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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE (.........) DO ESTADO DE (......)

QUALIFICAÇÃO PARTA AUTORA  (sobrenome), (nacionalidade), (estado civil), (a


existência de união estável), (profissão), (portador da carteira de identidade nº ____,
expedida pelo ____), (inscrita no CPF/MF sob nº ____), (endereço eletrônico),
residente e domiciliado na (endereço completo, por intermédio do seu advogado que
esta subscreve, vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fulcro na
Constituição Federal, Código Civil, Código de Processo Civil, Código de Defesa do
Consumidor e demais legislações pertinentes à espécie propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS POR ATO ILICÍTO, com PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA contra

QUALIFICAÇÃO RÉU(nacionalidade), (estado civil), (a existência de união estável), (profissão),


(portador da carteira de identidade nº____, expedida pelo ____), (inscrita no CPF/MF sob nº ____),
(endereço eletrônico), residente e domiciliado (endereço completo) , na pessoa de seu representante
legal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:.
DOS FATOS
O Reclamante teve seu nome indevidamente negativado nos órgãos de
proteção ao crédito pela empresa Reclamada.

O Reclamante só descobriu que seu nome estava com a restrição quando


necessitou fazer uma compra a prazo e teve seu crédito negado, devido à restrição constante no
SPC (cópia da restrição anexa).

Ao ser surpreendido com a negativação do crédito, o Reclamante procurou


saber do que se tratava a respectiva restrição. Foi então que a mesmo procurou a SPC e através
do seu CPF descobriu que esta restrição tinha sido implantada pela Ré sob a argumentação
havia dois débitos pendente de pagamento no valor de R$ 199,87 referente ao suposto contrato
de n.º 062101101000000.

Acontece Excelência, que o Reclamante não reconhece essa dívida e pelo


que tudo demonstra, é que esse débito foi gerado unilateralmente pela empresa Ré.

O Reclamante tentou entrar em contato com a empresa Reclamada por


incontáveis vezes, porém, sem êxito, o que gerou sérios transtornos de natureza psicológica,
uma vez que tinha que ficar ao telefone durante horas em um só dia.

Diante disso, ficou impossibilitado de realizar compras no comércio local em


face do seu nome estar inserido (indevidamente) no cadastro de inadimplentes, o que também
lhe causou sérios transtornos.

Ora, Excelência, o Reclamante necessita do crédito para facilitar a sua vida


e de sua família, mas não o tem, por causa de uma tremenda injustiça por parte da empresa
Reclamada.

É nítido que o Reclamante foi vítima da má prestação de serviço da empresa


reclamada ou foi vítima de fraude, não tem débito algum com a empresa Reclamada, razão pela
qual a cobrança e a restrição creditícia é totalmente INDEVIDA, ABUSIVA e ILEGAL.

Essa restrição ao crédito traz para o Reclamante vários transtornos e


vergonha, pois não pode comprar em nenhum lugar a prazo, e ainda assim é considerado mal
pagador.

Excelência, tem-se também que a Reclamada foi negligente na inserção do


nome da parte Autora cadastro negativo dos órgãos de proteção ao crédito, tendo em vista
que não adotou a providência disciplinada pelo § 2º do artigo 43 do CDC, consistente em avisar
o consumerista, previamente, para que este pudesse evitar a restrição em seu nome.
A restrição do nome do Autor , que foi levado ao SPC por culpa da Ré ,
causou-lhe sérios transtornos e constrangimento, pois foi equiparado a um pagador
inadimplente, além de ter estreitado seu crédito perante o mercado (banco, comércio,
financeiras, etc).
O Reclamante entrou em contato com a reclamada relatou o ocorrido, que a
cobrança era indevida, porém, a reclamada nada fez.
Após várias tentativas e explicações, pelo telefone, não obteve resultado, e
outra opção não lhe restou a não ser propor a presente ação.

