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Direito Processual

Penal
Competência Criminal
da Justiça Federal I
Olá, aluno!

Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem! Preparamos todo esse material para você
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.

Com esse material, você estudará diariamente, de modo que, ao final do curso, você
esteja apto a ser aprovado no Exame de Ordem, e que esta seja a sua última OAB. Sabemos
que é um grande desafio, mas quando falamos de aprovação, o CERS é o melhor. E, por isso,
vamos honrar nosso compromisso com vocês

Lembre-se de, após o estudo, realizar as questões que separamos para você. Você pode
ainda complementar seu estudo com a leitura da lei seca.

Vamos juntos rumo à aprovação!

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL I

1. Jurisdição e Competência

Como bem sabido, Jurisdição é o poder atribuído com exclusividade ao Judiciário

para decidir um determinado litígio segundo as regras legais existentes. Visa assegurar que as
normas de direito substancial incorporadas ao ordenamento jurídico efetivamente conduzam
aos resultados nelas previstos.

Todavia, o conceito de jurisdição não se confunde com o de competência. Enquanto a


Jurisdição é o poder conferido pela Constituição Federal a todo e qualquer Juiz para declarar o
direito, sendo abstrata e subjetiva, a competência é o conjunto de regras que vai definir qual é
o juiz que poderá examinar determinado litígio, sendo concreta e objetiva.

1.2 Critérios de fixação da competência:

1.2.1 Critérios principais

São critérios principais aqueles que informam a competência ratione personae, ratione
materiae e ratione loci. Renato Brasileiro, além desses três critérios, traz também a “competência
funcional” como critério de competência.

• Ratione materiae: é aquela estabelecida em virtude da natureza da infração penal


praticada. Irá permitir que se estabeleça qual das Justiças será a competente para o processo e
julgamento da infração: Justiça especial militar, Justiça especial eleitoral, Justiça comum federal
e Justiça comum estadual.

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• Ratione funcionae (personae): a importância aqui é "quem praticou o fato
delituoso". É relativa aos casos de foro por prerrogativa de função. A inobservância das regras
processuais de competência em razão da prerrogativa de função impõe a anulação de todo o
processo criminal.

• Ratione loci: refere-se ao lugar onde ocorreu a infração penal. Uma vez delimitada
a competência de Justiça, importa delimitarmos em qual comarca (no âmbito da Justiça Estadual)
ou subseção Judiciária (no âmbito da Justiça Federal) será processado e julgado o agente.

• Competência funcional: é a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da


mesma instância ou de instâncias diversas para, num mesmo processo ou, ainda, em um
segmento ou fase do seu desenvolvimento, praticar determinados atos. São três as espécies de
competência funcional:

• Competência funcional por fase do processo: de acordo com a fase do processo,


um órgão jurisdicional diferente exerce a competência. A título de exemplo, é o
que acontece no procedimento bifásico do Tribunal do Júri, no qual, enquanto o
juiz sumariante exerce sua competência na 2ª fase (iudicium accusationis), o Juiz-
Presidente do Tribunal do Júri exerce sua competência na 2ª fase (iudicium
causae).
• Competência funcional por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a
competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo, como
ocorre em juízos colegiados heterogêneos. Exemplo: funções exercidas pelo
Conselho de Sentença e pelo Juiz Presidente no Tribunal do Júri.
• Competência funcional por grau de jurisdição: A competência pode ser
originária (competência por prerrogativa de função) ou em razão de recurso
(princípio do duplo grau de jurisdição).

Importante dizer que as competências ratione personae e ratione materiae são absolutas,
já que as normas que as regem são de ordem pública. Logo, em regra, podem ser objeto de
deliberação judicial independentemente de provocação do interessado, em qualquer tempo e
grau de jurisdição, inclusive após o trânsito em julgado de decisão condenatória.
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Todavia, há a exceção da Súmula 160 do STF, aplicável tanto às nulidades absolutas
como às relativas, dispondo que é nulo o acórdão que reconhece, contra o réu, a nulidade não
arguida em recurso da acusação, ressalvados os casos de reexame necessário.

Súmula n.º 160, STF. É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu,
nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso
de ofício.

Já a competência ratione loci é relativa, pois as normas que a disciplinam encontram-


se na legislação infraconstitucional, possuindo natureza privada. A incompetência ratione loci,
conforme o a Súmula n.º 33, do STJ, tem seu reconhecimento judicial condicionado à existência
de provocação da parte interessada.

Todavia, o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência, é o de que a


incompetência relativa também pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Isso porque a súmula
n° 33 foi editada sob a ótica do processo civil. Dessa forma, a súmula 33 do STJ, a qual dispõe
não ser possível a declaração da incompetência relativa de ofício NÃO se aplica ao processo
penal.

