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DIREITO CIVIL

“DA PESSOA
JURÍDICA”
INTRODUÇÃO
- O ser humano para que possa atingir seus fins e
objetivos une-se a outros homens formando
agrupamentos.

- Com a necessidade de personalizar tais grupos, para


que participem da vida jurídica, com certa
individualidade e em nome próprio, a própria norma
de direito lhes confere personalidade e capacidade
jurídica, tornando-os sujeitos de direitos e obrigações.
INTRODUÇÃO
- Algumas vezes, trata-se de uma formação histórica
necessária, como ocorre em relação ao Estado que é
considerado pessoa jurídica de Direito Público.

- “A existência das pessoas jurídicas de Direito Público


decorre de fatores como a lei e o ato administrativo,
bem como de fatores históricos, de previsão
constitucional e de tratados internacionais, sendo
regidas pelo Dto. Público e não pelo Código Civil”.
(Carlos Roberto Gonçalves)
INTRODUÇÃO
- Outras vezes, é um grupo de homens que trabalham para
fins lucrativos ou não (sociedades ou associações), e
finalmente, em certos casos, é um patrimônio afetado pelo
seu proprietário a uma finalidade determinada de acordo
com normas fixadas pelo instituidor (fundações).

- Obs.: Cada país adota uma denominação. Ex.: na França,


chama-se pessoa moral, em Portugal pessoa coletiva, no
Brasil, na Alemanha, na Espanha e na Itália, preferiu-se a
expressão PESSOA JURÍDICA.
CONCEITO
PESSOA JURÍDICA:

“É entidade a que a lei empresta personalidade, capacitando-a


a ser sujeito de direitos e obrigações. A sua principal
característica é que atua na vida jurídica com personalidade
diversa da dos indivíduos que a compõem”.
(Carlos Roberto Gonçalves)

“É a unidade de pessoas naturais ou patrimônios, que visa à


consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica
como sujeito de direitos e obrigações”
( Maria Helena Diniz).
NATUREZA JURÍDICA
I - Teoria da Ficção Legal - (Savigny).

Ao entender que só o homem é capaz de ser sujeito de direito, concluiu


que a pessoa jurídica é uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial
da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função de certas
entidades.

Doutrinária – (Vareilles Sommiéres).

Varia um pouco esse entendimento, ao afirmar que pessoa jurídica


apenas tem existência na inflingência dos juristas, apresentando-se como
mera ficção criada pela doutrina.

Obs. Não são aceitas. A crítica que se lhe faz é que o Estado é uma
pessoa jurídica. Dizer-se que o Estado é uma ficção é o mesmo que
dizer que o direito, que dele emana, também será.
NATUREZA JURÍDICA
II – Teoria da Equiparação – (Windscheid e Brindz).

Entende que pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu


tratamento jurídico às pessoas. É inaceitável porque eleva os bens à
categoria de sujeitos de direitos e obrigações, conferindo pessoas com
coisas.

III- Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica –(Gierke e Zitllmann).

Admite ao lado da pessoa natural, que é organismo físico, organismos


sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência própria
distinta da de seus membros tendo por objetivo realizar um fim social.

Obs. Crítica - A pessoa jurídica não tem vontade própria; o fenômeno


volitivo (vontade) é peculiar ao ser humano, daí ser inaceitável.
NATUREZA JURÍDICA
IV – Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas – (Hauriou).

Afirma que, como a personalidade humana deriva do direito, da mesma


forma este pode concedê-la a agrupamentos de pessoas ou de bens: a
personalidade jurídica é um atributo que o ordenamento jurídico
concede a entes que o merecem.

V - Teoria da Realidade Técnica.

É a que melhor explica o tratamento dispensado à pessoa jurídica por


nosso direito positivo. “A pessoa jurídica teria existência real, não
obstante a sua personalidade conferida pelo direito. O Estado, as
associações, as sociedades, existem como grupos constituídos para a
realização de determinados fins. A personificação desses grupos,
todavia, é construção da técnica jurídica, admitindo que tenham
capacidade jurídica própria”.
PRESSUPOSTOS DA
EXISTÊNCIA
1º) A vontade humana criadora = (intenção de criar entidade
distinta da de seus membros). Traduz o elemento anímico para a
formação de uma pessoa jurídica.