A questão aqui trazida já se tornou por demais corriqueira nas lides que
chegam ao Poder Judiciário, certamente, o mesmo ocorrendo com as demais. Servem elas para
demonstrar que o serviço público concedido a empresa Ré não tem sido prestado com a
necessária eficiência e segurança que dele se deveria esperar. Cabe, na ocasião, a menção ao
princípio da boa-fé objetiva, a qual nortea as relações de consumo (art. 4º, III CDC), a partir do
qual incumbe à prestadora de serviço tratar seus clientes consumidores de forma eficiente,
adequada e regular.
Em caso como o sub examine,a Requerida deveria ter se utilizado de todas as
precauções cabíveis para, por ocasião da inclusão do nome do mesmo no SPC, ter detectado o
erro, evitando assim danos indevidos ao Autor. Em não assim procedendo, faz exsurgir a
responsabilidade do fornecedor em indenizar os prejuízos àquele causados.
Desta forma, tendo o comportamento negligente da empresa Ré ensejado o
lançamento do nome da parte Autora na SPC, restam comprovados o dano moral e a obrigação
de indenizar os prejuízos experimentados pelo Autor, o que se requer na presente lide.

DO DIREITO

1 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A questão do ônus da prova é de relevante importância, visto que sua


inobservância pode vir a acarretar prejuízos aos que dela se sujeitam, mormente à aplicação do
Código de Defesa do Consumidor.

Levando-se a efeito o disposto no art. 333 do Código de Processo Civil,


provas são os elementos através dos quais as partes tentam convencer o Magistrado da
veracidade de suas alegações, seja a parte Autora quanto ao fato constitutivo de seu direito,
seja o réu, quanto ao fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte Autora.
Lembrando que estas deverão ser indicadas na primeira oportunidade de se falar aos autos, ou
seja, petição inicial e contestação.

Oportunamente vejamos as lições de Vicente Greco Filho, com uma


proficiência que lhe é peculiar, em sua obra de Direito Processual Civil Brasileiro, 2º volume,
edição 1996, Editora Saraiva que: “No momento processual do julgamento, o juiz apreciará toda
prova (e contraprova) produzida e, se ficar na dúvida quanto ao fato constitutivo, em virtude do
labor probatório do réu, ou não, a parte Autora perde a demanda e o juiz julga a ação
improcedente. O mesmo vale, em face do réu, quanto ao fato extintivo, modificativo ou impeditivo
do direito da parte Autora ”.

Tecidas tais considerações reportemo-nos ao Código de Defesa do


Consumidor, que traz uma inovação inserida no inciso VIII, artigo 6º do CDC, onde visa facilitar a
defesa do consumidor lesado, com inversão do ônus da prova, a favor do mesmo; no processo
civil só ocorre a inversão, quando, o critério do juiz, for verossímil a alegação, ou quando for ele
hipossuficiente, constatando-se a inversão do “ônus probandi”.
Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova se
faz necessária a verossimilhança da alegação, conforme entendimento do Juiz, ou a
hipossuficiência da parte Autora .

Portanto, são 02 (duas) as situações, presentes no artigo em tela, para a


concessão da inversão do ônus da prova, quais sejam: verossimilhança e hipossuficiência.

A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem uma aparência de


verdade, o que no caso, se constata da inserção do nome da parte Autora na SPC devido ao
uma suposta divida atrasada, sendo que a parte Autora desconhece a mesma.Se realmente for
real tal dívida é porque existe uma fatura em aberto, tendo a Reclamada então, a obrigação de
apresentá-la (fatura e contrato firmado), trazendo-os aos autos, pois só assim poderemos
certificar a veracidade de ambos, uma vez que será de fácil percepção se houve erroou mesmo
se houve a anuência da parte Autora .

Por outro lado, a hipossuficiência é a diminuição da capacidade do


consumidor, diante da situação de vantagem econômica da empresa fornecedora. O que por sua
vez, facilmente se verifica através da análise da situação financeira da parte Autora em
comparação com a Ré.

Daí, a relevância da inversão do ônus da prova está em fazer com que o


consumidor de boa-fé torne-se mais consciente de seus direitos e o fornecedor mais responsável
e garantidor dos bens que põe no comércio.

Portanto, haja vista, a verossimilhança das alegações da parte Autora e da


Hipossuficiência do mesmo, este faz jus, nos termos do art. 6º, VIII da Lei 8.078/90, a inversão
do ônus da prova ao seu favor.

