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Resumos de Direito Processual Penal (resumo do manual de Direito Processual Penal da Dr.

ª
Maria João Antunes ed. 2016)
Finalidades do direito processual penal

1. Ideias a reter:
a. Conflito entre a realização da justiça e de descoberta da verdade material e a finalidade
de proteção perante o estado dos direitos fundamentais
b. A proteção perante o estado dos direitos fundamentais das pessoas pode conflituar com
a finalidade de prevenção da justiça e de descoberta da verdade material.
c. Conflito com a paz jurídica
2. Ensinamento de Figueiredo Dias- como superamos a impossibilidade de harmonização integral
destas finalidades?- passa por operar a concordância prática das finalidades em conflito; de
modo a que cada uma se salve, em cada situação o máximo conteúdo possível, otimizando os
ganhos e minimizando as perdas axiológicas e funcionais, com o limite intocável da dignidade
hu a a .
3. Ac. Nº607/2003 e Ac. Nº81/2007- relativamente à intrusão em direitos fundamentais de
terceiro.

Conformação jurídico-constitucional do DPP- o DPP é o sismógrafo da constituição; o DPP como


verdadeiro direito constitucional aplicado

1. Dupla Dimensão
a. Os fundamentos do DP são, simultaneamente, os alicerces constitucionais do estado
b. A concreta regulamentação de singulares problemas processuais deve ser conformada
jurídico-constitucionalmente
2. O DPP co o era coló ica do DC - exemplos
3. A conformação do processo penal traduzido numa restrição de DLG do arguido e de terceiros
que envolve todo o regime constitucional de restrição dos DLG (17 e 18 CRP).

Estrutura do processo penal Português- ESTA MELHOR PELAS AULAS.

Interpretação e integração de lacunas na lei processual penal

1. Interpretação conforme às finalidades da processo penal e o princípio da interpretação conforme


à constituição (o peso da constituição processual penal) - 80 da LFOPTC
2. Integração de lacunas 4 CPP e aplicação analógica:
a. Normas do processo civil que se harmonizem com o processo penal; na falta
b. Aplicam-se os princípios gerais do processo penal: dupla função
i. É a partir destes princípios que é feito o controlo do recurso a o direito
subsidiário
ii. Os princípios gerais do processo penal cumprem uma função integradora (na
falta das outras fontes de integração).
c. Não obstante a admissibilidade expressa do recurso à analogia, diferentemente do que
sucede à lei penal (1 e 3 CP) é de entender que o princípio da legalidade criminal se
este deà aà edidaài postaàpeloàseuà o teúdoàdeàse tido,àaoàp o essoàpe alà … à o àaà
consequência de não ser constitucionalmente admissível a aplicação de normas por
a alogiaàse p eà ueàtalàapli aç oà ve haàaàt aduzi -se num enfraquecimento da
posição ou numa diminuição dos direitos processuais do arguido (desfavorecimento do
a guido,àa alogiaà i ala parte - Ac. Nº324/2013

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Aplicação da lei processual penal no espaço (não parece interessar)

Aplicação da lei processual penal quanto às pessoas (não parece interessar)

Aplicação da lei processual no tempo

1. A lei processual penal nova aplica-se aos processos pendentes 5 CPP (iniciados anteriormente à
sua vigência) com duas limitações:
a. Quando a sua aplicabilidade imediata possa resultar num agravamento sensível e ainda
estável da situação processual do arguido, nomeadamente uma limitação do seu direito
de defesa (nº2 alínea a))
i. Esta limitação não se louva propriamente numa extensão do conteúdo de
sentido do princípio da aplicação da lei penal mais favorável (29/4 CRP), mas
antes no mandamento constitucional de acordo com o qual o processo criminal
assegura todas as garantias de defesa (32/1 CRP).
b. Quando da sua aplicabilidade imediata possa resultar uma quebra da harmonia e
unidade de vários atos do processo
i. A nova lei só se pode aplicar a processo pendente ainda sem decisão de 1ª
instância (VER ISTO MELHOR)
c. Ac. Nº247/2009 e 551/2009

Participantes e sujeitos processuais: Os participantes processuais praticam atos singulares, cujo


conteúdo processual se esgota na própria atividade, os sujeitos processuais são titulares de direitos (que
surgem, muitas vezes, sob a forma de poderes-deveres ou ofícios de direito público) autónomos de
conformação da concreta tramitação do processo como um todo, em vista da sua decisão final.

Sujeitos processuais

1. Tribunal (o juiz)
a. Em face do princípio do monopólio da função jurisdicional/princípio da reserva do juiz:
cabe ao juiz a aplicação e a declaração do direito do caso através de decisões com força
de caso julgado.
i. O princípio da reserva do juiz: é um princípio sensível nas fases que antecedem
o julgamento, designadamente na fase de inquérito, cuja direção cabe ao MP,
precisamente por ser da competência reservada do juiz o exercício de todas as
funções jurisdicionais- tal justifica que estas funções sejam de competência do
juiz da instrução (17, 268, 269 CPP e ainda o 215/4), a quem a CRP reserva a
prática de atos instrutórios que se prendam diretamente com os direitos
fundamentais de acordo com o 32/4. O juiz da instrução desempenha um papel
duplo: (1) cabe-lhe exercer todas as funções jurisdicionais até à remessa do
processo para julgamento; (2) compete-lhe proceder à instrução e decidir
quanto à pronúncia 17.
b. O princípio da independência judicial: face dos restantes poderes do estado, de
quaisquer grupos da vida pública, da adm. judicial e dos outros tribunais, implicando
uma exigência de imparcialidade, justificando-se que a promoção processual ocorra
segundo os ditames do p. da acusação e que haja uma previsão suficientemente ampla
de suspeições do juiz (impedimentos, recusas e escusas)- o propósito de garantir
efetivamente a imparcialidade do juiz, levou o legislador a estatuir, por recurso a uma
cláusula geral de suspeição, além dos casos expressamente previstos na lei, que a
intervenção de um juiz no processo pode ser recusada, podendo também o próprio juiz
pedir escusa 43. Enquanto juiz das liberdades, o juiz da instrução, só deve estar

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impedido de participar no julgamento quando a intervenção processual contenda com o
objeto do processo 194/2/3.
i. Ac. Do TC nº186/98: no qual foi declarado com força obrigatória geral a
inconstitucionalidade da norma constante do 40 CPP, na parte em que permite
a intervenção no julgamento do juiz que, na fase de inquérito, decretou e
posteriormente manteve a prisão preventiva do arguido, por violação do 32/5
CRP.
c. O princípio do juiz natural ou legal formulado no 32/9 CRP: decorre deste princípio que
cabe à lei definir a competência do tribunal ou do juiz, sendo de reserva relativa da AR
legislar sobre a competência dos tribunais 165/1/p) CRP- daqui também resulta a
proibição da criação de tribunais especiais ou de exceção ou da atribuição da
competência a um tribunal ou a um juiz distinto do que era competente segundo a lei
anterior. Desta forma, garante-se que a adm. da justiça penal não sofra interferências
politicas, religiosas ou outras por via da manipulação das regras da competência.
i. Segundo Figueiredo Dias- oàp i ípioàdoàjuizàlegalà oào staàaà ueàu aà ausaà
penal venha a ser apreciada por um tribunal diferente do que para ela era
competente ao tempo da prática do facto que constitui o objeto do processo; só
obsta a tal quando, mas também sempre que, a atribuição da competência seja
feita através da criação de um juízo ad hoc (isto é: de exceção), ou da definição
individual (portanto arbitrária) da competência, ou do desaforamento concreto
(por isso discricionário) de uma certa causa penal, por qualquer outra forma
discricionária que lese ou ponha em perigo o direito dos cidadãos a uma justiça
penal independente e imparcial.
2. O Ministério público: trata-se de uma magistratura independente da judicial, gozando por isso
de um estatuto próprio e de autonomia, sendo os seus agentes magistrados hierarquicamente
subordinados (sujeição dos magistrados às diretivas, ordens e instruções dos superiores). A
procuradoria-geral da república é o órgão superior do MP. A ligação ao Ministério da Justiça (e
ao governo em geral) tem a ver, porém, exclusivamente, com a circunstância de esta
magistratura participar na execução de uma política criminal que não é por si definida, mas
antes pelos órgãos de soberania. O MP é, mais que autónoma, verdadeiramente independente
face ao poder político, uma vez que não está sujeita a quaisquer instruções do poder executivo.
a. O MP é um órgão de adm. de justiça, é uma autoridade judiciária a par do juiz e do juiz
de instrução, ao qual cabe exercer a ação penal orientado pelo princípio da legalidade
219/1 CRP- a promoção processual não pode ser comandada pela sua discricionariedade
livre, devendo antes ser comandada pela sua discricionariedade vinculada. A
intervenção processual do MP obedece a critérios de estrita objetividade, deduzindo
ouà oàa usaç oàe àfu ç oàdoà ueàtive ài vestigadoà à charge e à decharge . Fica
assim prejudicada a caracterização do processo penal como um processo de partes,
bem como fica arredado o apelo a um princípio de igualdade de armas entre a acusação
e a defesa.
i. STJ fixou no Ac. Nº5/94 que o MP tem legitimidade e interesse para recorrer de
quaisquer decisões mesmo que sejam favoráveis e assim concordantes com a
sua posição anteriormente assumida no processo (competência para interpor
recursos, ainda que no exclusivo interesse da defesa).
3. O arguido e o suspeito: Assume a posição de arguido todo aquele contra quem for deduzida
acusação ou requerida instrução num processo penal 57, o que significa que uma fase de
inquérito 262 e seguintes, pode decorrer contra um agente indeterminado ou um mero
suspeito- a pessoa relativamente à qual exista um indício de que cometeu um crime ou que nele

