, a doutrina afirma que apenas é permitida a documental e dirigida ao presidente do tribunal.
reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido praticado 44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad-
em desconformidade com a lei, considerados critérios ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
objetivos, sendo assim proibida a reformatio in pejus caso 45 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.
seja feita apenas nova avaliação subjetiva. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada Pedido de reconsideração e recurso hierárquico
e distribuída ao relator do processo principal, sempre que próprio e impróprio
possível. Todos são espécies do gênero direito de petição,
§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a que confere o direito fundamental de toda pessoa
aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos buscar perante a administração a alteração de um ato
casos que a ela correspondam. administrativo ou representar a prática de ato ilegal ou
§ 5º É inadmissível a reclamação: abusivo.
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada; Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados,
II – proposta para garantir a observância de acórdão de independentemente do pagamento de taxas: a) o direito
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
ou de acórdão proferido em julgamento de recursos contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
as instâncias ordinárias. esclarecimento de situações de interesse pessoal.
§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso
interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado O direito de petição deve resultar em uma manifestação
não prejudica a reclamação. do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo
Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a
I - requisitará informações da autoridade a quem for vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apreciação
imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no de um pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas
prazo de 10 (dez) dias; vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou responder aos pedidos formulados” (administrativa e,
do ato impugnado para evitar dano irreparável; principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou
III - determinará a citação do beneficiário da decisão condições para a formulação de petição”, traz a chamada
impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar
apresentar a sua contestação. as desigualdades e as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
pedido do reclamante. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar
denúncias de irregularidades. Contudo, o constituinte,
Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes
o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso,
dias, após o decurso do prazo para informações e para o que gera confusões conceituais no sentido do direito de
o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato obter certidões ser dissociado do direito de petição.
impugnado. Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recurso
hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio denota-
Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal se que o processo administrativo ainda está em curso,
cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará pois uma autoridade tomou uma decisão administrativa
medida adequada à solução da controvérsia. da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de recurso
incidental). A diferença entre as três modalidades está na
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o autoridade que apreciará o pedido de alteração da decisão
imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão administrativa.
posteriormente. No pedido de reconsideração, será a própria
autoridade que praticou um ato, reconsiderando nestes
Logo, a reclamação é uma forma bastante diferenciada moldes a decisão que foi tomada.
de controle da administração porque é exercido tipicamente No recurso hierárquico próprio, será a autoridade
por órgão externo sem superioridade hierárquica, hierarquicamente superior àquela que praticou o ato,
notadamente, tribunal que componha o Poder Judiciário. tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico
Por isso, autores como Carvalho Filho46 afirmam que se inerente à estrutura escalonada da administração. Esta é a
trata mais de controle jurisdicional do que de controle forma típica de se recorrer da decisão administrativa.
administrativo. No recurso hierárquico impróprio, será autoridade
diversa, com competência especificada em lei, porém
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato.
Na verdade, a reclamação administrativa perante o STF
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- pode ser enquadrada nesta categoria.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

31
DIREITO ADMINISTRATIVO

Prescrição administrativa É possível classificar os pareceres em: parecer


Significa perda de prazo para apresentar uma pretensão facultativo, quando faculta algo a alguém (geralmente
perante a Administração. No caso, o administrado não perde autoridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem
o direito, o que ocorre na decadência, mas sim a pretensão a sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada;
de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos de perda de prazo parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas
para recorrer de decisão tomada ou revisá-la (prescrição no aspecto de emanar de um agente especializado, com
correndo contra o administrado e a favor da administração, habilidade técnica específica, sem relação de hierarquia;
convalidando seus atos), caso em que se segue a regra parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas
da prescrição quinquenal (5 anos) prevista no artigo 1º não há obrigação em se seguir a opinião emanada; parecer
do Decreto nº 20.910; ou na hipótese de perda do prazo normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato
para o exercício do poder punitivo (prescrição correndo a como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do
favor do administrado e contra a administração, que não que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião
mais poderá aplicar a punição), que é a típica prescrição
necessariamente deve ser seguida.
administrativa, e de perda de prazo para que seja adotada
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o
determinada providência administrativa (prescrição
parecer, deverá ser considerada a natureza do parecer para
correndo a favor do administrado e contra a administração,
determinar se há ou não responsabilidade solidária. No caso
que não mais poderá anular seus próprios atos dos quais
decorram efeitos benéficos aos administrados, salvo prova em que o parecer não vincula o administrador, podendo
de má-fé). este praticar o ato seguindo ou não o posicionamento
- Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999); defendido e sugerido por quem emitiu o parecer, este não
- Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5 pode ser considerado responsável solidariamente com o
anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou 180 dias agente que possui a competência e atribuição para o ato
(infração leve), a contar do conhecimento de sua prática administrativo decisório. Contudo, no caso de parecer
(Lei nº 8.112/1990); vinculante, há responsabilidade solidária47.
- Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre os
nº 9.784/1999). atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, pelo
Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciário, quando
Representação e reclamação administrativas realiza atividades administrativas. Por ele, é possível se
As representações e as reclamações administrativas decretar a anulação de um ato. Não cabe a revogação,
são ambas formas de se exercer o direito de petição (art. 5º, porque significaria análise de mérito, que o Judiciário não
XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos recursos pode fazer.
hierárquicos e do pedido de representação, espécies de “O controle judicial sobre atos da Administração
recursos administrativos, mas que se diferenciam daqueles é exclusivamente de legalidade. Significa dizer que
por serem autônomos e não incidentais. o Judiciário tem o poder de confrontar qualquer ato
Assim, trata-se de exercício deste direito de forma administrativo com a lei ou com a Constituição e verificar
originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrativo se há ou não compatibilidade normativa. Se o ato for
ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo contrário à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a
administrado. Será a primeira vez que a estão será levada à sua invalidação de modo a não permitir que continue
administração para a devida apreciação. produzindo efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário,
Na representação é feita uma denúncia de como correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar
irregularidade, ilegalidade ou abuso de poder perante o que se denomina normalmente de mérito administrativo,
a Administração, Tribunal de Contas ou outro órgão de
vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar os
controle, como o Ministério Público.
critérios de conveniência e oportunidade dos atos, que
Na reclamação administrativa se dá uma oposição
são privativos do administrador público”, sob pena de se
expressa a ato administrativo que ofenda direito ou
violar a cláusula fundamental da separação dos Poderes48.
interesse legítimo.
Quanto ao momento em que o controle judicial deverá
Responsabilidades do parecerista e do administrador ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma posterior,
público pelas manifestações exaradas quando os atos administrativos já estão produzindo efeitos
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por no mundo jurídico. Em situações excepcionais o controle
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles pode ser prévio, por exemplo, quando a lei autoriza a
que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, concessão de liminar diante de fumus boni iuris e periculum
estariam em regra excluídos os atos de juízo, conhecimento in mora.
e opinião; por outro lado, se os atos administrativos
abrangem toda declaração do Estado, teoricamente 47 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O pa-
recer jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acer-
poderiam ser englobados os atos de juízo, conhecimento ca da natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista.
e opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012.
exteriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões. 48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Existem atos que se sujeitam a controle especial, são b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca
eles: proteger o patrimônio público e social, o meio ambiente
a) Atos políticos: não são atos tipicamente e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade ativa é
administrativos, mas verdadeiros atos de governo, do Ministério Público, da Defensoria Pública, das pessoas
emanados da cúpula política do país, no exercício jurídicas da administração direta e indireta e de associação
de competências organizacionais-administrativas constituída há pelo menos 1 ano em área de pertinência
constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário não pode temática. A legitimidade passiva é de qualquer pessoa,
controlar os critérios governamentais que direcionam a física ou jurídica, que tenha cometido dano ou tenha
edição de atos políticos. Contudo, o controle de legalidade colocado sob ameaça o patrimônio público e social, o meio
e o controle de constitucionalidade são possíveis. ambiente e outros direitos difusos e coletivos. A regulação
b) Atos legislativos típicos: todos os atos que emanam está na Lei nº 7.437/85.
do Poder Legislativo com caráter genérico, abstrato e geral c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que serve
para proteger a liberdade de locomoção. Apenas serve à
são passíveis de controle. Entretanto, se trata de controle
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. Trata-se de
de constitucionalidade, que se sujeita a regras específicas.
ação constitucional de cunho predominantemente penal,
O sistema brasileiro adota duas vias de realização de tal
pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restrição
controle, a via da exceção, com caráter difuso, exercida
arbitrária da liberdade. Pode ser preventivo, para os casos
incidentalmente sem ação específica; e a via da ação, de ameaça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se
com caráter concentrado, exercida por meio de ações um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando ameaça já
específicas – ação direta de inconstitucionalidade, ação tiver se materializado. Legitimado ativo é qualquer pessoa
direta de constitucionalidade, arguição de descumprimento pode manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem
de preceito fundamental. como o Ministério Público (artigo 654, CPP). Impetrante é
c) Atos interna corporis: são os atos praticados dentro o que ingressa com a ação e paciente é aquele que está
da competência interna e exclusiva dos diversos órgãos do sendo vítima da restrição à liberdade de locomoção. As
Legislativo e do Judiciário; por exemplo, as competências duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa.
de elaboração de regimentos internos. Como os atos são Legitimado passivo é pessoa física, agente público ou
internos e exclusivos, não é possível fazer o controle sobre privado. Está regulamentado nos artigos 647 a 667 do
as razões que levaram à elaboração. Contudo, o controle Código de Processo Penal.
de vícios de ilegalidade e de inconstitucionalidade é d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para
plenamente válido. proteção do acesso a informações pessoais constantes de
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei não registros ou bancos de dados de entidades governamentais
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação
a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofensa a direitos (correção). Trata-se de ação constitucional que tutela
dos administrados é passível de controle judicial. Ciente o acesso a informações pessoais. Legitimado ativo é
disso, o legislador cria inúmeros mecanismos específicos pessoa física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa
para que tal controle seja realizado, como mandado de jurídica, de direito público ou privado, tratando-se de
segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da
injunção, habeas data, habeas corpus e as próprias ações pessoa que a propõe. Legitimados passivos são entidades
do controle de constitucionalidade. Entretanto, não se trata governamentais da Administração Pública Direta e Indireta
de rol taxativo de formas pelas quais é possível exercer nas três esferas, bem como instituições, órgãos, entidades
tais pretensões contra a Administração, porque em tese é e pessoas jurídicas privadas prestadores de serviços de
interesse público que possuam dados relativos à pessoa
possível utilizar qualquer tipo de ação judicial que venha a
do impetrante. Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de
socorrer adequadamente à inibição de violação ou ameaça
novembro de 1997.
a direito pela Administração. Sobre os meios específicos,
e) Mandado de segurança individual (artigo 5º,
aponta-se:
LXIX, CF): Trata-se de remédio constitucional com natureza
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos
de exercício direto da democracia, permitindo ao cidadão de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão
que busque a proteção da coisa pública, ou seja, que vise administrativa, geradores de lesão a direito líquido e
assegurar a preservação dos interesses transindividuais. certo, por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos
Trata-se de ação constitucional, que visa anular ato lesivo todos os direitos líquidos e certos à exceção da proteção
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente acesso ou retificação de informações relativas à pessoa do
e ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado ativo impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional que esteja no de entidades governamentais ou de caráter público, ambos
pleno gozo dos direitos políticos. O legitimado passivo é o sujeitos a instrumentos específicos. A natureza é de ação
ente da Administração Pública, direta ou indireta, ou então constitucional de natureza civil, independente da natureza
a pessoa jurídica que de algum modo lide com a coisa do ato impugnado (administrativo, jurisdicional, eleitoral,
pública. A regulação está na Lei nº 4.717/65. criminal, trabalhista). Pode ser preventivo, quando se

33
DIREITO ADMINISTRATIVO

estiver na iminência de violação a direito líquido e certo, Entre os meios de controle, destacam-se:
ou reparatório, quando já consumado o abuso/ilegalidade. - Controle Político: tem por base a possibilidade de
Fundamenta-se na existência de direito líquido e certo, que fiscalização sobre atos ligados à função administrativa
é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete
prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação exclusivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar,
probatória, isto devido à natureza célere e sumária do diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do
procedimento. A legitimidade ativa é a mais ampla possível, Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”. Do
abrangendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional poder genérico de controle podem ser depreendidos outros
ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como poderes, como o poder convocatório, que permite à Câmara ou
órgãos públicos despersonalizados e universalidades/ Senado convocar Ministro de Estado ou autoridade relacionada
pessoas formais reconhecidas por lei. Legitimado passivo ao Presidente (artigo 50, CF); o poder de sustação, que permite
é a autoridade coatora deve ser autoridade pública ou ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos do Poder
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, de delegação legislativa” (artigo 49, V, CF); e o controle das
preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF).
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a - Controle Financeiro: a fiscalização contábil, financeira,
ordem para a sua prática”. Encontra-se regulamentada pela orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009. entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
CF): Visa a preservação ou reparação de direito líquido e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
certo relacionado a interesses transindividuais (individuais mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
homogêneos ou coletivos), e devido à questão da de cada Poder.
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
determinadas associações. Trata-se de ação constitucional financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no que se
de natureza civil, independente da natureza do ato, de refere a legalidade, legitimidade, economicidade, subvenções e
caráter coletivo. A legitimidade ativa é de partido político renúncia de receitas.
com representação no Congresso Nacional, bem como
de organização sindical, entidade de classe ou associação Tribunal de Contas da União
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no controle
certos que atinjam diretamente seus interesses ou de seus financeiro externo da Administração Pública. No âmbito estadual
membros. Encontra-se regulamentado pelo artigo 22 da Lei e municipal, aplicam-se, no que couber, aos respectivos Tribunais
nº 12.016/09, que regulamenta o mandado de segurança e Conselhos de Contas, as normas sobre fiscalização contábil,
individual. financeira e orçamentária.
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os As atribuições de controle do Tribunal de Contas da União
dois requisitos constitucionais para que seja proposto encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição, envolvendo
o mandado de injunção são a existência de norma notadamente o auxílio ao Congresso Nacional no controle
constitucional de eficácia limitada que prescreva direitos, externo (tanto é assim que o Tribunal não susta diretamente os
liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à atos ilegais, mas solicita ao Congresso Nacional que o faça):
nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de União, ao qual compete:
não regulamentar as normas de eficácia limitada para que I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação constitucional da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
que objetiva a regulamentação de normas constitucionais em sessenta dias a contar de seu recebimento;
de eficácia limitada. Legitimado ativo é qualquer pessoa, II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
nacional ou estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
que titularize direito fundamental não materializável por indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
omissão legislativa do Poder público, bem como o Ministério pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
Público na defesa de seus interesses institucionais. Não se a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
aceita a legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito ao erário público;
público. Regulamentado pela Lei nº 13.300/2016. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administração Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento
Pública sob os critérios político e financeiro. Deve se ater em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser exercido reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
quanto ao Executivo e ao Judiciário. alterem o fundamento legal do ato concessório;

34
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos A responsabilidade civil do Estado acompanha o
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de raciocínio de que a principal consequência da prática de
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas o ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
supranacionais de cujo capital social a União participe, de por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos danos que seus agentes causem durante a prestação do
repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal aos direitos humanos reconhecidos.
ou a Município; Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
auditorias e inspeções realizadas; Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de se encontram no art. 186 do Código Civil:
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão
proporcional ao dano causado ao erário; voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se comete ato ilícito.
verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
Deputados e ao Senado Federal; (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
XI - representar ao Poder competente sobre culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
irregularidades ou abusos apurados. violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente,
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no econômico e não econômico).
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais
débito ou multa terão eficácia de título executivo. diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa,
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação
dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a
eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se
refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica
em omissão que gere dano deve suportar as consequências autônoma entre o Estado e o agente público que causou
jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social. o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação,
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual
limites da herança, embora existam reflexos na ação que apure foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
a responsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal é justamente o direito de acionar o causador direto do dano
(por exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada
a condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição a existência de uma relação obrigacional que se forma entre
por falta de provas não o faz). a vítima e a instituição que o agente compõe.

35
DIREITO ADMINISTRATIVO

Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente Requisitos para a demonstração da responsabilidade
causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu do Estado
com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado. e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano
A responsabilidade civil do servidor exige prévio específico, individualizado, que atinge determinada ou
processo administrativo disciplinar no qual seja assegurado determinadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade os problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo,
civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão infelizmente os assaltos são comuns e o Estado não
com culpa do servidor que gere dano ao erário responde por todo assalto que ocorra, a não ser que na
(Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor circunstância específica possuía o dever de impedir o
terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes públicos assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
que pratiquem atos violadores de direitos humanos se muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
sujeitam à responsabilidade penal e à responsabilidade humano reconhecido).
administrativa, todas autônomas uma com relação à outra 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe
e à já mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o dentro da administração pública, tenha ingressado ou
artigo 125 da Lei nº 8.112/90: não por concurso, possua cargo, emprego ou função.
Envolve os agentes políticos, os servidores públicos em
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e geral (funcionários, empregados ou temporários) e os
administrativas poderão cumular-se, sendo independentes particulares em colaboração (por exemplo, jurado ou
entre si. mesário).
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
Com efeito, no caso da responsabilidade civil, qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
o Estado é diretamente acionado e responde pelos das prerrogativas do cargo, não agindo como um particular.
atos de seus servidores que violem direitos, cabendo Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
eventualmente ação de regresso contra ele. Contudo, nos Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
casos da responsabilidade penal e da responsabilidade mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
administrativa aciona-se o agente público que praticou Assim, não é qualquer dano que permite a responsabilização
o ato. Destaca-se a independência entre as esferas civil, civil do Estado, mas somente aquele que é causado por um
penal e administrativa no que tange à responsabilização agente público no exercício de suas funções e que exceda
do agente público que cometa ato ilícito. as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado.
Tomadas as exigências de características dos danos
acima colacionadas, notadamente a anormalidade, Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade
considera-se que para o Estado ser responsabilizado por do Estado
um dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é,
não cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
sociedade e a plena cobertura de todas as fatalidades que excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas
possam acontecer em território nacional. abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro)
Diante de tal premissa, entende-se que a ou força maior (fato da natureza) fora dos alcances da
responsabilidade civil do Estado será objetiva apenas no previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
caso de ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras Todas estas excludentes geram a exclusão do elemento
palavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/omissão e o
condições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir dano, não do elemento culpa, que envolve o aspecto volitivo
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em da ação/omissão. Afinal, em regra, a responsabilidade civil
prejuízo dentro de sua previsibilidade. do Estado é objetiva, de modo que a ausência de culpa
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade ainda caracteriza a responsabilidade. Logo, caso se esteja
omissiva do Estado: morte de filho menor em creche diante de uma hipótese de responsabilidade civil do Estado
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa subjetiva por omissão, também a ausência de culpa excluirá
de assalto a um usuário do metrô resultando em morte, o dever de indenizar.
danos provocados por enchentes e escoamento de
águas pluviais quando o Estado sabia da problemática e a) Fortuito
não tomou providência para evitá-las, morte de detento Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se de
em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com fato externo à conduta do agente de natureza inevitável
negligência, etc. (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo 393,
parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atributo de
caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, mas é
externo e inevitável, logo, o caso é fortuito).

36
DIREITO ADMINISTRATIVO

Fortuito interno é diferente de fortuito externo. A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
Fortuito interno se relaciona com a atividade ordinária do improbidade administrativa em três categorias:
causador do dano – há responsabilidade, por exemplo, falha a) Ato de improbidade administrativa que importe
dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito externo não enriquecimento ilícito;
é introduzido pelo agente, por exemplo, assalto, infarto, chuva b) Ato de improbidade administrativa que importe
forte. No fortuito interno o risco é de dentro pra fora, no fortuito lesão ao erário;
externo é de fora pra dentro. Apenas no primeiro há dever de c) Ato de improbidade administrativa que atente contra
indenizar, isto é, mostra-se necessário o vínculo com a atividade. os princípios da administração pública.
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, ATENÇÃO: os atos de improbidade administrativa não
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ diz são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na
que fazem parte do risco da instituição financeira os golpes que esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
possa sofrer, por exemplo, subtração fraudulenta dos cofres em simultaneamente um ato de improbidade administrativa
sua guarda (Informativo nº 468, STJ). desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por
b) Fato exclusivo da vítima ambos, nas duas esferas.
Quem provocou o dano foi a própria vítima. Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múltipla ou forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito
autoria plural – 2 condutas concorrentes para produzir um único passivo) e daqueles que podem praticar os atos de
dano. Somente reduz o montante de danos. improbidade administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda
a reparação do dano ao lesionado e o ressarcimento ao
c) Fato de terceiro patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de
São casos em que a causa necessária para o dano não foi improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de
nem o comportamento do agente e nem o da vítima. O agente, tal natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis;
na contestação, fará nomeação à autoria – gerando exclusão, e, finalmente, descreve os procedimentos administrativo e
não o futuro regresso da denunciação da lide.
judicial.
Terceiro não identificado – o agente não se responsabiliza,
pois não teve um comportamento – act of God (do inglês, ato
LEI N° 8.429 DE 2 DE JUNHO DE 1992
de Deus) – fortuito externo.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA mandato, cargo, emprego ou função na administração
(LEI Nº 8.429/1992). pública direta, indireta ou fundacional e dá outras
providências.
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elementos
A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa, importantes para a sua boa compreensão:
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de a) o agente público pode estar exercendo mandato,
desonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão ao quando for eleito para tanto; cargo, no caso de um conjunto
princípio da moralidade, que deve ser respeitado estritamente de atribuições e responsabilidades conferido a um servidor
pelo servidor público. O agente ímprobo sempre será um submetido a regime estatutário (é o caso do ingresso por
violador do princípio da moralidade, pelo qual “a Administração concurso); emprego público, se o servidor se submeter a
Pública deve agir com boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, regime celetista (CLT); funçãopública, que corresponde à
lealdade e ética”49. categoria residual, valendo para o servidor que tenha tais
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido ao atribuições e responsabilidades mas não exerça cargo ou
amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço público emprego público. Percebe-se que o conceito de agente
que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vigente, público que se sujeita à lei é o mais amplo possível.
o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade de b) o exercício pode se dar na administração direta,
acabar com os atos atentatórios à moralidade administrativa indireta ou fundacional. A administração pública
e causadores de prejuízo ao erário público ou ensejadores de apresenta uma estrutura direta e outra indireta, com
enriquecimento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. seus respectivos órgãos. Por exemplo, são órgãos da
Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públicos administração direta os ministérios e secretarias, isto é, os
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de órgãos que compõem a estrutura do Executivo, Legislativo
improbidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ou Judiciário; são integrantes da administração indireta
ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
distintas de responsabilidade (civil, penal e administrativa) sociedades de economia mista.
impede falar-se em bis in idem, já que, ontologicamente, não se
trata de punições idênticas, embora baseadas no mesmo fato,
mas de responsabilização em esferas distintas do Direito.
49 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

37
DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO I No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos


Das Disposições Gerais secundários, que são: a) entidades que recebam subvenção,
benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pessoa cuja
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer criação ou custeio o erário tenha contribuído com menos
agente público, servidor ou não, contra a administração de 50% do patrimônio ou receita naquele ano.
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta
Território, de empresa incorporada ao patrimônio público lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por contratação ou qualquer outra forma de investidura
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
forma desta lei. entidades mencionadas no artigo anterior.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
desta lei os atos de improbidade praticados contra o Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem induza ou concorra para a prática do ato de improbidade
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento Os sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa
do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes se dividem em duas categorias: os agentes públicos,
casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a definidos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°.
contribuição dos cofres públicos. “Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato
“Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como vítima de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai
do ato de improbidade administrativa”. A lei adota uma vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em
noção ampla, pela qual são abrangidas entidades que, sem alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua
integrarem a Administração, possuem alguma espécie de
colaboração, ciente da desonestidade do comportamento,
conexão com ela.50
Em outros, obtém benefícios do ato de improbidade, muito
O agente público pode ser ou não um servidor público.
embora sabedor de sua origem escusa”51.
O conceito de agente público é melhor delimitado no
A ampla denominação de agentes públicos conferida
artigo seguinte.
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito
Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos atos
ou órgão que desempenhe diretamente o interesse do
de improbidade administrativa. Percebe-se a amplitude
Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes da
administração direta, indireta e fundacional, conforme pelos elementos do conceito:
o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma a) Tempo: exercício transitório ou definitivo;
entidade privada que desempenhe tais fins, desde que a b) Remuneração: existente ou não;
verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública em c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação,
mais de50% do patrimônio ou receita anual. designação, contratação ou qualquer outra forma de
Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entidade investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
privada a qual o Estado não tenha concorrido para criação função;
ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei. d) Local do exercício: em qualquer entidade que possa
Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário de uma
a 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se ONG criada pelo Estado é considerado agente público para
aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção patrimonial os efeitos desta lei.
se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contribuição O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as condutas
dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo causado de induzir ou concorrer em relação ao agente público, ou
for maior que a efetiva contribuição por parte do poder seja, incentivando-o ou mesmo participando diretamente
público, o ressarcimento terá que ser buscado por outra do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa jurídica, deve
via que não a ação de improbidade administrativa. necessariamente ser pessoa física.
Basicamente, o dispositivo enumera os principais
sujeitos passivos do ato de improbidade administrativa, Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou
dividindo-os em três grupos: a) pessoas da administração hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos
direta, diretamente vinculados a União, Estados, Distrito princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
Federal ou Municípios; b) pessoas da administração publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
indireta, isto é, autarquias, fundações públicas, empresas Trata-se de referência expressa aos princípios do art.
públicas e sociedades de economia mista; c) pessoa cuja 37, caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da
criação ou custeio o erário tenha contribuído com mais de eficiência, o que não significa que possa ser desrespeitado,
50% do patrimônio ou receita naquele ano. afinal, ele é abrangido indiretamente.
50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010. ris, 2010.

38
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao
ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar- patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito
se-á o integral ressarcimento do dano. às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigida Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de
monetariamente de todos os valores que foram retirados improbidade administrativa, os herdeiros arcarão com o
do patrimônio público. No entanto, destaca-se que a lei dever de ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que
garante não só o integral ressarcimento, mas também a ele deixar como herança.
devolução do enriquecimento ilícito: mesmo que a pessoa
não cause prejuízo direto ao erário, mas lucre com um ato
de improbidade administrativa, os valores devem ir para os CAPÍTULO II
cofres públicos. Dos Atos de Improbidade Administrativa

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o Como não é possível ser desonesto sem saber que
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores se está agindo desta forma, o elemento comum a todas
acrescidos ao seu patrimônio. as hipóteses de improbidade administrativa é o dolo,
Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que consiste na intenção do agente em praticar o ato
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou desonesto (alguns entendem como inconstitucionais todas
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda as referências a condutas culposas - inclusive parte do STJ).
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o Os atos de improbidade administrativa foram divididos
artigo central do instituto denominado responsabilidade em três grupos, nos artigos 9°, 10 e 11, conforme a
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária gravidade do ato, indo do grupo mais grave ao menos
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), grave. A cada grupo é aplicada uma espécie diferente de
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma sanção no caso de confirmação da prática do ato apurada
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo na esfera administrativa.
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e Nos três artigos do capítulo II, enquanto o caput traz
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo as condutas genéricas, os incisos delimitam condutas
agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou específicas, que nada mais são do que exemplos de situações
material, econômico e não econômico). É a este instituto do caput, logo, os incisos são uma relação meramente
que se relacionam as sanções da perda de bens e valores e exemplificativa52, sendo suficiente bem compreender como
de ressarcimento integral do dano. encontrar os requisitos genéricos para fins de provas.
O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado
é o material. No caso, há um correspondente financeiro Seção I
direto, de modo que a condenação será no sentido de Dos Atos de Improbidade Administrativa que
pagar ao Estado o equivalente ao prejuízo causado. Importam Enriquecimento Ilícito
O agente público e o terceiro que com ele concorra
responderão pelos danos causados ao erário público com Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patrimoniais importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano causado vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
deverá ser ressarcido em sua totalidade. cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão O grupo mais grave de atos de improbidade
ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, administrativa se caracteriza pelos elementos:
caberá a autoridade administrativa responsável pelo enriquecimento + ilícito + resultante de uma vantagem
inquérito representar ao Ministério Público, para a patrimonial indevida + em razão do exercício de cargo,
indisponibilidade dos bens do indiciado. mandato, emprego, função ou outra atividade nas
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere entidades do artigo 1°:
o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. ditames morais, notadamente no desempenho de função
Será oferecida representação ao Ministério Público para de interesse estatal.
que ele postule a indisponibilidade dos bens do indiciado, b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial
de modo a garantir que ele não aliene seu patrimônio ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
para não reparar o ilícito. Por indisponibilidade entende- ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
se bloquear os bens para que não sejam vendidos ou um policial recebe propina pratica ato de improbidade
deteriorados, garantindo que o dano possa ser reparado administrativa, mas não atinge diretamente os cofres
quando da condenação judicial. públicos).
A indisponibilidade será suficiente para dar integral 52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
patrimonial resultante do ilícito. ris, 2010.

39
DIREITO ADMINISTRATIVO

c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
realmente exista o enriquecimento ilícito decorrente de equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade
uma vantagem patrimonial indevida. ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
enriquecer ilicitamente por negligência, imprudência ou empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
imperícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender ao
intenção). Estado e, consequentemente, à preservação do bem comum
e) Não cabe prática por omissão.53 na sociedade. Logo, quando um servidor público utiliza esta
Entende Carvalho Filho54 que no caso do art. 9° o estrutura material ou pessoal para atender aos seus próprios
requisito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o interesses, causa prejuízo direto aos cofres públicos e obtém
pressuposto exigível do tipo é a percepção de vantagem uma vantagem indevida (a natural vantagem decorrente do
patrimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública uso de algo que não lhe pertence).
em geral. Pressuposto dispensável é o dano ao erário”. O
elemento subjetivo é o dolo, pois fica difícil imaginar que V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
um servidor obtenha vantagem indevida por negligência, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos
imprudência ou imperícia (culpa). Da mesma forma, é de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura
incompatível com a conduta omissiva, aceitando apenas a ou de qualquer outra atividade ilícita,
comissiva (ação). Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou omitido
ATENÇÃO: todas as condutas descritas abaixo são para facilitar condutas como lenocínio (explorar, estimular ou
meros exemplos de condutas compostas pelos elementos facilitar a prostituição), narcotráfico (envolver-se em atividades
genéricos da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles no mundo das drogas, como venda e distribuição), contrabando
presentes, não importa a ausência de dispositivo expresso (importar ou exportar mercadoria proibida), usura (agiotagem,
no rol abaixo. fornecer dinheiro a juros absurdos) ou qualquer outra atividade
ilícita. Se, ainda por cima, se obter vantagem indevida pela
tolerância da prática do ilícito, resta caracterizado um ato de
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
improbidade administrativa da espécie mais grave, ora descrita
ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta
neste art. 9° em estudo.
ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto,
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição
decorrente das atribuições do agente público;
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou
Significa receber qualquer vantagem econômica,
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica
inclusive presentes, de pessoas que tenham interesse direto de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
ou indireto em que o agente público faça ou deixe de fazer mencionadas no art. 1º desta lei;
alguma coisa. Da mesma forma, é vedado o recebimento de vantagens
para fazer declarações falsas na avaliação de obras e serviços
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, em geral.
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel
ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem renda do agente público;
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por A desproporção entre o rendimento percebido no exercício
preço inferior ao valor de mercado; das funções e o patrimônio acumulado é um forte indício da
Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior, percepção indevida de vantagens. Claro, se comprovada que a
na qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, troca desproporção se deu por outros motivos lícitos, não há ato de
ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso ao improbidade administrativa (por exemplo, ganhar na loteria ou
de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que causa receber uma boa herança).
prejuízo direto ao erário.
No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel pertencente que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por
ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço inferior ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público,
ao de mercado. durante a atividade;
O agente público não pode trabalhar em funções
53 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. incompatíveis com as que desempenha para o Estado,
13. ed. São Paulo: Método, 2011. notadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele
54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de tomadas no exercício das funções públicas. Afinal, aceitando
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- uma posição que comprometa sua imparcialidade, o agente
ris, 2010. prejudicará o interesse público.

40
DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - perceber vantagem econômica para intermediar O objeto da tutela é a preservação do patrimônio


a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer público, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível
natureza; é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
Para que as verbas públicas sejam liberadas ou Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
aplicadas há todo um procedimento estabelecido em lei, que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
não cabendo ao servidor violá-lo e muito menos receber 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade
vantagem por tal violação. Há improbidade, por exemplo, do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou
na fraude em licitação. a tese de que é indispensável a existência de dolo nas
condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ser comprovado. De acordo com o ministro Castro Meira, a
ou declaração a que esteja obrigado; conduta culposa ocorre quando o agente não pretende atingir
A percepção de vantagem econômica para omitir o resultado danoso, mas atua com negligência, imprudência
qualquer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”57. Para Carvalho Filho58, não
de improbidade administrativa. há inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando
que é possível dosar a pena conforme o agente aja com dolo
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio ou culpa.
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas,
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção
mencionadas no art. 1° desta lei. da vantagem indevida, os tipos exemplificados se aproximam
Como visto, todo o aparato material e financeiro muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
propiciado para o desempenho das funções públicas
pertencem à máquina estatal e devem servir ao bem I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
comum, não cabendo a utilização em proveito próprio, o
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
que gera uma natural vantagem econômica, sob pena de
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
incidir em improbidade administrativa.
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei;
Seção II
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
Dos Atos de Improbidade Administrativa que
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes
Causam Prejuízo ao Erário
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou regulamentares aplicáveis à espécie;
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências,
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
O grupo intermediário de atos de improbidade entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância
administrativa se caracteriza pelos elementos: causar das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
dano ao erário ou aos cofres públicos + gerando perda Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram
patrimonial ou dilapidação do patrimônio público. Assim a estrutura da administração pública somente devem ser
como o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu
e os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídica
o seu conteúdo.55 e mesmo a simples utilização deve obedecer aos ditames
a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: legais. Quem agir, aproveitando da função pública, de modo
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, a permitir tais situações, incide em ato de improbidade
que é a transferência indevida para a própria propriedade; administrativa, ainda que não receba nenhuma vantagem
malbaratamento, que significa desperdício; e dilapidação, por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está presente
que se refere a destruição.56 um ato do art. 9°, categoria mais grave).
b) É preciso que seja causado dano a uma das pessoas
do art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimento ilícito é
dispensável. 57 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Impro-
c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão. bidade administrativa: desonestidade na gestão dos
recursos públicos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/
55 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.tex-
13. ed. São Paulo: Método, 2011. to=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010. ris, 2010.

41
DIREITO ADMINISTRATIVO

Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o
preservado e sua transmissão/utilização deve obedecer a interesse estatal.
legislação vigente. Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta categoria
intermediária de atos de improbidade administrativa:
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação que seja causado prejuízo ao erário, sem que o agente
de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades responsável pelo dano receba vantagem indevida. A
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço questão é preservar o interesse estatal, garantindo que
por parte delas, por preço inferior ao de mercado; os bens e verbas públicas sejam corretamente utilizados,
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação arrecadados e investidos.
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
artigo anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não enriqueça ilicitamente;
perceber vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, Como visto, quanto o agente público obtém vantagem
é exatamente pela falta deste elemento que o ato se própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais graves
enquadra na categoria intermediária, e não mais grave, do artigo anterior. Caso concorde com o enriquecimento
dentro da classificação das improbidades. ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior hierárquico,
ou colabore para que ele ocorra, também cometerá ato de
VI - realizar operação financeira sem observância improbidade administrativa, embora de menor gravidade.
das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
insuficiente ou inidônea; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
a observância das formalidades legais ou regulamentares de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
aplicáveis à espécie; qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
A realização de operações financeiras, como a liberação
bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades.
de verbas e o investimento destas, e a concessão de
Não se deve permitir que terceiros utilizem do aparato
benefícios são papéis muito importantes desempenhados
da máquina estatal, tanto material quanto pessoal, mesmo
pelo agente público, que deverá cumprir estritamente a lei.
que não se obtenha vantagem alguma com tal concessão.
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
processo seletivo para celebração de parcerias com entidades
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Alterado
gestão associada sem observar as formalidades previstas na
pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) lei;
Processo licitatório é aquele em que se realiza a XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
licitação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar
qual o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena as formalidades previstas na lei.
bens, etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal A celebração de contratos de qualquer natureza
de forma estrita é garantir a preservação do interesse da compromete diretamente o orçamento público, causando
sociedade, não cabendo ao agente público passar por cima prejuízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as prescrições
destas regras (Lei n° 8.666/93). legais que disciplinam a celebração de contratos
administrativos, deliberando com responsabilidade a
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não respeito das contratações necessárias e úteis ao bem
autorizadas em lei ou regulamento; comum.
Todas as despesas que podem ser assumidas pelo
Poder Público encontram respectiva previsão em alguma XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para
lei ou diretriz orçamentária. a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo transferidos pela administração pública a entidades privadas
ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do mediante celebração de parcerias, sem a observância
patrimônio público; das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
A arrecadação de tributos é essencial para a espécie;(Incluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)
manutenção da máquina estatal, não podendo o agente
público ser negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física
que tange ao levantamento desta renda. ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a entidade
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das privada mediante celebração de parcerias, sem a observância
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
aplicação irregular; espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)

42
DIREITO ADMINISTRATIVO

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com Seção III


entidades privadas sem a observância das formalidades Dos Atos de Improbidade Administrativa que
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Atentam Contra os Princípios da Administração
Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) Pública

XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
celebração de parcerias da administração pública com que atenta contra os princípios da administração pública
entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente; (Incluído qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
notadamente:
XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e O grupo mais ameno de atos de improbidade
análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administrativa se caracteriza pela simples violação a
administração pública com entidades privadas; (Incluído princípios da administração pública, ou seja, aplica-se a
pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) qualquer atitude do sujeito ativo que viole os ditames éticos
do serviço público. Isto é, o legislador pretende a preservação
dos princípios gerais da administração pública.59
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais;
administração pública com entidades privadas sem a estrita
b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
dispensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erário;
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº c) Somente é possível a prática de algum destes atos com
13.019 de 31 de julho de 2014) dolo (intenção);
d) Cabe a prática por ação ou omissão.
Seção II-A Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
Dos Atos de Improbidade Administrativa para não permitir a caracterização de abuso de poder, diante
Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de do conteúdo aberto do dispositivo.
Benefício Financeiro ou Tributário Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) aplica quando o ato de improbidade administrativa não tiver
gerado obtenção de vantagem indevida ou dano ao erário.
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
manter benefício financeiro ou tributário contrário II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei ofício;
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre IV - negar publicidade aos atos oficiais;
Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). V - frustrar a licitude de concurso público;
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a
isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, fazê-lo;
inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima bem ou serviço.
estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se
VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela
referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta
administração pública com entidades privadas.
Lei Complementar.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
acessibilidade previstos na legislação.
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou É possível perceber, no rol exemplificativo de condutas
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, do artigo 11, que o agente público que pratique qualquer ato
fixando-se a alíquota mínima em 2%. contrário aos ditames da ética, notadamente os originários
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro nos princípios administrativos constitucionais, pratica ato de
de sua competência constitucional alíquotas inferiores a improbidade administrativa.
2% para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos visando
fiscal), prejudicando os municípios vizinhos. o bem comum, agir com efetividade e rapidez, manter
Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade sigilo a respeito dos fatos que tenha conhecimento devido
administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da a sua função, tornar públicos os atos oficiais, zelar pela boa
alíquota mínima. realização de atos administrativos em geral (como a realização
de concurso público), prestar contas, entre outros.
59 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
13. ed. São Paulo: Método, 2011.