2º) A observância das condições legais = instrumento particular


ou público registro e autorização ou aprovação do governo.

3º) Liceidade dos seus objetivos = Objetivos ilícitos ou nocivos


constituem causa de extinção da pessoa jurídica .
ATO DE CONSTITUIÇÃO
- A vontade humana materializa-se no ATO DE CONSTITUIÇÃO:

A) ESTATUTO - ASSOCIAÇÕES (sem fins lucrativos),

B) CONTRATO SOCIAL - SOCIEDADES SIMPLES ou EMPRESÁRIAS,

C) ESCRITURA PÚBLICA ou TESTAMENTO - FUNDAÇÕES. (CC, art. 62).

O ato constitutivo deve ser levado a “REGISTRO” para que comece,


então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado (CC, art.
45).

Antes do registro, não passará de mera “Sociedade de Fato ou


Sociedade não Personificada”, equiparada por alguns ao nascituro,
que já foi concebido, mas que só adquirirá personalidade se nascer
com vida. No caso da pessoa jurídica, se o ato constitutivo for
registrado.
LOCAL DE REGISTRO
- O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se
na Junta Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas
Mercantis.

- Os estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas


de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas (CC. art. 1.150) (LRP. 6.015/73, art. 114).

- Os da sociedade simples de advogados serão registrados na OAB


(EAOB, arts. 15 e 16, § 3º).

Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou


aprovação do Poder Executivo (CC. art. 45), em virtude das
peculiaridades de seu objetivo ou de risco que sua atividade
representa à economia ou ao sistema financeiro nacional.
Exemplos: Seguradoras, instituições financeiras, as administradoras
de consórcio, dentre outras.
SURGIMENTO DA PESSOA
JURÍDICA
- A pessoa jurídica possui um ciclo de existência. A sua existência
legal, exige a observância da legislação em vigor, que considera
indispensável o registro para a aquisição de sua personalidade
jurídica. (CC. art. 45).

(ATENTAR PARA O REGISTRO NO LUGAR COMPETENTE)

- O registro de pessoa jurídica tem natureza constitutiva, por


atributo de sua personalidade,

- O registro civil de nascimento da pessoa natural tem natureza


declaratória da condição de pessoa, já adquirida no instante do
nascimento com vida.
OBRIGAÇÕES ESPECIAIS
- Para alguns tipos de pessoas jurídicas, independentemente do
registro civil, a lei, por vezes, impõe o registro em algum outro órgão,
com finalidade cadastral e de reconhecimento de validade de
atuação:

Exemplos:

A) Partidos Políticos - devem ser inscritos no Tribunal Superior


Eleitoral (§ 2º do art. 17 da CF e dos parágrafos do art. 7º da Lei n.
9.096/95);

B) Entidades Sindicais – devem ser inscritos no Ministério do Trabalho


e Emprego (CF, art. 8º, I e II) - Obtêm personalidade jurídica com o
simples registro civil, mas devem comunicar sua criação não para
efeito de reconhecimento, mas sim, para controle do sistema da
unicidade sindical, ainda vigente em nosso país.
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE
FATO
- Antes do registro (Artigo 45), não se fala em pessoa jurídica
enquanto sujeito de direito.

- Sem o registro temos somente a chamada Sociedade Irregular


ou de Fato, desprovida de personalidade, mas com capacidade
para se obrigar perante terceiros. (artigos: 986 a 990, CC).

- Nessas sociedades a responsabilidade dos sócios é pessoal e


ilimitada, respondendo este não só com o capital perante a
sociedade, mas também com seus bens pertencentes. (Artigo
990, CC).
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE
FATO
- Da mesma forma, os credores da sociedade devem
primeiramente, executar o patrimônio social (Artigo 989, CC),
para na falta de bens, realizar a responsabilidade ilimitada dos
sócios.

