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Introdução

O trabalho de direito Administrativo, em apresentação, destina-se para a investigação


acadêmica a propósito do seguinte tema: Pessoas Colectivas Públicas, o seu Conceito,
Espécies, Natureza Jurídica; órgãos das pessoas colectivas, Conceito, Classificação dos
Órgãos, Dos Órgãos Colegiais em destaque quanto ao seu funcionamento. O objetivo
desse trabalho é estudar e trazer noções fundamentais da pessoa coletiva pública. No
que diz respeito à organização o presente trabalho apresenta três capítulos, o primeiro
capitulo compreende a parte introdutória, a segunda é a parte de desenvolvimento ou a
fundamentação teórica e a terceira parte apresenta a conclusão e as referencias
bibliográfica.

Objetivos

Objetivo geral
 Estudar a pessoa coletiva pública.

Objetivos específicos
 Identificar a natureza jurídica da pessoa coletiva pública;
 Classificar os órgãos;
 Apresentar tipos de órgãos;
 Descrever cada tipo de órgãos;

Metodologia
Para elaboração do presente trabalho foi pertinente o uso da consulta bibliográfica,
revistas publicadas, legislação e artigos disponibilizados na internet de modo a garantir
a fiabilidade dos conteúdos.
Noção de pessoa coletiva pública

Muitos tem sido os critérios apontados para o efeito, desde o critério da iniciativa para a
sua criação, da sua finalidade ou dos poderes exorbitantes. No entanto, a doutrina
diverge e considera que aplicar apenas um critério é insuficiente, recorrendo a critérios
mistos. É neste sentido, que o professor Freitas do Amaral parte de um critério que
combina a criação, o fim e a capacidade jurídica da entidade em causa. Assim pessoas
coletivas públicas são as pessoas coletivas criadas por iniciativa pública, para assegurar
a prossecução necessária de interesses públicos e por isso, dotadas, em nome próprio, de
poderes ou deveres públicos.

Na mesma linha de utilização de um critério misto, Vital Moreira combina os critérios


da iniciativa da criação e dos poderes públicos. Assim, as pessoas coletivas públicas são
aquelas que tenham sido criadas pelo Estado ou por outro ente público primário e que
detenham o predicado fundamental das entidades públicas que é a posse de
prerrogativas de direito público, isto é, exorbitantes do direito privado. Da aplicação
destes critérios resulta serem pessoas coletivas públicas o Estado e as demais entidades
coletivas territoriais, as entidades como tal qualificadas pela lei e as entidades criadas
pelo Estado ou por outras pessoas coletivas públicas territoriais.

Classificação das pessoas coletivas

De direito público e de direito privado

De Direito Público: Estado, regiões autónomas, autarquias locais e Institutos públicos;

De Direito principio: fundações e associações.

Importa-nos agora tratar ou debruçar acercas das pessoas coletivas de direito público.

O Estado-Administração é uma pessoa coletiva pública autónoma, não confundível


com os governantes que o dirigem, nem com os funcionários que o servem, nem com
outras entidades autónomas que integram a Administração, nem com os cidadãos que
com ele entram em relação. Desta forma, afirma-se que o Estado é responsável por
atribuir competências pelos diferentes órgãos centrais e locais.

Regiões autônomas são pessoas coletivas públicas dotadas de estatutos político-


administrativos e de órgão de governo próprio, que prosseguem a participação
democrática dos cidadãos, o desenvolvimento económico-social e a promoção e defesa
dos interesses regionais Sem comprometer a natureza unitária do Estado, as regiões
autónomas estão dotadas de autonomia político-administrativa, o que não afeta a
integridade da soberania nacional.

As Autarquias Locais são pessoas coletivas territoriais dotadas de órgãos


representativos próprio, que visam a prossecução dos interesses das populações
respetivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado. Segundo
artigo 70° da lei 7/2012 de 8 de fevereiro.

O instituto público é uma pessoa coletiva pública, assente num substrato institucional,
criado para a prossecução de fins administrativos específicos, ou seja são pessoas
coletivas de direito público, dotadas de personalidade jurídica própria, criadas com o
fim de realizar as atribuições fixadas no ato da sua criação, e tem autonomia
administrativa e financeira nos termos da lei. Segundo artigo 80° da lei 7/2012 de 8 de
fevereiro.

Quanto ao fim prosseguido: fim desinteressado ou altruístico e fim interessado ou

egoístico

As primeiras têm por fim a prossecução de interesses sociais ou alheios (fundações e


pessoas coletivas de direito público).