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participou 1/e). Enquanto o arguido é um sujeito processual o suspeito é um mero participante
processual- de um ponto de vista material, a constituição de arguido significa, ainda, que foi
ultrapassada a mera existência de indício de que a pessoa visada cometeu um crime ou que nele
participou.
a. 59/2 Confere ao suspeito o direito de ser constituído arguido, a seu pedido, sempre
que estiverem a ser efetuadas diligências que pessoalmente o afetem. Pela mesma
razão o CPP prevê outros casos de constituição obrigatória de arguido antes de ser
deduzida acusação ou requerida a instrução (as situações de constituição normais) – são
os casos do 272/1; 58/1
b. Indício vs. Suspeita da prática de crime: A constituição de arguido durante o inquérito
tem, de facto, também o significado de ter sido ultrapassada a mera existência de
indício de que a pessoa visada cometeu um crime ou que nele participou, havendo já
uma suspeita fundada da prática de crime.
c. A constituição de arguido como uma garantia dada àquele que vê dirigir-se contra si
um processo penal
i. Opera-seà … à / / / àse doà ueàoàdes espeitoàpo àestasàfo alidadesà
conduzirão à nulidade, dependente de arguição, segundo o 120/2/d)  58/5 
por ato legalmente obrigatório.
ii. É uma garantia por dela decorrer para o arguido o estatuto de sujeito
processual durante todo o decurso do processo penal 57/2, uma posição
processual que lhe permite uma participação constitutiva na declaração do
direito do caso concreto, através da concessão de direitos processuais
autónomos, legalmente definidos, que deverão ser respeitados por todos os
intervenientes no processo penal 60 e 61/1 CPP. O estatuto processual do
arguido é enformado por 3 vetores: (1) o direito de defesa; (2) o princípio de
inocência até ao trânsito em julgado da sentença de condenação; (3) o princípio
do respeito pela decisão de vontade do arguido (implicação do princípio da
presunção de inocência)
1. O di eito de defesa o stitui u a atego ia a e ta : ao qual são
imputados, desde logo, os direitos que são reconhecidos ao arguido em
cumprimento do princípio do contraditório- 61/1/a), b), g) e 361/1, etc.
(as outras alíneas do 61 constituem mais exemplos). Nas palavras de
Faria Costa, o direito que a lei processual oferece ao arguido de se
pronunciar e contrariar todos os testemunhos e meios de prova.
2. O princípio da presunção de inocência até ao trânsito em julgado da
sentença de condenação: decorre também do corolário constitucional
(32/2 CRP, 6/2 CEDH) que o arguido deve ser julgado no mais curto
prazo compatível com as garantias de defesa, ou seja:
a. As fases processuais anteriores ao julgamento não possam
prolongar-se além do que já não possa ser razoavelmente
considerado compatível com a presunção de inocência do
arguido.
b. Só se poderão aplicar as medidas de coação que ainda se
mostrem comunitariamente suportáveis face à possibilidade de
estarem a ser aplicadas a um inocente
c. Na parte em que este permite que seja sujeito a diligências de
prova, constituindo as suas declarações quer um meio de prova
quer um meio de defesa 60,61/3/c) e 140.

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d. O princípio in dubio pro reu: o tribunal deve dar como provados
os factos favoráveis ao arguido, quando fica aquém da dúvida
razoável, apesar de toda a prova produzida.
3. O princípio do respeito pela decisão de vontade do arguido: consiste
na proibição de provas obtidas mediante tortura, coação, ofensa na
integridade física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na vida
p ivadaà … àeà aàexig iaàdeàp o essoàe uitativoà / àp i ei aàpa te,à
e nº8, e 20, nº4, parte final, CRP) tem especial incidência na posição
processual deste sujeito enquanto objeto de diligências probatórias
(60,61/3/c)) – só são admissíveis as provas que não forem proibidas por
lei- por via ao direito à não autoincriminação: do direito ao silêncio
quanto às declarações relativas aos factos que lhe são imputados e aos
seus antecedentes criminais 59/2, 61/1/d), 125, 126, 132/2, 141/4/a) e
b) e do direito a não facultar meios de prova, como, por exemplo, a
prova documental (o TEDH integra estes no direito a um processo
equitativo)1
a. Pode existir mesmo uma sujeição a exames 171 e 172
b. O 61 faz ainda recair sobre o arguido certos deveres processuais
de comparecer perante o juiz, o MP e certas OPC sempre que a
lei o exigir; responder com verdade às perguntas feitas por
entidade competente sobre a identidade; e prestar termo de
identidade e residência logo que assuma a qualidade de
arguido.
4. O defensor: o direito de escolher defensor e de ser por ele assistido em todos os atos do
processo constitui uma das garantias de defesa do arguido que o processo criminal assegura,
sendo que o 32/3 CRP especifica em quais casos a assistência por advogado é obrigatória- é esta
obrigatoriedade que aponta precisamente no sentido de o defensor ter uma posição de sujeito
de processo penal (o 20/1 CRP vem determinar que a justiça não pode ser denegada por
insuficiência de meios económicos). Ao defensor não deve caber uma mera representação dos
interesses do arguido, mas antes o papel de órgão de administração da justiça que atua no
exclusivo interesse da defesa.
a. O CPP no 64/1 apresenta uma disposição geral sobre a obrigatoriedade de assistência
do defensor. A não comparência do defensor nos casos em que a lei exigir a respetiva
comparência constitui nulidade insanável 119/c).
b. O 63 estatui que o defensor exerce os direitos que a lei reconhece ao arguido, salvo os
que ela reservar pessoalmente a este (como o direito de este proferir as últimas
declarações 333/2, etc.)
c. O defensor poderá ser um advogado ou um defensor nomeado, podendo o arguido,
neste caso, constituir advogado em qualquer altura do processo 62/1
d. Note-se que o arguido goza, em qualquer fase do processo, do direito de, quando
detido, comunicar, mesmo em privado, com o defensor 61/1/f) que nem mesmo nos
casos de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada se estende ao
defensor o regime de incomunicabilidade 143/4- qualquer forma de controlo de

1
Lançam-se hoje dúvidas quanto ao âmbito de aplicação- o Ac. Nº14/2014 fixou jurisprudência no sentido de que
osàa guidosà ueàseà e usa e à àp estaç oàdeàautóg afosài o e à aàp ti aàdeàu à i eàdeàdeso edi iaà
previsto e punível pelo 348/1/b)

5
correspondência entre o arguido e o seu defensor será nula, salvo se o juiz tiver
fundadas razões para crer que aquela constitui objeto ou elemento de um crime 179/2
5. O assistente e ofendido: O assistente é em princípio quem se considera ofendido com a infração
penal, é o titular dos interesses que a lei quis especialmente proteger com a incriminação 68/1.
A constituição de assistente liga-se ao estatuto de sujeito processual, por contraposição ao de
mero participante processual (ofendido). A constituição de assistente é uma forma de proteger
os interesses das vítimas da prática de crimes, já a CRP consagra no 32/7 as garantias do
processo criminal o direito de o ofendido intervir no processo, nos termos da lei.
a. Quem se pode constituir assistente 68
b. O assistente é admitido a intervir no processo como colaborador do MP, a cuja atividade
subordina a sua intervenção no processo, sendo sempre representado por advogado
69/1 e 70/1.
c. É dada ao assistente a possibilidade de participar de forma constitutiva na declaração
do direito do caso como afigura o 70/2, o 287/1 e/ou o 281/1/a).
d. De acordo com o 68/3 o assistente pode intervir em qualquer altura do processo,
aceitando-o no estado em que se encontrar- e e eàdesta ueàaàalí eaà à oàp azoàpa aà
i te posiç oàdeà e u so ,àaditadoàpelaàleià / ,àesteà àu à o e toàta dioàpa aàoà
assistente requerer a intervenção no processo, considerando que o que está em causa é
a participação constitutiva na declaração do direito do caso e que o momento
privilegiado para esta declaração tem lugar na audiência de julgamento na 1ª instância.
e. Na versão vigente do CPP surge também como participante processual a figura da
vítima, que hoje consta do artigo 67/-A (muito criticado pela professora) – outrora
esta era uma terminologia criminológica, perdendo-a hoje parecendo que hoje assume
uma distinção ao nível processual dos diversos papéis que a vítima pode desempenhar
no processo penal (ofendido, assistente ou lesado).
6. Partes civis (lesado e a pessoa com responsabilidade civil): Enquanto a intervenção processual
doàofe didoàouàdoàassiste teào o eà aà aç oàpe al ,àaài te ve ç oàdoàlesado ocorre na ação
civil, correspondente ao pedido de indemnização de perdas e danos emergentes da prática de
um crime- entende-se por lesado a pessoa que sofreu danos ocasionados pelo crime, ainda que
se não tenha constituído ou não possa constituir-se assistente, o que é significativo da
autonomia das figuras, o lesado pode, de facto, não ser o ofendido da prática do crime, do
mesmo modo que o pedido de indemnização pode ser deduzido contra pessoas com
responsabilidade meramente civil (e não criminal), o demandado pode, pois, não ter também a
posição de arguido 73 e 74- o lesado e a pessoa com responsabilidade civil são as partes civis
que intervêm no processo penal.
a. Princípio da adesão 71: embora a indemnização seja regulada pela lei civil o pedido
correspondente é deduzido pelo lesado no processo penal respetivo, só podendo ser
em separado nos casos previstos na lei 71,72 e 72 CPP embora este pedido conserve a
sua especificidade de verdadeira ação civil (respeitando nomeadamente o princípio do
pedido, etc.), o que faz as partes sujeitos de ação civil e não penal- deve-se concluir que
as partes civis podem ser consideradas sujeitos de processo penal apenas num sentido
eminentemente formal.
b. A lei 59/98 introduziu o artigo 82/A nos termos do qual o tribunal pode em caso de
condenação atribui uma quantia a título de reparação pelos prejuízos sofridos- isto
ainda que não tenha sido deduzido pedido de indemnização civil no processo penal ou
em separado, este artigo passou mesmo a poder ter aplicação em processo
sumaríssimo, onde não é permitida a intervenção das partes civis- aplicável à prevenção
da violência doméstica, à proteção e à assistência das suas vítimas, há sempre lugar à

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aplicação do disposto no 82/A, exceto nos casos em que vítima a tal expressamente se
opuser (embora ainda se considerar que estamos perante uma indemnização, que
excecionalmente, é arbitrada oficiosamente).
c. Como sujeitos da ação civil a intervenção processual das partes civis restringe-se à
sustentação e à prova da questão civil 74/2/3 CPP sem prejuízo o lesado requerer que o
arguido ou o civilmente responsável prestem caução económica ou que seja contra
este decretado arresto preventivo, se houve fundado receio de que faltem ou
diminuam substancialmente as garantias do pagamento de indemnização ou outras
obrigações civis derivadas do crime 227/2 e 228 (estes institutos têm natureza penal
pois são sempre emergentes da prática de um crime).
7. Órgãos de política criminal 1/c) e d): são todas as entidades e agentes policiais a quem caiba
levar a cabo quaisquer atos ordenados por uma autoridade judiciária (MP, Juiz e juiz da
instrução) ou determinado por este código. O CPP parte, pois, da ideia de que o que define a
atividade de um órgão, enquanto órgão de política criminal, é, não a sua qualificação orgânica
ou institucional, mas sim a qualidade dos atos que pratica.
a. São OPC
i. De competência genérica: PJ, a GNR, a PSP
ii. De competência específica: o SEF; a autoridade de segurança alimentar e
económica; os serviços de administração tributária; a inspeção-geral da
agricultura, mar, do ambiente e do ordenamento de território.
b. As OPC atuam, no processo, sob a direção das autoridades judiciárias e na sua
dependência funcional cabendo-lhes coadjuva-las com vista à realização das finalidades
do processo (por exemplo: 56, 263) – há uma conciliação entre uma autonomia orgânica
(perante o poder executivo) com a dependência funcional.
c. Esta dependência funcional faz dos OPC meros participantes processuais, sem prejuízo
de as investigações e os atos delegados pelas autoridades judiciárias serem realizados
por funcionários designados no âmbito de uma autonomia técnica e tática e sem
prejuízo de os OPC impulsionarem e desenvolverem, por si, diligências legalmente
admissíveis- atos de competência própria (apesar da sua posição de participantes
processuais e ainda que tais atos dependam depois da validação da autoridade
judiciária) – colher a noticia do crime, sujeitar a termo de identidade e residência são
exemplos desta competência (55/1, 58/2, 171/4, etc.).

