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EXM.º SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE ITAGUAÍ - RJ

ALEIR DE CARVALHO GOMES, brasileira, solteira, Salgadeira,


portador de RG nº 07.983.793-6 DIC/RJ e inscrita no CPF nº 936.233.567-00,
Data de Nascimento 02/03/1967, Rua Benedito Bermudes de Castro, 27
Fundos – Engenho - ITAGUAI – RJ CEP 23820-130, por sua advogada infra-
assinado, nos termos da anexa procuração, com endereço profissional
eletrônico lutalaed@yahoo.com.br e luthalaed@gmail.com, devendo as
publicações a serem realizadas em nome de LUCIANA DA SILVA SIQUEIRA
DE ALMEIDA, OAB/RJ 171372, vem respeitosamente propor a presente

INDENIZAÇÃO POR DANOS

MATERIAIS E MORAIS

Em face de VIA VAREJO S.A. - Rua Samuel Klein, n° 83 / São Caetano do Sul
- SP - CEP: 09520-010 - CNPJ: 33.041.260/0652-90, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas

DOS FATOS

Em 22/06/2021, a autora efetuou a compra de um Colchão de


Casal Portobel Diplomata Light com Pillow Top e Molas Ensacadas
30x138x188 cm – Bege com Base Box para Colchão de Casal Portobel
Diplomata 40x138x188 cm - Bege junto à empresa Ré pelo site Casas Bahia
com pagamento no cartão de crédito em 10 parcelas no valor de R$ 1.099,00
(um mil e noventa enove reais), o que se comprova pela comprovante de
compra anexo.

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O prazo inicial de entrega era de 15 dias, ao finalizar a compra foi
informada que seria entregue em 03/08/2021, ou seja, 33 dias após a compra.
No entanto, contrariando qualquer expectativa depositada na compra, mais de
35 dias da aquisição, a autora, no dia 05/08/2021 recebeu um comunicado por
e-mail de que o produto não seria entregue, o produto não foi entregue,
obrigando a autora a buscar auxílio da empresa Ré imediatamente. (protocolos
210731004838 / 210802008207 / 210802008392)

Todavia após vários contatos realizados pelo telefone, a autora


não obteve qualquer retorno.

A autora assim que adquiriu o produto se desfez de seu antigo


colchão que estava lhe causando dores na coluna, ficou mais de 30 dias
esperando pela entrega do produto e só depois de decorrido o prazo de
entrega lhe informaram que não entregariam o produto, num total desrespeito
para com os direitos da consumidora.

A autora, por não poder contar com o produto, nem dinheiro para
buscar outro, teve que sofrer o desgaste de ter que procurar por conta os
contatos da empresa ré, sem que tivesse igualmente qualquer êxito.

Ao sentir-se lesada, sem qualquer posicionamento da empresa Ré, a


autora, porém, até o momento nada foi resolvido, razão pela qual intenta a
presente demanda, por fim, as tentativas amigáveis de ter seu pedido atendido
no prazo razoável foram inúmeras, todavia, restaram infrutíferas, face ao total
descaso e desinteresse da ré em adimplir com sua obrigação de entregar o
produto ou devolver o valor pago. Desta feita, não restou ao requerente
alternativa a não ser buscar no Judiciário a reparação pelos danos causados.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define,


de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado
das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do Art. 3º do
referido Código.

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Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das
responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida
assistência técnica, visto que se trata de um fornecedor de produtos que,
independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus
consumidores.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Demonstrada a relação de consumo, resta consubstanciada a


configuração da necessária inversão do ônus da prova, pelo que reza o inciso
VIII do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a
narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos anexos, que
demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposição legal:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências

Trata-se da materialização exata do Princípio da Isonomia,


segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei,
observados os limites de sua desigualdade.

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma


vez que disputa a lide com uma empresa de grande porte, indisponível
concessão do direito à inversão do ônus da prova, que desde já requer.

DA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA

Conforme leciona o Art. 35 do CDC, diante do descumprimento


contratual do fornecedor, o consumidor passa a ter direito a rescindi-lo, e,
igualmente ao direito à restituição da quantia paga, monetariamente atualizada,

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além de perdas e danos.

