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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
13ª VARA CÍVEL
Praça João Mendes s/nº, 12º andar, sala 1220 - Centro
CEP: 01501-900 - São Paulo - SP
Telefone: (11) 3538-9247 - E-mail: upj11a15cv@tjsp.jus.br

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1084711-09.2023.8.26.0100 e código NRt0slkX.
Termo de Conclusão
Em 12/09/2023 09:06:53 faço estes autos conclusos à(o) MM. Juiz(a) de Direito. Eu, ,
Escrevente, Subsc.

SENTENÇA

Processo nº: 1084711-09.2023.8.26.0100


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Cessão de Crédito
Requerente: Lucas Pinheiro de Jesus
Requerido: Itapeva XI Multicarteira Fundo de Investimento em Direitos

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIZ ANTONIO CARRER, liberado nos autos em 04/10/2023 às 10:28 .
Creditórios Não Padronizados

Justiça Gratuita

Juiz(a) de Direito: Dr(a). LUIZ ANTONIO CARRER

Vistos.

LUCAS PINHEIRO DE JESUS ajuizou a presente ação em face de ITAPEVA XI


MULTICARTEIRA FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS NAO
PADRONIZADOS, aduzindo, ter tentado realizar compras a prazo em uma loja do seu bairro,
porém foi surpreendida ao descobrir que seu SCORE estava muito baixo, logo ele não conseguiria
nenhuma linha de crédito. Observou o aplicativo do Serasa Consumidor, onde alegava que o
débito é decorrente de dívidas no valor de R$435,83 (quatrocentos e trinta e cinco reais e oitenta e
três centavos), vencido no dia 01/11/2018, entretanto alega desconhecer tal dívida. Alega que não
houve notificação da cessão de créditos ocorrida, logo alega não ter nenhum vínculo com a parte
ré. Por isso, requer a declaração de inexigibilidade do débito cobrado pela ré, o benefício da
justiça gratuita, inversão do ônus probatório, regime de tutela de urgência e o pagamento do
importe no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais) a título de danos morais.
Concedido o benefício da justiça gratuita e o regime de tutela de urgência às fls. 20.
A parte ré foi citada e apresentou contestação, às fls. 25/37. Preliminarmente, requer
impugnação do valor da causa, alega falta de interesse processual e impugna o benefício de justiça
gratuita concedido. No mérito, sustenta que a dívida é objeto de cessão de crédito e que a parte
autora possuía dívida com o cedente Pernambucanas. Alega legalidade total dos atos realizados
pela empresa e validade dos contratos celebrados, alegando impossibilidade da inversão do ônus
probatório e que não houve danos morais no caso em lide. Por fim, salienta que a eventual

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ausência de notificação acerca da cessão do crédito por sua parte não resulta em sua
inexigibilidade ou na impossibilidade de inscrição do devedor nos órgãos de proteção ao crédito.
Houve réplica às fls. 179.
É o relatório. Decido.
Preliminarmente, rejeito a preliminar de impugnação ao valor da causa, uma vez que o
valor atribuído pela demandante está correto e corresponde ao proveito econômico pretendido pela
parte autora.
Rejeito a impugnação à concessão dos benefícios da justiça gratuita, pois o benefício foi

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIZ ANTONIO CARRER, liberado nos autos em 04/10/2023 às 10:28 .
concedido após análise dos documentos da parte autora que demonstram sua hipossuficiência
econômica. A impugnação da ré foi realizada de forma genérica e com base em meras conjecturas.
Por fim, rejeito a preliminar de falta de interesse processual, uma vez que tais questões se
confundem com o mérito.
Considerando que as questões de fato estão devidamente esclarecidas diante da prova
documental, havendo que se enfrentar apenas questões de direito, passo ao julgamento antecipado
da lide, nos termos do art. 355, I do CPC.
No mérito, a ação é improcedente.
Narra a parte autora que foi surpreendido por um débito informado por meio dos
programas de proteção ao crédito em nome de uma empresa que não tinha conhecimento.
Por sua vez, a parte ré alega que o débito foi contraído com a empresa Pernambucanas,
tendo sido este passado onerosamente para a parte ré, como explicitado na contestação. A relação
jurídica entre a parte ré e a empresa cedente Pernambucanas pode ser vista às fls. 67/114.
Dando seguimento, a relação jurídica entre a parte autora e a empresa Pernambucanas
pode ser vista às fls. 38/50, inclusive com a assinatura da parte autora e seus documentos juntados
e anexados. A argumentação da parte autora não merece prosperar, já que é fato incontestável que
houve uma relação jurídica firmada entre as partes, que foi um contrato de adesão a um cartão de
crédito, que pode ser observado às fls. 38/48.
No mais, quanto ao não recebimento de notificação prévia quanto à inscrição de seu nome
em cadastro de proteção ao crédito, a jurisprudência vem considerando que tal notificação prévia
não compete ao credor, mas ao órgão mantenedor do cadastro, que a parte ré deixa extremamente
claro às fls. 64/65 que a autora foi devidamente notificada da inclusão de seu nome, porém
saliento, com base no art. 293 do Código Civil, que independente do conhecimento da cessão do
autor pelo devedor, o cessionário pode exercer seu direito de realizar atos conservatórios do direito

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cedido.
Com efeito, ficou devidamente comprovado pelos documentos apresentados pela
contestação que o autor celebrou contrato com a empresa Pernambucanas.
Também restou devidamente comprovada a inadimplência do autor, o que legitima o
apontamento em seu nome realizado no rol de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito.
É evidente, portanto, que não há que se falar em reparação a título de danos morais, uma
vez que o requerido exerceu regularmente o seu direito ao efetuar apontamento de débitos
vencidos e não pagos.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIZ ANTONIO CARRER, liberado nos autos em 04/10/2023 às 10:28 .
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido inicial da parte autora.
Sucumbente, arcará a parte autora com o pagamento das custas e despesas processuais,
incluindo os honorários do patrono da parte ré que fixo em 10% do valor atualizado da causa. Por
ser beneficiária da justiça gratuita, incide o disposto no art. 98, § 3º, Código de Processo Civil, de
sorte que, se for o caso, sobre a verba honorária por si devida haverá juros moratórios de 1% (um
por cento) ao mês a contar da data em que o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade.
Publique-se. Intimem-se.

São Paulo, 03 de outubro de 2023.


LUIZ ANTONIO CARRER

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME


IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

PM

DATA

Em _________________ recebi estes autos em cartório.

_____________________. Esc.

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