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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

O (A) RECORRENTE, devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, que move contra O(A) RECORRIDO, igualmente
qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seus
procuradores firmatários, inconformada com o acórdão que não deu
provimento ao Recurso de Apelação, interpor o presente

RECURSO ESPECIAL

com fundamento no disposto no artigo 105, inciso III, alínea


"c", da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
visando à reforma do acórdão, conforme as razões expostas em anexo.

Requer, após os tramites legais, seja admitido o presente


recurso e seja procedida sua remessa ao Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, acompanhado das razões anexas, para o seu devido
processamento.

Pede deferimento.

_____________________, _____ de _____________ de __________.

ADVOGADO
OAB

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EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EXCELENTÍSSIMOS(AS) SENHORES(AS) MINISTROS(AS)

Origem: Tribunal de Justiça do Estado ...


Apelação Cível nº ...
Recorrente: ...
Recorrida: ...

1. RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

1.1. BREVE HISTÓRICO

Trata-se ação de cobrança do seguro DPVAT ajuizada pela


Recorrente visando ao pagamento de indenização pela morte do seu ...
(vínculo) causada em razão de acidente automobilístico, ocorrido em ...
(data do acidente).
O Juiz sentenciante, em seu turno, julgou parcialmente
procedentes os pedidos da inicial, condenando a Recorrida ao
pagamento da indenização nos termos fixados em lei, sem contudo,
determinar a correção monetária do valor devido desde a data do
sinistro.
Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso de Apelação, pois
a decisão do Juízo a quo ia de encontro com a consolidada
jurisprudência pátria.
Todavia, a ...ª Turma ... (Turma julgadora) do Tribunal de
Justiça ... (estado originário) entendeu por não dar provimento ao

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Recurso de Apelação, mantendo a sentença de origem por seus
próprios fundamentos.

1.2. DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao


disciplinar o Recurso Especial, assim determina:

CRFB/88
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
[...]
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única
ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:
[...]
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal

In casu, o acordão recorrido enquadra-se no inciso III, alíena


“c”, do artigo supracitado, nos moldes a seguir expostos.

1.3. RAZÕES DE MÉRITO

O acórdão atacado, data vênia, vai de encontro à consolidada


jurisprudência pátria, mostrando-se, por isso, injusta, como restará
demonstrado pelos motivos a seguir.
Extrai-se da decisão recorrida:

... (retirar partes principais e dispositivo do acórdão).

Em sentido totalmente contrário, está o acórdão paradigma:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. CIVIL. SEGURO DPVAT.


INDENIZA-ÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TERMO 'A
QUO'. DATA DO EVENTO DANOSO. ART. 543-C DO CPC.
1. Polêmica em torno da forma de atualização monetária das
indenizações previstas no art. 3º da Lei 6.194/74, com redação

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dada pela Medida Provisória n. 340/2006, convertida na Lei
11.482/07, em face da omissão legislativa acerca da incidência
de correção monetária.
2. Controvérsia em torno da existência de omissão legislativa
ou de silêncio eloquente da lei.
3. Manifestação expressa do STF, ao analisar a ausência de
menção ao direito de correção monetária no art. 3º da Lei nº
6.194/74, com a redação da Lei nº 11.482/2007, no sentido
da inexistência de inconstitucionalidade por omissão (ADI
4.350/DF).
4. Para os fins do art. 543-C do CPC: A incidência de
atualização monetária nas indenizações por morte ou
invalidez do seguro DPVAT, prevista no § 7º do art. 5º da
Lei n. 6194/74, redação dada pela Lei n. 11.482/2007,
opera-se desde a data do evento danoso.
5. Aplicação da tese ao caso concreto para estabelecer como
termo inicial da correção monetária a data do evento danoso.
6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO" (REsp n. 1.483.620/SC,
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, sem grifo no original)

A decisão recorrida, ao entender que não cabe a correção


monetária do valor devido desde o sinistro, vai de encontro ao
entendimento consolidado deste Superior Tribunal de Justiça, que é
enfático ao apontar que:

[...] No caso do seguro DPVAT são quase dez anos, com uma
perda de valor aquisitivo da ordem de 63%, consoante a
variação do INPC de jan./2007 a mar./2015, que vem
sendo transferida às vítimas de acidentes graves de
trânsito e suas famílias. Consigne-se que se trata de uma
modalidade de seguro de elevada função social, que ampara as
vítimas e suas famílias em momento de grave infortúnio
provocado por sinistro de trânsito.
Tamanha é a perda de poder aquisitivo que, mesmo
admitindo-se um silêncio eloquente do legislador em 2007,
seria possível cogitar de uma lacuna ontológica da lei, que
ocorre quando a norma existe, mas não é mais adequada aos
fatos sociais, ocorrendo o ancilosamento da norma positiva,
nas palavras de Maria Helena Diniz (Compêndio de introdução
à ciência do direito. 23ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 471).
Conclui-se, portanto, que, em tese, seria possível o suprimento
da lacuna legislativa diretamente pelo Poder Judiciário. [...]
Deverá ser seguida a forma de atualização monetária prevista
no § 7º do art. 5º da Lei n. 6194/74, redação dada pela Lei n.
11.482/2007, cujo enunciado normativo é o seguinte:
§ 7º Os valores correspondentes às indenizações, na
hipótese de não cumprimento do prazo para o pagamento
da respectiva obrigação pecuniária, sujeitam-se à
correção monetária segundo índice oficial regularmente
estabelecido e juros moratórios com base em critérios

