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PESSOA JURÍDICA

- Nos dias de hoje, adotamos a expressão “pessoa jurídica”, muito embora, no


direito comparado, outras terminologias já foram usadas como pessoas morais,
abstratas, míticas, e, até mesmo, “ente de existência ideal” – Teixeira de Freitas.

- Como decorrência do fato associativo, os seres humanos, gregários por


excelência, segundo a doutrina do sociólogo Machado Neto, tem a tendência
inata ao agrupamento, pois, perceberam que em grupos atingiram com mais
eficiência os seus propósitos, especialmente econômicos. Assim, observa
Orlando Gomes que a categoria da pessoa jurídica surgiu da necessidade de
personificação desses grupos, para que atuassem com autonomia. Portanto, o
primeiro e básico conceito de pessoa jurídica é no sentido de ser aquele grupo
humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade própria, para a
realização de fins comuns. Obs.: naturalmente, dada a complexidade das
relações sociais contemporâneas, especiais tipos de pessoa jurídica tem
natureza própria, a exemplo das fundações e da EIRELI (empresa individual de
responsabilidade limitada).

Teorias explicativas da pessoa jurídica

1. Corrente negativista (Planiol, Marciel) – negava a existência concreta


da pessoa jurídica. A pessoa jurídica nada mais é do que um grupo de
pessoas físicas reunidas, um patrimônio coletivo.
2. Corrente afirmativista – aceitava a existência da pessoa jurídica.
a. Teoria da ficção (Savigny e Windscheid) – para esta teoria, a
pessoa jurídica teria uma existência meramente ideal ou
abstrata, sendo uma criação da pura técnica da Direito. Pessoa
jurídica encarcerada no plano do direito, sem atuação social;
b. Teoria da realidade objetiva ou teoria sociológica ou teoria
organicista (Clóvis Beviláqua) – para esta teoria, a pessoa
jurídica seria, simplesmente, um organismo social vivo, a ser
explicado pela sociologia, e não pela técnica do direito.
Encarcerava a pessoa jurídica no âmbito sociológico;
c. Teoria da realidade técnica (Ferrara e Geny) – para esta
terceira teoria, mais equilibrada, a pessoa jurídica seria
personificada pela técnica abstrata do direito, a par de também
ter dimensão social, integrando relações de variada ordem.

Pessoas jurídicas de direito público

- Se dividem em pessoas jurídicas de direito público interno e externo.

(CC, art. 41) – São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União: a União é a pessoa jurídica de direito público que defende a


soberania nacional e representa a República Federativa do Brasil em suas
relações internacionais;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de


direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se,
no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

(CC, art. 42) – “São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público”.

Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público (CF/88; art. 37;


§ 6°)1 (CC, art. 43)2

1
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
2
“As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes
que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.
- Esses dispositivos tratam da responsabilidade do Estado, ou seja, quando os
agentes públicos causam danos a terceiros ou então os agentes no serviço
público.

- Requisitos para que se configure a responsabilidade:

a) Que o ato lesivo seja praticado por pessoa jurídica de direito público;

b) Que o ato lesivo seja praticado por pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviços públicos;

c) Que o dano seja causado por um agente no exercício de suas funções;

d) Que haja danos a terceiros.

- Verifica-se que o art. 43 do código civil e o art. 37, § 6° da Constituição Federal


adotou a teoria publicista, a qual reconhece a responsabilidade objetiva do
Estado. A responsabilidade objetiva do Estado também é denominada teoria do
risco, uma vez que o risco de dano é inerente à atividade do Estado. Sendo
assim, para que se configure a responsabilidade objetiva do Estado é necessário
apenas comprovar:

a) O ato lesivo lícito ou ilícito do agente público;

b) Dano a terceiro;

c) Nexo de causalidade entre o ato lesivo e o dano (teoria de nexo de


causalidade). Não se exige a demonstração de dolo ou culpa, bastando o
nexo de causalidade.

