Você está na página 1de 37

DIREITO

PROCESSUAL CIVIL III


Aula VII: Recursos aos Tribunais
Superiores

Profª M.Sc. Camila Portella.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Recursos Recurso ordinário
constitucional
aos
Tribunais
Superiores Recurso especial

Recurso extraordinário

Agravo em recurso
especial ou extraordinário

Embargos de divergência

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Recurso Ordinário
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
(...)
V - recurso ordinário;

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:


I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os
habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância
pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e
do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro
ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Previsão Constitucional
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; (HC
– Penal)
b) o crime político; (Penal)

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão for denegatória; (HC – Penal)
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um
lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


ROC no ROC no
CPC Trabalho

CUIDADO! É assim
Corresponde,
chamado por ter naquele sistema
suas hipóteses de processual, à
cabimento previstas Apelação.
na CF e ser dirigido Previsto na CLT.
ao STF e ao STJ.
É cabível no âmbito
do processo penal
e, igualmente, no
âmbito do processo
civil.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


O recurso ordinário constitucional é, como o próprio nome diz, um
recurso ordinário, só que dirigido ao STF ou ao STJ, que exercerá
competência recursal sem qualquer limitação em relação à
matéria fática.

Admite-se, por exemplo, o reexame de prova. Os tribunais


superiores, aqui, funcionam como segundo grau de jurisdição.

Não é possível haver recurso ordinário adesivo.


(STJ, 3°T., AgRg nos EDcl no REsp 1.317.985/PR, rel. Min. PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, j. 18/12/2014, DJe 5/2/2015)

Prazo: 15 dias!

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


ROC interposto perante o juízo
Procedimento sentenciante / tribunal de origem

Intimação do requerido

15 dias Apresentação de contrarrazões

Juízo de 1º grau não fará juízo de Recurso é encaminhado ao


admissibilidade Tribunal Superior

Recebido no STJ ou STF sem efeito


suspensivo (regra), a não ser que
preencha os requisitos legais (arts.
1029, §5º e 1012, §3º)

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Cabimento do
ROC

(art. 1.027, CPC)

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Hipóteses

STF STJ

MS, os HD e os MI decididos em
única instância pelos tribunais MS decididos em única instância
superiores, quando denegatória pelos TRFs ou pelos TJs, quando
a decisão denegatória a decisão;

Forem partes, de um lado, Estado


estrangeiro ou organismo internacional
vs. Município ou pessoa residente no
País.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


MUNICÍPIO ESTADO ESTRANGEIRO

Processos internacionais
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
De um lado, se tem um organismo internacional (ONU, BID, Unesco)
ou Estado estrangeiro e de outro Município brasileiro ou pessoa
residente ou domiciliada no Brasil, existindo doutrina a
compreender tratar-se tanto de pessoa física como jurídica.

O texto é suficientemente claro para se concluir que independe em


quais dos polos estarão os sujeitos descritos, desde que estejam em
polos adversos.

A demanda seguirá em primeiro grau de jurisdição perante a


Justiça Federal (art. 109, II, da CF), e, sendo proferida sentença de
qualquer natureza – terminativa ou definitiva - e qualquer que seja
seu resultado (procedência, improcedência, homologatória) será
cabível o ROC.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Recurso Ordinário Acórdão proferido pelos
em tribunais superiores (STJ, TSE,
STF
Mandado de TST, Superior Tribunal
Militar).
Segurança

Recurso Ordinário
em Mandado de quando denegatória a decisão
Segurança

Acórdão proferido por


STJ tribunal de 2º grau (TJ e
TRF).

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Recurso ordinário em Habeas Data e Mandado de
Injunção

A decisão de única instância significa que o habeas data e o


mandado de injunção sejam de competência originária de tribunal,
no caso os Tribunais Superiores, em razão de expressa previsão do
art. 1.027, I, CPC.

