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Direito Processual Civil I

Código DIR038

Professor Cynthia de Araujo Lima Lopes

Turma T04

Dia QUA SEG

Horário 18:30/20:20

Sala 105

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Competência Jurisdicional Civil


Conceito
Importante ressaltar que a jurisdição é o poder de realizar e efetivar direitos, não somente o
dizer, principalmente, diante de um conflito.
Competência é o âmbito dentro do qual o juiz tem o dever de exercer a jurisdição;

Portanto, a Competência Jurisdicional Civil pode ser definida como:

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O poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos por lei

O âmbito dentro do qual o juiz pode exercer a jurisdição; É a medida da jurisdição;

A quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos


(Liebman)

Limite de exercício de um poder

Fontes normativas da competência (CPC, 44)


1. Constituição Federal

2. Leis federais (Código Processual, Lei dos Juizados Especiais e etc)

3. Constituições Estaduais

4. Leis de organização judiciária

5. Normas regimentais dos tribunais

6. Negócio jurídico processual

💡 Art. 44 do CPC. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a


competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação
especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas
constituições dos Estados.

Órgãos Judiciários
1. Órgãos judiciários isolados (STF/STJ)

2. Órgãos jurisdicionais autônomos entre si (diversas justiças)

3. Existência em cada justiça de órgãos inferiores e superiores (duplo grau de jurisdição)

4. Divisão judiciária com distribuição de órgãos por todo o território nacional


(comarca/seções/subseções judiciárias)

5. Existência de mais de um órgão judiciário de igual categoria no mesmo lugar (mesma


comarca/seção/subeção judiciária)

Comarca: nomenclatura utilizada pela Justiça Estadual que define o órgão


jurisdicional por município. Ex.: Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
na Comarca de Salvador / Camaçari / Lauro de Freitas.

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Seção: nomenclatura utilizada pela Justiça Federal que define o órgão
jurisdicional por estado. Ex.: Justiça Federal da Seção da Bahia

Subseção judiciária: nomenclatura utilizada pela Justiça Federal que


define o órgão jurisdicional por município. Ex.: Justiça Federal da Seção
da Bahia e da Subseção Judiciária de Salvador

Concretização da jurisdição
Competência de Jurisdição (qual a Justiça competente?)

Competência Originária (competente o órgão inferior ou superior?)

Competência de Foro (qual a comarca/seção judiciária competente?)

Competência de Juízo (qual a vara competente?)

Competência Interna (qual o juiz competente)

Competência Recursal (competente o mesmo órgão ou um superior?)

Perpetuação da competência (perpetuatio jurisdicitionis)


A competência é fixada pelo registro ou distribuição da petição inicial. São excessões:

1. Supressão do órgão judiciário

2. Alteração superveniente da competência absoluta (como a criação de uma vara


especializada)

💡 Art. 43 do CPC. Determina-se a competência no momento do registro ou da


distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou
de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta.

Competência por distribuição


Distribuição dos processos alternado e aleatório entre juízos competentes

Concretização da competência onde há mais de um juízo

Regra de competência absoluta - violação ao princípio do juiz natural

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💡 Art. 284, CPC. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no
prazo de 10 (dez) dias.

💡 Art. 75, CPP. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma


circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

💡 Art. 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.

Classificação da competência
Competência de foro (territorial)

Lugar onde o órgão jurisdicional exerce sua função. Regulada pelo CPC.

Competência do juízo

Matéria pertinente às leis de organização judiciária.

Competência originária

Atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer da causa em primeiro lugar. Pode ser
atribuída tanto ao Juízo de primeiro grau, como o Tribunal.

Competência derivada ou recursal

Atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever decisão já proferida.

Competência absoluta (CPC 62; 64 p 1º; 966, II)

Fixada para atender o interesse público. Normas jurídicas cogentes (que se impõem por
si mesmas, ficando excluído qualquer arbítrio individual).

Determinada em razão da:

Matéria;

Pessoa;

Função;

Prevalece:

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Distribuição da competência entre justiças diferentes (competência de jurisdição);

Entre juízes inferiores e superiores (competência hierárquica: originária/recursal);

💡 Art. 62, CPC. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da


função é inderrogável por convenção das partes.

💡 Art. 64, CPC. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão
preliminar de contestação.

§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de


jurisdição e deve ser declarada de ofício.

💡 Art. 966, CPC. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida
quando:

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

Competência absoluta (CPC, 62) Competência relativa (63, 337, p. 5)

Interesse pública Interesse particular

Pode ser alegada a qualquer tempo, por Somente pode ser alegada pelo réu na
qualquer das partes e ainda no prazo de 2 contestação, não podendo o magistrado
anos - ação recisória (64, p. I; 966, II) conhece-la de ofício.

As regras não podem ser alteradas por As partes podem modificar as regras de
vontade das partes. competência.

Não pode ser alterada por Pode ser modificada por conexão/continência.
conexão/continência.

Em razão

Incompetência - Consequência
Remessa dos autos ao Juízo competente.

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💡 Art. 64, CPC. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão
preliminar de contestação.
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao
juízo competente.

Distribuição por dependência


Evitar distribuições conduzidas nas varas/circunscrições federais em que há mais de um juízo
com a mesma competência para a causa.

💡 Art. 286, CPC. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o
pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente
alterados os réus da demanda;

III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3º, ao juízo
prevento.

Critérios determinativos de competência


CRITÉRIO OBJETIVO (partes, pedido e causa de pedir)

Competência em razão da pessoa (Ex.: foro privilegiado, vara de fazenda pública e etc)

STF/STJ (CF, 102, 105)

Justiça Federal (CF, 109, I)

Tribunais de Justiça (Constituições Estaduais)

Competência em razão da matéria (Ex.: vara de consumo, família, criminal e etc)

Justiças especiais do trabalho, militar e eleitoral (CF, 114, 121, 124)

Justiça Federal (CF, 109, III e XI)

Justiça Estadual (CPC, 45, I)

Competência em razão do valor da causa (relativo quando é para menos e absoluto


quando é para mais)

CRITÉRIO FUNCIONAL

Por graus de jurisdição: competência originária e recursal

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Por fases do processo: cognição e execução

Por objeto do juízo: objeto do julgamento é repartido, conferindo-se competência a


ógãos jurisdicionais distintos

Ex.: CPC, 947; CPC, 948; Tribunal do júri; CPC, 712.

