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AULA 01: Estado, Governo e Administração Pública

Estrutura do Estado
Desde o nascimento o homem é tutelado pelo Estado que, mesmo contra sua vontade, é
obrigado a seguir as suas regras. O objetivo do Estado é assegurar a vida humana em
sociedade, garantir a ordem interna e internacional, elaborar as regras de conduta, distribuir
justiça e promover o bem-estar da coletividade.

São três os elementos que formam o Estado:

 Povo — Conjunto de pessoas físicas que mantém vínculo jurídico-político com o


Estado.

 Território — Espaço físico onde se exerce a soberania.

 Governo — É o ente gestor do Estado através do exercício da soberania, não


admitindo poder igual no plano interno e nem tampouco poder superior no plano
externo.

Alguns autores acrescentam um quarto elemento:

 Fins (ou finalidades) — São os objetivos a serem alcançados pelo Estado, notadamente


os fins fundamentais.

Formas de Estado
São as maneiras através das quais o Estado organiza o seu povo, no seu território, e estrutura o
seu poder. As formas podem ser:

 Simples (ou unitário) — Existe uma única unidade centralizadora do poder político.

 Composto (ou complexo) — Há uma pluralidade descentralizada do poder político.


Pode ser uma confederação ou uma federação.

 Federação — É a reunião de partes internas (com governos) autônomas. Entende-se


que a soberania é do Estado Federal.

 Confederação — É a união de mais de um Estado.

Atividade Financeira do Estado


Para Alexandre Santos de Aragão (2007, p. 129), toda atividade estatal, de qualquer Poder,
possui finalidade voltada para o "bem comum ou a satisfação das necessidades dos cidadãos".

Dessa forma, podemos considerar que o “negócio do Estado” é gerar o bem comum, e que
para isso, o Estado necessita obter recursos e gerenciá-los.
O governo, como gestor do Estado, obtém os recursos, legitima sua utilização através da
aprovação dos representantes do povo e gasta visando a satisfazer as necessidades dos
cidadãos. Esses procedimentos podem ser evidenciados de forma sistêmica no diagrama a
seguir.

Para exercer atividade financeira o Estado utiliza as estruturas de governo e da


Administração Pública.

Estrutura do Governo
Todo governo faz sua estrutura fundamentada em alguns pilares, clique em cada pilar na
imagem e conheça alguns pontos importantes.

Conceito
Governo é o componente do Estado que conduz, politicamente, o conjunto de órgãos e
atividades para execução das políticas públicas.

É comum haver confusão entre os conceitos de Estado e Governo, porque muitos acreditam
que essas expressões possuem o mesmo significado, entretanto, são conceitos diferentes.

Os governos são transitórios e podem apresentar diferentes formas, enquanto os Estados


são permanentes.

Formas de Governo
São os tipos de relação do governo com o povo. Existem dois tipos básicos:

 Monarquia — O governo é exercido por um monarca que governa e transmite o poder


por hereditariedade.

 República — O princípio republicano relaciona as ideias de soberania popular com a


responsabilidade dos governantes que representam o povo e são escolhidos em
intervalos regulares através de eleições.
Teoria de Montesquieu
Na teoria clássica da tripartição dos poderes, conhecida como teoria de Montesquieu, o
governo é organizado em três poderes harmônicos entre si, e com suas funções
reciprocamente indelegáveis (CF/88 art. 2º).

 Poder Legislativo — Função normativa (elaboração de leis).

 Poder Executivo — Função administrativa (cumprimento das leis).

 Poder Judiciário — Função judicial (aplicação forçada das leis).

Cada Poder exerce a sua função de modo preferencial, mas não exclusivo, porque todos os
poderes praticam atos que, a rigor, seriam de outro poder.

Exemplos:

 O Poder Executivo exerce a função legislativa quando edita medidas provisórias;

 O Poder Legislativo exerce a função administrativa quando regula seus serviços


internos e a função judicial quando julga o Presidente da República por crime de
responsabilidade;

 O Poder Judiciário exerce a função administrativa quando regula seus serviços


internos e a função legislativa quando edita súmulas vinculantes e declarações de
inconstitucionalidade.

Estrutura da Administração Pública


Administração pública é o conjunto de órgãos do Estado que tem por finalidade satisfazer as
necessidades da coletividade, através da execução dos serviços públicos em áreas como
Educação, Segurança, Saúde, Transporte etc.

A Administração Pública pode ser exercida de forma centralizada ou descentralizada.

 Direta: Quando o Estado executa suas atividades diretamente através dos Poderes da


União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Nesse caso, os órgãos não
possuem personalidade jurídica própria nem patrimônio.

 Indireta: Quando o Estado transfere a execução das suas funções para outras pessoas
jurídicas, ligadas a ele. Nesse caso, as entidades possuem personalidade jurídica e
patrimônio, próprios, e são vinculados a um órgão da administração direta.

 Auxiliar: Visa a ampliar o alcance da ação estatal, fazendo-a chegar até os cidadãos


através de organizações particulares que recebem delegação de encargos públicos.
 Administração Direta: É composta pelo conjunto de órgãos diretamente ligados à
estrutura central de cada uma das esferas de governo: federal, estadual ou municipal,
com capacidade política para executar os serviços públicos por intermédio dos seus
órgãos. Dessa forma, a Administração Direta é constituída pelos órgãos que integram a
estrutura de governo.

 Administração Indireta: Tem por base a descentralização da estrutura administrativa


com vistas a ampliar o alcance dos serviços prestados pelo Estado, e é constituída por
um conjunto de órgãos vinculados à Administração Direta.

 Autarquia: As autarquias são entidades da Administração Indireta, autônomas, com


personalidade jurídica de direito público interno, sem fins lucrativos, destinadas à
realização de atividades tipicamente públicas que requeiram, para o seu melhor
funcionamento, gestão financeira e administrativa descentralizada, e podem ser
classificadas em três categorias básicas:

- Autarquias institucionais: são entidades criadas pelo Estado para executar tarefas
que lhe foram destinadas por lei. São meros entes administrativos, sem delegação
político estatal, que procuram apenas atingir os objetivos que lhes foram atribuídos.

- Autarquias corporativas: são entidades incumbidas de exercer a fiscalização sobre o


exercício de certas profissões. Exemplo: OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CRM
(Conselho Nacional de Medicina).

- Autarquias especiais (ou de regime especial): são entidades regidas por normativas
legais específicas, que lhes conferem prerrogativas especiais e diferenciadas.

 Fundação Pública: São entidades da Administração Indireta, com autonomia


administrativa, caracterizadas pela atribuição da personalidade jurídica, de direito
público ou privado, a um patrimônio, que exercem atividades de caráter social, como
assistência médica, educação, assistência social, pesquisa etc.

 Empresa Pública: São entidades da Administração Indireta, dotadas de personalidade


jurídica de direito privado, com capital exclusivo do Estado, criadas para exploração de
atividade econômica que o Poder Público exerce por força de contingência ou
conveniência administrativa.

 Sociedades de Economia Mista: São entidades dotadas de personalidade jurídica de


direito privado, criadas para exploração de atividade econômica, sob a forma de
sociedade anônima, que o Estado, ou uma entidade da Administração indireta,
detenha a maioria das ações com direito.

Princípios da Administração Pública


A palavra princípio vem do latim principium e tem significação variada, podendo dar a ideia de
começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia de verdade primeira, que serve de
fundamento, de base para algo.

Portanto, etimologicamente, o termo princípio origina-se de principal, primeiro, demonstrando


origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento.

Para Nunes (2002, p. 37): “Da mesma maneira que os princípios ético-jurídicos mais gerais, os
princípios constitucionais são o ponto mais importante do sistema normativo. Eles são
verdadeiras vigas mestras, alicerces sobre os quais se constrói o sistema jurídico.

Os princípios constitucionais dão estrutura e coesão ao edifício jurídico. Assim, devem ser
obedecidos, sob pena de todo o ordenamento jurídico se corromper”.

A Administração Pública rege-se por Princípios. O artigo 37, da Constituição Federal de 1988,
estabelece: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, o que forma o acróstico LIMPE.

 Legalidade: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege poenali — Não há crime,
tampouco pena, sem prévia definição legal.
Na Administração Pública, o princípio da legalidade restringe a atuação do
administrador público a somente aquilo que é permitido por lei, visando ao interesse
público.
Os particulares podem fazer tudo que a lei não proíbe, e, no caso da administração
pública, seus integrantes só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.

 Impessoalidade: O princípio da impessoalidade preconiza que os atos dos


administradores públicos devem, obrigatoriamente, ter como finalidade o interesse
público, e não próprio ou de um conjunto pequeno de pessoas amigas ou outro
interesse qualquer, que não seja público.

 Moralidade: Non omne quod licet honestum est — Nem tudo o que é legal é honesto.

 Publicidade: A Administração Pública tem o dever de dar total transparência a todos


os atos que praticar e fornecer todas as informações solicitadas pelos particulares,
mesmo que sejam de interesse pessoal, pois, como regra geral, nenhum ato
administrativo pode ser sigiloso.

Entretanto, o princípio da publicidade permite algumas exceções, como por exemplo,


os atos relacionados com a segurança nacional e da sociedade, ou quando o conteúdo
da informação for resguardado pelo direito à intimidade.
 Eficiência: A Administração Pública deve agir com rapidez, presteza, perfeição e ter
bom rendimento, considerando o aspecto econômico, sob a abordagem da relação
custo-benefício.

Serviços Públicos
Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou
por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais
ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”.

Os serviços públicos podem ser classificados conforme o quadro:

AULA 02: Formas de financiamento da atividade


estatal

Origem dos recursos públicos


São três as origens dos recursos públicos: Receitas públicas, Créditos públicos, Dívida ativa

Receita Pública
“Ingressos” ou “entradas” são palavras utilizadas para caracterizar as importâncias recebidas
pelos cofres públicos. Entretanto, nem todas as entradas de recursos podem ser consideradas
como receita pública.
Aliomar Baleeiro (2003) conceitua receita pública como “...a entrada que, integrando-se ao
patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem
acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”.

Na área pública, o conceito de receita deve ser analisado sob dois enfoques — Patrimonial e
Orçamentário.

Receita — Enfoque Patrimonial

Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação


positiva da situação líquida patrimonial, resultante do aumento de ativos ou da redução de
passivos de uma entidade.

A contabilização da receita é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio


das Resoluções CFC nº 750/1993 e nº 774/1994.

Conceito — De acordo com a Resolução CFC nº 1.121/2008, que dispõe sobre a estrutura


conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis.

“Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma
de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em
aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários
da entidade”.

Sob o enfoque patrimonial, a receita constitui uma variação patrimonial aumentativa, porque
aumenta o patrimônio líquido.

Momento de reconhecimento da receita, sob o enfoque patrimonial — Seguindo os


princípios contábeis, a receita deverá ser registrada no momento da ocorrência do seu fato
gerador, independentemente do recebimento.

Receita — Enfoque Orçamentário

Orçamento público é um importante instrumento de planejamento, que apresenta o fluxo


previsto de ingressos e de aplicação de recursos para o período de um ano.

Conceito — Sob o enfoque orçamentário, receitas públicas são os ingressos de recursos nos
cofres públicos, não passíveis de devolução, em qualquer esfera governamental, disponíveis
para alocação e cobertura das despesas públicas.

Portanto, as receitas orçamentárias são representadas pelos recursos que ingressam de forma
definitiva nos cofres públicos e que poderão ser destinados ao financiamento das despesas
públicas.

As receitas públicas podem ser classificadas em extraorçamentárias e orçamentárias.

Extraorçamentária: São representadas pelos recursos que ingressam nos cofres públicos, mas
que constituem compromissos exigíveis e, portanto, não podem ser utilizados para atender às
necessidades públicas. O pagamento de tais exigibilidades independe de autorização
legislativa. Os ingressos extraorçamentários decorrem do fato de que o Estado é obrigado a
arrecadar valores que, em princípio, não lhe pertencem. São exemplos de receitas
extraorçamentárias: cauções, fianças, consignações e outros.

Orçamentárias: São variadas as formas de classificação das receitas orçamentárias públicas.

Classificação prática da receita orçamentária pública


 Natureza

Classificação da receita orçamentária por natureza da receita

O art. 11 da lei nº 4.320/64 adotou o critério econômico para classificar as receitas


orçamentárias, dividindo-as em duas Categorias Econômicas: Receitas Correntes e
Receitas de Capital.

A Classificação Econômica, ou por Natureza da Receita, visa a identificar a origem do


recurso segundo o fato gerador, caracterizado pelo fenômeno que ocasionou o
ingresso dos recursos nos cofres públicos. Essa classificação é utilizada por todos os
entes da Federação.

O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/64 define que os itens da discriminação da


receita, mencionados no seu art. 11, serão identificados por números de código
decimal.

Convencionou-se denominar esse código de Natureza de Receita. Ele busca classificar


a receita identificando a origem do recurso segundo o fato gerador que ocasionou o
ingresso dos recursos aos cofres públicos.

A atual estrutura de codificação da natureza da receita entrou em vigor a partir do


exercício financeiro de 2016 e permite a extração de informações imediatas, provendo
celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer
procedimento paralelo para concatenar dados. (Fonte: MTO 2016)

Além disso, a estrutura possibilita associar, de forma imediata, a receita principal com
aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A
associação é efetuada dentro de uma estrutura de cinco níveis, por meio de um código
numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinais passam a ter o seguinte significado:
 Fonte/Destinação de Recursos

A classificação por fonte/destinação dos recursos é um instrumento criado para


assegurar que receitas vinculadas por lei à finalidade específica sejam exclusivamente
aplicadas em programas e ações que visem à consecução de despesas ou políticas
públicas associadas a esse objetivo legal.

As fontes/destinações de recursos agrupam determinadas naturezas de receita,


conforme haja necessidade de mapeamento dessas aplicações de recursos no
orçamento público, segundo diretrizes estabelecidas pela Secretaria do Orçamento
Federal (SOF).

Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de fonte/destinação


de recursos exerce duplo papel no processo orçamentário:

o Na receita, indica o destino de recursos para o financiamento de determinadas


despesas;

o Na despesa, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados.