Diante da demonstração inequívoca do descumprimento do pacto


firmado através da compra, deve a empresa Ré restituir os valores pagos,
conforme precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. PRODUTO ADQUIRIDO E NÃO
ENTREGUE. RESTITUIÇÃO DO PREÇO PAGO. DANO
MORAL AFASTADO. PESSOA JURÍDICA. - A parte
autora comprovou que adquiriu um notebook da ré. Esta,
por sua vez, não provou a entrega do produto, não se
desincumbindo do ônus imposto pelo art. 333 , II , do CPC
. Dever de restituir o preço cobrado, devidamente
corrigido. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. POR
MAIORIA. (Apelação Cível Nº 70061040432, Décima
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Gelson Rolim Stocker, Julgado em 28/08/2014)
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Portanto, demonstrado que findo o prazo de entrega sem que o


fornecedor tenha entregado o produto, dever que foi negado, cabe ao
consumidor a restituição dos valores pagos.

Desta forma, diante do desgaste ocasionado na relação de


consumo com os réus, o reclamante não tem qualquer interesse na
manutenção do contrato, pleiteando a restituição imediata da quantia
despendida, corrigida e atualizada monetariamente, com fulcro no disposto no
inciso II do § 1º do artigo 18, do diploma consumerista.

DO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no


presente processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua obrigação
primária de assistência, obrigando a autora a buscar inúmeras formas de sanar

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a ausência do produto um colchão.

Não obstante a isto, as reiteradas tentativas de resolver a


necessidade da autora ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do
cotidiano, demonstrando o completo descaso da empresa Ré.

Assim, diante de tais evidências, resta configurado o dano moral


que os Autores foram acometidos, restando inequívoco o direito à indenização,
conforme entendimento dos Tribunais:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE


VALORES C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
COMPRAS REALIZADAS PELA INTERNET. PEDIDO DE
COLETA DO PRODUTO E CRÉDITO PARA NOVA
COMPRA. COLETA REALIZADA SOMENTE APÓS SEIS
MESES. AUSÊNCIA DEDEVOLUÇÃO DA QUANTIA
PAGA.DEVER DE RESTITUIR. DANO MORAL
CONFIGURADO, servindo a imposição de indenização
também com a finalidade punitiva ao comportamento
de descaso da ré, seja em não observar o prazo de
COLETA, seja por não propiciar necessários
esclarecimentos AA autora sobre o motivo da demora.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Sentença
merece ser confirmada pelos seus próprios fundamentos,
o que se há de fazer na forma do disposto no art. 46, da
Lei nº. 9.099/95. 2. (...) 3. No presente caso, entendo que
restou evidenciado o defeito na prestação do serviço, uma
vez que a mesma não comprovou a devida coleta do
produto em prazo legal razoável e crédito para
novascompras, como demonstrado através da
documentação colacionada à petição inicial, ônus que lhe
competia, por força do art. 14, §3º, inciso I, do CDC. 4. No
que se refere aos danos morais, entendo que a
conduta do recorrente, foi ofensiva a direito da
personalidade, não se resumindo a simples

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aborrecimento inerente ao inadimplemento contratual,
suficiente a merecer uma compensação pecuniária. 5.
Quantum indenizatório razoavelmente arbitrado em R$
3.500,00 (três mil e quinhentos reais). 6. Recurso
conhecido e improvido. (Relator (a): Juiz João Paulo
Martins da Costa; Comarca: 11º Juizado Cível e Criminal
de Maceió; Órgão julgador: 11º Juizado Especial Cível e
Criminal; Data do julgamento: 06/11/2017)

APELAÇÃO CÍVEL - PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO


DECLARATÓRIA - INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS - COMPRA DE PRODUTO VIA INTERNET -
RESCISÃO DO CONTRATO PELA NÃO ENTREGA DO
PRODUTO - DESRESPEITO PERANTE O
CONSUMIDOR - DANOS MORAIS - CONFIGURAÇÃO -
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA- RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1- O descumprimento
contratual praticado na entrega de produtos adquiridos
pela internet, configura desrespeito perante o consumidor
e é suficiente para ensejar a sua responsabilidade da
empresa pela má-prestação dos serviços e pelos danos
sofridos pelos seus clientes, passível assim de
indenização por danos morais (Ap 31413/2017, DES.
SEBASTIÃO DE MORAES FILHO, SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL, Julgado em 03/05/2017, Publicado no DJE
09/05/2017)