- O registro de uma sociedade que haja atuado determinado


período de tempo irregularmente não tem efeito retro operante
para legitimar os atos praticados nesse intervalo. Durante esse
período (período em que a sociedade permaneceu irregular),
pois, a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada.
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE
FATO
- É indiscutível o fato de que a sociedade irregular ou de fato não
pode pleitear direito próprio, por lhe faltar capacidade jurídica
para tanto nenhum juiz admitirá a postulação de um ente social
em juízo, sem que se faça prova de sua constituição social,
inclusive para se poder aferir a capacidade processual de seu
representante.

- Não se imagina uma sociedade irregular participando da fase


de habilitação em uma licitação pública. A irregularidade de sua
constituição organizacional prejudica o reconhecimento de
direitos.
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE

Questão: Se esta mesma sociedade houvesse vendido produtos a


um terceiro e este terceiro não pagasse. Poderia de alguma forma
realizar a cobrança do devedor ou a sociedade ficaria no prejuízo?
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE
Se esta mesma sociedade houvesse vendido produtos a um terceiro.
Cumpriu sua parte no contrato de fornecimento devidamente
firmado. O fato de a sua constituição ser irregular não deve ser
justificativa para que o adquirente se negue a pagar o valor
devido. Agindo assim, violaria o princípio universal que veda o
enriquecimento sem causa. Nessa hipótese, se houver a
necessidade de se proceder à cobrança judicial, deverão os sócios
de fato postular em seus próprios nomes, por conta da falta de
personalidade jurídica da referida sociedade.
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE

Questão: A proteção aos direitos da personalidade contidas à partir


do artigo 11 do Código Civil podem ser aplicados à Pessoa Jurídica?
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE
Artigo 52, CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade”.

Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.


(Ver artigos 5, X e artigos 186, 927)
GRUPOS DESPERSONALIZADOS
- Nem todo grupo social constituído para a consecução de fins comuns é dotado de
personalidade jurídica.

“Há entidades que não podem ser subsumidas ao regime legal das pessoas jurídicas
do Código Civil, por lhes faltarem requisitos imprescindíveis à subjetivação, embora
possa agir, sem maiores dificuldades, ativa ou passivamente. São entes que se
formam independentemente da vontade dos seus membros ou em virtude de um ato
jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses,
sem lhes traduzir “affectio societatis” Donde se infere que os grupos
despersonalizados ou com personificação anômala constituem uma comunhão de
interesses ou um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem
personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação”

Exemplos: .
* Massa Falida.
* Herança Jacente (Artigo 1819, CC)
* Espólio (Artigo 1784, CC).
* Condomínio.

IMPORTANTE: Artigo 12, VII, CPC


CAPACIDADE DE REPRESENTAÇÃO
- A pessoa jurídica adquire personalidade a partir do seu registro civil.
(Artigo 45, CC)

- Portanto, enquanto sujeito de direito, a pessoa jurídica, assim como a


pessoa física ou natural, tem preservado os seus direitos à integridade
moral, à imagem, ao segredo, etc. (Artigo 52, CC)

- A capacidade da pessoa jurídica é, por sua própria natureza especial.


Considerando a sua estrutura organizacional, moldada a partir da técnica
jurídica, esse ente social não poderá, por óbvio, praticar todos os atos
jurídicos admitidos para a pessoa natural. Ex. uma sociedade casando-se ou
reconhecendo filho.

- Por isso se diz que a pessoa jurídica detém capacidade jurídica especial.
O seu campo de atuação jurídica encontra-se delimitado no contrato
social, nos estatutos ou na própria lei. Não deve, portanto, praticar atos
ou celebrar negócios que extrapolem da sua finalidade social, sob pena de
ineficácia.
CAPACIDADE DE REPRESENTAÇÃO
- Por se tratar de um ente cuja personificação é decorrência da técnica
legal, sem existência biológica ou orgânica, a pessoa jurídica, dada a sua
estrutura, exige órgãos de representação para poder atuar na órbita
social.

- Por não poder atuar por si mesma, a sociedade ou a associação age,


faz-se presente, por meio das pessoas que compõem os seus órgãos
sociais e conselhos deliberativos. Essas pessoas praticam atos como se
fossem os próprios entes socias.