As segundas têm por fim a prossecução de fins próprios fundadores ou associados


(sociedades)

Pessoas coletivas de fim interessado: Fins ideais (não económicos; interesses


desportivos, culturais, científicos ou artísticos) e fins económicos (obtenção de
vantagens patrimoniais para os seus membros)

Pessoas coletivas de fim económico interessado: de cariz lucrativo (obtenção de um


enriquecimento diretamente no património da própria pessoa coletiva, o qual, deduzido
dos respetivos custos, forma o lucro, que depois de apurado é distribuído pelos
associados) ou cariz não lucrativo (obtenção de vantagens patrimoniais diretamente no
património dos membros da pessoa coletiva, não havendo lugar a distribuição de
lucros).

As pessoas coletivas públicas de utilidade pública podem ser classificadas segundo


diferentes critérios.

Quanto à natureza do substratos, dividem-se em associações e fundações, segundo os


disposto no II capítulo do Código Civil Moçambique no artigo 157. Que fala que são
aplicáveis as associações que não tenha por fim o lucro económico dos associados, as
fundações de interesse social, e ainda as sociedades, quando a analogia das situações o
justifique.

Quanto ao âmbito territorial de autuação, são pessoas coletivas de utilidade pública


geral, regional ou loca.

Por fim, quanto aos fins que prosseguem e ao regime jurídico a que estão sujeitas,
há três espécies de pessoas coletivas de utilidade pública a considerar:

Pessoas coletivas de mera utilidade pública ( por exemplo, clubes de futebol ou


associações científicas). Compreendem todas as pessoas coletivas de utilidade pública
que não sejam instituições particulares de solidariedade social nem pessoas coletivas de
utilidade pública administrativa. Prosseguem quaisquer fins de interesse geral que não
correspondam aos fins específicos de outras duas categorias. E caracteriza-se por um
certo número de regalias e isenções, a par de alguns deveres e limitações.

Instituições particulares de solidariedade social (por exemplo a Casa dos Rapazes)


são as que se constituem para dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade
e de justiça entre os indivíduos, e contém, para além de privilégios e isenções especiais,
o direito ao apoio financeiro do Estado e a sujeição à tutela administrativa deste.

Pessoas coletivas de utilidade pública administrativa ( por exemplo a Federação


Moçambicana de Futebol) são as pessoas coletivas de utilidade pública que, não sendo
instituições particulares de solidariedade social, prossigam alguns dos fins.
Assim quanto a nós, são pessoas coletivas públicas as pessoas coletivas criadas por
iniciativa pública, para assegurar a prossecução necessária de interesses públicos, e por
isso, dotadas em nome próprio de poderes e deveres públicos. A capacidade das pessoas
coletivas abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes a
prossecução dos seus fins. C. Civil artigo 160 n°1.

Porém exceptuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam inseparáveis
da personalidade singular. C. Civil artigo 160 n° 2.

 São pessoas coletivas públicas, são pessoas coletivas;


 Tratam-se de entidades criadas por iniciativa pública;
 São criadas para assegurar a prossecução necessária de interesses públicos;
 São titulares em nome próprio, de poderes e deveres públicos;

Espécies

São pessoas coletivas públicas no direito Moçambicano atual sete:

Estado; Os institutos públicos; As empresas públicas, na modalidade de entidades


públicas empresariais; As associações públicas; As entidades administrativas
independentes; As autarquias locais; As regiões autónomas

Saliente-se que a lista apresentada está ordenada segundo o critério da maior


dependência para a menor dependência do Estado.

Agrupamento das pessoas coletivas em tipos

 Pessoas coletivas de população e território, ou de tipo territorial;


 Pessoas coletivas de tipo institucional;
 Pessoas coletivas de tipo associativo;

Da análise dos diversos textos que regulam as pessoas coletivas públicas, podemos
concluir que os aspetos predominantemente do seu regime jurídico são os seguintes:

 Criação e extinção;
 Capacidade jurídica de direito privado e património próprio;
 Capacidade de direito público;
 Autonomia administrativa e financeira;
 Isenções fiscais;
 Sujeição ao regime da contratação pública e dos contratos;
 Bens do domínio público;
 Regime da função pública;
 Sujeição a um regime administrativo de responsabilidade civil;
 Sujeição à tutela administrativa;
 Sujeição à fiscalização do Tribunal de Contas;
 Foro administrativo;

Natureza jurídica das pessoas coletividades de utilidade pública

A natureza das pessoas coletivas de utilidade pública tem-se discutido se têm natureza
privada ou pública e, por consequência, se são entidades que se limitam a cooperar com
a Administração Pública sem dela fazerem parte, ou se trata, pura e simplesmente, de
elementos integrantes do sector público. Em 1993, a propósito das pessoas coletivas de
utilidade pública administrativa temos duas posições fundamentais sobre o tema: A tese
tradicional, sustentada por Marcello Caetano, via nessas entidades, pessoas coletivas
de direito privado e regime administrativo e não pessoas coletivas de direito público.

