Você está na página 1de 10

Disciplina: ESTÁGIO SUPERVISIONADO V

Professora: Elisângela Dandolini


Ano/Semestre letivo: 2021B
Alunos: Pedro Martins, Edio Borges, Roger Januário.

1. TRABALHISTA - 31/08/2021

Tese II

Júlio Cesar, brasileiro, casado, balconista, portador da CTPS nº 45781, série


00034-SC, residente na cidade de Criciúma/SC, na Rua Gagualhardo, n° 5,
Centro, compareceu em seu escritório na cidade de Araranguá/SC, no dia de
hoje e informou o seguinte: Laborou para Gels Comércio Ltda. com endereço à
Rua 12, nº 6, Centro, na cidade de Tubarão/SC., sendo admitido em 1° de
dezembro de 2018, tendo a sua CTPS anotada em data de 1° de março de 2019,
exercendo sempre a função de balconista, percebendo como última remuneração
o valor de R$ 3.200,00 por mês (salário mais comissão). Foi despedido por justa
causa em 6 de agosto de 2021. A partir de janeiro de 2020, o autor passou a
receber comissões de 3% sobre suas vendas. Essas comissões correspondiam
uma média de R$ 600,00 por mês, valor este que jamais foi pago em sua folha
de pagamento, ou seja, sempre foi pago de modo informal através de depósito
em sua conta corrente. Durante todo o contrato, seu horário era das 8 até as 12
horas e das 12h30 até as 19 horas, sem trabalhar aos sábados. O horário sempre
foi registrado no cartão de ponto, jamais assinado qualquer acordo de
prorrogação. Jamais recebeu qualquer hora extra. Em 6 de agosto de 2021, após
uma festa na empresa que ocorreu no dia 4 de agosto, o autor foi demitido por
justa causa em razão de ter ingerido grande quantidade de álcool. No dia 17 de
agosto de 2021 recebeu suas verbas rescisórias apenas com saldo salarial. Após
receber as verbas rescisórias o obreiro foi até a Caixa Económica Federal e
pegou um extrato, no qual não constavam os depósitos do FGTS do ano de
2019. Questão: Com base nos dados acima, você, como advogado, deve
apresentar a peça processual competente pelo rito ordinário em "favor ao ex-
empregado, pleiteando todas as verbas "não quitadas, com indicação da
legislação, súmulas e/ou orientações jurisprudenciais da SDI do TST. No
presente caso não existe Comissão de Conciliação Prévia. Cada pedido deverá
ter a respectiva fundamentação legal.
OBS. o que não tiver dados pode ser inventado pelo aluno

PRAZO 08 DE SETEMBRO
POSTAR NA FERRAMENTA EXPOSIÇÃO.
COLOCAR NOME DOS INTEGRANTES NA PEÇA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE
TRABALHO DE CRICIÚMA/SC

Júlio Cesar, brasileiro, casado, balconista,


portador da CTPS nº 45781, série 00034-SC,
residente na cidade de Criciúma/SC, na Rua
Gagualhardo, n° 5, Centro

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de Gels Comércio Ltda., pessoa


jurídica de direito privado, com sede à Rua 12,
nº 6, Centro, na cidade de Tubarão/SC, pelas
razões de fato e direito a seguir expostas:

DA PRELIMINAR DE MÉRITO

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Reclamante encontra-se sem condições de arcar com as despesas do


processo. Nos termos do art. 790, § 3º da CLT e art. 2º, parágrafo único, da Lei 1.060/50, a
Reclamante faz jus aos benefícios da justiça gratuita.
Diante do exposto, requer preliminarmente a concessão dos benefícios da
justiça gratuita, previstos no art. 3º da Lei 1.060/50.

I – SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO

O autor foi contratado pela reclamada em 1° de dezembro de 2018, tendo a sua


CTPS anotada em data de 1° de março de 2019, exercendo sempre a função de balconista.
Percebia como última remuneração o valor de R$ 3.200,00 por mês (salário
mais comissão)
Foi despedido por justa causa em 6 de agosto de 2021.
Ocorre que muitos de seus direitos não eram observados pela reclamada, razão
pela qual propõe a presente relação trabalhista.

