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SUA PETIÇÃO
DIREITO
PENAL
Seção 1
DIREITO PENAL
Sua causa!
Com muita satisfação iremos desenvolver com você tudo que há de mais relevante no Direito Penal
com enfoque nos aspectos dogmáticos e práticos. Nesse diapasão, será perlustrado tudo o que você
precisa compreender acerca do cativante mundo das ciências criminais.
A temática em epígrafe vem tratar acerca da prisão em flagrante de uma pessoa que acabou de
praticar o crime conhecido como “golpe do PIX”, o qual consiste em invadir um dispositivo informático
e se passar por outra pessoa, conseguindo, com tal conduta, fazer com que a vítima deposite uma
quantia achando tratar-se de um conhecido. A seguir, confira a forma com que o delito ocorrera.
Fulano de tal, brasileiro, solteiro, carteira de identidade número xxx, residente e domiciliado na rua
xxx, nesta capital, foi flagrado dentro de uma cafeteria aplicando um golpe por meio de seu
computador pessoal, o qual conseguia invadir outros dispositivos informáticos e fazer com que as
mais variadas vítimas depositassem quantias em seu nome, achando que se tratava de algum
parente ou amigo que estava precisando de determinado valor.
A investigação partiu por parte da Polícia Civil que estava atrás do agente há bastante tempo, visto
que várias pessoas estavam caindo no citado “golpe do PIX”. Tal golpe consistia na invasão de um
dispositivo informático e, em seguida, na ação do agente se passando pela suposta pessoa que
estava conversando com a vítima, muitas vezes um parente ou um amigo necessitado de uma
quantia urgente para o pagamento de alguma conta. Assim, as vítimas faziam o depósito conforme
solicitado. A Polícia Civil conseguiu monitorar os acessos feitos pelo agente numa cafeteria do centro
de Belo Horizonte/MG e, quando ele estava prestes a dar mais um de seus golpes, efetuou a sua
prisão em flagrante, obtendo todas as informações necessárias que estavam dentro de seu
computador pessoal.
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para a audiência de custódia que fora
realizada dois meses depois do fato, lembrando que ela se dera na comarca de Belo Horizonte/MG.
Em razão disso, Fulano de tal procura você como advogado para participar da audiência de custódia.
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Na audiência de custódia, o membro do Ministério Público requer seja a prisão em flagrante
convertida em prisão preventiva, pois várias foram as vítimas do seu cliente e ele já havia obtido
quantias milionárias com o referido golpe do PIX. O Juiz determinou que você manifestasse por
escrito o que seria requerido pelo seu cliente.
Você deverá realizar a peça processual cabível, perante o órgão judiciário competente
Fundamentando!
Acerca do novo instituto processual da audiência de custódia, é importante destacar o que prevê o
Código de Processo Penal sobre a matéria, na forma do artigo 310, caput, nestes termos:
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019) (Vigência)
Na forma legal, é imperioso que a audiência de custódia seja realizada 24 horas depois do fato,
quedando-se inerte o Poder Judiciário nesse ponto, uma vez que ela fora feita dois meses depois do
fato.
Cumpre ressaltar que a jurisprudência nacional é no sentido de que a audiência de custódia deve
ser realizada dentro do prazo legal, sob pena de nulidade da prisão, conforme destaca-se a seguir
na decisão do Augusto Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
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determina que toda pessoa presa em flagrante seja obrigatoriamente apresentada,
em até 24 horas, à autoridade judicial competente.
Schietti frisou que, apesar de relaxar o flagrante, essa ordem não prejudica a
possibilidade de decretação da prisão preventiva, se for concretamente demonstrada
sua necessidade, ou de imposição de alguma medida alternativa prevista no artigo
319 do Código de Processo Penal. Ele lembrou a importância de o juiz avaliar a
necessidade de manutenção da prisão preventiva, pois a medida atinge um dos bens
jurídicos mais expressivos do cidadão: a liberdade. (HC 485.355)
Noutro giro, destaca-se que a demora em realizar a audiência de custódia gera um ônus para o Poder
Judiciário, não sendo possível a imposição de uma prisão preventiva após o descumprimento do
prazo legal, merecendo a análise da peça adequada ao caso.
