EXCELENTISSIMO JUIZ DA VARA CIVEL DA COMARCA DE PRESIDENTE KENNEDY-ES

RUTELANGE DA SILVA, brasileira, casada, professora, cadastrado no

CPF 099.511.117-60, residente e domiciliada na Localidade de Boa Vista do Sul, Marataízes-
ES, por seus advogados que esta subscreve, vem a presença de Vossa Excelência ajuizar:

MANDADO DE SEGURANÇA

Contra ato da FATIMA AGRIZZI CECCON SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

DO MUNICIPIO DE PRESIDENTE KENNEDY-ES E PREFEITURA MUNICIPAL DE
PRESIDENTE KENNEDY-ES, agentes pú blicos com endereço profissional na Rua Atila
Vivacqua, 79, Centro de Presidente Kennedy-ES sendo a Procuradoria Municipal o ó rgã o de
representaçã o judicial da fundaçã o, com sede no mesmo endereço, pelos fatos, fundamentos
jurídicos e demonstraçã o do direito líquido e certo, conforme o seguinte:

1. DO CABIMENTO

É cabível o Mandado de Segurança com fulcro no art. 5º, LXIX, da

CRFB/1988 e art. 1º e seguintes da Lei nº 12.016/09, inclusive sua impetraçã o na
modalidade preventiva, por se tratar de ameaça de lesã o a direito líquido e certo do ora
impetrante.

2. DO FORO COMPETENTE PARA JULGAMENTO DO WRIT

É pacífico o entendimento, na doutrina e na jurisprudência, de que o foro

competente para julgamento de Mandado de Segurança é o da sede funcional da autoridade
apontada como coatora, ou seja, o do local onde exerce suas funçõ es.

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 In casu, a autoridade coatora exerce suas atribuiçõ es na cidade de
Presidente Kennedy-ES. Assim, a competência para processar e julgar o presente Writ é da
Vara Cível dessa Comarca, a quem couber por distribuiçã o.

Vejamos precedente do Egrégio TRF da 5ª Regiã o, em que afirma ser absoluta essa
competência:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE

SEGURANÇA. CONCURSO PARA CARGO DE TÉ CNICO BANCÁ RIO.
IMPETRAÇÃ O DO MANDAMUS NA SEDE DO DOMICÍLIO DO
AUTOR. INCOMPETÊ NCIA ABSOLUTA. NULIDADE DA SENTENÇA.
REMESSA DOS AUTOS À SEÇÃ O JUDICIÁ RIA DA AUTORIDADE
COATORA.
1. A competência para o julgamento do mandado de segurança,
que é absoluta, firma-se em razã o da autoridade apontada como
coatora, sendo irrelevante o fato de o impetrante ter domicílio em
seçã o judiciá ria diversa. (grifo nosso)
2. Sentença anulada. Remessa dos autos à Seçã o Judiciá ria da
autoridade coatora.
3. Apelaçã o provida.
(TRF5, 3ª T., AC 510482, Rel. Des. Fed. Marcelo Navarro, DJe
21/06/2011, p. 520)
De igual sorte, o E. STJ mantém o mesmo entendimento:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPETÊ NCIA
ABSOLUTA ESTABELECIDA DE ACORDO COM A SEDE FUNCIONAL
DA AUTORIDADE COATORA. SÚ MULA 83, DESTA CORTE,
APLICÁ VEL TAMBÉ M AOS RECURSOS INTERPOSTOS PELA LETRA
A DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. IMPROVIMENTO. TAMBÉ M
AOS RECURSOS INTERPOSTOS PELA LETRA A DO PERMISSIVO
CONSTITUCIONAL. IMPROVIMENTO.
I. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que a
competência para conhecer do mandado de segurança é a da sede
funcional da autoridade coatora. (grifo nosso)
II. e III – Omissis.
(STJ, 4ª T., AGRESP 1078875, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior DJe
27/08/2010) .

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 Desta feita, requer seja a presente açã o mandamental processada e
julgada na Vara Cível da Comarca de Presidente Kennedy-ES, a quem couber por
distribuiçã o.