“O órgão da pessoa jurídica não é representante legal. A pessoa jurídica


não é incapaz. O poder de presentação, que ele tem, provém da
capacidade mesma da pessoa jurídica. Se as pessoas jurídicas fossem
incapazes, os atos dos seus órgãos não seriam seus. Ora, o que a vida
nos apresenta é exatamente a atividade das pessoas jurídicas através
dos seus órgãos: os atos são seus, praticados por pessoas físicas”.
(Pontes de Miranda)
- O Código Civil, evita a expressão “representação da pessoa jurídica” de
uso comum em nosso direito - CC, art. 47.
CLASSIFICAÇÃO
1º) - Quanto a Nacionalidade: Qualifica-se a pessoa jurídica
como nacional ou estrangeira.

A) Nacional - É organizada conforme a lei brasileira e tem no país


a sede de sua administração (CC. art. 1.126 a 1.133) (CF, art.176,
§1º e art. 222).

b) Estrangeira - Qualquer que seja o seu objetivo, não poderá,


sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país. Se
autorizada a funcionar no Brasil sujeitam-se á às leis e aos
tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados, deverá Ter
representação no Brasil e poderá nacionalizar-se, transferindo
sua sede para o Brasil (CC. arts. 1.134 a 1.141).
CLASSIFICAÇÃO
2º) – Quanto a Estrutura Interna:

A) Universitas Personarum - Que é a corporação, um conjunto de


pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os
exerce por meio de uma vontade única. Ex. Associações e as
Sociedades.

B) Universitas Bonorum - Que é o patrimônio personalizado


destinado a um fim que lhe dá unidade. Ex. Fundações.

3º) - Quanto às Funções:

As pessoas jurídicas são de Direito Público e de Direito Privado.


PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PÚBLICO
A) De Direito Público Externo: regulamentadas pelo direito internacional,
abrangendo: Estados estrangeiros, organizações internacionais: ONU, OIT
(Organização Internacional do Trabalho), etc.. (Ler CC. art. 42).

B) De Direito Público Interno:

- Da Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Municípios


(CC. art. 41, I a III).

- Da Administração Indireta: São órgãos descentralizados, criados por lei,


com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de
interesse público, como as (CC. art. 41, IV e V).


PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PÚBLICO
- Da Administração Indireta: São órgãos descentralizados, criados por lei, com
personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público,
como as (CC. art. 41, IV e V).

a) Autarquias - Pessoas Jurídicas de Direito Público de capacidade


exclusivamente administrativa. Ex. INSS, IBAMA, Embratur, etc..

b) Fundações Públicas - surgem quando a lei individualiza um patrimônio a


partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de Direito Público,
afetando-o à realização de um fim administrativo, e adotando-o de organização
adequada. Ex. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
Fundação Centro Brasileiro para Infância e Adolescência. (CF. art. 37, XIX) (CC.
art. 41, V).

c) Associações Públicas - (lei n. 11.107/2005, arts.1º, § § 1º a 3º,2º a 6º, I, §


1º), que são consórcios públicos com personalidade jurídica de Direito Público,
por conjugarem esforços de entidades públicas, que firmam acordos para a
execução de um objeto de finalidade pública. Ex. O consórcio COPATI, formado
por municípios cortados pelo rio Tibaji, no Estado do Paraná, com o objetivo de
preservar esse rio, celebrado mediante lei, do protocolo de intenções, Lei n.
11.107/2005, arts. 4º, § 5º, 5º e 6º).
PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PRIVADO
- Instituídas por iniciativa de particulares, conforme CC. art. 44, I
a III, dividem-se:

I- ASSOCIAÇÕES - São entidades de direito privado, formadas pela


união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não
econômicos.

São criadas por meio de assembleias dos interessados, não


havendo entre os associados direitos e obrigações.

As associações civis, podendo ser religiosas, cientificas ou literárias


e as de utilidade pública. Constituem, portanto, uma
“UNIVERSITAS PERSONARUM”, ou seja, um conjunto de pessoas
que têm fins ou interesses não econômicos.
ASSOCIAÇÕES
- Resultam da união de pessoas geralmente em grande número (os
associados), e na forma estabelecida em seu ato constitutivo,
denominado estatuto.