No que diz respeito aos elementos da prisão preventiva, o membro do Ministério Público
fundamentou o seu pedido pelo fato de múltiplas serem as vítimas e pelas quantias elevadas que o
agente conseguira adquirir. Ora, isso por si só não autoriza a aplicação do art. 312, CPP, com base
na garantia da ordem pública, devendo existir elementos concretos de que o acusado solto poderá
voltar a delinquir, fugir do país ou ameaçar testemunhas e vítimas. O simples fato narrado pelo
Promotor de Justiça não tem o condão de lançar um decreto prisional.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Quanto aos requisitos da prisão preventiva, menciona-se que a sua decretação deve ser feita com
base em elementos concretos e hábeis, não sendo suficiente a quantidade de vítima ou valor
subtraído, notadamente quando o crime foi feito por uma só pessoa sem qualquer vínculo com
organização criminosa, no pensamento do Superior Tribunal de Justiça:
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PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS
CORPUS.ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTOS
HÁBEIS A DESCONSTITUIR O DECISÓRIO IMPUGNADO. PRISÃO EM
FLAGRANTE. NULIDADE.AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA.
QUESTÃO SUPERADA. SUPERVENIÊNCIA DA PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PERICULOSIDADE CONCRETA DO AGENTE.
INTEGRANTE DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA VOLTADA À PRÁTICA DE
DELITOS PATRIMONIAIS CONTRA PESSOA JURÍDICA VINCULADA AO BANCO
SANTANDER. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. AGRAVANTE QUE PRATICOU
O DELITO EM GOZO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. NECESSIDADE DE
GARANTIR A ORDEM PÚBLICA E DE INTERROMPER A ATUAÇÃO DE
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.
IRRELEVÂNCIA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. INSUFICIÊNCIA.
RISCO DE CONTAMINAÇÃO PELA COVID-19. RECOMENDAÇÃO N. 62 DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ. RÉU NÃO INSERIDO NO GRUPO DE
RISCO. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Não obstante os esforços do agravante, a decisão deve ser mantida por seus
próprios fundamentos.
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5. Inaplicável medida cautelar alternativa quando as circunstâncias evidenciam que
as providências menos gravosas seriam insuficientes para a manutenção da ordem
pública.
Na hipótese dos autos, o recorrente não comprovou que está inserido no grupo de
risco ou que necessite atualmente de assistência à saúde não oferecida pela
penitenciária, não se encontrando, portanto, nas hipóteses previstas pela
Recomendação do CNJ. Destaca-se que o Tribunal de origem informou que a
Secretaria de Administração Penitenciária adotou medidas criteriosas para combater
a pandemia nas unidades prisionais, inclusive, toda a população carcerária já se
encontra vacinada.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
PONTO DE ATENÇÃO
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Vamos peticionar!
Para elaborarmos uma peça prático-profissional que visa à liberdade da pessoa precisamos
responder às seguintes indagações:
A primeira coisa a se fazer em uma peça processual é o endereçamento, ou seja, precisamos saber
de quem é a competência para analisar aquele fato. Por esse motivo, antes de ajuizar uma ação ou
apresentar qualquer peça processual é necessário que você conheça as regras de competência. As
questões da OAB sempre demonstram onde se deu o fato, o que fica claro de atestar a competência.
Após o endereçamento precisamos realizar um preâmbulo, nele colocaremos todos os dados das
partes. Nunca se deve inventar dados nas peças práticas da OAB, pois isso identifica a sua prova, o
que irá desclassificá-lo.
Após o preâmbulo, iniciaremos os fatos, que nada mais são que a história contada pelo examinador.
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Após a narrativa dos fatos, iniciaremos os fundamentos jurídicos. É nesse ponto que você demonstra
seu conhecimento. Portanto, faça com muita atenção e demonstre para o seu examinador que você
conhece do assunto.
Após a fundamentação, é hora de fazer os pedidos. Cuidado! Você só pode pedir o que fundamentou.
Essas são as chamadas dicas de ouro. Com esse roteiro mental será fácil compreender e colocar
em prática todos os seus poderes para uma escorreita peça prático-profissional. Vamos peticionar?
REFERÊNCIAS