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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE

XXXXXXXXX.

MARINA SILAS MELEIRO, brasileira, casada, professora,


portadora da Cédula de Identidade RG nº 123.456 SSP/SC, CPF nº 123.456.789-00 ,
residente e domiciliada na rua Da Liberdade, 100, Capivari De Baixo/SC, cep 88745-
000, por seus advogados infra assinados com procuração anexa, com escritório
profissional à Av. , Bairro xxx, na cidade de xxxx/SC, onde recebem intimações e
notificações de praxe, com fundamento na legislação civil, artigo 226 e parágrafo 6º
da Constituição Federal, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor a
presente:

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO COM ALIMENTOS E PARTILHA DE BENS

Em face de Ciro Meleiro, brasileiro, casado, professor, portador da Cédula de


Identidade RG nº 567890 SSP/SC, devidamente inscrito no CPF nº 23456789000,
residente e domiciliado na Rua Bela Vista, 200, Pescaria Brava/SC, pelas razões de fato
e de direito, a seguir articulados:
DOS FATOS

A requerente casou com o requerido, em 01/10/2010, pelo regime da comunhão


parcial de bens. Adotou o sobrenome do marido, passando a assinar Marina Silas
Meleiro. Depois do casamento, o casal passou a residir em Gravatal/SC, na rua Garcia,
300, pois passaram a trabalhar na escola municipal Mickeylandia. Ambos recebem
2.200,00 reais de salário mensal cada um. O casal têm uma filha de 11 anos.

Marina possui um veículo Clio 1.6/2009, adquirido em 01/02/2009, avaliado em


25.000,00 reais e um terreno que recebeu de herança de seu falecido pai. Ciro possui
uma motocicleta Honda/2008, adquirida em 01/04/2008, avaliado em 6.000,00 reais,,
e um veículo Fiat Palio 1.0/2010, adquirido em 01/03/2010, avaliado em 30.000,00
reais, mediante pagamento de 40% do valor no ato da compra, e o restante através de
financiamento que foi pago em 60 meses, durante o casamento.

DOS ALIMENTOS

Em face da guarda da filha menor impúbere do casal, estar com a requerente, requer
sejam arbitrados ALIMENTOS em favor desta, através do pagamento, pelo requerido,
no valor de 15% do salário mínimo MENSAL. Os pagamentos deverão ser efetuados até
o dia 10 de cada mês.

DO DIREITO

 A Emenda Constitucional nº 66, datada de 13.07.2010, deu nova redação ao parágrafo


6º do artigo 226 da Carta Magna. Disposição esta, que trata sobre a dissolução do
casamento civil. Com o novo texto, foi suprimido o requisito de separação judicial por
mais de um ano, ou de separação de fato por mais de dois anos. De modo, que em
conformidade com a Constituição Federal em seu Artigo 226, parágrafo sexto, em
vigor:

 “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.”

Desta feita, perfeitamente cabível a presente ação, pois o pedido está de acordo com
a Carta Magna e a Legislação processual e civil vigente.

O Código Civil assim assevera:

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina

IV – pelo divórcio.

Ante o fato de a Requerente e Requerido se encontram separados de fatos há alguns


meses, em virtude dos fatos acima relatados, tornando-se impossível uma
reconciliação, razão pela qual desde já a Requerente declara que não possui interesse
na audiência de mediação/conciliação.

O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio e a autora não tem mais interesse na
união, sendo seu direito potestativo divorciar-se do marido, diante da falta de vontade de
seguir casada (CF, art. 226, § 6º c/c CPC, art. 1.571, IV).

Assim, a partir da EC 66/2010 o divórcio no nosso país passou a ser reconhecido como
um direito potestativo incondicionado e extintivo das partes.   

Esse seria o chamado divórcio unilateral liminar, levando em consideração que uma
das mudanças trazidas pelo CPC é o chamado julgamento antecipado parcial do mérito
(art. 356, I e II), o que temos aqui é a faculdade do Juiz decidir parcialmente o mérito
quando um ou mais pedidos formulados, mostram-se incontroversos. Isso é em
decorrência da desnecessidade de produção de outras provas.
O Código também prevê a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela quando
“a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”,
nos termos do artigo 311, IV, do CPC.

Vale trazer à tona a decisão da 3ª Vara da Família de Joinville/SC que deferiu pedido de
tutela antecipada para decretar o divórcio do casal antes mesmo da citação do réu, por
não haver necessidade de prova ou condição, tampouco de contraditório, sendo que
bastou a vontade de um dos cônjuges como elemento exigível para a decretação do
divórcio. 

Na mesma decisão a magistrada determinou a expedição de mandado de averbação


no registro civil de casamento, em que deverá constar a opção de nome e que a
partilha de bens segue pendente. 