2 - DOS DANOS MORAIS

A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos


diplomas legais a devida proteção, inclusive, estando amparada pelo art. 5º, inc. V da Carta
Magna/88:

“Art. 5º (omissis):
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;

O art. 186 e art. 927 do Código Civil de 2002 assim estabelecem:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”

Finalmente, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º também


protege a integridade moral dos consumidores:
“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(...)
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos
Ocorre que o dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma
comoção interna, um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual
forma em uma outra pessoa nas mesmas circunstâncias. Esse é o caso em tela, onde o
demandante viu-se submetido a uma situação de estresse constante, indignação e
constrangimento.

A Requerida ao arrepio da Lei, ao invés de acatar o pedido da parte Autora de


cancelamento imediata da suposta dívida, devolvendo a parte Autora o direito de usufruir do seu
bem nome, livre de qualquer tipo de restrição, optou por correr o risco de colocar a promovente
nesta situação de infortúnio e de constrangimento, levando esta a passar por um verdadeiro
martírio para conseguir restabelecer a honradez conquistada ao longo dos anos.

Como informado anteriormente, o nome da parte Autora é o seu bem valioso,


conquistado ao longo de sua vida, o qual foi pautado pela honradez de seus compromissos,
virtude esta, que lhe garantiu uma moral ilibada, isenta de qualquer mácula. Contudo Excelência,
sem existir nenhuma procedência legal, se depara com um constrangimento que jamais tinha
passado durante toda sua existência, que lhe causou e vem causando sérios dissabores e danos
de difíceis reparações, tudo pelo fato da Ré agir de forma negligente, sem a devida diligência
que se espera de uma prestadora de serviço.

Está negligência a torna culpada pelo evento danoso.

Vejamos o que ensina o Mestre SÍLVIO DE SALVO VENOSA em sua obra


sobre responsabilidade civil:

“Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor de produtos


e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo
do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo
da indenização aosconsumidores não existe limitação tarifada.” (Sílvio Salvo Venosa, Direito Civil.
Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 206).

Daí, o dano moral está configurado. Pois, o fato da parte Autora ter sido
submetido a uma situação de constrangimento e de desrespeito que já perdura por mais de 16
(dezesseis) meses, configura sem sombra de dúvidas em abalo a ordem psíquica e moral do
promovente.

Sendo assim, demonstrados o dano e a culpa do agente, evidente se mostra o


nexo causal. Como visto, derivaram-se da conduta ilícita da empresa Ré, os constrangimentos e
vexações causados ao Autor, sendo evidente o liame lógico entre um e outro.

Dessa forma, deve-se reconhecer a culpa da requerida na negativação do


nome da parte Autora no SPC.

Presume-se que o consumidor sofreu lesão em sua honra objetiva, pois,


situando-se no âmbito psíquico do ofendido, o dano moral reputa-se provado pela só
demonstração de que a inscrição fora indevida. É o que acentua Sergio Cavalieri Filho:

"... O dano moral existe in reipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal
modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural, uma
presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência comum. ..." (Programa de responsabilidade civil.
2.ª ed. Malheiros: 2000, p. 80).
Vejamos a jurisprudência pátria acerca de casos semelhantes:

"CIVIL. RESPONSABILIDADE. DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA NA DÍVIDA ATIVA.