CRITÉRIO TERRITORIAL

Competência de foro (art. 46 e ss. CPC)

Fatos

Situação dos bens

Domicílio das partes

Relativa em regra, mas pode ser absoluta:

CPC, 47, par. 1º e 2º

LACP (7.347/1985), 2º - Foro de local do dano

Lei 8.096/1990, art. 209

Lei 10.741/2003, art. 80

Translatio iudicis
Aproveitamento dos efeitos dos atos praticados pelo juiz incompetente.

Visa preservar a eficácia da decisão proferida pelo juízo incompetente até decisão posterior do
juízo competente.

💡 Art. 64, CPC. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão
preliminar de contestação.

§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão


proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo
competente.

Foros concorrentes
O autor se encarrega de escolher o foro e, fazendo-se do seu direito potestativo, esse escolhe
em qual foro ajuizará sua demanda. São exemplos no CPC:

Art. 47, par. 1º - Direitos reais sobre imóveis.

Art. 53, V - Ação de reparação de dano sofrido em razão de delito/acidente.

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Art. 516, par. único - Cumprimento de sentença.

Já no CDC, art. 93.

Forum shopping
É o direito potestativo (é um direito considerado incontroverso, sobre o qual não cabem
discussões) do autor de escolher o foro competente dentre os foros concorretes, o que não
impede a recusa pelo órgão jurisdicional, se o considerar abusivo.
Exemplo prático: em regra, é o foro do local do dano; mas quando o dano ocorre em vários
lugares, abre-se espaço aos chamados “foros concorrentes (opções de foro)”, e daí o “forum
shopping” pode ocorrer.

Forum non conveniens


Visa bloquear o “forum shopping” abusivo. É a possibilidade do controle de competência quando
o foro escolhido pelo autor é um juízo parcial, inconveniente ou inadequado, buscando-se,
portanto, um foro neutro/imparcial para que a demanda seja remetida a outro juízo reputado
mais adequado à solução do caso concreto.

Competência internacional

💡 Art. 21, CPC. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações
em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;


III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil
a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

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💡 Art. 22, CPC. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as
ações:
I - de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;


b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens,
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou
residência no Brasil;

III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.

💡 Art. 23, CPC. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer
outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento


particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha
de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional.

💡 Art. 24, CPC. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e
não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que
lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e
acordos bilaterais em vigor no Brasil.

Princípios que regem a competência internacional


1. Efetividade

2. Plenitude jurisdicional

3. Exclusividade

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4. Unilateralidade: o juiz brasileiro não pode indicar qual é o tribunal internacional competente
para julgar matéria no plano internacional.

5. Imunidade de jurisdição

6. Proibição de denegação de justiça

7. Autonomia da vontade

Competência internacional concorrente


Ocorre quando compete aos dois juízos exercer atividade jurisdicional, esses estão previstos nos
arts. 21 e 22 do CPC.

Competência internacional exclusiva


Ocorre quando compete somente ao juízo brasileiro exercer atividade jurisdicional, isso está
previsto no art. 23 do CPC.

Foro geral ou comum


É foro comum onde será ajuizada uma ação, a não ser que lei disponha em contrário.

💡 Art. 46, CPC. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis
será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.

💡 Art. 69, CPP. Determinará a competência jurisdicional:

I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;

III - a natureza da infração;


IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;

VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.

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💡 Art. 651, CLT. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

Foro supletivo do geral


1. Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

2. Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for
encontrado ou no foro de domicílio do autor.

3. Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de
domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em
qualquer foro.

4. Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de
qualquer deles, à escolha do autor.

5. A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do


lugar onde for encontrado.

Foros especiais
Aqueles em que o réu deve ser chamado a responder somente em determinadas causas,
atribuídas ao juízo deste foro (lex specialis derogat lege generale).

1. Domicílio do autor consumidor (CDC, art. 106, I)

2. Causas que envolvam casamento/união estável (CPC, 53, I) - FOROS SUCESSIVOS


OU SUBSIDIÁRIOS (gradação)

3. Forum rei sitae (CPC, 47) - regra geral para ações reais imobiliárias

4. Ações pessoais:

a. Ação pauliana

b. Ações edilícias (CCB, art. 441 - 442) - Redibitória e quanti minoris

c. Ação ex-empto (ccb, art. 500)

5. Ações reais:

a. Confessória

b. Demolitória

c. Discriminatória

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d. Imissão na posse

e. Reivindicatória

6. Foro de sucessão ou do de cujus (CPC, 48)

Foro do domicílio do autor herana no Brasil é o competente para o inventário.


Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:

I - o foro de situação dos bens imóveis;


II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

7. Réu ausente (CPC, 49)

O foro será do seu último domicílio, também competente para a arrecadação, inventário,
partilha; Cumprimento de disposições testamentárias, caso haja sucessão definitiva.

8. Ações contra incapaz ou propostas por incapaz (CPC, 50, 76, paragrafo unico, CC)

Será competente o foro do domícilio do seu representante/assistente.

9. Ações em que o Estado ou o Distrito Federal for autor (CPC, 52)

Serão propostas no foro do domicílio do réu.

10. Sendo réu o Estado/Distrito Federal

Ação poderá ser proposta:

Foro do domícilio do autor;

No lugar do ato/fato que originou a demanda;

No lugar da situação da coisa;

Capital do respectivo ente federado.

11. Causas que envolvam casamento, união estável (CPC, 53, I)

Foro de domicílio do guardião de filho incapaz;

Do último domicílio do casal, sado não haja filho incapaz;

De domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal.

12. Domicílio da vítims de violência doméstica e familiar (CPC, 53, ‘d’)

Lei 11.340/2006, art. 15: Foros da vítima de violência doméstica.

Seu domicilio ou residência

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Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de
uni~]ao estável no juizado de violência contra mulher.