A tramitação do processo penal comum: a tramitação é unitária porque é sempre integrada pelas fases
o igató iasàdeài u itoà àeàss’sàeàdeàjulga e toà àeàss’sàeàpelaàfaseàfa ultativaàdaài st uç oà àeà
ss’s.àÉàtendencialmente unitária na medida em que, consoante a natureza, a gravidade do crime ou a
maior ou menor facilidade de apreciação e valoração da prova por parte do tribunal, assim é
competente para julgar o tribunal do júri, o tribunal coletivo ou o tribunal singular. Já vimos que o
processo penal obedece a uma série de princípios gerais que se podem agrupar em princípios de
promoção processual, de prossecução processual, da prova e da forma- sem que se possa afirmar que
cada tipo tem a ver especificamente com determinada fase do processo, a verdade é que cada uma há
uns que são mais pertinentes que outros. A tramitação segue, em regra, este esquema:

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1. Princípios gerais da promoção processual
a. Princípio da oficialidade: segundo este a iniciativa de investigar a prática de uma
infração e a decisão de a submeter a julgamento cabe a uma entidade pública estadual,
firmando-se nesta matéria o princípio do monopólio estadual da função jurisdicional
9/b), 27 e 202/1/2 CRP- Este princípio da oficialidade é acolhido no 219/1 CRP quando
defere ao MP competência para exercer a ação pena. O 48 CPP confere ao MP
legitimidade para promover o processo penal, competindo-lhe adquirir a noticia do
crime 241, e, em especial, receber denúncias, as queixas e as participações e apreciar o
seguimento a dar-lhes 53/2/a), bem como, investigada a notícia do crime encerrar o
inquérito, arquivando-o ou deduzindo acusação 276/1. O 119/b) comina a sanção da
nulidade quando não haja promoção do processo pelo MP nos termos do 48 (nulidade
insanável) – esta é a regra para os crimes públicos, porém comportam-se exceções ao
princípio da oficialidade para os crimes semipúblicos e crimes particulares.
i. Os crimes semipúblicos: são crimes cujo procedimento penal depende de
queixa (exemplo do 143/2, 178/1 CP) constituem uma limitação ao princípio da
oficialidade na medida é que o ofendido ou outras pessoas 113 deem
conhecimento do facto ao MP (ou qualquer outra entidade legal que tenha a
obrigação de o transmitir) para que este promova o processo 49/1/2. Esta é
apenas uma limitação ao princípio, uma vez que cabe depois ao MP, encerrar o
inquérito, arquiva-lo ou deduzir acusação 276/1. Sem prejuízo do titular do
direito de queixa poder desistir da mesma até à publicação da sentença de
primeira instância, desde que não haja oposição do arguido, a quem é dada
desta forma a possibilidade de afirmar a sua inocência perante um tribunal
116/2 CP e 51 CPP.
ii. Os crimes particulares: crimes cujo procedimento criminal depende de
acusação particular (exemplos do 188 e 207 CP) constituem uma verdadeira
exceção ao princípio, na medida em que é necessário que o ofendido ou outras
pessoas se queixem, se constituam assistentes e deduzam acusação particular
(50/1, 246/4 e 68/1/b)) – aqui ao MP, caso seja apresentada acusação
particular, caberá apenas acusar pelos mesmos factos, por parte deles ou por
outros que não importem uma alteração substancial daqueles 50/2 e 285/4.
Sem prejuízo do titular do direito de acusação particular 113 e 117 CP poder
desistir da mesma até à publicação da sentença de primeira instância, desde
que não haja oposição do arguido.
iii. Não obstante o procedimento criminal depender de queixa ou acusação
particular, o MP poderá dar início ao procedimento no prazo de 6 meses a partir
da data em que tiver conhecimento do facto e dos autores, sempre que o
interesse do ofendido o aconselhar e este for menor ou não possua o
discernimento necessário para entender o alcance e o significado do exercício
do direito de queixa ou de acusação particular, substituindo-se ao titular desse
direito 113/5/a) e 117 CP- esta regra vale agora para os crimes de coação sexual
e de violação mesmo se a vítima for maior 163, 164 e 178/1/2 CP. Trata-se da
solução que já vigorava entre nós para os crimes de violência doméstica e
contra a liberdade e a autodeterminação sexual de menores.
1. O ofendido poderá sempre exercer tal direito, se o mesmo não tiver
sido exercido ou se não tiver sido dado início ao procedimento, a partir
da data em que passe a ter capacidade para o seu exercício (16 anos),
de acordo com o dispõe os artigos 113/6 e 117

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2. As razões que justificam as limitações e as exceções assinaladas são
várias: relativamente a certas infrações não é comunitariamente
exigível a existência de um processo penal se o ofendido assim o
entender; a promoção processual pode ser prejudicial para os
interesses da vítima dignos de consideração (questões da intimidade da
vida privada, etc.); a questão da vitimização secundária, etc. A opção
pela natureza pública ou não do crime tem sofrido alterações em duas
matérias muito importantes- a dos crimes de violência doméstica 152
CP e a dos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual de
e o esà àeàss’sàCP,àpoisà e àse p eàoà oàexe í ioàdoàdi eitoàdeà
queixa corresponde à proteção dos interesses da vítima, estes são hoje
crimes públicos, subsiste, porém, em aberto de saber se a opção
vigente no sentido da natureza pública de tais crimes é a mais correta
do ponto de vista dos interesses da vítima.
b. Princípio da legalidade: decorre do 219/1 CRP quando defere ao MP o exercício da ação
penal orientada pelo princípio da legalidade 262/2 e 283/1 CPP: o primeiro porque
estatui a regra de que a notícia de um crime dá sempre lugar à abertura do inquérito; o
segundo porque impõe ao MP a dedução da acusação se, durante o inquérito, tiverem
sido recolhidos indícios suficientes de ser ter verificado crime e de quem foi o seu
agente- havendo consequentemente a exclusão de um juízo de oportunidade quer
sobre a decisão de iniciar o processo quer sobre a de submeter a causa a julgamento.
i. O cumprimento destes deveres do MP são controlados por via do requerimento
de abertura de instrução 286 e da intervenção hierárquica 278, estes controlos
pode ainda acrescer a responsabilidade disciplinar por violação de deveres
profissionais ou mesmo responsabilidade penal nos termos do 269 (denegação
da justiça e prevaricação)
ii. Princípio da imutabilidade da acusação pública: segundo este não pode haver
renúncia ou desistência de acusação que o MP tenha deduzido.
iii. Denúncia obrigatória para as entidades públicas e para os funcionários 386
CP: abrangem-se também os casos em que a lei equipara a funcionários, quanto
a crimes de que tomarem conhecimento no exercício das suas funções e por
causa delas 242, 245, 246/1,2,3 e 248/1 e 2 CPP- quanto a estes funcionários
equiparados pode surgir por vezes o conflito entre o dever de denúncia
legalmente estabelecido e o dever de guardar segredo profissional sendo que o
critério de resolução passará sempre por uma ponderação do bem jurídico em
causa, ou seja, entre a realização da justiça e da descoberta da verdade material
e o interesse da proteção do direito fundamental (sempre que a quebra do
segredo se justifique à luz do princípio do interesse preponderante deverá
quebrar-se).
1. Denúncia facultativa para qualquer pessoa que tiver notícia de um
crime 244: se o crime tiver natureza semipública ou particular a
denúncia assume a forma de queixa (embora esta ideia que o cidadão
oàdeveàse à polí ia àdoà o idad oàvaiàte doàdesviosà es e tes .à
iv. Limitações: são identificáveis algumas limitações ao princípio da legalidade, não
se pode porém afirmar, que há uma consagração do princípio da oportunidade,
quando há renúncia à aplicação da pena por via processual: 280, 281/1 a 6 e
282, enquanto mecanismos de diversão (simples no arquivamento em caso de
dispensa da pena e com intervenção na suspensão provisória do processo); que