43
DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO III
Das Penas

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo
ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,
quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e
multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o
proveito patrimonial obtido pelo agente.
As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida)
e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual dano causado mas também colocar nos cofres públicos
tudo o que adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido do
valor do prejuízo causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá
enriquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido
ressarcimento. Na hipótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a
prática de guerra fiscal pode gerar
Em todos os casos há perda da função pública.
Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de contratação ou
percepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato, enquanto que na quarta categoria apenas se prevê a suspensão
de direitos políticos e a multa:

Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11


Suspensão de direitos
8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
políticos
Até 3X o valor do
Até 100X o valor
Até 3X o enriquecimento Até 2X o dano benefício financeiro
Multa da remuneração do
experimentado causado. ou tributário
agente
concedido
Vedação de
contratação ou 10 anos 5 anos – 3 anos
vantagem

Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções por atos de improbidade administrativa, que se encontra no art. 37, § 4º, CF:

Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

ATENÇÃO: a única sanção que se encontra prevista na LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma
inconstitucionalidade disto, pois nada impediria de o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de penalidades da
Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei é o instrumento adequado para tanto60.

60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

44
DIREITO ADMINISTRATIVO

Carvalho Filho61 tece considerações a respeito de algumas § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
das sanções: declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias
alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no §
escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar 2° deste artigo.
de origem ilícita”. Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de
b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que agente público deve apresentar declaração de bens que
engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demissão
e juros de mora. (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das
c) Perda de função pública: “se o agente é titular de atribuições de agente público.
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação. A finalidade é a de assegurar que o agente público não
Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para
público. Havendo contrato de trabalho (servidores trabalhistas fiscalizá-lo caso o faça.
e temporários), a perda da função pública se consubstancia Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os
pela rescisão do contrato com culpa do empregado. No caso do agente público, mas também os de seus dependentes. Por
de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, isso, não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes
a perda se dará pela revogação da designação”. Lembra-se do enriquecimento ilícito em nome de pessoas que dele
que determinadas autoridades se sujeitam a procedimento dependam, e não em seu nome.
especial para perda da função pública, ponto em que não se
aplica a Lei de Improbidade Administrativa. CAPÍTULO V
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas Do Procedimento Administrativo e do Processo
flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta Judicial
margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade
Desde logo, destaca-se que o procedimento na via
na base de cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade
administrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação de
(a base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano
sanções de improbidade. Após o encerramento do processo
ou o valor da remuneração do agente). A natureza da multa
administrativo, deverá ser ajuizada ação de improbidade
é de sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas
administrativa. Na sentença judicial será possível aplicar as
punitivo.
sanções da lei de improbidade administrativa.62
e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
sócio majoritário da instituição vitimada. administrativa competente para que seja instaurada
f) Proibição de contratar: o agente punido não pode investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
participar de processos licitatórios. O artigo 14 repete um direito assegurado na Constituição
Federal, qual seja o direito de representação, previsto no art.
CAPÍTULO IV 5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, independentemente
Da Declaração de Bens do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam de poder; [...]”. Logo, se o art. 14 não existisse, ainda seria
condicionados à apresentação de declaração dos bens e possível que o particular representasse o agente público.
valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
arquivada no serviço de pessoal competente. § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, termo e assinada, conterá a qualificação do representante,
semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no provas de que tenha conhecimento.
exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de em despacho fundamentado, se esta não contiver as
outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso impede a representação ao Ministério Público, nos termos do
doméstico. art. 22 desta lei.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não
e na data em que o agente público deixar o exercício do respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa (§2°).
mandato, cargo, emprego ou função. Ainda assim, em caso de rejeição, será possível representar ao
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do Ministério Público. Supondo, por exemplo, que a pessoa não
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o queira se identificar - a representação será rejeitada, mas o
agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, Ministério Público poderá apurar o fato.
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
61 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010. ris, 2010.

45
DIREITO ADMINISTRATIVO

As exigências do §1° servem para evitar denúncias Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta
irresponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o lei no sentido de representar ao Ministério Público para
Ministério Público poderá instaurar procedimento para postular a indisponibilidade de bens.
apurar uma denúncia anônima. Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador do
em se tratando de servidores federais, será processada na dano, assegurando sua reparação futura.
forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de O procedimento administrativo se encontra disciplinado
dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A partir
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares. daqui, trata-se da ação de improbidade administrativa que
O §3° remete à existência de regras próprias do processo deve tramitar na via judicial (artigos 17 e 18).
administrativo disciplinar para as diferentes categorias de
servidores. Por exemplo, aos servidores públicos federais Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
será aplicada a Lei n° 8.112/90. proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao cautelar.
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da “Ação de improbidade administrativa é aquela
existência de procedimento administrativo para apurar a que pretende o reconhecimento judicial de condutas
prática de ato de improbidade. de improbidade da Administração, perpetradas por
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal administradores públicos e terceiros, e a consequente
ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar aplicação das sanções legais, com o escopo de preservar o
representante para acompanhar o procedimento princípio da moralidade administrativa. Sem dúvida, cuida-
administrativo. se de poderoso instrumentos de controle judicial sobre
A lei fala em comissão processante, mas o órgão atos que a lei caracteriza como de improbidade”64.
encarregado do processo de investigação pode receber Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar,
outra nomenclatura conforme o sistema funcional de cada o prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade
entidade63.
administrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia
O importante é saber que este órgão terá que informar
da medida (bens e verbas são desbloqueados).
ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a existência do
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação
procedimento administrativo apurando o ato de improbidade,
pode ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto
que poderão designar representante para acompanhá-lo. O
pela pessoa jurídica interessada.
objetivo da lei foi contribuiu para a formação da convicção
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato
dos representantes destes órgãos desde logo.
de improbidade.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento
comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do ato de improbidade administrativa, depois, a aplicação
do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação das sanções cabíveis.
do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas
público. ações de que trata o caput.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo Não é permitido fazer acordos porque a apuração do
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo ato de improbidade administrativa é de interesse público,
Civil. sobre o qual não se pode transacionar. Seria absurdo
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, alguém prejudicar o erário e se livrar da condenação judicial
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações apenas por ter aceitado um acordo quando descoberto seu
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos ato.
da lei e dos tratados internacionais.
Se existirem indício veementes da prática do ato de § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
improbidade administrativa, a comissão processante poderá as ações necessárias à complementação do ressarcimento
representar ao Ministério Público ou ao órgão jurídico da do patrimônio público.
pessoa lesada para que estes postulem o sequestro/arresto Caso não tenha sido totalmente recomposto o
de bens do terceiro ou agente que tenham enriquecido patrimônio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública
ilicitamente. ajuizará ação própria.
O arresto parece ser uma medida mais adequada (arts.
813 a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos credores, ou § 3° No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
seja, por ser mais abrangente. Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no
§ 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 64 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010. ris, 2010.

46
DIREITO ADMINISTRATIVO

Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65: § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de
trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação,
A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da
cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do apresentar contestação.
respectivo representante legal ou dirigente. Se o juiz se convencer com as informações da
manifestação do requerido, rejeitará a ação; se não,
Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo receberá definitivamente a petição inicial e determinará a
que a pessoa jurídica inicia o processo como legitimado citação do réu para contestar a ação.
passivo, mas, como é invertido o interesse processual,
passa para o polo ativo. No entanto, como pessoa jurídica § 10 Da decisão que receber a petição inicial, caberá
não figura como ré de ação de improbidade administrativa, agravo de instrumento.
somente cabe a aplicação do dispositivo no sentido Agravo de instrumento é o recurso interposto contra
de autorizar que a pessoa jurídica reforce o pedido de decisões que não colocam fim no processo.
reconhecimento de improbidade e de aplicação de sanções
ao lado do Ministério Público. § 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo processo sem julgamento do mérito.
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, Durante o processo o juiz pode perceber que a ação
sob pena de nulidade. de improbidade administrativa não deveria ter sido aceita,
A atuação do Ministério Público nos processos judiciais caso em que a extinguirá.
pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como fiscal
da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso, como § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições
também a pessoa jurídica de direito público prejudicada realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no
pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público atuará art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
como fiscal da lei, sob pena de nulidade. Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP:

§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do O Presidente e o Vice-Presidente da República, os


juízo para todas as ações posteriormente intentadas que senadores e deputados federais, os ministros de Estado,
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. os governadores de Estados e Territórios, os secretários de
Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as ações Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os
que sejam propostas com mesma causa de pedir (fatos e deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros
fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam julgadas do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de
pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que primeiro Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como
for proposta a ação. os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora
previamente ajustados entre eles e o juiz.
§ 6o A ação será instruída com documentos ou § 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
justificação que contenham indícios suficientes da existência presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e
do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, de depoimento por escrito, caso em que as perguntas,
observada a legislação vigente, inclusive as disposições formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. transmitidas por ofício.
A ação de improbidade administrativa será instruída
com provas do ato de improbidade administrativa Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de
praticado, geralmente o processo administrativo que depoimentos de determinados agentes públicos.
tramitou anteriormente. Todas estas provas serão
explicadas, fundamentando porque restou caracterizado o § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
ato de improbidade. pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116,
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída 157, de 2016)
com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpretando
dias. o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para propositura
Se a petição inicial preencher os requisitos do da ação a pessoa jurídica de direito público que seria
parágrafo anterior e os demais requisitos processuais civis, beneficiada pela alíquota que deveria ter sido recolhida
o requerido será notificado para se manifestar por escrito na esfera de seu município pois nele que o prestador se
e, se quiser, apresentar documentos. encontrava.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de Não importa se o ato praticado pelo agente não causou
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos dano ao erário, tanto que existem os atos da categoria mais
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão leve (artigo 11).
dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica Também é irrelevante se o Tribunal de Contas aprovou
prejudicada pelo ilícito. ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora isto
Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas sirva de elemento de prova.
das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da
ação de improbidade administrativa. Não significa que as Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
demais sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis. Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
administrativa ou mediante representação formulada
CAPÍTULO VI de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar
Das Disposições Penais a instauração de inquérito policial ou procedimento
administrativo.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de O Ministério Público poderá requisitar a instauração
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, de inquérito policial ou procedimento administrativo de
quando o autor da denúncia o sabe inocente. ofício, a pedido da autoridade administrativa ou mediante
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. representação.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, CAPÍTULO VII
morais ou à imagem que houver provocado. Da Prescrição
A legislação pretende que as denúncias de atos de
improbidade administrativas sejam sérias e fundamentadas, Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele não faz previstas nesta lei podem ser propostas:
parte exatamente das outras penalidades da lei, por isso I - até cinco anos após o término do exercício de
exatamente que está apartado das demais. mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
Este crime será denunciado e apurado perante um II - dentro do prazo prescricional previsto em lei
juízo criminal, fora da ação de improbidade administrativa. específica para faltas disciplinares puníveis com demissão
O artigo 19 é um crime a ser denunciado em ação penal a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
pública proposta pelo Ministério Público, único legitimado. efetivo ou emprego.
Na verdade, ele não passa de uma forma específica da Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
denunciação caluniosa do Código Penal. direito de acionar judicialmente.
A ação de improbidade administrativa não poderá ser
Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório -
policial, de processo judicial, instauração de investigação passados 5 anos após o término do exercício de mandato,
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade cargo em comissão ou função de confiança pelo réu;
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que b) prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do
o sabe inocente. Pena - reclusão de 2 a 8 anos e multa. prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos público (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 anos
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da a contar da data em que o fato se tornou conhecido).
sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa CAPÍTULO VIII
competente poderá determinar o afastamento do agente Das Disposições Finais
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
necessária à instrução processual.
Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de
suspender direitos políticos e determinar a perda da junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
função pública. O máximo que é possível, visando garantir disposições em contrário.
a instrução processual, é afastar o agente público do
exercício do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência
tramita a ação de improbidade administrativa. e 104° da República.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei


independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza


LEI 8666/93 E ALTERAÇÕES comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer
outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no
que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos,
mesmo quando envolvidos financiamentos de agências
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte
e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
Capítulo I § 2oEm igualdade de condições, como critério de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS desempate, será assegurada preferência, sucessivamente,
Seção I aos bens e serviços:
Dos Princípios I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - produzidos no País;
Art. 1oEsta Lei estabelece normas gerais sobre licitações III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, IV - produzidos ou prestados por empresas que
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia
no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito no País.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
Federal e dos Municípios. V - produzidos ou prestados por empresas que
Parágrafo único.Subordinam-se ao regime desta comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista
Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas da Previdência Social e que atendam às regras de
públicas, as sociedades de economia mista e demais acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, 13.146, de 2015) (Vigência)
Estados, Distrito Federal e Municípios. § 3oA licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Art. 2oAs obras, serviços, inclusive de publicidade, acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo
compras, alienações, concessões, permissões e locações da quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
Administração Pública, quando contratadas com terceiros, abertura.
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
as hipóteses previstas nesta Lei. § 5oNos processos de licitação, poderá ser estabelecida
Parágrafo único.Para os fins desta Lei, considera-se margem de preferência para:(Redação dada pela Lei nº
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades 13.146, de 2015) (Vigência)
da Administração Pública e particulares, em que haja I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
um acordo de vontades para a formação de vínculo e a que atendam a normas técnicas brasileiras; e(Incluído pela
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a Lei nº 13.146, de 2015)
denominação utilizada. II - bens e serviços produzidos ou prestados por
Art. 3oA licitação destina-se a garantir a observância empresas que comprovem cumprimento de reserva de
do princípio constitucional da isonomia, a seleção cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para
da proposta mais vantajosa para a administração e a reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras
promoção do desenvolvimento nacional sustentável e de acessibilidade previstas na legislação.(Incluído pela Lei
será processada e julgada em estrita conformidade com nº 13.146, de 2015)
os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da § 6oA margem de preferência de que trata o § 5o será
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade estabelecida com base em estudos revistos periodicamente,
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em
do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
(Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)(Regulamento) Decreto nº 7.546, de 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012)
(Regulamento) (Regulamento) (Vide Decreto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756,
§ 1oÉ vedado aos agentes públicos: de 2012)
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de I - geração de emprego e renda;(Incluído pela Lei nº
convocação, cláusulas ou condições que comprometam, 12.349, de 2010)
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam e municipais;(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
preferências ou distinções em razão da naturalidade, da III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra no País;(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído
objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12
pela Lei nº 12.349, de 2010)
deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro
V - em suas revisões, análise retrospectiva de
de 1991;(Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
resultados. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 7oPara os produtos manufaturados e serviços § 15.As preferências dispostas neste artigo prevalecem
nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação sobre as demais preferências previstas na legislação
tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços
margem de preferência adicional àquela prevista no § estrangeiros.(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
5o. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 2014)
7.546, de 2011) Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida
§ 8oAs margens de preferência por produto, serviço, pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
os §§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal,
procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer
cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que
não podendo a soma delas ultrapassar o montante de
não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização
25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos
dos trabalhos.
manufaturados e serviços estrangeiros.(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
12.349, de 2010)(Vide Decreto nº 7.546, de 2011) nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele
§ 9oAs disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo praticado em qualquer esfera da Administração Pública.
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de Art. 5oTodos os valores, preços e custos utilizados
produção ou prestação no País seja inferior:(Incluído pela nas licitações terão como expressão monetária a moeda
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no
ou (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do bens, locações, realização de obras e prestação de serviços,
art. 23 desta Lei, quando for o caso.(Incluído pela Lei nº obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita
12.349, de 2010) ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo
§ 10.A margem de preferência a que se refere o § quando presentes relevantes razões de interesse público
5o poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e mediante prévia justificativa da autoridade competente,
e serviços originários dos Estados Partes do Mercado devidamente publicada.
Comum do Sul - Mercosul.(Incluído pela Lei nº 12.349, de § 1oOs créditos a que se refere este artigo terão
2010)(Vide Decreto nº 7.546, de 2011) seus valores corrigidos por critérios previstos no ato
convocatório e que lhes preservem o valor.
§ 11.Os editais de licitação para a contratação de bens,
§ 2oA correção de que trata o parágrafo anterior cujo
serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa
pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta
da autoridade competente, exigir que o contratado das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos
promova, em favor de órgão ou entidade integrante da créditos a que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883,
administração pública ou daqueles por ela indicados a de 1994)
partir de processo isonômico, medidas de compensação § 3oObservados o disposto no caput, os pagamentos
comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o
vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do
forma estabelecida pelo Poder Executivo federal. (Incluído que dispõe seu parágrafo único,deverão ser efetuados no
pela Lei nº 12.349, de 2010)(Vide Decreto nº 7.546, de 2011) prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação
§ 12.Nas contratações destinadas à implantação, da fatura.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de Art. 5o-A.As normas de licitações e contratos devem
tecnologia de informação e comunicação, considerados privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às
estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação microempresas e empresas de pequeno porte na forma da
poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
desenvolvida no País e produzidos de acordo com o
processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176, Seção II
de 11 de janeiro de 2001.(Incluído pela Lei nº 12.349, de Das Definições
2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
Art. 6oPara os fins desta Lei, considera-se:
§ 13.Será divulgada na internet, a cada exercício
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação,
financeiro, a relação de empresas favorecidas em
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta
decorrência do disposto nos §§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste ou indireta;
artigo, com indicação do volume de recursos destinados a II - Serviço - toda atividade destinada a obter
cada uma delas. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) determinada utilidade de interesse para a Administração,
§ 14.As preferências definidas neste artigo e nas tais como: demolição, conserto, instalação, montagem,
demais normas de licitação e contratos devem privilegiar o operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
empresas de pequeno porte na forma da lei.(Incluído pela trabalhos técnico-profissionais;
Lei Complementar nº 147, de 2014)

50
DIREITO ADMINISTRATIVO

III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; de métodos construtivos, instalações provisórias e
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
a terceiros; caráter competitivo para a sua execução;
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas e) subsídios para montagem do plano de licitação e
cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes gestão da obra, compreendendo a sua programação, a
o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e
desta Lei; outros dados necessários em cada caso;
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel f) orçamento detalhado do custo global da
cumprimento das obrigações assumidas por empresas em obra, fundamentado em quantitativos de serviços e
licitações e contratos; fornecimentos propriamente avaliados;
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos
entidades da Administração, pelos próprios meios; necessários e suficientes à execução completa da obra, de
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira
de Normas Técnicas - ABNT;
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes
XI - Administração Pública - a administração direta
regimes:(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
a) empreitada por preço global - quando se contrata
dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades com
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
personalidade jurídica de direito privado sob controle
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata do poder público e das fundações por ele instituídas ou
a execução da obra ou do serviço por preço certo de mantidas;
unidades determinadas; XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
c) (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) administrativa pela qual a Administração Pública opera e
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos atua concretamente;
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação
materiais; da Administração Pública, sendo para a União o Diário
e) empreitada integral - quando se contrata um Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os
empreendimento em sua integralidade, compreendendo Municípios, o que for definido nas respectivas leis;(Redação
todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
ao contratante em condições de entrada em operação, instrumento contratual;
atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária
em condições de segurança estrutural e operacional e com de contrato com a Administração Pública;
as características adequadas às finalidades para que foi XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial,
contratada; criada pela Administração com a função de receber,
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários examinar e julgar todos os documentos e procedimentos
e suficientes, com nível de precisão adequado, para relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes.
caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos
ou serviços objeto da licitação, elaborado com base manufaturados, produzidos no território nacional de
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que acordo com o processo produtivo básico ou com as
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo
do impacto ambiental do empreendimento, e que federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no
País, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo
métodos e do prazo de execução, devendo conter os
federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
seguintes elementos:
XIX - sistemas de tecnologia de informação e
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
comunicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
fornecer visão global da obra e identificar todos os seus
da informação e comunicação cuja descontinuidade
elementos constitutivos com clareza; provoque dano significativo à administração pública e
b) soluções técnicas globais e localizadas, que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos
suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a relacionados às informações críticas: disponibilidade,
necessidade de reformulação ou de variantes durante as confiabilidade, segurança e confidencialidade. (Incluído
fases de elaboração do projeto executivo e de realização pela Lei nº 12.349, de 2010)
das obras e montagem; XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento -
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento
suas especificações que assegurem os melhores resultados de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados
para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo em projeto de pesquisa aprovado pela instituição
para a sua execução; contratante. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção III § 9oO disposto neste artigo aplica-se também, no


Das Obras e Serviços que couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de
licitação.
Art. 7oAs licitações para a execução de obras e para a Art. 8oA execução das obras e dos serviços deve
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo programar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus
e, em particular, à seguinte seqüência: custos atual e final e considerados os prazos de sua
I - projeto básico; execução.
II - projeto executivo; Parágrafo único.É proibido o retardamento imotivado
III - execução das obras e serviços. da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se
§ 1oA execução de cada etapa será obrigatoriamente existente previsão orçamentária para sua execução total,
precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de
competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, ordem técnica, justificados em despacho circunstanciado
à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser da autoridade a que se refere o art. 26 desta Lei.(Redação
desenvolvido concomitantemente com a execução das dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
obras e serviços, desde que também autorizado pela Art. 9oNão poderá participar, direta ou indiretamente,
Administração. da licitação ou da execução de obra ou serviço e do
§ 2oAs obras e os serviços somente poderão ser fornecimento de bens a eles necessários:
licitados quando: I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade ou jurídica;
competente e disponível para exame dos interessados em II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
participar do processo licitatório; pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da
II - existir orçamento detalhado em planilhas que qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista
expressem a composição de todos os seus custos unitários; ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
III - houver previsão de recursos orçamentários que com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou
assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de subcontratado;
obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade
em curso, de acordo com o respectivo cronograma; contratante ou responsável pela licitação.
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas § 1oÉ permitida a participação do autor do projeto ou da
metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação
165 da Constituição Federal, quando for o caso. de obra ou serviço, ou na execução, como consultor
§ 3oÉ vedado incluir no objeto da licitação a obtenção ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou
de recursos financeiros para sua execução, qualquer que gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração
seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos interessada.
executados e explorados sob o regime de concessão, nos § 2oO disposto neste artigo não impede a licitação ou
termos da legislação específica. contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de
§ 4oÉ vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, projeto executivo como encargo do contratado ou pelo
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de preço previamente fixado pela Administração.
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às § 3oConsidera-se participação indireta, para fins do
previsões reais do projeto básico ou executivo. disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo
§ 5oÉ vedada a realização de licitação cujo objeto de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou
inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica,
características e especificações exclusivas, salvo nos casos e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços
o fornecimento de tais materiais e serviços for feito a estes necessários.
sob o regime de administração contratada, previsto e § 4oO disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
discriminado no ato convocatório. membros da comissão de licitação.
§ 6oA infringência do disposto neste artigo implica Art. 10.As obras e serviços poderão ser executados nas
a nulidade dos atos ou contratos realizados e a seguintes formas: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. I - execução direta;
§ 7oNão será ainda computado como valor da obra ou II - execução indireta, nos seguintes regimes:(Redação
serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
atualização monetária das obrigações de pagamento, desde a) empreitada por preço global;
a data final de cada período de aferição até a do respectivo b) empreitada por preço unitário;
pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios c) (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. d) tarefa;
§ 8oQualquer cidadão poderá requerer à Administração e) empreitada integral.
Pública os quantitativos das obras e preços unitários de Parágrafo único. (Vetado). (Redação dada pela Lei nº
determinada obra executada. 8.883, de 1994)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 11.As obras e serviços destinados aos mesmos Seção V


fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou Das Compras
classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às
condições peculiares do local ou às exigências específicas Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
do empreendimento. caracterização de seu objeto e indicação dos recursos
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade
obras e serviços serão considerados principalmente os do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
seguintes requisitos:(Redação dada pela Lei nº 8.883, de Art. 15. As compras, sempre que possível,
1994) deverão: (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)
I - segurança; (Vigência)
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; I - atender ao princípio da padronização, que
III - economia na execução, conservação e operação; imponha compatibilidade de especificações técnicas e de
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, desempenho, observadas, quando for o caso, as condições
materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
para execução, conservação e operação;
II - ser processadas através de sistema de registro de
preços;
V - facilidade na execução, conservação e operação,
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento
sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
semelhantes às do setor privado;
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas
segurança do trabalho adequadas;(Redação dada pela Lei necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado,
nº 8.883, de 1994) visando economicidade;
VII - impacto ambiental. V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública.
Seção IV § 1o O registro de preços será precedido de ampla
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados pesquisa de mercado.
§ 2o Os preços registrados serão publicados
Art. 13.Para os fins desta Lei, consideram-se serviços trimestralmente para orientação da Administração, na
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos imprensa oficial.
a: § 3o O sistema de registro de preços será regulamentado
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
ou executivos; observadas as seguintes condições:
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; I - seleção feita mediante concorrência;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias II - estipulação prévia do sistema de controle e
financeiras ou tributárias;(Redação dada pela Lei nº 8.883, atualização dos preços registrados;
de 1994) III - validade do registro não superior a um ano.
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras § 4o A existência de preços registrados não obriga a
ou serviços; Administração a firmar as contratações que deles poderão
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
administrativas; respeitada a legislação relativa às licitações, sendo
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; assegurado ao beneficiário do registro preferência em
VII - restauração de obras de arte e bens de valor igualdade de condições.
histórico. § 5o O sistema de controle originado no quadro geral
VIII - (Vetado).(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) de preços, quando possível, deverá ser informatizado.
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para
§ 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de
impugnar preço constante do quadro geral em razão de
licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos
incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado.
profissionais especializados deverão, preferencialmente,
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda:
I - a especificação completa do bem a ser adquirido
ser celebrados mediante a realização de concurso, com
estipulação prévia de prêmio ou remuneração. sem indicação de marca;
§ 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica- II - a definição das unidades e das quantidades a serem
se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei. adquiridas em função do consumo e utilização prováveis,
§ 3o A empresa de prestação de serviços técnicos cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante
especializados que apresente relação de integrantes de adequadas técnicas quantitativas de estimação;
seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como III - as condições de guarda e armazenamento que não
elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade permitam a deterioração do material.
de licitação, ficará obrigada a garantir que os referidos § 8o O recebimento de material de valor superior ao
integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade
objeto do contrato. de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no
mínimo, 3 (três) membros.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra,
acesso público, à relação de todas as compras feitas pela onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do
Administração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins
a identificação do bem comprado, seu preço unitário, a de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total e(Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017)
da operação, podendo ser aglutinadas por itens as compras II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. (Redação licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso
Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de
art. 24.(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
Seção VI entidades da Administração Pública;
Das Alienações c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
bolsa, observada a legislação específica;
Art. 17.A alienação de bens da Administração Pública, d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
subordinada à existência de interesse público devidamente e) venda de bens produzidos ou comercializados por
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude
seguintes normas: de suas finalidades;
I - quando imóveis, dependerá de autorização f) venda de materiais e equipamentos para outros
legislativa para órgãos da administração direta e entidades órgãos ou entidades da Administração Pública, sem
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as
utilização previsível por quem deles dispõe.
entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
§ 1oOs imóveis doados com base na alínea “b” do
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta
inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram
nos seguintes casos:
a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica
a) dação em pagamento;
doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
§ 2o A Administração também poderá conceder título
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
de propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;(Redação
dispensada licitação, quando o uso destinar-se:(Redação
dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
d) investidura; qualquer que seja a localização do imóvel;(Incluído pela Lei
e) venda a outro órgão ou entidade da administração nº 11.196, de 2005)
pública, de qualquer esfera de governo;(Incluída pela Lei nº II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento
8.883, de 1994) ou ato normativo do órgão competente, haja implementado
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e
concessão de direito real de uso, locação ou permissão de pacífica e exploração direta sobre área rural, observado o
uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25
ou efetivamente utilizados no âmbito de programas de junho de 2009;(Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017)
habitacionais ou de regularização fundiária de interesse § 2º-A.As hipóteses do inciso II do § 2o ficam
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-
administração pública;(Redação dada pela Lei nº 11.481, de se aos seguintes condicionamentos:(Redação dada pela Lei
2007) nº 11.952, de 2009)
g) procedimentos de legitimação de posse de que I - aplicação exclusivamente às áreas em que a
trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de detenção por particular seja comprovadamente anterior a
1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da 1o de dezembro de 2004;(Incluído pela Lei nº 11.196, de
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se 2005)
tal atribuição;(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II - submissão aos demais requisitos e impedimentos
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão do regime legal e administrativo da destinação e da
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de regularização fundiária de terras públicas;(Incluído pela Lei
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área nº 11.196, de 2005)
de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) III - vedação de concessões para hipóteses de
e inseridos no âmbito de programas de regularização exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou
entidades da administração pública;(Incluído pela Lei nº administrativas de zoneamento ecológico-econômico;
11.481, de 2007) e(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - previsão de rescisão automática da concessão, Art. 19.Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
ou necessidade pública ou interesse social. (Incluído pela dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
Lei nº 11.196, de 2005) autoridade competente, observadas as seguintes regras:
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste I - avaliação dos bens alienáveis;
artigo:(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II - comprovação da necessidade ou utilidade da
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não alienação;
sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua III - adoção do procedimento licitatório, sob a
exploração mediante atividades agropecuárias;(Incluído modalidade de concorrência ou leilão. (Redação dada pela
pela Lei nº 11.196, de 2005) Lei nº 8.883, de 1994)
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada Capítulo II
Da Licitação
a dispensa de licitação para áreas superiores a esse
Seção I
limite;(Redação dada pela Lei nº 11.763, de 2008)
Das Modalidades, Limites e Dispensa
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área
decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do Art. 20.As licitações serão efetuadas no local onde
caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste se situar a repartição interessada, salvo por motivo de
parágrafo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) interesse público, devidamente justificado.
IV – (VETADO)(Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) Parágrafo único.O disposto neste artigo não impedirá
§ 3oEntende-se por investidura, para os fins desta a habilitação de interessados residentes ou sediados em
lei:(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) outros locais.
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de Art. 21.Os avisos contendo os resumos dos editais
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca e dos leilões, embora realizados no local da repartição
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a interessada, deverão ser publicados com antecedência, no
50% (cinqüenta por cento) do valor constante da alínea “a” mínimo, por uma vez:(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, 1994)
de 1998) I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, licitação feita por órgão ou entidade da Administração
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas
garantidas por instituições federais; (Redação dada pela Lei
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase
nº 8.883, de 1994)
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
de operação dessas unidades e não integrem a categoria
de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por
nº 9.648, de 1998) órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou
§ 4oA doação com encargo será licitada e de seu Municipal, ou do Distrito Federal;(Redação dada pela Lei nº
instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, 8.883, de 1994)
o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no também, se houver, em jornal de circulação no Município
caso de interesse público devidamente justificado;(Redação ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço,
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a
§ 5oNa hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se
necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a de outros meios de divulgação para ampliar a área de
cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas competição.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
por hipoteca em segundo grau em favor do doador. § 1oO aviso publicado conterá a indicação do local em
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
§ 6oPara a venda de bens móveis avaliados, isolada ou edital e todas as informações sobre a licitação.
globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no § 2oO prazo mínimo até o recebimento das propostas
ou da realização do evento será:
art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração poderá
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei
permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
nº 8.883, de 1994)
§ 7o(VETADO).(Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
a) concurso;(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 18.Na concorrência para a venda de bens imóveis, b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado
a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do contemplar o regime de empreitada integral ou quando
recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e
cento) da avaliação. preço”;(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
Parágrafo único.(Revogado pela Lei nº 8.883, de 1994)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista
de 1994) no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea ao valor da avaliação.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
“b” do inciso anterior;(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) 1994)
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo § 6oNa hipótese do § 3o deste artigo, existindo na
“melhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo
8.883, de 1994) convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos
enquanto existirem cadastrados não convidados nas
não especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou
últimas licitações.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
leilão; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7oQuando, por limitações do mercado ou manifesto
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
Lei nº 8.883, de 1994) número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo,
§ 3oOs prazos estabelecidos no parágrafo anterior essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
serão contados a partir da última publicação do edital no processo, sob pena de repetição do convite.
resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva § 8oÉ vedada a criação de outras modalidades de
disponibilidade do edital ou do convite e respectivos licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. § 9oNa hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) administração somente poderá exigir do licitante não
§ 4oQualquer modificação no edital exige divulgação cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31,
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo- que comprovemhabilitação compatível com o objeto da
se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,
licitação, nos termos do edital. (Incluído pela Lei nº 8.883,
de 1994)
inqüestionavelmente, a alteração não afetar a formulação
Art. 23.As modalidades de licitação a que se referem
das propostas. os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas
Art. 22.São modalidades de licitação: em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor
I - concorrência; estimado da contratação:
II - tomada de preços; I - para obras e serviços de engenharia:(Redação dada
III - convite; pela Lei nº 9.648, de 1998)
IV - concurso; a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil
V - leilão. reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 1oConcorrência é a modalidade de licitação entre b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação e quinhentos mil reais);(Redação dada pela Lei nº 9.648, de
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de 1998)
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
§ 2oTomada de preços é a modalidade de licitação entre e quinhentos mil reais);(Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
II - para compras e serviços não referidos no inciso
a todas as condições exigidas para cadastramento até o
anterior:(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);(Redação
observada a necessária qualificação. dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3oConvite é a modalidade de licitação entre b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos
interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados e cinqüenta mil reais);(Redação dada pela Lei nº 9.648, de
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 1998)
3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e e cinqüenta mil reais).(Redação dada pela Lei nº 9.648, de
o estenderá aos demais cadastrados na correspondente 1998)
especialidade que manifestarem seu interesse com § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da Administração serão divididas em tantas parcelas
apresentação das propostas. quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
§ 4oConcurso é a modalidade de licitação entre
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
ampliação da competitividade sem perda da economia de
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios escala.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ou remuneração aos vencedores, conforme critérios § 2oNa execução de obras e serviços e nas compras
constantes de edital publicado na imprensa oficial com de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior,
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou
§ 5oLeilão é a modalidade de licitação entre quaisquer compra, há de corresponder licitação distinta, preservada
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a a modalidade pertinente para a execução do objeto em
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou licitação.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3oA concorrência é a modalidade de licitação cabível, III - nos casos de guerra ou grave perturbação da
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ordem;
ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no IV - nos casos de emergência ou de calamidade
art. 19, como nas concessões de direito real de uso e pública, quando caracterizada urgência de atendimento
nas licitações internacionais, admitindo-se neste último de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
caso, observados os limites deste artigo, a tomada de a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
internacional de fornecedores ou o convite, quando não bens necessários ao atendimento da situação emergencial
houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4oNos casos em que couber convite, a Administração
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a
da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
concorrência.
§ 5oÉ vedada a utilização da modalidade «convite» prorrogação dos respectivos contratos;
ou «tomada de preços», conforme o caso, para parcelas V - quando não acudirem interessados à licitação
de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que todas as condições preestabelecidas;
o somatório de seus valores caracterizar o caso de «tomada VI - quando a União tiver que intervir no domínio
de preços» ou «concorrência», respectivamente, nos termos econômico para regular preços ou normalizar o
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica abastecimento;
que possam ser executadas por pessoas ou empresas de VII - quando as propostas apresentadas consignarem
especialidade diversa daquela do executor da obra ou preços manifestamente superiores aos praticados no
serviço.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados
§ 6oAs organizações industriais da Administração pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado
Federal direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
para suas compras e serviços em geral, desde que para serviços, por valor não superior ao constante do registro de
a aquisição de materiais aplicados exclusivamente na preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
manutenção, reparo ou fabricação de meios operacionais
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
bélicos pertencentes à União. (Incluído pela Lei nº 8.883,
público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
de 1994)
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde por órgão ou entidade que integre a Administração Pública
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é e que tenha sido criado para esse fim específico em data
permitida a cotação de quantidade inferior à demandada anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado
na licitação, com vistas a ampliação da competitividade, seja compatível com o praticado no mercado; (Redação
podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a economia de escala.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) IX - quando houver possibilidade de comprometimento
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o Nacional;(Regulamento)
triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
Lei nº 11.107, de 2005) atendimento das finalidades precípuas da administração,
Art. 24.É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, de cujas necessidades de instalação e localização condicionem
2.010) Vigência a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% valor de mercado, segundo avaliação prévia;(Redação dada
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I pela Lei nº 8.883, de 1994)
do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços
ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual,
da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
desde que atendida a ordem de classificação da licitação
realizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - para outros serviços e compras de valor até 10% licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso corrigido;
II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que dos processos licitatórios correspondentes, realizadas
possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei diretamente com base no preço do dia;(Redação dada pela
nº 9.648, de 1998) Lei nº 8.883, de 1994)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento


regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino de energia elétrica e gás natural com concessionário,
ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição permissionário ou autorizado, segundo as normas da
dedicada à recuperação social do preso, desde que a legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
contratada detenha inquestionável reputação ético- XXIII - na contratação realizada por empresa pública
profissional e não tenha fins lucrativos;(Redação dada pela ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias
Lei nº 8.883, de 1994) e controladas, para a aquisição ou alienação de bens,
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos prestação ou obtenção de serviços, desde que o
termos de acordo internacional específico aprovado pelo preço contratado seja compatível com o praticado no
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
manifestamente vantajosas para o Poder Público;(Redação
XXIV - para a celebração de contratos de prestação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte
âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou contempladas no contrato de gestão.(Incluído pela Lei nº
entidade. 9.648, de 1998)
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários XXV - na contratação realizada por Instituição
padronizados de uso da administração, e de edições Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de para a transferência de tecnologia e para o licenciamento
informática a pessoa jurídica de direito público interno, de direito de uso ou de exploração de criação protegida.
por órgãos ou entidades que integrem a Administração (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
Pública, criados para esse fim específico;(Incluído pela Lei XXVI – na celebração de contrato de programa com
nº 8.883, de 1994) ente da Federação ou com entidade de sua administração
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de indireta, para a prestação de serviços públicos de forma
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção associada nos termos do autorizado em contrato de
de equipamentos durante o período de garantia técnica, consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído
junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando pela Lei nº 11.107, de 2005)
tal condição de exclusividade for indispensável para a XXVII - na contratação da coleta, processamento e
vigência da garantia;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva
o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
estada eventual de curta duração em portos, aeroportos
ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de renda reconhecidas pelo poder público como catadores
movimentação operacional ou de adestramento, quando de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
normalidade e os propósitos das operações e desde que saúde pública.(Redação dada pela Lei nº 11.445, de
seu valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do 2007). (Vigência)
inciso II do art. 23 desta Lei:(Incluído pela Lei nº 8.883, de XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços,
1994) produzidos ou prestados no País, que envolvam,
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e nacional, mediante parecer de comissão especialmente
administrativo, quando houver necessidade de manter a designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico pela Lei nº 11.484, de 2007).
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
comissão instituída por decreto;(Incluído pela Lei nº 8.883, para atender aos contingentes militares das Forças
de 1994) Singulares brasileiras empregadas em operações de paz
XX - na contratação de associação de portadores de no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo
idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração
Comandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento
2008).
de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja
XXX - na contratação de instituição ou organização,
compatível com o praticado no mercado.(Incluído pela Lei
nº 8.883, de 1994) pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para prestação de serviços de assistência técnica e extensão
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela
23; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Lei nº 12.188, de 2.010)Vigência