A 3ª Vara da Família de Joinville, em Santa Catarina, deferiu pedido de tutela


antecipada para decretar o divórcio de um casal antes mesmo da citação do réu. A
decisão é da juíza Karen Francis Schubert, que admitiu o divórcio como um direito
potestativo incondicionado. Não há necessidade de prova ou condição, tampouco de
formação de contraditório, sendo a vontade de um dos cônjuges o único elemento
exigível.

Em sua decisão, a magistrada citou o artigo 311, incisos II e IV, do Código de Processo
Civil, que assegura o direito da parte autora. Ela também determinou a expedição de
mandado para averbação no registro civil de casamento, em que deverá constar a
opção de nome e que a partilha de bens segue pendente. Ainda cabe recurso ao
Tribunal de Justiça.

 Quando apenas uma das partes quer o divórcio, ela se vê, muitas vezes, obrigada a
abrir mão de direitos para negociar o seu direito de obter a liberdade e poder retomar
sua vida emocional. Quando o divórcio era vinculado à partilha de bens, as pessoas
ficavam anos presas em uma relação jurídica, discutindo na Justiça. Agora, com o
direito potestativo ao divórcio, esse deixa de ser usado como moeda de troca.
A recente decisão da magistrada Karen Francis Schubert, titular da 3ª Vara de Família
de Joinville, firmou o entendimento de que se manter casado é matéria apenas de
direito, donde não haveria ofensa ao princípio do contraditório a antecipação da tutela
initio litis, liberando desde logo as partes para realização da felicidade afetiva. Esse, o
axioma. Premissa evidente e verdadeira, certo que o decreto do divórcio liminar se
funda no direito potestativo da parte. É uma decisão elogiável que prestigia a
necessária qualidade da jurisdição e otimiza o direito do jurisdicionado.

Ela expressou: “Entendo que estamos diante de um direito previsto no texto


constitucional, do direito incondicionado de se divorciar”. De fato, o conteúdo
decisório vincula-se à Emenda Constitucional nº 66/2010, que é norma de eficácia
plena e de aplicabilidade direta, imediata e integral. Assim, pela nova redação dada ao
parágrafo 6º do art. 226 da Constituição Federal, o divórcio passou a independer de
restrição temporal ou causal, tornando-se o simples exercício de um direito
potestativo das partes.

Efetivamente, extraem-se os seguintes fundamentos jurídicos: (i) o divórcio torna-se


direito potestativo e irresistível; (ii) depende de um único requisito: o da manifestação
de vontade do cônjuge em atenção à autonomia privada das partes; (iii) resta
eliminada exigência de separação anterior judicial; (iv) por identidade substancial,
dispensa até mesmo a própria separação de fato; (v) independe de qualquer prova ou
condição; e, finalmente, (vi) torna desnecessária a formação do contraditório. São
verdades absolutas e invencíveis, quando não se pode restringir o direito divorcista
que a Constituição expressamente não restringiu, em cotejo de anteriores redações
constitucionais sobre o divórcio.

No mais, o divórcio liminar, como instituto jurídico tem sido reconhecido de há muito
pela doutrina, a partir dos estudos de Denise Damo Comel, diante da reportada EC nº
66/2010. Lado outro, entenda-se, com mesma identidade de razões, dispensável a
audiência de conciliação e ratificação, de cunho eminentemente formal, como já
decidiu o STJ por sua 3ª Turma (Resp. 1483841-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, j.
17.03.2015, Dje. 27.03.2015).
De efeito, a tese do divórcio liminar sustenta-se na compreensão de a Emenda
Constitucional nº 66/2010 haver extirpado do ordenamento jurídico o debate da culpa
na dissolução do casamento. Estabelecida uma única premissa, a de salvaguarda do
interesse de obtenção do divórcio, por vontade autônoma da parte, que entende pela
incapacidade de reestruturação da sua sociedade conjugal.

Um ponto que merece destaque e requeremos ser objeto de orientação deste Juízo ao
Ofícios de Registro Civil, é que o decreto liminar de divórcio, com ou sem citação do
réu, enseja sua imediata averbação no cartório competente, sem quaisquer
questionamentos, a produzir os seus devidos e imediatos efeitos jurídicos. Não há
negar que esse decreto, nada obstante revestido de suposta provisoriedade, não
padecerá de uma eventual desconstituição ou desfazimento, porquanto revestido,
iniludivelmente, da potestatividade do direito de quem o postula. De sorte que
entendo incabível suscitação de dúvida e injustificável a demora da averbação em
registro civil.

DO NOME

Quanto ao nome, a Requerente declara que retornará a usar o seu nome de solteira (art.
1.571, §2°1, CC e art. 32, da Lei 6.515/1977) após o divórcio, passando a assinar: MARINA
SILAS.