II – DO DIREITO

1. DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

O Reclamante foi contratado no dia 1° de dezembro de 2018, para exercer a


função de balconista, tendo sua CTPS foi anotada em data de 1° de março de 2019, ação que
vai contra o prazo disposto no art. 29 da CLT, de cinco dias úteis:
“Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS,
em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as
condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia.”

O reclamante é considerado empregado por força do art. 3º, da CLT, por estar
desde o início prestando serviço de natureza não eventual ao reclamado:
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.”

Destaque-se que o fato do reclamado não ter assinado a CTPS do reclamante


fez com que o mesmo laborasse “clandestinamente”, ficando fora do ordenamento jurídico
pátrio que protege o trabalhador, tendo como prova que o reclamante não teve o depósito de
INSS e FGTS, férias proporcionais, nem cálculo adicionado às verbas rescisórias, pelo
período referente as atividades entre 1º de dezembro de 2018, até 1º de março de 2019,
totalizando três meses, no valor de R$ 1.231,80 (com o adicional da multa do art. 467, da
CLT) de FGTS, R$ 866,67 de férias proporcionais e R$ 398,67 de décimo terceiro
proporcional.

2. DA INCORPORAÇÃO DAS COMISSÕES AO SALÁRIO


A partir de janeiro de 2020, o autor passou a receber comissões de 3% sobre
suas vendas. Essas comissões correspondiam uma média de R$ 600,00 por mês, valor este que
jamais foi pago em sua folha de pagamento, ou seja, sempre foi pago de modo informal
através de depósito em sua conta corrente, situação já vista pelo Tribunal Superior do
Trabalho, e considerada como fraude, após o esclarecimento do Recurso de Revista nº
796907/2001.9, exposto a seguir:

“PAGAMENTO DE COMISSÕES “EXTRA-FOLHA”. SIMULAÇÃO. DOLO


CONCORRENTE. AUSÊNCIA. ATO VOLITIVO VICIADO.
É de se declarar que dá evidenciada fraude à legislação trabalhista, não se pode
admitir que o empregador dela se beneficie, devendo portanto ser declarada a
natureza salarial dos salários pagos por fora.
(Tribunal Superior do Trabalho TST - RECURSO DE REVISTA : RR 796907-
80.2001.5.10.5555 796907-80.2001.5.10.5555 - Inteiro Teor)”

O valor total das comissões que se deu entre janeiro de 2022 até agosto de
2021, considerando FGTS, férias proporcionais e décimo terceiro proporcional, totaliza: R$
466,67 referente às férias proporcionais; R$ 322,00 referente ao décimo terceiro proporcional;
R$ 1.451,22 referente ao FGTS (com multa).

3. DAS HORAS EXTRAS E FERIADOS LABORADOS

O Reclamante tinha como jornada contratual das 8 até as 12 horas e das 12h30
até as 19 horas, sem trabalhar apenas aos sábados.
O horário sempre foi registrado no cartão de ponto, jamais assinado qualquer
acordo de prorrogação
O total de horas trabalhadas diariamente era de dez horas e meia de trabalho,
sendo sessenta e três horas semanais e assim duzentas e cinquenta e duas horas mensais.
Seu salário era de R$ 3.200,00 por mês (salário mais comissão), recebendo
respectivamente R$ 14,54 por hora, onde o valor da hora extra sendo a quantia de R$ 21,81.
Para efetuar o cálculo, deve-se levar em conta que eram trabalhadas trinta e
duas horas extras ao mês, gerando o total de R$ 697,92, que ao longo de trinta e dois meses e
seis dias totalizam R$ 22.551,34 de horas extras não recebidas.
A Constituição Federal de 1988, prevê em seu artigo 7º, inciso XIII, que a
duração do trabalho normal não será superior a oito horas diárias e 44 horas semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada de trabalho, mediante acordo ou
convenção coletiva.
No mesmo sentido a Constituição Cidadã de 1988, no artigo 7º, inciso XVI,
estabelece o pagamento do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta
por cento) à do normal.
Ademais o atrigo 58 da CLT, também descreve que a duração normal da
jornada diária de trabalho não excederá de 8 (oito) horas, desde que não seja fixado
expressamente outro limite.
Nesse sentido, o Reclamante faz jus ao pagamento supracitado por todo
período do contrato de trabalho, com o acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) e
os devidos reflexos nas verbas contratuais e rescisórias FGTS, férias proporcionais e décimo
terceiro proporcional.
O Reclamante também laborou todos os feriados durante o contrato de trabalho
(tabela em anexo), contudo nunca percebeu qualquer tipo de adicional ou compensação.
O artigo 70 da CLT se debruça ao tema, vedando o trabalho em dias de feriado
nacionais e feriados religiosos.
Destarte, entendimento cristalizado na súmula 146, TST, dispõe que o trabalho
prestado aos feriados, não compensados deverão ser pagos em dobro, sem prejuízo da
remuneração relativa ao repouso semanal.
Por fim, requer-se o pagamento em dobro dos dias trabalhados e não
compensados nos domingos e feriados, que correspondentes de 1º de dezembro de 2018 a 6
de agosto de 2021, totalizam vinte e nove feriados nacionais (excluídos os que eram
sinalizados nos sábados), bem como seus devidos reflexos nas verbas contratuais e rescisórias