13. Foro do domicílio do alimentando (CPC, 53, II)

14. Foro da sede da serventia notarial ou de registro (CPC, 53, III, ‘f’)

15. Foro da sede da pessoa jurídica (CPC, 53, III, b, c)

Quando a pessoa jurídica é demandada, competente é o juízo do lugar onde está a sua
sede.

Se a demanda for proposta contra a pessoa jurídica em razão de obrigação contraída


por agência/sucursal, será proposta nas respectivas sedes.

Se a ré for sociedade/associação sem personalidade jurídica, a causa deverá ser


ajuizada no lugar em que exerce suas atividades.

16. Forum obrigationis ou forum destinatae solutionis (CPC, 53, III, d)

O foro para cumprimento de obrigação será o do lugar onde a obrigação deve ser
satisfeita. Casos de obrigação contratual.

17. Forum comissi delicti (CPC, 53, IV, a, V)

Foro para ação de responsabilidade civil extracontratual é o foro do lugar do ato ou fato.

🚗 Se a reparação do dano decorrer de acidente de veículo/aeronave há foros


concorrentes. A ação poderá ser proposta:

Foro do domicílio do autor;

Foro do local do fato;

Foro do domicílio do réu.

18. Cooperação judiciária nacional como causa de modificação da competência (CPC, 67-
69)

Atos de gestão adequada de processos e intercâmbio processual entre juízos diversos


(Luiz Henrique V. Camargo)

É o complexo de instrumentos e atos jurídicos pelos quais os órgãos judiciários


brasileiros podem interagir entre si (…) com o propósito de colaboração para o
processamento e/ou julgamento de casos (…) por meio de compartilhamento ou
delegação de competências, prática de atos processuais, centralização de processos,

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produção de prova comum, gestão de processos e de outras técnicas destinadas a
aprimoração da prestação jurisdicional (Fredie Didier)

Modificações da competência
1. Modificação legal:

a. Conexão (CPC, 55): Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.

b. Continência (CPC, 56): Reputam-se 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais. Se for proposta a ação contida e, em segundo a contigente, cabe ao juízo
prevento julgar, ou seja, aquele que conheceu a causa em primeiro lugar. Caso seja
contingente primeiro e contida depois, a contida será extinta.

2. Modificação voluntária:

a. Expressa: foro de eleição (CPC, 63 e paragrafos)

b. Tácita: não alegação da incompetência relativa (CPC, 65)

Conflito de competência
É um incidente processual que tem lugar:

1. Conflito positivo: dois ou mais juízes se consideram competentes para a mesma causa.

2. Conflito negativo: quando dois ou mais juízes se declaram incompetentes para a causa,
que deve ser decidido pelo tribunal.

Podem suscitar o conflito de competência: Partes, Ministério Público e o Juiz.


Competência para julgar o conflito

Órgão imediatamente superior aos conflitantes:

1. STF (CF, 102, I, “o”)

a. STJ - quaisquer outros tribunais;

b. Entre tribunais superiores;

c. Tribunais superiores - qualquer outro tribunal.

2. STJ (CF, 105, I, “d”)

a. Entre quaisquer tribunais;

b. Tribunal - juiz a ele não vinculado;

c. Juízes vinculados a tribunais diversos.

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3. Tribunal Regional Federal

a. Juízes Federais de uma mesma região;

b. Juizado Federal e Juízo Federal da mesma seção.

4. Tribunal de Justiça

a. Juízes Estaduais do mesmo estado.

5. Turma Recursal

a. Juizados Especiais do mesmo estado.

Procedimento

💡 Art. 953, CPC. O conflito será suscitado ao tribunal:


I - pelo juiz, por ofício;

II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.

Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos


necessários à prova do conflito.

💡 Art. 957, CPC. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente.

Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou o conflito serão


remetidos ao juiz declarado competente.

Competência da Justiça Federal (CF, 109)


Competência da Justiça Federal

1. Em razão da pessoa:

a. União

b. Autarquia Federal

c. Empresa Pública Federal

d. Conselho de Fiscalização Profissional

2. Exceções

a. Falência

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b. Acidentes de trabalho

c. Justiça eleitoral

d. Justiça do trabalho

3. Em razão da matéria

a. Causas fundadas em tratado/contrato da união com Estado estrangeiro/organismo


internacional (CF, 109, III). Como por exemplo:

i. Convenção de Aia

ii. Convenção de Paris

iii. Convenção de Varsóvia

b. Causas relativas aos Direitos Humanos (CF, 109, V-A e p. 5º)

c. Crimes contra a organização financeira do trabalho, sistema financeiro e ordem


econômica

d. Causas referentes à nacionalidade/naturalização

e. Disputa sobre direitos coletivos indígenas

4. Competência territorial da Justiça Federal

5. Competência dos Tribunais Regionais Federais

Ação e exceção
Ação é um ato jurídico, é o direito de invocar o exercício da função jurisdicional.

Natureza jurídica
1. Teoria imanentista (civilista)

Nessa teoria acredita-se que a natureza jurídica da ação é o próprio direito subjetivo material em
reação à violação. Não há ação sem direito, nem direito sem ação.

CC/1916: “a todo o direito corresponde uma ação que o assegura”;


CC/2002, 80, I; 83, II, III;

Ação é o direito de pedir em juízo o que nos é devido

Nenhuma diferença substancial pode ser apontada entre o direito e ação. Ação é o direito em
movimento, uma manifestação dinâmica.

Para essa teoria não há separação entre o direito material e o direito formal.

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São consequências dessa concepção:

1. Não há ação sem direito

2. Não há direito sem ação

3. A ação segue a natureza do direito

Em muitas situações se há o direito de ação sem que haja o direito subjetivo material, como por
exemplo a ação declaratória de negativa de existência de negócio jurídico, essa é uma crítica
severa à essa teoria. Resultou-se, portanto, uma percepção da distinção entre direito material e
direito de ação, compreendendo, assim, a autonomia do direito de ação.

2. Teorias autonomistas

Nesse caso, essas teorias reconhecem que há uma autonomia entre o direito material e o direito
de ação, sendo, portanto, coisas diferentes. Sendo, a sua natureza, exclusivamente, processual.
Dividindo-se em:

a. Concretista

Ação é o direito subjetivo autônomo a uma sentença favorável. Direito dirigido contra o Estado e
contra o adversário. A existência do direito de ação condiciona-se à sentença favorável.