Dessa forma, o mesmo código utilizado para controle das destinações da receita também é
utilizado na despesa, para controle das fontes financiadoras, contribuindo para o atendimento
do parágrafo único do art. 8º e do art. 50, inciso I, da Lei de Responsabilidade Fiscal:

“Art. 8º [...] Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão
utilizados, exclusivamente, para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício
diverso daquele em que ocorrer o ingresso. [...]

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das
contas públicas observará o seguinte:

I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados


a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma
individualizada.”

 Indicador de Resultado Primário

Segundo esta classificação, as receitas do Governo Federal podem ser divididas em:
Primárias (P), quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário;

Financeiras (F), quando não são incluídas no citado cálculo.

A maioria das receitas primárias refere-se às receitas correntes provenientes dos


tributos, das contribuições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos, da cota-
parte das compensações financeiras, das decorrentes do esforço de arrecadação das
Unidades Orçamentárias, das provenientes de doações e convênios e outras, também
consideradas primárias.

As receitas financeiras são aquelas que não contribuem para o resultado primário ou
não alteram o endividamento líquido no exercício correspondente, uma vez que criam
uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor
privado interno e/ou externo.

Elas são adquiridas junto ao mercado financeiro através da emissão de títulos ou da


contratação de operações de crédito. Também podem ter origem em aplicações
financeiras (juros recebidos, por exemplo) ou nas privatizações.

Crédito Público
A palavra “crédito” contém a ideia de “acreditar”, “confiar”, e tem origem no latim creditum.

O crédito é composto por dois elementos: a confiança e o prazo. O credor confia que a pessoa


a quem concede o crédito irá restituir-lhe o capital, no prazo e demais condições pactuadas.

Para Aliomar Baleeiro, “Crédito público é a faculdade que tem o Estado de, com base na
confiança que inspira e nas vantagens que oferece, obter, mediante empréstimo, recursos de
quem deles dispõe, assumindo, em contrapartida, a obrigação de restituí-los nos prazos e
condições fixados”.

São dois os meios através dos quais o Estado pode obter crédito público:

 Contraindo empréstimos de entidades privadas ou públicas, nacionais ou estrangeiras;

 Emitindo títulos e colocando-os nos mercados.


 No país: Interno — (empréstimo ou emissão de título interno) — quando o Estado
obtém recursos no próprio país.

 No exterior: Externo — (empréstimo ou emissão de título interno) — quando o Estado


obtém recursos em moeda estrangeira, proveniente do exterior.

 Compulsório — tem origem no exercício do poder soberano do Estado, e se configura


como um instrumento de captação de recursos financeiros que visa a atender
situações excepcionais.

 Voluntário — tem por base a autonomia da vontade do credor, podendo dar origem a
um contrato de mútuo ou ter por base a aquisição de títulos da dívida pública.

 Dívida fundada — contraída em longo prazo (mais de um ano), ou até mesmo sem
prazo certo ou obrigação de resgate, caso em que ocorre somente o pagamento de
juros e encargos.

 Dívida flutuante — contraída em curto prazo (um ano) para atender necessidades
para as quais as receitas não são suficientes.

Dívida Ativa
De forma alinhada com o art. 39 da Lei nº 4.320/1964, podemos conceituar dívida ativa como
a soma dos créditos tributários e não tributários em favor da Fazenda Pública, não recebidos
dentro dos prazos de pagamento estabelecidos em lei, inscritos pelo órgão ou entidade
competente, após apuração de certeza e liquidez.

A dívida ativa é uma fonte potencial de recursos financeiros e não deve ser confundida com a
dívida pública, uma vez que esta representa as obrigações do ente público (passivo).

A Dívida Ativa é classificada segundo a origem do crédito, nos termos do art. 39 da Lei nº
4.320/1964.

“Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão
escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas
orçamentárias.”

 Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de


obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas.

 Dívida Ativa não Tributária é proveniente dos demais créditos da Fazenda Pública,
decorrentes de contratos em geral ou de outras obrigações legais.

Geral da União, sendo a Dívida Ativa Tributária administrada pela Procuradoria-Geral da


Fazenda Nacional e a Dívida Ativa das autarquias e fundações públicas federais geridas pela
Procuradoria-Geral Federal.

Os estados, o Distrito Federal e os municípios têm autonomia para definir os órgãos e


entidades que realizarão a gestão da dívida ativa.

Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, somente poderão ser


encaminhados para inscrição em dívida ativa os créditos vencidos anteriormente reconhecidos
como créditos a receber no ativo do órgão ou entidade de origem do crédito.

Verificado o não recebimento do crédito no prazo de vencimento, cabe ao órgão ou entidade


de origem do crédito encaminhá-lo ao órgão ou entidade competente para sua inscrição em
dívida ativa, com observância dos prazos e procedimentos estabelecidos.

Etapas e estágios da receita pública


O Manual da Receita Nacional estabelece que a receita pública percorra três etapas:

 Planejamento

Efetuar a previsão implica planejar e estimar a arrecadação das receitas que constará
na proposta orçamentária.

Isso deve ser realizado em conformidade com as normas técnicas e legais correlatas,
com destaque para as disposições constantes da Seção I, “Da Previsão e da
Arrecadação”, do Capítulo III, da Lei de Responsabilidade Fiscal, em especial o art. 12.
“Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão
os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do
crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas
de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois
seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas.”

Segundo o Manual Técnico de Orçamento da Secretaria da Receita Federal, no âmbito


federal, a metodologia de projeção de receitas busca assimilar o comportamento da
arrecadação de determinada receita em exercícios anteriores, a fim de projetá-la para
o período seguinte, com o auxílio de modelos estatísticos e matemáticos.

O modelo dependerá do comportamento da série histórica de arrecadação e de


informações fornecidas pelos órgãos orçamentários ou unidades arrecadadoras
envolvidas no processo.

A previsão de receitas é a etapa que antecede a fixação do montante de despesas que


irá constar nas leis de orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades de
financiamento do governo.

 Execução

A Lei nº 4.320/1964 estabelece que a receita pública, na sua etapa de execução,


percorre três estágios: lançamento, arrecadação e recolhimento.

Lançamento: Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, lançamento é o


procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da
obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da
penalidade cabível.

Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, (art. 52 da Lei nº 4.320/64).


Por exemplo: uma doação em dinheiro recebida pelo Estado não percorre a essa
etapa.

São três as modalidades de lançamento:

o Lançamento por declaração - passa pelas etapas de declaração à autoridade,


lançamentos pela autoridade e notificação do contribuinte. É considerado um
lançamento misto, por envolver atos do contribuinte (sujeito passivo), que não
deve omitir fatos que deva declarar, e da autoridade administrativa (sujeito
ativo). Erros, por acaso encontrados, devem ser corrigidos pela administração,
independente da parte favorecida com a correção. Exemplos: ITBI.

o Lançamento direto ou por ofício - é feito por iniciativa da autoridade


administrativa, independentemente de qualquer colaboração do contribuinte.
Sua utilização é frequente em impostos lançados a partir de dados cadastrais.
Exemplos: IPTU e IPVA.
o Lançamento por homologação - é a modalidade em que a constituição do
crédito é feita sem prévio exame da autoridade. Cabe ao contribuinte (sujeito
passivo) apurar, informar e pagar a parcela referente à obrigação tributária,
sem o prévio exame da autoridade administrativa. Exemplos: o ICMS, ISS, IPI e
IR.

Esquematicamente, as etapas e os estágios da receita pública podem ser demonstrados da


seguinte forma:

 Controle e avaliação

Essa fase compreende a fiscalização realizada pela própria administração, pelos órgãos
de controle e pela sociedade.

O controle do desempenho da arrecadação deve ser realizado em consonância com a


previsão da receita, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização
das receitas e combate à sonegação, com as ações de recuperação de créditos nas
instâncias administrativa e judicial, bem como com as demais medidas para
incremento das receitas tributárias e de contribuições.

AULA 03: Despesa pública


“Dispêndio”, “gasto” ou “desembolso” são palavras utilizadas, normalmente, para caracterizar
as importâncias que saem dos cofres públicos. Entretanto, nem todas essas saídas podem ser
consideradas como despesa pública.

José Carlos Marion nos ensina que “todo dinheiro que sai do caixa pelo pagamento de uma
despesa ou por outra aplicação qualquer denomina-se desembolso ou desencaixe”.

Os recursos que saem dos cofres públicos e que não representam uma despesa são aqueles
que não são aplicados no custeio das necessidades públicas, pois se destinam ao pagamento
de obrigações que estavam integradas no passivo.

Essas saídas são denominadas desembolsos extraorçamentários, não constam da lei do


orçamento e consistem, basicamente, na devolução de valores decorrentes de ingressos
extraorçamentários, tais como: depósitos, cauções, consignações, pagamento de Restos a
Pagar etc.

Os desembolsos extraorçamentários ocorrem porque o Estado é obrigado a arrecadar recursos


que, em princípio, não lhe pertencem.

Despesa – Enfoque Patrimonial


“Despesa” é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação
negativa da situação líquida patrimonial, resultante da redução de ativos ou do aumento de
passivos de uma entidade. Tecnicamente, uma despesa representa uma Variação Patrimonial
Diminutiva — VPD.

Conceito — é dado a partir da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.121, de


28 de março de 2008, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis.

De acordo com a resolução, as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o
período contábil, sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incremento em
passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de
distribuição aos proprietários da entidade.

Momento de reconhecimento da despesa sob o enfoque patrimonial — A NBCT 16.5, que


trata dos registros contábeis, estabelece que “As transações no setor público devem ser
reconhecidas e registradas integralmente no momento em que ocorrerem”. O que se alinha
com os princípios da Oportunidade e da Competência, que estabelecem que despesa deve ser
registrada no instante em que ocorre o fato gerador, independentemente da data do
pagamento.

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, como ramo da Ciência Contábil, deve observar os
Princípios de Contabilidade.

A Resolução CFC nº 1.111/2007, ao aprovar o Apêndice II da Resolução CFC nº 750/1993,


proporcionou um maior esclarecimento sobre o conteúdo e a abrangência dos Princípios de
Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público, dentre os quais destacamos os princípios da
Oportunidade e da Competência.

Despesa – Enfoque Orçamentário


Orçamento público é um importante instrumento de planejamento, que apresenta o fluxo
previsto de ingressos e de aplicação de recursos para o período de um ano.
Conceito

Baleeiro (2003) confere dois diferentes conceitos à despesa pública:

“Em primeiro lugar, designa o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de
Direito público, para o funcionamento dos serviços públicos”;

“... é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público
competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de um fim a cargo do
governo”.

Para Lima (2007), “Define-se despesa pública como o conjunto de dispêndios da entidade
governamental para o funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, como parte do
orçamento, a despesa compreende as autorizações para gastos com as várias atribuições e
funções governamentais.

Em outras palavras, as despesas públicas correspondem à distribuição e ao emprego das


receitas para o custeio de diferentes setores da entidade governamental e para os
investimentos”.

Momento de reconhecimento da despesa sob o enfoque orçamentário

Na Contabilidade Pública, a despesa é reconhecida pelo regime de competência, nos termos


estabelecidos no art. 35 da Lei nº 4320/1964.

“Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:


...
II — as despesas nele legalmente empenhadas”.

O art. 35 da Lei nº 4320/1964 leva em conta os princípios da legalidade da despesa e da


anualidade do orçamento. Portanto, para que a despesa pública seja legítima e pertença ao
exercício, é preciso que, além da emissão do empenho, ela esteja autorizada na lei
orçamentária e tenha como base compromisso decorrente de lei, contrato, convênio, acordo,
ajuste etc., devidamente formalizado e em execução.

Quando a despesa orçamentária é reconhecida, pode ocorrer redução da situação líquida


patrimonial da entidade, conforme ela seja efetiva ou não efetiva.

Classificação da Despesa Orçamentária


São variadas as formas de classificação da despesa orçamentária pública. Vamos dividi-las em
três grupos. O primeiro, referente às classificações meramente acadêmicas, o segundo,
referente aos aspectos qualitativos, e o terceiro, referente aos aspectos quantitativos.
 Acadêmicas

Classificações acadêmicas da despesa orçamentária

Academicamente, a despesa pública pode ser classificada segundo a afetação


patrimonial, a competência e a regularidade.

o Quanto à afetação patrimonial, a despesa orçamentária pode ou não


provocar variação na situação patrimonial líquida, sendo classificada como
efetiva ou não efetiva, respectivamente.

 Despesa Orçamentária Efetiva — aquela que, no momento do seu


reconhecimento, reduz a situação líquida patrimonial da entidade.
Constitui fato contábil modificativo diminutivo;

 Despesa Orçamentária Não Efetiva — aquela que não altera a situação


líquida patrimonial no momento do seu reconhecimento, constituindo
fato contábil permutativo.

o Quanto à competência político-institucional, para realizar a despesa, ela pode


ser federal, estadual municipal ou distrital.
o Quanto à regularidade, as despesas podem ser ordinárias, assim entendidas
aquelas que são previstas e realizadas de forma regular, ou extraordinárias,
aquelas que ocorrem de forma imprevista.

 Qualitativos

Classificação qualitativa da despesa orçamentária


Sob o aspecto qualitativo, a despesa pode ser classificada de quatro formas:

o Por esfera orçamentária;

o Por entidade executora — Institucional;

o Por área de realização — Funcional;

o Por programa de trabalho — Programática.

 Quantitativos

Classificação quantitativa orçamentária


Sob o aspecto quantitativo, a despesa pode ser classificada de duas formas:

o Por natureza, também conhecida como classificação econômica;

o Por indicador de resultado primário.

Tipos especiais de Despesas


 Restos a Pagar

Conceito - Restos a Pagar são as despesas empenhadas, mas não pagas, dentro do
exercício financeiro, ou seja, até 31 de dezembro (art. 36 da Lei no 4.320/64 e 67 do
Decreto no 93.872/86). Quando o pagamento deixa de ser efetuado no próprio
exercício, procede-se, então, à inscrição em Restos a Pagar.

O conceito de Restos a Pagar está ligado aos Estágios da Despesa Pública,


representados pelo Empenho, Liquidação e Pagamento.