- No caso do agente público que causou dano a terceiro, o ordenamento


brasileiro adotou a teoria subjetiva. A administração pública poderá cobrar
regressivamente os danos que este agente causou a terceiros, tendo, todavia,
que provar que o agente público ou o prestador de serviços públicos agiu com
dolo ou com culpa.

Aquisição da personalidade pela pessoa jurídica de direito privado


- Nos precisos termos do artigo 45, caput do Código Civil brasileiro3, começa a
existência legal das pessoas jurídica de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização
especial do poder executivo. Vale dizer, nos termos da própria lei brasileira, o
registro do ato constitutivo (contrato social ou estatuto) é constitutivo da sua
personalidade.

Obs.: o registro da pessoa jurídica é constitutivo da personalidade. Cria a


personalidade.

- Em geral, o ato constitutivo da pessoa jurídica deverá ser registrado na junta


comercial ou no CRPJ (cartório de registro de pessoa jurídica).

Obs.: lembra-nos Caio Mário, em sua obra Instituições de Direito Civil, que o
registro da pessoa jurídica, por ser constitutivo, tem efeitos ex nunc. Portanto
entes sem registro são considerados despersonificados, o que implica
responsabilidade pessoal dos seus sócios ou administradores, nos termos dos
artigos 986 e seguintes do código civil.

> O que são grupos despersonificados com capacidade processual?


Determinadas entidades, a exemplo do espólio, da massa falida, da herança
jacente (art. 75, NCPC) embora tecnicamente pessoa jurídicas não sejam, têm
capacidade processual. Personalidade anômala (Maria Helena Diniz). A título
ilustrativo, PL do parlamentar José Santana de Vasconcelos de 2009 pretendeu,
expressamente, modificar o código civil e a lei 6.015 para considerar o
condomínio pessoa jurídica.

Espécies de pessoa jurídica de direito privado

- o código civil brasileiro, em rol não exaustivo, elenca as pessoas jurídicas de


direito privado em seu artigo 44, que são as seguintes:

a. Associações;

b. Sociedades;

3
“Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo
no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.
c. Fundações;

d. Organizações religiosas;

e. Partidos políticos;

f. EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada).

- Em sua redação original, o art. 44 considerava pessoa jurídica de direito privado


as associações, as sociedades e as fundações. O legislador expressamente
reconheceu as categorias das “organizações religiosas” e “partidos políticos” em
incisos autônomos, mesmo tendo natureza associativa, com o objetivo de excluí-
los e blindá-los do prazo de adaptação ao novo código civil nos termos do art.
2.0314.

Obs.: empresários individuais e pessoas jurídicas anteriores que não se


adaptaram ao novo código civil podem sofrer sanções de variada ordem:
impossibilidade de obtenção de linha de crédito e financiamento, impossibilidade
de participar de licitação e, principalmente, passarão a atuar como sociedades
irregulares, em que, como se sabe, a responsabilidade passa a ser pessoal dos
seus próprios sócios ou administradores.

> Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? A posição que prevalece no sistema
jurídico brasileiro consolida em diversos julgados (REsp 752.672/RS) 5 e (AgRg

4
“As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os
empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos
políticos”.

5
“EMENTA: RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE PUBLICIDADE E
REPERCUSSAO. PROTESTO INDEVIDO. CAUTELAR DE SUSTAÇAO QUE IMPEDIU O REGISTRO.
INEXISTÊNCIA DE PUBLICIDADE. 1. A pessoa jurídica não pode ser ofendida subjetivamente. O
chamado dano moral que se lhe pode afligir é a repercussão negativa sobre sua imagem. Em resumo:
é o abalo de seu bom-nome. 2. Não há dano moral a ser indenizado quando o protesto indevido é
evitado de forma eficaz, ainda que por força de medida judicial”.
no REsp 865.658/RJ)6 e na própria súmula 227 do STJ7 é no sentido de que a
pessoa jurídica pode sofrer dano moral nos termos inclusive do próprio art. 52
do CC8, a despeito de certa resistência doutrinária (enunciado 286 da 4ª jornada
de direito civil9).