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DIREITO ADMINISTRATIVO

XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I
disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de do caput doart. 9o à hipótese prevista no inciso XXI
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de do caput. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
contratação dela constantes.(Incluído pela Lei nº 12.349, de Art. 25.É inexigível a licitação quando houver
2010) inviabilidade de competição, em especial:
XXXII - na contratação em que houver transferência I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de empresa ou representante comercial exclusivo, vedada
setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção a preferência de marca, devendo a comprovação de
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo
produtos durante as etapas de absorção tecnológica. órgão de registro do comércio do local em que se realizaria
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras equivalentes;
tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano II - para a contratação de serviços técnicos enumerados
e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais
de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. ou empresas de notória especialização, vedada a
(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito III - para contratação de profissional de qualquer setor
público interno de insumos estratégicos para a saúde artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da opinião pública.
administração pública direta, sua autarquia ou fundação em § 1oConsidera-se de notória especialização o profissional
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade,
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à publicações, organização, aparelhamento, equipe
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim objeto do contrato.
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que § 2oNa hipótese deste artigo e em qualquer dos
o preço contratado seja compatível com o praticado no casos de dispensa, se comprovado superfaturamento,
mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda
XXXV - para a construção, a ampliação, a Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente
reforma e o aprimoramento de estabelecimentos público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais
penais, desde que configurada situação de grave e iminente cabíveis.
risco à segurança pública. (Incluído pela Lei nº 13.500, de Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art.
2017) 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de
§ 1oOs percentuais referidos nos incisos I e II inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo
compras, obras e serviços contratados por consórcios único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e
e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias,
como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de como condição para a eficácia dos atos.(Redação dada pela
2012) Lei nº 11.107, de 2005)
§ 2oO limite temporal de criação do órgão ou entidade Parágrafo único.O processo de dispensa, de
que integre a administração pública estabelecido no inciso inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo,
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
entidades que produzem produtos estratégicos para o I -caracterização da situação emergencial, calamitosa
SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, ou de grave e iminente risco à segurança pública que
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. justifique a dispensa, quando for o caso;(Redação dada
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) pela Lei nº 13.500, de 2017)
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
XXI do caput, quando aplicada a obras e serviços de III - justificativa do preço.
engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
em regulamentação específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, aos quais os bens serão alocados.(Incluído pela Lei nº
de 2016) 9.648, de 1998)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção II adequados e disponíveis para a realização do objeto


Da Habilitação da licitação, bem como da qualificação de cada um dos
membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
Art. 27.Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos trabalhos;
interessados, exclusivamente, documentação relativa a: III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de
I - habilitação jurídica; que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que
II - qualificação técnica; tomou conhecimento de todas as informações e das
III - qualificação econômico-financeira; condições locais para o cumprimento das obrigações
IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação dada objeto da licitação;
pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) IV - prova de atendimento de requisitos previstos em
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. lei especial, quando for o caso.
7o da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de § 1oA comprovação de aptidão referida no inciso II do
1999) “caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes
Art. 28.A documentação relativa à habilitação jurídica,
a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos
conforme o caso, consistirá em:
por pessoas jurídicas de direito público ou privado,
I - cédula de identidade;
devidamente registrados nas entidades profissionais
II - registro comercial, no caso de empresa individual;
competentes, limitadas as exigências a: (Redação dada pela
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social
em vigor, devidamente registrado, em se tratando de Lei nº 8.883, de 1994)
sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por I - capacitação técnico-profissional: comprovação do
ações, acompanhado de documentos de eleição de seus licitante de possuir em seu quadro permanente, na data
administradores; prevista para entrega da proposta, profissional de nível
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade
civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; competente, detentor de atestado de responsabilidade
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa técnica por execução de obra ou serviço de características
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de
de registro ou autorização para funcionamento expedido maior relevância e valor significativo do objeto da licitação,
pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
Art. 29.A documentação relativa à regularidade fiscal e máximos;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
trabalhista, conforme o caso, consistirá em:(Redação dada II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); § 2oAs parcelas de maior relevância técnica e de valor
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão
estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou definidas no instrumento convocatório.(Redação dada pela
sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e Lei nº 8.883, de 1994)
compatível com o objeto contratual; § 3oSerá sempre admitida a comprovação de aptidão
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, através de certidões ou atestados de obras ou serviços
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou similares de complexidade tecnológica e operacional
outra equivalente, na forma da lei; equivalente ou superior.
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social § 4oNas licitações para fornecimento de bens, a
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita
demonstrando situação regular no cumprimento dos
através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de
encargos sociais instituídos por lei. (Redação dada pela Lei
direito público ou privado.
nº 8.883, de 1994)
§ 5oÉ vedada a exigência de comprovação de atividade
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos
ou de aptidão com limitações de tempo ou de época
perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação
de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto- previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.
Lei no5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº § 6oAs exigências mínimas relativas a instalações de
12.440, de 2011) (Vigência) canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
Art. 30.A documentação relativa à qualificação técnica especializado, considerados essenciais para o cumprimento
limitar-se-á a: do objeto da licitação, serão atendidas mediante a
I - registro ou inscrição na entidade profissional apresentação de relação explícita e da declaração formal
competente; da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as
II - comprovação de aptidão para desempenho de exigências de propriedade e de localização prévia.
atividade pertinente e compatível em características, § 7º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação I - (Vetado).(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)

60
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 8oNo caso de obras, serviços e compras de grande § 4oPoderá ser exigida, ainda, a relação dos
vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração compromissos assumidos pelo licitante que importem
exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja diminuição da capacidade operativa ou absorção de
avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá disponibilidade financeira, calculada esta em função do
sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação.
por critérios objetivos. § 5oA comprovação de boa situação financeira da
§ 9oEntende-se por licitação de alta complexidade empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo
técnica aquela que envolva alta especialização, como fator de índices contábeis previstos no edital e devidamente
de extrema relevância para garantir a execução do objeto a justificados no processo administrativo da licitação que
ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência
da prestação de serviços públicos essenciais. de índices e valores não usualmente adotados para correta
§ 10.Os profissionais indicados pelo licitante para fins avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento
de comprovação da capacitação técnico-operacional de das obrigações decorrentes da licitação.(Redação dada
que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão participar pela Lei nº 8.883, de 1994)
da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a § 6º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
substituição por profissionais de experiência equivalente Art. 32. Os documentos necessários à habilitação
ou superior, desde que aprovada pela administração. poderão ser apresentados em original, por qualquer
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) processo de cópia autenticada por cartório competente ou
§ 11. (Vetado).(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) por servidor da administração ou publicação em órgão da
§ 12. (Vetado).(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) imprensa oficial.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 31.A documentação relativa à qualificação § 1oA documentação de que tratam os arts. 28 a 31
econômico-financeira limitar-se-á a: desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
do último exercício social, já exigíveis e apresentados na pronta entrega e leilão.
forma da lei, que comprovem a boa situação financeira § 2oO certificado de registro cadastral a que se refere
da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados
balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas
oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da em sistema informatizado de consulta direta indicado no
data de apresentação da proposta; edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades
II - certidão negativa de falência ou concordata legais, a superveniência de fato impeditivo da habilitação.
expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa § 3oA documentação referida neste artigo poderá ser
física; substituída por registro cadastral emitido por órgão ou
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios entidade pública, desde que previsto no edital e o registro
previstos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.
a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da § 4oAs empresas estrangeiras que não funcionem
contratação. no País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações
§ 1oA exigência de índices limitar-se-á à demonstração internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores
da capacidade financeira do licitante com vistas aos mediante documentos equivalentes, autenticados
compromissos que terá que assumir caso lhe seja pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores juramentado, devendo ter representação legal no Brasil
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade com poderes expressos para receber citação e responder
ou lucratividade.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) administrativa ou judicialmente.
§ 2oA Administração, nas compras para entrega futura § 5oNão se exigirá, para a habilitação de que trata este
e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo
no instrumento convocatório da licitação, a exigência de os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado,
capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor
as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação
dado objetivo de comprovação da qualificação econômico- fornecida.
financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao § 6oO disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e
adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado. no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais
§ 3oO capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja
a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder feito com o produto de financiamento concedido por
a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, organismo financeiro internacional de que o Brasil faça
devendo a comprovação ser feita relativamente à data parte, ou por agência estrangeira de cooperação, nem
da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a nos casos de contratação com empresa estrangeira, para
atualização para esta data através de índices oficiais. a compra de equipamentos fabricados e entregues no

61
DIREITO ADMINISTRATIVO

exterior, desde que para este caso tenha havido prévia § 2oÉ facultado às unidades administrativas utilizarem-
autorização do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
de aquisição de bens e serviços realizada por unidades Administração Pública.
administrativas com sede no exterior. Art. 35.Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os
31 e este artigo poderá ser dispensada, nos termos de elementos necessários à satisfação das exigências do art.
regulamento, no todo ou em parte, para a contratação 27 desta Lei.
de produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que Art. 36.Os inscritos serão classificados por categorias,
para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em
inciso II do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº 13.243, grupos, segundo a qualificação técnica e econômica
de 2016) avaliada pelos elementos constantes da documentação
Art. 33.Quando permitida na licitação a participação relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei.
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes § 1oAos inscritos será fornecido certificado, renovável
normas: sempre que atualizarem o registro.
I - comprovação do compromisso público ou particular § 2oA atuação do licitante no cumprimento de
de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados; obrigações assumidas será anotada no respectivo registro
II - indicação da empresa responsável pelo cadastral.
consórcio que deverá atender às condições de liderança, Art. 37.A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso
obrigatoriamente fixadas no edital; ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo- classificação cadastral.
se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos
quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de Seção IV
qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores Do Procedimento e Julgamento
de cada consorciado, na proporção de sua respectiva
participação, podendo a Administração estabelecer, para o Art. 38.O procedimento da licitação será iniciado
consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos com a abertura de processo administrativo, devidamente
valores exigidos para licitante individual, inexigível este autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do
por micro e pequenas empresas assim definidas em lei; recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados
IV - impedimento de participação de empresa oportunamente:
consorciada, na mesma licitação, através de mais de um I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for
consórcio ou isoladamente; o caso;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos II - comprovante das publicações do edital resumido,
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
quanto na de execução do contrato. III - ato de designação da comissão de licitação, do
§ 1oNo consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, peloconvite;
observado o disposto no inciso II deste artigo. IV - original das propostas e dos documentos que as
§ 2oO licitante vencedor fica obrigado a promover, instruírem;
antes da celebração do contrato, a constituição e o registro V - atas, relatórios e deliberações da Comissão
do consórcio, nos termos do compromisso referido no Julgadora;
inciso I deste artigo. VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
licitação, dispensa ou inexigibilidade;
Seção III VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da
Dos Registros Cadastrais sua homologação;
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos
Art. 34.Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades licitantes e respectivas manifestações e decisões;
da Administração Pública que realizem freqüentemente IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação,
licitações manterão registros cadastrais para efeito de quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente;
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, X - termo de contrato ou instrumento equivalente,
um ano. (Regulamento) conforme o caso;
§ 1oO registro cadastral deverá ser amplamente XI - outros comprovantes de publicações;
divulgado e deverá estar permanentemente aberto aos XII - demais documentos relativos à licitação.
interessados, obrigando-se a unidade por ele responsável Parágrafo único.As minutas de editais de licitação,
a proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes
oficial e de jornal diário, a chamamento público para a devem ser previamente examinadas e aprovadas por
atualização dos registros existentes e para o ingresso de assessoria jurídica da Administração. (Redação dada pela
novos interessados. Lei nº 8.883, de 1994)

62
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 39.Sempre que o valor estimado para uma XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou efetiva do custo de produção, admitida a adoção de
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para
no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública proposta se referir, até a data do adimplemento de cada
concedida pela autoridade responsável com antecedência parcela;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a XII - (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
publicação do edital, e divulgada, com a antecedência XIII - limites para pagamento de instalação e
mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mobilização para execução de obras ou serviços que
mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, serão obrigatoriamente previstos em separado das demais
à qual terão acesso e direito a todas as informações parcelas, etapas ou tarefas;
pertinentes e a se manifestar todos os interessados. XIV - condições de pagamento, prevendo:
Parágrafo único.Para os fins deste artigo, consideram- a) prazo de pagamento não superior a trinta dias,
se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e contado a partir da data final do período de adimplemento
com realização prevista para intervalos não superiores a de cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também b) cronograma de desembolso máximo por período,
com objetos similares, o edital subseqüente tenha uma data em conformidade com a disponibilidade de recursos
anterior a cento e vinte dias após o término do contrato financeiros;
resultante da licitação antecedente. (Redação dada pela Lei c) critério de atualização financeira dos valores a serem
nº 8.883, de 1994) pagos, desde a data final do período de adimplemento de
Art. 40.O edital conterá no preâmbulo o número de cada parcela até a data do efetivo pagamento;(Redação
ordem em série anual, o nome da repartição interessada dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o d) compensações financeiras e penalizações, por
tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações
de pagamentos;
o local, dia e hora para recebimento da documentação e
e) exigência de seguros, quando for o caso;
proposta, bem como para início da abertura dos envelopes,
XV - instruções e normas para os recursos previstos
e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
nesta Lei;
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta
licitação.
Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto
§ 1oO original do edital deverá ser datado, rubricado em
da licitação;
todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir,
permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e
projeto básico; fornecimento aos interessados.
V - se há projeto executivo disponível na data da § 2oConstituem anexos do edital, dele fazendo parte
publicação do edital de licitação e o local onde possa ser integrante:
examinado e adquirido; I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
VI - condições para participação na licitação, em partes, desenhos, especificações e outros complementos;
conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos
apresentação das propostas; e preços unitários;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
VII - critério para julgamento, com disposições claras e III - a minuta do contrato a ser firmado entre a
parâmetros objetivos; Administração e o licitante vencedor;
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios IV - as especificações complementares e as normas de
de comunicação à distância em que serão fornecidos execução pertinentes à licitação.
elementos, informações e esclarecimentos relativos à § 3oPara efeito do disposto nesta Lei, considera-se
licitação e às condições para atendimento das obrigações como adimplemento da obrigação contratual a prestação
necessárias ao cumprimento de seu objeto; do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de
IX - condições equivalentes de pagamento entre parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual
empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de documento
internacionais; de cobrança.
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e § 4oNas compras para entrega imediata, assim
global, conforme o caso, permitida a fixação de preços entendidas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da
máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios data prevista para apresentação da proposta, poderão ser
estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de dispensadas:(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2ºdo I - o disposto no inciso XI deste artigo;(Incluído pela Lei
art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) nº 8.883, de 1994)

63
DIREITO ADMINISTRATIVO

II - a atualização financeira a que se refere a alínea § 5oPara a realização de obras, prestação de serviços
“c” do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período ou aquisição de bens com recursos provenientes de
compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista financiamento ou doação oriundos de agência oficial
para o pagamento, desde que não superior a quinze de cooperação estrangeira ou organismo financeiro
dias. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser
5ºA Administração Pública poderá, nos editais de admitidas, na respectiva licitação, as condições decorrentes
licitação para a contratação de serviços, exigir da contratada de acordos, protocolos, convenções ou tratados
que um percentual mínimo de sua mão de obra seja internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, bem
oriundo ou egresso do sistema prisional, com afinalidade como as normas e procedimentos daquelas entidades,
de ressocialização do reeducando, na forma estabelecida inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais
em regulamento.(Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017) vantajosa para a administração, o qual poderá contemplar,
além do preço, outros fatores de avaliação, desde que por
Art. 41.A Administração não pode descumprir as elas exigidos para a obtenção do financiamento ou da
normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente doação, e que também não conflitem com o princípio do
vinculada. julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado
do órgão executor do contrato, despacho esse ratificado
§ 1oQualquer cidadão é parte legítima para impugnar
pela autoridade imediatamente superior. (Redação dada
edital de licitação por irregularidade na aplicação desta
pela Lei nº 8.883, de 1994)
Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis
§ 6oAs cotações de todos os licitantes serão para
antes da data fixada para a abertura dos envelopes de
entrega no mesmo local de destino.
habilitação, devendo a Administração julgar e responder Art. 43.A licitação será processada e julgada com
à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da observância dos seguintes procedimentos:
faculdade prevista no § 1o do art. 113. I - abertura dos envelopes contendo a documentação
§ 2oDecairá do direito de impugnar os termos do edital relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
de licitação perante a administração o licitante que não II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes
o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que
dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura não tenha havido recurso ou após sua denegação;
dos envelopes com as propostas em convite, tomada de III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos
preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo
irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência
tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
pela Lei nº 8.883, de 1994) IV - verificação da conformidade de cada proposta
§ 3oA impugnação feita tempestivamente pelo licitante com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os
não o impedirá de participar do processo licitatório até o preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. competente, ou ainda com os constantes do sistema de
§ 4oA inabilitação do licitante importa preclusão do seu registro de preços, os quais deverão ser devidamente
direito de participar das fases subseqüentes. registrados na ata de julgamento, promovendo-se
Art. 42.Nas concorrências de âmbito internacional, o a desclassificação das propostas desconformes ou
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária incompatíveis;
e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos V - julgamento e classificação das propostas de acordo
competentes. com os critérios de avaliação constantes do edital;
§ 1oQuando for permitido ao licitante estrangeiro cotar VI - deliberação da autoridade competente quanto à
preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o homologação e adjudicação do objeto da licitação.
licitante brasileiro. § 1oA abertura dos envelopes contendo a documentação
para habilitação e as propostas será realizada sempre em
§ 2oO pagamento feito ao licitante brasileiro
ato público previamente designado, do qual se lavrará ata
eventualmente contratado em virtude da licitação de que
circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela
trata o parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira,
Comissão.
à taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior
§ 2oTodos os documentos e propostas serão rubricados
à data do efetivo pagamento. (Redação dada pela Lei nº pelos licitantes presentes e pela Comissão.
8.883, de 1994) § 3oÉ facultada à Comissão ou autoridade superior,
§ 3oAs garantias de pagamento ao licitante brasileiro em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência
serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante destinada a esclarecer ou a complementar a instrução
estrangeiro. do processo, vedada a inclusão posterior de documento
§ 4oPara fins de julgamento da licitação, as propostas ou informação que deveria constar originariamente da
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas proposta.
dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos que § 4oO disposto neste artigo aplica-se à concorrência e,
oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços
operação final de venda. e ao convite.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

64
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 5oUltrapassada a fase de habilitação dos concorrentes § 3oNo caso da licitação do tipo “menor preço”, entre os
(incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe licitantes considerados qualificados a classificação se dará
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo,
salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no
após o julgamento. parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
§ 6oApós a fase de habilitação, não cabe desistência 1994)
de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato § 4oPara contratação de bens e serviços de informática,
superveniente e aceito pela Comissão. a administração observará o disposto no art. 3o da Lei
Art. 44.No julgamento das propostas, a Comissão no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta
levará em consideração os critérios objetivos definidos no os fatores especificados em seu parágrafo2o e adotando
edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas obrigatoriamento o tipo de licitação «técnica e preço»,
e princípios estabelecidos por esta Lei. permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos
§ 1oÉ vedada a utilização de qualquer elemento, critério indicados em decreto do Poder Executivo. (Redação dada
ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa pela Lei nº 8.883, de 1994)
ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade § 5oÉ vedada a utilização de outros tipos de licitação
entre os licitantes. não previstos neste artigo.
§ 2oNão se considerará qualquer oferta de vantagem não § 6oNa hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão
prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que
subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem se atinja a quantidade demandada na licitação.(Incluído
baseada nas ofertas dos demais licitantes. pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3oNão se admitirá proposta que apresente preços Art. 46.Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de
incompatíveis com os preços dos insumos e salários de natureza predominantemente intelectual, em especial na
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que
o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido
e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral
limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais
e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos
e instalações de propriedade do próprio licitante, para
preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o
os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da
disposto no § 4o do artigo anterior.(Redação dada pela Lei
remuneração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
nº 8.883, de 1994)
§ 4oO disposto no parágrafo anterior aplica-se também
§ 1oNas licitações do tipo “melhor técnica” será
às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou
adotado o seguinte procedimento claramente explicitado
importações de qualquer natureza. (Redação dada pela Lei
no instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo
nº 8.883, de 1994)
Art. 45.O julgamento das propostas será objetivo, que a Administração se propõe a pagar:
devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo I - serão abertos os envelopes contendo as propostas
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de técnicas exclusivamente dos licitantes previamente
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato qualificados e feita então a avaliação e classificação
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente destas propostas de acordo com os critérios pertinentes
nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos e adequados ao objeto licitado, definidos com clareza
licitantes e pelos órgãos de controle. e objetividade no instrumento convocatório e que
§ 1oPara os efeitos deste artigo, constituem tipos de considerem a capacitação e a experiência do proponente,
licitação, exceto na modalidade concurso:(Redação dada a qualidade técnica da proposta, compreendendo
pela Lei nº 8.883, de 1994) metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das
proposta mais vantajosa para a Administração determinar equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes que
o menor preço; tenham atingido a valorização mínima estabelecida no
II - a de melhor técnica; instrumento convocatório e à negociação das condições
III - a de técnica e preço. propostas, com a proponente melhor classificada,
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos com base nos orçamentos detalhados apresentados e
de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. respectivos preços unitários e tendo como referência o
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) limite representado pela proposta de menor preço entre os
§ 2oNo caso de empate entre duas ou mais propostas, licitantes que obtiveram a valorização mínima;
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a III - no caso de impasse na negociação anterior,
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato procedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com
público, para o qual todos os licitantes serão convocados, os demais proponentes, pela ordem de classificação, até a
vedado qualquer outro processo. consecução de acordo para a contratação;

65
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas a) média aritmética dos valores das propostas
aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado
ou que não obtiverem a valorização mínima estabelecida pela administração, ou(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
para a proposta técnica. b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei
§ 2oNas licitações do tipo “técnica e preço” será nº 9.648, de 1998)
adotado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
o seguinte procedimento claramente explicitado no anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
instrumento convocatório: (oitenta por cento) do menor valor a que se referem
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de as alíneas «a» e «b», será exigida, para a assinatura do
contrato, prestação de garantia adicional, dentre as
preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos
modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença
no instrumento convocatório;
entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da
II - a classificação dos proponentes far-se-á de
correspondente proposta.(Incluído pela Lei nº 9.648, de
acordo com a média ponderada das valorizações das 1998)
propostas técnicas e de preço, de acordo com os pesos § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
preestabelecidos no instrumento convocatório. todas as propostas forem desclassificadas, a administração
§ 3oExcepcionalmente, os tipos de licitação previstos poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para
neste artigo poderão ser adotados, por autorização a apresentação de nova documentação ou de outras
expressa e mediante justificativa circunstanciada da maior propostas escoimadas das causas referidas neste artigo,
autoridade da Administração promotora constante do facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para
ato convocatório, para fornecimento de bens e execução três dias úteis.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
de obras ou prestação de serviços de grande vulto Art. 49.A autoridade competente para a aprovação
majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente do procedimento somente poderá revogar a licitação
sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades por razões de interesse público decorrente de fato
técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em que o superveniente devidamente comprovado, pertinente e
objeto pretendido admitir soluções alternativas e variações suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la
de execução, com repercussões significativas sobre sua por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
§ 1oA anulação do procedimento licitatório por motivo
concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
à livre escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
objetivamente fixados no ato convocatório.
§ 2oA nulidade do procedimento licitatório induz à do
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
Art. 47.Nas licitações para a execução de obras e 59 desta Lei.
serviços, quando for adotada a modalidade de execução § 3oNo caso de desfazimento do processo licitatório,
de empreitada por preço global, a Administração deverá fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
fornecer obrigatoriamente, junto com o edital, todos os § 4oO disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
elementos e informações necessários para que os licitantes aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
possam elaborar suas propostas de preços com total e de licitação.
completo conhecimento do objeto da licitação. Art. 50.A Administração não poderá celebrar o contrato
Art. 48.Serão desclassificadas: com preterição da ordem de classificação das propostas ou
I - as propostas que não atendam às exigências do ato com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob
convocatório da licitação; pena de nulidade.
II - propostas com valor global superior ao limite Art. 51.A habilitação preliminar, a inscrição em registro
estabelecido ou com preços manifestamente inexeqüiveis, cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
assim considerados aqueles que não venham a ter serão processadas e julgadas por comissão permanente
demonstrada sua viabilidade através de documentação ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo
menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes
que comprove que os custos dos insumos são coerentes
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
com os de mercado e que os coeficientes de produtividade
responsáveis pela licitação.
são compatíveis com a execução do objeto do contrato,
§ 1oNo caso de convite, a Comissão de licitação,
condições estas necessariamente especificadas no ato excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas
convocatório da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá
de 1994) ser substituída por servidor formalmente designado pela
§ 1ºPara os efeitos do disposto no inciso II deste autoridade competente.
artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no § 2oA Comissão para julgamento dos pedidos
caso de licitações de menor preço para obras e serviços de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou
de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores cancelamento, será integrada por profissionais legalmente
a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de
valores:(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) equipamentos.

66
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3oOs membros das Comissões de licitação § 2oOs contratos decorrentes de dispensa ou de


responderão solidariamente por todos os atos praticados inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do
pela Comissão, salvo se posição individual divergente ato que os autorizou e da respectiva proposta.
estiver devidamente fundamentada e registrada em ata Art. 55.São cláusulas necessárias em todo contrato as
lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão. que estabeleçam:
§ 4oA investidura dos membros das Comissões I - o objeto e seus elementos característicos;
permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
recondução da totalidade de seus membros para a mesma III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
comissão no período subseqüente. data-base e periodicidade do reajustamento de preços,
§ 5oNo caso de concurso, o julgamento será feito por os critérios de atualização monetária entre a data do
uma comissão especial integrada por pessoas de reputação adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, IV - os prazos de início de etapas de execução, de
servidores públicos ou não. conclusão, de entrega, de observação e de recebimento
Art. 52.O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 definitivo, conforme o caso;
desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a
obtido pelos interessados no local indicado no edital. indicação da classificação funcional programática e da
§ 1oO regulamento deverá indicar: categoria econômica;
I - a qualificação exigida dos participantes; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; execução, quando exigidas;
III - as condições de realização do concurso e os VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as
prêmios a serem concedidos. penalidades cabíveis e os valores das multas;
§ 2oEm se tratando de projeto, o vencedor deverá VIII - os casos de rescisão;
autorizar a Administração a executá-lo quando julgar
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração,
conveniente.
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta
Art. 53.O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
Lei;
a servidor designado pela Administração, procedendo-se
X - as condições de importação, a data e a taxa de
na forma da legislação pertinente.
câmbio para conversão, quando for o caso;
§ 1oTodo bem a ser leiloado será previamente avaliado
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo
pela Administração para fixação do preço mínimo de
que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do
arrematação.
licitante vencedor;
§ 2oOs bens arrematados serão pagos à vista ou no
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco XII - a legislação aplicável à execução do contrato e
por cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no especialmente aos casos omissos;
local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, XIII - a obrigação do contratado de manter, durante
o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo toda a execução do contrato, em compatibilidade com
estipulado no edital de convocação, sob pena de perder as obrigações por ele assumidas, todas as condições de
em favor da Administração o valor já recolhido. habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 3oNos leilões internacionais, o pagamento da parcela § 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.(Redação § 2oNos contratos celebrados pela Administração
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive
§ 4oO edital de leilão deve ser amplamente divulgado, aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar
principalmente no município em que se realizará.(Incluído necessariamente cláusula que declare competente o foro
pela Lei nº 8.883, de 1994) da sede da Administração para dirimir qualquer questão
contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
Capítulo III § 3oNo ato da liquidação da despesa, os serviços de
DOS CONTRATOS contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da
Seção I arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou
Disposições Preliminares Município, as características e os valores pagos, segundo o
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.
Art. 54.Os contratos administrativos de que trata esta Art. 56.A critério da autoridade competente, em cada
Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de caso, e desde que prevista no instrumento convocatório,
direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações
princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de de obras, serviços e compras.
direito privado. § 1oCaberá ao contratado optar por uma das seguintes
§ 1oOs contratos devem estabelecer com clareza modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883,
e precisão as condições para sua execução, expressas de 1994)
em cláusulas que definam os direitos, obrigações e I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
responsabilidades das partes, em conformidade com os devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
termos da licitação e da proposta a que se vinculam. mediante registro em sistema centralizado de liquidação

67
DIREITO ADMINISTRATIVO

e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente
definido pelo Ministério da Fazenda;(Redação dada pela as condições de execução do contrato;
Lei nº 11.079, de 2004) III - interrupção da execução do contrato ou
II - seguro-garantia;(Redação dada pela Lei nº 8.883, diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse
de 1994) da Administração;
III - fiança bancária.(Redação dada pela Lei nº 8.883, IV - aumento das quantidades inicialmente previstas
de 8.6.94) no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
§ 2oA garantia a que se refere o caput deste artigo não V - impedimento de execução do contrato por fato
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado documento contemporâneo à sua ocorrência;
o previsto no parágrafo 3o deste artigo.(Redação dada pela VI - omissão ou atraso de providências a cargo da
Lei nº 8.883, de 1994) Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos
§ 3oPara obras, serviços e fornecimentos de grande de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento
vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais
financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer aplicáveis aos responsáveis.
tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o § 2oToda prorrogação de prazo deverá ser justificada
limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá por escrito e previamente autorizada pela autoridade
ser elevado para até dez por cento do valor do contrato. competente para celebrar o contrato.
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 3oÉ vedado o contrato com prazo de vigência
§ 4oA garantia prestada pelo contratado será liberada indeterminado.
ou restituída após a execução do contrato e, quando em § 4oEm caráter excepcional, devidamente justificado
dinheiro, atualizada monetariamente. e mediante autorização da autoridade superior, o prazo
§ 5oNos casos de contratos que importem na entrega de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
prorrogado por até doze meses. (Incluído pela Lei nº 9.648,
de 1998)
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o
Art. 58.O regime jurídico dos contratos administrativos
valor desses bens.
instituído por esta Lei confere à Administração, em relação
Art. 57.A duração dos contratos regidos por esta
a eles, a prerrogativa de:
Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor
orçamentários, exceto quanto aos relativos:
adequação às finalidades de interesse público, respeitados
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais
poderão ser prorrogados se houver interesse da no inciso I do art. 79 desta Lei;
Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato III - fiscalizar-lhes a execução;
convocatório; IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
II - à prestação de serviços a serem executados de parcial do ajuste;
forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada V - nos casos de serviços essenciais, ocupar
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços
preços e condições mais vantajosas para a administração, vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da
limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
de 1998) contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de
III - (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) rescisão do contrato administrativo.
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de § 1oAs cláusulas econômico-financeiras e monetárias
programas de informática, podendo a duração estender-se dos contratos administrativos não poderão ser alteradas
pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início sem prévia concordância do contratado.
da vigência do contrato. § 2oNa hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência para que se mantenha o equilíbrio contratual.
por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da Art. 59.A declaração de nulidade do contrato
administração. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos
§ 1oOs prazos de início de etapas de execução, de jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as desconstituir os já produzidos.
demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção Parágrafo único.A nulidade não exonera a Administração
de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em executado até a data em que ela for declarada e por outros
processo: prejuízos regularmente comprovados, contanto que não
I - alteração do projeto ou especificações, pela lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de
Administração; quem lhe deu causa.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção II Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento


Da Formalização dos Contratos dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório
e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada,
Art. 60.Os contratos e seus aditamentos serão lavrados mediante o pagamento dos emolumentos devidos.
nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo Art. 64.A Administração convocará regularmente o
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do interessado para assinar o termo de contrato, aceitar
seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e
que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à
notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81
origem. desta Lei.
Parágrafo único.É nulo e de nenhum efeito o contrato § 1oO prazo de convocação poderá ser prorrogado
verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido justificado aceito pela Administração.
no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de § 2oÉ facultado à Administração, quando o convocado
adiantamento. não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o
Art. 61.Todo contrato deve mencionar os nomes das instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos,
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
que autorizou a sua lavratura, o número do processo da classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato
Parágrafo único.A publicação resumida do instrumento convocatório, ou revogar a licitação independentemente
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, da cominação prevista no art. 81 desta Lei.
que é condição indispensável para sua eficácia, será § 3oDecorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
providenciada pela Administração até o quinto dia útil do das propostas, sem convocação para a contratação, ficam
mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor,
ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta
Seção III
Lei.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Da Alteração dos Contratos
Art. 62.O instrumento de contrato é obrigatório nos
casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
Art. 65.Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
compreendidos nos limites destas duas modalidades de
I - unilateralmente pela Administração:
licitação, e facultativo nos demais em que a Administração
a) quando houver modificação do projeto ou das
puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais
especificações, para melhor adequação técnica aos seus
como carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução de serviço. objetivos;
§ 1oA minuta do futuro contrato integrará sempre o b) quando necessária a modificação do valor contratual
edital ou ato convocatório da licitação. em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa
§ 2oEm “carta contrato”, “nota de empenho de despesa”, de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
“autorização de compra”, “ordem de execução de serviço” II - por acordo das partes:
ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, a) quando conveniente a substituição da garantia de
o disposto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº execução;
8.883, de 1994) b) quando necessária a modificação do regime
§ 3oAplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei de execução da obra ou serviço, bem como do modo
e demais normas gerais, no que couber: de fornecimento, em face de verificação técnica da
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais c) quando necessária a modificação da forma
cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de pagamento, por imposição de circunstâncias
de direito privado; supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada
II - aos contratos em que a Administração for parte a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma
como usuária de serviço público. financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação
§ 4oÉ dispensável o «termo de contrato» e facultada de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
a substituição prevista neste artigo, a critério da d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
Administração e independentemente de seu valor, nos inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição
casos de compra com entrega imediata e integral dos bens da administração para a justa remuneração da obra, serviço
adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
inclusive assistência técnica. econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de