DEFICIÊNCIA DO SERVIÇO PÚBLICO. DEMONSTRANDO OS AUTOS QUE A INSCRIÇÃO
DO NOME DO CIDADÃO NA DÍVIDA ATIVA MOSTROU-SE EQUIVOCADA, EIS QUE A
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO SE ENCONTRAVA SUSPENSA EM RAZÃO DA
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO NA ESFERA ADMINISTRATIVA, PERTINENTE A BUSCA
DA REPARAÇÃO PELOS DANOS MORAIS EXPERIMENTADOS. A RESPONSABILIDADE
PELA INDENIZAÇÃOPOR DANOS MORAIS SOBRETUDO QUANDO SE TRATAR DE ATOS
ENSEJADORES DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA, COMO OS ATOS DO PODER
PÚBLICO (ART. 37, § 6º, CF/88), PRESCINDE DO EXAME DE EVENTUAIS PREJUÍZOS OU
DA CULPA DO AGENTE CAUSADOR DO DANO. RECURSO IMPROVIDO" (APELAÇÃO
CÍVEL 2000.01.1.0626487, relator Des. Cruz Macedo, DJU de 03.09.2003)
"...CDC - DANO MORAL - LINHA TELEFÔNICA INSTALADA MEDIANTE FRAUDE
CONSISTENTE NA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS DE PESSOA DIVERSA DO
SOLICITANTE - NEGLIGÊNCIA DA PRESTADORA DE SERVIÇO TANTO NA
CONFERÊNCIA DOS DOCUMENTOS, QUANTO NA INSTALAÇÃO DO TERMINAL -
INDEVIDA INSCRIÇÃO E MANUTENÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR NOS
CADASTROS NEGATIVOS DO SPC E DA SERASA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
EMPRESA FORNECEDORA - DANO MORAL CARACTERIZADO - DEVER DE INDENIZAR -
ARBITRAMENTO JUSTO.
1. É indevida a inscrição do nome do consumidor nos cadastros negativos do SPC e da
Serasa, quando seus documentos são utilizados, mediante fraude, por terceiros, que solicitam
a habilitação e a instalação de terminais telefônicos, agindo a empresa de telefonia de forma
negligente, não confirmando os dados recebidos por telefone, nem fiscalizando, da forma
devida, no momento em que instala o terminal no endereço indicado. 2. Igualmente indevida é
a inserção do nome do consumidor no cadastro negativo dos órgãos de proteção ao crédito,
quando a fornecedora não adota a providência disciplinada pelo § 2º do artigo 43 do CDC,
consistente em avisar o consumerista, previamente, para que possa evitar a restrição.
3. Indevida a inclusão do nome do consumidor em cadastro de maus pagadores de empresa
de serviço de proteção ao crédito, resta para a fornecedora (artigo 3º do CDC) o dever de
responder objetivamente (artigo 14 do CDC) pelos danos resultantes de seu ato indevido ao
consumidor (artigo 2º do CDC), sendo desnecessário perquirir sobre eventual culpa.
4. A simples inclusão errônea do nome do consumidor, pessoa honesta e honrada, no
cadastro negativo de órgão de proteção ao crédito, por si só, é suficiente paracaracterizar
ofensa imaterial maculadora da honra a causar danos morais, que devem ser reparados
cabalmente..." (ACJ nº 2004.09.1.009506-9. Órgão Julgador: Segunda Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Distrito Federal. Relator: João Batista Teixeira.
Publicação no DJU em 31/03/2005. p. 107)

4 – DO “QUANTUM” INDENIZATÓRIO.

No que concerne ao quantum indenizatório, forma-se o entendimento


jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária
não tem apenas cunho de reparação do prejuízo, mas também caráter punitivo ou sancionatório,
pedagógico, preventivo e repressor: a indenização não apenas repara o dano, repondo o
patrimônio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagógica para o ofensor e a
sociedade e intimidativa para evitar perdas e danos futuros.

Tal entendimento, inclusive, é defendido pelo ilustre doutrinador SÍLVIO


SALVO VENOSA, senão vejamos:

“Do ponto de vista estrito, o dano imaterial, isto é, não patrimonial, é


irreparável, insusceptível de avaliação pecuniária porque é incomensurável. A condenação em
dinheiro é mero lenitivo para a dor, sendo mais uma satisfação do que uma reparação (Cavalieri
Filho, 2000:75). Existe também cunho punitivo marcante nessa modalidade de indenização, mas
que não constitui ainda, entre nós, o aspecto mais importante da indenização, embora seja
altamente relevante. Nesse sentido, o Projeto de Lei nº 6.960/2002 acrescenta o art. 944 do
presente código que “a reparação do dano moral deve constituir-se em compensação ao lesado
e adequado desestímulo ao lesante”. Como afirmamos, se o julgador estiver aferrolhado a um
limite indenizatório, a reparação poderá não cumprir essa finalidade reconhecida pelo próprio
legislador.” (Sílvio Salvo Venosa, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas,
2004, p. 41).