9
permitem uma solução desviada, divertida, do processamento normal,
traduzem-se numa limitação ao princípio da legalidade, na medida em que
constituem uma alternativa à dedução de acusação não obstante terem sido
recolhidos indícios suficientes de ser ter verificado o crime e de quem foi o seu
agente, o MP, em vez de proferir despacho de acusação, arquiva o processo ou
suspendo-o (porém como sabemos estes são mecanismos que contendem com
as finalidades do direito penal e com a unilateralidade da culpa, apesar de tudo
estes institutos traduzem-se em obediência à lei).
1. Os casos acima vistos de atenuação da natureza pública dos crimes de
violência doméstica e contra a liberdade e autodeterminação sexual do
menor, estritamente em função dos interesses da vítima conduzem
segundo o nº8 do 281 a casos em que haverá a suspensão do processo,
e o aàesteà ep ese teàu à o poàest a hoà oàse tidoàdaà
a io alidadeàteleológi a àdesteà egi e.
2. O regime de mediação da lei 21/2007 traduz-se também numa
limitação do princípio legalidade, na medida em que o MP remete o
princípio para a mediação, em qualquer momento do inquérito, se
tiverem sido recolhidos indícios de se ter verificado crime e de que o
arguido foi o seu agente.
c. Princípio da acusação: a entidade que investiga e acusa deve ser distinta da que julga
(aspeto marcante do processo penal de estrutura acusatória). A separação entre estas
entidades garante a objetividade e a imparcialidade da decisão judicial. A adoção do
princípio da acusação é imposta pelo 32/5 CRP e está legalmente consagrado 48, 241,
262, 263 e 276, entre outros. É também por força deste princípio que a fase de
instrução é da competência de um outro juiz- o juiz da instrução 17 e 288, é graças ao
princípio da acusação que este é impedido de intervir em julgamento relativo a
processo em que tiver presidido em debate instrutório 40/b).
i. A repartição de tarefas imposta pelo princípio da acusação traduz-se numa
repartição entre as magistraturas distintas (judicial e a do MP): Traduzindo-se
na autonomia do MP e deste exercer exclusivamente a ação penal; o princípio
também implica que o tribunal a quem caiba o julgamento não possa, por sua
iniciativa, começar uma investigação, competindo ao MP abrir o inquérito,
dirigi-lo e proceder ao seu encerramento 241, 262/2, 263/1; a acusação (ou
pronúncia) delimita e fixa os poderes de cognição do tribunal e a extensão do
caso julgado – a esta vinculação temática do tribunal liga-se o princípio da
identidade, segundo o qual o objeto do processo deve manter-se o mesmo
desde que é ficado até ao trânsito em julgado da decisão; o princípio da
unidade de acordo com o qual o objeto do processo deve ser conhecido e
julgado na sua totalidade; e o princípio da consunção do qual decorre mesmo
quando não tenha sido conhecido e julgado na sua totalidade deve considerar-
se irrepetivelmente decidido 1/f)  283/3, 284/1, 285/4, 287.
ii. Este princípio, com todas as suas implicações, liga-se de forma direta e imediata
ao exercício efetivo do direito de defesa por parte do arguido. Este sujeito
processual tem a garantia de não ser surpreendido com novos factos na
audiência de julgamento, podendo aí exercer de forma cabal o direito de
contraditar os factos que lhe são imputados na acusação.
2. Princípios gerais da prossecução processual

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a. Princípio do contraditório: de acordo com este toda a prossecução processual deve
cumprir-se de forma a fazer ressaltar as razões da acusação e da defesa. Deste também
decorre o dever de ouvir qualquer sujeito do processo penal ou mero participante
quando tomar-se qualquer decisão que pessoalmente o afete, este é um verdadeiro
direito de audiência, significará mesmo uma forma de participação constitutiva na
declaração do direito do caso concreto quando o participante tenha estatuto de
sujeito processual.
i. O princípio integra o estatuto processual do arguido, sendo uma das garantias
de defesa que o processo criminal lhe deve assegurar (32/1 CRP), são-lhe
reconhecidos, em qualquer fase do processo, os direitos processuais de estar
presente aos atos processuais que diretamente lhe dizem respeito, de ser
ouvido pelo tribunal ou pelo juiz da instrução sempre que eles devam tomar
uma decisão que o afete e de intervir no inquérito e na instrução, oferecendo
provas e requerendo diligências que se lhe afigurem necessárias 61/1/a), b) e g).
ii. Integra também o estatuto processual do assistente, podendo também este
intervir no processo pelos mesmos motivos 69/2/a)
iii. O princípio também vale também para o debate instrutório ontem tem lugar
uma discussão perante o juiz, por forma oral e contraditória, sobre o decurso do
inquérito e da instrução resultam indícios de facto e elementos de direito
suficientes para justificar a submissão do arguido a julgamento 298, 289/1,
301/2, 302- vale também o 289/2, qualquer sujeito processual pode assistir a
atos da instrução por qualquer deles requeridos e suscitar pedidos de
esclarecimento, requerer que sejam formuladas perguntas que entenderem
relevantes para a descoberta da verdade.
iv. Não obstante a CRP subordinar apenas a audiência de julgamento ao princípio
do contraditório (32/5 segunda parte), não tendo por isso de valer da mesma
forma em todas as fases do processo o que facto é que encontra expressão logo
na de inquérito (ainda que de forma limitada dada a regra do secretismo da fase
de inquérito).
b. Princípio da suficiência 7/1 o processo penal é promovido independentemente de
qualquer outro e nele se resolvem todas as questões (como por exemplo de natureza
administrativa ou civil) que interessam à decisão da causa, nomeadamente as questões
prejudiciais em processo penal- antecedentes jurídico-concretos da questão principal,
autónomos quanto ao objeto e natureza e que podem dar origem a um processo
independente. Existe um conflito entre a devolução obrigatória da questão prejudicial
ao tribunal competente e o conhecimento obrigatório da questão (tendo em conta,
designadamente, a especialidade e a complexidade da questão) – daí dispor-se que o
tribunal penal pode suspender o processo para que o tribunal competente decida a
questão não penal.
i. Quanto à suspensão
1. Pode ser ordenada oficiosamente pelo tribunal ou a requerimento do
MP, assistente ou pelo arguido após a acusação ou no requerimento
para abertura de instrução (7/3). A suspensão tem prazo marcado e não
pode prejudicar diligências urgentes de prova 7/4. A devolução de uma
questão prejudicial a juízo não penal é uma causa de suspensão da
prescrição do procedimento criminal 120/1/a) CP.
2. Outro caso é o recurso de uma questão de constitucionalidade para o
TC- este é obrigatório para o MP quando o tribunal recusa a aplicação

11
de uma norma com fundamento em inconstitucionalidade. Na
sequência do Ac. Do TC nº195/2010 o STJ fixou jurisprudência no
se tidoàdeà ueà aàpe d iaàdoà e u soàpa aàoàTCà oà o stituià ausa
de suspensão do prazo de prescrição do procedimento.
3. A fase de inquérito
a. Abertura: inicia-se com a aquisição da notícia do crime por parte do MP, que a adquire
por conhecimento próprio, por intermédio das OPC ou mediante denúncia (241 e 245) -
a aquisição da notícia do crime dá sempre lugar à abertura do inquérito, ressalvadas
as exceções do 262/2- através de apresentação de queixa para crimes semipúblicos 49;
através da apresentação de queixa e constituição como assistente quando esteja em
causa crime particular; enquadram-se também os casos de denúncia anónima que
podem não determinar a abertura do inquérito.
i. Impende sobre as OPC o dever de transmitir ao MP a notícia do crime, ainda
que se trate de notícia manifestamente infundada 248/1/2.
ii. Para a denúncia anónima determina-se a abertura do inquérito somente se dela
se retirarem indícios da prática do crime (exceção à regra geral), precavendo-se
desta forma de denúncias manifestamente infundadas, ou se ela própria
constituir crime 246/5 e ainda 365 CP e 164/2 CPP.
b. Finalidade, direção e atos do MP 262/1: O inquérito compreende o conjunto de
diligências que visam a investigar a existência de um crime (do conjunto de
pressupostos de que depende a aplicação de uma pena ou uma medida de segurança
1/a) CPP-
i. É a configuração do inquérito como a fase de investigação do processo penal
comum, embora esta não corresponda à noção que está legalmente cometida à
fase de instrução- a comprovação judicial da decisão de deduzir acusação ou de
arquivar o inquérito em ordem a submeter ou não a causa a julgamento 286/1
ii. A direção da fase de inquérito, com a finalidade apontada, cabe ao MP, cujas
intervenções devem obedecer a critérios de estira objetividade 263/1 e 53/1,
assistido pelos OPC sob sua orientação e na sua dependência funcional 263/2,
55/1 e 56.
iii. Por outro lado há atos que têm que ser praticados pelo juiz da instrução (numa
intervenção como juiz das liberdades e não como juiz de investigação), por se
tratarem de atos instrutórios que se prendem diretamente com direitos
fundamentais, cabendo a este juiz exercer as funções jurisdicionais até à
remessa do processo para julgamento 32/4 CRP e 17- atos a ser praticados pelo
Juiz da instrução 268,269 (em geral) entre outros atos (68/3/4, 215/3/4, 218/2,
271, e outras legislações extravagantes).
iv. A intervenção do juiz da instrução também é um mecanismo de comprovação
judicial da decisão de deduzir acusação ou arquivar o inquérito em ordem a
submeter a julgamento.
c. Encerramento 276/1: o MP encerra o inquérito, arquivando-o ou deduzindo acusação
dentro do prazo máximo legalmente fixado. Este prazo varia em função de vários
fatores (existência de medidas de coação, tipo de crime, complexidade do
procedimento) começando-se a contar a partir do momento em que o inquérito tiver
passado a correr contra a pessoa determinada ou em que se tiver verificado a
constituição de arguido (que em regra ocorre é o da dedução de acusação ou de ser
requerida a instrução, podendo porém ocorrer já durante a instrução). O STJ
pronunciou-se sobre a possibilidade de o juiz da instrução fixar o prazo pelo período de

12
tempo que se mostrar objetivamente indispensável à conclusão da investigação. O
regime atual de prazos não permite defender que atingido o limite máximo de duração
de inquérito, o MP tem obrigatoriamente de arquivar ou acusar (pois terá que garantir
as finalidades do processo penal).
i. Despacho de arquivamento 277: Os fundamentos estão elencados no artigo.
Relevante será a reabertura do inquérito nos casos referidos no 279.
ii. Despacho de acusação: se, durante o inquérito, tiverem sido recolhidos indícios
suficientes de se ver verificado crime e de quem foi o seu agente, o MP deduz a
acusação contra este, considerando-se suficientes os indícios sempre que deles
resultar uma possibilidade razoável de ao arguido ser aplicada, por força deles,
em julgamento, uma pena ou uma medida de segurança 283/1/2, isto é, sempre
que seja mais provável a condenação do que a absolvição do agente, o que
também envolve um juízo sobre a existência de provas a produzir e a examinar
na audiência de julgamento, uma vez que, em regra, só estas valem para o
efeito de formação da convicção do tribunal (355/1).
1. Alternativas ao despacho de acusação
a. Arquivamento em caso de dispensa de pena 280: este depende
da existência de indícios suficientes de se ter verificado o crime
e de quem foi o seu agente; de se tratar de crime relativamente
ao qual se encontre expressamente prevista na lei penal a
possibilidade de dispensa de pena 74, 143/3, 148/2 e 186 e de
se verificarem os pressupostos da dispensa; e da concordância
do juiz da instrução nº1, esta concordância faz com que a
decisão não seja suscetível de impugnação nº3
b. Suspensão provisória do processo mediante a imposição de
injunções e regras de conduta 281: pode determina-lo com a
concordância do juiz de instrução- são pressupostos desta
suspensão a existência de indícios suficientes de se ter
verificado o crime e de quem foi o seu agente; a concordância
do arguido e do assistente (se este se tiver constituído, por se
tratar de um ato demonstrativo da pretensão de participar de
forma constitutiva na declaração do direito do caso); a ausência
de aplicação da suspensão provisória do processo por crime da
mesma natureza; (ler os restantes pressupostos no artigo).
c. Não obstará a que estes institutos se apliquem o facto de o
procedimento depender de queixa ou acusação particular: os
crimes semipúblicos e particulares justificam-se por se entender
que o valor da autonomia do ofendido condiciona
legitimamente a prossecução processual, mas a prossecução
processual não pode ser ela mesma condicionada pela privada
perceç o do i teresse do ofe dido . Porém surge aqui a dúvida
quanto aos crimes particulares, relativamente aos quais cabe ao
assistente decidir se deduz ou não acusação, a questão só se
colocará se esta for deduzida. Neste caso nada parece obstar à
suspensão provisória do processo, uma vez que é seu
pressuposto a concordância do assistente 218/1/a)
iii. Controlo da decisão de arquivar ou de acusar: preveem-se dois mecanismos de
controlo da decisão de deduzir acusação ou de arquivar o inquérito: o controlo

