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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA de SÃO PAULO
FORO REGIONAL VIII - TATUAPÉ
1ª VARA CÍVEL
RUA SANTA MARIA Nº 257, SÃO PAULO - SP - CEP 03085-901

SENTENÇA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1013008-47.2016.8.26.0008 e código 4E6021B.
Processo nº: 1013008-47.2016.8.26.0008 - Monitória
Requerente: Espólio de Antonio Oberdan Esperança
Requerido: Rogerio Jose Dias

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ROGERIO BOJO PELLEGRINO, liberado nos autos em 07/11/2017 às 15:59 .
Trata-se de AÇÃO MONITÓRIA entre as partes
acima referidas, objetivando a cobrança de cheque(s) não pago(s) e que
instrui(em) a presente.

Expedida ordem de pagamento monitória, a parte


requerida não foi localizada, sendo então citada com hora certa (fls.
63/64).

Foi nomeado(a) curador(a) especial à parte


requerida, que apresentou EMBARGOS MONITÓRIOS às fls. 87,
pugnando pela improcedência, por negação geral.

É o breve relato.

D E C I D O.

Tenho por apropriado o julgamento no estado,


não sendo necessárias outras provas além das constantes nos autos.

Pacificou-se a jurisprudência no sentido da


possibilidade de ajuizamento da Monitória instruída com títulos de
crédito prescritos ou sem eficácia executiva (RT 739/411, 753/253, Lex-
JTA 168/22; JTAERGS 103/329, RJTAMG 62/257, 64/183, maioria, apud
THEOTONIO NEGRÃO, Código de Processo Civil e Legislação Processual
em vigor, São Paulo, Ed. Saraiva, 30a. ed., 1999, nota 2 ao art.
1.102a.)

Em se tratando de cheque sem eficácia executiva,


tem-se que a assinatura lançada pelo emitente faz presumir a existência
do débito, cuja cobrança se pretende, porque, ainda que não haja
eficácia executiva, o mesmo não perde a natureza jurídica de ordem de
pagamento à vista.

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Ensina SÉRGIO CARLOS COVELLO, em sua obra
Prática do Cheque, SP, Edipro, 3a.Ed., 1999, que várias teorias foram
proposta quanto à natureza jurídica do cheque: Teoria do Mandato,
Teoria da Cessão, Teoria da Estipulação em favor de terceiro, Teoria da
Delegação, Teoria do Instrumento de Pagamento, Teoria do Título de
Crédito, etc., entendendo a Doutrina que o cheque possui dupla
natureza jurídica: a de 1) ordem de pagamento à vista e a de 2)

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ROGERIO BOJO PELLEGRINO, liberado nos autos em 07/11/2017 às 15:59 .
título de crédito, concomitantemente (pág. 29).

Assim, a prescrição ou falta de exigibilidade que


atinge o cheque afeta apenas sua natureza de título de crédito, mas não
o descaracteriza como ordem incondicional de pagamento à vista.

Por tal raciocínio, ainda que não exigível o cheque


como título de crédito pela via executiva cambial, tal não desnatura sua
cobrança pelo valor pura e simplesmente lançado, sem se perquirir sua
causa, já que, face à dupla natureza jurídica acima exposta, o cheque
não perdeu sua natureza de ordem incondicional de pagamento à vista.

Em concreto, no caso dos autos, os EMBARGOS


do(a) Dr(a). Curador(a) Especial não infirmam a veracidade da
assinatura da parte requerida-embargante, na(s) cártula(s) anexada(s)
à inicial. Não houve qualquer incidente de falsidade suscitado, precluindo
a questão.

Logo, e havendo preclusão a respeito de que foi


mesmo a parte embargante quem emitiu a(s) ordem(ns) de pagamento
acostada(s) aos autos, pouco importa tivesse ela relação jurídica ou não
com a parte credora, podendo estar pagando dívida de terceiros, por
exemplo.

Prevalecem, assim, as ordens de pagamento


emitidas pela parte devedora, impondo-se a procedência da cobrança.

Isto posto, REJEITO OS EMBARGOS opostos,


por serem IMPROCEDENTES, nos termos do art. 702, § 8º, c/c art.
487, inciso I, do Novo Código de Processo Civil.

CONDENO a parte ré-embargante a pagar à

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parte autora-embargada o reembolso de custas e despesas processuais,

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bem como honorários advocatícios que se fixam em 15% (quinze por
cento) do valor atualizado da cobrança.

Fica constituído, de pleno direito, o título


executivo, devendo ser observado o procedimento de CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA (art. 513 e seguintes do NCPC), para o prosseguimento da
cobrança.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ROGERIO BOJO PELLEGRINO, liberado nos autos em 07/11/2017 às 15:59 .
CIÊNCIA À DEFENSORIA PÚBLICA.

P. I.

São Paulo, 6 de novembro de 2017.

FÁBIO ROGÉRIO BOJO PELLEGRINO


Juiz de Direito
(assinatura digital à direita)

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