O art. 35 do Decreto n° 93.872/86, determina que o “empenho de despesa não


liquidada será considerado anulado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo
quando:

I) Vigente o prazo estabelecido para cumprimento da obrigação assumida pelo


credor;

II) Vencido o prazo para cumprimento da obrigação, esteja em curso a liquidação da


despesa, e é de interesse da Administração exigir o cumprimento da obrigação
assumida pelo credor;

III) Destinar-se a transferências a instituições públicas ou privadas;

IV) Corresponder a compromisso assumido no exterior.”

Conforme a sua natureza, os “restos a pagar” podem ser classificados em:

o Processados — são as despesas referentes a obrigações já cumpridas pelo


credor, isto é, entregou o material, prestou os serviços ou executou a etapa
da obra, dentro do exercício, tendo, portanto, direito líquido e certo,
faltando, apenas, o pagamento;

o Não processados — são as despesas que ainda dependem da prestação do


serviço ou do fornecimento do material, ou seja, despesas cujo direito do
credor não foi apurado. Representam, portanto, despesas ainda não
liquidadas.

 Suprimento de Fundos

Suprimento de Fundos é a denominação dada à despesa realizada em regime de


adiantamento, que é aplicável aos casos especiais, expressamente definidos em lei.
Consiste na entrega de numerário a servidor, para realização de despesas que não
possam subordinar-se ao processo normal de aplicação — excepcionalidade — sob
inteira responsabilidade do ordenador de despesa.

Casos de Aplicação do Suprimento de Fundos

o Para atender despesas eventuais, inclusive em viagem, e com serviços


especiais que exijam pronto pagamento em espécie;

o Para atender despesas em caráter sigiloso, conforme se classifica em


regulamento;

o Para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo


valor, em cada caso, não ultrapassar limites estabelecidos pela Portaria MF
nº 95, de 19/04/2002.

Ato de Concessão do Suprimento:

Regra: Cartão de Pagamento do Governo Federal — CPGF.

Exceção: Depósito em conta corrente nos casos em que não seja possível utilizar o CPGF.

A concessão de suprimento de fundos deverá respeitar os estágios da despesa pública:


empenho, liquidação e pagamento. E tem seu valor limitado pela legislação.

 Despesas de Exercícios Anteriores


Conceito - são despesas de exercícios encerrados, às quais o orçamento respectivo
consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las. Despesas que não se
tenham processado na época própria, bem como os restos a pagar com prescrição
interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício
correspondente, conforme estabelecido no art. 37 da Lei nº 4.320/1964.

O reconhecimento da dívida a ser paga, a conta de Despesas de Exercícios Anteriores,


cabe à autoridade competente empenhá-la.

De acordo com o § 2º do Art. 22 do Decreto 93.872/86, considera-se:

o Despesas que não tenham sido empenhadas em época própria — aquelas


cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no
encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo
estabelecido, o credor tenha cumprido com a sua obrigação;

o Restos a Pagar com prescrição interrompida — a despesa cuja inscrição em


Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas em relação à qual ainda vige o
direito do credor;

o Compromisso reconhecido após o encerramento do exercício — a obrigação


de pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito
do reclamante após o encerramento do exercício correspondente.

Limites de gastos com pessoal estabelecidos pela Lei da


Responsabilidade Fiscal – LRF
O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com o caput do art. 1º,
consiste em estabelecer “normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal”.

 Responsabilidade na gestão fiscal

Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo procura definir o que se
entende como “responsabilidade na gestão fiscal”, estabelecendo os seguintes
postulados:

o Ação planejada e transparente;

o Prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das contas


públicas;

o Garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resultados


entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita
e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, operações de
crédito, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
 Despesas de pessoal

A LRF estabelece limites máximos de gastos com pessoal e limites mínimos de gastos
com Educação e Saúde.

De acordo com a LRF, entende-se como despesas de pessoal:

o Somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos;

o Despesas com inativos e pensionistas;

o Mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos civis, militares e de


membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias;

o Vencimentos e vantagens, fixas e variáveis;

o Subsídios, proventos de aposentadoria;

o Reformas e pensões;

o Adicionais de qualquer natureza;

o Gratificações, horas extras e vantagens pessoais;

o Encargos sociais;

o Contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.


AULA 04: Aspectos Introdutórios

Contabilidade Aplicada ao Setor Público


A NBC T 16.1, aprovada pela Resolução CFC nº 1.128/08, conceitua e define o objeto, o
objetivo e o campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público:

 Conceito de Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: Contabilidade Aplicada ao Setor


Público é o ramo da Ciência Contábil que aplica, no processo gerador de informações,
os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle
patrimonial de entidades do setor público.

 Objeto da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: O objeto da Contabilidade Aplicada ao


Setor Público é o patrimônio público.

 Objetivo da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: O objetivo da Contabilidade


Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários:

o Informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza


orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do
setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão;

o A adequada prestação de contas;

o O necessário suporte para a instrumentalização do controle social.

 Função Social da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: A função social da


Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir, sistematicamente, o ciclo da
administração pública para evidenciar informações necessárias à tomada de decisões,
à prestação de contas e à instrumentalização do controle social.

 Campo de Aplicação da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: O campo de aplicação


da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor
público. Elas devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade
Aplicada ao Setor Público, considerando-se o seguinte escopo:

o Integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos


profissionais;

o Parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir


procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do
controle social.
 Campo de Aplicação da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1:

Regime contábil

Regime contábil é um procedimento que estabelece as regras para classificação e registro das
variações ou alterações patrimoniais (fatos contábeis). Os regimes contábeis podem ser:

a) Regime de caixa: estabelece que as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo


ingresso dos recursos financeiros e as despesas no momento da efetiva saída dos recursos
financeiros;

b) Regime de competência: estabelece que as receitas e as despesas sejam reconhecidas no


momento em que ocorrerem os seus respectivos fatos geradores, independentemente do
ingresso ou da saída dos recursos financeiros;

c) Regime misto: mescla o regime de caixa e o regime de competência, ou seja, estabelece que
as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo ingresso dos recursos financeiros e as
despesas no momento em que ocorrerem os respectivos fatos geradores, independentemente
do ingresso dos recursos financeiros.

Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público


O CFC, com base no Decreto-Lei nº 9.295, de 27/05/1946, com as alterações introduzidas pela
Lei nº 12.249/2010, edita resoluções que visam a disciplinar as Normas Brasileiras de
Contabilidade e regular os Princípios de Contabilidade.

O Apêndice II da Resolução CFC nº 750/93, aprovado pela Resolução CFC nº 1111/07, trata dos
Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público e, na sua introdução, traz o
seguinte enunciado:

“O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os
princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema,
seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e
qualificações essenciais da ordem que institui.

Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e,


por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema”.

Segundo o CFC, são seis os Princípios de contabilidade:

 Entidade;

 Continuidade;

 Oportunidade;

 Registro pelo Valor Original;

 Competência;

 Prudência.

(OBS: o Princípio da Atualização Monetária foi revogado pela Resolução CFC nº 1282/2010).

Resolução nº 1.111/07

Princípios de Contabilidade sob a Perspectiva do Setor Público

Princípio da Entidade

Art. 4º O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma


a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no
universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um
conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se
confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único. O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma
ou a agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas em
uma unidade de natureza econômico-contábil.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela autonomia e responsabilização do


patrimônio a ele pertencente.

A autonomia patrimonial tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização


pela obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos.

Princípio da Continuidade

Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no


futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em
conta essa circunstância.

Perspectivas do Setor Público

No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao estrito cumprimento da


destinação social do seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá enquanto
perdurar sua finalidade.

Princípio da Oportunidade

Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos


componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da


informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar
a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à fidedignidade dos


processos de reconhecimento, mensuração e evidenciação da informação contábil, dos atos e
dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as
Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público.

A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem


reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais
para sua ocorrência, visando ao completo atendimento da essência sobre a forma.

Princípio do Registro pelo Valor Original

Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do


patrimônio devem ser, inicialmente, registrados pelos valores originais das transações,
expressos em moeda nacional”.

Perspectivas do Setor Público

Nos registros dos atos e fatos contábeis, será considerado o valor original dos componentes
patrimoniais.

Valor Original, que, ao longo do tempo, não se confunde com o custo histórico, corresponde
ao valor resultante de consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com base
em valores de entrada ― a exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e custo
corrente; ou valores de saída ― a exemplo de valor de liquidação, valor de realização, valor
presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo.

Princípio da Competência

Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos
sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou
pagamento.

Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de


receitas e de despesas correlatas.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Competência aplica-se, integralmente, ao Setor Público.

Princípio da Prudência

Art. 10º O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do
ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente
válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no


exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no
sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não
sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e
apresentação dos componentes patrimoniais.

Perspectivas do Setor Público

A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturado por
determinados valores, segundo os Princípios do Valor Original, surgirem possibilidades de
novas mensurações.

A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situações classificáveis,


como manipulação do resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo
contrário, em consonância com os Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve
constituir garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou pessoas,
especialmente gestores, ordenadores e controladores.

Evolução da Contabilidade Pública no Brasil


1808 - Alvará de 28 de junho de 1808 baixado por D. João VI, criando o erário régio e o
Conselho da Fazenda.

1922 - Decreto nº 4.536/1922 ― Código de Contabilidade Pública (926 artigos). Aprovado pelo
Decreto nº 15.783/1922.

1964 - Lei nº 4.320/1964 ― Lei Geral de Finanças Públicas.

1986 - Decreto nº 95.452/86 ― cria a Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério


da Fazenda.
1987 - Implantação do Sistema Integrado de Administração Financeira; Adoção do Plano de
Contas Único Federal (PCASP) e da Conta Única.

1988 - Constituição Federal ― PPA / LOA / LDO.

1997 - Edição das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público


(International Public Sector Accounting Standards ― IPSAS) pela Federação Internacional de
Contadores (International Federation of Accountants - IFAC).

2000 - LC nº 101/2000 ― Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ― estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

2004 - O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) cria um Grupo de Estudos para estudar e
propor Normas de Contabilidade Aplicada ao Setor Público ― Portaria CFC 37/2004.

2007 - O CFC cria o Comitê Gestor da Convergência no Brasil ― Resolução nº 1.103/2007 ― e
edita a Resolução nº 1.111/07, que trata da aplicação dos Princípios da Contabilidade na
perspectiva do setor público (aprova o Apêndice II da Res. CFC 750/93).

2008

 Estabelecimento de diretrizes para o setor público quanto aos procedimentos,


práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma convergente
com as normas internacionais ― Portaria MF nº 184/2008;

 O CFC traduz para o Português as IPSAS, edita as 10 primeiras Normas Brasileiras de


Contabilidade Técnicas Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP) e o documento
“Orientações Estratégicas para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil”.

2009

 LC nº131/2009 ― acrescenta dispositivos à LC nº 101/2000;

 Decreto nº 6.976/2009 ― dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Federal;

 Edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

2012 - Início de Vigência das NBCTSP alinhada com os padrões internacionais.

2014 - PCASP obrigatório para todos os entes públicos.

2015 - Consolidação do novo padrão Contábil.

Principais normas e leis relacionadas com a Contabilidade Pública


 Lei Federal nº 4.320 de 17/03/1964 ― Conhecida como Lei Geral de Finanças Públicas.
Esta Lei estabelece regras de contabilidade e de controle dos orçamentos e balanços
da União, Estados, Municípios e Distrito Federal;
 Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000 ― Conhecida como Lei de Responsabilidade
Fiscal, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão;

 Códigos de Administração Financeira ― compõem a legislação que trata de matéria


contábil, financeira e orçamentária, nas esferas estadual e municipal, de forma
complementar à Lei nº 4.320/64;

 Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP), editadas


pelo Conselho Federal de Contabilidade, representam um importante marco na
normatização da contabilidade do setor público;

 Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP), aplicado à União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, editado pela Secretaria do Tesouro Nacional
(STN) do Ministério da Fazenda (MF), desenvolvido com conteúdo alinhado às NBCTSP;

 Manual Técnico de Contabilidade Aplicado ao Setor Público, aplicado à União, aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, cujos volumes I e II recebem os
subtítulos de Manual da Despesa Nacional e Manual da Receita Nacional,
respectivamente.

AULA 05: Aspectos Práticos


Patrimônio Público
Segundo a NBC T 16.2:

“Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou


não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do
setor público, que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor
público e suas obrigações”.

Normas brasileiras de contabilidade

O patrimônio público é estruturado em três grupos:

 Ativos
“Recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que resultem, para a entidade, benefícios econômicos futuros ou potencial de
serviços. Um ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios futuros
dele fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser determinado em bases
confiáveis” (MCASP 6ª edição).

 Passivos
“Obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos
se esperam que resultem para a entidade em saídas de recursos capazes de gerar
benefícios econômicos ou potencial de serviços.

Um passivo deve ser reconhecido quando for provável que uma saída de recursos
envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação
presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases
confiáveis” (MCASP 6ª edição).

 Patrimônio Líquido
“O valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos”
(MCASP 6ª edição).

Conforme disposto na NBC T 16.6, que trata das Demonstrações Contábeis do Setor
Público, o ativo e o passivo são segregados em “circulante” e “não circulante”, com
base em seus atributos de conversibilidade e exigibilidade. Por outro lado, a Lei nº
4.320/1964 segrega o ativo e o passivo em Financeiro e Permanente.

Mensuração de Ativos e Passivos


Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das
demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados nas demonstrações
contábeis.

O patrimônio das entidades do setor público, o orçamento, a execução orçamentária e


financeira e os atos administrativos que provoquem efeitos de caráter econômico e financeiro
no patrimônio da entidade devem ser mensurados ou avaliados monetariamente pela
contabilidade, observando o princípio da oportunidade, que estabelece que o reconhecimento
e o registro, devem ser feitos integralmente no momento em que ocorrerem.

Reconhecimento inicial
As entidades, inicialmente, devem realizar ajustes para que o balanço patrimonial reflita a
realidade dos seus elementos patrimoniais, mensurando inicialmente pelo custo ou valor
justo, os estoques, imobilizados e intangíveis, adotando, posteriormente, procedimentos de
mensuração após o reconhecimento inicial.