A tese contrária era sustentada por Afonso Queiró, que considerava as pessoas
coletivas de utilidade pública administrativa como pessoas coletivas de direito público,
integradas na Administração, e não como entidades privadas. Após o 25 de Abril de
1974, ultrapassada a fase coletivista e estatizante dos primeiros tempos, é proclamado o
respeito pelo pluralismo jurídico e social. O diploma regulador das pessoas coletivas de
utilidade pública administrativa considera-as a todas como entidades privadas que
cooperam com a Administração, e não como elementos integrantes destas. Por outro
lado, a tutela administrativa deixou de poder incidir sobre o mérito e resume-se a um
mero controlo de legalidade. E a sujeição aos tribunais administrativos não abrange
todas as pessoas coletivas de utilidade pública, apenas as de utilidade pública
administrativa e incide unicamente sobre os atos administrativos que Excepcionalmente
pratiquem. O professor Freitas do Amaral conclui que as pessoas coletivas de utilidade
pública são entidades privadas e que as pessoas coletivas de utilidade pública
administrativa, se alguma vez chegaram a ser pessoas coletivas públicas, são hoje
privadas, e não constituem elementos da Administração, mas entidades particulares que
com ela colaboram.

Órgãos

Analisando as perspetivas doutrinais e o livro do Professor Diogo Freitas do Amaral


podemos concluir que: para nós os órgãos da administração (isto é, das pessoas
coletivas que integram a administração) devem ser concebidos como instituições para
efeitos da teoria da organização administrativa, e como indivíduos para efeitos de
teoria da atividade administrativa. Segundo o artigo 162 do C. Civil, os estatutos da
pessoa coletiva designarão os respetivos órgãos, entre os quais haverá um órgão colegial
de administração e um conselho fiscal, ambos eles constituídos por um número impar de
titulares, dos quais um será o presidente. No artigo 20 da lei procedimento
administrativo alínea a), b) e c) diz que são órgãos da Administração pública, os órgãos
do Estado que exerçam funções administrativas; os órgãos das autarquias locais; os
órgãos dos institutos públicos, das empresas públicas, das associações públicas, e das
fundações públicas, no exercício de competências administrativas.

Classificação dos órgãos

Há muitas classificações dos órgãos das pessoas coletivas públicas. Aqui vamos referir
apenas as mais importantes.

 Órgãos singulares e colegiais;


 Órgãos centrais e locais;
 Órgãos primários, secundários e vicários;
 Órgãos representativos e órgãos não representativos;
 Órgãos ativos, consultivos e de controlo;
 Órgãos decisórios e executivos;
 Órgãos permanentes e temporários;
 Órgãos simples e complexos;
Órgãos singulares: são órgãos singulares aqueles que têm apenas um titular, ou seja,
são aqueles cujas decisões dependem da atuação isolada de um único agente, seu chefe
e representante como por exemplo, Presidência da República, cujas decisões são
tomadas pelo Presidente. Artigo 33° da lei 7/2012 de 8 de fevereiro.

Órgãos centrais e locais

Órgãos centrais e locais: órgãos centrais são aqueles que têm competência sobre todo
o território nacional; como por exemplo: O presidente da República, o Conselho de
Ministros, a Presidência da República, os Ministros, as Comissões nacionais com
natureza internacional. Segundo artigo 36° da lei 7/2012 de 8 de fevereiro.

órgãos locais são os que têm a sua competência limitada a uma circunscrição


administrativa, ou seja, apenas a uma parcela do território nacional, ou por outra são
aqueles que exercem suas funções nas províncias, distritos, posto administrativo,
localidades e povoações. Segundo n° 1 do artigo 64 da lei 7/2012 de 8 de fevereiro.
Esses órgãos têm a função de representar o Estado a nível local para administração e
desenvolvimento do território a nível local. Como o disposto no artigo 65 da lei 7/2012
de 8 de fevereiro.