APELAÇÃO CÍVEL - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA -


REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO - IMPOSSIBILIDADE -
AUSÊNCIA DE PROVA DE INEXISTÊNCIA OU DO
DESAPARECIMENTO DOS REQUISITOS ESSENCIAIS
E DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE INTERESSADA -
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - NÃO ENTREGA DE
PRODUTO ADQUIRIDO PELA 'INTERNET' - AUSÊNCIA
DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS - DANO

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MORAL CONFIGURADO. O STJ já firmou entendimento
no sentido de ser possível a revogação dos benefícios da
justiça gratuita de ofício pelo juiz, desde que ouvida a
parte interessada e comprovada nos autos a inexistência
ou o desaparecimento dos requisitos essenciais para a
concessão da justiça gratuita. A ausência de entrega do
produto regularmente adquirido, bem como a
ausência de restituição do valor pago pelo
consumidor, não pode ser considerado como fato
corriqueiro ou mero aborrecimento. A indenização por
dano moral deve ser arbitrada segundo o prudente arbítrio
do julgador, sempre com moderação, observando-se as
peculiaridades do caso concreto e os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, de modo que o
quantum arbitrado se preste a atender ao caráter punitivo
da medida e de recomposição dos prejuízos, sem
importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.
(TJ-MG - AC: 10686130023373001 MG, Relator: José de
Carvalho Barbosa, Data de Julgamento: 01/12/2016,
Câmaras Cíveis / 13ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 07/12/2016)

James Marins, ao disciplinar sobre o tema salienta que:

"A par de restar cediçamente consagrado, quer na


doutrina quer na jurisprudência a indenizabilidade do dano
moral e da expressa menção constitucional a sua
reparabilidade, o art. 6º, do Código de Proteção e
Defesa do Consumidor, assegura como direito básico
do consumidor 'a efetiva prevenção e reparação de
danos patrimoniais e morais'. Segundo observa com
propriedade Nélson Nery Júnior, neste dispositivo quer o
legislador assegurar não só o critério genérico - que,
segundo pensamos, poderá comportar mitigações - de
observância da responsabilidade objetiva, ao utilizar-se da

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expressão 'efetiva prevenção e reparação', como também
deixar imbúbite a possibilidade de cumulação entre o
dano moral e patrimonial (ao utilizar-se justamente da
partícula conjuntiva 'e'), matéria outrora objeto de sérias
controvérsias." (Responsabilidade da empresa pelo fato
do produto: os acidentes de consumo no Código de
Proteção e Defesa do Consumidor, ed. RT, 1993, p. 143)

O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só


garantir à parte que o postula a recomposição do dano em face da lesão
experimentada, e, de igual modo, servir de reprimenda àquele que efetuou a
conduta reprovável, de tal forma que o impacto se mostre hábil - em face da
suficiência - a dissuadi-lo da repetição de procedimento análogo.

Portanto, cabível a indenização por danos morais, e nesse


sentido, a indenização por dano moral deve representar para a vítima uma
satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao
causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica
evidenciado completo descaso aos transtornos causados.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

1. A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do art. 98 do


Código de Processo Civil;

2. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para, querendo


responder a presente demanda;

3. A procedência do pedido, com o cancelamento da compra (PEDIDO DE


NÚMERO: 273142873) com a condenação do requerido ao
ressarcimento imediato das quantias pagas, no valor de R$ 1.099,00
(um mil e noventa e nove reais) acrescidas ainda de juros e correção
monetária,

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4. Seja a ré condenada a pagar a autora um quantum a título de danos
morais, em valor não inferior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
considerando as condições das partes, principalmente o potencial
econômico-social da lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e
as circunstâncias fáticas;

5. A condenação do requerido em custas judiciais e honorários


advocatícios;

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos
acostados.

Por fim, manifesta não interesse na audiência conciliatória, nos termos do


Art. 319, inc. VII do CPC, não se opõe ao julgamento antecipado da lide, caso a
ré queira apresentar proposta de acordo poderá fazê-lo através dos e-mails
lutalaed@yahoo.com.br ou luthalaed@gmail.com, e/ou pelos telefones
(21)2688-8148 e (21)964334344.

Dá-se à presente o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Termos em que, pede deferimento.

Itaguaí, 15 de outubro de 2021.

Luciana da Silva Siqueira de Almeida

OAB/RJ 171372

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