E o ilustre mestre diz mais:

“Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima(...)
“Por tais razões, dada a amplitude do espectro casuístico e o relativo noviciado da matéria
nos tribunais, os exemplos da jurisprudência variam da mesquinhez à prodigalidade. Nem sempre o valor fixado na
sentença revelará a justa recompensa ou o justo lenitivo para a dor ou para a perda psíquica. Por vezes, danos
ínfimos são recompesados exageradamente ou vice-versa. A jurisprudência é rica de exemplos, nos quais ora o
valor do dano moral guarda uma relatividade com o interesse em jogo, ora não guarda qualquer relação. Na
verdade, a reparação do dano moral deve guiar-se especialmente pela índole dos sofrimentos ou mal-estar de
quem os padece, não estando sujeita a padrões predeterminados ou matemáticos.”(Sílvio Salvo Venosa, Direito
Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 39/40).

Daí, o valor da condenação deve ter por finalidade dissuadir o réu infrator de
reincidir em sua conduta, consoante tem decidido a jurisprudência pátria:

Classe do Processo : APELAÇÃO CÍVEL NO JUIZADO ESPECIAL 20020110581572ACJ DF


Registro do Acordão Número : 191685 Data de Julgamento : 12/08/2003 Órgão Julgador :
Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Relator : SOUZA
E AVILA Publicação no DJU:24/05/2004 Pág. : 53 (até 31/12/1993 na Seção 2, a partir de
01/01/1994 na Seção 3)
Ementa CIVIL. CDC. DANOS MORAIS COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
VALOR FIXADO DENTRO DOS PARÂMETROS DETERMINADOS PELA DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA, A SABER: COMPENSAÇÃO E PREVENÇÃO.I - RESTANDO
PATENTES OS DANOS MORAIS SOFRIDOS E O NEXO CAUSAL ENTRE A LESÃO E A
CONDUTA NEGLIGENTE DA INSTITUIÇÃO PRESTADORA DE SERVIÇOS, ESTA TEM
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NA REPARAÇÃO DOS MESMOS, CONFORME
DETERMINA A LEI N.º 8.078/90 (CDC).II - CORRETA É A FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS QUE LEVA EM CONTA OS PARÂMETROS ASSENTADOS PELA
DOUTRINA E PELA JURISPRUDÊNCIA, MORMENTE OS QUE DIZEM RESPEITO À
COMPENSAÇÃO PELA DOR SOFRIDA E À PREVENÇÃO, ESTE COM CARÁTER
EDUCATIVO A FIM DE QUE EVITAR A REPETIÇÃO DO EVENTO DANOSO. III - RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
Decisão:
NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME.(g.n.)
.............................................................................................
Classe do Processo : APELAÇÃO CÍVEL NO JUIZADO ESPECIAL 20040110053689ACJ DF
Registro do Acordão Número : 197708 Data de Julgamento :18/08/2004 Órgão Julgador :
Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Relator : ALFEU
MACHADO Publicação no DJU: 30/08/2004 Pág. : 41 (até 31/12/1993 na Seção 2, a partir de
01/01/1994 na Seção 3)
Ementa CIVIL. CONSUMIDOR. DANOS MORAIS. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME NO
SERASA. QUANTUM ARBITRADO CORRETAMENTE. SENTENÇA MANTIDA. 1-PARA A
FIXAÇÃO DO DANO MORAL DEVE-SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO OS SEGUINTES
FATORES: A RESPONSABILIDADE DO OFENSOR, A SITUAÇÃO PATRIMONIAL DAS
PARTES, A INTENSIDADE DA CULPA DO RÉU, A GRAVIDADE E REPERCUSSÃO DA
OFENSA; ALÉM DE ATENDER AO CARÁTER PEDAGÓGICO PREVENTIVO E EDUCATIVO
DA INDENIZAÇÃO, NÃO GERANDO ASSIM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 2- NÃO HÁ DE
SE FALAR EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUANDO NÃO EXISTE ADVOGADO EM
DEFESA DA PARTE EX ADVERSA. 3- SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.
UNÂNIME.
Decisão CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, SENTENÇA MANTIDA,
POR UNANIMIDADE.(g.n.)
INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL - DANO MORAL - BANCO - DEVOLUÇÃO DE
CHEQUES DE CORRENTISTA, OBJETO DE FURTO, POR FALTA DE FUNDOS, COM
INCLUSÃO DE SEU NOME NO CADASTRO DO BANCO CENTRAL - NEGLIGÊNCIA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EVIDENCIADA - INEXIGIBILIDADE PARA O AJUIZAMENTO
DA PROVA DE QUALQUER PREJUÍZO - ARTIGO 5º, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA - ELEVAÇÃO DA VERBA DE DEZ PARA CEM VEZES OS DOS TÍTULOS, TAL
COMO PEDIDO PELA PARTE AUTORA - RECURSO PROVIDO." ("JTJ", LEX, 168/98, REL.
DES. CARLOS DE CARVALHO).