Por denegação deve ser entendida qualquer derrota do impetrante,


tanto de natureza processual como de natureza matéria.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Recurso Especial vs. Recurso Extraordinário

Competência para Competência para


STJ julgar Recurso STF julgar Recurso
Especial Extraordinário

- São recursos de estrito direito, ou seja, não poderão ser


interpostos em hipóteses senão aquelas previstas
taxativamente no texto constitucional
- A prestação jurisdicional dos Tribunais Superiores restringe-se à
apreciação de matéria de direito, e não de matéria fático-
probatória (súmulas 7 STJ e 279, STF).
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Regularidade Formal e Prazo
Petição
escrita +
exigências legais

Resp e Rext
Prazo de 15 dias
úteis

OBS: exigem o esgotamento da instâncias ordinárias, não sendo admitidos


os chamados recursos per saltum (Súmula 281, STF).
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Recurso Especial

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


O STJ possui dois objetivos na análise do Recurso Especial:

Aplicar corretamente a lei


mediante reforma da
decisão impugnada

Uniformizar a interpretação da
norma aplicada de forma
divergente do entendimento
de outros tribunais pela
decisão impugnada.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


As hipóteses de cabimento do recurso especial estão previstas no
art. 105, III, da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Decisão que
Pressupostos contrariar ou
negar vigência a
Decisão de tratado ou lei
única ou federal
última 1 1
instância Decisão
que julgar
Decisão válido ato
2 de
proferida Cumulativos Alternativos 2
por tribunal governo
local
contestado
3 3 em face de
lei federal
Prequestionamento Decisão que der a lei
federal interpretação
divergente da que lhe
haja atribuído outro
tribunal
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Súmula 203, STJ reforça o inc. III: "não cabe recurso especial contra
decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais".

O dispositivo refere-se, expressamente, a tribunais, além de exigir que a


decisão seja de última ou de única instância.

O esgotamento das vias ordinárias de impugnação é exigência


inafastável para o cabimento do recurso especial, devendo a parte seguir
com a interposição de recursos ordinários até que nenhum deles seja
cabível no caso concreto.

Ex.: proferida por juízo de primeira instância uma sentença que contraria
dispositivo da CF, não se poderá admitir a interposição de recurso
extraordinário, já que cabível a apelação.

Ora, para que um desses tribunais profira decisão de última ou de única


instância, é preciso que haja a manifestação final do colegiado
competente. Não basta a decisão isolada do relator, sendo necessária a
deliberação final do colegiado. Só cabe recurso especial contra acórdão.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
A segunda exigência prevista pelo art. 105, III, caput, da CF é ser a
decisão proferida pelos Tribunais Federais Regionais Federais ou
pelos Tribunais estaduais, do Distrito Federal e Territórios, sendo
irrelevante a decisão de ter sido proferida em grau recursal (última
instância) ou em ação de competência originária do tribunal (única
instância).

Essa exigência impede a interposição de recurso especial contra as


decisões proferidas em julgamento de recurso inominado nos
Juizados Especiais (203 da súmula do STJ).

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


O pressuposto de admissibilidade do prequestionamento constitui a
exigência de que o objeto do recurso especial já tenha sido objeto de
decisão prévia por tribunais inferiores.

Assim, nesse recurso, veda-se a análise de matéria de forma


originária da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça.

Ex.: Processo em que não tenha sido suscitada, nas instâncias


ordinárias, a prescrição. Não obstante a existência de dispositivo legal
a estabelecer que a prescrição pode ser deduzida em qualquer grau
de jurisdição (art. 193 do CC), deve-se compreender tal disposição no
sentido de que essa matéria pode ser deduzida originariamente a
qualquer tempo nas instâncias ordinárias. Não tendo sido a matéria
submetida ao debate em contraditório nas instâncias ordinárias,
porém, não será possível deduzi-la originariamente em grau de
recurso especial, por não se tratar de matéria “decidida”, ou seja,
por faltar prequestionamento.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Pode ocorrer, porém, de a matéria ter sido suscitada e, por isso,
deve ser apreciada (na única ou na última instância), tendo, porém,
o órgão jurisdicional se omitido quanto ao ponto.

Assim, proferido acórdão omisso quanto à


matéria que se pretende impugnar em sede de
recurso especial, caberá à parte ingressar no
tribunal de segundo grau com embargos de
E.D.
declaração para sanar o vício do acórdão gerado
pela omissão.

Considera-se preenchido o requisito do prequestionamento ainda


que o órgão jurisdicional não supra a omissão, não admitindo ou
rejeitando os embargos (prequestionamento ficto – art. 1025).

