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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ FEDERAL DE _________________

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE _________________

Processo nº _________________

AUTOR(A), já qualificado(a) no processo eletrônico em epígrafe, vem perante Vossa


Excelência, por meio de seus procuradores, tendo em vista a contestação apresentada
pela Autarquia Previdenciária, oferecer

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

nos termos a seguir expostos.

1) DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, esclarece o Autor que é tempestiva a presente Réplica, vez que


observado o prazo legal, consoante inteligência do artigo 351 do Novo Código de
Processo Civil.

Esclarece ainda, que o sistema registrou o protocolo da presente no dia (inserir a data),
restando assim evidente in casu o preenchimento do pressuposto processual de
tempestividade.

2) DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR

A Autarquia Previdenciária alega em sua contestação a falta de interesse de agir da


parte Autora posto que esta não requereu a presente revisão na via administrativo.

Tal alegação não traz nenhuma lógica e visa penalizar ainda mais o segurado, visto
que é notório que a resposta do INSS já é conhecida e como se sabe negativa! Prova
disso é a própria contestação do mérito feita pela Nobre Procuradora.
Desta forma, já resta caracterizado o interesse de agir da parte Autora no presente
caso.

Ademais, recentemente decidiu o STF (RE 631240) que, tratando-se de AÇÃO DE


REVISÃO que envolva MATÉRIA DIREITO - como é o caso dos autos, não há
necessidade de prévio requerimento na via administrativa.

Desta forma, descabida a alegação do INSS neste tópico.

3) DA ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA

Além da preliminar levantada acerca da suposta falta de interesse de agir, a Nobre


Procuradora alega ainda que no presente caso, a pretensão da parte Autora já teria sido
atingida pela decadência.

Acredito que a Nobre Procuradora não tenha tomado o cuidado de olhar os


documentos que acompanharam a inicial ou, talvez não saiba contar o prazo
decadencial.

No presente caso, a ação foi ajuizada em ... e, apesar da DIB do benefício objeto de
revisão seja de ..., conforme consta na própria carta de concessão, o 1º pagamento foi
efetuado após ....

O artigo 103 da Lei 8.213/91 é claro quanto a contagem do prazo decadencial, a Nobre
Procuradora inclusive, cita tal dispositivo, no entanto, requer a contagem desde a
DIB!!!

Como bem sabemos a contagem não se dá da DIB, e sim, “do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em
que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo”

Desta forma, descabida também a alegação neste tópico.

4) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A autarquia aduziu em sua contestação, que o autor não possuiria direito à gratuidade
de justiça, entretanto, desconsiderou os elementos probatórios dos autos, que indicam
que o Autor, não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais,
sem prejuízo do seu sustento e de sua família, tendo, inclusive, juntado declaração de
hipossuficiência na Inicial, fazendo jus, portanto, aos pleiteiam-se os benefícios da
Justiça Gratuita, nos termos da Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e Lei 1.060/50.

Muito embora esteja representada por Patrono particular, isto nada prova quanto às
condições econômicas do Autor, sendo que este não está apto a custear o presente
processo, conforme restou comprovado, sendo indiscutível o cumprimento dos
requisitos da Lei que rege a gratuidade.

Mesmo que assim não fosse, deve se destacar que pobreza não é medida única e
exclusivamente pela renda auferida, mas por uma somatória de fatores, como o nível
de endividamento, por exemplo. Nesse sentido:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA.
COMPROVAÇÃO ( DJ 11.08.2003) Atendidos os requisitos da
Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência
judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu
advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a
sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu
nova redação à Lei nº 1.060/50).

Portanto de acordo com a jurisprudência consolidada dos nossos Tribunais, não resta
dúvida que O Autor faz jus sim a GRATUIDADE DE JUSTIÇA, e que por completo
deve ser afastado a pretensão da parte Ré em desqualificar tal pretensão por tais
motivos, e que seja ratificado os pedidos da exordial.

5) DO MÉRITO

Exa., data máxima vênia, a contestação trazida pela Ré não merece prosperar, vez
que igualmente carecedora de fundamentos fáticos e jurídicos, denotando apenas o
intuito da Ré de defender o indefensável com meras alegações desprovidas de
amparo legal, sendo em tese, peça procrastinatória, ficando também totalmente
impugnados os documentos juntados, vez que imprestáveis como provas em juízo,
porque não atendem ao comando legal do artigo 350 e 351 do CPC, devendo serem
desentranhados para evitar qualquer tumulto processual, ratificando o Autor, os
termos da inicial, protestando pela procedência da ação, por medida da mais lídima
justiça.

Com o devido respeito, a versada Procuradoria parece não ter compreendido a


estrutura do direito intertemporal pátrio que motivou a presente demanda.

Os argumentos e decisões levantados na contestação, não trazem relação a tese aqui


levantada.