Como direito potestativo: Chiovenda alinha-se a essa teoria é que a ação não se dirige
contra o Estado, mas contra o adversário: é o direito de provocar a atividade jurisdicional
contra o adversário, sendo que o réu não pode impedir o exercício deste direito pelo autor.
Assim, acreditava-se que a atuação da vontade da lei depende apenas da manifestação de
vontade do particular.

Como direito de petição: Eduardo Couture reconhece que a ação é o direito de o cidadão
exigir sobre o que afirma ser seu direito, um pronunciamento do poder judiciário.

Para essa teoria há separação entre o direito material e processual, mas o direito de ação é
condicionado ao direito material, de modo que, somente se a causa for favorável o magistrado
entrará no mérito.

b. Abstrativista

No sentido abstrato: Degenkolb e Plótz entendem que o direito de ação independe da


efetiva existência do direito invocado. É um direito subjetivo autônomo. É um direito abstrato
e geral que não se condiciona à existência efetiva do direito subjetivo material. É um direito
público subjetivo do indivíduo em face do Estado.

Teoria eclética: O direito de ação é autônomo e abstrato, mas não genérico e


incondicionado, deve ser vinculado a uma pretensão de direito material, defendido por
Liebman. Titularizado pelo autor que concretamente tem direito a um julgamento de mérito,
ou seja, desde que preencha as condições da ação que são:

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Legitimidade das partes: existência de um vínculo entre os sujeitos da demanda e a
situação jurídica afirmada, que lhe autorize a gerir o processo. Pertinência subjetiva da
lide.

Interesse de agir: ou chamado de interesse processual, são três elementos dessa


condição: necessidade, utilidade e a adequação (esse último no sentido de via
processual adequada). Quando o provimento jurisdicional postulado for capaz de
satisfazer o demandante, operando uma melhora na sua situação. Isso sempre que o
provimento jurisdicional for o único caminho.

Esses dois são, no CPC/15, um pressuposto processual, em que o juiz não julga o mérito no
caso de encontrar a falta de um desses.

💡 Tema 350, STF. —

Possibilidade de pedir: a pretensão apresentada não é vedada, a priori, pelo


ordenamento jurídico, mas é necessário que haja uma possibilidade jurídica do pedido.
Tal, não utilizado pelo CPC/15 uma vez que há um julgamento de mérito, com seu
indeferimento, diferentemente das condições anteriores.

Para essa teoria o direito de ação é incondicionado, autônomo e independente. Portanto,


requerendo a tutela jurisdicional o magistrado deve apresentar uma sentença favor[avel ou não.
Ainda dentro do campo da teoria eclética há a teoria da asserção que considera as condições
da ação como categoria estranha e preliminar ao mérito:

1. Se as condições da ação foram examinadas no início do processo (in status assertionis),


frente as afirmações do autor, na petição inicial, e forem tidas como verdadeiras devem ser
consideradas como estranhas ao mérito.

2. Se as condições da ação forem aferidas no curso do processo, depois da produção de


provas, mérito.

Essa teoria defende, também, defende o incondicionamento do direito de ação mas, nesse caso,
para que o magistrado decida, se preencher os elementos da ação de interesse e legitimidade.
Ausentes esses requsitos, a chamada carência, há uma sentença terminativa.

Elementos da ação
Tem a finalidade de identificar uma ação e posterior verificação de litispendência, conexão ou
coisa julgada.

1. Partes: é aquele que pede e aquele em face de quem se pede. Parte processual difere de
parte material do litígio, uma vez que para o primeiro basta propor ação em juízo, já o

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segundo é o sujeito que possui autorização para estar em juízo discutindo determinada
situação jurídica.

a. Parte complexa: formada pelo incapaz/representante; pessoa jurídica/órgão


representante.

b. Parte principal: autor/réu

c. Parte auxiliar: intervenção de terceiros

2. Pedido: é a solicitação de uma providência jurisdicional sobre determinado bem da vida.

a. Pedido imediato: possui cunho processual. Prestação jurisdicional pretendida:

i. Tutela cognitiva: declaratória (crise de certeza)/constitutiva (crise de situação


jurídica)/condenatória (crise de inadimplemento). Dedica-se a certificação de direito
material.

ii. Tutela executiva: Efetivação de direito material a uma prestação certificada em título
judicial/extrajudicial.

iii. Tutela cautelar: Preservação do direito material a ser certificado/efetivado


resguardando resultado útil da tutela de conhecimento/execução.

b. Pedido mediato: possui cunho material. É o bem da vida a ser tutelado concretamente.
Aspecto material.

c. Pedido certo e determinado

💡 Art. 322, CPC. O pedido deve ser certo.

§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as


verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e


observará o princípio da boa-fé.

Direito Processual Civil I 19


💡 Art. 324, CPC. O pedido deve ser determinado.

§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;


II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato
ou do fato;

III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de


ato que deva ser praticado pelo réu.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.

d. Pedidos implícitos

💡 Art. 322, CPC. O pedido deve ser certo.


§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as
verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

O pedido serve de base para o valor da causa:

💡 Art. 291, CPC. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo
econômico imediatamente aferível.

💡 Art. 292, CPC. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos
juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura
da ação;

II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a


modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o
de sua parte controvertida;

III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo


autor;
E seguintes…

Direito Processual Civil I 20


Adoção de procedimentos adequados;

Determinação do juízo competente;

Penas pecuniárias;

3. Causa de pedir:

💡 Art. 319, CPC. A petição inicial indicará:

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

É a razão, o motivo do pedido. Nexo entre o direito material e o processo.

a. Fato jurídico: fato ou complexo de fatos constitutivos do direito. Chamada de causa de


pedir remota.

b. Fundamento jurídico: direito decorrente. Chamada de causa de pedir próxima.

Teoria da substanciação: narrativa dos fatos jurídicos e da relação jurídica decorrente. Revela
o nexo existente entre o direito material e o processo. Foi adotada pelo CPC 2015.