3. DOS FATOS

No dia 12/01/2021 A PREFEITURA MUNICIPAL DE PRESIDENTE

KENNEDY tornou pú blico o edital que norteou a realizaçã o de processo seletivo simplificado
para contrataçã o de PROFESSOR SUBSTITUTO, por tempo determinado e conforme as
disposiçõ es do EDITAL Nº. 002/2021/PSS Nº. 001/2021 SEME, anexo aos autos.

O referido edital estabelece os requisitos para contrataçã o, que foram

atendidos pela candidata, conforme documentaçã o em anexo.
Acontece que ao momento da inscriçã o, apó s preenchido todos os
campos, foi feita a inscriçã o, porém o sistema nã o fez o computo do tempo de serviço da
autora, (INSCRIÇÃ O 7124 – PROCESSO #29), totalizando sua pontuaçã o em apensas 15
pontos.
A autora fez o preenchimento da pontuaçã o má xima de tempo de
serviço totalizando 60 pontos, porém nã o foi computado pelo sistema.
A autora imediatamente apó s verificar a situaçã o fez comunicado a
comissã o, mesmo assim nã o teve êxito.
Depois de passado um tempo, em 29/01/2021, foi divulgado no site da
Prefeitura a Classificaçã o Provisó ria, a autora foi classificada somente com 15 pontos,
classificando em 112º, deixando realmente de computar seu tempo de serviço, bem como 1
(UMA) POS GRADUAÇÃ O, 1 (UM) CURSO DE 180 HORAS ( em anexo).
A autora imediatamente protocolou recurso a Comissã o, que no dia
01/05/2021, saiu edital de convocaçã o, indeferindo o recurso da autora.

Dessa forma, levando-se em consideraçã o a apontuaçã o da autora com

100 pontos, alcançando assim uma pontuaçã o para ser convocada. no sentido de proceder à
contrataçã o do impetrante ao cargo objeto do processo simplificado.

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 Imperioso dizer que a situaçã o em tela é discriminató ria, ilegal, abusiva,
e viola diretamente os preceitos jurisprudenciais que passaremos a expor.

E ainda, tal ato coator, de efeito concreto ao impetrante, afronta o

ordenamento jurídico vigente, principalmente no que tange aos princípios constitucionais
impostos à Administraçã o Pú blica, em especial o da igualdade, razoabilidade e segurança
jurídica, nã o podendo, dessa forma, prevalecer ante o direito líquido e certo do impetrante.

4. DA MEDIDA LIMINAR

O art. 7º, III da Lei nº 12.016/09 estabelece como requisitos para concessã o da liminar o
fundamento relevante do pedido e o perigo de ineficá cia da medida.

O perigo de ineficá cia da medida decorre do fato de que a contrataçã o

visa à substituiçã o de professor titular enquanto vigorar seu afastamento. Dessa forma, caso
a concessã o da segurança nã o se dê de forma liminar, há o risco de que o impetrante seja
privado de contratar com a Administraçã o pelo período pelo qual a pró pria Administraçã o
pleitearia, acarretando prejuízo aos alunos que ficariam sem aulas durante todo este
período.

Portanto, observa-se que a permanência do ato impugnado pode

resultar em ineficá cia da medida, caso seja deferida somente ao final da demanda
mandamental, haja vista a pró pria natureza urgente da contrataçã o para a funçã o de
Professor Substituto, de excepcional interesse pú blico, nos termos do art. 2º da Lei 8.745/93,
além da pró pria natureza alimentar dos rendimentos advindos com a contrataçã o,
principalmente por se encontrar o impetrante atualmente desempregado.

Salientes-se que o referido despacho, que impede a contrataçã o do

impetrante, tem efeito concreto em relaçã o ao impetrante, atingindo-o diretamente com
violaçã o de direito líquido e certo.

E mais, caso venha a se contratar outro candidato, violando o pleiteado

no mandamus, restar-se-ia impraticá vel a contrataçã o do impetrante para o mesmo cargo,
gerando uma grande celeuma jurídica que poderia envolver a possibilidade de violaçã o de
direitos de terceiros.

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 Note-se que o risco da ocorrência de dano irreparável ou lesão ao
impetrante é incontestável, uma vez que, pelo andamento do Processo Seletivo, a
concessão de tutela em outro tempo ou o aguardo ao andamento processual esvazia o
sentido da impetração.