Destaco a capacidade econômica da fornecedora, a qual atua em ramo


comercial reconhecidamente de alta lucratividade.

Ressalto, ainda, a reprovabilidade da conduta da requerida, pois, não obstante


os inúmeros transtornos que vem causando aos consumidores em razão de sua desídia,
continua adotando a mesma sistemática, reiterando a conduta ilícita e evidenciando seu descaso
para com os direitos do consumidor.

Por esses motivos, deve a indenização ser fixada em patamar capaz de


desencorajar novas condutas da parte requerida nesse sentido.

5. DA TUTELA ANTECIPADA

O bom direito milita a favor da parte Autora , eis que não desconhece a
dívida, o que torna o débito que esta sendo cobrado inexistente, portanto, nada está a dever a
Requerida, no entanto, seu nome foi lançado no rol dos maus pagadores. A tutela jurisdicional
constitui-se em dever estatal, a fim de garantir e consagrar os padrões de convívio social e do
próprio Estado de Direito.

Restando exaustivamente demonstradas as lesões provocadas aos direitos


da parte Autora , nada mais justo que lhe prestar a tutela jurisdicional inaudita altera pars, a fim
de não retardar ainda mais o direito de ver o seu nome retirado da lista de maus pagadores, e
tão ver restituído o seu credito perante qualquer estabelecimento comercial e bancário,
determinado, Vossa Excelência, o cancelamento da inscrição do nome da Requerente do SPC.

O risco a que está sujeito a Requerente agrava-se com o passar dos dias,
eis que toda solicitação de crédito receberá negativa, o que provocará maiores e constantes
prejuízos, além de aumentar o número de pessoas (físicas e jurídicas) que passarão a ter uma
idéia errônea do comportamento da parte Autora , que sequer pode desfrutar de direito de
obter empréstimo para aprimorar sua relação comercial, bem como obter talão de cheque para
atender as suas necessidades.

Na eventualidade da parte Autora necessitar em caráter emergencial de um


empréstimo financeiro, não poderá valer-se de crédito algum, à mercê que se encontra das
restrições a si impostas por conta das atitudes irresponsáveis da Requerida.

Por mais que o rito procedimental e os serviços judiciários sejam rápidos e


eficientes, entre o pedido e a entrega definitiva da tutela jurisdicional, durante os períodos nos
quais exercerão o contraditório e a ampla defesa, ocorrerá um lapso de tempo considerável, não
sendo justo que a parte Autora continue sofrendo os prejuízos de seu nome continuar registrado
no SPC, acarretando-lhe mais prejuízos, o que poderia frustrar o próprio direito quando esse vier
a ser reconhecido em definitivo, até porque se algo mais sério vier a acontecer, o dano não terá
como ser reparado, de forma que volte ao “status quo ante”, pois uma parada cardíaca, poderia
traze-lhe sérias complicações em sua saúde, a qual requer maiores cuidados.

Ademais, em situações de risco de dano, ou ainda quando esse já se


efetivou, a tutela antecipada deve ser concedida de urgência, desde que a requerida, o que se
faz na forma prevista no artigo 273 do Código de Processo Civil, abaixo transcrito:

"O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da


tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança de
alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ".

A prova inequívoca e a verossimilhança, não deixam margens para qualquer


dúvida, uma vez que o débito foi gerado indevidamente, pois não existe nenhum mensalidade
pendente de pagamento que justificasse a cobrança dos valores sub examine.

Cumpre enfatizar que, a Requerente em momento algum foi notificado para


pagar o débito constante no documento emitido pela Requerida, provando desta forma, que a
cobrança é indevida.

Finalmente, necessário ressaltar que, a antecipação da tutela que ora se


requer, em nada irá alterar o suposto débito que a Requerida alegou existir para incluir o nome
da parte Autora rol dos maus pagadores. Some-se ainda, que deferindo Vossa Excelência a
Tutela Antecipada a fim de retirar o nome da parte Autora dos cadastros do SPC, a qualquer
momento tal inscrição poderá ser renovada, caso a Requerida comprovem que as
argumentações até aqui expendidas não tenham qualquer fundamento.

