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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA

FAMILIA DA COMARCA DE ___________________/______

DRACO MALFOY, [QUALIFICAÇÃO COMPLETA, [ENDEREÇO COMPLETO],


vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio do seu
procurador signatário, que junta neste ato instrumento de procuração com
endereço profissional completo para receber notificações e intimações, propor
a presente

AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE em face de

JOÃOZINHO DA SILVA, (QUALIFICAÇÃO COMPLETA), residente e


domiciliado(a) na (ENDEREÇO COMPLETO), com endereço eletrônico
registrado xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx pelas razões de fato e de direito à
seguir expostas:

1. DOS FATOS

O autor da presente demanda permaneceu em união estável com a


Sra xxxxxxxxxxxxxxxx por aproximadamente xxxxxxxx, sem nunca contrair
efetivo matrimônio.

Durante a união estável acima mencionada, a ex-companheira do


Requerente acabou por “adotando afetivamente” seu sobrinho (apenas pegou-
o para criar consigo, sem efetuar formalizações legais do ato), tendo em vista
que seu irmão, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, veio à óbito logo após o nascimento do
requerido, quando à época, o requerido possuía cerca de 1 a 2 meses de
idade.

Pois bem, a referida “adoção” ocorreu quando o requerido possuía


cerca de 06 meses de idade.

Quando o requerido possuía cerca de 2 anos, a ex-companheira do


autor passou a fazer pressões psicológicas em desfavor do demandante, para
que este registrasse o requerido como se seu filho fosse. Tendo em vista a
tentativa do autor em evitar animosidades com sua ex-companheira, que à
época viviam como se casados fossem, decidiu por ceder as chantagens
emocionais da mesma, e registrar o requerido em cartório.

Ocorre que cerca de 1 ano após o efetivo registro, o Autor e sua ex-
companheira se separaram, sendo que desde então, o autor nunca mais teve
contato com o requerido.

Em razão da inexistência de contato como pai e filho, o autor e o


requerido não mantiveram vínculo afetivo, sendo que hoje o requerido consta
com 23 anos de idade aproximadamente, não reconhecendo o autor como seu
pai, nem o autor reconhecendo o requerido como filho.

Assim, não persiste razões para a manutenção do registro cartorário


que não representa a realidade biológica ou afetiva entre as partes, razão pela
qual se faz necessária a presente demanda.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) DO NECESSÁRIO CONHECIMENTO DA NEGATIVA DE


PATERNIDADE, COM EXCLUSÃO DO AUTOR DO
REGISTRO CIVIL DO REQUERIDO

No caso em apreço, o vício de consentimento fica perfeitamente


caracterizado por meio da INDUÇÃO EM ERRO pela ex-companheira do Autor,
quando, através de pressões psicológicos e chantagens, o fez registrar como
filho biológico o requerido.
Ademais, desde o nascimento da criança não houve qualquer
convívio ou relação afetiva entre ambos que pudesse a justificar a manutenção
do vínculo. Pelo contrário, o Autor não reconhece o Requerido como se filho,
sendo que acredita cabalmente que o requerido de igual sorte não reconhece o
autor como se fosse seu pai.

No mesmo sentido decidiu o STJ:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE FILIAÇÃO
LEGÍTIMA CUMULADA COM ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL.
VÍCIO DE CONSENTIMENTO COMPROVADO. VÍNCULO AFETIVO
INEXISTENTE. ALTERAÇÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ.
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. (...) "Embora,
o ato de reconhecimento de filho seja irrevogável (art. 1.609 do
CCB) é possível promover a anulação do registro quando restar
suficientemente demonstrado vício do ato jurídico, como no
caso em exame, onde o autor demonstrou que foi induzido em
erro. Restou igualmente demonstrada a absoluta ausência de
liame socioafetivo entre as partes que pudesse manter íntegro
o registro. Nesse contexto, deve ser mantida a sentença que julgou
procedente o pedido para excluir a paternidade atribuída ao autor no
registro de nascimento da requerida. Nesse contexto, reverter a
conclusão do Tribunal local, para acolher a pretensão recursal
quanto à existência de vício de consentimento, ou não, e de
inexistência de vínculo afetivo, demandaria o revolvimento do acervo
fático-probatório dos autos, o que se mostra impossível ante a
natureza excepcional da via eleita, consoante enunciado da Súmula
n. 7 do Superior Tribunal de Justiça". (...) (AgInt no AREsp
1353620/MS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18/03/2019, DJe 22/03/2019)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E