Teoria da individuação: não foi adotada no Brasil.

Classificação das ações


1. Quanto à natureza da relação jurídica controvertida

a. Real: se pautar um direito real (de propriedade).

b. Pessoal: resulta de um direito obrigacional.

2. Quanto ao objeto do pedido mediato

a. Mobiliária: caso verse sobre bens móveis.

b. Imobiliária: caso verse sobre bens imóveis.

💡 É possível ação real mobiliária (reivindicação de um carro) e ação pessoal


imobiliária (ação de despejo)

3. Quanto ao tipo de tutela jurisdicional

a. Constitutiva

b. Declaratória

Direito Processual Civil I 21


c. Condenatória

d. Execução

e. Cautelar

4. Ações mandamentais
Obtenção da sentença que contenha uma ordem.

Tutelam obrigações infungíveis.

Mandamentos, ordens destinadas a determinadas pessoas.


Realiza-se por meio de:

Coerção indireta: que atua sobre a vontade do obrigado, necessária colaboração do


obrigado.

Temor: prisão civil (528, p. 3º); multa coercitiva (536, p. 1º).

Coerção: juros prograssivos e juros superiores aos legais; inclusão do nome do


executado no cadastro de inadimplentes (CPC, 782, p. 3º); protesto da decisão judicial
de ofício (CPC, 517)

Incentivo: sanções premiais ou compensatórias (CPC, 523, p 1º; 701, p. 1º; 916); ex.:
isenção de custas e honorários (CPC, 827, p. 1º; 1.040, p. 2º; 90, p. 3º)

5. Ações executivas lato sensu:

Há autorização para executar.

A sentença é apta a diretamente determinar a transformação no mundo empírico. São meios


de subrogação ou de execução direta:

Desapossamento: entrega de coisa, busca e apreensão.

Transformação: obrigação de fazer transforma-se em obrigação de pagar.

Expropriação: meio de conversão da coisa em dinheiro.

💡 Execução pode ser direta (subrogação) e indireta (coerção).

Ações dúplices
A condição dos litigantes é a mesma. É fenômeno de direito material. Há uma reciprocidade de
posição jurídica entre as partes.

Ex.: ações declaratórias, ações divisórias (588), ação de exigir contas (550), proteção
possessória demandada pelo réu (556).

Direito Processual Civil I 22


Cumulação de ações
1. Cumulação própria: são formulados vários pedidos com o objetivo de que sejam acolhidos
todos (CPC, 327).

a. Simples: pretensões não tem entre si relação de precedência lógica, podendo ser
analisadas uma e outra independentemente.

b. Sucessiva: os pedidos apresentam vínculos de precedência lógica e o primeiro pedido é


prejudicial ao segundo. O não acolhimento do primeiro, ocasionará a rejeição do
segundo. O acolhimento do primeiro, não implicará acolhimento do segundo.

2. Cumulação imprópria:

a. Eventual (pedidos subsidiários, CPC, 326): o segundo pedido só será analisado, se o


primeiro for rejeitado. Há uma ordem de preferência entre os pedidos formulados. Regra
da eventualidade

b. Alternativa (CPC, 326, p. único): há a formulação de mais de um pedido para que


e=um ou outro seja acolhido, sem indicação de preferência.

Exceção: defesa do réu


Características da exceção

1. Direito público subjetivo

2. Direito autônomo e abstrato

Classificação das exceções

1. Quanto à matéria:

a. Processuais (CPC, 337 e 351: são as despesas que têm por objeto os requisitos de
admissibilidade do processo, pressupostos processuais.

b. Materiais: versam sobre a própria situação de direito material. Possui defesa:

i. Direta: quando o autor nega os fatos ou a consequencia juridica dos fatos. O réu não
traz nenhum fato novo. Não há necessidade de réplica, CPC, 35O - 351.

ii. Indireta: o réu não nega os fatos alegados pelo autor, mas alega outros que
impedem/modificam ou extinguem o direito do autor. Haverá necessidade de réplica.
Repercute na distribuição do ônus da prova.

2. Quanto aos efeitos:

a. Dilatórias: são aquelas que apenas dilatam o procedimento, a fim de que o defeito
apontado pelo réu seja sanado.

Direito Processual Civil I 23


b. Peremptórias: se procedentes geram a extinção do processo, sem resolução de mérito.
Defeito processual que não admite correção.

Exceção em sentido estrito: matéria de defesa do réu


O juiz não pode conhecer de ofício. A ausência de alegaçaõ pelo interessado, no momento
próprio pela preclusão.

Objeções
A exceção, conforme dito alhures, é a matéria de defesa apresentada pelo demandado e que
não pode ser objeto de apreciação de ofício pelo magistrado. Por sua vez, a objeção é matéria
de defesa que pode ser conhecida ex officio pelo magistrado, o que deve ser observado neste
pequeno estudo.
Podem ser arguídas pela parte. Podem e devem ser conhecidas de ofício pelo juiz, a qualquer
tempo e grau de jurisdição.

CPC, Art. 64, p. 1º | Art. 337, p. 5º e 6º | Art. 485, p. 3º

Respostas do réu
1. Reconhecimento da procedência do pedido formulado pelo autor (Art. 487, III, “a”

2. Contestação

a. Prazo (Art. 335)

b. Princípio da eventualidade ou da contestação da defesa - contestar tudo que foi arguido


pelo autor (CPC, 336)

c. Execeções:

i. Direito ou fato superviniente (CPC, 493)

ii. Objeções

iii. Matérias que podem ser conhecidas a qualquer tempo (CPC, 485, p. 3º)

d. Preliminares (CPC, 337)

e. Ônus da impugnação especificada (CPC, 341)

f. Exceções (341, p. unico)

i. Não for adminssível confissão (CPC, 392; CC, 213)

ii. Não estiver acompanhada de instrumento essencial

iii. Fatos não impugnados estiverem em contradição com a defesa

DEVER DE O RÉU INDICAR O LEGITIMADO PASSIVO (CPC, 338 e 339)

Direito Processual Civil I 24


3. Mérito

4. Eventual:

a. Intervenção de terceiros

b. Inversão do ônus da prova

5. Pressupostos

6. Revelia (CPC, 344-346

Processo
São elementos do processo:

1. Relação jurídica processual: elemento interno, aqueles que são sujeitos no processo.

2. Procedimento: é parte externa do processo, formal, num único processo podem existir
diversos processos.

Uma relação entre os sujeitos e os atos processuais.