Representação da pessoa jurídica (CC, art. 47) – “Obrigam a pessoa jurídica


os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo”.

- A pessoa jurídica estará presente pelos atos dos seus administradores.

- Somente os atos que forem exercidos nos limites dos constantes no ato
constitutivo obrigam a pessoa jurídica.

- O Código Civil brasileiro adotou a teoria ultra vires, ou seja, todos os atos que
os administradores exercerem além dos seus poderes previstos no ato
constitutivo não obrigarão a pessoa jurídica.

- Se não houver limitação dos poderes no ato constitutivo, os administradores


poderão realizar todos os atos necessários à gestão da pessoa jurídica (CC, art.
1.015, caput)10, excetuando-se a transferência e alienação de bens imóveis.

(CC, art. 1.015, parágrafo único) – “O excesso por parte dos administradores
somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes
hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio


da sociedade;

6
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. AÇAO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA.
POSSIBILIDADE. SÚMULASTJ/227. DECISAO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. O enunciado 227
da Súmula desta Corte encerrou a controvérsia a fim de reconhecer a possibilidade de a pessoa jurídica
sofrer dano moral. II. O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão
alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo Regimental improvido”.
7
“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
8
“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
9
“Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua
dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos”.
10
“No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da
sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a
maioria dos sócios decidir”.
II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da


sociedade”.

> Administração coletiva: “Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as


decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato
constitutivo dispuser de modo diverso” (CC, art. 48, caput) como, por exemplo,
um quórum de 2/3 (dois terços) dos presentes para aprovação de quaisquer atos.

> Administrador provisório: “Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar,


o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador
provisório” (CC, art. 49).

Associações

- As associações, nos termos do art. 53 do CC, são pessoas jurídicas de direito


privado formadas pela união de indivíduos que buscam finalidade ideal ou não
econômica. À luz do código civil que rege a matéria, toda associação é formada
pela união de indivíduos com finalidade ideal.

- O ato constitutivo de uma associação é o seu estatuto, cujos requisitos


encontram-se no art. 54, devendo o seu registro ser feito no CRPJ (cartório de
registro pessoas jurídicas).

- O estatuto da associação prevê: diretoria, presidência, um conselho fiscal,


assembleia geral. Compete à assembleia geral destituir os administradores e
alterar o estatuto.

Obs.: em regra, dissolvida a associação, a teor do art. 61 do código civil, o seu


patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designados no
estatuto, ou, omisso este, a uma instituição municipal, estadual ou federal, de
fins iguais ou semelhantes.
- Em uma associação, pode haver categorias diferentes de associados, mas,
dentro de uma mesma categoria pode haver discriminação de direitos entre eles
(art. 55, CC)11.

- O código civil brasileiro admite no art. 57 12 a expulsão ou exclusão do


associado, desde que, por óbvio, garantido o contraditório.

- A doutrina, invocando o princípio da função social e a teoria do abuso de direito,


começa a ganhar força defendendo a exclusão do condômino por meio de ação
judicial própria (enunciado 508 da 5ª jornada de direito civil 13).

Obs.: prevalece ainda no Brasil a tese segundo a qual o art. 57, por cuidar de
associações, não deve ser aplicado para expulsão de condômino antissocial,
para o qual é prevista sanção, específica no parágrafo único do art. 1.337 do
código civil14. Nesse sentido inclusive já decidiu o TJ de SP julgando a apelação
cível 668.403.4/6.

Fundações

- Conceito: as fundações, diferentemente das sociedades e das associações,


não são formadas pela união de indivíduos, mas sim, pelo destacamento de um
patrimônio, que se personifica, para a realização de finalidade ideal ou não
lucrativa.