Órgãos primários, secundários e vicários: órgãos primários são aqueles que dispõem


de uma competência própria para decidir as matérias que lhes estão confiadas.

Órgãos  secundários, são os que apenas dispõem de uma competência delegada; e


órgãos vicários ,são aqueles que só exercem competência por substituição de outros
órgãos.

Órgãos representativos e órgãos não representativos: órgãos representativos são


aqueles cujos titulares são livremente designados por eleição. Os restantes são
órgãos não representativos.

Órgãos ativos, consultivos e de controlo: órgãos ativos são aqueles a quem compete


tomar decisões ou executá-las.

Órgãos consultivos são aqueles cuja função é esclarecer os órgãos ativos antes de estes
tomarem uma decisão, nomeadamente através da emissão de pareceres.
Órgãos de controlo são aqueles que têm por missão fiscalizar a regularidade do
funcionamento de outros órgãos.

Órgãos decisórios e executivos

Órgãos decisórios e executivo: os órgãos ativos, podem por sua vez classificar-se em
decisórios e executivos. São órgãos decisórios  aqueles a quem compete tomar decisões.
São órgãos executivos aqueles a quem compete executar tais decisões, isto é, pô-las em
prática.

Órgãos permanentes e temporários: são órgãos permanentes aqueles que segundo a


lei têm duração indefinida; são órgãos temporários os que são criados para atuar
apenas durante um certo período.

Órgãos simples e complexos

Órgãos simples e órgãos complexos: os órgãos simples são os órgãos cuja a estrutura é
unitária, a saber, os órgãos singulares e os órgãos colegiais cujos os titulares só podem
atuar coletivamente quando reunidos em conselho. Os órgãos complexos são aqueles
cuja estrutura é diferenciada, isto é, aqueles que são constituídos por titulares que
exercem também competências próprias a título individual e são em regra auxiliados por
adjuntos, delegados e substitutos.

Órgãos colegiais;

São colegiais os órgãos compostos por dois ou mais titulares. O órgão colegial na


atualidade são composto por mais de um titular, São exemplos de Órgãos Colegiais os
Conselhos, Comités, Grupos de Trabalho, Comissões, entre outros. Artigo 33° da lei
7/2012 de 8 de fevereiro

Enumeraremos em traços gerais as principais características dos órgãos Colegiais:

Composição e constituição; Marcação e convocação de reuniões; Reuniões e sessões;


Membros; Funcionamento, deliberação e votação; Quórum; Modos de votação; Voto de
desempate e voto de qualidade; Adoção e aprovação; Decisão e deliberação; Atos e
atas; Dissolução e demissão;

Funcionamento dos órgãos colegiais


É importante referir que os órgãos colegiais são aqueles em que há representações
diversas e as decisões são tomadas em grupos, com o aproveitamento de experiências
diferenciadas, os órgãos colegiais são compostos pelo elenco dos membros legalmente
definido e são presididos por um deles, podendo ser indicado um secretário, salvos nos
caso indicados por lei. Segundo n° 2 do artigo 33 da lei 7/2012 de 8 de fevereiro. Esses
órgãos reúnem-se, periodicamente, nos termos da lei. Em relação às funções do
presidente dos órgãos colegiais e o seu funcionamento podemos encontrar fundamentos
nos artigos 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35. Da lei 14/2011 de
10 de Agosto.

Conclusão

Após a realização do presente trabalho conclui-se que as pessoas coletivas públicas são
aquelas que tenham sido criadas pelo Estado ou por outro ente público primário e que
detenham o predicado fundamental das entidades públicas que é a posse de
prerrogativas de direito público, isto é, exorbitantes do direito privado. E as pessoas
coletivas públicas de utilidade pública podem ser classificadas segundo diferentes
critérios, tais como; Quanto à natureza do substratos, Quanto ao âmbito territorial de
autuação e quanto aos fins que prosseguem e ao regime jurídico a que estão sujeitas.
Referência bibliográficas

AMARAL, Diogo Freitas do. Curso de Direito Administrativo, Volume I. Almedina,


2016.

OLIVEIRA, Fernanda Paula, DIAS, José Eduardo. Noções Fundamentais de Direito


Administrativo. Almedina, 2016.

LEGISLAÇÃO:

Lei n° 14/2011 de 10 de Agosto;

Código Civil;

Lei n° 7/2012 de 8 de fevereiro .

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