São teorias da natureza jurídica do processo:

1. Processo como contrato: origem no direito romano, negócio jurídico entre as partes e o
Estado não tinha uma força imperiosa sob as partes.

2. Processo como quase-contrato

3. Processo como relação jurídica: A partir do século XIX desvincula a ideia privatista do
contrato e coloca a jurisdição sob o aspecto público, não havendo necessidade de acordo.

4. Processo como situação jurídica: processo visto como situação de guerra, em que há um
vitorioso e um perdedor.

5. Processo como procedimento em contraditório

6. Processo como relação jurídica em contraditório: essa é a teoria mais aceita, uma vez que a
relação jurídica precisa ser discutida no processo.

São características da relação jurídica processual:

1. Autonomia: inteiramente autônoma em relação ao direito material.

2. Complexidade: o processo desenvolve múltiplas relações jurídicas entre as partes, como


direito, deveres, sujeições e obrigações, portanto, forma-se com base em vários atos
processuais.

3. Unidade: todos os atos processuais praticados no processo estão ligados a uma finalidade,
que é a prestação jurisdicional.

Direito Processual Civil I 25


4. Natureza pública

São pressupostos processuais

1. Pressupostos de existência

a. Subjetivos:

i. Juiz: órgão investido de jurisdição.

ii. Parte: capacidade de ser parte /c. de direito/c. jurídica - CC, 1º - Todo ser humano é
dotado de personalidade jurídica. Podem ser sujeitos de relação jurídica material.

1. Pessoas físicas e jurídicas.

2. Entes formais: espólio, massa falida, herança jacente, herança vacante;


condomínio.

3. Órgãos públicos: PROCON, Tribunais de Contas, Ministério Público.

4. Câmara de vereadores; Assembleias legislativas.

5. Nonudum conceptus, CC, 1799, I.

6. Comunidades indígenas.

7. Grupos tribais.

b. Objetivos: Existência da demanda regularmente formulada.

2. Requisitos de validade

a. Subjetivos:

i. Juiz: competência absoluta e imparcialidade, CPC, 144-145.

ii. Partes: capacidade processual ou capacidade de exercício (não basta ser titular de
direitos, precisa ter capacidade exercício processual, chamado legitimatio ad
processum).
Capacidade de ser parte e legitimatio ad causam (correspondência entre os sujeitos
do processo e os sujeitos da lide).

1. Capacidade postulatória: aptidão técnica para postular em juízo (advogado, DP,


MP, procurador). São exceções à capacidade postulatória:

a. Mulher vítima de violência doméstica para pedido de concessão de medidas


protetivas de urgência (Lei 11.340/2006, art. 19, p. 1º, 27);

b. Lei de alimentos (Lei 5.478/1978, p. 2º);

c. Juizados especiais (20 salarios minimos, em Estadual e 30 em Federal);

d. Habeas corpus;

Direito Processual Civil I 26


e. Justiça do trabalho;

2. Capacidade processual das pessoas casadas:

💡 Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges


pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;


III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos
que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos
quando casarem ou estabelecerem economia separada.

💡 Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor


ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados
sob o regime de separação absoluta de bens.

a. Precisam do consentimento do outro para propor ações:

i. Real imobiliária

ii. Ação possessória imobiliária fundada em posse compartilhada ou ato


preaticado em conjunto com cônjuge/companheiro(a)

iii. O conjuge que não for ouvido poderá pedir anulação dos atos praticados
antes do seu ingresso no processo, caso esse esteja em curso, ajuizar
ação recisória (CPC, 966, V), caso processo tenha transitado em
julgado, e ajuizar querela nullitatis (CPC, 525, p 5º, I), caso passado 2
anos do transito em julgado.

3. Curador especial (CPC, 72): é um representante processual ad hoc, com


funções basicamente defensivas. Está autorizado a formular defesa genérica
(CPC, 341, p. único). Geralmente é um defensor público ou advogado dativo
(pode ser indicado qualquer pessoa, mas essa teria de constituir advogado).

a. Poderes:

Direito Processual Civil I 27


i. Embargar a execução;

ii. Recorrer;

iii. Propor ações autônomas de impugnação;

iv. Arguir prescrição;

b. Não tem poderes para:

i. Dispor do direito material da parte;

ii. Oferecer reconvenção;

4. Presentação: atribuição de função aórgão de pessoa jurídica.

5. Representação: há duas pessoas distintas e outorga de poderes. A procuração


prova a representação.

b. Objetivos:

i. Extrínsecos:

1. Negativos:

a. Perempção

b. Litispendência

c. Coisa julgada

d. Convenção de arbitragem

2. Positivos:

a. Interesse de agir: fato que deve existir para que o processo seja válido

ii. Intrísecos (observância do formalismo processual):

1. Demanda

2. Petição inicial apta

3. Citação válida

4. Regularidade formal

5. Respeito ao princípio do contraditório

6. Perempção;

7. Litispendência;

8. Coisa julgada;

9. Convenção de arbitragem.

Direito Processual Civil I 28


Legitimação Ordinária
Aquele que defende em juízo interesse próprio, há um vínculo entre autor da ação, a pretensão
trazida a juízo e o réu (CPC, 17).

Legitimação Extraordinária (ou Substituição Processual)


Aquele que defende, em nome próprio, interesse de outro sujeito (CPC, 18).

É um poder jurídico de condução do processo, que não decorre do fato de


o legitimado ser titular do direito material.

Legitimatio ad causam e legitimatio ad processum estão dissociadas.

1. Legitimação extraordinária autônoma: o legitimado extraordinário age independente do


legitimado ordinário.
Por exemplo: administradora de consórcio é substituta processual do grupo de consórcio
(Sociedade não personificada). Lei 11.795/008, art. 3º.

2. Exclusiva: quando só o legitimado extraordinário pode agir em juízo (substituto processual).

💡 Art. 190, p. 2º, CPC. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos,
a título particular, não altera a legitimidade das partes.