Mensuração após o reconhecimento inicial


Após o reconhecimento inicial do ativo imobilizado e intangível, as entidades, a fim de
identificar os respectivos valores justos, devem mensurar esses itens com a utilização de um
entre dois modelos:

 Método de reavaliação menos a depreciação e redução ao valor recuperável


acumuladas, subsequentes;

 Método dos custos menos a depreciação, menos a redução ao valor recuperável,


acumuladas.

Esse primeiro ajuste decorre de exercícios anteriores nos quais o patrimônio público não era
depreciado, nem eram ajustadas as valorizações e desvalorizações ocorridas no valor dos bens.

Reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão


Esses itens somente devem ser realizados depois de estabelecido o valor justo inicial.

Reavaliação
Reavaliação é a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do
ativo. Diversos fatores podem fazer com que o valor contábil de um ativo não corresponda ao
seu valor justo.

Assim, caso a entidade adote esse método de mensuração após reconhecimento inicial de uma
classe de ativo imobilizado ou intangível, é necessário que, de tempos em tempos, esses bens
passem por um processo visando adequar o seu valor contábil.

A frequência com que as reavaliações são realizadas depende das mudanças dos valores justos
dos itens do ativo que serão reavaliados.

Reavaliação do Ativo Imobilizado


Quando um item do ativo imobilizado é reavaliado, a depreciação acumulada na data da
reavaliação deve ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando-se o seu
valor líquido pelo valor reavaliado, gerando aumento ou diminuição no valor contábil
registrado.

Se um item do ativo imobilizado for reavaliado, é necessário que toda a classe de contas do
ativo imobilizado à qual pertence esse ativo seja reavaliada simultaneamente.

A reavaliação pode ser realizada através da elaboração de um laudo técnico por perito ou
entidade especializada, ou ainda através de relatório de avaliação realizado por uma comissão
de servidores.

Exemplos de fontes de informações para a avaliação do valor de um bem podem ser: o valor
do metro quadrado do imóvel em determinada região ou a tabela FIPE no caso dos veículos.
Caso seja impossível estabelecer o valor de mercado do ativo, pode-se defini-lo com base em
parâmetros de referência que considerem bens com características, circunstâncias e
localizações assemelhadas.

Reavaliação do Ativo Intangível


Após o seu reconhecimento inicial, um ativo intangível pode ser apresentado pelo seu valor
reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos qualquer
amortização acumulada. O valor justo deve ser apurado em relação a um mercado ativo.

Caso um ativo intangível em uma das classes de ativos intangíveis não possa ser reavaliado
porque não existe mercado ativo para ele, este somente poderá ser mensurado pelo custo
menos a amortização acumulada e a perda caso seja irrecuperável.

Redução ao Valor Recuperável


Caso o valor contábil de um ativo imobilizado ou intangível apresente valor acima da quantia
que será recuperada através do uso ou da venda desse ativo, é possível afirmar que esse ativo
está em imparidade (impairment).

A redução ao valor recuperável não deve ser confundida com a depreciação. Esta é entendida
como o declínio gradual do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, ou
seja, a perda do potencial de benefícios de um ativo motivada pelo desgaste, uso, ação da
natureza ou obsolescência. Já o impairment é a desvalorização de um ativo quando seu valor
contábil excede seu valor recuperável.

Redução ao valor recuperável pode ser entendida como uma perda dos futuros benefícios
econômicos ou do potencial de serviços de um ativo, além da depreciação. Quando o valor
contábil for superior ao valor recuperável, ocorrerá uma perda por redução ao valor
recuperável do ativo, que reflete um declínio na utilidade de um ativo para a entidade que o
controla.

Depreciação
É o declínio do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, ocasionada pelos
seguintes fatores:

 Deterioração física;

 Desgastes com uso;

 Obsolescência.

Para efetuar-se a depreciação, é necessário que a base monetária inicial seja confiável, ou seja,
o valor registrado deve espelhar o valor justo.

Métodos de Depreciação (NBC T 16.9)


O método de depreciação deve refletir o padrão em que os benefícios econômicos futuros ou
potencial de serviços do ativo devem ser consumidos pela entidade. Vários métodos de
depreciação podem ser utilizados para alocar de forma sistemática o valor depreciável de um
ativo ao longo da sua vida útil. Não é exigido que todos os bens sejam avaliados pelo mesmo
método.

Caso Prático 1 (MCASP 6ª edição pág. 162)


Uma entidade pretende realizar a depreciação de um bem utilizando o método das cotas
constantes. O valor bruto contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual de R$
600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a
política da entidade. Assim, a taxa de depreciação é de 20% ao ano.

Por questões didáticas a depreciação será calculada anualmente. A tabela a seguir demonstra
os cálculos:
O método da soma dos dígitos resulta em uma taxa decrescente durante a vida útil. Esse é o
método mais adequado para itens do imobilizado tais como veículos.

Caso Prático 2 (MCASP 6ª edição pág. 163)


Uma entidade pretende realizar a depreciação de um bem utilizando o método da soma dos
dígitos. O valor bruto contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual de R$ 600,00 e
valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a política da
entidade. Assim, a taxa de depreciação ao ano é de 20%. Por questões didáticas, a depreciação
será calculada anualmente. A tabela abaixo demonstra os cálculos:

O método das unidades produzidas resulta em uma taxa baseada no uso ou produção
esperados. A vida útil do bem é determinada pela capacidade de produção.

Caso Prático 3 (MCASP 6ª edição pág. 163)


Uma entidade pretende realizar a depreciação de um bem utilizando o método da soma dos
dígitos. O valor bruto contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual de R$ 600,00 e
valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a política da
entidade. Assim, a taxa de depreciação ao ano é de 20%. Por questões didáticas, a depreciação
será calculada anualmente. A tabela abaixo demonstra os cálculos:
Amortização (NBC T 16.9)
Amortização é a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer
outros, inclusive ativos intangíveis, com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo
objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

Exaustão (NBC T 16.9)


Determinados bens encontrados no ativo imobilizado estarão sujeitos à exaustão, em vez da
depreciação. Tais bens são aqueles explorados através da extração ou aproveitamento mineral
ou florestal, por exemplo, uma floresta mantida com fins de comercialização de madeira.
Dessa forma, a exaustão permitirá ao ente que o custo do ativo seja distribuído durante o
período de extração/aproveitamento.

Provisões
Provisões são obrigações presentes, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se
esperam que resultem para a entidade saídas de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos ou potencial de serviços, e que possuem prazo ou valor incerto.

O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) elenca alguns tipos de provisões, por
exemplo:

 Provisões para riscos trabalhistas;

 Provisões para riscos fiscais;

 Provisões para riscos cíveis;

 Provisões para repartição de créditos tributários específica de passivo;

 Provisões para riscos decorrentes de contratos de Parcerias Público-Privadas (PPP).

Variações Patrimoniais
Conforme estabelecido no Art. 100 da Lei nº 4.320/64, a Contabilidade Pública dispõe de um
conjunto de contas destinadas a demonstrar as alterações sofridas pelo patrimônio.

“Art. 100 - As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da


execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as
superveniências e insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta
patrimonial”.

A NBC T 16.4, que trata das Transações no Setor Público, traz as seguintes definições:

As variações patrimoniais são transações que promovem alterações nos elementos


patrimoniais da entidade do setor público, mesmo em caráter compensatório, afetando ou
não o seu resultado.

As variações patrimoniais que afetem o patrimônio líquido devem manter correlação com as
respectivas contas patrimoniais.

Entende-se por correlação a vinculação entre as contas de resultado e as patrimoniais, de


forma a permitir a identificação dos efeitos nas contas patrimoniais produzidos pela
movimentação das contas de resultado.

As variações patrimoniais, segundo o efeito causado no patrimônio líquido, classificam-se em


quantitativas e qualitativas.

 Quantitativas - aquelas decorrentes de transações que aumentam ou diminuem o


patrimônio líquido e têm as seguintes denominações:

o Variações Patrimoniais Ativas, aumentativas (VPA): aumentam o patrimônio


líquido;

o Variações Patrimoniais Passivas, diminutivas (VPD): diminuem o patrimônio


líquido.

 Qualitativas - aquelas decorrentes de transações que alteram a composição dos


elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio líquido. As variações qualitativas
decorrem de fatos permutativos nos quais há troca de elementos patrimoniais.

Além da classificação segundo o efeito causado no patrimônio líquido, as variações


patrimoniais ativas e passivas são divididas em dois tipos em função do orçamento:

a) Variações orçamentárias - que têm origem na execução da lei orçamentária e tanto podem
aumentar como reduzir o valor do patrimônio (VPA ou VPD);

b) Variações extraorçamentárias - as que ocorrem independentemente da execução da lei


orçamentária, e podem tanto aumentar como reduzir o valor do patrimônio líquido (VPA ou
VPD). Nesse caso, podemos ter duas situações:

 VPA - decorrentes de superveniências do ativo (doação recebida de bens, inscrição da


dívida ativa etc.), ou de insubsistências do passivo (cancelamento de restos a pagar,
perdão de dívida, prescrição de dívida etc.);
 VPD – decorrentes de insubsistências do ativo (doação de bens, sinistro de bens,
consumo de materiais, cancelamento da dívida ativa etc.), ou de superveniências do
passivo (doação concedida de bens, encampação de dívida etc.).

Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)


A Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu a exigência de que seja feita a consolidação
nacional das contas públicas. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) exerce essa atribuição
através da publicação anual do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN), congregando as
contas da União, estados, municípios e Distrito Federal.

A Portaria MF nº 184/2008 e o Decreto nº 6.976/2009 determinam que a STN edite


normativos, manuais, instruções de procedimentos contábeis e o plano de contas de âmbito
nacional, objetivando a elaboração e a publicação de demonstrações contábeis consolidadas.
A necessidade de evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e a busca por um
tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público
tornou imprescindível a adoção de um plano de contas com abrangência nacional.

A STN editou o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e o Manual de


Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), com abrangência nacional, que
regulamentam o registro da aprovação e execução do orçamento, resgatam o objeto da
contabilidade – o patrimônio, e buscam a convergência aos padrões internacionais, tendo
sempre em vista a legislação nacional e os princípios da ciência contábil. (MCASP 6ª edição)

Um plano de contas deve ter os seguintes componentes: (a) elenco de contas, que é a relação
das contas que compõem o plano; (b) função das contas, que é o descritivo do que a conta
registra; (c) funcionamento das contas, que se refere à descrição das situações nas quais a
conta é debitada ou creditada.

No MCASP você encontra o elenco de contas do PCASP, e no Sistema Integrado de


Administração Financeira (SIAFI), ou no Sistema Integrado de Administração Financeira para
Estados e Municípios (SIAFEM), você encontra a função e o funcionamento das contas.
Os entes da Federação somente poderão detalhar a conta contábil nos níveis posteriores ao
nível apresentado na relação de contas do PCASP. Por exemplo, caso uma conta esteja
detalhada no PCASP até o 6º nível (item), o ente poderá detalhá-la apenas a partir do 7º nível
(subitem), sendo vedada a alteração dos 6 primeiros níveis.

O PCASP dispõe de mecanismos que possibilitam a consolidação das contas públicas nos
diversos níveis de governo, com a adequada elaboração das DCASP e do BSPN.
Além dos atributos conceituais, as contas contábeis possuem um atributo legal, que é o
Indicador do Superávit Financeiro — Atributos Financeiro (F) e, Permanente (P). A classificação
do ativo e do passivo em financeiro e permanente permite a apuração do superávit financeiro
no Balanço Patrimonial (BP) de acordo com a Lei nº 4.320/1964.

Registro dos principais atos fatos típicos do setor público


No que diz respeito à aplicação do método das partidas dobradas, as contas das classes 1, 3, 5
e 7 (ímpares) têm natureza devedora e as das classes 2, 4, 6 e 8 (pares) têm natureza credora.

No que se refere à aplicação do regime de competência e do regime de caixa, os fatos


registrados nas contas do subsistema patrimonial (classes 1, 2, 3 e 4) utilizam o regime de
competência, e os fatos registrados nas contas do subsistema orçamentário (classes 5 e 6)
utilizam o regime de caixa para registro das receitas orçamentárias, e competência para
registro das despesas orçamentárias.

Identificação das contas patrimoniais (P) e financeiras (F) – Lei nº 4.320/1964


O art. 105 da Lei nº 4.320/1964 estabelece que o Balanço Patrimonial deve demonstrar, de
forma segregada, entre outros aspectos, o “ativo financeiro” e o “passivo financeiro”, de forma
que seja possível a apuração do superávit financeiro que pode ser utilizado para fins de
abertura de créditos adicionais, conforme previsto no art. 43 da Lei nº 4.320/1964. Para que
isso seja possível, os lançamentos devem ser acompanhados das letras “F” para as contas
financeiras ou “P” para as contas patrimoniais.

AULA 06: Demonstrações Contábeis do Setor Público


Papel Fundamental
Na área pública, as demonstrações contábeis têm papel fundamental, na medida em que
permitem, em relação às entidades públicas:

 Evidenciar as situações orçamentária, financeira e patrimonial;


 Evidenciar as variações patrimoniais;

 Promover a accountability;

 Promover a transparência da gestão das finanças públicas;

 Subsidiar a tomada de decisão;

 Instrumentalizar o controle social sobre as contas públicas.

As estruturas das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) têm origem na
Lei nº 4.320/1964 e na NBC T 16.6, e estão descritas na Parte V da 6ª edição do Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP).

A NBC T 16.6, que trata das demonstrações contábeis, foi aprovada através da Resolução nº
1.133/2008, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP)


O conjunto das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) é composto
pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 4.320/1964, pelas demonstrações exigidas pela
NBC T 16.6, e pelas demonstrações exigidas pela Lei Complementar nº 101/2000.

As alterações e inclusões nos anexos da Lei nº 4.320/1964 ocorreram em consonância com os


novos padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP), de forma alinhada com o
processo de convergência da Contabilidade Pública para padrões internacionais, visando suprir
as necessidades de informações dos usuários, internos e externos.
A estrutura e as definições dos elementos que compõem as Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (DCASP) constam da Parte V da 6ª edição do MCASP e devem ser
observadas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, de forma a
permitir a evidenciação, a análise e a consolidação das contas públicas em âmbito nacional.