69
DIREITO ADMINISTRATIVO

sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de Art. 66-A.As empresas enquadradas no inciso V do §
conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos 2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir,
da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força durante todo o período de execução do contrato, a reserva
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
econômica extraordinária e extracontratual. (Redação dada para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras
pela Lei nº 8.883, de 1994) de acessibilidade previstas na legislação.(Incluído pela Lei
§ 1oO contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas nº 13.146, de 2015) (Vigência)
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se Parágrafo único.Cabe à administração fiscalizar o
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no e nos ambientes de trabalho.(Incluído pela Lei nº 13.146,
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, de 2015)
até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus Art. 67.A execução do contrato deverá ser acompanhada
acréscimos. e fiscalizada por um representante da Administração
§ 2oNenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os especialmente designado, permitida a contratação de
limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:(Redação terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) pertinentes a essa atribuição.
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) § 1oO representante da Administração anotará em
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
os contratantes.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) execução do contrato, determinando o que for necessário
§ 3oSe no contrato não houverem sido contemplados à regularização das faltas ou defeitos observados.
preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados § 2oAs decisões e providências que ultrapassarem a
mediante acordo entre as partes, respeitados os limites competência do representante deverão ser solicitadas a
estabelecidos no § 1o deste artigo. seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas
§ 4oNo caso de supressão de obras, bens ou serviços, convenientes.
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto Art. 68.O contratado deverá manter preposto, aceito
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela pela Administração, no local da obra ou serviço, para
Administração pelos custos de aquisição regularmente representá-lo na execução do contrato.
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber Art. 69.O contratado é obrigado a reparar, corrigir,
remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total
indenização por outros danos eventualmente decorrentes
da supressão, desde que regularmente comprovados.
ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem
§ 5oQuaisquer tributos ou encargos legais criados,
vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou
alterados ou extintos, bem como a superveniência de
de materiais empregados.
disposições legais, quando ocorridas após a data da
Art. 70.O contratado é responsável pelos danos
apresentação da proposta, de comprovada repercussão
causados diretamente à Administração ou a terceiros,
nos preços contratados, implicarão a revisão destes para
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato,
mais ou para menos, conforme o caso.
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a
§ 6oEm havendo alteração unilateral do contrato que
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
aumente os encargos do contratado, a Administração
deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio Art. 71.O contratado é responsável pelos encargos
econômico-financeiro inicial. trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes
§ 7o (VETADO) da execução do contrato.
§ 8oA variação do valor contratual para fazer face § 1oA inadimplência do contratado, com referência aos
ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere
atualizações, compensações ou penalizações financeiras à Administração Pública a responsabilidade por seu
decorrentes das condições de pagamento nele previstas, pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou
bem como o empenho de dotações orçamentárias restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
suplementares até o limite do seu valor corrigido, não inclusive perante o Registro de Imóveis.(Redação dada pela
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados Lei nº 9.032, de 1995)
por simples apostila, dispensando a celebração de § 2oA Administração Pública responde solidariamente
aditamento. com o contratado pelos encargos previdenciários
resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31
Seção IV da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.(Redação dada pela
Da Execução dos Contratos Lei nº 9.032, de 1995)
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 66.O contrato deverá ser executado fielmente pelas Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá
desta Lei, respondendo cada uma pelas conseqüências de subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
sua inexecução total ou parcial. limite admitido, em cada caso, pela Administração.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 73.Executado o contrato, o seu objeto será Seção V


recebido: Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
I - em se tratando de obras e serviços:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu Art. 77.A inexecução total ou parcial do contrato enseja
acompanhamento e fiscalização, mediante termo a sua rescisão, com as conseqüências contratuais e as
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 previstas em lei ou regulamento.
(quinze) dias da comunicação escrita do contratado; Art. 78.Constituem motivo para rescisão do contrato:
b) definitivamente, por servidor ou comissão I - o não cumprimento de cláusulas contratuais,
designada pela autoridade competente, mediante termo especificações, projetos ou prazos;
circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
especificações, projetos e prazos;
do prazo de observação, ou vistoria que comprove a
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a
adequação do objeto aos termos contratuais, observado o
Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão
disposto no art. 69 desta Lei; da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
II - em se tratando de compras ou de locação de estipulados;
equipamentos: IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação fornecimento;
da conformidade do material com a especificação; V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento,
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e sem justa causa e prévia comunicação à Administração;
quantidade do material e conseqüente aceitação. VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto,
§ 1oNos casos de aquisição de equipamentos de a associação do contratado com outrem, a cessão ou
grande vulto, o recebimento far-se-á mediante termo transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
circunstanciado e, nos demais, mediante recibo. incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
§ 2oO recebimento provisório ou definitivo não exclui a VII - o desatendimento das determinações regulares da
responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução execução, assim como as de seus superiores;
do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua
pelo contrato. execução, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
§ 3oO prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I IX - a decretação de falência ou a instauração de
insolvência civil;
deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias,
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e
contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
previstos no edital.
§ 4oNa hipótese de o termo circunstanciado ou ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do
a verificação a que se refere este artigo não serem, contrato;
respectivamente, lavrado ou procedida dentro dos XII - razões de interesse público, de alta relevância
prazos fixados, reputar-se-ão como realizados, desde e amplo conhecimento, justificadas e determinadas
que comunicados à Administração nos 15 (quinze) dias pela máxima autoridade da esfera administrativa a que
anteriores à exaustão dos mesmos. está subordinado o contratante e exaradas no processo
Art. 74.Poderá ser dispensado o recebimento provisório administrativo a que se refere o contrato;
nos seguintes casos: XIII - a supressão, por parte da Administração, de
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; obras, serviços ou compras, acarretando modificação do
II - serviços profissionais; valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, art. 65 desta Lei;
inciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham XIV - a suspensão de sua execução, por ordem
de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à escrita da Administração, por prazo superior a 120 (cento
verificação de funcionamento e produtividade. e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública,
Parágrafo único.Nos casos deste artigo, o recebimento grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou
ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo
será feito mediante recibo.
prazo, independentemente do pagamento obrigatório
Art. 75.Salvo disposições em contrário constantes do
de indenizações pelas sucessivas e contratualmente
edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e
imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras
demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para a previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito
boa execução do objeto do contrato correm por conta do de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações
contratado. assumidas até que seja normalizada a situação;
Art. 76.A Administração rejeitará, no todo ou em parte, XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo pagamentos devidos pela Administração decorrentes de
com o contrato. obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade

71
DIREITO ADMINISTRATIVO

pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, § 1oA aplicação das medidas previstas nos incisos I e II
assegurado ao contratado o direito de optar pela deste artigo fica a critério da Administração, que poderá dar
suspensão do cumprimento de suas obrigações até que continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
seja normalizada a situação; § 2oÉ permitido à Administração, no caso de concordata
XVI - a não liberação, por parte da Administração, do contratado, manter o contrato, podendo assumir o
de área, local ou objeto para execução de obra, serviço controle de determinadas atividades de serviços essenciais.
ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das § 3oNa hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá
fontes de materiais naturais especificadas no projeto; ser precedido de autorização expressa do Ministro de
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal,
regularmente comprovada, impeditiva da execução do conforme o caso.
contrato. § 4oA rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela prevista no inciso I deste artigo.
Lei nº 9.854, de 1999)
Parágrafo único.Os casos de rescisão contratual serão Capítulo IV
formalmente motivados nos autos do processo, assegurado DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
o contraditório e a ampla defesa. JUDICIAL
Art. 79.A rescisão do contrato poderá ser: Seção I
I - determinada por ato unilateral e escrito da Disposições Gerais
Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e
XVII do artigo anterior; Art. 81.A recusa injustificada do adjudicatário em assinar
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
termo no processo da licitação, desde que haja conveniência dentro do prazo estabelecido pela Administração,
para a Administração; caracteriza o descumprimento total da obrigação assumida,
III - judicial, nos termos da legislação; sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas.
IV - (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica
§ 1oA rescisão administrativa ou amigável deverá aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta
ser precedida de autorização escrita e fundamentada da Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas
autoridade competente.
condições propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive
§ 2oQuando a rescisão ocorrer com base nos incisos
quanto ao prazo e preço.
XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do
Art. 82.Os agentes administrativos que praticarem
contratado, será este ressarcido dos prejuízos regularmente
atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando
comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções
I - devolução de garantia;
previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato
a data da rescisão;
ensejar.
III - pagamento do custo da desmobilização.
Art. 83.Os crimes definidos nesta Lei, ainda que
§ 3º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando
§ 4º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
do contrato, o cronograma de execução será prorrogado cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
automaticamente por igual tempo. Art. 84.Considera-se servidor público, para os fins
Art. 80.A rescisão de que trata o inciso I do artigo desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente
anterior acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
das sanções previstas nesta Lei: § 1oEquipara-se a servidor público, para os fins desta
I - assunção imediata do objeto do contrato, no Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
estado e local em que se encontrar, por ato próprio da paraestatal, assim consideradas, além das fundações,
Administração; empresas públicas e sociedades de economia mista, as
II - ocupação e utilização do local, instalações, demais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder
equipamentos, material e pessoal empregados na execução Público.
do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do § 2oA pena imposta será acrescida da terça parte,
inciso V do art. 58 desta Lei; quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento ocupantes de cargo em comissão ou de função de confiança
da Administração, e dos valores das multas e indenizações em órgão da Administração direta, autarquia, empresa
a ela devidos; pública, sociedade de economia mista, fundação pública,
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até ou outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo
o limite dos prejuízos causados à Administração. Poder Público.

72
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 85.As infrações penais previstas nesta Lei Art. 88.As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo
pertinem às licitações e aos contratos celebrados pela anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia Lei:
mista, fundações públicas, e quaisquer outras entidades I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem,
sob seu controle direto ou indireto. por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de
quaisquer tributos;
Seção II II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os
Das Sanções Administrativas objetivos da licitação;
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
Art. 86.O atraso injustificado na execução do contrato com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
Seção III
no instrumento convocatório ou no contrato.
Dos Crimes e das Penas
§ 1oA multa a que alude este artigo não impede que
a Administração rescinda unilateralmente o contrato e
Art. 89.Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses
aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
§ 2oA multa, aplicada após regular processo pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
administrativo, será descontada da garantia do respectivo Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
contratado. Parágrafo único.Na mesma pena incorre aquele que,
§ 3oSe a multa for de valor superior ao valor da garantia tendo comprovadamente concorrido para a consumação
prestada, além da perda desta, responderá o contratado da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade
pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
eventualmente devidos pela Administração ou ainda, Art. 90.Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação
quando for o caso, cobrada judicialmente. ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
Art. 87.Pela inexecução total ou parcial do contrato a procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do
contratado as seguintes sanções: objeto da licitação:
I - advertência; Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
II - multa, na forma prevista no instrumento Art. 91.Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
convocatório ou no contrato; privado perante a Administração, dando causa à instauração
III - suspensão temporária de participação em licitação de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação
e impedimento de contratar com a Administração, por vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
prazo não superior a 2 (dois) anos; Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar multa.
com a Administração Pública enquanto perdurarem Art. 92.Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
os motivos determinantes da punição ou até que seja modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual,
promovida a reabilitação perante a própria autoridade em favor do adjudicatário, durante a execução dos
que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização
o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com
preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade,
com base no inciso anterior.
observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada
§ 1oSe a multa aplicada for superior ao valor da garantia
pela Lei nº 8.883, de 1994)
prestada, além da perda desta, responderá o contratado
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada Parágrafo único.Incide na mesma pena o contratado
judicialmente. que, tendo comprovadamente concorrido para a
§ 2oAs sanções previstas nos incisos I, III e IV deste consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso ou se beneficia, injustamente, das modificações ou
II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo prorrogações contratuais.
processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Art. 93.Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
§ 3oA sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de qualquer ato de procedimento licitatório:
competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa multa.
do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 Art. 94.Devassar o sigilo de proposta apresentada
(dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação.(Vide art 109 ensejo de devassá-lo:
inciso III) Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.

73
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 95.Afastar ou procura afastar licitante, por meio Parágrafo único.Quando a comunicação for verbal,
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
vantagem de qualquer tipo: apresentante e por duas testemunhas.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, Art. 102.Quando em autos ou documentos de que
além da pena correspondente à violência. conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
Parágrafo único.Incorre na mesma pena quem se Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes
abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes
oferecida. verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei,
Art. 96.Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou necessários ao oferecimento da denúncia.
mercadorias, ou contrato dela decorrente: Art. 103.Será admitida ação penal privada subsidiária da
I - elevando arbitrariamente os preços; pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código
falsificada ou deteriorada; de Processo Penal.
III - entregando uma mercadoria por outra; Art. 104.Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita,
mercadoria fornecida; contado da data do seu interrogatório, podendo juntar
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número
onerosa a proposta ou a execução do contrato: não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. pretenda produzir.
Art. 97.Admitir à licitação ou celebrar contrato com Art. 105.Ouvidas as testemunhas da acusação e da
empresa ou profissional declarado inidôneo: defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de
multa. 5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
Parágrafo único.Incide na mesma pena aquele que, Art. 106.Decorrido esse prazo, e conclusos os autos
declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias
Administração. para proferir a sentença.
Art. 98.Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
Art. 107.Da sentença cabe apelação, interponível no
prazo de 5 (cinco) dias.
inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais
Art. 108.No processamento e julgamento das infrações
ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou
penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e
cancelamento de registro do inscrito:
nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei de
multa.
Execução Penal.
Art. 99.A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98
desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na
Capítulo V
sentença e calculada em índices percentuais, cuja base
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida
ou potencialmente auferível pelo agente. Art. 109.Dos atos da Administração decorrentes da
§ 1oOs índices a que se refere este artigo não poderão aplicação desta Lei cabem:
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
(cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
com dispensa ou inexigibilidade de licitação. a) habilitação ou inabilitação do licitante;
§ 2oO produto da arrecadação da multa reverterá, b) julgamento das propostas;
conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou c) anulação ou revogação da licitação;
Municipal. d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento;
Seção IV e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
Do Processo e do Procedimento Judicial art. 79 desta Lei;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) aplicação das penas de advertência, suspensão
Art. 100.Os crimes definidos nesta Lei são de ação temporária ou de multa;
penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
Público promovê-la. intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação
Art. 101.Qualquer pessoa poderá provocar, para ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
os efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme
sua autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de
ocorrência. 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.

74
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1oA intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas § 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação
“a”, “b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a da qual, nos termos do edital, decorram contratos
advertência e multa de mora, e no inciso III, será feita administrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
mediante publicação na imprensa oficial, salvo para os casos entes da Federação consorciados. (Incluído pela Lei nº
previstos nas alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos 11.107, de 2005)
dos licitantes no ato em que foi adotada a decisão, quando § 2o É facultado à entidade interessada o
poderá ser feita por comunicação direta aos interessados e acompanhamento da licitação e da execução do contrato.
lavrada em ata. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
§ 2oO recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I Art. 113.O controle das despesas decorrentes dos
deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei
competente, motivadamente e presentes razões de será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma
interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados
suspensiva aos demais recursos. da Administração responsáveis pela demonstração da
§ 3oInterposto, o recurso será comunicado aos legalidade e regularidade da despesa e execução, nos
termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de
demais licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5
controle interno nela previsto.
(cinco) dias úteis.
§ 1oQualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
§ 4oO recurso será dirigido à autoridade superior, por
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos
intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do
nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado, disposto neste artigo.
devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do § 2oOs Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do
prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do sistema de controle interno poderão solicitar para exame,
recurso, sob pena de responsabilidade. até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento
§ 5oNenhum prazo de recurso, representação ou pedido das propostas, cópia de edital de licitação já publicado,
de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração
processo estejam com vista franqueada ao interessado. interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes
§ 6oEm se tratando de licitações efetuadas na que, em função desse exame, lhes forem determinadas.
modalidade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois Art. 114.O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-
dias úteis.(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida
sempre que o objeto da licitação recomende análise mais
Capítulo VI detida da qualificação técnica dos interessados.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 1oA adoção do procedimento de pré-qualificação
será feita mediante proposta da autoridade competente,
Art. 110.Na contagem dos prazos estabelecidos aprovada pela imediatamente superior.
nesta Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do § 2oNa pré-qualificação serão observadas as exigências
vencimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos
exceto quando for explicitamente disposto em contrário. interessados, ao procedimento e à analise da documentação.
Parágrafo único.Só se iniciam e vencem os prazos Art. 115.Os órgãos da Administração poderão expedir
referidos neste artigo em dia de expediente no órgão ou normas relativas aos procedimentos operacionais a serem
na entidade. observados na execução das licitações, no âmbito de sua
Art. 111.A Administração só poderá contratar, pagar, competência, observadas as disposições desta Lei.
Parágrafo único.As normas a que se refere este artigo,
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
após aprovação da autoridade competente, deverão ser
desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele
publicadas na imprensa oficial.
relativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com
Art. 116.Aplicam-se as disposições desta Lei, no
o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para
que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros
sua elaboração. instrumentos congêneres celebrados por órgãos e
Parágrafo único.Quando o projeto referir-se a obra entidades da Administração.
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, § 1oA celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os órgãos ou entidades da Administração Pública depende
dados, documentos e elementos de informação pertinentes de prévia aprovação de competente plano de trabalho
à tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em proposto pela organização interessada, o qual deverá
suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra. conter, no mínimo, as seguintes informações:
Art. 112.Quando o objeto do contrato interessar a mais I - identificação do objeto a ser executado;
de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, II - metas a serem atingidas;
perante a entidade interessada, responder pela sua boa III - etapas ou fases de execução;
execução, fiscalização e pagamento. IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;

75
DIREITO ADMINISTRATIVO

V - cronograma de desembolso; Art. 118.Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios


VI - previsão de início e fim da execução do objeto, e as entidades da administração indireta deverão adaptar
bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas; suas normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de Lei.
engenharia, comprovação de que os recursos próprios para Art. 119.As sociedades de economia mista, empresas
complementar a execução do objeto estão devidamente e fundações públicas e demais entidades controladas
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento direta ou indiretamente pela União e pelas entidades
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador. referidas no artigo anterior editarão regulamentos próprios
§ 2oAssinado o convênio, a entidade ou órgão devidamente publicados, ficando sujeitas às disposições
repassador dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa desta Lei.
ou à Câmara Municipal respectiva. Parágrafo único.Os regulamentos a que se refere
§ 3oAs parcelas do convênio serão liberadas em estrita este artigo, no âmbito da Administração Pública, após
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto
aprovados pela autoridade de nível superior a que estiverem
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o
vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades,
saneamento das impropriedades ocorrentes:
deverão ser publicados na imprensa oficial.
I - quando não tiver havido comprovação da boa
Art. 120.Os valores fixados por esta Lei poderão ser
e regular aplicação da parcela anteriormente recebida,
na forma da legislação aplicável, inclusive mediante anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os
procedimentos de fiscalização local, realizados fará publicar no Diário Oficial da União, observando como
periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador limite superior a variação geral dos preços do mercado, no
dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de período. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
controle interno da Administração Pública; Art. 121.O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1o,
das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o
aos princípios fundamentais de Administração Pública nas disposto no «caput» do art. 5o, com relação ao pagamento
contratações e demais atos praticados na execução do das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser
convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a observada, no prazo de noventa dias contados da vigência
outras cláusulas conveniais básicas; desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos
III - quando o executor deixar de adotar as medidas contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de
saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos 21 de junho de 1993.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
recursos ou por integrantes do respectivo sistema de 1994)
controle interno. Parágrafo único.Os contratos relativos a imóveis
§ 4oOs saldos de convênio, enquanto não utilizados, do patrimônio da União continuam a reger-se pelas
serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de disposições do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro
poupança de instituição financeira oficial se a previsão de 1946, com suas alterações, e os relativos a operações
de seu uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de crédito interno ou externo celebrados pela União ou
de aplicação financeira de curto prazo ou operação de a concessão de garantia do Tesouro Nacional continuam
mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, regidos pela legislação pertinente, aplicando-se esta Lei,
quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos no que couber.
menores que um mês. Art. 122.Nas concessões de linhas aéreas, observar-
§ 5oAs receitas financeiras auferidas na forma do
se-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido
parágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a
no Código Brasileiro de Aeronáutica.
crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto
Art. 123.Em suas licitações e contratações
de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo
administrativas, as repartições sediadas no exterior
específico que integrará as prestações de contas do ajuste.
§ 6oQuando da conclusão, denúncia, rescisão ou observarão as peculiaridades locais e os princípios básicos
extinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos desta Lei, na forma de regulamentação específica.
financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das Art. 124.Aplicam-se às licitações e aos contratos
receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, serão para permissão ou concessão de serviços públicos os
devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, dispositivos desta Lei que não conflitem com a legislação
no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob específica sobre o assunto.(Redação dada pela Lei nº 8.883,
pena da imediata instauração de tomada de contas especial de 1994)
do responsável, providenciada pela autoridade competente Parágrafo único.As exigências contidas nos incisos
do órgão ou entidade titular dos recursos. II a IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações
Art. 117.As obras, serviços, compras e alienações para concessão de serviços com execução prévia de obras
realizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário em que não foram previstos desembolso por parte da
e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, Administração Pública concedente. (Incluído pela Lei nº
no que couber, nas três esferas administrativas. 8.883, de 1994)

76
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 125.Esta Lei entra em vigor na data de sua § 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar
publicação. (Renumerado por força do disposto no art. 3º organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucra-
da Lei nº 8.883, de 1994) tivos e com a participação plural de corretoras que operem
sistemas eletrônicos unificados de pregões.
Art. 126.Revogam-se as disposições em contrário, Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o se-
especialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de guinte:
novembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de I - a autoridade competente justificará a necessidade
16 de setembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de contratação e definirá o objeto do certame, as exigên-
de 1991, e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de cias de habilitação, os critérios de aceitação das propostas,
1966.(Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato,
nº 8.883, de 1994) inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevan-
105o da República. tes ou desnecessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificati-
ITAMAR FRANCO va das definições referidas no inciso I deste artigo e os in-
Rubens Ricupero dispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem
Romildo Canhim apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão
ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de a serem licitados; e
22.6.1993 e republicado em 6.7.1994 e retificado em de IV - a autoridade competente designará, dentre os
6.7.1994 servidores do órgão ou entidade promotora da licitação,
* o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lan-
ces, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem
como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame
“LEI Nº 10.520/02: DO PREGÃO ao licitante vencedor.
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou em-
prego da administração, preferencialmente pertencentes
LEI No 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002. ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora
do evento.
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constitui- pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser
ção Federal, modalidade de licitação denominada pregão, desempenhadas por militares
para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras pro- Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a con-
vidências. vocação dos interessados e observará as seguintes regras:
I - a convocação dos interessados será efetuada por
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação
local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, po- o vulto da licitação, em jornal de grande circulação, nos
derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que termos do regulamento de que trata o art. 2º;
será regida por esta Lei. II - do aviso constarão a definição do objeto da licita-
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços co- ção, a indicação do local, dias e horários em que poderá ser
muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos lida ou obtida a íntegra do edital;
padrões de desempenho e qualidade possam ser objeti- III - do edital constarão todos os elementos definidos
vamente definidos pelo edital, por meio de especificações na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem
usuais no mercado. o procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso;
Art. 2º (VETADO) IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão co-
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utiliza- locadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e
ção de recursos de tecnologia da informação, nos termos divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro
de regulamentação específica. de 1998;
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos pró- V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a
participação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e 8 (oito) dias úteis;
operacional aos órgãos e entidades promotores da moda- VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
lidade de pregão, utilizando-se de recursos de tecnologia são pública para recebimento das propostas, devendo o
da informação. interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for o

77
DIREITO ADMINISTRATIVO

caso, comprovar a existência dos necessários poderes para apresentação das razões do recurso, ficando os demais lici-
formulação de propostas e para a prática de todos os de- tantes desde logo intimados para apresentar contra-razões
mais atos inerentes ao certame; em igual número de dias, que começarão a correr do tér-
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre- mino do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista
sentantes, apresentarão declaração dando ciência de que imediata dos autos;
cumprem plenamente os requisitos de habilitação e entre- XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação
garão os envelopes contendo a indicação do objeto e do apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e XX - a falta de manifestação imediata e motivada do
à verificação da conformidade das propostas com os requi- licitante importará a decadência do direito de recurso e a
sitos estabelecidos no instrumento convocatório; adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao ven-
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor cedor;
mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por XXI - decididos os recursos, a autoridade competente
cento) superiores àquela poderão fazer novos lances ver- fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante ven-
bais e sucessivos, até a proclamação do vencedor; cedor;
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con- XXII - homologada a licitação pela autoridade compe-
dições definidas no inciso anterior, poderão os autores das tente, o adjudicatário será convocado para assinar o con-
melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer trato no prazo definido em edital; e
novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do
preços oferecidos; prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato,
X - para julgamento e classificação das propostas, será aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
adotado o critério de menor preço, observados os prazos Art. 5º É vedada a exigência de:
máximos para fornecimento, as especificações técnicas e I - garantia de proposta;
parâmetros mínimos de desempenho e qualidade defini- II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
dos no edital; para participação no certame; e
XI - examinada a proposta classificada em primeiro lu- III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os refe-
gar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir rentes a fornecimento do edital, que não serão superiores
motivadamente a respeito da sua aceitabilidade; ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utili-
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as zação de recursos de tecnologia da informação, quando
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro for o caso.
contendo os documentos de habilitação do licitante que Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
apresentou a melhor proposta, para verificação do atendi- (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
mento das condições fixadas no edital; Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entre-
licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacio- gar ou apresentar documentação falsa exigida para o cer-
nal, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo tame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto,
de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução
quando for o caso, com a comprovação de que atende às do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer
exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualifi- fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a
cações técnica e econômico-financeira; União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será des-
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os credenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento
documentos de habilitação que já constem do Sistema de de fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4o des-
Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e siste- ta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das
mas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou multas previstas em edital e no contrato e das demais co-
Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de minações legais.
acesso aos dados nele constantes; Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de-
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas correntes de meios eletrônicos, serão documentados no
no edital, o licitante será declarado vencedor; processo respectivo, com vistas à aferição de sua regulari-
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante de- dade pelos agentes de controle, nos termos do regulamen-
satender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examina- to previsto no art. 2º.
rá as ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade
na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base
licitante declarado vencedor; na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o Art. 11. As compras e contratações de bens e servi-
pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente ços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
para que seja obtido preço melhor; Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666,
manifestar imediata e motivadamente a intenção de recor- de 21 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de
rer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para pregão, conforme regulamento específico.

78
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos ór-
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os no desempenho de função administrativa.
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
preços destinadas à aquisição de bens e serviços comuns I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutu-
da área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por ra da Administração direta e da estrutura da Administração
meio eletrônico, observando-se o seguinte: indireta;
I - são considerados bens e serviços comuns da área da II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso-
saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que nalidade jurídica;
integram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões de de- III - autoridade - o servidor ou agente público dotado
sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos de poder de decisão.
no edital, por meio de especificações usuais do mercado. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre ou-
II - quando o quantitativo total estimado para a contra- tros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
tação ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitan- razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de-
te vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos licitantes fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
quantos forem necessários para o atingimento da totali- eficiência.
dade do quantitativo, respeitada a ordem de classificação, Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
desde que os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo observados, entre outros, os critérios de:
preço da proposta vencedora. I - atuação conforme a lei e o Direito;
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re-
inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados outros núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
preços diferentes da proposta vencedora, desde que se tra- autorização em lei;
te de objetos de qualidade ou desempenho superior, de- III - objetividade no atendimento do interesse público,
vidamente justificada e comprovada a vantagem, e que as vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
ofertas sejam em valor inferior ao limite máximo admitido.”
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
coro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal-
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
e 114º da República.
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
Este texto não substitui o publicado no DOU de
18.7.2002 e retificado em 30.7.2002
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garan-
tia dos direitos dos administrados;
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI N° IX - adoção de formas simples, suficientes para propi-
9.784/99). ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresenta-
Presidência da República ção de alegações finais, à produção de provas e à interpo-
Casa Civil sição de recursos, nos processos de que possam resultar
Subchefia para Assuntos Jurídicos sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo,
Regula o processo administrativo no âmbito da Admi- sem prejuízo da atuação dos interessados;
nistração Pública Federal. XIII - interpretação da norma administrativa da forma
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO II
CAPÍTULO I DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos pe-
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro- rante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe se-
cesso administrativo no âmbito da Administração Federal jam assegurados:
direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi- I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi-
tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o
da Administração. cumprimento de suas obrigações;

79
DIREITO ADMINISTRATIVO

II - ter ciência da tramitação dos processos adminis- II - aqueles que, sem terem iniciado o processo,
trativos em que tenha a condição de interessado, ter vista têm direitos ou interesses que possam ser afetados
dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e pela decisão a ser adotada;
conhecer as decisões proferidas; III - as organizações e associações representati-
III - formular alegações e apresentar documentos an- vas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo IV - as pessoas ou as associações legalmente
órgão competente; constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, Art. 10. São capazes, para fins de processo ad-
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. ministrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada
previsão especial em ato normativo próprio.
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA
Art. 4o São deveres do administrado perante a Admi-
nistração, sem prejuízo de outros previstos em ato norma- Art. 11. A competência é irrenunciável e se exer-
tivo: ce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
I - expor os fatos conforme a verdade; como própria, salvo os casos de delegação e avoca-
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; ção legalmente admitidos.
III - não agir de modo temerário; Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e poderão, se não houver impedimento legal, delegar
colaborar para o esclarecimento dos fatos. parte da sua competência a outros órgãos ou titula-
res, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
CAPÍTULO IV subordinados, quando for conveniente, em razão de
DO INÍCIO DO PROCESSO circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de Parágrafo único. O disposto no caput deste ar-
ofício ou a pedido de interessado. tigo aplica-se à delegação de competência dos ór-
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo ca- gãos colegiados aos respectivos presidentes.
sos em que for admitida solicitação oral, deve ser formula- Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
do por escrito e conter os seguintes dados: I - a edição de atos de caráter normativo;
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II - a decisão de recursos administrativos;
II - identificação do interessado ou de quem o repre- III - as matérias de competência exclusiva do ór-
sente; gão ou autoridade.
III - domicílio do requerente ou local para recebimento Art. 14. O ato de delegação e sua revogação de-
de comunicações; verão ser publicados no meio oficial.
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e § 1o O ato de delegação especificará as matérias
de seus fundamentos; e poderes transferidos, os limites da atuação do de-
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre- legado, a duração e os objetivos da delegação e o
sentante. recurso cabível, podendo conter ressalva de exercí-
Parágrafo único. É vedada à Administração a recu- cio da atribuição delegada.
sa imotivada de recebimento de documentos, devendo o § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de tempo pela autoridade delegante.
eventuais falhas. § 3o As decisões adotadas por delegação devem
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão mencionar explicitamente esta qualidade e conside-
elaborar modelos ou formulários padronizados para assun- rar-se-ão editadas pelo delegado.
tos que importem pretensões equivalentes. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de e por motivos relevantes devidamente justificados,
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, a avocação temporária de competência atribuída a
poderão ser formulados em um único requerimento, salvo órgão hierarquicamente inferior.
preceito legal em contrário. Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas
divulgarão publicamente os locais das respectivas
CAPÍTULO V sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional
DOS INTERESSADOS competente em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica,
Art. 9o São legitimados como interessados no proces- o processo administrativo deverá ser iniciado pe-
so administrativo: rante a autoridade de menor grau hierárquico para
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como ti- decidir.
tulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício
do direito de representação;

80
DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VII CAPÍTULO IX


DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati- Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
vo o servidor ou autoridade que: o processo administrativo determinará a intimação do in-
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; teressado para ciência de decisão ou a efetivação de dili-
II - tenha participado ou venha a participar como peri- gências.
to, testemunha ou representante, ou se tais situações ocor- § 1o A intimação deverá conter:
rem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti-
até o terceiro grau; dade administrativa;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente II - finalidade da intimação;
com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. III - data, hora e local em que deve comparecer;
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em im- IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
pedimento deve comunicar o fato à autoridade competen- fazer-se representar;
te, abstendo-se de atuar. V - informação da continuidade do processo indepen-
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o dentemente do seu comparecimento;
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplina- VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti-
res. nentes.
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou § 2o A intimação observará a antecedência mínima de
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória três dias úteis quanto à data de comparecimento.
com algum dos interessados ou com os respectivos côn- § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no proces-
juges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. so, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po- outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. § 4o No caso de interessados indeterminados, desco-
nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser
CAPÍTULO VIII efetuada por meio de publicação oficial.
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PRO- § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem ob-
CESSO servância das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen- Art. 27. O desatendimento da intimação não importa
dem de forma determinada senão quando a lei expressa- o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
mente a exigir. direito pelo administrado.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza- garantido direito de ampla defesa ao interessado.
ção e a assinatura da autoridade responsável. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro-
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma cesso que resultem para o interessado em imposição de
somente será exigido quando houver dúvida de autentici- deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
dade. e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
poderá ser feita pelo órgão administrativo. CAPÍTULO X
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas DA INSTRUÇÃO
seqüencialmente e rubricadas.
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi-
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição guar e comprovar os dados necessários à tomada de deci-
na qual tramitar o processo. são realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos in-
normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o teressados de propor atuações probatórias.
curso regular do procedimento ou cause dano ao interes- § 1o O órgão competente para a instrução fará constar
sado ou à Administração. dos autos os dados necessários à decisão do processo.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos
órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad- interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
ministrados que dele participem devem ser praticados no para estes.
prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser as provas obtidas por meios ilícitos.
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assun-
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe- to de interesse geral, o órgão competente poderá, median-
rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interes- te despacho motivado, abrir período de consulta pública
sado se outro for o local de realização. para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedi-
do, se não houver prejuízo para a parte interessada.

81
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de di- Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias
ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.
para oferecimento de alegações escritas. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
§ 2o O comparecimento à consulta pública não con- órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
fere, por si, a condição de interessado do processo, mas máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro-
confere o direito de obter da Administração resposta fun- vada necessidade de maior prazo.
damentada, que poderá ser comum a todas as alegações § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de
substancialmente iguais. ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui-
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da auto- mento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se
ridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali- quem der causa ao atraso.
zada audiência pública para debates sobre a matéria do § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar
processo. de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros-
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em ma- seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo
téria relevante, poderão estabelecer outros meios de par- da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
ticipação de administrados, diretamente ou por meio de Art. 43. Quando por disposição de ato normativo de-
organizações e associações legalmente reconhecidas. vam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
e de outros meios de participação de administrados de- assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá soli-
verão ser apresentados com a indicação do procedimento citar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação
adotado. e capacidade técnica equivalentes.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa- se outro prazo for legalmente fixado.
ção de titulares ou representantes dos órgãos competen- Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú-
tes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. blica poderá motivadamente adotar providências acautela-
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que doras sem a prévia manifestação do interessado.
tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
Lei. documentos que o integram, ressalvados os dados e docu-
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da- mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
dos estão registrados em documentos existentes na pró- privacidade, à honra e à imagem.
pria Administração responsável pelo processo ou em outro Art. 47. O órgão de instrução que não for competen-
órgão administrativo, o órgão competente para a instrução te para emitir a decisão final elaborará relatório indicando
proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das res- o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e
pectivas cópias. formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an- encaminhando o processo à autoridade competente.
tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações CAPÍTULO XI
referentes à matéria objeto do processo. DO DEVER DE DECIDIR
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considera-
dos na motivação do relatório e da decisão. Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante deci- emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli-
são fundamentada, as provas propostas pelos interessados citações ou reclamações, em matéria de sua competência.
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo,
protelatórias. a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor- salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
mações ou a apresentação de provas pelos interessados
ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, CAPÍTULO XII
mencionando-se data, prazo, forma e condições de aten- DA MOTIVAÇÃO
dimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva-
o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. quando:
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli- I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
citados ao interessado forem necessários à apreciação de II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela ções;
Administração para a respectiva apresentação implicará ar- III - decidam processos administrativos de concurso ou
quivamento do processo. seleção pública;

82
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro- CAPÍTULO XV


cesso licitatório; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício; Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a face de razões de legalidade e de mérito.
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu
relatórios oficiais; a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou dias, o encaminhará à autoridade superior.
convalidação de ato administrativo. § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen- administrativo independe de caução.
te, podendo consistir em declaração de concordância com § 3o Se o recorrente alegar que a decisão adminis-
fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci- trativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá
sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a
do ato. reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inapli-
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda- cabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela
mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
garantia dos interessados. Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata diversa.
ou de termo escrito. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi-
nistrativo:
CAPÍTULO XIII I - os titulares de direitos e interesses que forem parte
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO no processo;
DO PROCESSO II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta-
mente afetados pela decisão recorrida;
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação III - as organizações e associações representativas, no
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado tocante a direitos e interesses coletivos;
ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou re- interesses difusos.
núncia atinge somente quem a tenha formulado. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o prazo para interposição de recurso administrativo, con-
o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Ad- tado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
ministração considerar que o interesse público assim o exige. recorrida.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão
superveniente. competente.
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior po-
CAPÍTULO XIV derá ser prorrogado por igual período, ante justificativa
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO explícita.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen-
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los pedido de reexame, podendo juntar os documentos que
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados julgar convenientes.
os direitos adquiridos. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos não tem efeito suspensivo.
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
destinatários decai em cinco anos, contados da data em difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au-
que foram praticados, salvo comprovada má-fé. toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qual- dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
quer medida de autoridade administrativa que importe im- que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
pugnação à validade do ato. Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarre- posto:
tarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, I - fora do prazo;
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser II - perante órgão incompetente;
convalidados pela própria Administração. III - por quem não seja legitimado;

83
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - após exaurida a esfera administrativa. CAPÍTULO XVII


§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao DAS SANÇÕES
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe de-
volvido o prazo para recurso. Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
que não ocorrida preclusão administrativa. direito de defesa.
Art. 64. O órgão competente para decidir o re-
curso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, CAPÍTULO XVIII
total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a maté- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ria for de sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-
neste artigo puder decorrer gravame à situação do nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
recorrente, este deverá ser cientificado para que for- subsidiariamente os preceitos desta Lei.
mule suas alegações antes da decisão. Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de órgão ou instância, os procedimentos administrativos em
enunciado da súmula vinculante, o órgão competente que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei
para decidir o recurso explicitará as razões da apli- nº 12.008, de 2009).
cabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Vigência II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Fede- (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ral a reclamação fundada em violação de enunciado III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
prolatora e ao órgão competente para o julgamento múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí-
do recurso, que deverão adequar as futuras decisões vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
administrativas em casos semelhantes, sob pena de espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepato-
responsabilização pessoal nas esferas cível, adminis- patia grave, estados avançados da doença de Paget (osteí-
trativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de te deformante), contaminação por radiação, síndrome de
2006). Vigência imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com
Art. 65. Os processos administrativos de que re- base em conclusão da medicina especializada, mesmo que
sultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tem- a doença tenha sido contraída após o início do processo.
po, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos no- (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
vos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justi- § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
ficar a inadequação da sanção aplicada. juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à au-
Parágrafo único. Da revisão do processo não po- toridade administrativa competente, que determinará as
derá resultar agravamento da sanção. providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº
12.008, de 2009).
CAPÍTULO XVI § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identifi-
DOS PRAZOS cação própria que evidencie o regime de tramitação priori-
tária. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
data da cientificação oficial, excluindo-se da conta- § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
gem o dia do começo e incluindo-se o do vencimen- Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
to. cação.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o pri- Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência
meiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia e 111o da República.
em que não houver expediente ou este for encerrado
antes da hora normal. Este texto não substitui o publicado no DOU de
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de 1.2.1999 e retificado em 11.3.1999
modo contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos con-
tam-se de data a data. Se no mês do vencimento não
houver o dia equivalente àquele do início do prazo,
tem-se como termo o último dia do mês.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
comprovado, os prazos processuais não se suspen-
dem.

