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AO DOUTO JUÍZO DA VARA DE FAMILIA E SUCESSÕES DA COMARCA

DE-_________________.

_______________, brasileiro, estado civil, profissão, portador da cédula de


identidade RG nº __________ e CPF nº___________, residente e domiciliado
na___________–___________– __- CEP._________, Endereço eletrônico:
.................................., neste ato representado por seu procurador signatário,
que junta instrumento de procuração, com endereço profissional completo para
intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS, COM PEDIDO LIMINAR, com fulcro


nos artigos 227 e 229 da Constituição Federal de 1988, c/c art. 1.694 do
Código Civil e art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente, e na Lei
5.478/68 em face de

_________________, brasileira, estado civil, profissão, portadora da cédula de


identidade RG nº ____________e CPF nº ________, residente e domiciliada
na_______________________________, com endereço eletrônico
desconhecido, e_____________, brasileiro, nascido em_______, menor
impúbere, representado por_________________________, anteriormente
qualificada, pelas razões de fatos e de direito a seguir expostos:

1. DOS FATOS

________________ contraiu núpcias com ___________________


no dia___________. Desta união nasceu o _____________________ (RG
anexo). Tendo fim a relação conjugal na data de_____________.

Em acordo firmado nos autos do processo nº_______________,


processado e homologado pelo douta Juíza da _ Vara de Família e Sucessões
da Comarca de_________, Foro de___________, Tribunal de Justiça do
Estado de_______, o autor concordou em pagar pensão alimentícia mensal ao
seu filho correspondente a 01 (um) salário mínimo visto ser autônomo,
depositada em conta corrente de titularidade da genitora e a guarda do filho
ficaria com a genitora, tendo o autor direito a visitas a cada 15 dias.

Quando do acordo, o autor trabalhava como motorista de aplicativo


com o uso do automóvel de propriedade de sua mãe e estava se qualificando
para exercer a atividade de tatuador, o que justificava o valor acordado.

Todavia, por conta da grave crise financeira estabelecida atualmente


no país como consequência da pandemia de Covid-19, a renda do autor caiu
vertiginosamente pois sua mãe teve que vender o automóvel que era utilizado
pelo autor para realizar a atividade de motorista de aplicativo para saldar
dívidas da família e, como os estúdios de tatuagem não são considerados
como atividades essenciais, esses se mantém fechados em cumprimento aos
decretos estaduais e federais de enfrentamento a pandemia, reduzindo a zero
a possibilidade do autor exercer a atividade de tatuador.

Hoje o autor sobrevive com a ajuda financeira do benefício recebido


por sua mãe.

Por outro lago, a guardiã legal possui emprego fixo na empresa


_______________, recebendo remuneração mensal de aproximadamente
R$ ____________, além dos benefícios como plano de saúde, vale refeição,
carro empresarial e combustível.

Após o divórcio e fixação de alimentos, a guardiã legal trocou o filho


de escola, saindo de uma instituição cuja mensalidade custava R$ _______ e
passando para outra no valor de R$ _________, onerando demais as despesas
com o menor. Além disso, exigiu que o autor tivesse toda a estrutura para
receber o menor como roupas, tênis, todos os objetos pessoais, internet para
realização de tarefas escolares, entre outros. O autor não se negou em
nenhum momento em propiciar essa estrutura para o seu filho, inclusive o
menor tem um quarto somente dele para utilizar nas dependências da casa do
autor, mesmo estando apenas 4 dias por mês com o pai.

Porém, com a pandemia se estendendo por todo esse período e


sem esperanças de melhora iminente, o autor se preocupa com seu filho pois a
genitora não está exercendo sua profissão na modalidade home office, e por
esse motivo o menor fica em casa sozinho ou na casa de pessoas que não
estão totalmente isoladas e que não pertencem ao núcleo familiar, aumentando
o risco de contágio pelo coronavírus. Aliás, a própria genitora por motivos
profissionais está contribuindo para o aumento desse risco, visto que não
consegue exercer seu trabalho na modalidade home office.

