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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia

PODER JUDICIÁRIO
BARREIRAS
2ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - BARREIRAS - PROJUDI 

BENEDITA SILVEIRA, 201, , CENTRO - BARREIRAS


barreiras-2vsj@tjba.jus.br - Tel.: 77 3611-8706

PROCESSO Nº: 0000939-64.2021.8.05.0022
AUTOR(ES): EULLIS ALVES ALECRIM

RÉ(U)(S):OI MOVEL SA

SENTENÇA 
  
Vistos e analisados, 
DO RELATÓRIO 
Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei nº 9.099/95. 
 
DA FUNDAMENTAÇÃO 

Trata-se de ação ajuizada pelo Demandante em desfavor de OI


MÓVEL S.A., arguindo, em síntese, ter tomado conhecimento, através
do site da Demandada na internet, da existência de débito em seu nome,
no valor de R$134,48 (cento e trinta e quatro reais e quarenta e oito
centavos), referente a contrato que não firmou com a empresa
Demandada. Aduz, também, no evento nº 52, que a Demandada
negativou o nome da Demandante perante os órgãos de proteção ao
crédito. Requer seja declarada a inexistência do débito, além de
indenização pelos Danos Morais sofridos.

A Demandada, apesar de devidamente citada, não compareceu à


audiência, tampouco juntou Contestação aos autos.

A Lei 9099/95 dispõe em seu artigo 20:  ¿Não comparecendo o


demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e
julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido
inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz¿.

Assim, não tendo comparecido a parte demandada à


audiência,  tornou-se revel, consoante o dispositivo supramencionado e o
art. 344 do CPC, que preceitua que não sendo contestada a ação, reputar-
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pela parte autora.

No caso em apreço a vulnerabilidade e hipossuficiência do


consumidor se mostram presentes no momento da produção da prova
capaz de atestar a veracidade de suas alegações, vez que a parte autora
não possui condições de corroborar suas assertivas, pois não tem como
provar fato negativo, qual seja, que não contratou com a Demandada.

Portanto, forçoso concluir que o  que efetivamente ocorreu foi a


imputação à parte autora de um débito que a toda evidência ela não
contraiu.

        O que ocorreu foi má prestação do serviço por parte da ré que não
agiu com o dever de cuidado necessário a fim de observar a veracidade
das informações prestadas no momento da contratação de seus serviços,
originando de um contrato que o autor jamais
firmou.                                                      

Trata-se de típico caso de culpa objetiva do fornecedor de serviços


sendo desnecessária a comprovação de intenção de causar dano,
bastando apenas a demonstração de que o serviço defeituoso    foi
prestado pela parte Requerida.

O Art. 14 da Lei 8078/90 dispõe que: ¿O fornecedor de serviços


responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.¿

O ônus da prova em ações dessa natureza é invertido por


disposição legal, artigo 14§ 3º do CDC, o que significa dizer que
compete a Ré demonstrar que o defeito na prestação do serviço inexiste
ou a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro no evento danoso a
fim de se desvencilhar de seu ônus probatório, porém a Demandada
quedou-se inerte.

DANO MORAL

O dano moral é presumível, a doutrina e jurisprudência entendem


desse modo em razão do aborrecimento gerado, perda de tempo e
necessidade de recorrer a justiça por um fato a que o consumidor não
deu causa.  In casu, trata-se de negativação indevida junto ao SERASA.
Está caracterizado nos autos o nexo causal entre o dano suportado
pela parte autora e a ação produzida pela parte requerida. Compete à
Demandada o ressarcimento dos danos morais e patrimoniais conforme
prescrição do Art. 6º da Lei 8078/90:  ¿São direitos básicos do
consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos¿.

O valor da indenização deve ser fixado em quantia que


desestimule as práticas que vêm sendo adotadas, porém em quantia
razoável a fim de não causar enriquecimento ilícito da parte Autora.

 INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

A Autora requer a declaração de inexistência de débito.  No caso


dos autos, a parte autora faz jus à declaração de inexistência de débito.

DISPOSITIVO

Do exposto e por tudo mais que dos autos constam, declaro a


revelia da ré e  julgo procedente o pedido para:

 a) Condenar à empresa OI MÓVEL SA a pagar à parte autora, a


título de indenização por danos morais, a quantia de R$ 3.000,00 (três
mil reais),  devidamente corrigida pelo INPC/IBGE, mais juros de 1%
(um por cento) ao mês, a partir desta data, consoante disposto no art. 407
do CC e súmula 362 do STJ;

 b) Declarar inexistente o contrato objeto da lide, assim como o


débito de R$134,48 (cento e trinta e quatro reais e quarenta e oito
centavos) imputado pela ré ao autor. 

 Extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I,


do CPC.

Não havendo recursos no prazo legal, e cumprido o quanto determinado,


arquive o processo.

Havendo Embargos de Declaração com efeitos infringentes, intime-se a


parte embargada, a fim de que tenha oportunidade de se manifestar,
devendo fazê-lo no prazo de 05 (cinco) dias, tendo em vista o exposto no
art. 49 da Lei nº 9.099/95 e a paridade de tratamento dispensado às partes.

Sendo interposto Recurso Inominado, se tempestivo e com recolhimento


das custas processuais eventualmente devidas, fica recebido apenas no
efeito devolutivo, por não se vislumbrar, no presente feito, a possibilidade
de aplicação de efeito suspensivo.

Eventual pedido de assistência judiciária gratuita deverá vir acompanhado


de comprovante da impossibilidade de arcar com o pagamento das
despesas processuais, como Cartão de Beneficiário do Bolsa Família,
comprovante de renda atualizado, extrato bancário, eventual contrato de
trabalho, sob pena de deserção (Enunciado Fonaje nº 116)."

Após o trânsito em julgado, intime-se as partes, na forma do art. 523 do


CPC.

Sem custas processuais e sem honorários advocatícios, por ora (art. 55 da


Lei nº 9.099/95).

Após o trânsito em julgado, observadas as formalidades legais, arquive-


se.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Thaís Sousa Pereira

JUÍZA LEIGA

HOMOLOGAÇÃO

Obedecidas às formalidades legais aplicáveis ao caso, estando


fundamentada de acordo com entendimento desta Magistrada, decidindo
bem as questões postas em julgamento,  HOMOLOGO  a minuta de
sentença elaborada pela Juíza Leiga, a fim de que produza os jurídicos e
legais efeitos.

Data conforme informado na assinatura digital desse documento.

FERNANDA MARIA DE ARAUJO MELLO


JUÍZA DE DIREITO
(documento assinado eletronicamente)

Assinado eletronicamente por: FERNANDA MARIA DE ARAUJO MELLO


Código de validação do documento: 7d087b36 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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