- Podem ser temporárias.

> Requisitos para constituição da fundação:

1. A afetação de bens livres e desembaraçados do instituidor;

11
“Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens
especiais”.
12
“A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento
que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto”.
13
“Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se ineficaz, a garantia fundamental da função social
da propriedade (arts. 5º, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação ao abuso do direito (arts. 187 e
1.228, § 2º, do CC) justificam a exclusão do condômino antissocial, desde que a ulterior assembleia
prevista na parte final do parágrafo único do art. 1.337 do Código Civil delibere a propositura de ação
judicial com esse fim, asseguradas todas as garantias inerentes ao devido processo legal.”
14
“O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade
de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa
correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior
deliberação da assembleia”.
2. A instituição deverá ser feita por escritura pública ou testamento;

3. A elaboração do estatuto da fundação;

Obs.: o estatuto da fundação poderá ser elaborado diretamente pelo seu


próprio instituidor, ou, fiduciariamente à elaboração, poderá ficar a cargo
de um terceiro, que, não o fazendo, permitirá que subsidiariamente o MP
o faça (art. 65, CC).

4. Aprovação do estatuto da fundação;

Obs.: em regra, caberá ao MP aprovar o estatuto que ele não elaborou.


Caso o MP elabore o estatuto, o art. 764 do NCPC estabelece que deverá
o mesmo ser aprovado pelo juiz.

5. Registro do estatuto no CRPJ (cartório de registro de pessoas


jurídicas);

6. Atribuição fiscalizatória do Ministério Público. O art. 66 traz norma


expressa regulando a matéria.

Obs.: como visto, em regra, a função fiscalizatória caberá ao Ministério


Público do estado ou do Distrito Federal. Todavia, por óbvio, em havendo
justificativa legal própria, poderá a procuradoria da república (MPF)
também atuar exercendo fiscalização (enunciado 147 da 3ª jornada de
direito civil15).

> O estatuto de uma fundação pode ser modificado? Nos termos do artigo 67 e
68 do código vil, admite-se a alteração do estatuto da fundação.

Sociedades

- Conceito: a sociedade, pessoa jurídica de direito privado, dotada de


personalidade jurídica própria, é instituída por meio de contrato social com a
finalidade de exercer atividade econômica e partilhar lucros (art. 981, CC).

15
“A expressão ‘por mais de um Estado’, contida no § 2° do art. 66, não exclui o Distrito Federal e os
Territórios. A atribuição de velar pelas fundações, prevista no art. 66 e seus parágrafos, ao MP local – isto
é, dos Estados, DF e Territórios onde situadas – não exclui a necessidade de fiscalização de tais pessoas
jurídicas pelo MPF, quando se tratar de fundações instituídas ou mantidas pela União, autarquia ou
empresa pública federal, ou que destas recebam verbas, nos termos da Constituição, da LC n. 75/93 e da
Lei de Improbidade”.
> É lícita a sociedade formada entre os cônjuges? O art. 977 do CC 16 admite a
sociedade formada entre os cônjuges, desde que não sejam casados nos
regimes de comunhão universal ou separação obrigatória de bens.

- Tem prevalecido a ideia, à luz da garantia constitucional do ato jurídico perfeito,


que a proibição do art. 977 não atingiria sociedades anteriores, conforme
inclusive se pronunciou o DNRC (Departamento Nacional do Registro de
Comércio) por meio do parecer 125/03.

- O código civil brasileiro, no parágrafo único do art. 982, estabelece quem


independentemente do objeto, toda sociedade anônima é empresária e toda
cooperativa é sociedade simples.

> Para ser considerada empresária, deverão ser observados dois requisitos:

A) Material: ela deve exercer atividade tipicamente empresarial (art. 966,


CC);

B) Formal: ela deve ser registrada na junta comercial no registro público


da empresa.