Balanço Orçamentário – BO
O art. 102 da Lei nº 4.320/1964 estabelece que o Balanço Orçamentário demonstrará as
receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.

O Balanço Orçamentário é composto por:

 Quadro Principal;

 Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Processados;

 Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados.

O Balanço Orçamentário deve apresentar as receitas e despesas com os seguintes elementos:

Receitas: detalhadas por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, a


previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso
ou déficit de arrecadação.

Despesas: detalhadas por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando


a dotação inicial, a dotação atualizada para o exercício, as despesas empenhadas, as despesas
liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação.

Balanço Financeiro – BF
O Balanço Financeiro é composto por um único quadro que evidencia a movimentação
financeira, demonstrando:

 A receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por


fonte/destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas;

 Os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários;

 As transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou independentes


da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o RPPS;

 O saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte.

O Balanço Financeiro possibilita a apuração do resultado financeiro do exercício. Esse cálculo


pode ser efetuado de dois modos:
O resultado financeiro do exercício não deve ser confundido com o superávit ou déficit
financeiro do exercício apurado no Balanço Patrimonial.

Nem sempre um resultado financeiro positivo é um indicador de equilíbrio financeiro, pois


pode decorrer da elevação do endividamento público. Também, uma variação negativa não
significa, necessariamente, um mau desempenho, pois pode decorrer de uma redução no
endividamento.

Portanto, a análise deve ser feita conjuntamente com o Balanço Patrimonial.

Balanço Patrimonial – BP
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e
quantitativamente, a situação patrimonial da entidade pública através de contas patrimoniais,
bem como os atos potenciais, que são registrados em contas de compensação.

Os ativos e passivos são conceituados e segregados em circulante e não circulante, conforme


critérios estabelecidos na Parte II — Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP), do MCASP.

Por meio do Quadro de Ativos e Passivos, Financeiros e Permanentes, o Balanço Patrimonial


atende à Lei nº 4.320/1964, notadamente no que se refere ao cálculo do superávit ou déficit
financeiro do exercício, requerido para aplicação do disposto no inciso I do art. 43.

Ativo Circulante

Os ativos devem ser classificados como circulantes quando estiverem disponíveis para
realização imediata ou tiverem a expectativa de realização até doze meses após a data das
demonstrações contábeis.

Compreende os ativos que atendam a qualquer um dos seguintes critérios: sejam caixa ou
equivalente de caixa; sejam realizáveis ou mantidos para venda ou consumo dentro do ciclo
operacional da entidade; sejam mantidos primariamente para negociação; sejam realizáveis no
curto prazo.

Integram o Ativo Circulante:

 Caixa e Equivalentes de Caixa;

 Créditos a Curto Prazo;

 Investimentos e Aplicações Temporárias a Curto Prazo;

 Estoques;

 Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD) Pagas Antecipadamente.

Ativo Não Circulante

Compreende os ativos que têm expectativa de realização após doze meses da data das
demonstrações contábeis.

Integram o Ativo não Circulante:

 Realizável a Longo Prazo;

 Investimentos;

 Imobilizado;

 Intangível;

 Diferido.

Passivo Circulante

Compreende os passivos exigíveis até doze meses da data das demonstrações contábeis.

Integram o Passivo Circulante:

 Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a Pagar a Curto Prazo;

 Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo;

 Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo;

 Obrigações Fiscais a Curto Prazo;

 Obrigações de Repartições a Outros Entes;

 Provisões a Curto Prazo;

 Demais Obrigações a Curto Prazo.


Passivo Não Circulante

Compreende os passivos exigíveis após doze meses da data das demonstrações contábeis.

Integram o Passivo não Circulante:

 Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a Pagar a Curto Prazo;

 Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo;

 Fornecedores e Contas a Pagar a Longo Prazo;

 Obrigações Fiscais a Longo Prazo;

 Provisões a Longo Prazo;

 Demais Obrigações a Longo Prazo.

Demonstração das Variações Patrimoniais – VDP


A DVP evidenciará:

 As alterações ocorridas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução


orçamentária;

 O resultado patrimonial do exercício.

O resultado patrimonial do período é apurado pelo confronto entre as variações patrimoniais


quantitativas aumentativas e diminutivas.

A DVP pode ser elaborada de acordo com um dos dois modelos:

 Modelo Sintético: facilita a visualização dos grandes grupos de variações patrimoniais


que compõem o resultado patrimonial. Específica apenas os grupos (2º nível de
detalhamento do PCASP), e é acompanhado de quadros anexos que detalham sua
composição.

 Modelo Analítico: detalha os subgrupos das variações patrimoniais em um único


quadro. Esse modelo auxilia o recebimento das contas anuais por meio do Siconfi para
fins de consolidação.

A DVP permite a análise das alterações dos elementos patrimoniais e do desempenho da


administração pública e tem função semelhante à da Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE) do setor privado.

A DRE apura o resultado em termos de lucro ou prejuízo líquido. Já no setor público, o


resultado patrimonial não é um indicador de desempenho, mas um medidor do quanto o
serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais.

Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC


A DFC identificará:

 As fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa;

 Os itens de consumo de caixa durante o período das demonstrações contábeis;

 O saldo do caixa na data das demonstrações contábeis.

A DFC permite a análise da capacidade de geração de caixa e equivalentes de caixa e da


utilização de recursos próprios e de terceiros nas atividades da entidade.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa é composta por:

 Quadro Principal;

 Quadro de Receitas Derivadas e Originárias;

 Quadro de Transferências Recebidas e Concedidas;

 Quadro de Desembolsos de Pessoal e Demais Despesas por Função;

 Quadro de Juros e Encargos da Dívida.

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL

A DMPL demonstrará a evolução do patrimônio líquido da entidade. Dentre os itens


demonstrados, podemos citar:

 Os ajustes de exercícios anteriores;

 As transações de capital com os sócios (exemplos: aumento de capital, aquisição ou


venda de ações em tesouraria e os juros sobre capital próprio);

 O superávit ou déficit patrimonial;

 A destinação do resultado (exemplos: transferências para reservas e a distribuição de


dividendos);

 Outras mutações do patrimônio líquido.

A DMPL complementa o Anexo de Metas Fiscais (AMF), integrante do Projeto de Lei de


Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A DMPL é obrigatória para as empresas estatais dependentes, desde que constituídas sob a
forma de sociedades anônimas, e facultativa para os demais órgãos e entidades dos entes da
Federação.

Consolidação das Demonstrações Contábeis


A consolidação das demonstrações contábeis é o processo de agregação dos saldos das contas
de mais de uma entidade, excluindo-se as transações recíprocas, de modo a disponibilizar os
macro agregados do setor público, proporcionando uma visão global do resultado.

No setor público brasileiro, a consolidação pode ser feita no âmbito intragovernamental (em
cada ente da Federação) ou em âmbito intergovernamental (consolidação nacional).

A consolidação nacional é de competência da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e abrange


todas as entidades incluídas no orçamento fiscal e da seguridade social (OFSS), a saber:

 As esferas de governo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios);

 Os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário);

 A administração pública, direta e indireta, incluindo fundos, autarquias, fundações e


empresas estatais dependentes.

A fim de possibilitar a consolidação das contas públicas nos diversos níveis de governo, foi
criado no Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), um mecanismo para a
segregação dos valores das transações que serão incluídas ou excluídas na consolidação.

Esse mecanismo consiste na utilização do 5º nível (Subtítulo) das classes 1, 2, 3 e 4 do PCASP


para identificar os saldos recíprocos nas contas de natureza patrimonial.

O PCASP indica as contas obrigatórias e o nível de detalhamento mínimo a ser utilizado pelos
entes da Federação, a fim garantir a consolidação das contas nacionais.

Para fins de elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, devem ser excluídos os
seguintes itens, por exemplo:

 As participações nas empresas estatais dependentes;

 As transações e saldos recíprocos entre as entidades;

 As parcelas dos resultados do exercício, do lucro/prejuízo acumulado e do custo dos


ativos que corresponderem a resultados ainda não realizados.

AULA 07: Gestão Patrimonial


Inventário
Muitas vezes, as empresas colocam em suas fachadas uma placa com essa expressão:
“FECHADO PARA BALANÇO”.

Esses dizeres são inadequados, porque, na verdade, o estabelecimento está “FECHADO PARA
INVENTÁRIO”, visando conferir e atualizar as quantidades físicas dos seus estoques e, em
alguns casos, dos seus equipamentos e materiais.

Todas, ou quase todas as organizações, inclusive as da administração pública, realizam


inventários de seus bens com o objetivo de controlar o seu patrimônio e alimentar de forma
adequada as informações que farão parte das demonstrações contábeis.

Conceito de Patrimônio
A contabilidade conceitua patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações.
Entretanto, é comum empregar o termo “gestão patrimonial” apenas para os bens que
integram o patrimônio: materiais de consumo, equipamentos, materiais permanentes,
imóveis, semoventes e bens intangíveis.

No esquema, a seguir, você pode visualizar uma demonstração do foco da gestão patrimonial:

Inventário no Setor Público


A Lei nº 4.320/1964 traz os seguintes dispositivos acerca da Contabilidade Patrimonial:

Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter permanente, com indicação dos
elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes
responsáveis pela sua guarda e administração.

Art. 95. A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.

Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por base o inventário analítico
de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração sintética na contabilidade.

Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as normas seguintes:


I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a
conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;

II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de


construção;

III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras.

§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira,


deverão figurar ao lado das correspondentes importâncias em moeda nacional.

§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie serão


levadas à conta patrimonial.

§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.

Conceito de Inventário
SANTOS (2012), de forma alinhada com a Instrução Normativa SEDAP/PR nº 205/1988,
conceitua inventário sob duas abordagens: a primeira voltada para a gestão de matérias, e a
segunda referente à gestão dos bens patrimoniais do ativo permanente. Veja cada conceito, a
seguir:

Inventário voltado para a gestão de materiais

Inventário físico de materiais é: “O processo de contagem física de itens em estoque,


comparando-a com as quantidades indicadas no registro contábil da área de controle de
estoque com o objetivo de identificar e corrigir divergências”.

Principais objetivos do inventário físico de materiais:

 Cumprir a legislação;

 Conciliar os registros contábeis com a quantidade física dos bens;

 Identificar as causas das eventuais discrepâncias entre os registros contábeis e a


quantidade física dos bens;

 Promover os ajustes entre os registros contábeis e a quantidade física dos bens;

 Melhorar a qualidade das informações acerca dos bens.

Inventário voltado para a gestão dos bens patrimoniais do ativo permanente

“Inventário é o processo de contagem física dos bens (equipamentos/materiais permanentes),


comparando os dados levantados com as quantidades e demais informações contidas nos
registros (patrimônio físico/contábil) com o objetivo de identificar e corrigir divergências”.

Principais objetivos do inventário físico de bens:


 Cumprir a legislação;

 Certificar a existência física dos bens;

 Manter atualizados os registros e os controles patrimoniais;

 Identificar os responsáveis por bens patrimoniais;

 Conciliar as informações patrimoniais com os registros contábeis.

Atenção:
Conjugando os dois conceitos de uma forma abrangente, podemos afirmar que Inventário
físico é um instrumento de controle para a verificação dos saldos de estoques nos
almoxarifados e depósitos, e dos equipamentos e materiais permanentes, em utilização ou
não, na entidade.

Fases do Inventário
O inventário compreende as seguintes fases:

1 - Criação da Comissão de Inventário


Consiste na designação de servidores para realização do inventário.

2 - Levantamento
Consiste na emissão da lista inicial do inventário, que deve conter a totalidade dos bens a
serem inventariados, com a sua descrição, localização e valor.

3 - Arrolamento
Consiste no registro das características e quantidades obtidas no levantamento, podendo ser
de forma sintética ou analítica.

4 - Conciliação
Ajuste dos dados escriturais dos saldos físicos e contábeis, bem como o levantamento da
situação dos equipamentos e materiais permanentes em uso e suas necessidades de
manutenção e reparo, ou mesmo, se o bem ainda é necessário naquela unidade.

5 - Avaliação
Consiste na atribuição de uma unidade de valor ao elemento patrimonial, devendo ter por
base o custo.

6 - Encerramento

 Emissão e assinatura dos Termos de Responsabilidade pelos responsáveis pela guarda


dos bens.

 Relatório final da Comissão de Inventário.

Registro do Inventário
Na administração pública, o inventário deve ser registrado pela contabilidade, de forma a
promover o controle, a preservação e a prestação de contas do patrimônio.

Para que o inventário seja efetivo, é preciso que os bens, a partir do momento de aquisição,
sejam periodicamente reavaliados, e que sejam atualizadas as informações sobre
as condições físicas e de utilização dos mesmos.

Atenção:
A reavaliação dos bens patrimoniais implica a consideração de aspectos relativos à
mensuração do seu valor, em decorrência de fenômenos como a depreciação por desgaste ou
obsolescência.

Tipos de Inventário
Existem cinco tipos de inventários. Veja:

 Anual
Destinado a comprovar a quantidade e o valor dos bens patrimoniais do acervo de
cada unidade gestora, existente em 31 de dezembro de cada exercício — constituído
do inventário anterior e das variações patrimoniais ocorridas durante o exercício.

 Inicial
Realizado por ocasião da criação de uma unidade gestora, com o objetivo de
identificar e registrar os bens sob sua responsabilidade.

 De transferência de responsabilidade
Realizado quando há mudança do dirigente de uma unidade gestora.

 De extinção ou transformação
Realizado quando há extinção ou transformação da unidade gestora.

 Eventual
Realizado em qualquer época, por iniciativa do gestor ou dos órgãos de fiscalização e
controle.

Princípios Gerais dos Inventários


Os inventários devem seguir os seguintes princípios:

 Instantaneidade
O levantamento deve referir-se a um determinado instante, dia e hora do seu início e
término, para todo patrimônio a que se refere.

 Tempestividade
O levantamento deve ser realizado na data mais próxima possível do evento (motivo) a
que se refere, e no menor tempo possível, para evitar manobras, distorções de fatos
ou situações.
 Integridade
O levantamento deve envolver todos os elementos que são objetos do inventário a
que se refere.