3. Concorrente: quando possível a atuação dos legitimados ordinário e extraordinário. Não


haverá hierarquia ou subordinação, ambos são colegitimados. Por exemplo: obrigações
solidárias (CC, 267, 275), causadas destinadas a reaver a posse do bem em condomínio,
sendo legitimado qualquer dos condôminos (CC, 1.314), ações coletivas relativas ao meio
ambiente, relações de consumo e etc. Podendo ser:

a. Concorrente primária: quando o legitimado extraordinário puder agir a qualquer tempo,


independentemente da inciativa do legitamado ordinário. Por exemplo: ação de nulidade
de casamento (CC, 1.549)

b. Concorrente secundária ou subsidiária: quando a atuação do legitimado extraordinário


depender da inação do legitimado ordinário. Por exemplo: promoção pelo MP de
execução de sentença condenatória na ação popular, se o autor ou o terceiro não o fizer.

4. Legitimação disjuntiva isolada ou simples: os legitimados podem ir a juízo separadamente ou


em conjunto. Litisconsórcio facultativo. Apesar de concorrente, cada entidade legitimada a
exerce independentemente da vontade dos demais colegitimados, o legitimado pode estar
sozinho no processo.

Direito Processual Civil I 29


5. Legitimação conjunta ou complexa: quando houver necessidade de formação de
litisconsórcio. Há mais de um legitimado mas todos devem atuar na lide, em litisconsórcio
necessário no polo passivo (CPC, 114, 246, § 3º, 903, § 4º)

6. Legitimação extraordinária subordinada: quando a presença do titular da relação jurídica


controvertida no processo é essencial para a regularidade do contraditório. Por exemplo, em
casos de assistência simples (CPC, 121, § ÚNICO), condôminos em uma ação
reivindicatória de bens (CC, 1.314), administradora de consórcio e etc.

7. Legitimação extraordinária negocial: utilizada quando se deseja transferir ou estender a


terceiro a legitimidade, CPC, 190.

Substituição processual
Poder de ser parte, excepcionalmente conferido a quem não seja o sujeito da relação jurídica
substancial. Não há troca de sujeitos, o substituto processual age em nome próprio defendendo
interesse alheio e o substituto não é parte.

Partes
É o sujeito que pede ou contra quem se pede tutela jurisdicional (Chiovenda)
Formas de adquirir a qualidade de parte:

1. Pelo ingresso na demanda

2. Pela citação

3. Voluntariamente

4. Sucessão processual

Capacidade processual

Aptidão para praticar atos decorrentes da capacidade de direito. Capacidade de exercer direitos
e deveres processuais.

Sucessão processual
Um sujeito assume a posição jurídica que vinha sendo ocupada por outro.
Pode ocorrer:

1. Falecimento, sucessão causa mortis (Art. 110 e 313, I, CPC), o processo será suspenso para
que seja providenciada a sucessão do falecido pelo espólio ou sucessores, independe de
concordância da parte adversária.

Direito Processual Civil I 30


2. Transferência do bem jurídico-material que é objeto do processo (sucessão inter vivos -
CPC, 109), perpetuacio legitimaciones (fenomeno da estabilização das partes durante o
processo, pois elas permanecem as mesma no curso desse), a alienação da coisa litigiosa
não altera a legitimidade de partes.

Sucessão dos procuradores (CPC, 111 e 112):

1. Revogação do madato

2. Renúncia ao mandato (o advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo,


provando que comunicou a renúncia)

Deveres e responsabilidades das partes


1. Responsabilidade subjetiva: por dano processual (CPC, 79) - Elemento volitivo (má-fé);

2. Responsabilidade objetiva: requer uma conduta maliciosa das partes (litigância de má-fé);

3. Princípio da sucumbência: vencido responde pelo pagamento das despesas processuais;

4. Princípio da causalidade: o processo não pode reverter em dano de quem tinha razão para
instaurar;

Deveres das partes e de seus procuradores

Direito Processual Civil I 31


💡 Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:

I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;


II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são
destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou
à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efetivação;

V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

VII - informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do Poder
Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração Tributária,
para recebimento de citações e intimações.

💡 Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do
Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do
processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados.
§ 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou
presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob
pena de lhe ser cassada a palavra.
§ 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões
ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de
certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte
interessada.

Litigância de má-fé

Direito Processual Civil I 32


💡 Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;


III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;


VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.


Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um


na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-
lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Deveres e responsabilidades das partes


Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o
valor da condenação, do provento econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

O grau de zelo do profissional

O lugar de prestação do serviço

A natureza e a importância da causa

O trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço

Autor que desiste da ação, renuncia ou reconhece o pedido (CPC, 90)

As despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou


reconheceu.

Direito Processual Civil I 33


Se houver transação (acordo) e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas
serão divididas igualmente.

Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das


custas processuais remanescentes, se houver (sanção premial, estimulo à conciliação).

Sucumbência recíproca (CPC, 86)

💡 Art. 86, CPC. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entres eles as despesas.

Incumbe ao vencido pagar ao vencedor honorários advocatícios, que pertencem ao


advogado e são devidos ainda que ele tenha postulado em causa própria.

Advogado pode executar, em nome próprio, a verba de sucumbência imposta na sentença


(Lei 8.906/1994, art. 33).

Remuneração devida aos advogados em razão da prestação de atividades jurídicas:

Contratuais ou convencionais: contrato celebrado com o cliente para a prestação de


serviço jurídico.

Sucumbenciais: relacionado à vitória do cliente em processo judicial, arbitrados pelo juiz.

Arbitrados judicialmente: quando não há contrato de honorários advocatícios firmado


entre as partes.

Honorários advocatícios
Natureza alimentar (CPC, 85, paragrafo 14): mesmo quando o credor é uma sociedade de
advogados, a verba não perde a natureza alimentar.

Sucumbência e causalidade

Em caso de litisconsórcio o juiz deverá arbitrar uma proporcionalidade.