Competência absoluta Competência relativa

Regra de competência criada com base no Regra de competência criada com base no

interesse público. interesse preponderante das partes.

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A regra de competência absoluta não pode ser A regra de competência relativa pode ser
modificada, ou seja, é improrrogável ou modificada, ou seja, cuida-se de competência

imodificável. Nesse sentido: art. 62 do novo CPC. prorrogável ou derrogável.

Incompetência absoluta é causa de nulidade Incompetência relativa é causa de, no máximo,


absoluta, possuindo as seguintes características: a) nulidade relativa, apresentando as seguintes
pode ser arguida a qualquer momento, mesmo particularidades: a) deve ser arguida no momento
após o trânsito em julgado (após a formação da oportuno (resposta à acusação - CPP, art. 396-A),
coisa julgada, somente pode ser arguida em favor sob pena de preclusão; b) o prejuízo deve ser
do acusado, por meio de revisão criminal ou comprovado.
habeas corpus); b) o prejuízo é presumido.

Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado,
enquanto não esgotada sua jurisdição pela porém somente até o início da instrução
prolação da sentença. processual, em virtude da adoção do princípio da
identidade física do juiz (CPP, art. 399, § 2°). Não
se aplica ao processo penal a súmula n9 33 do
STJ.

Pode ser arguida por meio de exceção de Pode ser arguida por meio de exceção de
incompetência. Porém, como o magistrado pode incompetência. Porém, como o magistrado pode
conhecê-la de ofício, nada impede que a parte conhecê-la de ofício, nada impede que a parte
aborde a incompetência absoluta de outra forma. aborde a incompetência relativa de outra forma.

Se a competência absoluta não admite Como a competência relativa admite


modificações, a conexão e a continência, que são modificações, a conexão e a continência podem
causas modificativas da competência, não podem funcionar como critérios modificativos da

alterar uma regra de competência absoluta. competência, tornando competente para o caso
concreto juiz que não o seria sem elas. Nesse
sentido: art. 54 e ss. do novo CPC.

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Exemplos: ratione materiae, ratione funcionae e Exemplos: ratione loci, competência por
competência funcional. distribuição, competência por prevenção (súmula

nº 706 do STF), conexão e continência.

2. Jurisdição Comum: Competência da Justiça Federal

A competência da Justiça Federal está disposta no Art. 109 da CF, muito embora
existam outras regras incorporadas a súmulas dos Tribunais, estabelecendo hipóteses específicas.
Trataremos aqui das hipóteses mais recorrentes em provas do Art. 109 da CF, que possuem
maior repercussão em matéria criminal (incisos IV, V, V-A, VI, VII, IX, XI).

IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral;

Os crimes políticos são condutas que preenchem os requisitos previstos no art. 2.º da Lei
7.170/1983, a saber, tanto a motivação política e os objetivos do agente quanto a lesão real ou
potencial aos bens juridicamente tutelados. Dessa forma, pode-se dizer que compete à Justiça
Federal o processo e julgamento dos crimes contra a segurança nacional.

Quanto às infrações praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União,


suas autarquias ou empresas públicas: bens, serviços e interesse são aqueles que possuem
relação com os fins institucionais das entidades referidas (União, suas entidades autárquicas ou
empresas públicas), e não aqueles relacionados pessoalmente aos dirigentes.

Nos crimes contra sociedades de economia mista, a competência para o processo e


julgamento será da Justiça Estadual. No mesmo sentido, segue a Súmula n.º 42 do STJ:

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Súmula n.º 42, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as
causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento.

E quanto às fundações públicas federais? Apesar de não previstas no art. 109, IV, da CF,
prevalece o entendimento de que os crimes praticados em seu detrimento sujeitam-se,
igualmente, à competência da Justiça Federal.

Já com relação aos crimes contra a fauna, inexistindo qualquer lesão a bens, serviços ou
interesses da União, afasta-se a competência da Justiça Federal, incumbindo à Justiça Estadual
o processo e julgamento de crimes cometidos contra o meio ambiente, nos quais se
compreendem os delitos praticados contra a fauna e a flora.

Quanto aos crimes eleitorais e militares, são julgados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça
Militar, respectivamente.

Por fim, percebe-se que o inciso IV do art. 109 exclui da competência dos Juízes Federais
o processo e o julgamento das contravenções penais. Por essa razão, editou o STJ a Súmula 38,
dispondo o seguinte:

Súmula n.º 38, STJ. Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da


Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.

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