13
judicial- por via da fase facultativa da instrução 286; e a intervenção
hierárquica 278
1. Intervenção hierárquica: é marcadamente limitado, subsidiário e só
serve para controlar apenas a decisão de arquivar o inquérito e só pode
ser acionado a partir do momento em que já não possa ser requerida a
abertura da instrução; ou no prazo em que esta possa ser requerida, se
o assistente e o denunciante com a faculdade de se constituir assistente
optarem por não requerer a abertura de uma nova fase:
a. Mecanismo alternativo ao controlo judicial da decisão de
arquivar o inquérito- note-se o assistente ou o denunciante
com a faculdade de constituir assistente, podem, de facto, optar
por requerer a intervenção hierárquica ou a abertura do
processo- esta nota de alternatividade vai ao encontro da
jurisprudência fixada pelo STJ através do Ac. Nº3/2015.
b. É o superior hierárquico do magistrado do MP que tiver
arquivado esta fase processual quem pode determinar, por sua
iniciativa ou a requerimento do assistente ou do denunciante
com a faculdade de se constituir assistente a hipótese acima
descrita- esta competência garante o controlo de todas as
decisões de arquivamento 68/1.

A fase de instrução: de acordo com o 286/2/3 é uma fase facultativa que não tem lugar nas formas de
processo especiais (sumário, abreviado e sumaríssimo).

1. Abertura: A abertura é feita nos termos do 287- pelo arguido, relativamente a factos pelos quais
o MP ou o assistente, em caso de procedimento dependente de acusação particular, tiverem
deduzido acusação; ou pelo assistente, se o procedimento não depender de acusação particular
(se dependesse de acusação particular seria o assistente a não requerer a fase de instrução),
relativamente a factos pelos quais o MP não tiver deduzido acusação:
a. Ou por erro ou se tiver proferido despacho de arquivamento sem ter notificado o
assistente nos termos do 285.
b. Nestas hipóteses o assistente tem o poder de requerer a abertura da instrução, com a
finalidade de ser comprovada judicialmente a decisão de arquivar o inquérito 286/1 e
287/1/b), equivalendo a apresentação do requerimento à dedução da acusação
particular 285/3 e 287/3.
c. Poderá ainda requerer a abertura da instrução quando o MP tiver proferido um
despacho de acusação do qual constem decisões parcelares de não acusação por
determinados factos- quanto aos factos não acusados pelo MP, poderá pois ser
requerida a abertura da instrução. O assistente pode, nos termos do 284/1 acusar por
factos diferentes dos factos constantes da acusação do MP, mas com a limitação de não
importarem uma alteração substancial destes, requerendo a instrução, para controlo
judicial da decisão de não os submeter a julgamento.
d. O prazo de abertura da instrução é de 20 dias a contar da notificação da acusação ou do
arquivamento, podendo ser superior quando, havendo vários arguidos ou assistentes, o
prazo termine em dias diferentes, caso em que vale o prazo que começou a contar em
último lugar.
e. Exigências formais constam do artigo.
2. Finalidade 286: É tão só uma fase destinada a comprovar o acerto da decisão de acusar ou de
a uiva àto adaàpeloàMP,à oàse doàpo àissoàu ài st u e toà deàsi di iaàdaàatuaç oàdoàMPà

14
aoàlo goàdoài u ito .àá o aà oàse tidoàdaàfi alidadeàapo tadaàoà a te àfa ultativoàdesta
fase, que só terá lugar se for requerida pelo arguido ou pelo assistente, os sujeitos processuais
que estarão interessados em contrariar o sentido da decisão tomada pelo MP. A instrução não é
um suplemento autónomo de investigação, o que está de acordo com a configuração da fase
de inquérito como fase de investigação por excelência com o princípio processual penal da
máxima acusatoriedade possível. Algumas notas:
a. As alterações introduzidas no CPP questionam este último ponto de vista.
b. Questões de constitucionalidade quanto à configuração da fase de instrução como
mecanismo de controlo foram levantadas e resolvidas no Ac. Nº7/87 que se pronunciou
pela não inconstitucionalidade.
3. Direção e conteúdo: A direção de instrução compete ao juiz da instrução que pratica todos os
atos necessários à realização das finalidades descritas, para o efeito é assistido pelas OPC a
quem pode conferir quaisquer diligências (salvo tratando-se de interrogatório do arguido, da
inquirição de testemunhas, de atos que por lei sejam cometidos em exclusivo à competência do
juiz.
a. O artigo 288/4 estatuí que o juiz de instrução investiga autonomamente o caso
submetido a instrução, embora com as limitações decorrentes do requerimento para a
abertura desta fase, o qual contém necessariamente as razões de facto e de direito de
discordância relativamente à decisão do MP, e com os limites decorrentes do 303 e 309.
Neste sentido a instrução é um suplemento de investigação autónomo e não um
suplemento autónomo de investigação.
b. A instrução é formado pelo conjunto de atos de instrução que o juiz entenda dever levar
a cabo e, obrigatoriamente, por um ato debate instrutório
i. Atos de instrução
1. Os atos efetuam-se ordem que o juiz reputar conveniente para o
apuramento da verdade material, indeferindo-se os atos que este
considera não interessarem à instrução ou servirem apenas para
protelar o andamento do processo 287/2 e 291/1- ou seja ele pratica os
atos que considerar úteis
2. Dispõe o 298/2 que o MP, o arguido, o defensor, o assistente e o seu
advogado podem assistir aos atos de instrução por qualquer deles
requeridos e suscitar pedidos de esclarecimentos ou requerer que
sejam formuladas perguntas e merdas.
3. Os atos de instrução não obrigatórios, nomeadamente quando se
requeira esta fase invocando apenas razões de direito (por exemplo a
prescrição do procedimento criminal)
ii. Debate instrutório obrigatório sob pena de nulidade 120/2/d): tem como
finalidade permitir uma discussão perante o juiz, por forma oral e contraditória,
sobre se, no decurso do inquérito e da instrução, resultam indícios de facto e
elementos de direito suficientes para justificar a submissão do arguido a
julgamento, podendo nele participar o MP, o arguido, o defensor, o assistente e
o seu advogado, mas não as partes civis (289/1, 298, 301/2, 302).
4. Encerramento- encerra depois do debate instrutório, através da prolação de um despacho de
pronúncia ou de não pronúncia: conforme tenham sido ou não recolhidos indícios suficientes
de se terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou
de uma medida de segurança 307/1 e 308/1.
a. Este despacho não pode ser pronunciado por factos que constituem alteração
substancial dos descritos na acusação do ministério público ou do assistente 283 e 285

15
ou no requerimento para a abertura da instrução (por força do princípio processual
penal da máxima acusatoriedade possível, do efeito da vinculação temática do tribunal
e da tutela de defesa do arguido
i. O 303/5 estende este regime aos casos em que o juiz altera a qualificação
jurídica dos factos descritos na acusação ou requerimento (houve uma
equiparação entre este e regime quase idêntico que consta da fase de
julgamento 358/3.
b. Como alternativa ao despacho de pronúncia, o juiz de instrução poderá arquivar o
processo
i. Nos termos do 288 (arquivamento em caso de dispensa de pena)
ii. Suspender provisoriamente o processo de acordo com o disposto no 307/2,
com uma diferença substancial em relação aos casos em que estes mecanismos
de diversão são utilizados no inquérito: o arquivamento em caso de dispensa de
pena passa a depender também da concordância do arguido 280/2.
5. Irrecorribilidade 427: as decisões judiciais proferidas na fase de instrução (despachos) são, em
regra, recorríveis, sendo o recurso interposto para a relação.
a. Na fase de instrução prevê-se a irrecorribilidade do despacho que indefere os atos
requeridos que o juiz entenda não interessarem à instrução (vistos à bocado) - estes
podem ser apenas reclamados 291/1/2
b. Prevê-se também no 310/1 a irrecorribilidade da decisão instrutória de pronunciar o
arguido pelos factos constantes da acusação do MP, formulada no 283/4 ou 285- o
fundamento, relativamente aos crimes públicos e semipúblicos, por haver concordância
do MP e do juiz da instrução- de duas magistraturas distintas- quanto à decisão de
submeter a causa a julgamento- para os casos de crimes particulares é equivalente esta
situação àquela em que o MP junta a sua acusação à do assistente, nos termos do 285/4
(se não for acompanhado da acusação do MP a decisão já é recorrível)
c. A decisão será recorrível:
i. Quando há divergência de juízos entre o MP e do Juiz da instrução
ii. Quando o MP arquiva o inquérito e o juiz da instrução profere despacho de não
pronúncia- pois as magistraturas não concordam nos mesmos termos

(Meios processuais)

1. Meios processuais: trata-se do conjunto de diligências que visam investigar a existência de um


crime. Com a dedução da acusação ou com a prolação do despacho de pronúncia (ou com
ambos), a causa é submetida a julgamento e nesta fase valem as provas que tiverem sido
produzidas ou examinas em audiência para efeitos da convicção do tribunal quanto à existência
de um crime, quanto à determinação dos seus agentes e a responsabilidade deles quanto à
determinação da sanção. É no enquadramento descrito que ganham relevo decisivo os
denominados meios processuais.
2. Meios de obtenção de prova e meios de prova: o meio de prova, constituindo o objeto da prova
todos os fatos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência do crime, a
punibilidade ou não punibilidade do arguido e a determinação da pena ou da medida de
segurança aplicáveis 124; É através dos meios de obtenção de prova que são obtidos os meios
de prova a partir dos quais se forma a convicção das autoridades judiciárias- distinguem-se
numa perspetiva lógica e técnico-operativa (os meios de obtenção de prova caracterizam-se
pelo modo e também pelo momento da sua aquisição no processo, em regra fases preliminares,
como no inquérito)
a. Meios de obtenção de provas 171 a 190