Demostrado que a possibilidade do devedor foi reduzida


enormemente, fica fácil concluir-se pela absoluta impossibilidade do autor de
arcar com a obrigação alimentícia no patamar atual.

Além disso o autor atendendo inclusive ao pedido do próprio filho, irá


propor a alteração do regime de guarda, passando para guarda compartilhada,
fatos que demandam a atuação jurisdicional com o escopo de adequar o valor
da pensão à nova realidade do autor bem como o regime de guarda em
atendimento a vontade do autor e do menor.

1. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a. DA REDUÇÃO DO PODER AQUISITIVO POR CONTA


DA CRISE FINANCEIRA CONSEQUÊNCIA DA PANDEMIA

O Código Civil em seus arts. 1.699 e 1.708 do Código Civil


estabelecem um marco fático limitador do dever de garantir alimento pelo autor.
Este dever deve ser imediatamente revisto diante da assunção de nova
condição financeira do alimentante ou de quem os recebe:
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação
financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração do encargo.

No presente caso, impõe-se a redução da pensão alimentar a fim de


haja real possibilidade de o requerente efetuar tais pagamentos sem
comprometer demasiadamente seu sustento próprio.

Aliás, como atualmente o autor não possui renda própria visto que
está impedido de exercer a atividade profissional para o qual se qualificou e
não tem mais acesso a um automóvel que possibilitava a ele exercer a
atividade de motorista de aplicativo, fica impossibilitado de conseguir arcar com
o valor da pensão nos moldes atuais.

O autor sabe que o menor precisa de sua assistência, o que não


nega. Porém, sabe-se também que o alimentante não pode ter seu rendimento
comprometido em prejuízo ao seu próprio sustento.

Ocorre que não se pode perder de vista que a obrigação de prover


os meios necessários ao desenvolvimento do menor incumbe a ambos os
genitores, na medida de suas possibilidades.

Inegável que a crise financeira, o desemprego e a impossibilidade de


exercer sua atividade como autônomo são fatos que alteram o requisito da
possibilidade de prestar alimentos do autor.

Sensato que se a possibilidade do devedor foi reduzida, há a


necessidade de reduzir também a pensão alimentícia prestada.

Assim também é o entendimento de nossos tribunais ao determinar


que:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISÃO DE ALIMENTOS.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA. DECISÃO. REDUÇÃO DO VALOR DA
OBRIGAÇÃO EM SEDE DE TUTELA DE URGÊNCIA.
MODIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO FINANCEIRA COMPROVADA.
PROFISSÃO DE CABELEREIRO. RESTRIÇÕES. COVID-19. 1.
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo alimentado contra
decisão que, em ação de revisão de alimentos ajuizada em seu
desfavor pelo alimentante, deferiu tutela de urgência para reduzir o
quantum da obrigação. 2. A norma civil enuncia que a
superveniência de mudança na situação financeira de quem presta
os alimentos, ou na de quem os recebe, autoriza o interessado a
reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução
ou majoração do encargo (art. 1.699 do Código Civil). 3. Diante da
comprovação da redução da capacidade financeira do agravado,
aliada à superveniência da crise econômica causada pelas
restrições em razão da Covid-19 em relação à profissão de
cabeleireiro, devido à suspensão de diversas atividades, incluindo
salões de beleza, é razoável a redução liminar dos alimentos,
devendo prevalecer o valor fixado pelo Juízo a quo. 4. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. (TJ-DF
07135401020208070000 - Segredo de Justiça 0713540-
10.2020.8.07.0000, Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento:
05/08/2020, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
18/08/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)”

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISÃO DE ALIMENTOS.