4. DO INTERVALO INTRAJORNADA

O horário de almoço, como discriminado no cartão ponto, foi de apenas 30


(trinta) minutos durante todo o contrato de trabalho, temos por base do art. 71, §4º, da CLT
que o período mínimo de intervalor para jornadas que excedam 6 (seis) horas diárias, deve ser
de 1 (uma) hora, em caso de tempo inferior ao disposto, deverá ser pago multa ao empregado,
salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário:
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no
mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário,
não poderá exceder de 2 (duas) hora
[...]
§ 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para
repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de
natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Diante do exposto, pugna pelo pagamento a título indenizatório do tempo de


intervalo suprimido, totalizando 320 horas de trabalho acrescidas de 50%, assim sendo o
montante de R$ 6.979,20.

5. DOS DEPÓSITOS DO FGTS REFERENTES AO ANO DE 2019

Após receber as verbas rescisórias o obreiro foi até a Caixa Económica Federal
e pegou um extrato, no qual não constavam os depósitos do FGTS do ano de 2019.

A parte reclamada não faz os depósitos em favor do reclamante dos depósitos


fundiários, devendo ser condenada ao pagamento do valor equivalente a todo período não
depositado durante o ano de 2019.

Ainda, deve ser condenada ao pagamento de juros de mora de 1% ao dia, sobre


os depósitos fundiários devidos e atualizados, mês a mês, durante toda a relação de emprego,
bem como ao pagamento de multa sobre o valor total do FGTS não depositado, conforme
artigo 22 da Lei 8.036/90.

O cálculo do valor se dá na tabela abaixo:

Início: 01-01-2019
Final: 01-12-2019
Meses trabalhados: 12
Salário base: R$ 3.200,00
Depósito FGTS/mês(8%): R$ 256,00
Saldo FGTS: R$ 3.072,00
Juros: R$ 7,68
Saldo FGTS Corrigido: R$ 3.121,69
Multa 40%: R$ 1.248,68
Total FGTS com 40% de multa em
R$ 4.370,36
caso de demissão:
6. DA REVERSÃO DE JUSTA CAUSA, AVISO PRÉVIO E DANOS MORAIS

Em 6 de agosto de 2021, após uma festa na empresa que ocorreu no dia 4 de


agosto, o autor foi demitido por justa causa, embasada no art. 482, alínea ‘F’ da CLT, em
razão de ter ingerido grande quantidade de álcool.
Acontece que tal ato, fora do serviço, de forma excepcional, não poderia
gerar a demissão por justa causa, gerando advertência e ações gradativas, buscando a justiça
concernente com o tamanho de situação.
No tocante ao assunto, dispõe o Ministro Maurício Godinho Delgado (Curso de
direito do trabalho. 15. ed. p. 1.332. São Paulo: LTr, 2016):

“Para autorizar a resolução culposa do contrato, exige, assim, regra geral, a


evidenciação de um comportamento repetido e habitual do trabalhador, uma vez que
as manifestações da negligência tendem a não ser tão graves, caso isoladamente
consideradas. Neste quadro, a conduta desidiosa deve merecer exercício
pedagógico do poder disciplinar pelo empregador, com gradação de penalidades, em
busca da adequada ressocialização do obreiro.”