16
i. Os exames 171 a 173
ii. As revistas e as buscas 174 a 177
iii. As apreensões 178 a 186
iv. As escutas telefónicas 187 a 190
b. Meios de prova 128 a 170
i. Prova testemunhal: tem como objeto os factos de que a testemunha tenha
conhecimento direto e que constituam objeto de prova (não serve o meio de
prova o depoimento que resulta do ouviu dizer a pessoas determinadas e a
reprodução de vozes públicas e convicções pessoais 122,128,129,130)
1. Poderá ser inquerida sobre fatos relativos à personalidade e ao caráter
do arguido, bem como às suas condições pessoais e conduta anterior.
2. Pode ser inquerido sobre elementos constitutivos do crime,
nomeadamente a culpa do agente, ou a aplicação de medida de coação
ou garantia patrimonial.
3. A prova testemunhal é protegida contra formas de ameaça, pressão ou
intimidação
4. A testemunha tem o dever de testemunhar e de responder com verdade
às perguntas que lhe forem dirigidas, sob pena de incorrer em
responsabilidade penal 91/1/3, 131/1, 132/1/2 e 360
a. Sem prejuízo de não ser obrigada a responder a perguntas
quando alegar que das respostas resulta responsabilidade
penal, podendo mesmo pedir a sua constituição como arguido
59/2
i. Poderão recusar-se as pessoas do 134
ii. O artigo 135 prevê, em nome da tutela do segredo
profissional, estes podem escusar-se a depor sobre
fatos por ele abrangidos. Um tribunal pode, porém,
decidir a prestação de testemunho com quebra do
segredo profissional, ressalvado o segredo religioso que
é inquebrantável, sempre que esta se mostre
justificada, segundo o princípio da prevalência do
interesse preponderante 135/3/4/5.
ii. Declarações do arguido: importa distinguir as que se reportem à sua identidade,
as que se referem aos factos imputados e ao conteúdo das declarações que
acerca deles prestar. Quando às primeiras que incluem: nome, filiação,
freguesia, concelho de naturalidade, data de nascimento, estado civil, profissão,
residência e local de trabalho- impende sobre o arguido o dever de responder e
de responder com verdade sob pena de incorrer em responsabilidade penal
61/3/b)
1. Hoje o arguido não tem o dever de responder a perguntas sobre os seus
antecedentes criminais, sendo que se seja questionado acerca desta
questão poderá sempre exercer o direito ao silêncio. Esta opção tem
justificação na medida em que a resposta dada, pode, efetivamente,
relevar ao nível da sua responsabilidade criminal e da determinação da
sanção.
2. Quando às declarações sobre os fatos que lhe forem imputados e ao
conteúdo das declarações que acerca deles prestar, o arguido pode
assumir um de 3 comportamentos: confessa-los (o regime da confissão

17
está regulado no 344), remeter-se ao silêncio e/ou nega-los (não
incorrendo em responsabilidade penal)
a. A confissão não vale hoje corpo do delito.
b. Está ligado ao princípio da livre apreciação da prova,
dependendo fundamentalmente, do caráter livre da confissão;
da circunstância de ser ou não integral e sem reservas e, ainda,
da gravidade do crime confessado 344- se a confissão for livre,
integral e sem reservas quando ao crime punível com pena de
prisão não superior a 5 anos, implica à renúncia À produção de
prova relativa aos fatos imputados e consequente consideração
destes como provados; a passagem imediata às alegações orais
e, se o arguido não dever ser absolvido por outros motivos, à
determinação da sanção aplicável; e a redução da taxa de
justiça em metade- por outro lado a confissão é uma conduta
posterior ao facto que revelará enquanto fator de medida da
pena, tendo em conta o critério das exigências de prevenção
71/1/2/e) CP
i. Qualquer prova obtida sem respeito do princípio da
legalidade de prova comina na nulidade e proibição de
valoração de prova 118/3 e 126.
ii. O juiz poderá sempre suspeitar do caráter livre da
confissão, nomeadamente por dúvidas sobre a
imputabilidade plena do arguido e da veracidade dos
factos confessados, afastando deste modo o perigo das
autoincriminações falsas 344/3/b)
iii. Declarações do assistente/Declarações das partes civis 145: este regime embora
esteja sujeito ao regime da prestação da prova testemunhal não se confunde
com este: o assistente está impedido de depor como testemunha 133/1/b) – a
prestação de declarações pelo assistente e partes civis não é precedida de
juramento, não obstante ficarem sujeito ao dever de verdade e a
responsabilidade penal pela sua violação 145/2/4 e 359/2 CP.
iv. A prova por acareação
v. A prova por reconhecimento
vi. A reconstituição do facto
vii. A prova pericial àeàss’s:àte àluga à ua doàaàpe eç oàouàaàap e iaç oàdosà
fatos exigirem especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos 163.
Em Portugal vigora o sistema da perícia oficial e não da perícia contraditória: o
perito nomeado é um perito do tribunal, não havendo a indicação de um perito
por parte da acusação e outro por parte da defesa. Não obstante o sistema ser
de perícia oficial, o CPP faz alguma concessão à contraditoriedade através da
possibilidade que é dada ao MP, arguido, assistente e às partes civis de
designarem um consultor técnico 155/1/2/3.
viii. A prova documental 169/1 255 CP
3. Medidas cautelares e de polícia 1/c) e d), 55/2: são medidas para os quais são competentes os
OPC ou as autoridades de polícia criminal, cabe aos primeiros, como vimos, a comunicação ao
MP da notícia de crime de que tenham conhecimento próprio ou que lhes tenha sido
denunciado, sendo este um caso de denúncia obrigatória, ainda que a notícia seja

18
manifestamente infundada, uma vez que para aquisição desta notícia é competente aquela
magistratura 241, 248/1/2 e 242/1/a).
a. Cabe-lhes tomar providências cautelares quanto aos meios de prova mesmo antes de
receberem ordem de autoridade judiciária, praticando os atos cautelares necessários e
urgentes para assegurar os meios de prova- visa-se acautelar a obtenção de meios de
prova que, de outra forma, poderiam irremediavelmente perder-se
b. Uma outra medida é a identificação de suspeito prevista no 250- é de qualquer pessoa
encontrada em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre
que sobre ela recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes, da pendência de
processo de extradição ou de expulsão, de que tenha penetrado ou permaneça
irregularmente em território nacional ou de haver contra si mandado de detenção. O
nº3, 4 e 5 preveem vários meios de identificação que podem ser usados antes de o
órgão de polícia criminal poder conduzir o suspeito ao posto policial mais próximo e
compeli-lo a permanecer ali em caso algum superior a 6h- esta será uma última
instância.
c. O pedido de informações é outra medida prevista no 250/8, os OPC podem pedir ao
suspeito, bem como a quaisquer outras pessoas suscetíveis de fornecerem informações
úteis, e delas receber, sem prejuízo, quanto ao suspeito, do disposto no 59.
d. Estão também previstas medidas cautelares não dependentes de prévia autorização da
autoridade judiciária, a revista de suspeitos em caso de fuga iminente ou de detenção
de busca no ligar em que se encontrarem, salvo tratando-se de busca domiciliária,
sempre que os OPC tiverem razão para crer que neles se ocultam objetos relacionados
com o crime, suscetíveis de servirem de prova e que de outra forma poderiam perder-
se. Ver também o caso do 251/1/b), 252/1, 268/1/d).
4. Detenção: é um meio processual privativo da liberdade constitucionalmente previsto 27/3/a), b)
e f). Tem em vista:
a. Para prazos máximos de 48h 254/1/a), b
i. A apresentação do detido a julgamento sob forma sumária 254/1/a)  381 e
ss’s
ii. A apresentação do detido ao juiz competente para aplicação ou execução de
uma medida de coação 194
iii. A apresentação do detido para primeiro interrogatório judicial 141- acerca
deste aspeto o TC viu-se contrastado com a questão ligada ao facto do
interrogatório poder ir além do período máximo das 48h, entendeu-se que sim-
o prazo de 48 é para a prisão administrativa, podendo o interrogatório ir além
deste tempo.
b. Para prazos máximos de 24h 254/1/b)
i. Para assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo,
do detido perante a autoridade judiciária em ato processual 116/2- neste caso,
o detido também pode ser um terceiro, por exemplo uma testemunha, o que
faz da detenção um meio processual que não é privativo do suspeito ou do
arguido.
c. Quanto à detenção de um cidadão, é necessário distinguir
i. Em flagrante delito: todo o crime que se cometendo ou se acabou de cometer,
bem como o caso em que o agente for, logo após o crime, perseguido por
qualquer pessoa ou encontrado com objetos ou sinais que mostrem claramente
que acabou de o cometer ou nele participar 256- havendo flagrante delito, por
crime punível com pena de prisão, qualquer autoridade judiciária ou entidade