84
DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo II
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES Da Vacância
PÚBLICOS FEDERAIS: LEI Nº 8.112/90 COM
Art. 33.A vacância do cargo público decorrerá de:
ALTERAÇÕES POSTERIORES: PROVIMENTO. I - exoneração;
VACÂNCIA. DIREITOS E VANTAGENS. II - demissão;
DOS DEVERES. DAS PROIBIÇÕES. DA III - promoção;
ACUMULAÇÃO. DAS RESPONSABILIDADES. IV -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DAS PENALIDADES. DO PROCESSO V -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SUA VI - readaptação;
REVISÃO. VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
Art. 34.A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedi-
Título II do do servidor, ou de ofício.
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição Parágrafo único.A exoneração de ofício dar-se-á:
e Substituição I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
Capítulo I batório;
Do Provimento II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
Seção I em exercício no prazo estabelecido.
Disposições Gerais Art. 35.A exoneração de cargo em comissão e a dispen-
sa de função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em nº 9.527, de 10.12.97)
cargo público: I - a juízo da autoridade competente;
I - a nacionalidade brasileira; II - a pedido do próprio servidor.
II - o gozo dos direitos políticos; Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; 10.12.97)
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
cargo; Título III
V - a idade mínima de dezoito anos; Dos Direitos e Vantagens
VI - aptidão física e mental. Capítulo I
§ 1oAs atribuições do cargo podem justificar a exigên- Do Vencimento e da Remuneração
cia de outros requisitos estabelecidos em lei.
§ 2oÀs pessoas portadoras de deficiência é assegurado Art. 40.Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
o direito de se inscrever em concurso público para provi- exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº
deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão 431, de 2008).(Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas Art. 41.Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
no concurso. acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabe-
§ 3oAs universidades e instituições de pesquisa científi- lecidas em lei.
ca e tecnológica federais poderão prover seus cargos com § 1oA remuneração do servidor investido em função ou
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
com as normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela § 2oO servidor investido em cargo em comissão de ór-
Lei nº 9.515, de 20.11.97) gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remu-
Art. 6oO provimento dos cargos públicos far-se-á me- neração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.
diante ato da autoridade competente de cada Poder. § 3oO vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
Art. 7oA investidura em cargo público ocorrerá com a tagens de caráter permanente, é irredutível.
posse. § 4oÉ assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
Art. 8oSão formas de provimento de cargo público: de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou en-
I - nomeação; tre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de ca-
II - promoção; ráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 5oNenhum servidor receberá remuneração inferior
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ao salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
V - readaptação; Art. 42.Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen-
VI - reversão; te, a título de remuneração, importância superior à soma
VII - aproveitamento; dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
VIII - reintegração; qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
IX - recondução. Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional
e Ministros do Supremo Tribunal Federal.

85
DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único.Excluem-se do teto de remuneração as Parágrafo único.A não quitação do débito no prazo
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação
Art. 43.(Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nº 9.624, de 2.4.98) Art. 48.O vencimento, a remuneração e o provento não
Art. 44.O servidor perderá: serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem casos de prestação de alimentos resultante de decisão ju-
motivo justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de dicial.
10.12.97)
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos Capítulo II
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões Das Vantagens
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipó-
tese de compensação de horário, até o mês subseqüente Art. 49.Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser-
ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. vidor as seguintes vantagens:
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - indenizações;
Parágrafo único.As faltas justificadas decorrentes de II - gratificações;
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a III - adicionais.
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como § 1oAs indenizações não se incorporam ao vencimento
efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ou provento para qualquer efeito.
Art. 45.Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, § 2oAs gratificações e os adicionais incorporam-se ao
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou pro- vencimento ou provento, nos casos e condições indicados
vento. (Vide Decreto nº 1.502, de 1995)(Vide Decreto nº em lei.
1.903, de 1996) (Vide Decreto nº 2.065, de 1996) (Regula- Art. 50.As vantagens pecuniárias não serão computa-
mento)(Regulamento) das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quais-
§ 1oMediante autorização do servidor, poderá haver consig- quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mes-
nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério mo título ou idêntico fundamento.
da administração e com reposição de custos, na forma definida
em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) Título IV
§ 2oO total de consignações facultativas de que trata o § Do Regime Disciplinar
1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remune- Capítulo I
ração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclu- Dos Deveres
sivamente para:(Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
I - a amortização de despesas contraídas por meio de Art. 116.São deveres do servidor:
cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car-
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do go;
cartão de crédito.(Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) II - ser leal às instituições a que servir;
Art. 46.As reposições e indenizações ao erário, atualiza- III - observar as normas legais e regulamentares;
das até 30 de junho de 1994, serão previamente comunica- IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
das ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para nifestamente ilegais;
pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser V - atender com presteza:
parceladas, a pedido do interessado. (Redação dada pela a) ao público em geral, prestando as informações re-
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
§ 1oO valor de cada parcela não poderá ser inferior b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
ao correspondente a dez por cento da remuneração, pro- direito ou esclarecimento de situações de interesse pes-
vento ou pensão. (Redação dada pela Medida Provisória nº soal;
2.225-45, de 4.9.2001) c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
§ 2oQuando o pagamento indevido houver ocorrido VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
será feita imediatamente, em uma única parcela. (Redação quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhe-
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) cimento de outra autoridade competente para apuração;
§ 3oNa hipótese de valores recebidos em decorrência (Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011)
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou VII - zelar pela economia do material e a conservação
a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão do patrimônio público;
eles atualizados até a data da reposição. (Redação dada VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
Art. 47.O servidor em débito com o erário, que for de- ministrativa;
mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dis- X - ser assíduo e pontual ao serviço;
ponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para XI - tratar com urbanidade as pessoas;
quitar o débito. (Redação dada pela Medida Provisória nº XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
2.225-45, de 4.9.2001) de poder.

86
DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único.A representação de que trata o inci- I - participação nos conselhos de administração e fiscal
so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada de empresas ou entidades em que a União detenha, dire-
pela autoridade superior àquela contra a qual é formula- ta ou indiretamente, participação no capital social ou em
da, assegurando-se ao representando ampla defesa. sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a
seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Capítulo II II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
Das Proibições lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
sobre conflito de interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784,
Art. 117.Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provi- de 2008
sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem Capítulo III
prévia autorização do chefe imediato; Da Acumulação
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; Art. 118.Ressalvados os casos previstos na Constitui-
III - recusar fé a documentos públicos; ção, é vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de cos.
documento e processo ou execução de serviço; § 1oA proibição de acumular estende-se a cargos, em-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
no recinto da repartição; presas públicas, sociedades de economia mista da União,
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que nicípios.
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; § 2oA acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a par- § 3oConsidera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
tido político;
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi-
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
dade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
até o segundo grau civil;
Art. 119.O servidor não poderá exercer mais de um
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
pública;
órgão de deliberação coletiva. (Redação dada pela Lei nº
X - participar de gerência ou administração de socie-
9.527, de 10.12.97)
dade privada, personificada ou não personificada, exercer Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica
o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou à remuneração devida pela participação em conselhos de
comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 administração e fiscal das empresas públicas e sociedades
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios como quaisquer empresas ou entidades em que a União,
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segun- direta ou indiretamente, detenha participação no capital
do grau, e de cônjuge ou companheiro; social, observado o que, a respeito, dispuser legislação es-
XII - receber propina, comissão, presente ou vanta- pecífica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; 45, de 4.9.2001)
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado Art. 120.O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
estrangeiro; acumular licitamente dois cargos efetivos, quando inves-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; tido em cargo de provimento em comissão, ficará afasta-
XV - proceder de forma desidiosa; do de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar- houver compatibilidade de horário e local com o exercício
tição em serviços ou atividades particulares; de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos ór-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas gãos ou entidades envolvidos.(Redação dada pela Lei nº
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência 9.527, de 10.12.97)
e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam in- Capítulo IV
compatíveis com o exercício do cargo ou função e com o Das Responsabilidades
horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais Art. 121.O servidor responde civil, penal e administrati-
quando solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
Parágrafo único.A vedação de que trata o inciso X do Art. 122.A responsabilidade civil decorre de ato omissi-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (In- vo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuí-
cluído pela Lei nº 11.784, de 2008 zo ao erário ou a terceiros.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1oA indenização de prejuízo dolosamente causado § 1oSerá punido com suspensão de até 15 (quinze) dias
ao erário somente será liquidada na forma prevista no o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser subme-
art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execu- tido a inspeção médica determinada pela autoridade com-
ção do débito pela via judicial. petente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cum-
§ 2oTratando-se de dano causado a terceiros, res- prida a determinação.
ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação § 2oQuando houver conveniência para o serviço, a pe-
regressiva. nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
§ 3oA obrigação de reparar o dano estende-se aos base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento
sucessores e contra eles será executada, até o limite do ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permane-
valor da herança recebida. cer em serviço.
Art. 123.A responsabilidade penal abrange os crimes Art. 131.As penalidades de advertência e de suspensão
e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três)
Art. 124.A responsabilidade civil-administrativa re- e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o
sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem- servidor não houver, nesse período, praticado nova infra-
penho do cargo ou função. ção disciplinar.
Art. 125.As sanções civis, penais e administrativas Parágrafo único.O cancelamento da penalidade não
poderão cumular-se, sendo independentes entre si. surtirá efeitos retroativos.
Art. 126.A responsabilidade administrativa do ser- Art. 132.A demissão será aplicada nos seguintes casos:
vidor será afastada no caso de absolvição criminal que I - crime contra a administração pública;
negue a existência do fato ou sua autoria. II - abandono de cargo;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabi- III - inassiduidade habitual;
lizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência IV - improbidade administrativa;
à autoridade superior ou, quando houver suspeita de en- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
volvimento desta, a outra autoridade competente para repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
apuração de informação concernente à prática de crimes
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que
salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
ção pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra-
zão do cargo;
Capítulo V
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
Das Penalidades
nio nacional;
XI - corrupção;
Art. 127.São penalidades disciplinares: XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
I - advertência; ções públicas;
II - suspensão; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
III - demissão; Art. 133.Detectada a qualquer tempo a acumulação
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a auto-
V - destituição de cargo em comissão; ridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por
VI - destituição de função comissionada. intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção
Art. 128.Na aplicação das penalidades serão consi- no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da
deradas a natureza e a gravidade da infração cometida, ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento
os danos que dela provierem para o serviço público, as sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece- processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas se-
dentes funcionais. guintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único.O ato de imposição da penalidade I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san- comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simul-
ção disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) taneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão
Art. 129.A advertência será aplicada por escrito, nos objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
casos de violação de proibição constante do art. 117, in- II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
cisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional fesa e relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
não justifique imposição de penalidade mais grave. (Re- § 1oA indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) -se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade
Art. 130.A suspensão será aplicada em caso de re- pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas
incidência das faltas punidas com advertência e de vio- em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entida-
lação das demais proibições que não tipifiquem infração des de vinculação, das datas de ingresso, do horário de tra-
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder balho e do correspondente regime jurídico. (Redação dada
de 90 (noventa) dias. pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2oA comissão lavrará, até três dias após a publicação Parágrafo único.Não poderá retornar ao serviço públi-
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão co federal o servidor que for demitido ou destituído do
transcritas as informações de que trata o parágrafo ante- cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I,
rior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor IV, VIII, X e XI.
indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, Art. 138.Configura abandono de cargo a ausência in-
no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegu- tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
rando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o consecutivos.
disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei nº Art. 139.Entende-se por inassiduidade habitual a falta
9.527, de 10.12.97) ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, inter-
§ 3oApresentada a defesa, a comissão elaborará rela- poladamente, durante o período de doze meses.
tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade Art. 140.Na apuração de abandono de cargo ou inas-
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, siduidade habitual, também será adotado o procedimento
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial-
o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au- mente que: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
toridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela
nº 9.527, de 10.12.97) Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4oNo prazo de cinco dias, contados do recebimento a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua deci- precisa do período de ausência intencional do servidor ao
são, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 10.12.97)
§ 5oA opção pelo servidor até o último dia de prazo b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por pe-
converterá automaticamente em pedido de exoneração do ríodo igual ou superior a sessenta dias interpoladamente,
outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) durante o período de doze meses; (Incluído pela Lei nº
§ 6oCaracterizada a acumulação ilegal e provada a má- 9.527, de 10.12.97)
-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa- II - após a apresentação da defesa a comissão elabora-
ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos rá relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabi-
cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu- lidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos
mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na
vinculação serão comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527, hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade
de 10.12.97) da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o
§ 7oO prazo para a conclusão do processo adminis- processo à autoridade instauradora para julgamento. (In-
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede- cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que Art. 141.As penalidades disciplinares serão aplicadas:
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Procurador-Geral da República, quando se tratar de de-
§ 8oO procedimento sumário rege-se pelas disposi- missão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta II - pelas autoridades administrativas de hierarquia ime-
Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) diatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior
Art. 134.Será cassada a aposentadoria ou a disponibi- quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
lidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
punível com a demissão. forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
Art. 135.A destituição de cargo em comissão exercido casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta)
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos dias;
de infração sujeita às penalidades de suspensão e de de- IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
missão. quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
Parágrafo único.Constatada a hipótese de que trata Art. 142.A ação disciplinar prescreverá:
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
será convertida em destituição de cargo em comissão. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
Art. 136.A demissão ou a destituição de cargo em co- destituição de cargo em comissão;
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. § 1oO prazo de prescrição começa a correr da data em
Art. 137.A demissão ou a destituição de cargo em co- que o fato se tornou conhecido.
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom- § 2oOs prazos de prescrição previstos na lei penal
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo pú- aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
blico federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. como crime.

89
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3oA abertura de sindicância ou a instauração de pro- § 2oNo caso de incapacidade mental do servidor, a
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- revisão será requerida pelo respectivo curador.
nal proferida por autoridade competente. Art. 175.No processo revisional, o ônus da prova
§ 4oInterrompido o curso da prescrição, o prazo come- cabe ao requerente.
çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. Art. 176.A simples alegação de injustiça da penali-
dade não constitui fundamento para a revisão, que re-
Título V quer elementos novos, ainda não apreciados no proces-
Do Processo Administrativo Disciplinar so originário.
Capítulo I Art. 177.O requerimento de revisão do processo será
Disposições Gerais dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalen-
te, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido
Art. 143.A autoridade que tiver ciência de irregularida- ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o
de no serviço público é obrigada a promover a sua apura- processo disciplinar.
ção imediata, mediante sindicância ou processo adminis- Parágrafo único.Deferida a petição, a autoridade
trativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. competente providenciará a constituição de comissão,
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) na forma do art. 149.
§ 2o(Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) Art. 178.A revisão correrá em apenso ao processo
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação originário.
da autoridade a que se refere, poderá ser promovida por Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pe-
autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que dirá dia e hora para a produção de provas e inquirição
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência das testemunhas que arrolar.
específica para tal finalidade, delegada em caráter perma- Art. 179.A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos para a conclusão dos trabalhos.
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Art. 180.Aplicam-se aos trabalhos da comissão re-
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbi- visora, no que couber, as normas e procedimentos pró-
to do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as prios da comissão do processo disciplinar.
competências para o julgamento que se seguir à apuração. Art. 181.O julgamento caberá à autoridade que apli-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cou a penalidade, nos termos do art. 141.
Art. 144.As denúncias sobre irregularidades serão ob- Parágrafo único.O prazo para julgamento será de 20
jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar
confirmada a autenticidade. diligências.
Parágrafo único.Quando o fato narrado não configu- Art. 182.Julgada procedente a revisão, será declara-
rar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia da sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se
será arquivada, por falta de objeto. todos os direitos do servidor, exceto em relação à des-
Art. 145.Da sindicância poderá resultar: tituição do cargo em comissão, que será convertida em
I - arquivamento do processo; exoneração.
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen- Parágrafo único.Da revisão do processo não poderá
são de até 30 (trinta) dias; resultar agravamento de penalidade.
III - instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único.O prazo para conclusão da sindicância
não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO – PJE. LEI
igual período, a critério da autoridade superior.
Art. 146.Sempre que o ilícito praticado pelo servidor Nº 11.419/2006
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais
de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria
ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão,
será obrigatória a instauração de processo disciplinar. LEI Nº 11.419, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006.

Seção III Dispõe sobre a informatização do processo judicial;


Da Revisão do Processo altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
de Processo Civil; e dá outras providências.
Art. 174.O processo disciplinar poderá ser revisto, a qual-
quer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. Lei:
§ 1oEm caso de falecimento, ausência ou desapareci-
mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo.

90
DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO I § 2o A publicação eletrônica na forma deste artigo


DA INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para
quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei,
Art. 1o O uso de meio eletrônico na tramitação de exigem intimação ou vista pessoal.
processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de § 3o Considera-se como data da publicação o primeiro
peças processuais será admitido nos termos desta Lei. dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no
§ 1o Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, Diário da Justiça eletrônico.
aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos jui- § 4o Os prazos processuais terão início no primeiro dia
zados especiais, em qualquer grau de jurisdição. útil que seguir ao considerado como data da publicação.
§ 2o Para o disposto nesta Lei, considera-se: § 5o A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ser acompanhada de ampla divulgação, e o ato administra-
ou tráfego de documentos e arquivos digitais; tivo correspondente será publicado durante 30 (trinta) dias
II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação no diário oficial em uso.
a distância com a utilização de redes de comunicação, pre- Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico
ferencialmente a rede mundial de computadores; em portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art.
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de iden- 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
tificação inequívoca do signatário: inclusive eletrônico.
a) assinatura digital baseada em certificado digital emi- § 1o Considerar-se-á realizada a intimação no dia em
tido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da
lei específica; intimação, certificando-se nos autos a sua realização.
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em
conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. que a consulta se dê em dia não útil, a intimação será con-
Art. 2o O envio de petições, de recursos e a prática de siderada como realizada no primeiro dia útil seguinte.
atos processuais em geral por meio eletrônico serão ad- § 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo de-
mitidos mediante uso de assinatura eletrônica, na forma verá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data
do art. 1o desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
prévio no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos ór- automaticamente realizada na data do término desse prazo.
gãos respectivos. § 4o Em caráter informativo, poderá ser efetivada re-
§ 1o O credenciamento no Poder Judiciário será reali- messa de correspondência eletrônica, comunicando o en-
zado mediante procedimento no qual esteja assegurada a vio da intimação e a abertura automática do prazo proces-
adequada identificação presencial do interessado. sual nos termos do § 3o deste artigo, aos que manifestarem
§ 2o Ao credenciado será atribuído registro e meio de interesse por esse serviço.
acesso ao sistema, de modo a preservar o sigilo, a identifi- § 5o Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma
cação e a autenticidade de suas comunicações. deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos
§ 3o Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sis-
cadastro único para o credenciamento previsto neste arti- tema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que
go. atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz.
Art. 3o Consideram-se realizados os atos processuais § 6o As intimações feitas na forma deste artigo, inclu-
por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema sive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para
do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo todos os efeitos legais.
eletrônico. Art. 6o Observadas as formas e as cautelas do art. 5o
Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for en- desta Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública, exce-
viada para atender prazo processual, serão consideradas tuadas as dos Direitos Processuais Criminal e Infracional,
tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra
do seu último dia. dos autos seja acessível ao citando.
Art. 7o As cartas precatórias, rogatórias, de ordem
CAPÍTULO II e, de um modo geral, todas as comunicações oficiais que
DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DOS ATOS PRO- transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como en-
CESSUAIS tre os deste e os dos demais Poderes, serão feitas preferen-
temente por meio eletrônico.
Art. 4o Os tribunais poderão criar Diário da Justiça ele-
trônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de com- CAPÍTULO III
putadores, para publicação de atos judiciais e administrati- DO PROCESSO ELETRÔNICO
vos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como
comunicações em geral. Art. 8o Os órgãos do Poder Judiciário poderão desen-
§ 1o O sítio e o conteúdo das publicações de que trata volver sistemas eletrônicos de processamento de ações
este artigo deverão ser assinados digitalmente com base judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais,
em certificado emitido por Autoridade Certificadora cre- utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computa-
denciada na forma da lei específica. dores e acesso por meio de redes internas e externas.

91
DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Todos os atos processuais do pro- secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de
cesso eletrônico serão assinados eletronicamente na forma petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão de-
estabelecida nesta Lei. volvidos à parte após o trânsito em julgado.
Art. 9o No processo eletrônico, todas as citações, inti- § 6o Os documentos digitalizados juntados em pro-
mações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão cesso eletrônico somente estarão disponíveis para acesso
feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. por meio da rede externa para suas respectivas partes pro-
§ 1o As citações, intimações, notificações e remessas cessuais e para o Ministério Público, respeitado o disposto
que viabilizem o acesso à íntegra do processo correspon- em lei para as situações de sigilo e de segredo de justiça.
dente serão consideradas vista pessoal do interessado para Art. 12. A conservação dos autos do processo poderá
todos os efeitos legais. ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico.
§ 2o Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do § 1o Os autos dos processos eletrônicos deverão ser
meio eletrônico para a realização de citação, intimação ou protegidos por meio de sistemas de segurança de acesso
notificação, esses atos processuais poderão ser praticados e armazenados em meio que garanta a preservação e inte-
segundo as regras ordinárias, digitalizando-se o documen- gridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos
to físico, que deverá ser posteriormente destruído. suplementares.
Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada § 2o Os autos de processos eletrônicos que tiverem de
da contestação, dos recursos e das petições em geral, to- ser remetidos a outro juízo ou instância superior que não
dos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, disponham de sistema compatível deverão ser impressos
podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e em papel, autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei no
privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil,
secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se ainda que de natureza criminal ou trabalhista, ou pertinen-
dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico tes a juizado especial.
de protocolo. § 3o No caso do § 2o deste artigo, o escrivão ou o che-
§ 1o Quando o ato processual tiver que ser praticado fe de secretaria certificará os autores ou a origem dos do-
em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, se- cumentos produzidos nos autos, acrescentando, ressalvada
rão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte a hipótese de existir segredo de justiça, a forma pela qual o
e quatro) horas do último dia. banco de dados poderá ser acessado para aferir a autenti-
§ 2o No caso do § 1o deste artigo, se o Sistema do cidade das peças e das respectivas assinaturas digitais.
Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, § 4o Feita a autuação na forma estabelecida no § 2o
o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro deste artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente
dia útil seguinte à resolução do problema. estabelecida para os processos físicos.
§ 3o Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter § 5o A digitalização de autos em mídia não digital, em
equipamentos de digitalização e de acesso à rede mundial tramitação ou já arquivados, será precedida de publicação
de computadores à disposição dos interessados para dis- de editais de intimações ou da intimação pessoal das par-
tribuição de peças processuais. tes e de seus procuradores, para que, no prazo preclusivo
Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente de 30 (trinta) dias, se manifestem sobre o desejo de man-
e juntados aos processos eletrônicos com garantia da ori- terem pessoalmente a guarda de algum dos documentos
gem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, originais.
serão considerados originais para todos os efeitos legais. Art. 13. O magistrado poderá determinar que sejam
§ 1o Os extratos digitais e os documentos digitalizados realizados por meio eletrônico a exibição e o envio de da-
e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxilia- dos e de documentos necessários à instrução do processo.
res, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procu- § 1o Consideram-se cadastros públicos, para os efeitos
radorias, pelas autoridades policiais, pelas repartições pú- deste artigo, dentre outros existentes ou que venham a ser
blicas em geral e por advogados públicos e privados têm a criados, ainda que mantidos por concessionárias de serviço
mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação público ou empresas privadas, os que contenham informa-
motivada e fundamentada de adulteração antes ou duran- ções indispensáveis ao exercício da função judicante.
te o processo de digitalização. § 2o O acesso de que trata este artigo dar-se-á por
§ 2o A argüição de falsidade do documento original qualquer meio tecnológico disponível, preferentemente o
será processada eletronicamente na forma da lei proces- de menor custo, considerada sua eficiência.
sual em vigor. § 3o (VETADO)
§ 3o Os originais dos documentos digitalizados, men-
cionados no § 2o deste artigo, deverão ser preservados CAPÍTULO IV
pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
ou, quando admitida, até o final do prazo para interposição
de ação rescisória. Art. 14. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos ór-
§ 4o (VETADO) gãos do Poder Judiciário deverão usar, preferencialmente,
§ 5o Os documentos cuja digitalização seja tecnica- programas com código aberto, acessíveis ininterruptamen-
mente inviável devido ao grande volume ou por motivo te por meio da rede mundial de computadores, priorizan-
de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou do-se a sua padronização.

92
DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar “Art. 221. ....................................................................


os casos de ocorrência de prevenção, litispendência e coisa IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei
julgada. própria.” (NR)
Art. 15. Salvo impossibilidade que comprometa o aces- “Art. 237. ....................................................................
so à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de
inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de forma eletrônica, conforme regulado em lei própria.” (NR)
pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Se- “Art. 365. ...................................................................
cretaria da Receita Federal. V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e
Parágrafo único. Da mesma forma, as peças de acu- privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as pe-
sação criminais deverão ser instruídas pelos membros do nas da lei, que as informações conferem com o que consta
Ministério Público ou pelas autoridades policiais com os na origem;
números de registros dos acusados no Instituto Nacional VI - as reproduções digitalizadas de qualquer docu-
de Identificação do Ministério da Justiça, se houver. mento, público ou particular, quando juntados aos autos
Art. 16. Os livros cartorários e demais repositórios dos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério
órgãos do Poder Judiciário poderão ser gerados e armaze- Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repar-
nados em meio totalmente eletrônico. tições públicas em geral e por advogados públicos ou pri-
Art. 17. (VETADO) vados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de
Art. 18. Os órgãos do Poder Judiciário regulamenta- adulteração antes ou durante o processo de digitalização.
rão esta Lei, no que couber, no âmbito de suas respectivas § 1o Os originais dos documentos digitalizados, men-
competências. cionados no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser
Art. 19. Ficam convalidados os atos processuais prati- preservados pelo seu detentor até o final do prazo para
cados por meio eletrônico até a data de publicação desta interposição de ação rescisória.
Lei, desde que tenham atingido sua finalidade e não tenha § 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo
havido prejuízo para as partes. extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do
Art. 20. A Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Có- processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em car-
digo de Processo Civil, passa a vigorar com as seguintes tório ou secretaria.” (NR)
alterações: “Art. 399. ................................................................
“Art. 38. ........................................................................... § 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digi- prazo máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões
talmente com base em certificado emitido por Autoridade ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas par-
Certificadora credenciada, na forma da lei específica.” (NR) tes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repar-
“Art. 154. ........................................................................ tição de origem.
Parágrafo único. (Vetado). (VETADO) § 2o As repartições públicas poderão fornecer todos
§ 2o Todos os atos e termos do processo podem ser os documentos em meio eletrônico conforme disposto em
produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato
meio eletrônico, na forma da lei.” (NR) fiel do que consta em seu banco de dados ou do documen-
“Art. 164. ....................................................................... to digitalizado.” (NR)
Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os “Art. 417. ...............................................................
graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na for- § 1o O depoimento será passado para a versão dati-
ma da lei.” (NR) lográfica quando houver recurso da sentença ou noutros
“Art. 169. ....................................................................... casos, quando o juiz o determinar, de ofício ou a requeri-
§ 1o É vedado usar abreviaturas. mento da parte.
§ 2o Quando se tratar de processo total ou parcial- § 2o Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-
mente eletrônico, os atos processuais praticados na pre- -á o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 169 desta Lei.” (NR)
sença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de “Art. 457. .............................................................
modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolá- § 4o Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-
vel, na forma da lei, mediante registro em termo que será -á o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 169 desta Lei.” (NR)
assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de “Art. 556. ............................................................
secretaria, bem como pelos advogados das partes. Parágrafo único. Os votos, acórdãos e demais atos
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, eventuais contra- processuais podem ser registrados em arquivo eletrônico
dições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei, de-
momento da realização do ato, sob pena de preclusão, de- vendo ser impressos para juntada aos autos do processo
vendo o juiz decidir de plano, registrando-se a alegação e quando este não for eletrônico.” (NR)
a decisão no termo.” (NR) Art. 21. (VETADO)
“Art. 202. ..................................................................... Art. 22. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias de-
§ 3o A carta de ordem, carta precatória ou carta roga- pois de sua publicação.
tória pode ser expedida por meio eletrônico, situação em Brasília, 19 de dezembro de 2006; 185o da Indepen-
que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da dência e 118o da República.
lei.” (NR)

93
DIREITO ADMINISTRATIVO

Este texto não substitui o publicado no DOU de I- adotar as medidas necessárias e coordenar a im-
20.12.2006 plantação e o funcionamento da ICP-Brasil;
II - estabelecer a política, os critérios e as normas téc-
nicas para o credenciamento das AC, das AR e dos demais
prestadores de serviço de suporte à ICP-Brasil, em todos
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.200-2, DE os níveis da cadeia de certificação;
24/08/2001 III - estabelecer a política de certificação e as regras
operacionais da AC Raiz;
IV - homologar, auditar e fiscalizar a AC Raiz e os seus
prestadores de serviço;
MEDIDA PROVISÓRIA No 2.200-2, DE 24 DE AGOSTO V - estabelecer diretrizes e normas técnicas para a for-
DE 2001. mulação de políticas de certificados e regras operacionais
das AC e das AR e definir níveis da cadeia de certificação;
Institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - VI - aprovar políticas de certificados, práticas de cer-
ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da tificação e regras operacionais, credenciar e autorizar o
Informação em autarquia, e dá outras providências. funcionamento das AC e das AR, bem como autorizar a AC
Raiz a emitir o correspondente certificado;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição VII - identificar e avaliar as políticas de ICP externas,
que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte negociar e aprovar acordos de certificação bilateral, de
Medida Provisória, com força de lei: certificação cruzada, regras de interoperabilidade e outras
formas de cooperação internacional, certificar, quando for
Art. 1o Fica instituída a Infra-Estrutura de Chaves Pú- o caso, sua compatibilidade com a ICP-Brasil, observado
blicas Brasileira - ICP-Brasil, para garantir a autenticidade, o disposto em tratados, acordos ou atos internacionais; e
a integridade e a validade jurídica de documentos em for- VIII - atualizar, ajustar e revisar os procedimentos e as
ma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações
práticas estabelecidas para a ICP-Brasil, garantir sua com-
habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a
patibilidade e promover a atualização tecnológica do sis-
realização de transações eletrônicas seguras.
tema e a sua conformidade com as políticas de segurança.
Art. 2o A ICP-Brasil, cuja organização será definida em
Parágrafo único. O Comitê Gestor poderá delegar
regulamento, será composta por uma autoridade gesto-
atribuições à AC Raiz.
ra de políticas e pela cadeia de autoridades certificadoras
Art. 5o À AC Raiz, primeira autoridade da cadeia de
composta pela Autoridade Certificadora Raiz - AC Raiz, pe-
certificação, executora das Políticas de Certificados e nor-
las Autoridades Certificadoras - AC e pelas Autoridades de
mas técnicas e operacionais aprovadas pelo Comitê Gestor
Registro - AR.
Art. 3o A função de autoridade gestora de políticas da ICP-Brasil, compete emitir, expedir, distribuir, revogar
será exercida pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, vinculado à e gerenciar os certificados das AC de nível imediatamen-
Casa Civil da Presidência da República e composto por cin- te subseqüente ao seu, gerenciar a lista de certificados
co representantes da sociedade civil, integrantes de setores emitidos, revogados e vencidos, e executar atividades de
interessados, designados pelo Presidente da República, e fiscalização e auditoria das AC e das AR e dos prestado-
um representante de cada um dos seguintes órgãos, indi- res de serviço habilitados na ICP, em conformidade com
cados por seus titulares: as diretrizes e normas técnicas estabelecidas pelo Comitê
I - Ministério da Justiça; Gestor da ICP-Brasil, e exercer outras atribuições que lhe
II - Ministério da Fazenda; forem cometidas pela autoridade gestora de políticas.
III - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér- Parágrafo único. É vedado à AC Raiz emitir certifica-
cio Exterior; dos para o usuário final.
IV - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Art. 6o Às AC, entidades credenciadas a emitir certi-
V - Ministério da Ciência e Tecnologia; ficados digitais vinculando pares de chaves criptográficas
VI - Casa Civil da Presidência da República; e ao respectivo titular, compete emitir, expedir, distribuir,
VII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidên- revogar e gerenciar os certificados, bem como colocar à
cia da República. disposição dos usuários listas de certificados revogados e
§ 1o A coordenação do Comitê Gestor da ICP-Brasil outras informações pertinentes e manter registro de suas
será exercida pelo representante da Casa Civil da Presidên- operações.
cia da República. Parágrafo único. O par de chaves criptográficas será
§ 2o Os representantes da sociedade civil serão desig- gerado sempre pelo próprio titular e sua chave privada de
nados para períodos de dois anos, permitida a recondução. assinatura será de seu exclusivo controle, uso e conheci-
§ 3o A participação no Comitê Gestor da ICP-Brasil é mento.
de relevante interesse público e não será remunerada. Art. 7o Às AR, entidades operacionalmente vincu-
§ 4o O Comitê Gestor da ICP-Brasil terá uma Secreta- ladas a determinada AC, compete identificar e cadastrar
ria-Executiva, na forma do regulamento. usuários na presença destes, encaminhar solicitações de
Art. 4o Compete ao Comitê Gestor da ICP-Brasil: certificados às AC e manter registros de suas operações.