Isto posto, pugna pelo pagamento do valor do aviso prévio, atualização da


rescisão contratual, e pedido de danos morais no valo de R$ 2.000,00 reais, frente ao dano
psicológico sofrido pelo reclamante, que se sentiu humilhado e injustiçado com a demissão.

7. DA RESCISÃO CONTRATUAL

O montante recebido sendo no valor do saldo salarial (mês de julho


acrescentado de seis dias do mês de agosto) como saída, está claramente omisso o pagamento
dos direitos trabalhistas, isto posto, há obrigação por parte da reclamada pelas eventuais férias
vencidas mais o adicional de 1/3, 13º salário proporcional, saldo de FGTS, multa de 40%
(referente ao FGTS), aviso prévio e seguro-desemprego.
O total se dá a partir de duas contas, pois, percebeu-se salários diferentes em
períodos diferentes. O primeiro salário foi no valor de R$ 2.400, pois ainda não recebia
comissão, sendo desde 1º de dezembro de 2018, até 31 de dezembro de 2019, totalizando a
rescisão no valor de R$ 7.860,01 (com todos os direitos), e de 01 de janeiro de 2020 até 6 de
agosto de 2021, tendo como salário R$ 3.200, por conta do acréscimo das comissões, sendo o
valor total da rescisão de R$ 4.776,36 (com todos os direitos).

III – DOS PEDIDOS

Por estas razões, REQUER:


a) Que seja concedido o benefício da justiça gratuita nos termos do artigo 98 do
Novo Código de Processo Civil de 2015, como também no artigo 790,
parágrafo 3º da CLT, devido à difícil situação econômica do autor, que não
possui condições de custear o processo, sem prejuízo próprio;
b) Que a Reclamada seja notificada para que, querendo, apresente resposta a
Reclamatória Trabalhista, sob pena de revelia;
c) Que seja JULGADO TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido de
reconhecimento de vínculo empregatício e para determinar a anotação da
CTPS para que seja devidamente incluído o contrato de trabalho exercido pela
reclamante no cargo de balconista junto a empresa reclamada, no período de
1° de dezembro de 2018 a 1º de março de 2019 com renumeração de
R$3.200,00;
d) Que seja JULGADO TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido para
determinar a reclamada ao pagamento de R$ R$4.370,36 referente as parcelas
de FGTS do período trabalhado pela reclamada no ano de 2019, sem prejuízo
das atualizações e multa prevista no artigo 22 e parágrafos da Lei nº 8.036/90,
e cujo valor atualizado será obtido em liquidação de sentença;
e) Que seja JULGADO TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido para
determinar a reclamada ao pagamento das horas extras no valor estimado de
R$ R$22.551,34, sem prejuízo das atualizações e multa prevista no artigo 22 e
parágrafos da Lei nº 8.036/90, e cujo valor atualizado será obtido em
liquidação de sentença;
f) Que seja JULGADO TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido para
determinar a reclamada ao pagamento a título de danos morais no valor
estimado de R$2.000,00;
g) Que seja JULGADA PROCEDENTE a presente Reclamação Trabalhista,
condenando a Reclamada no pagamento de R$40.000,00 (quarenta mil reais)
referente à rescisão contratual, danos morais e honorários advocatícios.
h) Que seja JULGADO PROCEDENTE o pedido ao valor suprimido de tempo
de intervalo;
i) A condenação da Reclamada ao pagamento dos honorários sucumbenciais na
razão de 15% do valor da condenação em consonância ao artigo 791-A da
CLT;
j) Protesto por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a
prova testemunhal, documental e pericial.

Dá-se a causa o valor de R$ 53.273,30 (cinquenta e três mil duzentos e


setenta e três reais e trinta centavos)

Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.

Criciúma/SC, 18 de agosto de 2021

_______________________ ______________________ ______________________


Pedro Martins OAB: XX/SC Edio Borges OAB: YY/SC Roger Cruz OAB: YX/ SC

Você também pode gostar