- Apesar de não perseguir fins lucrativos, a associação não está


impedida de gerar renda que sirva para a mantença de suas
atividades e pagamento do seu quadro de funcional.

- A receita gerada deve ser revertida em benefício da própria


associação visando à melhoria de sua atividade. Por isso, o ato da
associação (estatuto), não deve impor, entre os próprios
associados, direitos e obrigações recíprocas, como aconteceria se
tratasse de um contrato social, firmado entre sócios. (CC. art. 53,
§ único).
ASSOCIAÇÕES
- O ato constitutivo da associação consiste num conjunto de
cláusulas contratuais vinculantes, ligando seus fundadores e os
novos associados que ao nela ingressarem, deverão submeter-se
aos seus comandos. O estatuto das associações conterá: CC. art.
54.

- Além da assembleia geral, órgão máximo da associação, é muito


comum que o seu estatuto autorize a composição de um conselho
administrativo ou diretoria de um conselho fiscal. Compete
privativamente a assembléea geral o disposto no CC. art. 59, §
único.
ASSOCIAÇÕES
- A associação poderá ter finalidade: altruística (associação
beneficente), egoística – propósitos exclusivos dos associados
(associação literária, esportiva ou recreativa) econômica não
lucrativa (associação de socorro mútuo).

- Plena é a liberdade de associação para fins lícitos - CF. art. 5º,


XVII.

- A existência legal da associação surge com a inscrição legal de


seu estatuto, em forma pública ou particular, no registro
competente, desde que satisfeitos os requisitos legais, tendo ela
objetivo lícito e estando regularmente organizada. Há casos em
que pode ser exigida para a sua constituição uma prévia
autorização governamental, que será federal. Ex. Partidos
Políticos.
ASSOCIAÇÕES
- Dever-se-á, então, registrar o estatuto e a autorização governamental
para que a associação seja uma pessoa jurídica. (Lei n. 6.015/73, arts. 114
a 121).

- Sem o registro será considerada uma associação irregular, ou melhor,


não personificada, que, não tendo personalidade jurídica, será tida como
mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. Mesmo irregular,
a associação será representada em juízo, ativa ou passivamente, pela
pessoa que a administrar. (CPC, art. 12).

- Com a personificação da associação para os efeitos jurídicos, ela passará


a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e capacidade
patrimonial, constituindo seu patrimônio, que não terá relação com os dos
associados, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com
os seus membros, por ser uma nova unidade orgânica. Cada um dos
associados constituirá uma individualidade e a associação uma outra
(CC. art. 50, 2º parte), tendo cada um seus direitos, deveres e bens
apesar de não haver, entre os associados, direitos e deveres recíprocos.
SOCIEDADES
II- SOCIEDADES

- Espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria,


é instituída por meio de Contrato Social, com o objetivo de
exercer atividade econômica e partilhar lucros.

- O contrato social, desde que devidamente registrado, é o ato


constitutivo da sociedade.

Artigo 981, CC
SOCIEDADES
Classificação das Sociedades:

1) Sociedades Simples - Visam fim econômico ou lucrativo, que


deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício
de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. (CC.
arts. 997 a 1.038).

Exemplos: sociedade imobiliária, uma sociedade que presta


serviços de pintura, que explora ramo hospitalar ou escolar, que
presta serviços de terraplanagem.
• 2) – Sociedades Empresariais = Visam lucro mediante exercício
de atividade mercantis, assumindo as forma de sociedade em
nome coletivo, sociedade limitada, sociedade anônima ou por
ações, etc. (CC. art. 1.039 a 1.092).
SOCIEDADES
Classificação das Sociedades:

2) Sociedades Empresariais - Visam lucro mediante exercício de


atividade mercantis, assumindo as forma de sociedade em nome
coletivo, sociedade limitada, sociedade anônima ou por ações, etc.
(CC. art. 1.039 a 1.092).