GRATUIDADE DE JUSTIÇA. DECISÃO. REDUÇÃO DO VALOR DA
OBRIGAÇÃO EM SEDE DE TUTELA DE URGÊNCIA.
MODIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO FINANCEIRA COMPROVADA.
DESEMPREGO. PROFISSÃO DE MÚSICO. RESTRIÇÕES. COVID-
19. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela alimentada
contra decisão que, em ação de revisão de alimentos ajuizada em
seu desfavor pelo alimentante, deferiu tutela de urgência para
reduzir o quantum da obrigação. 2. A gratuidade de justiça pode ser
requerida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição,
inclusive em grau recursal. Todavia, o benefício somente gera
efeitos a partir de sua concessão (ex nunc), não alcançando os
encargos sucumbenciais da instância de origem. 3. A norma civil
enuncia que a superveniência de mudança na situação financeira de
quem presta os alimentos, ou na de quem os recebe, autoriza o
interessado a reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração do encargo (art. 1.699 do
Código Civil). 4. Diante da superveniência do desemprego do
agravado, aliado à crise causada pelas restrições em razão da
Covid-19 em relação à profissão de músico, devido à suspensão de
diversas atividades, incluindo shows, e o atual quadro generalizado
de desemprego no país, é razoável a redução liminar dos alimentos,
devendo prevalecer o valor fixado pelo Juízo a quo. 5. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. (TJ-DF
07272503420198070000 - Segredo de Justiça 0727250-
34.2019.8.07.0000, Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento:
13/05/2020, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no PJe :
25/05/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)”

“APELAÇÃO CÍVEL – FAMÍLIA – ALIMENTOS – Ação revisional de


alimentos proposta por menor em face de seu genitor – Pretendida a
majoração do encargo alimentar em caso de trabalho autônomo ou
sem vínculo formal – Sentença de parcial procedência –
Inconformismo por parte do alimentante, pretendendo o decreto de
improcedência – Impossibilidade – Demonstração de alteração na
necessidade alimentar do menor capaz de autorizar, ainda que
parcialmente, a majoração pretendida – Contudo, necessária
reavaliação do quantum debeatur do encargo à luz do trinômio
alimentar e de acordo com o atual cenário de recessão econômica
decorrente da crise sanitária causada pelo novo coronavírus
(COVID-19) – Alimentante que é empresário individual no ramo de
filmagem, o qual sofreu considerável impacto em razão do
distanciamento social – Visando atender ao equilíbrio exigido para a
solução das questões familiares, cabe autorizar pequena redução da
obrigação alimentar imposta pelo MM. Juízo de piso – Recurso
provido em parte. (TJ-SP - AC: 10003950220198260004 SP
1000395-02.2019.8.26.0004, Relator: José Carlos Ferreira Alves,
Data de Julgamento: 02/07/2020, 2ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 02/07/2020)”

Estando o autor sem vínculo empregatício e sem possibilidade de


exercer sua profissão de tatuador para pagar pensão alimentícia ao filho,
propõe-se desde já que o mesmo arque com o equivalente a 30% (trinta por
cento) do salário mínimo federal.

Assim, diante da comprovada impossibilidade de manter os valores


pactuados, a revisão é medida que se impõe.

b. DA GENITORA NO POLO PASSIVO DA DEMANDA

Considerando que a obrigação alimentar é de ambos os genitores,


necessário que a genitora seja inclusa também no polo passivo.

Veja que a situação em análise é reflexo de o que se pode


considerar um litisconsórcio necessário entre os coobrigados da obrigação
alimentar.

Conforme leciona Zeno Veloso, “A parte final de nosso art. 1.698


traz uma regra de cunho eminentemente processual, prevendo que, intentada
ação contra uma das pessoas obrigadas a prestar alimentos – pressupondo-
se, é claro, que os devedores estão no mesmo grau –, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide (litisconsórcio passivo, facultativo). Não seria
mesmo justo que, tratando-se de obrigação conjunta, mas não solidária, e
estando os devedores no mesmo plano, pesasse sobre um deles apenas
(embora na medida de suas possibilidades) o pagamento da prestação, sem
que pudesse chamar para integrar a lide os demais sujeitos passivos da
dívida.”.