Mais do que provado o dano irreparável e, maior ainda será caso persista o
nome da Requerida no órgão SPC, motivos que justificam plenamente a concessão da
antecipação assecuratória, diante do risco que é concreto.

Ora, se por forca da Constituição, tem os litigantes o dever da submissão às


vias processuais estabelecidas, também por forcas Constitucional tem eles o direito de não
sofrer danos irreparáveis no curso do processo, o que fatalmente ocorrerá pela natural delonga
inerente ao contraditório e ampla defesa, das quais, com certeza se valerá a Requerida, o que
provocará maiores e mais sérios danos à honra e à moral da Requerente.

5.12 - Diferente não se posicionam os nossos Tribunais:

6a. Câmara do T. Alç. RS: O envio do nome do devedor a serviço de informação de


crédito, bem como a apresentação a protesto de títulos referente a débitos em
discussão, representam prejuízos em suas relações comerciais, a justificar a
concessão de tutela antecipada de sustentação daquelas medidas até solução do
litígio ( 11.04.1.996, RT 731/410).

5.13 – Ademais, de acordo com a vasta corrente jurisprudencial, existindo


discussão judicial, é desrazoável incluir ou permanecer com o nome de um suposto devedor nos
bancos de dados de sistemas de proteção ao crédito.
Nesse sentido a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-
se no sentido de que a discussão judicial do débito impede a inscrição em cadastro de
inadimplentes. (STJ – Resp 466819/GO – Relator Ministro Ari Pargendler – DJ de 10.05.2003, p.
228).

Ajuizada a ação de revisão de contrato, onde há discussão sobre cláusulas e débitos,


viável se mostra a concessão de tutela antecipada para evitar ou retirar a inscrição do
nome do devedor dos sistemas de proteção ao crédito. (TJDF – RAI 20050020038162
– Relator: Romeu Gonzaga Neiva, DJ de 06/10/2005, p. 92).

Ademais, no caso, ainda que a parte autora possua outra negativação


realizada por pessoa jurídica diversa, em consulta ao Projudi, observa-se que também é objeto
de outro processo, o que não afasta, em princípio, os requisitos exigidos pelo art. 84 do Código
de Defesa do Consumidor.

DO PEDIDO.
Diante de todo o exposto, requer a parte Autora que Vossa Excelência digne-
se de:

a) Conceder a tutela antecipada inaudita altera pars, em regime de urgência,


ordenando que a Reclamada proceda a retirada do nome do Reclamante do SPC, sob as penas
da lei.

b) Que seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do


previsto no artigo 334 do NCPC

c) Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII do CDC, a inversão do ônus da
prova em favor da demandante;

d) Determinar a citação da Requerida, no endereço fornecido nesta inicial na


pessoa de seu representante legal para, querendo, contestarem a presente em prazo legal, sob
pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

e) JULGAR PROCEDENTE A PRESENTE DEMANDA E ACOLHER OS


PEDIDOS para:

e1) declarar nula a dívida que está sendo cobrada, vez que foi gerada
unilateralmente e indevidamente pela empresa Ré, fato este que vem causando grande
transtorno na vida da parte Autora .

e.2) CONDENAR A DEMANDADA, nos termos dos art. 5º, inc. V da CF/88 c/c
art. 186 e art. 927 do CC/2002 e art. 6º, inc. VI da Lei. 8.078/90 A PAGAR A PARTE AUTORA A
QUANTIA JUSTA E RAZOÁVEL DE R$ 10.000,00 (dez mil reais) A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS.

DOS MEIOS DE PROVA.

A parte Autora protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, inclusive prova testemunhal, depoimento pessoal da representante da
demandada sob pena de confissão, juntada ulterior de documentos e tudo mais que se fizer
necessário para a perfeita resolução da lide, o que fica, desde logo, requerido.
DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se à causa, nos termos do art. 259, inc. II do CPC, o valor de R$ 10.199,87
(dez mil, cento e noventa e nove reais e oitenta e sete centavos).

Nestes Termos,
Pede e aguarda deferimento.

DATA

ADVOGADO
OAB N.º

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