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fixados na regulamentação específica de seguro privado.
(Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007)
Assim, no caso dos autos, o acórdão recorrido está em
dissonância com a tese ora consolidada, impondo-se a
reforma para fixar o termo inicial da correção monetária
na data do evento danoso, na linha da jurisprudência
pacificada desta Corte Superior.
Desse modo, propõe-se reafirmar a jurisprudência desta Corte
Superior pelo rito do art. 543-C do CPC, consolidando a tese
nos seguintes termos:
"A incidência de atualização monetária nas indenizações
por morte ou invalidez do seguro DPVAT, prevista no § 7º
do art. 5º da Lei n. 6194/74, redação dada pela Lei n.
11.482/2007, opera-se desde a data do evento danoso".
Antes de encerrar, gostaria de sugerir que o colegiado desta
Segunda Seção, honrando a tradição humanista que conferiu
a esta Corte Superior o carinhoso epíteto de "Tribunal da
Cidadania", tome a iniciativa de encaminhar ao Poder
Legislativo cópia destes autos, chamando a atenção para a
iniquidade que vem sendo praticada contra as vítimas de
acidentes de trânsito e suas famílias, em face da ausência
de previsão legal de incidência de correção monetária
sobre os valores das indenizações do seguro DPVAT.
Sugere-se a remessa de todo o material produzido na
audiência pública ao Poder Legislativo para que possa servir
de subsídio na elaboração de um Projeto-de-Lei que regule a
atualização do valor das indenizações do seguro DPVAT. [...]
(trecho do voto do Relator Des. PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, sem grifo no original)

Em caso análogo ao do acórdão paradigma, igualmente têm


decidido os Tribunais pátrios:

AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO - DPVAT.


LAUDO PERICIAL QUE INDICA A EXISTÊNCIA DE LESÕES
CRÂNIO-FACIAIS A ENSEJAR O PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO NA PROPORÇÃO DA GRADUAÇÃO
VERIFICADA. ATUALIZAÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO
PREVISTO NA LEI N. 6.194/1974 DESDE A DATA DO
SINISTRO. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA QUE DETERMINA A INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO
MONETÁRIA A PARTIR DO EVENTO DANOSO. APLICAÇÃO DA
TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO, DE OFÍCIO,
DOS CONSECTÁRIOS LEGAIS. RECURSO DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação Cível n. 0301568-44.2015.8.24.0022, de
Curitibanos, rel. Des. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, j. 18-10-
2016).

Apelação – Acidente de trânsito - Ação de cobrança de


indenização do seguro obrigatório (DPVAT) –– Correção
monetária – Termo inicial – Data do evento danoso.
Aplicação da Súmula 580 do STJ.

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O Colendo Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso
Especial Repetitivo nº 1.483.620-SC, estabeleceu o
entendimento de que o termo inicial da correção monetária das
pretensões de cobrança do seguro DPVAT é a data do evento
danoso – Aplicação da Súmula 580 do STJ: "A correção
monetária nas indenizações de seguro DPVAT por morte ou
invalidez, prevista no parágrafo 7º do artigo 5º da Lei 6.194/74,
redação dada pela Lei 11.482/07, incide desde a data do
evento danoso". Apelação desprovida.
(TJSP, Relator(a): Lino Machado; Comarca: São Paulo; Órgão
julgador: 30ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento:
19/10/2016; Data de registro: 20/10/2016, sem grifo no
original)

O acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado ...


(estado de origem) pecou seriamente ao negar ao Recorrente a correção
do valor que faz jus desde a data do sinistro, ao passo que a
majoritária jurisprudência moderna filia-se ao entendimento de que a
atualização não apenas é devida, mas sua ausência caracteriza
enriquecimento ilícito por parte das seguradoras.
Observa-se, desta forma, que se mostra forte na
jurisprudência pátria brasileira o entendimento de que o valor da
indenização do seguro DPVAT deve ser corrigido monetariamente a
partir da data do sinistro a fim de que a inflação não corroa o poder
aquisitivo do numerário previsto na legislação, até porque o prêmio do
seguro vem sendo majorado anualmente por resoluções do Conselho
Nacional de Seguros Privados, desequilibrando a relação securitária
em desfavor dos segurados.
Evidencia-se, sob forte luz, o desentendimento dos Acórdãos
quanto à matéria discutida, já que o Tribunal do Estado... (estado de
origem) entende que nos casos de indenização do seguro DPVAT a
única correção legal devida é aquela decorrente da condenação, ao
passo que este Superior Tribunal de Justiça opina que sobre os valores
devidos a título de indenização DPVAT também deve incidir correção
desde o evento danoso.
Destarte, entendimentos tão díspares, ensejam, com larga
margem de aprovação, a admissibilidade do recurso ora interposto.
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2. REQUERIMENTOS

Assim, merece provimento a irresignação da ora Recorrente,


devendo ser reformado o acórdão recorrido, pelos fundamentos e
pedidos da presente peça.

As cópias dos acórdãos que seguem anexas, são reconhecidas


como autênticas, sendo extraídas dos sítios eletrônicos (internet) dos
respectivos Tribunais.

Diante do exposto, requer seja o presente recurso conhecido e


provido, reformando-se a decisão ora recorrida, a fim de julgar
totalmente procedentes os pedidos da inicial, tudo por ser medida de
Direito e da mais salutar Justiça!

Nestes termos, pede deferimento.

Cidade/UF, data.

ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

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