94
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 8o Observados os critérios a serem estabelecidos I - os acervos técnico e patrimonial, as obrigações e os


pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, poderão ser credencia- direitos do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
dos como AC e AR os órgãos e as entidades públicos e as do Ministério da Ciência e Tecnologia;
pessoas jurídicas de direito privado. II - remanejar, transpor, transferir, ou utilizar, as do-
Art. 9o É vedado a qualquer AC certificar nível diverso tações orçamentárias aprovadas na Lei Orçamentária de
do imediatamente subseqüente ao seu, exceto nos casos 2001, consignadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
de acordos de certificação lateral ou cruzada, previamente referentes às atribuições do órgão ora transformado, man-
aprovados pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil. tida a mesma classificação orçamentária, expressa por ca-
Art. 10. Consideram-se documentos públicos ou parti- tegoria de programação em seu menor nível, observado o
culares, para todos os fins legais, os documentos eletrôni- disposto no § 2o do art. 3o da Lei no 9.995, de 25 de julho
cos de que trata esta Medida Provisória. de 2000, assim como o respectivo detalhamento por esfera
§ 1o As declarações constantes dos documentos em orçamentária, grupos de despesa, fontes de recursos, mo-
forma eletrônica produzidos com a utilização de processo dalidades de aplicação e identificadores de uso.
de certificação disponibilizado pela ICP-Brasil presumem- Art. 18. Enquanto não for implantada a sua Procurado-
-se verdadeiros em relação aos signatários, na forma do ria Geral, o ITI será representado em juízo pela Advocacia
art. 131 da Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Geral da União.
Civil. Art. 19. Ficam convalidados os atos praticados com
§ 2o O disposto nesta Medida Provisória não obsta a base na Medida Provisória no 2.200-1, de 27 de julho de
utilização de outro meio de comprovação da autoria e in- 2001.
tegridade de documentos em forma eletrônica, inclusive os Art. 20. Esta Medida Provisória entra em vigor na data
que utilizem certificados não emitidos pela ICP-Brasil, des- de sua publicação.
de que admitido pelas partes como válido ou aceito pela Brasília, 24 de agosto de 2001; 180o da Independência
pessoa a quem for oposto o documento. e 113o da República.
Art. 11. A utilização de documento eletrônico para fins
tributários atenderá, ainda, ao disposto no art. 100 da Lei Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário 27.8.2001
Nacional.
Art. 12. Fica transformado em autarquia federal, vin-
culada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Instituto
Nacional de Tecnologia da Informação - ITI, com sede e RESOLUÇÃO Nº 185, DE 24/03/2017, DO
foro no Distrito Federal. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO
Art. 13. O ITI é a Autoridade Certificadora Raiz da Infra- TRABALHO
-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Art. 14. No exercício de suas atribuições, o ITI desem-
penhará atividade de fiscalização, podendo ainda aplicar
sanções e penalidades, na forma da lei. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 15. Integrarão a estrutura básica do ITI uma Pre- COORDENADORIA PROCESSUAL
sidência, uma Diretoria de Tecnologia da Informação, uma
Diretoria de Infra-Estrutura de Chaves Públicas e uma Pro- RESOLUÇÃO CSJT Nº 185, DE 24 DE MARÇO DE 2017.
curadoria-Geral.
Parágrafo único. A Diretoria de Tecnologia da Infor- Dispõe sobre a padronização do uso, governança,
mação poderá ser estabelecida na cidade de Campinas, no infraestrutura e gestão do Sistema Processo Judicial Ele-
Estado de São Paulo. trônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho e dá outras
Art. 16. Para a consecução dos seus objetivos, o ITI providências.
poderá, na forma da lei, contratar serviços de terceiros.
§ 1o O Diretor-Presidente do ITI poderá requisitar, para O CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO,
ter exercício exclusivo na Diretoria de Infra-Estrutura de Cha- em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência do
ves Públicas, por período não superior a um ano, servidores, Exmo. Ministro Conselheiro Presidente Ives Gandra da Silva
civis ou militares, e empregados de órgãos e entidades inte- Martins Filho, presentes os Exmos. Ministros Conselheiros
grantes da Administração Pública Federal direta ou indireta, Renato de Lacerda Paiva, Guilherme Augusto Caputo Bas-
quaisquer que sejam as funções a serem exercidas. tos, Márcio Eurico Vitral Amaro e Walmir Oliveira da Costa;
§ 2o Aos requisitados nos termos deste artigo serão os Exmos. Desembargadores Conselheiros Francisco José
assegurados todos os direitos e vantagens a que façam jus Pinheiro Cruz, Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos,
no órgão ou na entidade de origem, considerando-se o Gracio Ricardo Barboza Petrone e Fabio Túlio Correia Ri-
período de requisição para todos os efeitos da vida funcio- beiro; a Exma. Vice-Procuradora-Geral do Trabalho, Dra.
nal, como efetivo exercício no cargo, posto, graduação ou Cristina Aparecida Ribeiro Brasiliano; e o Exmo. Diretor Ad-
emprego que ocupe no órgão ou na entidade de origem. ministrativo no exercício da Vice-Presidência da Associação
Art. 17. Fica o Poder Executivo autorizado a transferir Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANA-
para o ITI: MATRA, Juiz Paulo da Cunha Boal,

95
DIREITO ADMINISTRATIVO

Considerando as diretrizes contidas na Lei nº 11.419, II – “Arquivo eletrônico que utilize linguagem padroni-
de 19 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a informa- zada de marcação genérica” é todo aquele que, indepen-
tização do processo judicial; dente do sufixo que designe seu formato ou função que
Considerando o caráter de generalidade da regu- desempenhe no computador, seja capaz de descrever di-
lamentação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que versos tipos de dados, gerando metadados;
institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe como III – “Usuários externos” do PJe são as partes, estagiá-
sistema informatizado de processo judicial no âmbito do rios e membros da Advocacia e do Ministério Público, defen-
Poder Judiciário e estabelece os parâmetros para o seu sores públicos, peritos, leiloeiros, as sociedades de advoga-
funcionamento; dos, os terceiros intervenientes e outros auxiliares da justiça; e
Considerando a necessidade de regulamentar a prá- IV – “Usuários internos” do PJe são os magistrados e
tica eletrônica de atos processuais conforme as espe- servidores da Justiça do Trabalho, bem como outros a que
cificidades do Pje instalado na Justiça do Trabalho e as se reconhecer acesso às funcionalidades internas do Siste-
disposições de direito processual do trabalho e da Lei nº ma, tais como estagiários e prestadores de serviço.
13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC); Art. 3º Os atos processuais terão sua produção, regis-
Considerando a importância de se padronizar e aper- tro, visualização, tramitação, controle e publicação exclusi-
feiçoar as estruturas de governança, infraestrutura, gestão vamente em meio eletrônico e serão assinados digitalmen-
e uso do PJe à realidade dos Tribunais Regionais do Tra- te, contendo elementos que permitam identificar o usuário
balho (TRTs); responsável pela sua prática.
Considerando as disposições aplicadas ao direito pro- § 1º A cópia de documento extraída dos autos eletrôni-
cessual do trabalho, que atribuem ao Conselho Nacional cos deverá conter elementos que permitam verificar a sua
de Justiça e, supletivamente, aos tribunais, a competência autenticidade no endereço referente à consulta pública do
para regulamentar a prática e a comunicação oficial de PJe, cujo acesso também será disponibilizado nos sítios do
atos processuais por Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e dos Tri-
meio eletrônico, além de velar pela compatibilidade bunais Regionais do Trabalho (TRTs) na rede mundial de
dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de computadores.
novos avanços tecnológicos, na forma dos arts. 193 a 199 § 2º Os usuários são responsáveis pela exatidão das
do CPC; e informações prestadas, quando de seu credenciamento,
Considerando a decisão proferida no processo CSJT- assim como pela guarda, sigilo e utilização da assinatura
-AN-7304- 40.2014.5.90.0000, digital, não sendo oponível, em qualquer hipótese, alega-
ção de uso indevido, nos termos da Medida Provisória nº
RESOLVE: 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

Ratificar a instituição do Sistema Processo Judicial Seção II


Eletrônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho como Do Acesso
sistema informatizado único para a tramitação de pro-
cessos judiciais, estabelecendo os parâmetros para sua Art. 4º As partes ou terceiros interessados desassisti-
governança, infraestrutura, gestão e prática eletrônica de dos de advogado poderão apresentar peças processuais e
atos processuais, dando outras providências, na forma a documentos em papel, segundo as regras ordinárias, nos
seguir: locais competentes para recebê-los, que serão inseridos
nos autos eletrônicos pela unidade judiciária, em arquivo
CAPÍTULO I eletrônico que utilize linguagem padronizada de marcação
DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO INSTALA- genérica.
DO NA JUSTIÇA DO TRABALHO Art. 5º O credenciamento dos advogados no PJe dar-
Seção I -se-á pelaidentificação do usuário por meio de seu certifi-
Das Disposições Gerais cado digital e remessa do formulário eletrônico disponibi-
lizado no portal de acesso ao PJe, devidamente preenchido
Art. 1º A tramitação do processo judicial no âmbito e assinado digitalmente.
da Justiça do Trabalho, a prática eletrônica de atos pro- § 1º O credenciamento da sociedade de advogados
cessuais, nos termos da Lei nº 11.419/06 e arts. 193 a 199, dar-se-á pela remessa do formulário eletrônico disponibili-
do CPC, serão realizadas exclusivamente por intermédio zado no portal de acesso ao PJe, devidamente preenchido
do Sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe) instalado na e assinado digitalmente, dispensando-se aidentificação do
Justiça do Trabalho, regulamentado por esta Resolução. usuário por meio de seu certificado digital.
Art. 2º Para o disposto nesta Resolução, considera-se § 2º As alterações de dados cadastrais poderão ser
que: feitas pelos próprios usuários, a qualquer momento, utili-
I– “Sistema satélite” é aquele periférico ao PJe, que zando funcionalidade específica do PJe para este fim,salvo
com ele tenha relação e/ou integração negocial, funcional as informações obtidas de bancos de dados credenciados,
ou técnica e que tenha sido homologado e distribuído como Receita Federal, Justiça Eleitoral e Ordem dos Advo-
pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) para gados do Brasil – OAB -, que deverão ser atualizadas dire-
funcionamento conjunto; tamente nas respectivas fontes.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º O credenciamento implica a aceitação: ção da estrutura organizacional e de pessoal dos órgãos da


I – de remessa ao usuário, pelo CSJT de pesquisas re- Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus prevista
lacionadas ao uso dos processos; na Resolução CSJT 63/10.
II – de remessa ao usuário, pelo PJe de informa- § 2º Faculta-se aos Tribunais Regionais do Trabalho a
ções referentes aos III – das normas estabelecidas nesta atribuição de perfil aos usuários de forma diversa da esta-
Resolução; belecida pelo § 1º deste artigo, quando definida em ato do
IV – das demais normas que vierem a regulamentar o presidente do TRT respectivo, desde que ouvido o Comitê
uso do PJe no âmbito Gestor Regional (CGRPJe) e informada a Coordenação Na-
da Justiça do Trabalho; e cional Executiva do PJe (CNEPJe).
V - da responsabilidade do credenciado pelo uso in- Art. 8º Apenas por ato do presidente do CSJT, ouvido
devido da assinaturaeletrônica. o Comitê Gestor Nacional do PJe instalado na Justiça do
§ 4º O credenciamento na forma prevista neste artigo Trabalho (CGNPJe), serão:
não dispensa: PJe;
I – a habilitação de todo advogado e sociedade de ad- I – criadas, excluídas ou alteradas as permissões dos
vogados nos autos eletrônicos em que atuarem; e do CPC. perfis de usuários do
II – a juntada de procuração para postular em Juízo, na II – excluídos os perfis de usuários já existentes no PJe;
forma do art. 104 e III – criados novos perfis de usuários do PJe.
§ 5º A habilitação nos autos eletrônicos para represen- Art. 9º Caberá ao magistrado gestor da unidade judi-
tação das partes, tanto ciária, na forma do art.
no polo ativo como no polo passivo, efetivar-se-á me- 7º desta Resolução e em estrita observância à função
diante requerimento específico de habilitação pelo advo- desempenhada por cada servidor, definir os perfis dos
gado e habilitando-se apenas aquele que peticionar, em usuários nela lotados.
qualquer grau de jurisdição. § 1º Aos estagiários apenas poderá ser atribuído o per-
§ 6º Poderão ser habilitados os advogados e socieda- fil “estagiário”, vedando-se qualquer outra definição.
des de advogados que requeiram, desde que haja pedido § 2º É vedada a definição de perfil de diretor, assessor
e constem da procuração ou substabelecimento, na forma ou chefe de gabinete aos usuários que não ocupam a re-
do art. 105 do CPC. ferida função, salvo quanto a seus substitutos imediatos,
§ 7º É atribuição do magistrado determinar, por des- ressalvada a hipótese do art. 7.º, § 2º desta Resolução e
pacho ou delegação de ato ordinatório, a alteração da au- observado o § 1º deste artigo.
tuação para inativação de advogado indevidamente habi- § 3º Nas localidades em que houver central de manda-
litado, ou que deixou de representar quaisquer das partes. dos ou contadoria centralizada, o perfil de oficial de justi-
§ 8º O peticionamento de habilitação nos autos deve ser ça e de calculista deverá ser definido para os usuários que
utilizado apenas para o cadastramento específico do advogado executam as atividades nas respectivas centrais.
ou da sociedade de advogados no processo, ficando disponível
para juntada, como anexos, somente os tipos de documentos Subseção II
de “representação judicial” e de “identificação das partes”. Da Disponibilidade
§ 9º. O peticionamento avulso, procedimento exclusi-
vo para habilitação nos autos, deve ser utilizado somente Art. 10. A disponibilidade do PJe, garantida apenas aos
por advogados que não tenham representação nos autos, acessos de internet protocol (IP) nacionais, será aferida na
na forma do art.107, I, do CPC, inabilitando-se, neste caso, forma definida pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ -,
a juntada de documentos. havendo, quanto às interrupções:
§ 10. O advogado que fizer o requerimento para que I – registro em relatório de indisponibilidade do fun-
as intimações sejam dirigidas a este ou à sociedade de ad- cionamento;
vogados a que estiver vinculado, deverá requerer a habili- II – divulgação ao público, no sítio do Tribunal respec-
tação automática nos autos, peticionando com o respecti- tivo, na rede mundial de computadores;
vo certificado digital. III – juntada automática do relatório de indisponibilida-
Art. 6º O uso e a concessão de certificados digitais ins- de nos processos; e IV – registro automático da prorroga-
titucionais no âmbito da Justiça do Trabalho de primeiro e ção dos prazos processuais no PJe.
segundo graus observarão o disposto na Resolução CSJT § 1º O relatório de que trata o caput deste artigo deve-
nº 164, de 18 de março de 2016. rá conter, pelo menos, as seguintes informações:
I data, hora e minuto de início da indisponibilidade;
Subseção I II - data, hora e minuto de término da indisponibilida-
Dos Perfis de Usuário de; III - serviços que ficaram indisponíveis; e
IV - assinatura digital do responsável pela unidade de
Art. 7º Os usuários terão acesso às funcionalidades do tecnologia da informação do TRT, ou a quem este delegar,
PJe de acordo com o perfil que lhes for atribuído no Sistema. com efeito de certidão, devendo – enquanto não imple-
§ 1º A uniformização dos perfis de usuários será defini- mentada a juntada automática nos processos – estar aces-
da em ato do presidente do CSJT, observada a natureza de sível, preferencialmente, em tempo real, ou, no máximo,
sua atuação na relação jurídico-processual e a padroniza- até às 12h do dia seguinte ao da indisponibilidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho manterão o Art. 14. As petições, manifestações e documentos se-
controle dos registros no PJe acerca de feriados, da ausên- rão juntados automaticamente, independentemente de ato
cia de expediente forense, da prática de atos e da suspen- de servidor da justiça, na forma do art. 228, § 2º, do CPC.
são de prazos prevista nos arts. 214 e 220 do CPC. Parágrafo único. Fica dispensada a certificação da jun-
tada, pelo usuário interno, nas hipóteses do caput deste
CAPÍTULO II artigo.
DA PADRONIZAÇÃO DO USO Art. 15. As petições e os documentos enviados sem
observância às normas desta Resolução poderão ser indis-
Art. 11. Os manuais do PJe para todos os usuários, informa- ponibilizados por expressa determinação do magistrado,
ções gerais das versões e informações de sistemas satélites do com o registro de movimento e exclusão da petição e do-
PJe serão divulgadas e atualizadas constantemente, inclusive para cumentos, assinalando-se, se for o caso, novo prazo para a
pessoas com deficiência, no sítio https://pje.csjt.jus.br/manual. adequada apresentação da petição.
Art. 12. Ato do presidente do CSJT definirá o tamanho § 1º Na exclusão de petição incidental dever-se-á tor-
máximo dos arquivos e extensões suportadas pelo PJe. nar indisponível todo o documento a ela anexado.
§ 1º O PJe deve dispor de funcionalidade que permita § 2º Sendo a exclusão de que trata este artigo referen-
o uso exclusivo de documento digital que utilize lingua- te à petição cujo tipo gere movimento estatístico, deverá
gem padronizada de marcação genérica, garantindo-se, ser precedida de pronunciamento do magistrado, com o
de todo modo, a faculdade do peticionamento inicial e in- registro do movimento correspondente à solução dada ao
cidental mediante juntada de arquivo eletrônico portable incidente ou recurso.
document format (.pdf) padrão ISO-19005 (PDF/A), sempre Art. 16. A inobservância das disposições deste capítulo
com a identificação do tipo de petição a que se refere, a ensejará a retirada da visibilidade do documento, e em se
indicação do Juízo a que é dirigida, nomes e prenomes das tratando de petição inicial, será observada a regra prevista
partes e número do processo. no art. 321 e parágrafo único do CPC.
§ 2º O peticionamento na forma do parágrafo anterior
não dispensa a petição redigida no editor de texto do PJe, Seção I
contendo a indicação do Juízo a que é dirigida, nomes e pre- Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais
nomes das partes, número do processo, a identificação em
Sistema do tipo de petição a que se refere e a informação Art. 17. No processo eletrônico, as citações, intimações
de que o conteúdo da petição está em arquivo eletrônico e notificações, inclusive as destinadas à União, Estados,
portable document format (.pdf) padrão ISO-19005 (PDF/A). Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias
§ 3º O Agrupamento de documentos em um mesmo e fundações de direito público serão feitas por meio ele-
arquivo eletrônico portable document format (.pdf) sempre trônico, sem prejuízo da publicação no Diário Eletrônico da
deverá corresponder a documentos de mesmo tipo, com Justiça do Trabalho (DEJT) nas hipóteses previstas em lei.
classificação disponível no PJe. § 1º O cadastro das partes deverá ser efetivado pela
§ 4º Autoriza-se o uso do tipo “documento diverso” inserção do CPF ou CNPJ respectivo.
apenas para agrupamento de documentos que não conte- § 2º As citações, intimações e notificações destinadas à
nham tipo de documento específico no PJe. União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respecti-
§ 5º Nas hipóteses dos parágrafos 3º e 4º deste arti- vas autarquias e fundações de direito público serão realiza-
go, sempre haverá o preenchimento do campo “descrição”, das perante os órgãos responsáveis por sua representação
identificando-se resumidamente a informação correspon- processual.
dente ao conteúdo dos documentos agrupados, além dos § 3º É vedada às sociedades de advogados a prática
períodos a que se referem, vedando-se a descrição que não eletrônica de atos processuais, sendo considerada usuária
possibilite a correta identificação do conteúdo do arquivo. externa apenas para recebimento de intimações, na forma
Art. 13. Os usuários externos poderão juntar quantos dos arts. 106, I e 272, § 2º, do CPC.
arquivos se fizerem necessários à ampla e integral ativida- Art. 18. No expediente de notificação inicial ou de cita-
de probatória, observado o art. 12 desta Resolução e de- ção constará indicação da forma de acesso ao inteiro teor
mais atos normativos referentes à matéria. da petição inicial no endereço referente à consulta pública
§ 1º Os arquivos juntados aos autos devem utilizar des- do PJe, cujo acesso também será disponibilizado nos sítios
crição que identifique, resumidamente, os documentos ne- dos TRTs e do CSJT na rede mundial de computadores.
les contidos e, se for o caso, os períodos a que se referem, Art. 19. A petição inicial conterá, além dos requisitos
e, individualmente considerados, devem trazer os docu- do art. 840, § 1º, da CLT, a indicação do CPF ou CNPJ das
mentos da mesma espécie, ordenados cronologicamente. partes, na forma do art. 15, caput, da Lei nº 11.419/06.
§ 2º O preenchimento dos campos “descrição” e “tipo § 1º No lançamento de dados do processo pelo usuário
de documento”, exigido pelo PJe para anexação de ar- externo, além dos dados contidos no caput deste artigo,
quivos à respectiva petição, deve guardar correspondên- sempre que possível serão fornecidos, na forma do art. 31,
cia com a descrição conferida aos arquivos, indicando, no II, da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral
campo de livre descrição, o nome da petição ou incidente, da Justiça do Trabalho (CPCGJT):
o resumo do requerimento, se for o caso, e a identificação I – o CEI (Cadastro Específico do INSS contendo núme-
da parte que está peticionando. ro da matrícula do empregador pessoa física);

98
DIREITO ADMINISTRATIVO

II – o Número de Identificação do Trabalhador (NIT) § 1º No expediente de notificação inicial ou de ci-


perante o INSS; III – o PIS ou PASEP; tação constará orientação para que a contestação, re-
IV – o número da CTPS do empregado; e convenção, exceção e documentos que as acompanham
V – o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Eco- sejam protocolados no PJe com pelo menos 48h de an-
nômicas – código do ramo de atividade) do empregador. tecedência da audiência.
§ 2º O PJe fornecerá, na distribuição da ação, o núme- § 2º As partes poderão atribuir segredo de justiça à
ro atribuído ao processo, o órgão julgador para o qual foi petição inicial e sigilo à contestação, reconvenção, ex-
distribuída e, se for o caso, olocal, a data e o horário de ceção, petições incidentais e documentos, desde que,
realização da audiência, da qual estará a parte autora ime- justificadamente, fundamentem uma das hipóteses do
diatamente intimada. art. 770, caput, da CLT e dos arts. 189 ou 773, do CPC.
§ 3º Os dados da autuação automática serão confe- § 3º O magistrado poderá determinar a exclusão de
ridos pela unidade judiciária, que procederá, com deter- petições e documentos indevidamente protocolados
minação do magistrado e registro no PJe, à intimação da sob sigilo, observado o art. 15 desta Resolução.
parte para alteração em caso de desconformidade com a § 4º O PJe deve dispor de funcionalidade que man-
petição e documentos. tenha oculta ao usuário externo a contestação, recon-
§ 4º A ausência de retificação dos dados da autua- venção, exceção e documentos que as acompanham,
ção automática, referente à petição inicial, no prazo de 15 até a realização da proposta conciliatória infrutífera.
(quinze) dias, ensejará a aplicação do disposto no art. 321, § 5º Na hipótese de celebração de acordo, a con-
parágrafo único, do CPC. testação, reconvenção, exceção e documentos que as
§ 5º A retificação dos dados da autuação será acom- acompanham serão excluídos do PJe, na forma do art.
panhada de juntada automática de certidão contendo as 35 desta Resolução.
alterações, inclusive quando houver inclusão ou exclusão Art. 23. As audiências serão sempre reduzidas a ter-
de advogado ou parte. mo, ainda que gravadas em áudio e vídeo, e o arquivo
Art. 20. A funcionalidade do PJe que indica a ocorrência eletrônico que utilize linguagem padronizada de marca-
de possível prevenção somente deve distribuir o processo
ção genérica daí decorrente será, ao final da audiência:
ao Juízo presumidamente prevento, cabendo ao magis-
I – imediatamente assinado pelo magistrado, impos-
trado a análise do feito, com o pronunciamento em que
sibilitando a alteração de sua forma e conteúdo; ou
reconheça a regularidade da distribuição, ou recuse a pre-
II – facultativamente enviado ao PJe, imediatamente
venção.
após o término da audiência, também impossibilitando
§ 1º O PJe deve dispor de funcionalidade que indique
a alteração de sua forma e conteúdo e deflagrando o
a existência de possível litispendência e coisa julgada, sem
procedimento dos parágrafos 1.º e 2.º deste artigo.
prejuízo de livre distribuição ou distribuição por prevenção,
§ 1º Após o envio do arquivo eletrônico que utilize
nos termos do caput deste artigo.
§ 2º Nas classes processuais que exigem a indicação linguagem padronizada de marcação genérica referido
de processo de referência, em qualquer grau de jurisdição, no caput para o PJe, a secretaria da sala de audiências,
haverá distribuição para o Juízo do processo de referên- imediatamente após o término da audiência, realizará o
cia, exceto no ajuizamento de ação rescisória, cabendo ao lançamento dos movimentos processuais, encaminhan-
magistrado reconhecer a regularidade da distribuição ou do-o para assinatura digital pelo magistrado.
recusá-la. § 2º O magistrado assinará eletronicamente o ar-
§ 3º Nas classes recursais será observada a distribuição quivo eletrônico que utilize linguagem padronizada de
por prevenção ao relator para eventual recurso subsequen- marcação genérica referido no caput até o primeiro dia
te, interposto no mesmo processo ou em processo conexo, útil subsequente ao término da sessão.
na forma do art. 930, parágrafo único, do CPC, observada § 3º Na hipótese de celebração de acordo e ausência
a compensação. de assinatura imediata do arquivo eletrônico que utilize
§ 4º As funcionalidades do PJe que indicam a ocorrên- linguagem padronizada de marcação genérica referido
cia de possível prevenção, litispendência e coisa julgada no caput, havendo requerimento da parte, a ata deverá
deverão contemplar a juntada automática de certidão con- ser impressa, assinada manualmente pelas partes e ma-
tendo tais informações. gistrado e, então, digitalizada e inserida no PJe.
Art. 21. A distribuição de ação, inclusive incidental, será Art. 24. Os tipos de classe, petição, documentos,
unicamente por meio eletrônico, mesmo na hipótese de movimentos e complementos de movimentos dispo-
ações cautelares, tutelas de urgência e embargos de ter- nibilizados no PJe devem corresponder aos previstos
ceiros, quando ajuizados em processos que tramitam em nas tabelas processuais unificadas publicadas pelo CNJ,
meio físico. cujas alterações serão realizadas apenas pela Coordena-
Art. 22. A contestação, reconvenção, exceção e docu- ção Técnica do Sistema PJe (CTPJe) no CSJT e disponibi-
mentos deverão ser protocolados no PJe até a realização lizadas a cada nova versão do Sistema.
da proposta conciliatória infrutífera, com a utilização de Art. 25. O magistrado, antes de determinar o arqui-
equipamento próprio, sendo automaticamente juntados, vo definitivo do processo, deverá intimar as partes para,
facultada a apresentação de defesa oral, na forma do art. querendo, armazenarem os dados dos autos eletrônicos
847, da CLT. em assentamento próprio.

99
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 26. Fica dispensada a formação de autos suple- Parágrafo único. A equipe possuirá competência téc-
mentares em casos de exceção de impedimento ou suspei- nica ao menos em análise de infraestrutura, desenvolvi-
ção, agravos de instrumento, agravos regimentais e agravo mento, suporte e dados, sendo composta de modo a se
previsto no art. 1.021 do CPC, exceto quanto: adequar ao porte do TRT, observadas a Resolução CSJT
I – ao agravo de instrumento em mandado de se- nº 63/2010 e a Resolução do CNJ que institui a Estratégia
gurança, na forma do art. Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação do
7º, § 1º, da Lei nº 12.016/09; e Poder Judiciário (ENTIC-JUD).
II – ao pedido de revisão do valor da causa, na forma Art. 33. Em casos excepcionais poderá a equipe de
do art. 2º, § 2º, da Lei tecnologia da informação do TRT, por meio de scripts de
nº 5.584/70. bancos de dados, adicionar, excluir e alterar movimentos e
Art. 27. As atas de sessões, quando necessárias para complemento de movimentos processuais registrados no
registros passíveis de PJe, desde que haja, cumulativamente:
publicidade, deverão ser lavradas pela secretaria e I – autorização do CGRPJe;
aprovadas pelo presidente do respectivo órgão colegiado, II – autorização do Comitê Gestor Nacional do Sistema
com envio para publicação na forma do art. 3º desta Re- de Gerenciamento de Informações Administrativas e Judi-
solução. ciárias da Justiça do Trabalho (e-Gestão);
Art. 28. Durante o recesso judiciário, feriados e período III – aquiescência da Coordenação Técnica do PJe no
de suspensão de prazo processual prevista no art. 220, do CSJT, por meio de abertura de chamado em software pró-
CPC, serão mantidas as publicações no DEJT, observados prio de gestão de demandas do CSJT; e
os termos do art. 4º, § 4º, da Lei nº 11.419/06 e regulamen- IV – juntada, preferencialmente automática, de certi-
tação do CNJ sobre expediente forense no período natali- dão nos autos eletrônicos afetados, contendo tais informa-
no e suspensão dos prazos processuais. ções.
Art. 34. O PJe deve dispor de funcionalidade que per-
CAPÍTULO III mita identificar o usuário que promover exclusão, inclusão
DO SUPORTE, DESEMPENHO E INFRAESTRUTURA e alteração de dados, arquivos baixados, bem como o mo-
mento de sua ocorrência.
Art. 29. Ato do presidente do CSJT definirá a política Art. 35. Todos os documentos inseridos no PJe que não
de suporte, padronização e atualização da infraestrutura forem assinados, classificados e organizados no prazo de
tecnológica do PJe nos órgãos da Justiça do Trabalho de 30 (trinta) dias a partir de sua criação, serão excluídos do
primeiro e segundo graus. Sistema.
Art. 30. Os eventos que afetem a disponibilidade e de- Art. 36. Os processos arquivados definitivamente se-
sempenho do PJe serão de responsabilidade exclusiva do rão migrados das bases de dados do PJe e salvos em base
Tribunal Regional do Trabalho, quando for constatado que desconectada do acesso imediato às informações do Siste-
a sua infraestrutura tecnológica é dissonante da política de ma, podendo retornar ao acervo original mediante reque-
padronização e atualização da infraestrutura tecnológica rimento ou determinação de magistrado.
que suporta o Sistema nos órgãos da Justiça do Trabalho Art. 37. Quando tecnicamente viável,as funcionalidades
de primeiro e segundo graus. do Sistema poderão
Parágrafo único. Em situações críticas, assim definidas ser offline.
em ato do presidente do CSJT, enquanto não houver a
atualização da infraestrutura tecnológica do PJe, o Tribu- CAPÍTULO IV
nal Regional do Trabalho também se responsabilizará pela DA ADMINISTRAÇÃO
eventual demora ou atraso na solução de problemas que
impactem a operação do Sistema. Art. 38. A administração do PJe instalado na Justiça do
Art. 31. Os TRTs constituirão equipe específica de tes- Trabalho caberá ao Comitê Gestor Nacional do PJe instala-
tes, composta pelo CGRPJe, além de servidores da área ju- do na Justiça do Trabalho e aos Comitês Gestores Regio-
diciária e magistrados de 1º e 2º graus, inclusive pessoas nais do PJe, compostos por usuários internos e externos
com deficiência para, com apoio do setor de tecnologia da do Sistema.
informação, realizar todas as aferições e experimentos ne-
cessários à verificação do pleno funcionamento das novas Seção I
versões do Sistema disponibilizadas pelo CSJT. Do Comitê Gestor Nacional do PJe (CGNPJe) Insta-
Parágrafo único. A migração para novas versões do PJe lado na Justiça do Trabalho
somente ocorrerá após a realização e homologação das
aferições em ambiente idêntico ao de produção, incluin- Art. 39. O CGNPJe definirá as estratégias e diretrizes de
do testes de acessibilidade, carga, rajada, desempenho e evolução e integração do PJe instalado na Justiça do Traba-
infraestrutura nos respectivos TRTs, bem como o envio dos lho, desempenhando as seguintes atribuições:
resultados à Coordenação Técnica do PJe no CSJT. I – garantir a adequação do PJe aos requisitos legais e
Art. 32. Os TRTs manterão equipe de tecnologia da in- às necessidades da Justiça do Trabalho, inclusive no que diz
formação exclusivamente dedicada ao atendimento de de- respeito ao desempenho, escalabilidade e otimização da
mandas do PJe. infraestrutura tecnológica do Sistema;

100
DIREITO ADMINISTRATIVO

II – definir as premissas e as estratégias utilizadas para V – acompanhar o cumprimento das diretrizes utiliza-
a especificação, desenvolvimento, testes, homologação, das para a especificação, desenvolvimento, testes, homolo-
implantação e integridade de operação do PJe; gação, implantação e integridade de operação do PJe;
III – fomentar e promover a colaboração entre órgãos VI – receber e deliberar preliminarmente sobre propos-
e entidades, com vistas ao compartilhamento de esforços tas de projeto e ações voltadas à evolução e sustentação
e recursos voltados ao desenvolvimento e evolução do PJe, do PJe;
bem como à integração de outros Sistemas ao PJe; VII – gerenciar o portfólio de ações e projetos perti-
IV - garantir a padronização do PJe nos órgãos da Jus- nentes ao PJe;
tiça do Trabalho; e V - propor normas regulamentadoras do VIII – gerenciar o escopo funcional do PJe no que con-
PJe ao presidente do CSJT. cerne às particularidades da Justiça do Trabalho;
Art. 40. O CGNPJe será composto por: IX – analisar e deliberar sobre propostas de melhoria e
I – um magistrado indicado pelo presidente do correção de defeitos no PJe, observado o disposto no Acor-
CSJT, que exercerá a Coordenação Nacional Executiva do do de Cooperação Técnica (ACT) CNJ/CSJT nº 10, de 14 de
PJe (CNEPJe); (Redação dada pela Resolução CSJT n. 216, de junho de 2016, e a Portaria de Governança CNJ nº 26/2015;
23 de março de 2018) X – gerenciar os requisitos do PJe, conciliando as ne-
II – um presidente ou corregedor de TRT, indicado cessidades dos usuários internos e externos, podendo ser
pelo Colégio de Presidentes e Corregedores de Tribunais auxiliado pelos grupos de requisitos e grupo nacional de
Regionais do Trabalho (COLEPRECOR); negócio;
III – um secretário ou diretor de tecnologia da infor- XI – deliberar sobre a necessidade de desenvolvimento,
mação de TRT, designado pelo presidente do CSJT; manutenção e tratamento de incidentes do PJe, podendo a
IV – um servidor da Coordenadoria de Gestão Docu- priorização de tais demandas ser delegada à Coordenação
mental do CSJT, designado pelo presidente do CSJT; Técnica do PJe no CSJT;
V – secretário de tecnologia da informação e comu- XII – homologar funcionalidades e versões do PJe, po-
nicação do CSJT; VI – secretário de tecnologia da informa- dendo delegar tal atribuição ao grupo nacional de negócio;
ção do TST; XIII – analisar, para fins de aprovação prévia, os cro-
VII – um advogado, indicado pelo presidente do Con- nogramas dos TRTs para implantação do PJe em unidades
selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); judiciárias; e
VIII– um advogado público, indicado pela Advocacia XIV – divulgar no sítio do CSJT, quando houver, o pla-
Geral da União nejamento da disponibilização de novas versões do PJe.
(AGU); Art. 42. A Secretaria-Geral e a Secretaria de Tecnolo-
IX – um membro do Ministério Público do Trabalho gia da Informação e Comunicação do CSJT prestarão apoio
(MPT), indicado pelo administrativo e técnico às atividades desenvolvidas pela
procurador-geral do trabalho; e CNEPJe.
X – um representante da Presidência do Tribunal Su- Art. 43. A Comissão Permanente de Acessibilidade e In-
perior do Trabalho. (Incluído pela Resolução CSJT n. 216, de clusão, o Grupo de Parametrização, o Grupo de Requisitos
23 de março de 2018) do 1º grau, o Grupo de Requisitos do 2º grau e o Grupo
Nacional de Negócio, todos vinculados à CNEPJe, terão as
Subseção I suas atribuições e composição definidas por ato do presi-
Da Coordenação Nacional Executiva do PJe (CNEP- dente do CSJT.
Je)
Seção II
Art. 41. A CNEPJe supervisionará a capacitação dos Dos Comitês Gestores Regionais (CGRPJe)
usuários e o gerenciamento, a especificação, o desenvolvi-
mento, a manutenção, a implantação e o suporte do Siste- Art. 44. Compete aos Comitês Gestores Regionais
ma, também desempenhando, com o auxílio da CTPJe, as -CGRPJe, que se reunirão ao menos uma vez por mês, as
seguintes atribuições: seguintes atribuições:
I – planejar e coordenar ações decorrentes das deli- I – administrar a estrutura, implementação e funcio-
berações do CGNPJe; namento do PJe, de acordo com as diretrizes fixadas pelo
II – sugerir ao presidente do CSJT a criação de gru- CGNPJe;
pos de trabalho, comissões e comitês necessários à evolu- II – avaliar a necessidade de manutenção corretiva e
ção e sustentação do PJe; evolutiva do PJe e encaminhá-las à CNEPJe;
III – coordenar as atividades desenvolvidas por gru- III – organizar a estrutura de atendimento às demandas
pos afetos ao PJe, em especial a Comissão Permanente de de seus usuários internos e externos;
Acessibilidade e Inclusão, o Grupo de Parametrização, o IV – determinar auditorias no PJe, especialmente no
Grupo de Requisitos do 1.º grau, o Grupo de Requisitos do que diz respeito à integridade das informações, segurança
2.º grau e o Grupo Nacional de Negócio; e adequação da infraestrutura mínima recomendada; pro-
CGRPJe; cessuais;
IV – receber, analisar e deliberar sobre sugestões enca- V – garantir a integridade do PJe, no que diz respeito à
minhadas pelos taxonomia e classes