 Especificação
O inventário deve especificar cada elemento patrimonial e agrupá-los, de acordo com
sua função, em grupos homogêneos que, efetivamente, o representem.

 Homogeneidade
Os elementos patrimoniais devem ser apresentados sob medidas uniformes (litros,
metros, quilos) e, principalmente, uma única medida de valor (moeda nacional).

 Uniformidade
Devem ser mantidos os mesmos critérios, normas e estrutura para a elaboração de
todos os inventários, com a finalidade de assegurar a possibilidade de comparações
entre inventários sucessivos.

Responsabilidade e movimentação dos bens


Em se tratando dos bens, a responsabilidade e movimentação dos mesmos é determinada da
seguinte forma:

 Responsabilidade sobre a guarda e a conservação dos bens públicos


Nos termos da IN SEDAP nº 205/1988, todo servidor público poderá ser chamado à
responsabilidade pelo desaparecimento do bem que lhe for confiado, para guarda ou
uso, bem como pelo dano que, dolosa ou culposamente, causar a qualquer material,
esteja ou não sob sua guarda.

Além disso, é dever do servidor comunicar, imediatamente, a quem de direito,


qualquer irregularidade ocorrida com os bens entregues aos seus cuidados.

 Bens em Almoxarifado
A existência e a movimentação dos itens de material permanente e de consumo serão
registradas e controladas mediante a observância das normas relativas ao controle do
almoxarifado.

Os itens de material permanente, normalmente, não passam por armazenagem em


estoque ou guarda em almoxarifado, pois são colocados imediatamente em uso. Os
itens de material de consumo, normalmente, são armazenados em estoques ou
guardados em almoxarifado e são colocados em uso paulatinamente.

Atividades Básicas da Administração Patrimonial


A administração patrimonial possui uma responsabilidade primordial na gestão de bens. Sua
atividade demanda a interação dos setores de patrimônio, contabilidade e almoxarifado e
consiste na execução de diversas tarefas, dentre as quais podemos citar:

 Classificação dos bens;


 Registro contábil dos bens;

 Identificação, numeração e emplacamento dos bens;

 Cadastramento dos bens no patrimônio;

 Atribuição de responsabilidade sobre os bens;

 Avaliação e reavaliação dos bens;

 Descrição das características e do estado físico dos bens;

 Movimentação dos bens: alocação, recolhimento, transferência e baixa;

 Registro e regularização dos bens imóveis.

Atenção:

Operacionalmente, a baixa consiste na retirada do bem do cadastro físico e contábil e pode ter
origem em variadas causas, tais como:

 Esgotamento pelo uso normal;

 Alienação;

 Avaria;

 Furto;

 Obsolescência.

Classificação Patrimonial dos Bens Públicos


O artigo 99 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002) classifica os bens públicos da seguinte forma:

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento


da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Até 2009, os bens de uso comum do povo não eram registrados pela contabilidade e, portanto,
não eram inventariados.

Com a edição, em 2008, da NBCT 16.10, os bens de uso comum passaram a ser objeto de
registro contábil, nos seguintes termos:

“Os bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, ou aqueles
eventualmente recebidos em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da entidade
responsável pela sua administração ou controle, estejam, ou não, afetos a sua atividade
operacional. A mensuração dos bens de uso comum será efetuada, sempre que possível, ao
valor de aquisição ou ao valor de produção e construção”.

Saiba Mais:

Bens dominicais são aqueles que, apesar de integrarem o patrimônio público, não possuem
uma destinação pública ou fim administrativo específico.

Exemplos: terrenos sem utilização, prédios públicos não utilizados.

Quanto à situação patrimonial, um bem é classificado como:

 Novo
Refere-se ao bem adquirido e que se encontra com menos de um ano de uso.

 Bom
Quando o bem se encontra em perfeitas condições e em uso normal.

 Ocioso
Quando, embora em perfeitas condições de uso, o bem não está sendo utilizado.

 Recuperável
Quando o bem é passível de recuperação e o custo para tanto não excede a cinquenta
por cento de seu valor de mercado.

 Antieconômico
Quando a manutenção do bem é onerosa, ou seu rendimento implique elevado
custo/benefício.

 Irrecuperável
Quando não é mais possível utilizar o bem para os fins a que se destina, ou devido à
inviabilidade econômica de sua recuperação.

Detalhamento da classificação de bens


Veja, a seguir, o processo aquisição, classificação, distribuição e alocação de bens:
O detalhamento da classificação dos materiais de consumo e dos equipamentos e matérias
permanentes, utilizado como referência pelos órgãos do governo federal, consta do anexo à
Portaria STN nº 448, de 13/09/2002, que traz as seguintes definições:

 Material de Consumo
É aquele que, em razão de seu uso corrente e da definição da Lei nº 4.320/64, perde,
normalmente, sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos.

 Material Permanente
É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade física, e/ou
tem uma durabilidade superior a dois anos.

Registro Contábil
Para entender o processo de registro contábil, vamos exemplificá-lo com o evento de maior
frequência no que se refere ao controle patrimonial, que é a aquisição de material de
consumo. Trataremos as três fases da execução da despesa pública (empenho, liquidação e
pagamento), da incorporação do material ao almoxarifado e da sua destinação para utilização.
Observe:

1 - Empenho
2 - Controle

3 - Incorporação

4 - Liquidação

5 - Pagamento
6 - Destinação

AULA 08: SIAFI


Objetivos do SIAFI
O Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) foi concebido pela Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) – que o gerencia atualmente – e desenvolvido pelo Serviço Federal de
Processamento de Dados (SERPRO).

Trata-se de um dos principais sistemas que estruturam o Governo Federal.

Segundo o SERPRO, o SIAFI registra cerca de 28 milhões de documentos por exercício e tem,
aproximadamente, 55 mil usuários ativos.

A STN avalia que, desde sua criação, o sistema tem alcançado, satisfatoriamente, seus
principais objetivos, que são:

 Prover mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária,


financeira e patrimonial dos órgãos da Administração Pública;

 Fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos


recursos do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo
Federal;

 Permitir que a Contabilidade Pública seja fonte segura e tempestiva de informações


gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração Pública Federal;

 Padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem
implicar rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que permanece sob total
controle do ordenador de despesa de cada Unidade Gestora (UG);

 Permitir o registro contábil dos balancetes dos Estados e Municípios e de suas


supervisionadas;

 Permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o controle das


transferências negociadas;

 Integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal;

 Permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos;

 Proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.

 O SIAFI também pode ser utilizado por entidades privadas mediante autorização da
STN e celebração de convênio ou acordo.

Atenção:
Os Estados e Municípios dispõem de um sistema semelhante ao SIAFI. Trata-se do Sistema
Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (SIAFEM), cuja missão é
uniformizar, simplificar e organizar, de forma integrada, sua execução orçamentária, financeira
e contábil.

Histórico
Para compreendermos o cenário atual, vamos, primeiramente, passar por um breve histórico.

Até o ano de 1986, o Governo Federal convivia com uma série de problemas que dificultavam
a adequada gestão dos recursos públicos. Eram eles:

 Emprego de métodos rudimentares e inadequados de trabalho;

 Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Administração Pública;


 Utilização da contabilidade como mero instrumento de registros formais;

 Defasagem na escrituração contábil de, pelo menos, 45 dias entre o encerramento do


mês e o levantamento das demonstrações;

 Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade de fontes de informações


e das várias interpretações sobre cada conceito;

 Despreparo técnico de parte do funcionalismo público;

 Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o desvio de recursos


públicos e permitissem a atribuição de responsabilidades aos maus gestores;

 Estoque ocioso de moeda, que dificultava a administração de caixa, decorrente da


existência de inúmeras contas bancárias no âmbito do Governo Federal.

À época, a resolução desses problemas representava um verdadeiro desafio para o Governo


Federal.

O primeiro passo para solucionar os problemas foi a criação da STN, em 10 de março de 1986,
cujo objetivo era auxiliar o Ministério da Fazenda na gestão das finanças públicas.

Como já mencionado, a STN definiu e desenvolveu o SIAFI em conjunto com o SERPRO. Esse
sistema foi implantado em janeiro de 1987, dotando o Brasil de um poderoso instrumento
para a adequada gestão dos recursos públicos.

Ainda nesse mesmo ano, outra importante inciativa adotada para superar os problemas de
gestão dos recursos públicos foi a criação da Conta Única do Tesouro Nacional, que veio
unificar as milhares de Contas Correntes bancárias existentes no âmbito da Administração
Pública Federal.

Vantagens
O SIAFI representou um avanço tão expressivo para a Contabilidade Pública que, atualmente, é
reconhecido no mundo inteiro e recomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)
como modelo.

A implantação desse sistema trouxe para a Administração Pública Federal as seguintes


melhorias:

 Contabilidade
Rapidez, qualidade e precisão da informação.

 Finanças
Agilidade da programação financeira, que otimizou a utilização dos recursos do
Tesouro Nacional, por meio da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal na
Conta Única do Banco Central.

 Orçamento
A execução orçamentária passou a ser realizada dentro do prazo e com transparência,
completamente integrada à execução patrimonial e financeira.
Além disso, a visão de quantos e quais são os gestores que executam o orçamento
ficou mais clara: mais de 4.000 gestores cadastrados executam seus gastos através do
sistema on-line.

 Desconto na fonte de impostos


No momento do pagamento, já é recolhido o imposto devido.

 Auditoria
Facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público.

 Transparência
Detalhamento total do emprego dos gastos públicos, disponível em relatórios
publicados no site.

 Fim da multiplicidade de contas bancárias


Antes da implantação do SIAFI, o descontrole era tão grande que se estimava que
havia cerca de 3.700 contas bancárias. Com a organização necessária para a
implantação do sistema, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas
bancárias. Atualmente, quase 100% dos pagamentos são identificados, de modo
instantâneo, na Conta Única.

Atenção:
Além de tudo isso, o SIAFI apresenta outras vantagens. Afinal, o sistema:

 Fica disponível 100% do tempo e on-line;

 É centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;

 Interliga todo o território nacional;

 É utilizado por todos os órgãos da Administração Direta – Poderes Executivo,


Legislativo e Judiciário;

 É utilizado por grande parte da Administração Indireta.

Características
O SIAFI é um sistema de informações centralizado em Brasília que interliga os órgãos do
Governo Federal localizados no Brasil e no exterior, através da rede de telecomunicações do
SERPRO e da conexão a outras inúmeras redes externas.

O SIAFI é estruturado por exercícios: cada ano equivale a um sistema diferente, ou seja, a regra
de formação do nome do sistema é a sigla SIAFI acrescida de quatro dígitos referentes ao ano
do sistema que se deseja acessar.

Exemplo:

SIAFI2013, SIAFI2014, SIAFI2015 etc.


Os sistemas são organizados em subsistemas, e estes são divididos por módulos. Dentro de
cada módulo, estão agregadas várias transações que guardam entre si características em
comum, conforme demonstra o quadro.

Cada subsistema tem uma função própria e bem delimitada no SIAFI. Podemos organizá-los
informalmente em cinco grupos principais. São eles:

 Controle de haveres e obrigações;

 Administração do sistema;

 Execução orçamentária e financeira;

 Organização de tabelas;

 Recursos complementares com aplicação específica.

Acesso e Conexão
Existem três ambientes disponíveis no SIAFI. Agora, iremos conhecê-los. Vamos lá?

 Ambiente de treinamento
O acesso ao ambiente de treinamento é liberado a todos os usuários habilitados.

 Ambiente de homologação
O acesso ao ambiente de homologação é de uso restrito: é permitido apenas a órgãos
que estão fazendo integração – sob condições especiais – e a servidores da STN.

 Ambiente de produção
O acesso ao ambiente de produção é feito por meio da internet, através dos
navegadores padrões.

Há duas formas de acesso ao SIAFI:

o ON-LINE
Acesso direto ao sistema, de aproximadamente 5.000 UGs, via
teleprocessamento para execução das operações diárias, tanto de entrada
quanto de consulta de dados.

o OFF-LINE
Acesso indireto ao sistema, por UGs que não possuem ligação com o SIAFI e
que têm seus registros efetuados por outras UGs on-line às quais são
subordinadas, chamadas UGs Polo de Digitação.

Modalidades de Uso
São duas as modalidades de uso do SIAFI: total e parcial.
Todos os órgãos da Administração Direta e grande parte dos órgãos da Administração Indireta
utilizam o sistema na modalidade total, que compreende:

 O processamento de todos os atos e fatos de determinada unidade pelo SIAFI,


incluindo-se eventos de receitas próprias;

 A inclusão de todas as disponibilidades financeiras da unidade no conceito de Conta


Única;

 O processamento da contabilidade da unidade pelo SIAFI;

 A utilização plena dos procedimentos orçamentários e financeiros da unidade no


tratamento padrão do SIAFI, incluindo o uso do Plano de Contas da Administração
Federal.

Parte dos órgãos da Administração Indireta utiliza o SIAFI na modalidade parcial, apenas para
controle financeiro dos recursos destinados às unidades pelo Órgão Geral da União (OGU).
Essa modalidade:

 É limitada aos recursos previstos no OGU;

 Não permite tratar recursos próprios da entidade;

 Trata as informações sobre os eventos realizados em arquivos orçamentários e


contábeis destinados exclusivamente a seu registro;

 Não substitui a contabilidade da unidade, sendo necessário, portanto, o envio de


balancetes e balanços para integração pelas unidades setoriais do sistema;

 Permite optar, a critério do Ministério ou órgão respectivo, se suas unidades devem ou


não ficar sujeitas aos limites específicos do OGU na realização de suas despesas.

Aspectos de Segurança
Para atender aos critérios de confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação,
aspectos de segurança foram incorporados ao SIAFI.

Entre eles, podemos destacar o uso do:

 Captcha – que tem a função de inibir robôs maliciosos;

 Protocolo HTTPS – que permite a autenticação do serviço ao usuário e uma conexão


segura com confidencialidade.

Eventos
Os eventos são catalogados na Tabela de Eventos do SIAFI – parte integrante do Plano de
Contas da Administração Pública Federal (PCASP).

A Coordenação-Geral de Contabilidade da STN é o órgão responsável pela administração dessa


tabela.