PROCESSUAL CIVIL (CPC/1973). FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA
DE PATERNIDADE E DE ANULAÇÃO DE REGISTRO DE
NASCIMENTO. 1. Controvérsia em torno da presença dos requisitos
legais para a desconstituição da paternidade declarada em
desacordo com a verdade biológica. 2. Possibilidade, segundo a
orientação jurisprudencial desta Corte, de desconstituição do
registro de nascimento quando baseado em vício de
consentimento e uma vez afastada a existência de filiação
sociofetiva, como verificado no caso dos autos. 3. Inviabilidade
do acolhimento da pretensão recursal fundada na alegação de que
não houve erro a comprometer a manifestação de vontade do pai
registral, por demandar o reexame de matéria fático-probatória dos
autos. 4. Razões do agravo interno que não alteram as conclusões
da decisão agravada acerca da atração dos óbices dos enunciados
das Súmulas n.ºs 07 e 83/STJ. 5. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO" (AgInt no REsp 1.531.311/DF, Rel. Ministro PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
21/08/2018, DJe 05/09/2018 

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE.


EXAME DE DNA. Tem-se como perfeitamente demonstrado o
vício de consentimento a que foi levado a incorrer o suposto
pai, quando induzido a erro ao proceder ao registro da criança,
acreditando se tratar de filho biológico. A realização do exame
pelo método DNA a comprovar cientificamente a inexistência do
vínculo genético, confere ao marido a possibilidade de obter,
por meio de ação negatória de paternidade, a anulação do
registro ocorrido com vício de consentimento. Não pode
prevalecer a verdade fictícia quando maculada pela verdade real e
incontestável, calcada em prova de robusta certeza, como o é o
exame genético pelo método DNA. E mesmo considerando a
prevalência dos interesses da criança que deve nortear a condução
do processo em que se discute de um lado o direito do pai de negar
a paternidade em razão do estabelecimento da verdade biológica
e, de outro, o direito da criança de ter preservado seu
estado de filiação, verifica-se que não há prejuízo para esta,
porquanto à menor socorre o direito de perseguir a verdade real em
ação investigatória de paternidade, para valer-se, aí sim, do direito
indisponível de reconhecimento do estado de filiação e das
conseqüências, inclusive materiais, daí advindas. Recurso especial
conhecido e provido.( REsp 878954 / RS RECURSO ESPECIAL
2006/0182349-0, Terceira Turma, RELATORA Ministra NANCY
ANDRIGHI.)

Vale ainda ser salientado que manter o Autor refém da situação,


sob alegação de que existiu um vínculo afetivo com o Requerido, causará
sérios prejuízos para ambas as partes envolvidas neste processo.
Excelências, é cediço que a existência de um registro civil não é capaz de
obrigar alguém a amar outra pessoa. E o que é pior, haver litígio judicial
sobre a paternidade, sendo o Autor OBRIGADO a manter-se no assento
registral como pai do Requerido, que não é seu filho biológico,
certamente não mudará a inexistência de vínculo afetivo entre eles, só
será mais uma razão pela qual o vínculo afetivo continuará à inexistir,
obrigando o Requerido à ter registrado como pai alguém que sabe que
não a ama como filho. Isto sim é traumático.

Cabe ressaltar que o Autor não possui nada contra a pessoa do


Requerido, e sente pela situação que a sua ex-companheira causou na vida de
ambas as partes aqui litigantes, pois se não tivesse a ex-companheiro do autor
o obrigado mediante coação a realizar o registro, o requerido não precisaria
passar pela situação dos autos, e tão pouco o autor.

Ambos são vítimas do acaso, do erro, e merecem ter essa


situação devidamente reparada, para seguirem livres e desimpedidos
emocionalmente.

Somente crianças que tiveram seus pais registrados, mas ausentes


em sua vida, sabem a dor de carregar na certidão o nome de alguém que não
possuem vínculo algum, somente elas sabem a dor de carregar o sobrenome
de alguém que nunca exerceu um vínculo afetivo, certo é que nunca existiu, de
fato, conexão de pai e filho entre as partes.

Neste sentido, a jurisprudência tem seguido pelo caminho da


desconstituição da paternidade, vejamos:

AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. PROVA PERICIAL.


EXCLUSÃO DA PATERNIDADE BIOLÓGICA. INEXISTÊNCIA DO
LIAME SOCIOAFETIVO. CABIMENTO. 1. Embora o
reconhecimento de filho seja irrevogável (art. 1.609 do CC )é
possível promover a anulação do registro civil, quando demonstrada
a existência de vício no ato jurídico de reconhecimento. 2.
Comprovada a inexistência do liame biológico através de
exame de DNA e tendo o autor comprovado que, quando
formalizou o reconhecimento da filiação não tinha ciência da
inexistência do liame biológico, pois era casado com a genitora,
justifica-se o pleito anulatório, ficando claro que o autor foi
induzido em erro ao reconhecer a filiação. Incidência do art. 333 ,
inc. I e II , do CPC . Recurso provido. (Apelação Cível Nº
70074703299, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em
27/09/2017).