19
policial procede à detenção. Também o pode fazer qualquer pessoa (se uma
destas entidades não puder ser chamada em tempo útil), caso em que a pessoa
que tiver procedido à detenção deverá entregar imediatamente o detido a uma
autoridade judiciária ou entidade policial 255/1/2. Exceções e limitações à
detenção em flagrante delito:
1. Para crimes públicos não possui qualquer restrição.
2. Para crimes semipúblicos, ou seja que dependa de queixa, a detenção
só se mantém quando, em ato a ela seguido, o titular do direito de
queixa exercer esse direito 255/3113 CP
3. Para crimes de acusação particular, não tem lugar a detenção em
flagrante delito, mas apenas a identificação do infrator 255/4 e 250.
ii. Fora do flagrante delito: a detenção só pode ser feita por mandado do juiz
255/1/b) e 27/3/f) CRP:
1. Excecionalmente a detenção pode ser feita por mandado do MP, nos
casos em que for admissível a prisão preventiva (situações previstas no
204, 257)
2. Ainda mais excecional será quando as autoridades de polícia criminal
possam ordenar a detenção, por iniciativa própria, quando se tratar de
caso em que é admissível a prisão preventiva, existirem elementos que
tornem fundados o receio de perigo de fuga ou de continuação de
atividade criminosa e não por possível, dada a situação de urgência e de
perigo de demora, esperar pela intervenção da autoridade judiciária
1/d) e 257/2.
d. U ato ate ial de aptu a ue p iva o di eito de li e dade 7/ CRP- justifica um
regime jurídico exigente: resultam daqui algumas exigências legais especiais, deveres
jurídicos das autoridades, a providência habeas corpus (31 CRP e 220 CPP), entre outras
medidas 258, 259, à…
5. Medidas de coação (matéria importante): de acordo com o 60 é assegurado ao arguido, o
exercício de direitos e deveres processuais, sem prejuízo da aplicação de medidas de coação,
devendo este sujeitar-se a estas conforme regulado no 63/3/d). A posição processual do
arguido, no que se refere à aplicação deste tipo de medidas, está conformada por dois vetores:
(1) o princípio da presunção de inocência; (2) o direito de defesa 32 CRP. A aplicação destas
medidas traduz-se numa restrição do direito de liberdade que é tida como necessária para
salvaguardar direitos ou interesses constitucionalmente protegidos (paz jurídica, realização da
justiça, etc.). O desrespeito dos princípios e das condições à aplicação das medidas de coação
previstas na lei, acarreta nos termos do 27/1  212/1/a) a revogação imediata da medida de
coação imposta. Não se segue aqui o regime geral das nulidades e irregularidades previsto no
àeàss’sà pa aàaàviolaç oàouài o se v iaàdasàdisposiçõesàdaàleiàdoàp o essoàpe alà e o aàasà
alterações posteriores ao código terem trazido alguma incoerência nesta matéria, ao
cominarem expressamente com a nulidade em certas matérias 194/1 e 6)
a. Princípios de aplicação
i. Legalidade 196 ao 202: só podem ser aplicadas as medidas de coação previstas
na lei, porque só esta pode restringir DLG 18/2/3 CRP. O CPP prevê como
medidas de coação: termo de identidade e residência; a caução; a obrigação de
apresentação periódica; a suspensão do exercício de profissão, de função, de
atividade e de direito; a proibição e imposição de condutas; a obrigação de
permanência na habitação; e a prisão preventiva.

20
ii. Necessidade: as medidas de coação só podem ser aplicadas em função de
exigências processuais de natureza cautelar, legitimando-se desta forma a
restrição ao direito à liberdade, à luz de um princípio de proporcionalidade em
sentido amplo 27/1 e 18/2 CRP- as exigências de necessidade devem sempre ter
por referência o caso concreto e o momento em que ocorre a sua aplicação, são
as previstas no 204
1. Fuga ou perigo de fuga
2. Perigo de perturbação do decurso do inquérito ou da instrução do
processo
a. Perigo para a aquisição, conservação ou veracidade de prova
b. Em razão da natureza e das circunstâncias do crime ou da
personalidade do arguido, de que este continue a atividade
criminosa ou perturbe gravemente a ordem e tranquilidades
públicas.
3. O 204 deve ser interpretado estritamente à luz das finalidades
processuais de realização de justiça e da descoberta da verdade
material e de restabelecimento da paz jurídica e comunitária posta em
causa com a prática do crime. Não é por isso legítima a invocação de
uma qualquer razão atinente às finalidades preventivas das sanções
criminais, à culpa do agente ou à proteção do ofendido- nesta matéria é
essencial entender a distinção fundamental entre as exigências
processuais de natureza cautelar- aquelas que legitimam a imposição
de uma medida de coação a alguém que se presume inocente- e
exigências da punição- aquelas que legitimam a condenação em pena
de alguém que é declarado culpado
iii. Adequação 193/1/segunda parte: exige que as medidas de coação a aplicar em
concreto sejam adequadas às exigências cautelares que o caso requerer-
constitui um critério de escolha de determinada medida entre as legalmente
previstas; é ainda uma exigência de adequação a que preside ao internamento
preventivo previsto no 202/2, nos termos do qual a prisão preventiva do
arguido que sofra de anomalia psíquica pode ser substituída, enquanto a
anomalia persistir em hospital psiquiátrico.
iv. Proporcionalidade 193/1/ parte final: as medidas de coação devem ser
proporcionais à gravidade do crime e às sanções que previsivelmente venham a
ser aplicadas- cumprimento do p. da proporcionalidade em sentido amplo- já o
27/3/b) CRP estatuí que se reserva prisão preventiva para os casos em que haja
fortes indícios de crime doloso a que corresponda pena de prisão superior a 3
anos. É ainda uma exigência de proporcionalidade que está presente na norma
segundo a qual a execução das medidas de coação não deve prejudicar o
exercício de direitos fundamentais que não forem incompatíveis com as
exigências cautelares que o caso requerer 193/4.
v. Subsidiariedade (das medidas de coação mais gravosas- a obrigação de
permanência na habitação e a prisão preventiva): significa que estas só podem
ser aplicadas quando as outras medidas se revelarem, no caso, inadequadas ou
insuficientes 193/2, 201/1 e 202/2- expressa-se aqui o princípio político-criminal
da privação da liberdade como ultima ratio da política criminal, bem como a
preferência legal quanto à obrigação de permanência em habitação (sempre
que se revele suficiente para satisfazer as exigências cautelares 193/3). A CRP

21
no 28/2 determina que a prisão preventiva tem natureza excecional- esta
norma constitucional vincula o legislador e o aplicador da lei à exigência da
subsidiariedade da prisão preventiva, no sentido preciso de a ela se poder
chegar somente depois de percorrido o caminho que afasta todas as outras por
inadequação ou insuficiência, face às exigências cautelas que se façam sentir no
caso.
vi. Precariedade: as medidas de coação são imediatamente revogadas sempre que
se verificar terem deixado de subsistir as circunstâncias que justificaram a sua
aplicação e substituídas por outra menos grave ou por uma forma menos
gravosa da sua execução se se verificar uma atenuação das exigências
cautelares que a determinaram 212/1/b), 28/2/3 CRP- acaba por se reconduzir a
uma implicação dos princípios da necessidade e adequação.
1. A revogação/substituição: Tem lugar oficiosamente ou a requerimento
do MP ou do arguido 212/4 (devem ser ouvidos ambos e a vítima,
sempre que necessário mesmo que não se tenha constituída
assistente).
a. O instituto do reexame 213 dos pressupostos da obrigação de
permanência na habitação e da prisão preventiva, a que o juiz
deve proceder oficiosamente: no prazo máximo de 3 meses, a
contar da data da aplicação da medida ou do último reexame-
e o aàoà àdispo haà ueàaà p is oàp eve tivaàdeveàse à
revogada ou substituída por outra medida de coação logo que
se verificarem as circunstâncias que tal justifiquem,
independentemente do reexame trimestral dos seus
pressupostos 213.
2. Da interseção do princípio da precariedade com o princípio da
proporcionalidade resulta a exigência de ser estabelecido um prazo
máximo de duração das medidas de coação, findo qual elas se
extinguem- dependendo da fase processual em causa 215/1 e 218 e da
natureza do crime e da complexidade do procedimento (quanto à prisão
preventiva, obrigação de permanência na habitação e à imposição e
proibição de condutas) 215, 218/2/3 e 28/4 CRP
3. Resulta ainda a extinção imediata das medidas de coação quando são
prolatadas decisões processuais que firmem a existência de exigências
processuais de natureza cautelar: decisão de arquivamento do
inquérito; despacho de não pronúncia; rejeição da acusação; sentença
de absolvição (mesmo que já tenha sido interposto recurso 214/1); ou
sentença condenatória já transitada em julgado 214/1/e)
b. Condições de aplicação: a lei processual faz depender a aplicação das medidas de
coação de determinadas condições: constituição prévia de arguido; audição prévia do
arguido; da aplicação por um juiz; e da aplicação por via de despacho judicial
fundamentado
i. Constituição prévia como arguido da pessoa a elas sujeita 58/1/b) e 192/1: o
que além de significar a exclusão do mero suspeito, é por si só, uma garantia
quanto ao conhecimento dos direitos e deveres processuais que a assunção
daquela qualidade implica 57/3 e 58/2/4. Destes direitos merece especial
destaque o de ser ouvido pelo tribunal ou pelo juiz de instrução sempre que
eles devam tomar qualquer decisão que o afete- a audição do arguido

22
ii. Audição do arguido: este direito do arguido é uma condição da aplicação da
medida de coação, pelo que deve ser imediatamente revogada (salvo nos casos
de impossibilidade devidamente fundamentada), por despacho do juiz, a
medida que seja aplicada fora desta condição prevista na lei 212/1/a) parte
final. À audição aplica-se o disposto no 141/4 (das informações a dar ao
arguido) – esta audição não se confunde com a que tem lugar no âmbito do
primeiro interrogatório judicial de arguido detido, não obstante a medida de
coação poder ser aplicada neste primeiro interrogatório 194/4.
iii. A aplicação da medida de coação por um juiz, concretização do 32/4 CRP:
trata-se de um ato de competência reservada do juiz de instrução, no inquérito
e na instrução, e do juiz do julgamento, nesta fase do processo 194/1 e 268/1.
Consoante a fase processual em que se encontre o processo, a medida de
coação é aplicada:
1. Pelo juiz oficiosamente ou a requerimento do MP (ambas as hipóteses
nas fases de instrução e de julgamento) ou; a
2. Apenas a requerimento do MP (fase de inquérito) – consequência
inevitável da repartição de funções imposta pelo princípio da acusação,
segundo o qual o MP investiga e acusa e o juiz julga. Esta repartição por
magistraturas distintas é também por si só uma garantia para o arguido
que é privado da liberdade, na sequência da imposição de uma medida
de coação. O juiz que aqui atua como juiz das liberdades teria o dever
de respeitar o pedido feito pelo MP no que toca à aplicação da medida
de coação, pois encontrando-se na fase de inquérito (secreta) só o
dominus da fase está em condições de avaliar as exigências processuais
de natureza cautelar que se fazem sentir- não é porém esta a solução
legalmente estabelecida,
a. Hoje nos casos do 204 a) e c) (fuga ou perigo de fuga; perigo,
e à az oàdaà atu ezaàdoà i eà … àpe so alidadeà … àoàjuizà
pode, durante o inquérito, aplicar medida de coação diversa da
requerida pelo MP, ainda que mais grave, quanto à sua
natureza, medida ou modalidade de execução;
b. Noà asoàdoà / à pe tu aç oàdoài u itoà … àoàjuizà oà
pode, durante o inquérito, aplicar medida de coação mais grave
(dentro do mesmo molde).
iv. Que seja aplicada por despacho do juiz: obrigatoriamente notificado ao
arguido, dele devendo constar advertência das consequências do
incumprimento das obrigações impostas e a motivação da decisão 27/4 CRP. O
despacho deve conter, sob pena de nulidade, a descrição de todos os factos
concretamente imputados ao arguindo e a referência aos fatos concretos que
preenchem os pressupostos de aplicação da medida, incluindo os previstos no
193 e 204 (princípios e medidas de coação legalmente previstas) – nos casos das
medidas de coação privativas da liberdade, deve constar, para as que exigem o
requisito, os elementos que permitam concluir pela existência de fortes indícios
da prática de crime doloso (tendo que demonstrar que há uma possibilidade
razoável de ser deduzida a acusação, sendo esta mais provável do que o
arquivamento do inquérito; de que, em face dos indícios existentes, há uma
possibilidade razoável de ser proferido despacho de pronúncia. Repara-se que
se exige fortes indícios da prática de crime e não do crime, o que seria