3) Empresa Pública - Entidade dotada de personalidade Jurídica de


Direito Privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da
União, criada por lei para a exploração de atividades econômica.
Ex. Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais, Lei n.8.970/97 –
Conab, lei n. 8.029/90.
SOCIEDADES
4) Sociedade de Economia Mista - Entidade dotada de
personalidade jurídica de Direito Privado, para a exploração de
atividade econômica, sob forma de Sociedade Anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria a União.

- A simples participação majoritária do Estado, como acionista,


não caracteriza a empresa como sociedade de economia mista se
a sua criação não se deu por ato legislativo.

- São sociedades que regem pelo direito privado, ou seja, por


normas comerciais e trabalhistas e também por normas
tributárias, mas com cautela do direito público, ante o fato de
estarem sujeitas a certos princípios. Exemplo: licitação, porque
lidam com recursos ou capitais públicos – Banco do Brasil e
Petrobrás.
FUNDAÇÕES
III- FUNDAÇÕES:

São formadas a partir da indicação de um patrimônio, por


testamento ou por escritura pública, com especificação do fim a ser
destinado.

- É um acervo de bens livres, que recebe da lei capacidade jurídica


para realizar as finalidades pretendidas pelo seu instituidor, em
atenção aos seus estatutos, desde que religiosas, culturais ou
assistenciais. (CC. art. 62,§ único), por ser meramente enunciativa e
por indicar a exclusão de fins lucrativos.

- A fundação deve almejar a consecução de fins nobres para


proporcionar a adaptação à vida social, a obtenção da cultura, do
desenvolvimento intelectual e o respeito a valores espirituais,
artísticos, materiais ou científicos. Não pode haver abuso,
FUNDAÇÕES
- Sua natureza consiste na disposição de certos bens em vista de
determinados fins especiais, logo esses bens são inalienáveis, uma vez que
asseguram a concretização dos objetivos colimados pelo fundador, em certos
casos, comprovada a necessidade de venda, esta possa ser autorizada pelo
magistrado, ouvindo o Ministério Público, que a tutela para oportuna
aplicação do produto em outros bens destinados ao mesmo fim. (CC. arts.
66 e 69).

- Se os bens forem insuficientes para constituir uma fundação, os bens


doados serão, se outra coisa não dispuser o instituidor, incorporados em
outra fundação que se proponha o fim igual ou semelhante. (CC. art. 63).

- Percebe-se que é um patrimônio (propriedade, créditos ou dinheiro),


colocado a serviço de um fim especial, que deve Ter sempre um alcance
social. Ex. hospital, um instituto cultural ou literário.

- Quando a finalidade da fundação tenha se tornado ilícita, impossível,


inútil ou vencido o prazo de sua duração, a sua extinção poderá ser
promovida pelo Ministério Público ou qualquer interessado. (CC. art. 69).
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS
PESSOAS JURÍDICAS
- As pessoas jurídicas respondem, com seu patrimônio, por todos
os atos ilícitos que praticarem, por independentemente da
natureza da pessoa jurídica (direito público ou privado),
estabelecido um negócio jurídico com observância dos limites
determinados pela lei ou estatuto, deve ela cumprir o quanto
pactuado, respondendo, com seu patrimônio, pelo eventual
inadimplemento contratual, na forma do art. 389 do CC.

- A responsabilidade da pessoa jurídica, pelos atos ilícitos dos seus


empregados é extracontratual. É perfeitamente aplicável às
pessoas jurídicas os artigos 186, 187 e 927, § único do Código
Civil, que não fazem acepção de quais pessoas são as
destinatárias da norma.
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS
PESSOAS JURÍDICAS
- O Código Civil ao cuidar da responsabilidade civil, o fez apenas quanto
as pessoas jurídicas que tem finalidade lucrativa ou empresarial ao
dispor que respondem pelos produtos postos em circulação.

- Essas sociedades (CC. arts. 932, III, 933) respondem objetivamente


pelos danos provocados e pelos atos ilícitos praticados pelos seus
representantes.

- A responsabilidade das Associações (não tem fins lucrativos)


encontra respaldo no art. 186 do CC, (responsabilidade subjetiva).

