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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente para apreciar a demanda


proposta)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. RENDA MENSAL INICIAL SEM A
INCIDÊNCIA DO TETO LIMITADOR.

PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil),


(profissão), portador(a) do documento de identidade sob o
n.º..., CPF sob o n.º..., residente e domiciliado(a) na rua..,
bairro.., cidade.., estado.., CEP..., vem a presença de Vossa
Excelência propor a presente

AÇÃO JUDICIAL PARA REVISÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pessoa jurídica de direito público, na pessoa do
seu representante legal, domiciliado na rua..., bairro...,
cidade..., estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.

1. FATOS

1
A Parte Autora é titular do benefício previdenciário vinculado ao
Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.

Ocorre que, por ocasião da atualização dos salários-de-


contribuição para se calcular a renda mensal inicial do benefício, o índice
utilizado muitas vezes fica superior àquele empregado na atualização do
teto, o que provoca um achatamento no salário-de-benefício do segurado.

Pois bem, foi isso o que ocorreu no presente caso, já que o salário-
de-benefício foi limitado ao teto, ocasionando grande prejuízo a Parte Autora.

Destarte, busca a tutela jurisdicional do Estado para ver garantido


o seu direito.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

Conforme se pode verificar do julgamento, pelo Supremo Tribunal


Federal, do RE n.º 564.354/SE, com força de repercussão geral, o
reconhecimento do direito à aplicação imediata do art. 14 da Emenda
Constitucional n.º 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n.º
41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de
previdência estabelecido, antes da vigência dessas normas, autoriza concluir
que a limitação estabelecida pelo art. 29, §2º, da Lei n.º 8.213/91 somente
tem aplicabilidade para fins de pagamento do benefício.

A respectiva ementa foi assim redigida:

DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO
REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS
CONCEDIDOS ANTES DA ALTERAÇÃO. EMENDAS
CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO
INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICO PERFEITO. NECESSIDADE DE
INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE
OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do
Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição da
República demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a
primeira respeita ao exercício do controle de constitucionalidade das
normas, pois não se declara a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei sem antes entendê-la; a segunda,
que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção

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ao ato jurídico perfeito contra lei superveniente, pois a solução de
controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as
leis postas em conflito e determinados os seus alcances para se dizer
da existência ou ausência da retroatividade constitucionalmente
vedada.
2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art.
14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda
Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários
limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido
antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a
observar o novo teto constitucional.
3. Negado provimento ao recurso extraordinário.
(STF, RE 564354/SE, Plenário, Rel. Ministra Cármen Lúcia, DJE
15/02/2011, sem grifo no original)

Desta forma, é possível concluir que a recuperação das diferenças


desconsideradas pela limitação do salário-de-benefício ao teto do salário-de-
contribuição pode ser feita, inclusive, já desde o primeiro reajuste do
benefício (art. 26 da Lei n.º 8.870/94, art. 21, §3º, da Lei n.º 8.880/94, e art.
35, §3º, do Decreto n.º 3.048/99) e nos subsequentes, bem como por ocasião
da alteração do valor máximo do salário-de-contribuição.

Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIOS. NOVO TETO


ESTABELECIDO PELAS EC"S 20/98 E 41/2003. APLICABILIDADE
AOS BENEFÍCIOS EM MANUTENÇÃO. ART. 26 DA LEI Nº
8.870/94.
1. O Pleno da Corte Suprema, conforme notícia estampada no site do
e. STF, por ocasião do julgamento do RE 564354, no dia 08 de
setembro de 2010, reafirmou o entendimento manifestado no Ag.
Reg. no RE nº 499.091-1/SC, decidindo que a incidência do novo
teto fixado pela EC nº 20/98 não representa aplicação retroativa do
disposto no artigo 14 daquela Emenda Constitucional, nem aumento
ou reajuste, mas apenas readequação dos valores percebidos ao novo
teto. Idêntico raciocínio deve prevalecer no que diz respeito a
elevação promovida no teto pela EC 41/2003.
2. Deve ser reconhecido não o direito a uma nova RMI, com a
realização de novos cálculos dos salários de benefício, mas o
direito daqueles segurados que tiveram a RMI dos seus
benefícios previdenciários reduzida em função do teto, antes da
EC 20/98, de terem o valor real do seu benefício atualizado até a
data de entrada em vigor daquelas Emendas Constitucionais, daí
passando a serem pagos esses benefícios com base nestes novos
valores, submetido então, apenas, ao novo limite.
3. A aplicação do artigo 26 da Lei 8.870-94 está condicionada à
concessão dos benefícios no período compreendido entre 05-04-
91 e 31-12-93, e que estes tenham o salário-de-benefício
limitado ao teto vigente na data do seu início.