101
DIREITO ADMINISTRATIVO

VI – propor à CNEPJe alterações visando o aprimora- § 2º O membro do CGRPJe elencado no inciso I presidi-
mento do PJe, preferencialmente predispondo-se a desen- rá os trabalhos e designará, dentre os magistrados elenca-
volvê-las, por time remoto ou fábrica de software, quando dos nos incisos II e III, aquele que exercerá a Coordenação
autorizado pela CNEPJe; Executiva Regional (CERPJe).
VII – fazer cumprir as normas expedidas pelo CNJ, § 3º O CGRPJe poderá delegar as atribuições dos in-
CSJT e CGNPJe; cisos I, II, IV, X e XI do art. 44 desta Resolução à CERPJe, a
VIII – divulgar as ações para a implantação do PJe no qual agirá sempre ad referendum do CGRPJe, a este pres-
sítio do respectivo TRT e no DEJT; tando contas de suas ações, mensalmente, nas reuniões do
IX - apresentar proposta de plano de ação regional CGRPJe.
para a implantação do Sistema e migração dos sistemas § 4º O presidente do CGRPJe encaminhará à CNEPJe o
legados para o PJe; calendário anual de reuniões ordinárias e, ao final de cada
X – acompanhar a execução do plano de ação re- mês, a cópia da ata de reunião.
gional, após a aprovação do presidente do TRT, verifican- § 5º Os presidentes dos TRTs divulgarão e manterão
do se as atividades desenvolvidas estão adequadas e em atualizadas no sítio do TRT as atas das reuniões e a relação
consonância com o planejamento traçado; dos integrantes do CGRPJe, da equipe de sustentação e da
XI – monitorar e avaliar periodicamente os resulta- equipe de desenvolvimento remoto, referenciando os atos
dos do plano de ação regional, com vistas a melhorar a sua que definiram ou alteraram as suas composições.
qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e
corrigindo eventuais falhas; Subseção I
XII– zelar pela conformidade da infraestrutura que su- Do Administrador do PJe
porta o PJe no TRT com a política de padronização e atua-
lização da infraestrutura tecnológica instituída pelo CSJT; Art. 46. Compete ao presidente do TRT designar servi-
XIII– garantir o alinhamento entre os roteiros de aten- dores que exercerão a função de administrador do PJe, no
dimento de 1º nível dos usuários no TRT aos definidos pela 1º e 2º graus, observado o mínimo de:
Coordenação Nacional Executiva e Coordenação Técnica I – dois servidores da tecnologia da informação
do PJe; para, com o apoio da área de infraestrutura, exercer as
XIV- encaminhar semestralmente à CNEPJe, no forma- atividades relacionadas à configuração de novas versões
to e meio indicados pelo CSJT, relação contendo o nome disponibilizadas pelo CSJT, atualização de fluxos, parame-
dos servidores de atendimento e suporte, bem como as trização, testes preliminares e correções no PJe;
estatísticas do trabalho executado no período; II – dois servidores da área judiciária, para o módulo
XV – avaliar o risco da atribuição de perfil aos usuá- de 2.º grau, com experiência de atuação em áreas como a
rios do PJe de forma diversa à prevista no art. 7º, § 1º, presidência, vice-presidência, corregedoria, vice- correge-
desta Resolução, alertando o presidente do TRT respectivo doria, gabinete e secretaria de órgão colegiado;
acerca do impacto potencial no desempenho do Sistema; III - dois servidores da área judiciária, para o módulo
e de 1.º grau, com experiência de atuação em áreas como
XVI – coibir a implantação de sistemas ou módulos secretaria de Vara e gabinete de magistrado.
que mantenham integração com o PJe, sem prévia anuên- § 1º A critério do presidente do TRT, observado o im-
cia e autorização do CSJT, na forma do Acordo de Coope- pacto no desempenho do Sistema, poderá ser ampliado o
ração Técnica ACT CNJ/CSJT nº 10/2016 e da Portaria de número de administradores do PJe, além dos quantitativos
Governança CNJ nº 26/2015. indicados nos incisos anteriores, dando-se ciência à CNEPJe.
Art. 45. Cada CGRPJe será composto pelo menos, por: § 2º Além dos servidores indicados pelo presidente do
I – um desembargador, que o presidirá; TRT, também deverão exercer a função de administrador
II – um magistrado titular de Vara do Trabalho; III – um do PJe os magistrados integrantes do CGRPJe.
magistrado auxiliar de Vara do Trabalho; § 3º O perfil de administrador do PJe poderá ter acesso
IV – um servidor da área judiciária, lotado no 2º grau; a todas as funcionalidades destinadas aos diretores, asses-
V – um servidor diretor de secretaria de Vara do Traba- sores e chefes de gabinete em todas as unidades e órgãos
lho; VI – um servidor oficial de justiça; de 1º e 2º graus a que estiverem vinculados.
VII – um servidor calculista;
VIII – o secretário ou diretor de tecnologia da infor- Subseção II
mação do TRT; Da Capacitação dos Usuários
IX – um advogado indicado pela OAB, da secção res-
pectiva, ou pelo Conselho Federal em caso de jurisdição Art. 47. Os TRTs promoverão investimentos para a for-
regional em mais de um Estado; mação e aperfeiçoamento dos usuários, inclusive pessoas
X – um advogado público, indicado pelo Procurador- com deficiência, com o objetivo de prepará-los para o
-Geral do Estado em que sediado o TRT; e aproveitamento adequado do PJe.
XI – um membro do MPT, indicado pela Procuradoria § 1º Os servidores de tecnologia da informação serão
Regional do Trabalho (PRT). capacitados para a programação, desenvolvimento, supor-
§ 1º Os membros dos CGRPJe serão designados por te e sustentação da arquitetura e infraestrutura do PJe, in-
ato do presidente do TRT. clusive quanto aos aspectos de acessibilidade, bem como

102
DIREITO ADMINISTRATIVO

em metodologia de desenvolvimento de software e siste- I – dois encontros, um a cada semestre, voltado à dis-
ma de gestão de chamados definidos pela Coordenação seminação e debate dos princípios da teoria geral do direi-
Técnica do PJe no CSJT. to processual eletrônico;
§ 2º Os magistrados de 1º e 2º graus, bem como os II – dois encontros, um a cada semestre, voltado à prá-
servidores usuários do PJe serão capacitados na usabili- tica eletrônica de atos processuais (regras de negócio) e
dade do PJe, tanto no que se refere à prática eletrônica conhecimento das funcionalidades do PJe; e
de atos processuais (regras de negócio), como no conhe- III – dois encontros, um a cada semestre, voltados à
cimento das funcionalidades do Sistema, observando-se liquidação de sentenças no Sistema “PJe Calc Tribunais”.
o conteúdo mínimo estabelecido pelo Plano Nacional de Parágrafo único. Os encontros referidos neste artigo
Capacitação do PJe. serão transmitidos ao vivo para as EJUDs dos TRTs, além
§ 3º Sem prejuízo do disposto no § 2º deste artigo, bem de serem gravados e disponibilizados para acesso seguro
como no desenvolvimento de outras expertises, os magis- na intranet dos TRTs, podendo o CSJT, se for o caso, bus-
trados de 1º e 2º graus, bem como os servidores usuários car o apoio administrativo, técnico e operacional da Escola
do PJe serão capacitados em: Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados
I – princípios da teoria geral do direito processual ele- do Trabalho (ENAMAT).
trônico; II – uso do editor de textos do PJe; e
III – liquidação de sentenças no Sistema “PJe Calc Tri- CAPÍTULO V
bunais”. DA IMPLANTAÇÃO
§ 4º Os TRTs ficam autorizados a firmar parcerias com
as Escolas Superiores de Advocacia (ESA) da secção respec- Art. 50. A implantação do PJe poderá ocorrer:
tiva e Procuradorias Regionais do Trabalho (PRTs), para a I - a partir da fase de conhecimento, com a supe-
capacitação dos usuários externos. ração dos atuais sistemas de gestão das informações pro-
§ 5º Independente da pactuação de parceria a que se cessuais mantidos pelo TRT; e
refere o § 4º deste artigo, os TRTs promoverão a capaci- II – a partir das fases de liquidação ou execução,
tação dos advogados na usabilidade do Sistema “PJe Calc
após o trânsito em julgado do título e para os processos
Cidadão”, fomentando a distribuição de ações e apresenta-
de classes executivas.
ção de defesa, independente do rito, sempre acompanha-
Art. 51. A partir da implantação do PJe em unidade ju-
das da respectiva planilha de cálculos.
diciária, fica vedada a utilização de quaisquer outros siste-
§ 6º O diretor da Escola Judicial (EJUD) de cada TRT
mas de peticionamento eletrônico relativo aos processos
encaminhará à CNEPJe, em dezembro de cada ano:
que tramitam no PJe, inclusive o Sistema Integrado de Pro-
I – o resultado do plano anual de treinamentos execu-
tocolização e Fluxo de Documentos Eletrônicos – e-Doc.
tados para os magistrados e servidores, incluindo as avalia-
Parágrafo único. O descumprimento da determinação
ções dos treinamentos e instrutores;
II – o planejamento anual de treinamentos vindouros, constante do caput implicará no descarte dos documentos
contendo: recebidos, que não constarão de registro algum e não pro-
a) a indicação da quantidade de usuários capacitados duzirão qualquer efeito legal.
e a capacitar;
b) as atividades desenvolvidas e a desenvolver; e Seção I
c)as horas-aula cumpridas e a cumprir. cursos. Da Migração dos Sistemas Legados para o PJe
III – o nome e currículo dos instrutores que ministraram
e ministrarão os Art. 52. No cadastramento do processo físico ou ele-
Art. 48. Sem prejuízo do disposto no art. 47 desta Re- trônico, oriundo de sistema legado do TRT, no módulo
solução, o CSJT promoverá, anualmente: “Cadastramento da Liquidação, Execução e Conhecimento
I – dois encontros, um a cada semestre, de caráter téc- (CLEC)” do PJe, poderão ser juntados ou transferidos ar-
nico, voltados ao debate do nivelamento, atualização e re- quivos de documentos existentes no banco de dados local.
novação da infraestrutura tecnológica que suporta o PJe; § 1º No cadastramento de processo em fase de conhe-
II - dois encontros, um a cada semestre, de caráter téc- cimento serão juntadas todas as petições e documentos
nico, voltados ao fomento e transferência de conhecimen- dos autos originários.
to da manutenção corretiva e evolutiva do PJe, por meio de § 2º No cadastramento de processos em fase de liqui-
desenvolvimento do código do Sistema, inclusive quanto dação e execução serão juntados pelas partes, em prazo
aos aspectos de acessibilidade; e assinalado pelo magistrado:
III – duas reuniões, uma a cada semestre, voltado à I – título executivo judicial ou extrajudicial, ainda
gestão e governança do PJe, com a participação dos presi- que contenham apenas obrigações de fazer ou não fazer;
dentes dos CGRPJe e CERPJe dos TRTs. II – cálculos homologados, se houver; e
Parágrafo único. A convocação para os eventos de que III – procurações outorgadas aos mandatários;
trata este artigo é atribuição da CNEPJe. IV – comprovação de pagamentos e recolhimentos
Art. 49. Sem prejuízo do disposto no art. 47 desta Reso- havidos;
lução, o CSJT, às suas expensas promoverá, anualmente, a V – decisões supervenientes à coisa julgada, se hou-
capacitação de magistrados de 1º e 2º graus, observando: ver, que implicaram alteração da dívida.

103
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º No cadastramento de processos em fase de liqui- § 2º O cadastro da União deverá corresponder a:


dação e execução, a critério do magistrado, serão juntados I - CNPJ 26.994.558/0001-23 – UNIÃO FEDERAL (AGU);
outros documentos que sejam necessários à completa en- II - CNPJ 05.489.410/0001-61 – UNIÃO FEDERAL (PGF); e
trega da prestação jurisdicional. III - CNPJ 00.394.460/0001-41 – UNIÃO FEDERAL
§ 4º Após o cadastramento do processo no CLEC, os (PGFN).
autos legados receberão movimento processual de encer- § 3º O cadastro do MPT será nacionalmente unificado,
ramento, prosseguindo-se com o processo apenas no PJe. conforme definido em ato do presidente do CSJT.
Art. 53. Não deverão ser cadastrados no CLEC os pro- Art. 60. O PJe deve dispor de comunicação entre ba-
cessos que estejam tramitando com a classe ExProv em ses de dados dos TRTs, fazendo-se a expedição das car-
execução provisória. tas precatórias e de ordem também em meio eletrônico
e, quando da devolução ao Juízo deprecante, será enca-
Art. 54. As partes e seus procuradores serão intimados, minhada certidão constando o seu cumprimento, com a
após o cadastramento de processo físico no CLEC, para materialização apenas de peças essenciais à compreensão
que, no prazo preclusivo de 30 (trinta) dias, se manifestem dos atos realizados.
sobre o interesse de manterem pessoalmente a guarda de § 1º Havendo na localidade mais de uma Vara do
algum dos documentos originais juntados aos autos lega- Trabalho com a mesma competência territorial, as cartas
dos, nos termos do art. 12, § 5º, da Lei nº 11.419/06. precatórias e de ordem recebidas serão cadastradas pelo
Art. 55. O magistrado deverá conceder prazo razoável setor de distribuição respectivo.
para que a parte adote as providências necessárias à re- § 2º O acompanhamento da carta precatória deverá
gular tramitação do feito no PJe, inclusive credenciamento ser realizado por meio da consulta pública com login e
dos advogados no Sistema e habilitação automática nos senha no PJe, registrando-se nos autos principais o pro-
autos, nos termos do art. 76 do CPC. cedimento e o andamento atualizado da carta precatória,
Art. 56. A migração dos sistemas legados para o PJe ficando vedada a emissão de comunicação para este fim.
somente ocorrerá após a realização, pelo TRT, de testes de Art. 61. É vedada a criação de novas soluções de in-
carga, rajada, desempenho e infraestrutura em ambiente formática para o processo judicial e realização de investi-
idêntico ao de produção, acrescido dos pro- mentos nos sistemas eventualmente existentes nos TRTs,
cessos migrados, assegurando-se a disponibilidade do Sis- bem como a respectiva implantação em unidades judiciá-
tema e encaminhadas as aferições, para anuência, à CNEP- rias de 1.º e 2.º graus.
Je. § 1º A vedação contida no caput deste artigo se aplica
inclusive às manutenções necessárias ao funcionamento
CAPÍTULO VI dos sistemas já implantados.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 2º O CSJT manterá, no sistema de gestão de deman-
das do PJe no CSJT, portfólio dos sistemas satélites do PJe,
Art. 57. O desenvolvimento de novas funcionalidades possibilitando e fomentando o diálogo entre TRTs.
e a correção de incidentes no PJe, além da capacitação de Art. 62. As Varas do Trabalho criadas por lei e os pos-
usuários e também o uso, desenvolvimento, manutenção, tos avançados deverão ser instalados com a concomitante
implantação e suporte dos sistemas satélites do PJe ob- implantação do PJe.
servarão o Acordo de Cooperação Técnica CNJ/CSJT nº Art. 63. O magistrado resolverá as questões relativas
10/2016. ao uso do PJe em cada caso concreto não previsto nesta
§ 1º As ações a que se refere o caput serão sempre Resolução e demais atos normativos referentes à maté-
informadas ao CSJT, para os fins da Portaria de Governança ria, ouvido previamente o CGRPJe, ressalvados os casos
CNJ 26/2015. de urgência.
§ 2º É vedado o desenvolvimento, manutenção, im- Art. 64. O CSJT promoverá as adequações do PJe aos
plantação e suporte de quaisquer funcionalidades dos termos desta Resolução, inclusive quanto aos aspectos de
sistemas satélites do PJe que exportem dados em arquivo acessibilidade, em 24 (vinte e quatro) meses, contados da
eletrônico portable document format (.pdf). publicação.
Art. 58. As intervenções que impliquem alterações es- Art. 65. Sem prejuízo das disposições desta Resolu-
truturais do PJe não previstas nesta Resolução somente po- ção, bem como do prazo estabelecido no art. 64 desta
derão ser promovidas quando: Resolução, o CSJT promoverá as adequações do PJe aos
I – observem os aspectos de acessibilidade; e II – auto- termos:
rizadas pelo presidente do CSJT. I – da Resolução do CNJ que institui o Modelo de Re-
Art. 59. Os Estados, Distrito Federal, Municípios e suas quisitos para Sistemas Informatizados de Gestão de Pro-
respectivas autarquias e fundações públicas de direito pri- cessos e Documentos do Poder Judiciário (Moreq-jus); e
vado e de direito público informarão aos presidentes dos II – da Resolução do CNJ que orienta a adequação
TRTs o CNPJ de cadastro dos órgãos responsáveis por sua das atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus
representação processual. serviços auxiliares às determinações exaradas pela Con-
§ 1º Os presidentes dos TRTs informarão às unidades venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
judiciárias o CNPJ de que trata o caput deste artigo, para Deficiência e seu Protocolo Facultativo e pela Lei Brasileira
que se dê cumprimento ao art. 17 desta Resolução. de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

104
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 66. Fica vedada a identificação do processo judicial EXERCÍCIOS


eletrônico (PJe) como sistema de propriedade da Justiça do
Trabalho, bem como o uso da sigla “PJe-JT”. 1- Sobre os poderes administrativos, julgue os itens
Art. 67. Nos casos omissos, aplicam-se as disposições abaixo:
da Resolução CNJ que institui o PJe como sistema de pro- I – O poder disciplinar sempre representa uma conse-
cessamento de informações e prática eletrônica de atos quência do poder hierárquico.
processuais, estabelecendo os parâmetros para sua imple- II – O poder regulamentar permite que o chefe do Po-
mentação e funcionamento. der Executivo inove o ordenamento jurídico vigente.
Art. 68. O CSJT fica autorizado a contratar fábrica de III – As manifestações decorrentes do exercício do po-
software, desde que haja disponibilidade orçamentária, der de polícia são sempre dotadas de auto executoriedade.
para: a) somente I é correto
I – a manutenção corretiva e evolutiva do PJe; b) somente II é correto
II– a integração de outros sistemas ao PJe, incluindo-se: c) somente III é correto
a) a evolução e integração do sistema de Restrições d) todos estão incorretos
Judiciais sobre Veículos Automotores (RENAJUD) ao PJe; e
b) o desenvolvimento e integração de webservice para
acesso e restrição dos dados do sistema de Gerenciamento 02-O ato administrativo que concluiu seu ciclo de for-
de Embarcações da Marinha do Brasil (SISGEMB), denomi- mação, masque possui um de seus requisitos em desacor-
nado NAVEJUD, ao PJe. do com a lei, apesar de estar produzindo seus efeitos, é
Parágrafo único. Em todos os casos, observar-se-ão o classificado como:
Acordo de Cooperação Técnica CNJ/CSJT nº 10/2016 e a a) perfeito, válido e eficaz
Portaria de Governança CNJ nº 26/2015. b) imperfeito, inválido e eficaz
Art. 69. Esta Resolução entra em vigor na data de sua c) perfeito, inválido e eficaz
publicação, revogando-se as disposições em contrário, em d) perfeito, inválido e consumado
especial a Resolução CSJT nº 136, de 25 de abril de 2014.

Brasília, 24 de março de 2017. 3 -O fato de o Direito Administrativo integrar o ramo


do Direito Público possui como fundamento básico o prin-
Ministro IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO cípio da(o):
Presidente do Conselho Superior da Justiça do Traba- a)Legalidade
lho b)Supremacia do interesse público sobre o particular
c)Impessoalidade
d)Autotutela
4- Se o ato administrativo estiver viciado pelo desvio
ANOTAÇÕES de poder, por falta do elemento relativo à finalidade de
interesse público, atingirá o princípio da:
a) publicidade.
___________________________________________________ b) moralidade.
c) legalidade.
___________________________________________________ d) impessoalidade.

___________________________________________________

___________________________________________________
GABARITOS
___________________________________________________
01-B
___________________________________________________ 02-C
03-B
___________________________________________________ 04- C
___________________________________________________

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105
DIREITO ADMINISTRATIVO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 02 - (TER/PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011Parte


superior do formulário) “Um dos princípios da Adminis-
01 - (TJ/DF - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE tração Pública exige que a atividade administrativa seja
REGISTROS – CESPE/2014) Em relação ao regime jurídi- exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional.
co-administrativo e aos princípios aplicáveis à adminis- A função administrativa já não se contenta em ser de-
tração pública, assinale a opção correta sempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados
A) É obrigatória a observância do princípio da pu- positivos para o serviço público e satisfatório atendimen-
blicidade nos processos administrativos, mediante a di- to das necessidades da comunidade e de seus membros”
vulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro).
relacionados ao direito à intimidade. O conceito refere-se ao princípio da
B) A presunção de legitimidade dos atos adminis- A) impessoalidade.
trativos, que impõe aos particulares o ônus de provar B) eficiência.
eventuais vícios existentes em tais atos, decorre do re- C) legalidade.
gime jurídico- administrativo aplicável à administração D) moralidade.
pública E) publicidade.
C) É obrigatória a observância do princípio da pu-
blicidade nos processos administrativos, mediante a di- Diante do enunciado podemos destacar algumas ex-
vulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os pressões que nos ajudarão a resolver o problema proposto,
relacionados ao direito à intimidade. quais sejam: “atividade administrativa exercida com presteza,
D) A violação do princípio da moralidade adminis- perfeição e rendimento funcional” e ainda “exigindo resultados
trativa não pode ser fundamento exclusivo para o con- positivos para o serviço público e satisfatório...”
trole judicial realizado por meio de ação popular. Pois bem, estamos diante das características do Princí-
E) Para que determinada conduta seja caracterizada pio da Eficiência, que em seu conceito temos a imposição
como ato de improbidade administrativa violadora do exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qua-
princípio da impessoalidade, é necessária a comprova- lidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos ad-
ção do respectivo dano ao erário. ministrados, evitando desperdícios e buscando a excelência
na prestação dos serviços.
O regime jurídico-administrativo aplicável à Adminis- Pelo Princípio da Eficiência, a Administração Pública tem
tração Pública é um regramento de direito público, sendo o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa pres-
aplicável aos órgãos e entidades vinculadas e que compõe tação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais
a administração pública e ainda à atuação dos agentes ad- econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da
administração pública, devendo ser prestada com perfeição
ministrativos em geral.
e satisfação dos usuários.
Tem seu embasamento na concepção de existência de
poderes especiais passíveis de ser exercidos pela admi-
RESPOSTA “B”.
nistração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e
exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez
03 - (TRT – 19ª REGIÃO/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO
é controlado ou limitado por imposições também especiais
– FCC/2014) Determinada empresa do ramo farmacêuti-
à atuação da administração pública, não existentes nas re-
co, responsável pela importação de importante fármaco
lações de direito privado. necessário ao tratamento de grave doença, formulou pe-
Justamente pela aplicabilidade do regime jurídico-ad- dido de retificação de sua declaração de importação, não
ministrativo com cláusulas e prerrogativas especiais confe- obtendo resposta da Administração pública. Em razão
ridas à Administração Pública decorre a presunção de legi- disso, ingressou com ação na Justiça, obtendo ganho de
timidade dos atos administrativos, assim entendido como causa. Em síntese, considerou o Judiciário que a Admi-
ou atributo ou característica do ato em si. nistração pública não pode se esquivar de dar um pronto
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se retorno ao particular, sob pena inclusive de danos irre-
presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os versíveis à própria população. O caso narrado evidencia
efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao adminis- violação ao princípio da:
trado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver A) publicidade.
afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o B) eficiência.
Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa C) impessoalidade.
comprovar a regularidade dos seus atos. D) motivação.
Dessa maneira, mesmo quando revestido de vícios, o E) proporcionalidade.
ato administrativo, até sua futura revogação ou anulação,
tem eficácia plena desde o momento de sua edição, pro- Pelas disposições prevista na Constituição Federal acerca
duzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser do principio da eficiência, temos a imposição exigível à Ad-
executado compulsoriamente, em virtude das consequên- ministração Pública de manter ou ampliar a qualidade dos
cias do regime jurídico-administrativo. serviços que presta ou põe a disposição dos administrados,
evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação
RESPOSTA: “B”. dos serviços.

106
DIREITO ADMINISTRATIVO

O administrador deve procurar a solução que me- C) embora não influa na elaboração das leis, a doutri-
lhor atenda aos interesses da coletividade, aproveitando na exerce papel fundamental apenas nas decisões conten-
ao máximo os recursos públicos, evitando dessa forma ciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo.
desperdícios. D) tanto a Constituição Federal como a lei em sentido
Tem o objetivo principal de atingir as metas, bus- estrito constituem fontes primárias do Direito Administrati-
cando boa prestação de serviço, da maneira mais sim- vo.
ples, mais célere e mais econômica, melhorando o cus- E) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudên-
to-benefício da atividade da administração pública. cia, ela sempre obriga a Administração Pública.
Dessa forma, caso ocorra omissão do Poder Público em Para a resolução de tal questão, é importante ter o co-
atender de forma eficiente os anseios da coletividade, nhecimento das fontes do Direito Administrativo, ou seja,
poderá, desde que provocado, ocorrer a intervenção do o embasamento de sua origem, e assim, encontramos no
Poder Judiciário, com fundamento de descumprimento ordenamento jurídico brasileiro as seguintes fontes:
de norma constitucional, com a conseqüente imposição - Lei
de responsabilidade do Estado por sua omissão. - Doutrina
- Jurisprudência
RESPOSTA: “B”. - Costumes
- Regulamentos Administrativos.
04 - (UNICAMP – PROCURADOR – VUNESP/2014)
Princípio constitucional de direito administrativo, relacio- A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial
nado à finalidade pública que deve nortear toda a ativida- e primária do direito administrativo brasileiro, tem em vista
de administrativa, fazendo com que a Administração Pú- a rigidez de nosso ordenamento jurídico, e a necessidade
blica não possa atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar da codificação de maneira expressa. Importante esclare-
pessoas determinadas, é o princípio da cer que o direito administrativo brasileiro não se encontra
A) legalidade. codificado em somente um corpo de lei, como ocorre em
B) impessoalidade. outras facetas do direito brasileiro, como o Código Civil,
C) moralidade. Código Tributário, entre outros, o que temos sobre regras
D) publicidade. administrativas estão articuladas, em regra gerais, na
E) eficiência. Constituição Federal de 1988, e ainda em uma infinida-
de de leis esparsas, constituindo-se como fontes primá-
A Administração Pública tem que manter uma posição de rias do Direito Administrativo, o que, por consequência,
neutralidade em relação aos seus administrados, resulta em certa dificuldade de uma sistematização deste
não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar importante ramo do direito brasileiro.
quem quer que seja. Dessa forma a Administra- A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do di-
ção pública deve servir a todos, sem distinção ou reito, podendo ser entendida como um conjunto de teses,
aversões pessoais ou partidárias, buscando sempre construções teóricas, opiniões dos doutores e dos estudio-
atender ao interesse público. sos do Direito Administrativo, resultante de atividade inte-
Impede o princípio da impessoalidade que o lectual, formulando princípios norteadores para a continui-
ato administrativo seja emanado com o objetivo dade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito
de atender a interesses pessoais do agente públi- Administrativo, constituindo-se como fonte secundária,
co ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu- com a atribuição de influenciar a elaboração de novas leis e
sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente também o julgamento das lides de natureza administrativa.
e impessoal, com tratamento igualitário a todos os A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigen-
administrados, nos termos que define a Lei e o inte- te dada pelos Tribunais, verificadas a partir de reiteradas
resse público. Ressalta-se ainda que o princípio da decisões judiciais em um mesmo sentido, solidificando o
impessoalidade possui estreita relação com o tam- entendimento majoritário dos tribunais superiores.
bém principio constitucional da isonomia, ou igual- Os costumes são o conjunto de regras e comportamen-
dade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou tos sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo
benesses pessoais. semelhante e uniforme pela sociedade, são as praticas ha-
bituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar
RESPOSTA: “B”. na falta de lei regulamentando determinado assunto, e os
Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes
05 - (TER/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2011) até não escritos percebidos pela lógica ou pela indução.
No que concerne às fontes do Direito Administrativo, é Regulamentos são atos normativos do Poder Executi-
correto afirmar que: vo, dotados de generalidade, impessoalidade, imperativi-
A) o costume não é considerado fonte do Direito Ad- dade e inovação. Produzidos mediante exercício do poder
ministrativo. regulamentar (ou função estatal regulamentar), as formas
B) uma das características da jurisprudência é o seu mais comuns de regulamentos são os decretos regulamen-
universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende a nacio- tares, mas também podem tomar forma de resolução e
nalizar-se, a jurisprudência tende a universalizar-se. outras modalidades, podendo desdobrar preceitos cons-

107
DIREITO ADMINISTRATIVO

titucionais de eficácia plena e de eficácia contida e atos A) presunção de legitimidade.


legislativos primários (leis complementares, leis ordinárias, B) publicidade.
leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e C) motivação.
resoluções). D) supremacia do interesse privado sobre o público.
E) impessoalidade.
RESPOSTA “D”.
Impede o princípio da impessoalidade que o ato admi-
06 - (TER/SC – ANALISTA JUDICIÁRIO – PON- nistrativo seja emanado com o objetivo de atender a interes-
TUA/2011) ses pessoais do agente público ou de terceiros, devendo ter
Os Princípios básicos da Administração Pública e do a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira
Direito Administrativo constituem regras de observân- eficiente e impessoal.
cia permanente e obrigatória ao Administrador. Pode- Por tal princípio temos que a Administração Pública tem
mos afirmar: que manter uma posição de neutralidade em relação aos
I. É dever do Administrador Público atuar segundo seus administrados, não podendo prejudicar nem mesmo
a lei, proibida sua atuação contra-legem e extralegem – privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administra-
princípio da legalidade ou legalidade estrita. ção pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões
II. A Administração Pública está obrigada a policiar, pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao inte-
em relação ao mérito e à legalidade, os atos adminis- resse público.
trativos que pratica, em atendimento ao princípio da Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade
autotutela. possui estreita relação com o também principio constitucio-
III. A Administração Pública direta e indireta dos nal da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma vedadas
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e perseguições ou benesses pessoais.
dos Municípios obedecerá apenas aos princípios de ob- Parte inferior do formulári
servância obrigatória: legalidade, impessoalidade, mo-
ral idade, publicidade e eficiência. RESPOSTA: “E”.
IV. Segundo o princípio da finalidade, o administra-
dor público não pode praticar nenhum ato que se des- 08 - (PM/RO – SARGENTO – PM/2014) Segundo o
vie da finalidade de satisfazer o interesse público em Direito Administrativo Brasileiro, julgue os itens subse-
detrimento de interesses privados. quentes.
A administração pública direta e indireta de qualquer
Está(ão) CORRETO(S): dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
A) Apenas o item I. dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
B) Apenas o item III. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
C) Apenas os itens I, II e III. () CERTO
D) Apenas os itens I, II e IV. () ERRADO

Conforme podemos verificar, somente a afirmativa III A Administração Pública é a atividade do Estado exer-
está incorreta, pois, não existe o Princípio Administrativo cida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das
da “moral idade” como sugestiona o elaborador da ques- atribuições públicas. Em outras palavras é o conjunto de ór-
tão, e, em uma tentativa de ludibriar o candidato menos gãos e funções instituídos e necessários para a obtenção dos
atento, inseriu juntamente com os demais princípios admi- objetivos do governo, ou seja, o atendimento dos anseios
nistrativos básicos e obrigatórios na atividade administra- sociais.
tiva, tal invenção, tentando confundir com o principio da A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou
moralidade. esferas, obedece aos princípios da legalidade, impessoalida-
O correto é que são os princípios básicos da Adminis- de, moralidade, publicidade e eficiência, como impõe a nor-
tração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, ma fundamental do artigo 37 da Constituição da República
Publicidade e Eficiência. Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em seu caput:

RESPOSTA “D”. “Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
07 - (TRT - 16ª REGIÃO/MA – ANALISTA JUDICIÁ- deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
RIO – FCC/2014) O Diretor Jurídico de uma autarquia impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, tam-
estadual nomeou sua companheira, Cláudia, para o bém, ao seguinte”.
exercício de cargo em comissão na mesma entidade. O
Presidente da autarquia, ao descobrir o episódio, de- RESPOSTA: “CERTO”.
terminou a imediata demissão de Cláudia, sob pena de
caracterizar grave violação a um dos princípios básicos
da Administração pública. Trata-se do princípio da

108
DIREITO ADMINISTRATIVO

09 - (PG/DF - ANALISTA JURÍDICO – IADES/2011) - Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em


Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Fe- decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse
deral que a Administração Pública Direta e Indireta de público são vedados ao administrador da coisa pública qual-
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distri- quer ato que implique em renúncia a direitos da administra-
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da ção, ou que de maneira injustificada e excessiva onerem a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e sociedade.
eficiência. A respeito dos princípios da Administração - Princípio da Autotutela: A Administração Pública
Pública, assinale a alternativa incorreta. pode corrigir de oficio seus próprios atos, revogando os ir-
A) O princípio da legalidade significa estar a Admi- regulares e inoportunos e anulando os manifestamente ile-
nistração Pública, em toda a sua atividade, adstrita aos gais, respeitado o direito adquirido e indenizando os preju-
mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob dicados, cuja atuação tem a característica de autocontrole
pena de invalidade do ato. Assim, se a lei nada dispuser, de seus atos, verificando o mérito do ato administrativo e
não poderá a Administração agir, salvo em situações ex- ainda sua legalidade; entre outros mais existentes na práti-
cepcionais. Ainda que se trate de ato discricionário, há de ca da atividade administrativa.
se observar o referido princípio.
B) Segundo a doutrina majoritária e decisão ho- RESPOSTA: “B”.
dierna do STF, o rol de princípios previstos no artigo 37,
caput, do texto constitucional é taxativo, ou seja, a Admi- 10 - (DPE/RJ - TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA
nistração Pública, em razão da legalidade e taxatividade PÚBLICA – FGV/2014) Os princípios administrativos são
não poderá nortear-se por outros princípios que não os os postulados fundamentais que inspiram o modo de
previamente estabelecidos no referido dispositivo. agir da Administração Pública. Entre os princípios da
C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 1º, Administração Pública, destaca-se:
dispõe sobre a forma de como deve ser feita a publicida- A) impessoalidade, que diz que a pena não pas-
de dos atos estatais estabelecendo que a publicidade dos sará da pessoa do condenado e que os sucessores res-
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos ponderão pelos débitos do falecido apenas nos limites
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de da herança.
orientação social, dela não podendo constar nomes, sím- B) moralidade, segundo o qual, no caso de apa-
bolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de rente colisão, se deve analisar no caso concreto qual
autoridades ou servidores públicos. direito fundamental deve prevalecer, através da técnica
D) O princípio da eficiência foi inserido positivamen- da ponderação de interesses.
te na Constituição Federal via emenda constitucional. C) autotutela, segundo o qual qualquer lesão ou
E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever ameaça de lesão a direito não será excluída da apreciação
de submissão da Administração Pública ao princípio da do Poder Judiciário, razão pela qual os atos da Adminis-
moralidade. Como exemplo, cita-se o julgado em que o tração Pública também estão sujeitos ao controle judicial.
Pretório Excelso entendeu pela vedação ao nepotismo D) publicidade, que prevê que a ampla publicida-
na Administração, não se exigindo edição de lei formal de dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
a esse respeito, por decorrer diretamente de princípios dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor-
constitucionais estabelecidos, sobretudo o da moralida- mativo ou eleitoral.
de da Administração. E) continuidade dos serviços públicos, excetuado
quando se permite a paralisação temporária da ativida-
Sempre com atenção ao que exige o enunciado da ques- de, como no caso de necessidade de reparos técnicos.
tão, diante das alternativas apresentadas, o elaborador da
questão exige que seja marcada a alternativa incorreta. O serviço público deve ser prestado de maneira continua
A alternativa “b” está errada, pois o artigo 37 “caput” da o que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto
Constituição Federal nos apresenta os Princípios Básicos da ocorre justamente pela própria importância de que o serviço
Administração Pública, sendo considerados princípios explí- público se reveste diante dos anseios da coletividade.
citos na Constituição Federal, e isso não significa que serão É o principio que orienta sobre a impossibilidade de para-
os únicos exigidos durante a atividade administrativa. lisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito
A atividade administrativa deve ser sempre pautada pe- dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido,
los princípios básicos constantes expressamente no “caput” pois se entende que a continuidade dos serviços públicos é es-
do artigo 37 da Constituição Federal, e ainda deve obediên- sencial a comunidade, não podendo assim sofrer interrupções.
cia aos demais princípios decorrentes deste, como exemplo: Entretanto, objetivando o atendimento ao Princípio
- Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Prin- Constitucional da Eficiência, é lícito à Administração Pú-
cípio, muito embora não se encontre expresso no enunciado blica efetuar a paralisação temporária de suas atividades
do texto constitucional é de suma importância para a atividade públicas, mediante prévio aviso aos usuários dos serviços
administrativa, tendo em vista que, em decorrência do regime públicos, para que sejam efetuadas melhorias no atendi-
democrático adotado pelo Brasil, bem como o seu sistema re- mento mediante reparos técnicos.
presentativo, temos que toda a atuação do Poder Público seja
consubstanciada pelo interesse público e coletivo. RESPOSTA: “E”.