Ainda, registra-se por oportuno, que nos parece que a expressão “regime híbrido”
virou “moda” em matéria previdenciária. Parece que para toda e qualquer pretensão
de revisão por parte dos segurados, a primeira coisa que vem à cabeça é “regime
híbrido”.

A questão aqui é muito simples: a parte Autora se aposentou em 01/10/2003.


Naquela ocasião a regra prevista na Lei 8.213/91 no tocante a apuração do salário-
de-benefício já previa:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de


26.11.99)

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I


do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-
de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo
o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;
(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do


inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores
salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento
de todo o período contributivo. (Incluído pela Lei nº 9.876, de
26.11.99)
Como vemos, na data de concessão da aposentadoria da parte Autora, a Lei vigente
previa o cálculo do salário-de-benefício exatamente da forma como esta requer na
peça inicial.

Portanto, que há de “regime híbrido” nesta pretensão?

Ressaltamos que a regra aplicada no presente caso pelo INSS para apurar o salário de
benefício da parte Autora não consta na Lei 8.213/91, mas sim, é regra de transição,
prevista no artigo 3º da Lei 9.876/99.

E, como restou comprovado no presente caso, a regra permanente vigente no


momento da concessão do benefício da parte Autora, lhe é mais vantajosa,
motivo pelo qual não há razão para não aplicá-la!

Regras transitórias existem, sobremaneira no remendado direito previdenciário


pátrio, e se propõem a compensar os destinatários expectados imediatos de eventuais
prejuízos, o que abranda o caráter impopular das regras que são o real objeto da
reforma, a que chamamos regras definitivas.

O paralelo com as regras transitórias do Art. 9º da EC 20/98 ilustrou suficientemente


isso na petição inicial.

São efêmeras, e só têm sentido por tempo certo: no caso, só duram as normas do
Art. 3º, caput, da Lei 9.876 enquanto houver segurados filiados antes de sua
vigência, para os quais não incide a regra de cálculo que consta no Plano de
Benefícios propriamente dito, que impõe a consideração de todo o período
contributivo.

Para estas pessoas, há a norma transitória, que busca compensá-los pela expectativa
de utilização apenas do período básico de cálculo anterior (36 remunerações entre os
últimos 48 meses) e contra a possibilidade de se utilizar todo o período contributivo,
prejudicando-as a despeito daquela expectativa.

A alteração normativa da Lei 9.876 veio para atender à exigência da finalidade de


preservação do equilíbrio financeiro e atuarial, que havia sido elevada a princípio
constitucional pela Emenda 20/98, evitando que pessoas que passaram décadas
contribuindo sobre valores baixos pudessem passar a pagar sobre o teto, na
condição de empregados, poucos anos antes da aposentadoria. Tanto que tal fato –
esse aumento repentino – era regrado pelo Art. 29, §4º e antes disso pela norma
congênere da CLPS.

Vige então a regra transitória, com fim de protegê-los da abrupta mudança de


paradigma, garantindo-se a incidência apenas das contribuições posteriores ao Plano
Real.
Ocorre que isso não beneficiou a todos, sobremaneira aqueles que passaram a vida
toda contribuindo sobre valores elevados, para quem o princípio do equilíbrio
financeiro e atuarial se apresenta, em verdade, como corolário da proteção e da
solidariedade sociais previdenciárias, expressadas no princípio da contrapartida,
tendo em vista o caráter híbrido do nosso regime de solidariedade, no qual pouco
resta da repartição simples antes estruturada por Otto Von Bismarck.

É para promover essa proporcionalidade, em promoção do equilíbrio financeiro e


atuarial e a contrapartida, nos termos da Lei, que a segurada busca a revisão do seu
benefício.

Para tanto, busca a garantia de que prevaleça o cálculo mais vantajoso (MELHOR
BENEFÍCIO) entre aquele que utilize o período básico de cálculo do Art. 29, I ou II
da Lei de Benefícios propriamente dita e o do Art. 3º, caput da Lei 9.876, que trouxe
a reforma e incutiu tal regra transitória.

A pretensão tem a ver com dois cálculos diferentes, para a mesma data de início de
benefício, com regras diferentes, para que prevaleça a mais vantajosa, nos termos dos
entendimentos do TRF da 4ª Região, da TRSC e da TRPR, todos unânimes nesse
sentido, colacionados junto à inicial.

É porque resta impugnada a contestação.


DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto acima, a parte Autora requer que Vossa Excelência se digne a
receber a presente impugnação, rejeitando in totum os argumentos apresentados pela
Ré, especialmente os relacionados a questões prejudiciais, proferindo sentença de
mérito no sentido de acolher os pedidos constantes na exordial, bem como,
condenando a parte Ré nas cominações legais, por ser medida da mais lídima Justiça.

Nestes Termos,
Pede deferimento.
Estado, ___ de __________ de 201_.

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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