Destes termos não diverge Paulo Lôbo, para quem a obrigação


alimentar “Não é obrigação solidária porque o credor de alimentos não
pode escolher livremente um para pagá-los integralmente, uma vez que
deve observar a ordem dos graus de parentesco em linha reta, que é infinita, e
a de parentesco colateral, que é finita. Quanto mais próximo o parente, mais
identificado fica o devedor, por força de lei (“recaindo a obrigação nos mais
próxsimos em grau” – art. 1.696 do Código Civil). Assim, em primeiro lugar são
chamados os ascendentes, depois os descendentes, e apenas na falta destes,
os colaterais, que constituem as classes de parentesco. Dentro da mesma
classe, os de grau mais próximos preferem aos mais distantes. Dentro do
mesmo grau, por fim, os parentes assumem obrigação necessariamente
pro rata, em quotas proporcionais aos recursos financeiros de cada um.”.

Esse entendimento é corroborado pelo STJ, que entende que, se


ambos os genitores possuem responsabilidade com a obrigação alimentar,
nada mais justo do que permitir que a parte que representa a
criança/adolescente seja chamada ao processo para integrar a lide.

Portanto, pode a parte genitora figurar no polo passivo da demanda.

2. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."
No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados,
vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da


demonstração inequívoca de que o autor não possui capacidade econômica
mais para suportar os alimentos na proporção anteriormente fixadas. 

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção das provas
dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o
autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia."
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da
Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelo fato de que, se o


autor não tem condições de arcar com a pensão, certamente acarretará a falta
de pagamento da obrigação, e assim, correndo risco de ser preso pelo não
pagamento de uma prestação que não tem mais condições de suportar tal
como fora fixada, ou seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento
do resultado útil do processo, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse
demonstrado pela parte", em razão do "periculum in mora", risco
esse que deve ser objetivamente apurável, sendo que a
plausibilidade do direito substancial consubstancia-se no direito
"invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni
iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366).
Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza
conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado


receio de dano irreparável, sendo imprescindível a minoração dos alimentos
para 30% (trinta por cento) do salário mínimo federal, nos termos do Art. 300
do CPC.

3. DA GUARDA COMPARTILHADA

Inicialmente, sabe que restou-se fixado na ação anterior a guarda


unilateral.

Ocorre que, com o crescimento do menor, de maneira natural e


consentida, o menor manifestou sua vontade em passar um tempo maior com o
pai.

Sem dúvidas, o melhor interesse da criança deve ser priorizado (art.


226 da CF) e a convivência simultânea com ambos os genitores irá insculpir no
menor o sentimento de união e de solidariedade familiar indispensável à
formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social de qualquer
cidadão.

Assim, de acordo com esses valores, a nova lei da Guarda


Compartilhada, de no 13.058, em vigor desde 23/12/14, que alterou o Código
Civil, houve por bem regulamentar a divisão de responsabilidades, a decisão
conjunta, o tempo de convivência de cada um dos pais, garantindo, assim, o
melhor para seus filhos.

A Lei 13.058/2014 estabelece que, por regra, a guarda deve ser


compartilhada. Dessa forma pede-se que seja deferido o pedido de guarda
compartilhada, tendo em vista que o autor tem a possibilidade de exercer a
guarda compartilhada.
Preceitua o artigo 1.584, inciso II e § 2o, do Código Civil:

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do


filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio
deste com o pai e com a mãe.

§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à


guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer
o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um
dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor.

No presente caso, o autor tem plena capacidade de exercer o poder


familiar, assim o deseja e têm possibilidade de flexibilizar sua rotina para que o
convívio com seu filho se dê de forma equilibrada e igualitária em relação à
genitora.

Mais importante do que isso, compreende o requerente que a


guarda compartilhada é um sistema de co-responsabilidade dos pais no
exercício do dever parental em caso de dissolução da sociedade matrimonial
ou do companheirismo, devendo, portanto, haver cooperação entre os pais
visando o melhor desenvolvimento da criança.