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Decisão que
Pressupostos contrariar ou
negar vigência a
Decisão de tratado ou lei
única ou federal
última 1 1
instância Decisão
que julgar
Decisão válido ato
2 de
proferida Cumulativos Alternativos 2
por tribunal governo
local
contestado
3 3 em face de
lei federal
Prequestionamento Decisão que der a lei
federal interpretação
divergente da que lhe
haja atribuído outro
tribunal
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Além do preenchimento dos três pressupostos cumulativos, para
que o recurso especial seja recebido/conhecido, deverá o
recorrente demonstrar o preenchimento de um dos pressupostos
previstos nas três alíneas do art. 105, III, da CF (requisitos
alternativos).

Vamos estudar cada um deles...

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Decisão que contrariar ou negar vigência a
tratado ou lei federal
Contrariar - distanciar-se da finalidade da norma, incluindo uma má
interpretação que importe o desvirtuamento de seu conteúdo,
Negar vigência - deixar de aplicar a norma correta no caso concreto

Tanto a contrariedade como a negativa de vigência impedem a lei federal de


ser aplicada como deveria, sendo nesses termos vícios da mesma gravidade.

Por lei federal a doutrina entende que o legislador está a se referir às leis de
abrangência territorial nacional, incluídas as leis nacionais e federais, não
importando a espécie de lei, de modo que estão abrangidas a lei
complementar, lei ordinária, lei delegada, decreto-lei, decreto autônomo e
até mesmo a medida provisória, que tecnicamente nem é lei, mas é
entendida com a mesma força normativa (exclui-se portarias ministeriais, as
resoluções normativas, as normas de regimento interno de tribunais e as
súmulas)
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Não caberá recurso especial se a norma afrontada for municipal ou
estadual.
(Informativo 484/STJ: REsp 1.217.076/SP, rei. Min. Teori Albino
Zavascki, j. 28.09.2011)

Sendo interposto o recurso especial com


fundamento no art. 105, III, A da CF, o STJ
entende ser indispensável a indicação do IMPORTANTE
dispositivo legal federal que houver sido
violado, afirmando que a ausência de tal
indicação cria um vício que impossibilita a
admissão do recurso.

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


Decisão que julgar válido ato de governo
local contestado em face de lei federal
Entende-se que o ato terá natureza normativa ou administrativa,
praticado pelo Poder Executivo, Legislativo - no âmbito estadual ou
municipal - e pelo Poder judiciário no âmbito estadual.

Enfrenta-se aqui um problema de legalidade, já que os atos


administrativos não podem contrariar a lei, que lhes é
hierarquicamente superior.

A intenção do STJ no julgamento do RESP, neste caso, é preservar o


ordenamento jurídico federal.

Ex.: decisão que julga válido um decreto do Governador do Estado, ou


do Prefeito Municipal, contestado em face de lei federal.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Decisão que der à lei federal interpretação
divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal
Quando existir divergência de interpretação de lei federal entre
diferentes tribunais, chama-se o STJ para desempenhar a importante
tarefa de uniformização da interpretação da lei federal em todos os
tribunais de segundo grau da justiça Estadual e Federal.

Divergências internas de tribunal na


interpretação de lei, ainda que federal, não
serão objeto de recurso especial (Súmula
CUIDADO! 13/STJ).

A exigência é que sejam tribunais diferentes.


Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Exigência é
que sejam
tribunais 1 tribunais de justiça de
diferentes Estados;
diferentes!

2 tribunais regionais federais


de diferentes regiões;
Admite-se a
divergência
entre...
TJs e TRFs, mesmo que o
3 Estado esteja na mesma
região do TRF

4 tribunais de segundo grau e


o próprio STJ

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.


No recurso especial o recorrente deverá
comparar o acórdão recorrido com um
acórdão proferido por outro tribunal,
chamado de acórdão paradigma.

ATENÇÃO! Essa comparação deve ser feita de forma


analítica, não bastando a mera menção ao
acórdão paradigma, sendo exigida do
recorrente uma comparação entre trechos
similares das duas decisões (Súmula 291, STF).

Deve ainda comprovar a existência de acórdão paradigma, o que pode


fazer por 4 formas:

- certidão do tribunal;
- cópia autenticada;
- citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive
em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente;
- reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.
Fim!

Direitos reservados à autora. Reprodução e Distribuição proibidas. Prof. Camila Portella.

Você também pode gostar