Através dos eventos, o SIAFI promove, de forma automática, os lançamentos contábeis


correspondentes aos registros dos atos e fatos praticados pelos gestores públicos quando do
exercício de suas atividades.

Os registros são lançados no mesmo momento em que os fatos ocorrem, e, para efetuar a
classificação contábil de cada ato realizado, não é necessária a existência de um contador em
cada UG.

Atenção:

Para registrar suas transações diárias, as UGs devem utilizar os códigos da Tabela de Eventos.
Caso não seja encontrado na tabela o evento que expresse, com bastante clareza, a transação
a ser processada, a STN deverá ser contatada para os esclarecimentos necessários.

Somente aos órgãos de Contabilidade compete realizar os registros contábeis sem a indicação
de eventos. Nesse caso, o tratamento dado a esses registros será feito através de débito (d) e
crédito (c), desde que não correspondam a receitas ou despesas.

Documentos para entrada de dados


A entrada dos dados no SIAFI – necessários ao registro da execução orçamentária, financeira e
contábil – é efetuada através dos seguintes documentos:

 DF
Sigla: DF
Título: Documento de Arrecadação de Receita Federal (DARF eletrônico)
Função: Registrar a arrecadação de receitas federais efetivadas pelos órgãos e pelas
entidades por meio de transferências de recursos intra-SIAFI entre a UG recolhedora e
a Conta Única do Tesouro Nacional.

 GP
Sigla: GP
Título: Guia de Recolhimento da Previdência Social (GRPS eletrônica)
Função: Registrar o recolhimento das contribuições para a Seguridade Social por meio
de transferências de recursos intra-SIAFI entre a UG recolhedora e a Conta Única do
Tesouro Nacional.

 GR
Sigla: GR
Título: Guia de Recebimento
Função: Arrecadar receitas próprias, recolher a devolução de despesas ou acolher
depósitos de diversas origens.
 NC
Sigla: NC
Título: Nota de Movimentação de Crédito
Função: Registrar eventos vinculados à transferência de créditos, tais como destaque,
provisão, anulação de provisão e anulação de destaque.

 ND
Sigla: ND
Título: Nota de Dotação
Função: Registrar desdobramento, por plano interno ou fonte – quando detalhada –,
dos créditos previstos na Lei Orçamentária Anual, bem como incluir os créditos nela
não considerados.

 NE
Sigla: NE
Título: Nota de Empenho
Função: Registrar na base do empenho eventos vinculados ao comprometimento da
despesa.

 NL
Sigla: NL
Título: Nota de Lançamento por Evento
Função: Registrar eventos contábeis não vinculados a documentos específicos.

 NS
Sigla: NS
Título: Nota de Lançamento de Sistema
Função: Registrar eventos contábeis de forma automática.

 OB
Sigla: OB
Título: Ordem Bancário
Função: Registrar o pagamento de compromissos, a transferência de recursos entre
UG, bem como a liberação de recursos para fins de adiantamento, suprimento de
fundos, cota, repasse, sub-repasse e afins.

 PE
Sigla: PE
Título: Pré-empenho
Função: Registrar créditos orçamentários pré-compromissados para atender objetivos
específicos, nos casos em que a despesa a ser realizada cumprir, devido a suas
características, etapas com intervalos de tempo – desde a decisão administrativa até a
efetivação da emissão da NE.

AULA 09: Lei de Responsabilidade Fiscal


Vamos iniciar esta aula conhecendo a Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000, conhecida
como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que regulamentou o art. 163 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88).

CAPÍTULO II

DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I

NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Mas, qual é a importância dessa lei? Veremos a seguir...

A LRF é um mecanismo que incrementa o controle das contas públicas, inferindo maior rigor
para que o governo não contraia empréstimos ou dívidas que possam levar ao desequilíbrio
das contas públicas.

A LRF fortalece os instrumentos de planejamento e programação orçamentária instituídos pelo


art. 165 da CF/88, que são: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e
a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Atenção:

A LRF estabelece, em âmbito nacional, normas de gestão fiscal e patrimonial dos recursos
públicos, que devem ser observadas pelas pessoas jurídicas de direito público interno da
União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, englobando:

 Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;

 O Ministério Público Federal e dos estados;


 Os Tribunais de Contas da União, dos estados e, quando houver, dos municípios;

 As entidades da Administração Direta, inclusive a Advocacia-Geral da União, as


Procuradorias Estaduais e os fundos;

 As entidades da Administração Indireta.

Receita Corrente Líquida – RCL


Para o bom entendimento da LRF, é importante compreender o conceito de Receita Corrente
Líquida (RCL).

RCL é o somatório das receitas tributárias de um governo, referentes a contribuições


patrimoniais, industriais, agropecuárias e de serviços, deduzidos os valores das transferências
constitucionais.

Objetivos da LRF
O principal objetivo da LRF, de acordo com o caput do seu art. 1º, consiste em estabelecer
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.

Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo procura definir o que se entende como
“responsabilidade na gestão fiscal”, estabelecendo os seguintes objetivos:

A Lei de Responsabilidade Fiscal não substituiu, tampouco revogou a Lei nº 4.320/64, que há
mais de 50 anos normatiza as finanças públicas no Brasil. Seus objetivos são diferentes, como
podemos analisar, a seguir:
Saiba Mais:

Muito embora, tecnicamente, a Lei nº 4.320/64 seja uma lei ordinária, ela é recepcionada com
status de lei complementar. Entretanto, caso haja algum dispositivo conflitante entre as duas
normas jurídicas, prevalece o estabelecido na lei mais recente, ou seja, na LRF.

Principais aspectos da LRF


O diagrama a seguir, partindo da premissa de controle sobre as contas públicas, apresenta os
principais pontos tratados pela LRF:

Metas Fiscais
A LRF exige que as leis de diretrizes orçamentárias contenham um anexo com a série de metas
fiscais para os três anos subsequentes à respectiva edição. Veja aqui o que diz a lei.

As Metas Fiscais são divididas em:

 Resultado Primário

É a diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo-se do cálculo as receitas


e despesas com juros. São três as possibilidades:

1. Receita = Despesa = Resultado Nulo


2. Receita > Despesa = Superávit Primário
3. Receita < Despesa = Déficit Primário

O resultado primário, no caso de superávit, é uma indicação de quanto o governo


economizou ao longo de um período de tempo visando ao pagamento dos juros
incidentes sobre a sua dívida.

O principal objetivo do cálculo do resultado primário é avaliar a capacidade de


sustentação da política fiscal, frente ao volume da dívida consolidada e a capacidade
de pagamento pelo setor público no longo prazo.

Os resultados fiscais podem ser apurados de duas formas:

o “Acima da linha”, que corresponde à diferença entre as receitas e as despesas


do setor público;

o “Abaixo da linha”, que corresponde à variação da dívida líquida total, interna


ou externa.

Saiba Mais:

A publicação “Indicadores Fiscais com informações até março de 2015”, do Departamento de


Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais, do Banco Central do Brasil (BCB),
esclarece:

“no Brasil, os principais indicadores fiscais de acompanhamento conjuntural são produzidos


pelo Tesouro Nacional e pelo BCB. Os dados calculados pelo Tesouro Nacional restringem-se
apenas ao Governo Central e seguem o conceito “acima da linha”, enquanto o BCB calcula
estatísticas fiscais para o setor público consolidado e utiliza o conceito “abaixo da linha”.

As informações fiscais divulgadas pelo BCB referem-se à dívida líquida e às necessidades de


financiamentos do setor público, discriminadas por esfera de governo, enquanto o Tesouro
Nacional é responsável pela divulgação dos itens não financeiros de receitas e de despesas
(resultado primário) do Governo Central”.

 Resultado Nominal
O Resultado Nominal consiste no cálculo do superávit ou déficit total, que inclui as
receitas e as despesas com juros. Nesse caso, o cálculo consiste apenas em subtrair
toda a despesa do governo de toda a receita do governo (financeiras e não-
financeiras).

Limites
A LRF fixou os seguintes limites para os gastos públicos:

 Regra de Ouro

A chamada regra de ouro está prevista na CF/88 e na LRF, que dispõem:

CF/88, art. 167, inciso III - A realização de operações de créditos que excedam o
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo
por maioria absoluta;

LRF, art. 12, § 2º - O montante previsto para as receitas de operações de crédito não
poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária.

A regra de ouro visa a evitar que os recursos de operações de crédito sejam utilizados
para financiar despesas correntes.

 Despesa com Pessoal

A LRF atende também ao artigo 169 da CF/88, que determina o estabelecimento de


limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, a partir de Lei Complementar.

Nesse sentido, o art. 75 da LRF revogou a Lei Complementar nº 96, de 31/05/1999,


conhecida como Lei Camata II.

Saiba Mais:

Antes de passarmos para a próxima aba, conheça o que a LRF classifica como despesas
com pessoal e os limites estabelecidos pela lei, disponível aqui.

 Dívida Consolidada

A Dívida Consolidada é o resultado obtido deduzindo-se da Dívida Consolidada os


valores do Ativo Disponível e haveres financeiros, descontado dos valores inscritos em
Restos a Pagar Processados, conforme estabelece o art. 42 da LRF.

A Dívida Consolidada, por sua vez, compreende o montante das obrigações


financeiras, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e de
operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses, nos termos
do art. 29 da LRF.

A Resolução do Senado Federal nº 40/2001 dispõe sobre os limites globais para o


montante da dívida pública consolidada e da dívida pública mobiliária dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios.

Em atendimento ao disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal, ela


estabelece, no seu art. 3º, que a dívida consolidada líquida (com vigência superior a 12
meses) deve obedecer aos limites fixados, de 1,2 vezes a RCL para os municípios e
duas vezes a RCL para os Estados e Distrito Federal.

Na época em que a Resolução foi aprovada, foi concedido um prazo de 15 anos para
que os entes que apresentavam dívidas superiores aos limites estabelecidos se
enquadrassem (até 2016).

 Garantias

São os compromissos com obrigações financeiras ou contratuais assumidos pelo


Estado ou entidade a ele vinculada, perante terceiros, em decorrência da contratação
de operações de crédito internas e externas.

A LRF estabelece que os entes poderão conceder garantia em operações de crédito


internas ou externas, observados o disposto no art. 40, as normas do art. 32 e também
os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal.

Em relação aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, o art. 9º da Resolução do


Senado Federal nº 43/2001 estabeleceu que o saldo global das garantias concedidas
não poderá exceder a 22% da RCL, e que esse limite poderá ser elevado para 32%,
dentro de algumas condições especiais.

Atenção:

No que se refere à União, o art. 9º da Resolução do Senado Federal nº 48/2007


estabeleceu que o montante das garantias concedidas pela União não poderá exceder
a 60% da RCL.
 Operações de Crédito

Por força do disposto no art. 30 da LRF, o Senado Federal aprovou as Resoluções 40 e


43, de dezembro de 2001, que estabeleceram limites globais de endividamento e
operações de crédito para os Estados, Distrito Federal e Municípios.

As Resoluções também proibiram as contratações de operações de crédito nos dois


últimos quadrimestres do mandato e a necessidade de comprovação da adimplência
do tomador de empréstimos através de certidão do Tribunal de Contas a que esteja
vinculado.

Para as operações de crédito por antecipação da receita orçamentária (ARO), a


Resolução nº 43 fixou limite de 7% da RCL. As ARO somente poderão ser realizadas a
partir do décimo dia do início do exercício e liquidadas até o dia 10 de dezembro de
cada ano, estando proibida enquanto houver operação anterior não resgatada e nos
180 dias anteriores ao final do mandato do chefe do Executivo.

 Restos a Pagar

O art. 42 da LRF estabeleceu que...

“É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
efeito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão
considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do
exercício”.

 Educação

A LRF define o limite mínimo de gastos com a Educação.

Neste sentido, o art. 205 da CF/88 estipula que a educação é direito de todos e dever
do Estado e da família. Assim, a fim de cumprir o mando constitucional, o artigo 212 da
própria CF/88 estabelece:

“A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino”.

 Saúde

A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, regulamenta o § 3o do art. 198


da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados
anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços
públicos de saúde. Os limites são os seguintes:

o União: o valor apurado no ano anterior corrigido pela variação nominal do PIB;
o Estados: 12% das receitas de impostos e transferências constitucionais e
legais;

o Municípios: 15% das receitas de impostos e transferências constitucionais e


legais;

o Distrito Federal: 12% das receitas de impostos e transferências constitucionais


e legais de competência dos Estados e 15% das receitas de impostos de
competência dos Municípios.

Mecanismos de Compensação
A LRF prevê dois Mecanismos de Compensação: Renúncia de Receita e Geração de despesas
obrigatórias de caráter continuado. Iniciaremos abordando a Renúncia de Receita.

As renúncias de receitas podem ocorrer através da concessão de três diferentes tipos de


benefícios:

 Benefícios tributários
São exceções ao sistema tributário, que reduzem a arrecadação e aumentam a
disponibilidade econômica de determinado grupo de contribuinte, caracterizando-se
como gastos governamentais indiretos, que têm por objetivo atender necessidades
econômicas e sociais.

 Benefícios financeiros
São desembolsos realizados por meio do equilíbrio das taxas de juros e dos preços, e
da assunção de dívidas decorrentes de saldos de obrigações de responsabilidade do
Tesouro, cujos valores constam do orçamento.

 Benefícios creditícios
São gastos que têm origem em programas oficiais de crédito, implementados com
taxas de juros inferiores ao custo de captação ou oportunidade do ente público. Os
recursos dos benefícios creditícios são, geralmente, destinados ao financiamento de
atividades produtivas voltadas para o desenvolvimento regional, social e de
determinados setores da economia.

Atenção:

O art. 14, § 1º da LRF, estabelece que a renúncia de receitas...

“compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter


geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução
discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondem a tratamento
diferenciado”.
AULA 10: Controle da Administração Pública

Histórico e Legislação
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU):

“A história do controle no Brasil remonta ao período colonial. Em 1680, foram criadas as Juntas
das Fazendas das Capitanias e a Junta da Fazenda do Rio de Janeiro, jurisdicionadas a Portugal.
Em 1808, na administração de D. João VI, foi instalado o Erário Régio e criado o Conselho da
Fazenda, que tinha como atribuição acompanhar a execução da despesa pública”.