Pretende também a guarda compartilhada, uma vez que esta define


os dois genitores, do ponto de vista legal, como iguais detentores da autoridade
parental para tomar todas as decisões que afetem os filhos.

A aplicação de referido instituto reforça os laços familiares por meio


do esforço conjunto na criação e educação do menor, mantendo a necessária
referência materna e paterna, além de reduzir as possibilidades de alienação
parental, sendo certo que, por tais motivos, a guarda compartilhada protege o
melhor interesse da criança como vêm decidindo o Superior Tribunal de
Justiça.

Como consequência do estabelecimento da guarda compartilhada,


pretende o requerente que a convivência com o menor ocorra de forma
igualitária, mediante o revezamento quinzenal de lares, nos termos do art.
1.583, § 2o, do Código Civil, que determina o seguinte:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos


deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai,
sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos
filhos:

Quanto ao tema, leciona Conrado Paulino da Rosa: “Imperioso


ressaltar, nessa esteira, que guarda e convivência são institutos distintos.
Embora comumente confundidos, o primeiro diz respeito ao modo de gestão
dos interesses da prole – que pode ser de forma conjunta ou unilateral – e o
segundo, anteriormente tratado como direito de visitas, versa sobre o período
de convivência que cada genitor terá com os filhos, sendo necessária a sua
fixação em qualquer modalidade de guarda”.

O autor tem plena ciência quanto à necessidade de cooperação e


corresponsabilidade de ambos os pais, não implicando o tempo de convivência
que pretende - no qual há período exclusivo de poder parental sobre o menor
por tempo preestabelecido - em guarda alternada.

Quanto ao parâmetro a ser adotado em relação à convivência, é


entendimento pacífico no Superior Tribunal de Justiça que esta deve se dar de
forma conjunta.
Nas palavras da Ministra Nancy Andrighi: “A custódia física conjunta
é o ideal a ser buscado na fixação da guarda compartilhada, porque sua
implementação quebra a monoparentalidade na criação dos filhos, fato
corriqueiro na guarda unilateral, que é substituída pela implementação de
condições propícias à continuidade da existência de fontes bifrontais de
exercício do Poder Familiar”.

No mesmo sentido:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO


CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA
COMPARTILHADA. CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA
DE RESIDÊNCIA DO MENOR. POSSIBILIDADE. 1. A guarda
compartilhada busca a plena proteção do melhor interesse dos
filhos, pois reflete, com muito mais acuidade, a realidade da
organização social atual que caminha para o fim das rígidas divisões
de papéis sociais definidas pelo gênero dos pais. 2. A guarda
compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do Poder
Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles
reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus
filhos possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico
de duplo referencial. 3. Apesar de a separação ou do divórcio
usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do antigo
casal e com a maior evidenciação das diferenças existentes, o
melhor interesse do menor, ainda assim, dita a aplicação da guarda
compartilhada como regra, mesmo na hipótese de ausência de
consenso. 4. A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência
de consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade
inexistente por um dos pais. E diz-se inexistente, porque contrária
ao escopo do Poder Familiar que existe para a proteção da prole. 5.
A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o
período de convivência da criança sob guarda compartilhada,
quando não houver consenso, é medida extrema, porém necessária
à implementação dessa nova visão, para que não se faça do texto
legal, letra morta. 6. A guarda compartilhada deve ser tida como
regra, e a custódia física conjunta - sempre que possível - como sua
efetiva expressão. 7. Recurso especial provido. (STJ - REsp:
1428596 RS 2013/0376172-9, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI,
Data de Julgamento: 03/06/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 25/06/2014) (g. N.).

Desta forma, tanto a aplicação da guarda compartilhada quanto o


período de convivência que pretende o autor encontram respaldo na lei,
jurisprudência e doutrina.