- A sociedade empresária reúne um requisito material (exercício de atividade


empresarial) e um requisito formal (registro na junta comercial), sujeitando-se à
legislação falimentar. Além disso, a sociedade empresária é marcada pela
impessoalidade, na medida em que a atividade do sócio não é indispensável ao
exercício da atividade da empresa. Vale dizer, os sócios atuam, basicamente,
como articuladores de fatores de produção (capital, mão de obra, tecnologia e
matéria prima). Diferentemente, a sociedade simples que, como regra, é
registrada no CRPJ, é aquela em que a atividade do sócio confunde-se com a
atividade da própria sociedade, a exemplo da sociedade formada por advogados
ou médicos.

Obs.: a despeito de haver ainda acesa polêmica, por conta de as cooperativas


terem sido consideradas sociedades simples, a doutrina de direito empresarial,
em regra, sustenta que o seu registro deve continuar a ser feito na junta

16
“Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória”.
comercial por conta da norma especial (enunciado 69 da 1ª jornada de direito
civil). Mas a matéria ainda não é pacificada.

EIRELI (Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada)

- Conceito: a empresa individual de responsabilidade limitada é, segundo o


professor Frederico García, uma pessoa jurídica unipessoal que prevê a
limitação da responsabilidade do seu titular ao capital integralizado que não
poderá ser inferior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no país.
Responsabilidade limitada ao seu capital. Trata=se de um novo tipo de pessoa
jurídica criada pela lei 12.441/11.

Obs.: tramita uma ADIn n° 4637 que pretende o reconhecimento da


inconstitucionalidade do mínimo de cem salários mínimos para a constituição da
EIRELI.

- Em regra, a EIRELI é registrada na junta comercial.

Obs.: o DNRC (Departamento Nacional do Registro de Comércio), por meio da


instrução normativa 117/2011, proibiu que pessoa jurídica pudesse constituir
EIRELI.

Desconsideração da personalidade da pessoa jurídica

- Ocorre quando o juiz determina que os bens dos sócios, ou dos


administradores, responderão pela dívidas da pessoa jurídica em caso de abuso
da personalidade jurídica.

- Princípio da autonomia patrimonial: o patrimônio da pessoa jurídica não se


confundem com o patrimônio dos sócios ou administradores.

(CC, art. 50) – “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica”.

- Abuso da personalidade jurídica (teoria maior):


a) Desvio de finalidade, ou

b) Confusão patrimonial.

- Desconsideração da personalidade jurídica no CDC (teoria menor):

(CDC, art. 28, caput) – “O juiz poderá desconsiderar a personalidade


jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também
será efetivada quando houver falência, estado de insolvência,
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração”.

- Desconsideração inversa da personalidade jurídica: ocorre quando é afastado


o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a
sociedade por obrigações dos seus sócios.

Fim da pessoa jurídica (CC, art. 51)

- Casos em que a pessoa jurídica é extinta (CC, art. 1.033):

a) Decurso de prazo de sua duração;

b) Consenso unânime dos sócios;

c) Deliberação dos sócios;

d) Por falta de pluralidade de sócios;

e) Extinção ou cassação da autorização para o seu funcionamento etc.

(CC, art. 51, caput) – “Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a
autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação,
até que esta se conclua”. A extinção da pessoa jurídica não se dá de maneira
automática. A partir do momento da sua dissolução, ficará existindo a fim de que
possa ser feita a sua liquidação.

(CC, art. 51, § 1°) – “Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita,
a averbação de sua dissolução”.
(CC, art. 51, § 2°) – “As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-
se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado”. As regras da
dissolução das sociedades são as mesmas regras para as demais pessoas
jurídicas – no que couber; por exemplo, para uma EIRELI, para uma associação
etc.

(CC, art. 51, § 3°) – “Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da


inscrição da pessoa jurídica”. Encerrada a dissolução, poderá ser cancelada a
inscrição da pessoa jurídica.

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