109
DIREITO ADMINISTRATIVO

11 - (DPE/AM – DEFENSOR PÚBLICO – INSTITUTO CI- 13 - (TJ/RR – TÉCNICO JUDICIÁRIO - CESPE/2012)


DADES/2011) Julgue os itens a seguir, que versam sobre organização
Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Ad- administrativa.
ministração Pública, que ele foi inserido na atual Consti- Administração pública, em sentido objetivo ou ma-
tuição Federal com o intuito de: terial, consiste no conjunto de órgãos, agentes e pes-
A) estabelecer um modelo gerencial de Administração soas jurídicas instituídas para a consecução dos objeti-
B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Admi- vos do governo.
nistração () CERTO
C) valorizar a organização hierárquica. () ERRADO
D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da forma.
E) restringir a participação popular de gestão. A Administração Pública sob o aspecto material ou ob-
jetivo representa nada mais do que o conjunto de ativi-
A intenção do legislador constitucional de inserir o Prin- dades que costumam ser consideradas próprias da função
cípio da Eficiência dentre os demais princípios básicos da Ad- administrativa.
ministração Pública, expressos na Constituição Federal em seu Assim, temos que o conceito adota como referência a
artigo 37 “caput”, foi justamente de implantar um modelo de atividade propriamente dita, o que é de fato realizado, e
gerencia dos recursos públicos, tornando a atividade adminis- não quem as realizou.
trativa mais eficiente, mais célere, mais econômica, com me- A afirmativa da questão dispõe sobre o conceito de
lhor gestão do dinheiro público, fazendo prevalecer a forma Administração Pública em seu aspecto formal e subjetivo,
mais simples e eficaz da execução dos serviços públicos, es- no qual leva em conta o conjunto de órgãos, pessoas jurí-
tabelecendo de fato um modelo gerencial de Administração dicas e agentes que o nosso ordenamento jurídico identi-
Pública. fica como administração pública, não importando a ativi-
dade que exerça.
RESPOSTA: “A”.
12 - (TJ/CE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2014) Com RESPOSTA: “ERRADO”.
relação aos princípios que fundamentam a administração
pública, assinale a opção correta.
A) A publicidade marca o início da produção dos 14 - (UFAL – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO –
efeitos do ato administrativo e, em determinados casos, COPEVE-UFAL/2011)
obriga ao administrado seu cumprimento. Acerca dos princípios do Direito Administrativo, as-
B) Pelo princípio da autotutela, a administração sinale a opção correta.
pode, a qualquer tempo, anular os atos eivados de vício A) O princípio da eficiência preconiza que a ati-
de ilegalidade. vidade administrativa deve ser exercida com presteza,
C) O regime jurídico-administrativo compreende o qualidade e rendimento funcional.
conjunto de regras e princípios que norteia a atuação do B) O princípio da publicidade impõe a presença
poder público e o coloca numa posição privilegiada. do nome do gestor público nos atos e obras do Poder
D) A necessidade da continuidade do serviço público Público.
é demonstrada, no texto constitucional, quando assegu- C) O princípio da autotutela é relacionado ao con-
ra ao servidor público o exercício irrestrito do direito de trole que a administração pública exerce sobre seus
greve. próprios atos, por meio do qual ela anula os atos ile-
E) O princípio da motivação dos atos administra- gais, inconvenientes e inoportunos.
tivos, que impõe ao administrador o dever de indicar os D) O princípio da segurança jurídica possibilita,
pressupostos de fato e de direito que determinam a práti- nos processos administrativos, a aplicação retroativa
ca do ato, não possui fundamento constitucional. por parte da Administração Pública de nova interpre-
tação.
O regime jurídico-administrativo é o conjunto de normas, E) O princípio da moralidade administrativa é ex-
regras e princípios de direito público, que norteiam a atuação traído dos critérios pessoais do administrador público.
administrativa do Estado executada por órgãos e entidades
vinculadas e que compõe o Poder Público, e ainda norteia à Dentre as alternativas apresentadas na questão, a que
atuação dos agentes administrativos em geral. está perfeitamente de acordo com o real significado é a
Tem seu embasamento na concepção de existência de alternativa “A”, pois estamos diante dos atributos conferi-
poderes especiais passíveis de ser exercidos pela Administra- dos ao Princípio da Eficiência, que preza pela imposição
ção Pública, por meio de seus órgãos e entidades, e exteriori- exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a
zados pode meio de seus agentes, que por sua vez é controla- qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos
do ou limitado por imposições também especiais à atuação da administrados, evitando desperdícios e buscando a exce-
Administração Pública, não existentes nas relações de direito lência na prestação dos serviços, além da execução dos
privado. serviços públicos com presteza, qualidade e rendimento
funcional satisfatório.
RESPOSTA: “C”.

110
DIREITO ADMINISTRATIVO

Pelo Princípio da Eficiência, a Administração Pública para o serviço público e satisfatório atendimento das
tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa necessidades da comunidade e de seus membros. (Di-
prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere reito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros,
e mais econômica, melhorando o custo-benefício da ativi- 2003. p. 102).
dade da administração pública, devendo ser prestada com Infere-se que o princípio da eficiência
perfeição e satisfação dos usuários.
A) passou a se sobrepor aos demais princípios que
RESPOSTA “A”. regem a administração pública, após ter sua previsão
inserida em nível constitucional.
15 - (TRE/AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2011) B) deve ser aplicado apenas quanto ao modo de
A conduta do agente público que se vale da publici- atuação do agente público, não podendo incidir quan-
dade oficial para realizar promoção pessoal atenta con- do se trata de organizar e estruturar a administração
tra os seguintes princípios da Administração Pública: pública.
A) razoabilidade e legalidade. C) deve nortear a atuação da administração pú-
B) eficiência e publicidade. blica e a organização de sua estrutura, somando-se aos
C) publicidade e proporcionalidade. demais princípios impostos àquela e não se sobrepon-
D) motivação e eficiência. do aos mesmos, especialmente ao da legalidade.
E) impessoalidade e moralidade. D) autoriza a atuação da administração pública
dissonante de previsão legal quando for possível com-
O agente público ao utilizar-se de maneira incorreta provar que assim serão alcançados melhores resultados
dos meios oficias de publicação para realizar promoção na prestação do serviço público.
pessoal atenta claramente contra os princípios da Impes- E) traduz valor material absoluto, de modo que
soalidade e Moralidade. alcançou status jurídico supra constitucional, autorizando
Pelo Princípio da Impessoalidade impede que o ato a preterição dos demais princípios que norteiam a admi-
administrativo seja emanado com o objetivo de atender a nistração pública, a fim de alcançar os melhores resultados.
interesses pessoais, seja do próprio agente público, ou de Diante do Princípio Constitucional da Eficiência, temos
terceiros, devendo ter a finalidade exclusivamente ao que a imposição exigível à Administração Pública de manter ou
dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal, não sendo ampliar a qualidade dos serviços que presta ou põe a dis-
lícito ao agente público utilizar-se da máquina pública para posição dos administrados, evitando desperdícios e bus-
se autopromover. cando a excelência na prestação dos serviços, com modelo
Ademais, pelo Princípio da Moralidade, trata especifi- atual de administração gerencial.
camente da moral administrativa, onde se refere à ideia de Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando
probidade e boa-fé, sendo que a falta da moral comum boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais
impõe, nos atos administrativos a presenÇa coercitiva e célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da
obrigatória da moral administrativa, que se constitui de um atividade da Administração Pública.
conjunto de regras e normas de conduta impostas ao ad- O administrador deve procurar a solução que melhor
ministrador da coisa pública. atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao má-
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos con- ximo os recursos públicos, evitando dessa forma desperdí-
ceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do cios, cuja atuação administrativa será considerada perfeita
Direito positivo, como forma de impor à Administração Pú- quando estiver em conformidade com os demais princípios
blica, por meio de juízo de valor, um comportamento obri- constitucionais, não se sobrepondo a nenhum deles, mas
gatoriamente ético e moral no exercício de suas atribuições principalmente ao Princípio da Legalidade, diante das nor-
administrativas, através do pressuposto da moralidade. mas positivas em que se fundamenta nosso ordenamento
Assim, no caso hipotético descrito no enunciado da jurídico.
questão, o administrador público ao subutilizar os meios de
publicidade oficiais para realizar promoção pessoal, além RESPOSTA: “C”.
de atentar contra o princípio da impessoalidade, ataca a
boa-fé administrativa e a probidade, sendo assim um ato 17 - (Polícia Federal – AGENTE ADMINISTRATIVO
imoral, caracterizando ofensa ao princípio da Moralidade. – CESPE/2014) Considerando que o DPF é órgão res-
ponsável por exercer as funções de polícia judiciária da
RESPOSTA: “E”. União, julgue os itens a seguir.
O DPF, em razão do exercício das atribuições de po-
16 - (TRE/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) lícia judiciária, não se submete ao princípio da publici-
A eficiência, na lição de Hely Lopes Meirelles, é um de- dade, sendo garantido sigilo aos atos praticados pelo
ver que se impõe a todo agente público de realizar suas órgão.
atribuições com presteza, perfeição e rendimento fun- () CERTO
cional. É o mais moderno princípio da função adminis- () ERRADO
trativa, que já não se contenta em ser desempenhada
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos

111
DIREITO ADMINISTRATIVO

Pelo Princípio expresso constitucionalmente da Publi- Neste sentido, importante salientar breve conceito ela-
cidade, temos que a administração pública tem o dever de borado pelo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello:
oferecer transparência de todos os atos que praticar, e de
todas as informações que estejam armazenadas em seus “Esta posição privilegiada encarna os benefícios que a
bancos de dados referentes aos administrados. ordem jurídica confere a fim de assegurar conveniente prote-
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na ção aos interesses públicos instrumentando os órgãos que os
defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informa- representam para um bom, fácil, expedito e resguardado de-
ções e atos praticados devem ser acessíveis aos cidadãos. sempenho de sua missão.Traduz-se em privilégios que lhes
Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação ofi- são atribuídos. Os efeitos desta posição são de diversa ordem
cial como requisito de sua eficácia, salvo as exceções pre- e manifestam-se em diferentes campos.”
vistas em lei, onde o sigilo deve ser mantido e preservado.
Dessa forma, o Departamento da Polícia Federal, mes- Celso Antônio Bandeira de Mello, afirma ainda que, no
mo sendo órgão com atribuições de polícia judiciária deve- campo da Administra Pública, deste princípio do Direito
rá publicar todos os atos administrativos que praticar, ex- Administrativo decorrem os seguintes sub-princípios su-
cetuando as informações e investigações que a Lei garantir bordinados:
o sigilo.

RESPOSTA: “ERRADO”. - Posição privilegiada do órgão encarregado de zelar


pelo interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os
18 - (TRT - 15ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – particulares;
FCC/2013) Os princípios que regem a Administração
pública podem ser expressos ou implícitos. A propósito - Posição de supremacia do órgão nas mesmas relações;
deles é possível afirmar que:
A) moralidade, legalidade, publicidade e impes- - Restrições ou sujeições especiais no desempenho da
soalidade são princípios expressos, assim como a efi- atividade de natureza pública.
ciência, hierarquicamente superior aos demais.
B) supremacia do interesse público não consta Por tal Princípio do Direito administrativo, temos que
como princípio expresso, mas informa a atuação da Ad- o Poder Público se encontra em franca situação de autori-
ministração pública assim como os demais princípios, dade, superioridade e de comando perante os particulares,
tais como eficiência, legalidade e moralidade. prerrogativa esta que possibilita e instrumentaliza a geren-
C) os princípios da moralidade, legalidade, supre- cia do interesse coletivo, quando postos em confronto.
macia do interesse público e indisponibilidade do in- Esta posição de supremacia é bem explanada pelo re-
teresse público são expressos e, como tal, hierarquica- nomado Jurista Oswaldo Aranha Bandeira Mello:
mente superiores aos implícitos.
D) eficiência, moralidade, legalidade, impessoali- “A manifestação da vontade do Estado, internamente,
dade e indisponibilidade do interesse público são prin- se faz, de regra, de forma unilateral, tendo em vista o in-
cípios expressos e, como tal, hierarquicamente superio- teresse Estatal, como expressão do interesse do todo social,
res aos implícitos. em contraposição a outra pessoa por ela atingida ou com
E) do interesse público são princípios implícitos, ela relacionada. E, mesmo quando as situações jurídicas se
mas de igual hierarquia aos princípios expressos. formam acaso por acordo entre partes de posição hierárqui-
ca diferente, isto é, entre o Estado e outras entidades admi-
Além dos Princípios de Direito Administrativo previs- nistrativas menores e particulares, o regime jurídico a que
to na Constituição Federal, a doutrina administrativa adota se sujeitam é de caráter estatutário. Portanto, a autonomia
diversos outros princípios que norteiam o Direito Adminis- da vontade só existe na formação do ato jurídico. Porém, os
trativo e a atividade administrativa, dentre eles, destaca- direitos e deveres relativos à situação jurídica dela resultan-
mos o princípio da Supremacia do Interesse Público. te, a sua natureza e extensão são regulamentados por ato
Tal Princípio, muito embora não se encontre expresso unilateral do Estado, jamais criadas por disposições criadas
no enunciado do texto constitucional é de suma importân- pelas partes. Ocorrem, através de processos técnicos de im-
cia para a atividade administrativa, tendo em vista que, em posição autoritária da sua vontade, nos quais se estabele-
decorrência do regime democrático adotado pelo Brasil, cem as normas adequadas e se conferem os poderes próprios
bem como o seu sistema representativo, temos que toda a para atingir o fim estatal que é a realização do bem comum.
atuação do Poder Público seja consubstanciada pelo inte- É a ordem natural do direito interno, nas relações com outras
resse público e coletivo. entidades menores ou com particulares.”
Assim, para que o Estado possa atingir a finalidade
principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, Dessa forma, pelo princípio da Supremacia do Inte-
qual seja, o interesse público, é assegurado a administra- resse Público, os direitos e interesses coletivos devem se
ção pública uma série de prerrogativas, não existente no sobressair sobre os direitos particulares dos administrados,
direito privado, para que se alcance a vontade comum da pois decorre deste princípio que, na hipótese de haver um
coletividade. conflito entre o interesse público e os interesses de parti-

112
DIREITO ADMINISTRATIVO

culares, é evidente e lógico que a vontade comum e o inte- 20 - (TER/SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
resse coletivo deve prevalecer, respeitados os princípios do De acordo com a Constituição Federal, constituem prin-
devido processo legal, e do direito adquirido. cípios aplicáveis à Administração Pública os da legali-
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi-
RESPOSTA: “B”. ciência. Tais princípios aplicam-se às entidades
A) de direito público, excluídas as empresas pú-
19 - (TRT – 1ª REGIÃO (RJ) – TÉCNICO JUDICIÁRIO blicas e sociedades de economia mista que atuam em
– FCC/2011) regime de competição no mercado.
Analise as seguintes proposições, extraídas dos en- B) de direito público e privado, exceto o princípio
sinamentos dos respectivos Juristas José dos Santos da eficiência que é dirigido às entidades da Administra-
Carvalho Filho e Celso Antônio Bandeira de Mello: ção indireta que atuam em regime de competição no
I. O núcleo desse princípio é a procura de produti- mercado.
vidade e economicidade e, o que é mais importante, a C) integrantes da Administração Pública direta e
exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro públi- indireta e às entidades privadas que recebam recursos
co, o que impõe a execução dos serviços públicos com ou subvenção pública.
presteza, perfeição e rendimento funcional. D) integrantes da Administração Pública direta e
II. No texto constitucional há algumas referências a indireta, independentemente da natureza pública ou
aplicações concretas deste princípio, como por exem- privada da entidade.
plo, no art. 37, II, ao exigir que o ingresso no cargo, E) públicas ou privadas, prestadoras de serviço
função ou emprego público depende de concurso, exa- público, ainda que não integrantes da Administração
tamente para que todos possam disputar-lhes o acesso Pública.
em plena igualdade.
Conforme expressamente garante o Artigo 37 caput da
As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos se- Constituição Federal, dispõe que tanto a Administração Pú-
guintes princípios da Administração Pública: blica Direta, bem como Indireta de qualquer dos Poderes,
A) moralidade e legalidade. seja da União, dos Estados, do Distrito Federal e ainda dos
B) eficiência e impessoalidade.
Municípios deverá obediência aos princípios da Legalida-
de, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
C) legalidade e publicidade.
D) eficiência e legalidade.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
E) legalidade e moralidade.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
Na primeira afirmativa verificamos a presença de di-
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
versas características que compõem o Princípio da Eficiên-
também, ao seguinte:
cia, tais como: procura de produtividade e economicidade;
exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público; a Assim, a Constituição Federal, dada a importância de
execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e tais princípios, obriga e vincula o cumprimento de tais nor-
rendimento funcional. mas e diretrizes para toda a esfera pública, não excluindo
Quando o Administrador público atua na esfera admi- qualquer órgão, ente federativo ou entidade pública da
nistrativa adotando em suas condutas tais diretrizes, certa- aplicabilidade dos princípios elencados no artigo consti-
mente estará gerindo a coisa pública de maneira eficiente, tucional.
respeitando o dinheiro público e ainda respeitando os di-
reitos dos usuários dos serviços públicos. RESPOSTA: “D”.
Na segunda afirmativa, destacamos o trecho: para que
todos possam disputar-lhes o acesso em plena igualdade. 21 - (CESPE/MS – ANALISTA TÉCNICO – CES-
A Administração Pública, pelo Princípio da Impessoali- PE/2013) Acerca de Estado, governo e administração,
dade, deve tratar todos os administrados de maneira igua- julgue os itens a seguir.
litária, sem distinções e sem perseguições, e a realização de A administração é o aparelhamento do Estado
concurso público para preenchimento de cargos, funções preordenado à realização dos seus serviços, com vistas
ou empregos públicos, é o principal exemplo de impes- à satisfação das necessidades coletivas.
soalidade administrativa, visto que a administração pública () CERTO
não escolhe quem irá compor os quadros funcionais de sua () ERRADO
estrutura administrativa, sendo que o candidato mais pre-
parado para ocupar tais cargos, ou funções será contratado A Administração Pública é o aparelhamento estatal
pela Administração Pública, independente se é inimigo ou destinado ao desenvolvimento das atividades do Estado,
amigo do Administrador Público. devidamente organizada para a execução de atividades
públicas que objetivem a satisfação das necessidades cole-
RESPOSTA: “B”. tivas, exercida pelos seus órgãos encarregados do desem-
penho das atribuições públicas.

113
DIREITO ADMINISTRATIVO

Em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções A) Legalidade


instituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do B) Moralidade
governo, ou seja, o atendimento dos anseios sociais. C) Eficiência
D) Publicidade
RESPOSTA: “CERTO”.
Por meio do Principio da Eficiência, temos a imposição
22 - (TRT – 4ª REGIÃO/RS - ANALISTA JUDICIÁRIO – legal exigível à Administração Pública de manter ou am-
FCC/2011) pliar a qualidade dos serviços que presta ou põe a disposi-
O conteúdo do princípio constitucional da legalida- ção dos administrados, evitando desperdícios e buscando
de, a excelência na prestação dos serviços.
A) não exclui a possibilidade de atividade discricio- Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando
nária pela Administração Pública, desde que observados boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais
os limites da lei, quando esta deixa alguma margem para
célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da
a Administração agir conforme os critérios de conve-
atividade da administração pública.
niência e oportunidade.
O administrador deve procurar a solução que melhor
B) impede o exercício do poder discricionário pela
Administração, haja vista que esse princípio está voltado atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao
para a prática dos atos administrativos vinculados, puni- máximo os recursos públicos, evitando dessa forma des-
tivos e regulamentares. perdícios.
C) autoriza o exercício do poder discricionário pelo
administrador público, com ampla liberdade de escolha RESPOSTA: “C”.
quanto ao destinatário do ato, independentemente de
previsão normativa. 24 - (TJ/CE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2014)
D) impede a realização de atos administrativos de- Assinale a opção que explicita o princípio da adminis-
correntes do exercício do poder discricionário, por ser tração pública na situação em que um administrador
este o poder que a lei admite ultrapassar os seus parâ- público pratica ato administrativo com finalidade pú-
metros para atender satisfatoriamente o interesse públi- blica, de modo que tal finalidade é unicamente aquela
co. que a norma de direito indica como objetivo do ato.
E) traça os limites da atuação da Administração A) impessoalidade
Pública quando pratica atos discricionários externos, B) segurança jurídica
mas deixa ao administrador público ampla liberdade de C) eficiência
atuação para os atos vinculados internos. D) moralidade
E) razoabilidade
Antes de analisarmos a alternativa correta, imperiosa é
a necessidade de conceituarmos a expressão atividade dis- A Administração Pública tem que manter uma posição
cricionária. de neutralidade em relação aos seus administrados, não
Na atuação de atividade discricionária, somente o Admi- podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer que
nistrador Público, em contato direto com a realidade local, seja.
possui as condições de bem apreciar os motivos decorrentes Dessa forma a Administração Pública deve servir a
de oportunidade e conveniência da prática de determinados todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias,
atos. Isto ocorre pelo fato da impossibilidade jurídica do le-
buscando sempre atender ao interesse público.
gislador em descrever em lei todas as situações possíveis da
Nos termos do que prescreve o princípio constitucional
atividade administrativa, dada a multiplicidade e diversidade
da impessoalidade, a Administração Pública, na edição de
dos fatos que pedem pronta solução ao Poder público.
Assim, quando a lei autoriza confere liberdade ao Ad- ato administrativo, possui o dever legal atuar de acordo
ministrador Público em adotar a melhor solução, diante da com a finalidade pública e anseios sociais, de modo que
oportunidade e conveniência, para as situações da rotina ad- tal finalidade é unicamente aquela que a norma de direito
ministrativa, esta liberdade deve estar pautada pelo Princípio indica como o próprio objetivo do ato.
da Legalidade, pois a liberdade conferida ao administrador Impede o princípio da impessoalidade que o ato admi-
não significa que o mesmo pode praticar todo e qualquer nistrativo seja emanado com o objetivo de atender a inte-
ato que desejar, mas sim, escolher entre os atos lícitos e le- resses pessoais do agente público ou de terceiros, deven-
gais para a sua decisão. do ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de
maneira eficiente, impessoal e atendendo as necessidades
RESPOSTA “A”. públicas.
Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade
23 - (PC/TO – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – AROEI- possui estreita relação com o também principio constitu-
RA/2014) A Administração Pública deve sempre buscar cional da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma veda-
o resultado que melhor atenda ao interesse público com das perseguições ou benesses pessoais.
o menor dispêndio possível de tempo e recursos. Essa
afirmação enuncia qual princípio da Administração Pú- RESPOSTA: “A”.
blica?

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DIREITO ADMINISTRATIVO

25 - (TRT – 23ª REGIÃO/MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO E) O princípio da motivação dos atos administra-
– FCC/2011) tivos, que impõe ao administrador o dever de indicar
O Jurista Celso Antônio Bandeira de Mello apresen- os pressupostos de fato e de direito que determinam a
ta o seguinte conceito para um dos princípios básicos prática do ato, não possui fundamento constitucional.
da Administração Pública: De acordo com ele, a Admi-
nistração e seus agentes têm de atuar na conformidade O regime jurídico-administrativo é um regramento de
de princípios éticos. (...) Compreendem-se em seu âm- direito público, sendo aplicável aos órgãos e entidades vin-
bito, como é evidente, os chamados princípios da leal- culadas e que compõe a administração pública e ainda à
dade e boa-fé. atuação dos agentes administrativos em geral.
Trata-se de um conjunto de normas, regras, diretrizes
Trata-se do princípio da: e princípios especialmente de direito público que conduz
A) motivação. a atuação administrativa do Poder Público, conferindo ao
B) eficiência. mesmo prerrogativas públicas especiais que o coloca em
C) legalidade. situação de supremacia em relação aos administrados.
D) razoabilidade. Tem seu embasamento na concepção de existência de
E) moralidade. poderes especiais passíveis de ser exercidos pela adminis-
tração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e ex-
O Princípio da Moralidade vem expresso na Consti- teriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez é
tuição Federal no caput do artigo 37, que trata especifica- controlado ou limitado por imposições também especiais à
mente da moral administrativa, onde se refere à ideia de atuação da administração pública, não existentes nas rela-
probidade, lealdade e boa-fé. ções de direito privado.
A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou
ao status de principio constitucional, dessa maneira pode- RESPOSTA: “C”.
-se dizer que um ato imoral é também um ato inconstitu-
27 - (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE/2011)
cional.
Com relação à estrutura e à organização administrativa
A falta da moral comum impõe, nos atos administrati-
e aos princípios fundamentais da administração públi-
vos a presença coercitiva e obrigatória da moral adminis-
ca, julgue os itens a seguir.
trativa, que se constitui de um conjunto de regras e normas
O princípio da razoabilidade refere-se à obrigato-
de conduta impostas ao administrador da coisa pública.
riedade da administração pública em divulgar a funda-
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos con-
mentação de suas decisões por meio de procedimento
ceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do
específico.
Direito positivo, como forma de impor à Administração Pú-
( ) CERTO
blica, por meio de juízo de valor, um comportamento obri- ( ) ERRADO
gatoriamente ético e moral no exercício de suas atribuições
administrativas, através do pressuposto da moralidade. A Administração Pública, durante o exercício da ativi-
A noção de moral administrativa não esta vinculada às dade administrativa deve agir com bom senso, de modo
convicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a razoável e proporcional à situação fática que se apresenta.
noção de atuação adequada e ética perante a coletividade, Conforme dispõe o jurista administrativo Celso Anto-
durante a gerência da coisa pública. nio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito Admi-
nistrativo, assim define o Princípio da Razoabilidade:
RESPOSTA: “E”.
“Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao
26 - (TJ/CE – Técnico Judiciário – CESPE/2014) Com atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios
relação aos princípios que fundamentam a administra- aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o sen-
ção pública, assinale a opção correta. so normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalida-
A) A publicidade marca o início da produção dos des que presidiram a outorga da competência exercida. Vale
efeitos do ato administrativo e, em determinados ca- dizer: pretende-se colocar e, claro que não serão inconve-
sos, obriga ao administrado seu cumprimento. nientes, mas também ilegítimas – e, portanto, jurisdicional-
B) Pelo princípio da autotutela, a administração mente invalidáveis - , as condutas desarrazoadas, bizarras,
pode, a qualquer tempo, anular os atos eivados de vício incoerentes ou praticadas com desconsideração às situações
de ilegalidade. e circunstâncias que seriam atendidas por quem tivesse atri-
C) O regime jurídico-administrativo compreende butos normais de prudência, sensatez e disposição de acata-
o conjunto de regras e princípios que norteia a atuação mento às finalidades da lei atributiva da discrição almejada.”
do poder público e o coloca numa posição privilegiada A legislação proporciona ao Administrador Público
D) A necessidade da continuidade do serviço pú- margem de liberdade para atuar durante a execução da
blico é demonstrada, no texto constitucional, quando atividade administrativa, ficando limitada pelo Princípio da
assegura ao servidor público o exercício irrestrito do Razoabilidade, evitando a Administração o cometimento
direito de greve. de condutas desarrazoadas paras as situações que se apre-

115
DIREITO ADMINISTRATIVO

sentarem, evitando ainda a arbitrariedade administrativa, D) O princípio da publicidade exige que a admi-
sendo certo que a carência de observância a tal Princípio nistração pública dê ampla divulgação dos seus atos,
configura em abuso de poder. inclusive fornecendo, gratuitamente, certidões para a
defesa de direitos e o esclarecimento de situações de
RESPOSTA: “ERRADO”. interesse pessoal quando solicitadas.
E) O STF entende, com base no princípio da am-
28 - (TJ/MA – JUIZ – CESPE/2013) Consoante aos pla defesa, que, em processo administrativo disciplinar,
princípios da administração pública, assinale a opção é obrigatório que a defesa técnica seja promovida por
correta. advogado.
A) De acordo com o princípio da publicidade, toda
e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada Pelo principio constitucional da publicidade, temos que a
por lei. administração tem o dever de oferecer transparência de todos
B) Dado o princípio da legalidade, deve o adminis- os atos que praticar, e de todas as informações que estejam
trador público pautar sua conduta por preceitos éticos. armazenadas em seus bancos de dados referentes aos admi-
C) A obrigação de a administração pública ser im- nistrados, fornecendo para tanto, de forma gratuita, certidões
pessoal decorre do princípio da moralidade. e atestados requeridos por interessados, como forma de defe-
D) A eficiência constitui princípio administrativo sa e esclarecimentos de situações de interesse pessoal.
previsto na CF. Portanto, se a Administração Pública tem atuação na
defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informa-
A Administração Pública é a atividade do Estado exer- ções e atos praticados devem ser acessíveis aos cidadãos.
cida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das Por tal razão, os atos públicos devem ter ampla divulga-
atribuições públicas. Em outras palavras é o conjunto de ção oficial como requisito de sua eficácia, salvo as exceções
órgãos e funções instituídos e necessários para a obtenção previstas em lei, onde o sigilo deve ser mantido e preservado.
dos objetivos do governo, ou seja, o atendimento dos an-
seios sociais. RESPOSTA: “D”.
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes
ou esferas, obedece aos princípios da legalidade, impessoa- 30 - (MI - ANALISTA TÉCNICO – CESPE/2013) Com
lidade, moralidade, publicidade e eficiência, como impõe a relação a Estado, governo e administração pública, jul-
norma fundamental do artigo 37 da Constituição da Re- gue os itens seguintes.
pública Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em Em sentido objetivo, a expressão administração pú-
seu caput: blica denota a própria atividade administrativa exerci-
da pelo Estado.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de ( ) CERTO
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- ( ) ERRADO
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, A Administração Pública sob o aspecto material, obje-
também, ao seguinte”. tivo ou funcional representa nada mais do que o conjunto
de atividades que costumam ser consideradas próprias da
RESPOSTA: “D”. função administrativa.
De maneira usual, são apontadas como próprias da
29 - (DPE/RR – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE/2013) administração pública em sentido material as seguintes
Considerando os princípios aplicáveis à administração atividades:
pública e a jurisprudência do STF, assinale a opção cor-
reta. - Serviço Público: prestações concretas que represen-
A) Se um servidor administrativo estadual tiver tem utilidades ou comodidades materiais para a população
um pedido administrativo negado pela administração em geral;
pública, a admissibilidade de recurso administrativo - Policia Administrativa: são as atividades de restrições
que vier a ser oferecido por esse servidor estará condi- ou condicionamentos impostos ao exercício de atividades
cionada ao depósito prévio da taxa recursal. privadas em benefício do interesse coletivo;
B) O princípio da legalidade administrativa impõe - Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade
que a administração pública fundamente a sua atuação pública;
no direito, razão por que, para se realizar exame psico- - Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Es-
técnico em concurso público, é necessária prévia auto- tado no setor privado.
rização em ato normativo do chefe do Poder Executivo.
C) Caso o presidente de autarquia estadual pre- Assim, temos que o conceito adota como referência a
tenda nomear seu sobrinho para o cargo de diretor ad- atividade propriamente dita, o que é de fato realizado, e
ministrativo dessa entidade, não haverá óbice jurídico não quem as realizou.
para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo de-
pende da edição de lei formal. RESPOSTA: “CERTO”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

31 - (TRF/1ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL – CESPE/2013) Assinale:


Considerando a disciplina constante da legislação fede- A) se somente a afirmativa I estiver correta.
ral sobre as agências reguladoras e as agências executi- B) se somente a afirmativa II estiver correta.
vas, assinale a opção correta. C) se somente a afirmativa III estiver correta.
A) No exercício de seu poder normativo, as agên- D) se somente as afirmativas I e II estiverem corre-
cias reguladoras exercem função de natureza legislativa, tas.
particularmente no que se refere ao estabelecimento de E) se somente as afirmativas I e III estiverem cor-
normas relacionadas aos seus objetivos institucionais. retas.
B) A qualificação de uma autarquia ou fundação
pública como agência executiva deve ser feita por ato Somente a afirmativa II não está de acordo com o que
do titular do ministério em cuja área de competência dispõe a Lei e a Doutrina Administrativa, visto que, as enti-
esteja enquadrada sua principal atividade. dades paraestatais não compõem a Administração Direta,
C) Um dos requisitos necessários à qualificação de visto que trata-se de uma forma de descentralização da ati-
uma autarquia ou fundação pública como agência exe- vidade administrativa.
cutiva é a celebração de contrato de gestão com o res- Embora não exista consenso na doutrina administrati-
pectivo ministério supervisor ao qual se acha vinculada. va sobre Entidades Paraestatais, adotamos o entendimento
D) As relações de trabalho nas agências regulado- de que se enquadram no conceito exclusivamente pessoas
ras são regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho privadas, sem fins lucrativos, que exercem atividades de
e legislação trabalhista correlata, em regime de empre- interesse coletivo, mas não exclusivas da Administração
go público. Pública, recebendo para tanto, contrapartida do poder pú-
E) As agências reguladoras e as agências execu- blico para seu regular funcionamento
tivas integram a administração pública indireta, tendo As entidades paraestatais pertencem ao chamado “ter-
apenas as agências reguladoras a natureza de autarquia ceiro setor”, que podem ser definidos com aquele compos-
de regime especial. to por entidades privadas da sociedade civil organizada,
que atuam na prestação de serviços públicos de relevante
A Lei Federal nº 9.649/98 dispõe sobre a organização interesse social, por iniciativa exclusivamente privada, sem
da Presidência da República e dos Ministérios, conferindo fins lucrativos, porém incentivadas pelo Estado.
possibilidade jurídica ao Poder Executivo, em ato do Pre-
sidente da República qualificar como Agência Executiva RESPOSTA “E”.
autarquias e fundações, desde que cumprido alguns requi-
sitos estabelecidos no artigo 51 da mencionada Lei Federal, 33 - (TRT - 18ª Região/GO - ANALISTA JUDICIÁRIO
senão vejamos: – FCC/2013) As autarquias integram a Administração
indireta. São pessoas:
A) políticas, com personalidade jurídica própria e
“Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agên- têm poder de criar suas próprias normas.
cia Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido B) jurídicas de direito público, cuja criação e indi-
os seguintes requisitos: cação dos fins e atividades é autorizada por lei, autô-
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de de- nomas e não sujeitas à tutela da Administração direta.
senvolvimento institucional em andamento; C) jurídicas de direito semi-público, porque sujei-
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo tas ao regime jurídico de direito público, excepcionada
Ministério supervisor.” a aplicação da lei de licitações.
Assim, nos termos legais, temos que autarquias e fun- D) políticas, com personalidade jurídica própria,
daçõs públicas poderão, a critério do Poder Executivo, criadas por lei, com autonomia e capacidade de auto
serem qualificadas como Agências Executivas, desde que administração, não sujeitas, portanto, ao poder de tu-
tenham celebrado contrato de gestão junto ao respectivo tela da Administração.
Ministério supervisor. E) jurídicas de direito público, criadas por lei, com
capacidade de auto administração, mas sujeitas ao po-
RESPOSTA: “C”. der de tutela do ente que as criou.

32 - (AL-AM – ANALISTA – ISAE/2011) - Com re- Nos termos do que dispõe o Decreto-Lei 200/67 que
lação à estrutura da Administração Pública, analise as define a entidade administrativa pertencente à Administra-
afirmativas a seguir: ção Indireta denominada Autarquia, temos:
I. Pertencem à Administração Pública indireta as
seguintes entidades: sociedades de economia mista, em- “Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
presas públicas, autarquias e fundações públicas. I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
II. As entidades paraestatais compõem a Adminis- personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
tração Pública direta. executar atividades típicas da Administração Pública, que
III. As entidades que compõem a Administração requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
Pública indireta possuem personalidade jurídica própria. nistrativa e financeira descentralizada.”

117
DIREITO ADMINISTRATIVO

Doutrinariamente temos que as autarquias são pes- 35 - (TCE/PR – ANALISTA DE CONTROLE ÁREA JU-
soas jurídicas de direito público, o que significa dizer que RÍDICA – FCC 2011). Inserem-se entre as entidades in-
tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da tegrantes da Administração pública indireta, além das
administração direta. empresas públicas, as
O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabele- A) sociedades de economia mista, as fundações pú-
cido para os órgãos da Admininstração Direta, aparecendo, blicas e as Organizações Sociais ligadas à Administra-
perante terceiros, como a própria Administração Pública. ção por contrato de gestão.
Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas B) autarquias, fundações e sociedades de economia
políticas) por não ter capacidade política, ou seja, o poder mista, que são pessoas jurídicas de direito público.
de criar o próprio direito, é pessoa pública administrativa, C) sociedades de economia mista exploradoras de
porque tem apenas o poder de auto-administração, nos atividade econômica, que se submetem ao mesmo re-
limites estabelecidos em lei, sujeitas ao Poder de Tutela gime jurídico das empresas privadas e aos princípios
do ente que a criou. aplicáveis à Administração Pública.
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de ad- D) fundações e autarquias, excluídas as sociedades
ministração indireta e está diretamente relacionada à ad- de economia mista.
ministração central, visto que não pode legislar em relação E) sociedades de economia mista, exceto as que
a si, mas deve obedecer à legislação da administração à operam no domínio econômico em regime de competi-
qual está subordinada. ção com as empresas privadas.
É ainda importante destacar que as autarquias pos-
suem bens e receita próprios, assim, não se confundem Sociedades de economia mista é uma sociedade na
com bens de propriedade da Administração direta à qual qual há colaboração entre o Estado e particulares, ambos
estão vinculadas. Igualmente, são responsáveis por seus reunindo recursos para a realização de uma finalidade.
próprios atos, não envolvendo a Administração central, ex- Criada para a prestação de serviços públicos ou para a ex-
ceto no exercício da responsabilidade subsidiária. ploração de atividades ecônomicas.
A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica
RESPOSTA: “E”. de direito privado e não se beneficia de isenções fiscais
ou de foro privilegiado, com atuação no mercado privado,
34 - (PGE/MT – PROCURADOR – FCC/2011) - O re- mas sempre com obediência aos principios norteadores da
gime jurídico aplicável às entidades integrantes da Ad- Administração Pública.
ministração indireta Tem seu conceito legal no artigo 5º, inciso III do Decre-
A) sujeita todas as entidades, independentemente to-Lei nº 200/67, que assim dispõe:
da natureza pública ou privada, aos princípios aplicá-
veis à Administração Pública. Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
B) é integralmente público, para autarquias, funda- III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada
ções e empresas públicas, e privado para sociedades de de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei
economia mista. para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
C) é sempre público, independentemente da natu- sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten-
reza da entidade. çam em sua maioria à União ou a entidade da Administra-
D) é sempre privado, independentemente da natu- ção Indireta.
reza da entidade.
E) é o mesmo das empresas privadas, para as em- RESPOSTA “C” .
presas públicas e sociedades de economia mista, exceto
em relação à legislação trabalhista.

Muito embora as entidades da Administração Indireta


seja considerada uma forma de descentralização da ati-
vidade administrativa, continua a manter vínculo com os
órgãos da Administração Direta, sendo o conjunto de pes-
soas jurídicas que possuem a competência para o exercício
de atividades administrativas.
São compostas por entidades com personalidade ju-
rídica própria, que foram criadas para realizar atividades
de Governo de forma descentralizada, estando todas elas
sujeitas aos princípios aplicáveis à Administração Pública,
independentemente de sua natureza jurídica.

RESPOSTA: “A”.

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