Dessa forma se faz necessária a suspensão do ato coator para que a impetrada faça
cessar a ameaça de lesão que o ato pode causar ao impetrante e, consequentemente,
que não oponha óbices à contratação do impetrante para o cargo de Professor
Substituto,

5. DO MÉRITO

A Constituiçã o Federal, no Capítulo concernente à Administraçã o

Pú blica, ao prever a possibilidade de contrataçã o por tempo determinado, para atender a
necessidade de excepcional interesse pú blico (art. 37, IX), reservou ao legislador ordiná rio a
regulamentaçã o da matéria.

Trata-se de admissã o excepcional no serviço pú blico, para a qual nã o se

exige, necessariamente, concurso pú blico, em razã o da urgência que pode motivar essa
peculiar forma de contrataçã o. As notas que caracterizam a contrataçã o temporá ria de
servidores pú blicos na Administraçã o Pú blica sã o a determinabilidade temporal da
contrataçã o, a temporariedade da funçã o e a excepcionalidade do interesse pú blico que
move essa espécie de recrutamento.

Nesse sentido, confira-se lição de José dos Santos Carvalho Filho[1], in verbis:

O regime especial deve atender a três pressupostos inafastáveis. O primeiro deles

é a determinabilidade temporal da contratação, ou seja, os contratos firmados
com esses servidores devem ter sempre prazo determinado, contrariamente,
aliás, do que ocorre nos regimes estatutário e trabalhista, em que a regra consiste
na indeterminação do prazo da relação de trabalho. [...] Depois, temos o
pressuposto da temporariedade da função: a necessidade desses serviços deve ser
sempre temporária. Se a necessidade é permanente, o Estado deve processar o

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 recrutamento através dos demais regimes. [...] O último pressuposto é a
excepcionalidade do interesse público que obriga ao recrutamento. Empregando o
termo excepcional para caracterizar o interesse público do Estado, a Constituição
deixou claro que situações administrativas comuns não podem ensejar o
chamamento desses servidores.

Sob tais aspectos, é certo que a vedaçã o do art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93,
perfaz limitaçã o à acessibilidade aos cargos pú blicos, podendo-se afirmar que a proibiçã o de
recontrataçã o, nos termos do art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93, atende à natureza dessa forma
temporá ria de admissã o, uma vez que afasta a possibilidade de perpetuar-se a contrataçã o
do servidor que, caso ocorresse, descaracterizaria a temporariedade ínsita a essa espécie de
recrutamento no serviço pú blico.

Enfim, ante todo o exposto, note-se que a permanência da situação em

tela configura claro justo receito de violação do direito líquido e certo do impetrante,
receio objetivamente fundado, calculado de forma mais precisa possível, mediante o
exame das causas já postas em evidência, capazes de realizar ou operar os aspectos
negativos acima indicados, fato que deve ser, por consequência lógica, afastado pelo
julgador.

6. DOS PEDIDOS

Pelo exposto e com base no conjunto probató rio acostado (direito líquido e
certo), requer:
CONCESSÃO DO BENEFICIO DA JUSTIÇA GRATUITA, Inicialmente a
concessã o do benefício da Justiça Gratuita; tendo em vista a autora nã o possui
renda, devido esta desempregada.
1) a notificaçã o da autoridade coatora, para que preste suas
informaçõ es no prazo de legal;

2) a cientificaçã o do ó rgã o de representaçã o judicial da pessoa

jurídica interessada no endereço mencionado no cabeçalho desta, para,
querendo, ingressar no feito;

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 3) a concessã o da medida liminar inaudita altera pars, para
computar o tempo de serviço da autora, conforme documento em anexo,
totalizando o má ximo de 100 pontos, bem como proceder com a imediata

contrataçã o do impetrante para exercer a funçã o de Professor Substituto, para

o qual foi aprovado em processo seletivo simplificado, sob pena de multa diá ria
a ser arbitrada por esse Juízo para caso de descumprimento da ordem;

4) a Intimaçã o do ilustríssimo representante do Ministério para

atuar como fiscal da lei;

6) a juntada de todos os documentos comprobató rios do direito

líquido e certo dos impetrantes;

Dar-se-á a presente causa o valor de R$7.700,00 (Sete mil e

Setecentos reais) [valor da remuneraçã o mensal x tempo de contrato].

Pede Deferimento.

Cachoeiro de Itapemirim-ES, 27/01/2021.

EDUARDO REAL
OAB/ES 30.617

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