Quanto à desconstituição do Registro Público, além de jurídico, o


pedido é justo em que pese a necessidade de que os registros públicos reflitam
a verdade real, como destaca doutrina majoritária sobre a matéria:

"Não havendo vínculo de qualquer ordem entre pai e filho – a


não ser uma sentença que afirma um fato que não existe – essa
inverdade jurídica não pode prevalecer. Quem não é pai, nem
afetivo nem biológico, não é pai. A Justiça precisa curvar-se a
essa verdade, mesmo que alguém, eventualmente, acabe sem
genitor. Essa situação, ainda que lastimável, não cabe ser
solucionada pelo Judiciário. Desarrazoado que seja criado ou
mantido vínculo de paternidade inexistente, encobrindo-se de forma
injustificada a verdade real." (DIAS, Maria Berenice. Manual de
Direito das Famílias. 12ª ed. Revista dos Tribunais: 2017. Ebook.
24.5 Ação do pai)

O artigo Código Civil, de forma cristalina previu a possibilidade de


contestar a paternidade e o registro, especialmente quando houver vício de
consentimento:

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos


filhos nascidos de sua mulher sendo tal ação imprescritível.

Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do


registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do
registro

E como amplamente relatado acima, o Autor foi induzido ao erro


pela ex-companheira.

Destarte, não há que se falar em decadência, pois, assim como a


investigação de paternidade é imprescritível, da mesma forma o é a negatória
da paternidade, podendo ser promovida durante toda a existência.

Na história recente do direito pátrio, doutrina e jurisprudências


fortaleceram o entendimento de que as ações concernentes ao estado das
pessoas são imprescritíveis.

Por força da evolução do pensamento jurídico acerca do prazo de


contestação da paternidade pelo marido, o Código Civil de 2002 passou a
contemplar a imprescritibilidade do direito de ação do marido de contestar a
paternidade do filho nascido de sua mulher, conforme artigo já citado, art. 1.601
do CC.

Ademais, a matéria não merece ter tratamento diverso nos casos em


que a paternidade tenha acontecido durante um relacionamento amoroso.

É inabalável tanto o direito de o filho apurar a verdade a


respeito de quem seja seu verdadeiro pai, quanto o pai saber se o infante
é realmente seu verdadeiro filho e/ou cancelar o registro de nascimento
quando constatada a inexistência de vinculo biológico ou afetivo com a
outra parte. Trata-se de direito humano que nenhuma Corte pode frustrar.

Se a ciência evoluída propicia métodos seguros de averiguação da


paternidade biológica, não se justifica que se prevaleça o prazo decadencial de
04 (quatro) anos de anulação do negócio jurídico, previsto no art. 178, inciso II,
do Código Civil.

Inclusive, a Constituição da República de 1988 e o Estatuto da


Criança e do Adolescente vieram dar a característica da imprescritibilidade ao
direito personalíssimo e indisponível do Autor em negar a paternidade registral.

Com a devida vênia a jurisprudência dos tribunais de todo o país


assim entende, in verbis:

CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ANULAÇÃO DE REGISTRO DE


NASCIMENTO. DIREITO IMPRESCRITÍVEL DO MARIDO DE
CONTESTAR A PATERNIDADE DO FILHO NASCIDO DE SUA
MULHER. PRESCRIÇÃO REJEITADA. SENTENÇA CASSADA. Na
ação negatória de paternidade ajuizada pelo marido, com o objetivo
de contestar a paternidade do filho nascido de sua mulher, não mais
se aplica o prazo decadencial do § 3º do art. 178 do Código Civil de
1916. A ação negatória de paternidade configura-se em ação
personalíssima do marido e, atualmente, a teor do art. 1.601 do
Código Civil de 2002, não mais subsiste qualquer prazo
prescricional ou decadencial. (Apelação Cível 1.0000.00.345225-
7/000, Rel. Des.(a) Brandão Teixeira, 2ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 09/03/2004, publicação da sumula em 19/03/2004).