- Quanto à responsabilidade civil do Estado é com base no princípio da


igualdade de todos perante a lei que ele deve indenizar o dano
sofrido por um indivíduo, pois entre todos devem ser os ônus
encargos equitativamente distribuídos - Ver - CF. art. 173, § 5º.
RESPONSABILIDADE PENAL DAS
PESSOAS JURÍDICAS
- Há previsão legal de imputabilidade criminal para pessoas
jurídicas, consoante a regra contida no art. 3º da Lei n. 9.605/98 –
(Dos Crimes Ambientais).

- As pessoas jurídicas poderão ser responsabilizadas


administrativamente, civil e penalmente, no caso em que a
atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de
seus representantes legais.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
- Se a pessoa jurídica não confunde com as pessoas físicas que a
compõem; se o patrimônio da sociedade personalizada não se identifica
com os atos dos sócios, fácil será lesar credores, ou ocorrer abuso de
direito, para subtrair-se a um dever, tendo-se em vista que os bens
particulares dos sócios não podem ser executados antes dos bens
sociais, havendo dívida da sociedade (espécie de subsidiariedade).

- O afastamento da personalidade deve ser temporário, perdurando,


apenas no caso concreto, até que os credores se satisfaçam no
patrimônio pessoal dos sócios infratores, verdadeiros responsáveis
pelos ilícitos praticados. Ressarcidos os prejuízos, sem prejuízo de
simultânea responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos, a
empresa, por força do próprio princípio da continuidade, poderá desde
que apresente condições jurídicas e estruturais, voltar a funcionar.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
- Entretanto em situações excepcional de gravidade, poderá
justificar-se a desconsideração, em caráter definitivo, da pessoa
jurídica, como a extinção compulsória pela via judicial, da
personalidade jurídica.

- Pelo Código de Defesa do Consumidor, lei n. 8.078/90, art. 28 e §


5º, expressa a respeito da teoria da desconsideração da pessoa
jurídica.

- O Código Civil colocou-se ao lado das legislações modernas,


consagrou, em norma expressa, a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica – Artigo 50, CC.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
- Segundo a regra legal, a desconsideração será possível, a
requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber
intervir, se o abuso consistir em:

a) Desvio da Finalidade - desvirtuou-se o objetivo social, para se


perseguirem fins não previstos contratualmente ou proibidos por lei.

b) Confusão Patrimonial - a atuação do sócio ou administrador


confundiu-se com o funcionamento da própria sociedade, utilizada
como verdadeiro escudo, não se podendo identificar a separação
patrimonial entre ambos.

Obs.: Nas duas situações faz-se imprescindível a ocorrência de


prejuízo – individual ou social – justificador da suspensão temporária
da personalidade jurídica da sociedade.
EXTINÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
- Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica completa o seu ciclo
existencial, extinguindo-se.
Segundo a classificação consagrada na doutrina, poderá ser:

1) Convencional - Deliberada entre os próprios sócios, respeitados o


estatuto ou contrato social.

2) Administrativa - Resulta da cassação da autorização de


funcionamento, exigida para determinadas sociedades se constituírem e
funcionarem. Nesse sentido Caio Mário informa que: “se praticam atos
opostos a seus fins, ou nocivos ao bem coletivo, a administração
pública, que lhes dera autorização para funcionamento, pode cassá-la,
daí resultando a terminação da entidade, uma vez que a sua existência
decorrera daquele pressuposto”.

3) Judicial - Observada uma das hipóteses de dissolução prevista em lei


ou no estatuto, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios poderá, por
sentença, determinar a sua extinção.
EXTINÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
- No CC art. 51, dispõe que: “nos casos dissolução da pessoa
jurídica ou cassada sua autorização para seu funcionamento, ela
subsistirá para fins de liquidação, até que esta se conclua. Finda a
liquidação, inclusive com a satisfação das obrigações tributárias,
promover-se-á o cancelamento de inscrição da pessoa jurídica, o
que será averbado no mesmo registro onde originalmente foi
inscrita.

- No caso da dissolução da sociedade, os bens que restarem deverão


ser partilhados entre os respectivos sócios, observada a participação
social de cada um – Artigo 51, § 2.º, CC.

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