DOS BENS E DA NECESSÁRIA PARTILHA

Anteriormente, a celebração do casamento, celebrado pelo regime da comunhão


parcial de bens, a requerente possuía um veículo Clio 1.6/2009, avaliado em 25.000,00
reais, e um terreno que recebeu de herança de seu falecido pai.

1
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado;
salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.
Art 32 - A sentença definitiva do divórcio produzirá efeitos depois de registrada no Registro Público competente.
O requerido, por sua vez, possuía uma motocicleta Honda/2008, adquirida em
01/04/2008, avaliada em 6.000,00 reais, e um veículo Fiat Palio 1.6/2010, adquirido
em 01/03/2010, avaliado em 30.000,00 reais, mediante o pagamento de 40% do valor,
no ato da compra, e o restante através de financiamento, que foi pago em 60 meses
durante o casamento.

Desta forma, os bens pertencentes a requerente e adquiridos anteriormente ao


casamento, não se comunicam na partilha de bens deste casamento. Ou seja, um
veículo Clio 1.6/2009, avaliado em 25.000,00 reais, e um terreno que recebeu de
herança de seu falecido pai.

Por sua vez, os bens do requerido, deverão ser desta forma partilhados:

(a) A motocicleta Honda/2008, adquirida em 01/04/2008, avaliada em 6.000,00


reais, anteriormente ao casamento, pertence exclusivamente ao requerido;
(b) O veículo Fiat Palio 1.6/2010, adquirido em 01/03/2010, avaliado em 30.000,00
reais, mediante o pagamento de 40% do valor, no ato da compra, e o restante através
de financiamento, que foi pago em 60 meses durante o casamento, deverá ser dividido
pela metade dos 60% pagos na constância do casamento, ou seja, metade de
18.000,00 reais, correspondente a 9.000,00 reais, em favor exclusivamente da
requerente.

O Código Civil assim dispõe acerca do Regime de Comunhão Parcial de Bens:

Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem


ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

 Art. 1.660. Entram na comunhão:

I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só


em nome de um dos cônjuges
Sendo o casamento regido pela comunhão parcial de bens, entram na partilha do
patrimônio aqueles adquiridos na constância da relação, a título oneroso, ainda que
por um só dos cônjuges, nos termos do artigo 1.660, inciso I, do Código Civil.

DO PEDIDO

 Pelo exposto, REQUER:

a) O DEFERIMENTO DO PEDIDO DE DIVÓRCIO, determinando ao cartório competente a


averbação do divórcio na forma da lei, com a orientação ao Ofício de Registro Civil que o
decreto liminar de divórcio, com ou sem citação do réu, enseja sua imediata averbação sem
quaisquer questionamentos, produzindo os seus devidos e imediatos efeitos jurídicos. Não
há negar que esse decreto, nada obstante revestido de suposta provisoriedade, não
padecerá de uma eventual desconstituição ou desfazimento, porquanto revestido,
iniludivelmente, da potestatividade do direito de quem o postula. Não cabendo suscitação de
dúvida e injustificável a demora da averbação em registro civil, combinados com os termos
dos arts. 206, §6°, da Constituição Federal [CF] c/c os arts. 2°, IV e parágrafo único e 24,
ambos da Lei 6.515/1977; art. 1.571, IV, do Código Civil;

b) Mandar CITAR o Requerido, no endereço mencionado, para responder a presente,


querendo, sob pena de sofrer os efeitos da revelia;

c) Ao final REQUER a Vossa Excelência, seja expedido o competente formal de partilha do


XXXXX nos termos dos arts. 1.658, 1.660, IV, e 1.662, todos do CC, bem como, seja decretado o
DIVÓRCIO do casal, voltando a requerente ter o nome de solteira;

d) Seja determinado ao cartório competente a averbação do divórcio na forma da lei,


com as cautelas aqui requeridas;

e) a requerente não possui interesse em comparecimento à audiência de conciliação e


mediação, pelos motivos expostos;

f) Seja o Requerido condenado, pelo princípio da sucumbência, (art. 20 do CPC) a


honrar os honorários advocatícios sobre o valor da ação, nos usuais 20%, custas e
demais cominações legais.
 g) Protesta provar o alegado por todos meios de prova e direito permitida e
consideradas legais, por declaração de testemunhas e documentos que se fizerem
necessária, bem como pericial;

Para fins de depósito dos alimentos provisionais, indica-se a conta da Requerente, a


saber:
Banco –
Agência:
C/C
CPF
Nome:

Dá-se a causa valor R$ 18.000,00.

Termos em que,

Pede Deferimento.

XXX, de XXXXX de 2022.

XXXXXXXXXXXX

ADVOGADO

 OAB/SC Nº

XXXXX

ADVOGADO
OAB/SC Nº

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