Você pode visualizar o texto completo clicando aqui.

Atualmente, o controle da Administração Pública é amparado pelo Artigo 70 da Constituição


Federal, que afirma:

“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder [...]”.

A seguir, vamos classificar esse sistema de controle de acordo com alguns critérios.

Classificação quanto ao Poder executor


Quanto ao Poder que o executa, o controle da Administração Pública é dividido em:
 Controle administrativo
Fiscalização e correção que a Administração Pública realiza, por iniciativa própria ou
mediante provocação, sobre a legalidade, a oportunidade, a conveniência e o mérito
de seus próprios atos. O controle administrativo pode levar a Administração a alterar,
revogar ou anular tais atos.

 Controle legislativo
Controle exercido exclusivamente pelos órgãos do Poder Legislativo sobre alguns atos
do Poder Executivo, de forma direta ou indireta, com o auxílio do respectivo Tribunal
de Contas.

Os controles direto e indireto estão previstos em lei, nos seguintes dispositivos:

o Controle direto – Artigo 49, Inciso X, da Constituição Federal;

o Controle indireto – Artigo 70, caput, da Constituição Federal.

O controle legislativo é, portanto, limitado pela Carta Magna, considerando que implica a
interferência do Poder Legislativo nos outros dois Poderes.

Um dos mecanismos mais conhecidos de controle parlamentar, utilizado para a apuração de


irregularidades, é a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Esse tipo de controle pode ser político ou financeiro.

 Controle judiciário
Fundamentado no Artigo 5º, Inciso XXXV, da Constituição Federal, o controle judiciário
é exercido exclusivamente pelo Poder Judiciário.
Seu objetivo é verificar a legalidade dos atos administrativos do Poder Executivo, do
Poder Legislativo e do próprio Poder Judiciário. Afinal, o princípio da legalidade é o
principal alicerce sobre o qual se sustenta o Estado de Direito.

Cabe, portanto, ao Poder Judiciário atuar, de forma imparcial, como guardião da


legalidade na feitura dos atos administrativos.

 Controle político
Avaliação de aspectos relativos à legalidade, à oportunidade, à conveniência e ao
mérito de determinados atos administrativos do Poder Executivo, diante do interesse
do Estado e dos administrados.

 Controle financeiro
De uma forma geral, o controle financeiro é exercido pelo Poder Legislativo. Na esfera
federal, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União está prevista nos Artigos 70 a 75 da Constituição Federal, e tem como principal
pilar o dever de prestar contas.

Classificação segundo a origem


Segundo a origem, o controle da Administração Pública pode ser:

 Interno
Processo organizacional composto pelas regras, pelas políticas e pelos procedimentos
de responsabilidade da própria gestão. Seu propósito é assegurar que os objetivos da
Administração Pública sejam alcançados de forma eficiente, eficaz e efetiva, e impedir
a ocorrência de erros, de fraudes e ineficiências. Esse tipo de controle é exercido pela
própria entidade ou pelo próprio órgão responsável pela atividade controlada.

O Artigo 74 da Constituição Federal estabelece que os três Poderes devem manter


sistemas de controle interno de forma integrada, e que os responsáveis por tais
sistemas devem informar ao TCU qualquer ato irregular ou ilegal nesse contexto.

 Externo
De acordo com o Artigo 71 da Constituição Federal, trata-se do controle político de
legalidade contábil e financeira, que deve averiguar:

o A probidade dos atos da administração;

o A regularidade dos gastos públicos e do emprego de bens, valores e dinheiros


públicos;

o A fiel execução do orçamento.

Esse tipo de controle se materializa quando um Poder fiscaliza os atos administrativos


praticados por outro Poder. Meirelles (2007, p. 667) cita os seguintes exemplos de controle
externo:
o A apreciação das contas do Executivo e do Judiciário pelo Legislativo;

o A auditoria do Tribunal de Contas sobre a efetivação de determinada despesa


do Executivo;

o A anulação de um ato do Executivo por decisão do Judiciário;

o A sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislativo.

 Externo popular
O interesse público é o foco central da Administração Pública, o que confere aos
administrados legitimidade para verificar a regularidade da atuação dos gestores.

O objetivo é exigir o cumprimento dos princípios da Administração Pública previstos


no Artigo 37, caput, da Constituição Federal. Este tipo de controle popular está
previsto no Parágrafo 3º desse Artigo.

Classificação segundo o momento do exercício

Segundo o momento do exercício, o controle da Administração Pública pode ser:

 Preventivo ou prévio
Controle que visa verificar o ato administrativo antes de seu início ou de sua
conclusão.

Se, por um lado, o controle prévio infere segurança à gestão, por outro, pode
suspender a eficácia do ato até a análise pelo órgão competente, o que pode tornar a
Administração Pública ineficiente.

Exemplos:

o Aprovação de Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Congresso Nacional, que


autoriza a realização de gastos;

o Clássica liquidação da despesa para posterior pagamento (MEIRELLES, 2007).

 Concomitante
Controle exercido durante a realização do ato administrativo, que visa verificar sua
regularidade.

Exemplos:

o Auditorias do TCU;

o Fiscalização de concursos públicos.


 Controle subsequente
Controle exercido após a conclusão do ato administrativo, que visa identificar e corrigir
suas eventuais imperfeições, dar-lhe eficácia ou declarar sua nulidade.<>br
Essa é a forma mais comum de controle e também a mais ineficaz, pois a verificação
das contas depois do término da gestão pode tornar impossível a reparação do dano.

Exemplo:

o Homologação de aposentadorias pelo TCU.

Classificação quanto ao aspecto controlado e quanto á amplitude


Quanto ao aspecto controlado e à amplitude, o controle da Administração Pública é
classificado da seguinte forma:

 Controle de legalidade ou legitimidade


Controle que visa verificar se o ato administrativo está de acordo com a lei, com base
no princípio constitucional da legalidade. Esse tipo de controle pode ser exercido pela
Administração, pelo Legislativo ou pelo Judiciário, mediante provocação.

 Controle de mérito
Controle que visa aferir se o resultado decorrente do ato administrativo alcançou, de
forma adequada, a meta pretendida, considerando a relação custo/benefício.

 Controle hierárquico
Controle que resulta do escalonamento vertical dos órgãos, em que os inferiores estão
subordinados aos superiores, submetendo-se à supervisão, orientação, fiscalização,
aprovação e revisão das atividades, além da correição – em caso de desvio de conduta.

 Controle finalístico
Controle que visa verificar se a atuação da instituição está alinhada com o
planejamento governamental e suas funções estatutárias, cumprindo a missão e os
objetivos para os quais foi criada.
Esse tipo de controle ocorre quando um órgão da Administração Direta exerce
a supervisão sobre as entidades da Administração Indireta que lhe são vinculadas.

ATENÇÃO!
Supervisão NÃO é a mesma coisa que subordinação.

Órgãos de controle: Tribunais de Contas


De acordo com o TCU:

“A ideia de criação de um Tribunal de Contas surgiu, pela primeira vez no Brasil, em 23 de


junho de 1826, com a iniciativa de Felisberto Caldeira Brandt, Visconde de Barbacena, e de
José Inácio Borges, que apresentaram projeto de lei nesse sentido ao Senado do Império”.

Você pode visualizar o texto completo clicando aqui.

Atenção:

No Brasil, além do TCU e do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), cada estado da
federação tem seu próprio Tribunal de Contas. Os Estados do Pará, da Bahia, do Ceará e de
Goiás também têm tribunais para análise das contas de seus municípios. Para aqueles que têm
apenas o Tribunal de Contas do estado, é esse órgão que examina as contas estatais e
municipais sob sua jurisdição. Em nível municipal, apenas São Paulo e Rio de Janeiro têm
tribunais que analisam suas respectivas contas.

Os Artigos 71 a 74 e 161 da Constituição Federal estabelecem que, em âmbito federal, o


controle externo é uma atribuição que deve ser exercida pelo Congresso Nacional com o
auxílio do TCU.

Além das atribuições previstas na Carta Magna, outras têm sido conferidas ao TCU através de
leis específicas – em especial, aquelas conferidas pela:

 Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF);

 Lei nº 8.666/93 – Lei de Licitações e Contratos;

 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – nesse caso, anualmente.

As funções desse órgão podem ser agrupadas em:

 Fiscalizadora;

 Consultiva;

 Informativa;

 Judicante;

 Sancionadora;
 Corretiva;

 Normativa;

 De ouvidoria;

 Educativa.

Órgãos de Controle: Controladorias


Em âmbito governamental, a Controladoria é o órgão central do sistema de controle interno.
Seu objetivo é resguardar o patrimônio público, e assegurar a transparência das
informações e a observância dos princípios da Administração Pública. Isso abrange as
atividades de:

 Auditoria interna;

 Correição administrativa;

 Ouvidoria;

 Prevenção e combate à corrupção etc.

Além da União e do Distrito Federal, os Estados e Municípios também possuem – cada um –


seu respectivo órgão de Controladoria.

Atenção:

“A Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão do governo federal responsável por assistir,


direta e imediatamente, ao Presidente da República quanto aos assuntos que, no âmbito do
Poder Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da
transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública,
correição, prevenção e combate à corrupção, e ouvidoria.

A CGU também deve exercer, como órgão central, a supervisão técnica dos órgãos que
compõem o Sistema de Controle Interno e o Sistema de Correição e das unidades de ouvidoria
do Poder Executivo Federal, prestando a orientação normativa necessária.

Processo de Contas
O processo de contas é a ação desempenhada pelo órgão competente no âmbito da
Administração Pública Direta ou Indireta. Seu objetivo é apurar a responsabilidade de pessoa
física, do órgão ou da entidade que deixar de prestar contas e der causa à perda, ao extravio
ou à outra irregularidade de que resulte ou possa resultar dano ao erário.

De acordo com a Instrução Normativa - TCU nº 63/2010, em nível federal, o processo de


contas pode ser:

Ordinário
Processo realizado anualmente pelas unidades jurisdicionadas, cujos responsáveis estejam
alcançados pela obrigação prevista no Artigo 70, Parágrafo Único, da Constituição Federal.

Extraordinário
Processo constituído por ocasião da extinção, liquidação, dissolução, transformação, fusão,
incorporação ou desestatização de unidades jurisdicionadas, cujos responsáveis estejam
alcançados pela obrigação prevista no Artigo 70, Parágrafo Único, da Constituição Federal.

Para fins de avaliação dos dados apresentados pelos dirigentes, os processos de contas devem
levar em consideração os seguintes indicadores:

 Risco
Identifica a possibilidade de algo acontecer e ter impacto nos objetivos por meio de
consequências e probabilidades.

 Materialidade
Mede o volume de recursos envolvidos.

 Relevância
Aponta o aspecto ou fato considerado importante, em geral, no contexto do objetivo
delineado, ainda que não seja material ou economicamente significativo.

 Exame da conformidade
Analisa a legalidade, a legitimidade e a economicidade da gestão em relação a padrões
normativos e operacionais expressos nas normas e nos regulamentos aplicáveis, e da
capacidade dos controles internos de identificar e corrigir falhas e irregularidades.

 Exame do desempenho
Analisa a eficácia, a eficiência, a efetividade e a economicidade da gestão em relação a
padrões administrativos e gerenciais expressos em metas e em resultados negociados
com a administração superior ou definidos nas leis orçamentárias, e da capacidade dos
controles internos de minimizar riscos e evitar falhas e irregularidades.

 Controles internos
Avalia o conjunto de atividades, planos, métodos, indicadores e procedimentos
interligados, a fim de assegurar a conformidade dos atos de gestão e concorrer para
que os objetivos e as metas estabelecidas para as unidades jurisdicionadas sejam
alcançados.

Caracterização do processo de contas


Jund (2007, p. 402) esclarece que:

"No âmbito do governo federal, ocorre uma distinção específica quanto à forma de
apresentação dos processos de prestação de contas, segundo a vinculação administrativa dos
órgãos, ou seja, se pertence à estrutura da Administração Pública Direta ou Indireta."

Em outras palavras, de acordo com o autor, o processo de contas é caracterizado da seguinte


forma:
Atenção:

Portanto, a expressão processo de contas abrange as duas nomenclaturas: tomada de contas e


prestação de contas.

Tomada e Prestação de Contas


Tomada de contas
A Tomada de contas é o processo de contas preparado pelo órgão de contabilidade analítica
da respectiva unidade jurisdicionada, que visa relatar os atos de gestão orçamentária,
financeira e patrimonial da Administração Direta.

Existem três tipos de tomada de contas, conforme mostra o quadro a seguir:


Prestação de contas
Um dos principais pilares do sistema de controle sobre a Administração Pública é a prestação
de contas dos gestores. Prestar contas significa, basicamente, relatar, com periodicidade, aos
órgãos de controle e à sociedade os atos de gestão orçamentária, financeira e patrimonial da
Administração Indireta.

O objetivo é dar transparência à gestão e divulgar os resultados alcançados através da


apresentação das demonstrações contábeis e de relatórios de atividades.

O Parágrafo Único do Artigo 70 da Constituição Federal estabelece quem deve prestar contas:

“Art. 70. [...]

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”

Atenção:

O relatório de prestação de contas é elaborado com auxílio do órgão de controle interno da


respectiva unidade jurisdicionada.

Legislação Aplicável
Atualmente, existem diversas normas em nível federal, estadual e municipal
que regulamentam os processos de tomada e prestação de contas.

Essas normas definem os órgãos e agentes responsáveis, os principais documentos, os prazos e


demais procedimentos que devem ser observados em tais processos. São algumas delas:

 Constituição Federal – Artigo 70;

 Lei Complementar nº 101/2000 – Artigos 56 a 58;


 Lei nº 4.320/64 – Lei Geral de Finanças Públicas – Artigos 83 e 84;

 Decreto Federal nº 93.872/86 – Artigos 145 a 154;

 Normas administrativas – no âmbito dos entes da federação, em conformidade com os


respectivos Tribunais de Contas.

Em nível federal, cabe destacar a Instrução Normativa - TCU nº 63/2010, que estabelece
normas de organização e de apresentação dos relatórios de gestão, e das peças
complementares que constituirão os processos de contas da Administração Pública federal.

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