CIVIL. NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. DECADÊNCIA. Recurso


provido. 1) a atual interpretação do Superior Tribunal de Justiça
sobre o artigo 178, § 3º do Código Civil revela que não há limite
temporal para a propositura da ação negatória de paternidade. 2)
recurso provido. Sentença cassada a fim de que o processo
continue em seus ulteriores atos. (TJDF; APC 20010110186993; Ac.
150850; DF; Primeira Turma Cível; ReI. Des. Hermenegildo
Gonçalves; Julg. 25/02/2002; DJU 26/03/2002; Pág. 83)

E ainda o Tribunal Superior:

"Ação negatória de paternidade. Decadência. O tempo não


determina a extinção do direito de o marido propor a ação negatória
da paternidade. Precedente (REsp. 146.548/GO, 4ª Turma, Min.
César Asfor Rocha). Recurso conhecido e provido." (STJ, 4ª T.,
REsp. 278.845/MG, j. 20.2.2001, por maioria, DJ 28/5/2001, Rel.
Min. Ruy Rosado de Aguiar).

Como dito acima, a Constituição da República de 1988,


alterando profundamente as instituições de direito de família, elevou
como núcleo do sistema jurídico a dignidade da pessoa humana, da qual
decorre o direito da pessoa saber quem são seus pais e quais são seus
filhos, sem que haja qualquer restrição temporal para o exercício deste
direito.

b) DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

O Autor é pessoa pobre na acepção do termo e não possui


condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento, razão pela qual desde já requer
o benefício da Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e
consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015, verbis:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do


novo CPC/2015, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por
petição simples e durante o curso do processo, tendo em vista a possibilidade
de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os benefícios da justiça
gratuita, ante a alteração do status econômico.

Para tal benefício, o Requerente junta declaração de


hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade
de pagamento das custas judicias sem comprometer sua subsistência,
conforme clara redação do Código de Processo Civil de 2015:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na
petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na


instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos
autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.

§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos


elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz
jus, o Requerente, ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.


INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA
DE FUNDADAS RAZÕES PARA AFASTAR A BENESSE.
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CABIMENTO. Presunção relativa
que milita em prol da autora que alega pobreza. Benefício que não
pode ser recusado de plano sem fundadas razões. Ausência de
indícios ou provas de que pode a parte arcar com as custas e
despesas sem prejuízo do próprio sustento e o de sua família.
Recurso provido. (TJ-SP 22234254820178260000 SP 2223425-
48.2017.8.26.0000, Relator: Gilberto Leme, Data de Julgamento:
17/01/2018, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
17/01/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA.


CONCESSÃO. Presunção de veracidade da alegação de
insuficiência de recursos, deduzida por pessoa natural, ante a
inexistência de elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça.
Recurso provido. (TJ-SP 22259076620178260000 SP 2225907-
66.2017.8.26.0000, Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 07/12/2017)

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao


indeferimento do pedido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA.
COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS
PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do
caso concreto para conceder o benefício da gratuidade de justiça
aos cidadãos que dele efetivamente necessitem para acessar o
Poder Judiciário, observada a presunção relativa da declaração de
hipossuficiência. 2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há
impedimento para a concessão do benefício de gratuidade de
Justiça o fato de as partes estarem sob a assistência de
advogado particular. 3. O pagamento inicial de valor relevante,
relativo ao contrato de compra e venda objeto da demanda, não é,
por si só, suficiente para comprovar que a parte possua
remuneração elevada ou situação financeira abastada. 4. No caso
dos autos, extrai-se que há dados capazes de demonstrar que o
Agravante, não dispõe, no momento, de condições de arcar com as
despesas do processo sem desfalcar a sua própria subsistência. 4.
Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF
0713988-85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2018)

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade do


Requerente, tem-se por comprovada sua necessidade, fazendo jus ao
benefício.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal,
seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito
que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à
justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua
renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os
para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça
Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça
ao requerente.

c) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)

Manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realização de


audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, VII do CPC.

3. DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer à Vossa Excelência:

a) Requer que seja a ré citada para que, querendo, conteste a presente


ação no momento processual oportuno, sob pena de revelia e confissão;
b) Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
notadamente a prova documental, testemunhal e pericial;
c) A total procedência da presente ação, para:
i. Declarar a negativa de paternidade do autor para com o réu.
ii. Determinar a expedição de ofício para o cartório de Registro Civil,
para proceder com a exclusão do Autor do assento de
nascimento do Requerido.
d) Em sendo oposta resistência a demanda, a condenação da parte ré ao
pagamento das custas e demais despesas processuais, inclusive em
honorários advocatícios sucumbenciais, que deverão ser arbitrados por
este Juízo, conforme norma do artigo 85 do NCPC;
e) a concessão do benefício da justiça gratuita, por ser a parte autora
pessoa sem condições de arcar com as custas, honorários advocatícios
e demais despesas processuais, sem prejuízo ao sustento próprio e de
sua família, consoante declaração anexa.
f) Manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realização de
audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, VII do
CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (para fins fiscais).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

(CIDADE), 10 de May de 2023.

ADVOGADO

OAB

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