3
(TRF4, APELREEX N. 0021099-05.2009.404.7100, Sexta Turma,
Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 28/02/2011, sem grifo no
original)

A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, nos autos


do processo n.º 2003.33.00.712505-9, decidiu que, em casos como este, o
cálculo da renda mensal inicial deverá levar em conta o valor do salário-de-
beneficio, sem limitá-lo ao limite máximo do salário-de-contribuição. Ou
seja, quando o valor do benefício for superior ao teto, deve ser feito o estorno
do valor excedente.

Vejamos o que diz o julgado:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE


INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
CORREÇÃO. SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. LIMITAÇÃO AO TETO.
PRIMEIRO REAJUSTE APÓS A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
I – A estipulação de valor como teto para o salário-de-benefício já foi
considerada como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
II – Contudo, revela-se razoável que, por ocasião do primeiro
reajuste a ser aplicado ao benefício após a sua concessão, a sua
base de cálculo seja o valor do salário-de-benefício sem a
estipulação do teto, uma vez que, do contrário, a renda do
segurado seria duplamente sacrificada – na estipulação da RMI e
na proporcionalidade do primeiro reajuste com base inferior ao
que efetivamente contribuiu.
III – Improvimento do Recurso.
(TNU, Processo n. 2003.33.00.712505-9/BA, Relator Juiz Ricardo
César Mandarino Barreto, julgado em 10/10/2005, sem grifo no
original).

No mesmo sentido, recentemente, a Turma Nacional de


Uniformização ratificou este entendimento:

EMENTA -PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO. PRIMEIRO REAJUSTE. PRETENSÃO DE
INCIDÊNCIA SOBRE O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO AINDA NÃO
REDUZIDO AO TETO LEGAL. ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO.
MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO DESTA TURMA A PARTIR DO
JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 564.354, AO
QUAL SE IMPRIMIU REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL.
INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Acórdãos paradigmas oriundos de Tribunais Regionais Federais
não se prestam a autorizar caracterização de divergência apta a
autorizar o conhecimento do incidente de uniformização. Existindo,
no entanto, paradigma oriundo desta Turma Nacional de
Uniformização, que apresenta similitude fático-jurídica com o
acórdão recorrido, bem como a divergência necessária, impõe-se, em
princípio, o conhecimento deste incidente.

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2. O ato de concessão do benefício previdenciário é ato único, regido
pela legislação então em vigor, não compreendendo, no entanto, a
aplicação de teto limitador previsto em normas constitucionais ou
infra-constitucionais, elemento extrínseco ao seu cálculo.
3. O salário-de-benefício, antes da aplicação do teto limitador,
deve ser a base de cálculo a ser observada no primeiro reajuste a
ser aplicado ao benefício após a sua concessão, sendo que o novo
valor encontrado deverá sofrer limitação pelo novo teto vigente
na data do reajuste, situação que poderá, a partir de então, gerar
o direito à percepção de diferenças.
4. Pedido de Uniformização de Jurisprudência a que se dá parcial
provimento, com julgamento da procedência parcial do pedido.
(TNU, processo n. 200772510014642, Relator Juíza Simone dos
Santos Lemos Fernandes, julgado em 29/03/2012, sem grifo no
original).

Assim, impõe-se o reconhecimento do direito da Parte Autora à


revisão dos valores pagos pelo seu benefício, mediante incorporação da
diferença desconsiderada pela limitação do salário-de-benefício ao teto do
salário-de-contribuição nos reajustamentos posteriores e, por conseguinte, a
condenação do INSS ao pagamento das parcelas vencidas desde a concessão
do benefício.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na


pessoa do seu representante legal, para que responda a presente demanda,
no prazo legal, sob pena de revelia;

2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da Parte


Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua família,
condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei n.º
1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para revisar o valor da renda mensal inicial do benefício da Parte Autora, nos
termos da fundamentação de mérito, a fim de que no reajuste concedido por
legislação posterior, subsequente à concessão do benefício, sua base de
cálculo seja o valor integral do salário-de-benefício, sem a estipulação do

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teto, bem como pagar as parcelas vencidas, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios,
ambos incidentes até a data do efetivo pagamento;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, notadamente a documental.

Dá-se à causa o valor de R$... (valor da causa)

Pede deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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