Jurisdição voluntária (CPC, 88)

Sanção premial (CPC, 90, paragrafo 4º)

Perícias

Mandados de segurança não possuem honorários - Súmula STJ/105

Nos casos em que a Fazenda Pública figura no processo se segue a seguinte tabela:

Percentual Valor da causa

Direito Processual Civil I 34


10% - 20% 200 SM
8% - 10% 200 - 2.000 SM

5% - 8% 2.000 - 20.000 SM

3% - 5% 20.000 - 200.000 SM

1% - 3% acima de 100.000 SM

Gratuidade da justiça

💡 Art. 5º, LXXIV.

Assistência jurídica integral:

Prestação de uma atividade/serviço

Gratuidade de justiça: isenção de pagamento, ato de abstenção

Sucumbência da parte que tem gratuidade (CPC, 98, p. 2º e 3º): consideração


suspensiva e ônus probatório do credor demonstrar o contrário.

Responsabilidade pelo pagamento de multa: só ao final do processo e não se aplica à


multa processual (CPC, 1.021, p. 5º, 1.026, p. 3º).

Gratuidade parcial: percentual de desconto ou isenção de alguns atos processuais.


Possibilidade de parcelamento das despesas processuais (CPC, 98, p. 5º e 6º).

Ao longo de todo processo é possível requerer.

Impossibilidade de indeferimento de plano: contraditório (CPC, 99, p. 2º).

Presunção relativa da alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural (CPC, 99, p.
3º).

Gratuidade de justiça requerida por pessoa jurídica (CPC, 99, p. 3º)

Necessidade de comprovação da necessidade

Entidades filantrópicas e beneficentes

Assistência por advogado particular não impede a concessão do benefício da gratuidade da


justiça

Direito pessoal (CPC, 99, p. 6º)

Gratuidade requerida em recurso (CPC, 99, p. 7º)

Direito Processual Civil I 35


Se houver indeferimento do pedido de gratuidade, o recorrente terá que fazer o preparo,
pena de deserção.

É possível que a outra parte impugne a gratuidade (CPC, 100)

Revogação da gratuidade (CPC, 100, p. único e 102)

Procuradores. Mandado judicial. Procuração.


Capacidade postulatória.

Para postular em juízo é preciso possuir capacidade postulatória:

Advogados

Ministério Público

Defensoria Pública

Procuradorias

Atribuição de capacidade postulatória à parte:

Juizados Especiais

Justiça do Trabalho

Impetração de Habeas Corpus

Mulher vítima de violência doméstica

Lei de alimentos

Ineficácia do ato processual praticado pelo advogado sem procuração (CPC, 104, p. 2º)

Atuação em causa própria (CPC, 106)

Procuração:

Geral para o foro (CPC, 105):

Com cláusula ad judicia: habilita o advogado à prática de atos processuais em geral


ressalvados os que exigem poderes especiais.

Substabelecimento: é o ato pelo qual o procurador transfere os poderes recebidos pelo


outrogante, pode ser com ou sem reserva de poderes.

Direitos dos procuradores:

Direito Processual Civil I 36


💡 Art. 107. O advogado tem direito a:

I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem


procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de
tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na
hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá
acesso aos autos;
II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo
de 5 (cinco) dias;
III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que
neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.
§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento
próprio.

§ 2º Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão retirar os autos


somente em conjunto ou mediante prévio ajuste, por petição nos autos.

§ 3º Na hipótese do § 2º, é lícito ao procurador retirar os autos para obtenção de


cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e
sem prejuízo da continuidade do prazo.

§ 4º O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se refere o § 3º se


não devolver os autos tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz.

§ 5º O disposto no inciso I do caput deste artigo aplica-se integralmente a


processos eletrônicos.

Lei 8.96/1994, 7º e 7-A, Estatuto da OAB;

Aos honorários advocatícios sucumbenciais.

Direitos acrescidos:

Advogada gestante, lactante.

Advogada adotante, ou que der à luz.

Suspensão do processo quando for pai.

Deveres acrescidos:

CPC, 106 - Postulação em causa própria;

CPC, 77, V;

Exibir nos autos procuração devidamente com informações atualizadas;

Direito Processual Civil I 37


Continuar representando o mandante nos 10 dias seguintes à renúncia ao mandato;

Responde por dolo ou culpa;

Se atuar em conluio com seu cliente.

Sujeitos processuais
Juiz
Pessoa que, em nome do Estado, exerce a função jurisdicional.

Primeiro grau de jurisdição: os órgãos judiciários são monocráticos.

Segundo grau de jurisdição: os juízos são coletivos ou colegiados.

Exceções: justiça militar, tribunal do júri e tribunal eleitoral são colegiados em primeiro grau.

Atividade do juiz no processo:


1. Microscópica: função de conduzir e gerir cada processo individualmente.

2. Macroscópica:

💡 Art. 947, CPC. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de


recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária
envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem
repetição em múltiplos processos.

💡 Art. 976, CPC. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas


repetitivas quando houver (…).

Requisitos para o exercício da função jurisdicional:


1. Investidura

2. Competência

3. Imparcialidade

4. Independência

Limites à independência do juiz:

Direito Processual Civil I 38


1. Administrativos

2. Legalidade

3. Aos autos

4. Imparcialidade

Garantias da magistratura (CF, 95)


1. Vitaliciedade

2. Inamovibilidade

3. Irredutibilidade de subsídios

Vedações aos juízes:

💡 Art. 95, CF.

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.

IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,


entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;

V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos


três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Poderes de polícia ou administrativos, CPC:


Art. 78, §§ 1º e 2º;

Art. 139, III, VII;

Art. 772, II;

Art. 774;

Art. 360.

Poderes ordinatórios, CPC:


Art. 55;

Direito Processual Civil I 39


Art. 313-315;

Art. 139, VI e IX;

Art. 352.

Poderes instrutórios, CPC:


Art. 139, VIII;

Art. 370;

Art. 372;

Art. 396;

Art. 438;

Art. 443;

Art. 464 p. 1º;

Art. 481;

Art. 772;

Art. 773.

Poderes de urgência, CPC:


Art. 294, p. único;

Art. 301.

Poderes decisórios e executórios. CPC:


Arts. 140/142;

Arts. 354/357; 490/491;

Art. 528;

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