Assim sendo, evidente que o convívio com o menor se dará de


forma balanceada, equilibrada e sadia, estando delineadas as intercalações de
lares em datas respectivas, para melhor interesse da criança e harmonia entre
os genitores.

4. DA SUGESTÃO DE PERMANÊNCIA DO MENOR

Anteriormente, já deixou-se claro que além da guarda compartilhada,


pretende-se que o menor passe a residir uma quinzena com cada um dos
genitores, tendo em vista que nenhum prejuízo ao menor ocorre com tal
situação, já que é de plena e consentida vontade do menor esse aumento da
convivência com o seu pai.

Ademais, sugere-se que:

[aqui colocar a sugestão para quando o genitor vai buscar e deixar o menor,
bem como com quem passará os aniversários, etc., conforme exemplo abaixo]

- Nos feriados prolongados o menor ficará com o genitor que corresponde


a visita do respectivo final de semana.
- No período de férias escolares, a menor ficará sob a guarda e cuidados
do pai na primeira metade do período, e sob a guarda e cuidados da mãe
na segunda metade do período.

- Nas festas de final de ano, a menor passará o “Natal” com o pai e o Ano
Novo com a mãe nos anos ímpares, invertendo-se nos anos pares,
retirando a menor nas vésperas das datas festivas.

- No Dia das Crianças, a menor passará este dia com o pai nos anos
ímpares e com a mãe nos anos pares.

- Na Páscoa, a menor passará o dia com a mãe nos anos ímpares e com
o pai nos anos pares.

- No dia das mães e no aniversário desta, a menor passará com a mãe;

- No dia dos pais e no aniversário deste, a menor passara com o pai.

- No aniversário da menor, este passará com a genitora nos anos ímpares


e com o pai nos anos pares.

5. ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

O autor é pessoa pobre na acepção do termo e não possui


condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento, razão pela qual desde já requer
o benefício da Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e
consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015, verbis:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do
novo CPC/2015, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por
petição simples e durante o curso do processo, tendo em vista a possibilidade
de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os benefícios da justiça
gratuita, ante a alteração do status econômico.

Para tal benefício, o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das
custas judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do
Código de Processo Civil de 2015:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na


instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos
autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.

§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos


elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz
jus, o autor, ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.


INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA
DE FUNDADAS RAZÕES PARA AFASTAR A BENESSE.
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CABIMENTO. Presunção relativa
que milita em prol do autor que alega pobreza. Benefício que não
pode ser recusado de plano sem fundadas razões. Ausência de
indícios ou provas de que pode a parte arcar com as custas e
despesas sem prejuízo do próprio sustento e o de sua família.
Recurso provido. (TJ-SP - AI: 22391085720198260000 SP 2239108-
57.2019.8.26.0000, Relator: Gilberto Leme, Data de Julgamento:
21/02/2020, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
21/02/2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA.


CONCESSÃO. Presunção de veracidade da alegação de
insuficiência de recursos, deduzida por pessoa natural, ante a
inexistência de elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça.
Recurso provido. (TJ-SP - AI: 21202035920208260000 SP 2120203-
59.2020.8.26.0000, Relator: Roberto Mac Cracken, Data de
Julgamento: 15/06/2020, 22ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 15/06/2020)

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao


indeferimento do pedido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA.
COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS
PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do
caso concreto para conceder o benefício da gratuidade de justiça
aos cidadãos que dele efetivamente necessitem para acessar o
Poder Judiciário, observada a presunção relativa da declaração de
hipossuficiência. 2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há
impedimento para a concessão do benefício de gratuidade de
Justiça o fato de as partes estarem sob a assistência de
advogado particular. 3. O pagamento inicial de valor relevante,
relativo ao contrato de compra e venda objeto da demanda, não é,
por si só, suficiente para comprovar que a parte possua
remuneração elevada ou situação financeira abastada. 4. No caso
dos autos, extrai-se que há dados capazes de demonstrar que o
Agravante, não dispõe, no momento, de condições de arcar com as
despesas do processo sem desfalcar a sua própria subsistência. 4.
Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF
0713988-85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2018)

PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO DE INSTRUMENTO -AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS
MORAIS E MATERIAIS – PLEITO DE JUSTIÇA GRATUITA –
INDEFERIMENTO – ENTENDIMENTO DO JUÍZO A QUO NO
SENTIDO DE QUE EMBORA ALEGUE HIPOSSUFICIÊNCIA
FINANCEIRA PARA ENFRENTAR AS CUSTAS, REQUERENTE
OPTA PELA CONTRATAÇÃO DE CAUSÍDICO PARTICULAR E
PELA VIA JUDICIAL PAGA EM DETRIMENTO DA VIA GRATUITA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS - IRRESIGNAÇÃO –
INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO – ACOLHIMENTO – A
CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO PARTICULAR NÃO IMPEDE A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 99, §
4º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – PRECEDENTES -
DEMONSTRATIVO DE RECEBIMENTO DO INSS NO VALOR DE
R$ 912,83 - COMPROMETIMENTO FINANCEIRO FAMILIAR
DEMONSTRADO - INCAPACIDADE DE RECOLHIMENTO DAS
CUSTAS JUDICIAIS - REFORMA DA DECISÃO LIMINAR
PROFERIDA PELO JUÍZO A QUO - PEDIDO DE JUSTIÇA
GRATUITA QUE DEVE SER DEFERIDO, - RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO – DECISÃO UNANIME. (Agravo de
Instrumento nº 201900714351 nº único0004192-42.2019.8.25.0000 -
1ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a):
Ruy Pinheiro da Silva - Julgado em 12/08/2019) (TJ-SE - AI:
00041924220198250000, Relator: Ruy Pinheiro da Silva, Data de
Julgamento: 12/08/2019, 1ª CÂMARA CÍVEL)

Agravo de instrumento. Assistência judiciária. Hipossuficiência.


Comprovação. Advogado particular. Impedimento. Ausência.
Demostrada a hipossuficiência da parte, é devido o deferimento da
assistência judiciária, e pode o benefício ser revogado, caso
sobrevenham informações de modificação da situação financeira. O
fato de a parte agravante ser assistida por advogado particular
não impede, por si só, a concessão dos benefícios da justiça
gratuita. (TJ-RO - AI: 08001101620198220000 RO 0800110-
16.2019.822.0000, Data de Julgamento: 06/09/2019)

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade do


autor, tem-se por comprovada sua necessidade, fazendo jus ao benefício.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal,
seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito
que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à
justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua
renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os
para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça
Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça
ao autor.

6. DO PEDIDO

Diante de todo o exposto requer:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do


CPC/15;

2. O deferimento do pedido liminar, para fins de imediata redução do


pagamento a título de alimentos, para o patamar de 30% (trinta por cento) do
salário mínimo federal, nos termos do Art. 300 do CPC/15;

3. A citação do requerido para, responder a presente ação,


querendo;

4. A intimação do órgão do Ministério Público para que acompanhe


o presente feito;

5. A procedência da presente ação para fins de determinar a


minoração dos alimentos fixados, para que passem a ser no patamar de 30%
(trinta por cento) do salário mínimo federal.

6. A condenação do réu ao pagamento de sucumbência e


honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC;
7. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial
depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas, quebra de sigilo
fiscal e bancário da genitora, para que se analise suas condições financeiras
para a proporcionalidade de cada uma das partes em arcar com os alimentos,
juntada de documentos em prova, pericial etc.;

8. Manifesta o interesse na realização de audiência conciliatória nos


termos do art. 319, VII, do CPC;

Dá-se a causa o valor de R$ 3.960,00 (30% do salário mínimo atual


multiplicado por 12 parcelas).

Termos em que pede e espera deferimento

(Cidade), (Data).

ADVOGADO

OAB ______

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