23
insuficiente para a acusação ou para a pronúncia pode ser bastante para dar
o oàve ifi adoàoàp essupostoà de crime .àPa aàasà edidasàdeà oaç oà aisà
gravosas deve ainda resultar o porquê das outras medidas se revelarem
insuficientes ou inadequadas 193/2/3 e 201/1 e 202/1.
c. Modos de impugnação. O recurso e a providência habeas corpus
i. Recurso: a decisão que aplicar, substituir ou mantiver a medida de coação pode
ser impugnada por via da interposição de recurso para o tribunal da relação.
Tem legitimidade para tal o arguido o MP 219 e 427- princípio geral da
recorribilidade das decisões 399.
ii. Habeas Corpus: vale para a prisão preventiva- há ainda providência do habeas
orpus: eio, pro edi e to, para afir ação de u irredutível direito
fu da e tal de li erdade . Vale para os casos de abuso de poder, por virtude
de prisão ou detenção ilegal 31/1 CRP, 220 e 222. Pode ser requerida por
qualquer cidadão no gozo dos seus direitos políticos (não depende de qualquer
outro pressuposto de legitimidade processual, nomeadamente o interesse em
agir). O pedido tem de ser decidido num prazo curto, máximo de 8 dias. A
petição habeas corpus deve-se fundar em ilegalidade da prisão, tente, ser
motivada por facto pelo qual a lei não permite ou manter-se para além dos
prazos fixados pela lei ou por decisão judicial 222/2.
6. Medidas de garantia patrimonial: O CPP prevê duas medidas de garantia patrimonial, a caução
económica (227º) e o arresto preventivo (228º). Estas medidas de garantia patrimonial também
se aplicam em função de exigências processuais de natureza cautelar, mas são exigências
diferentes das que justificam a aplicação das medidas de coação.

As medidas de garantia patrimonial destinam-se a assegurar a efetivação de prestações


pecuniárias devidas de um âmbito de um procedimento criminal ex: pagamento de uma multa,
das custas do processo, ou de uma indeminização civil, por isso, as medidas de garantia
patrimonial, podem ser aplicadas quer ao arguido quer ao sujeito que é civilmente responsável.

Deste modo, a caução económica prevista no art. 227º, não se confunde com a caução
prevista no art. 197º, sendo esta uma verdadeira medida de coação (227\4º).

A fase do julgamento

1. Tribunal competente para o julgamento: Quebra-se nesta fase a tramitação unitária do


processo penal comum. A fase de julgamento é de competência de tribunais de diferente
espécie, por referência à sua competição- assenta na gravidade do crime; na natureza do
mesmo e na maior ou menor facilidade de apreciação e valoração de prova por parte do
tribunal:
a. Compete ao tribunal de júri: É integrado pelos juízes do tribunal coletivo (3 juízes) e por
quatro jurados. Resulta da CRP 207/1 a participação do povo no julgamento dos crimes
mais graves, nos casos que a lei fixar, designadamente quando a acusação ou a defesa o
requeiram, ressalvados os crimes de terrorismo e de criminalidade altamente
organizada- entende-se que juízes leigos poderiam não reunir as condições que
garantem a sua capacidade para administrar a justiça, em face do grau de ameaça ou de
intimidação o julgamento de tais casos poderia comportar.
i. Os jurados intervêm na decisão de questões da culpabilidade e da determinação
da sanção quer no que toca a matéria de facto quer no que se refere a matéria
de direito, sendo as deliberações do tribunal tomadas por maioria simples dos
votos 348/5, 365/2,3,4,5, 368 e 369.

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ii. Compete-lhes julgar ainda os processos que, não devendo ser julgados pelo
tribunal singular 16/2, respeitarem a crimes cuja pena máxima, abstratamente
aplicável, for superior a 8 anos de prisão; e os que respeitarem a crimes contra a
identidade cultural e integridade pessoal, contra a segurança do estado ou a
violações do direito internacional humanitário- num caso e noutro, o tribunal
de júri só intervém a requerimento irretratável do MP, do assistente ou do
arguido 13/1/2 e 5.
b. Compete ao tribunal singular: julgar os processos que respeitarem a crimes cuja pena
máxima, abstratamente aplicável, seja igual ou inferior a 5 anos de prisão 16/2/b); ou
respeitarem a crimes contra a autoridade pública 16/2/b), 347 e 358 CP (mesmo para
penas de prisão superiores a 5 anos).
i. Ao tribunal singular é também cometida uma competência residual, ao ser
competente para julgar todos os processos que por lei não couberem na
competência dos tribunais de outra espécie- tal sucederá se o processo
respeitar a crime punível com multa autónoma; julgar processos cuja pena
máxima, abstratamente aplicável, seja superior a 5 anos, mesmo em caso de
concurso de infrações, quando o MP, na acusação ou requerimento, quando
seja superveniente conhecido o concurso, entender que não deve ser aplicada,
em caso concreto, pena de prisão superior a 5 anos- trata-se aqui de uma regra
de determinação da competência do tribunal de julgamento por referência à
pena concretamente aplicável e tão só de uma regra deste tipo.
c. Compete ao tribunal coletivo: julgar processos que não devam ser julgados pelo
tribunal singular 16/2/a) e 3. Ver também 14/2/b) e 13/2. Compete-lhe também aqueles
que não devem ser julgados pelo tribunal de júri, respeitarem aos crimes contra a
identidade cultural e integridade pessoal, contra a segurança do estado ou a violação do
direito internacional humanitário 14/1. Bem como os processos que não devam ser
julgados por tribunal singular, respeitarem a crimes dolosos ou agravados pelo
resultado, quando o elemento tipo for a mote de uma pessoa 14/2/a).
2. Atos preliminares 311 a 320
3. Princípios gerais
a. Princípio da investigação (sem prejuízo de valer na fase de instrução 289/1 e 290/1):
Consagrado expressamente no 340/1- o tribunal ordena oficiosamente a produção de
todos os meios de prova cujo conhecimento se lhe afigurar necessário à descoberta da
verdade material e à boa decisão da causa.
b. Princípio da legalidade da prova 125: são admissíveis as provas não proibidas por lei-
que vão contra o disposto do 32/8; quanto aos métodos proibidos o 126/1, 2 e 3
também nos dá uma ideia. O desrespeito pelo princípio da legalidade da prova
conduzira à nulidade destas, não podendo as mesmas ser utilizadas.
c. Princípio da livre apreciação da prova (+ importante): está em causa saber se a prova
deve ter na sua base regras legais que predeterminem o valor a atribui-lhe ou se deve
assentar antes na sua livre valoração pela entidade competente- à primeira opção
corresponde o princípio da prova legal; à segunda o princípio da prova livre ou da livre
apreciação de prova, sendo este que está consagrado no 127- salvo quando uma lei
dispuser diferentemente, a prova é apreciada segundo as regras da experiência e a
livre convicção da entidade competente. Este princípio tanto vale para a fase de
julgamento como para as outras fases do processo penal. As entidades a quem caiba
valorar a prova devem fazê-lo com o dever de perseguir a realização da justiça e a
descoberta da verdade material, numa apreciação que terá de ser sempre objetiva,

25
motivável e, por conseguinte, suscetível de controlo 365/3- a propósito do assunto
374/2, 375/1, 379/1/a) e 425/4, 410/2. Porém este princípio não está livre de limitações
i. Relativamente à prova testemunhal 128, em geral, não são identificáveis
quaisquer limitações ao princípio, podendo mesmo dizer-se que este é o seu
campo de eleição.
1. Porém existirá proibição de valoração de prova relativamente ao
depoimento indireto ou testemunho do ouviu dizer.
2. Já haverá uma proibição de valoração absoluta se quem depõe se
recusar ou não estiver em condições de indicar a pessoa ou fonte
através das quais tomou conhecimento dos factos.
ii. Relativamente às declarações do arguido
1. Haverá livre apreciação da prova
a. Se o arguido negar os fatos que lhe são imputados, vale por
inteiro a livre apreciação da prova
b. Se o arguido de forma parcial ou com reservas os factos que lhe
são imputados, bem como se confessar de forma integral e sem
reservas de tais fatos
c. Quando o tribunal suspeitar do caráter livre da confissão,
nomeadamente por dúvidas sobre a imputabilidade plena do
arguido ou da veracidade dos fatos imputados
d. Quando o crime for punível com pena de prisão superior a 5
anos 344/3/a) e c) e nº4.
e. Quanto aos documentos, ainda que se trate de documento
autêntico ou autenticado, uma vez que a autenticidade ou
veracidade podem ser postas em causa 169.
2. Não valerá a livre apreciação da prova
a. Confissão livre, integral e sem reservas do arguido, por crime
punível com pena de prisão até 5 anos. Em bom rigor, só
aparentemente é que há limitação ao princípio da livre
apreciação, pois o juiz aprecia o caráter livre da confissão.
b. A renúncia à produção de prova relativa aos fatos imputados e
consequente consideração destes como provados e a passagem
de imediato às alegações orais e, se o arguido não dever ser
absolvido por outros motivos.
c. Em suma, só aparentemente é que há limitação da apreciação
de prova quando o arguido confessa a prática de um crime
punível com pena de prisão até 5 anos.
d. Relativamente ao silêncio há uma verdadeira limitação à
apreciação da prova pela entidade competente, na medida
que, o silêncio, nunca pode desfavorecer o arguido 61/1/d) e
141/4/a), 343/1 e 345/1, parte final- trata-se aqui do exercício
do direito à não autoincriminação, um direito com proteção
constitucional 32/1/2 CRP, que deverá abranger também as
perguntas feitas ao arguido sobre os seus antecedentes
criminais.
e. Em matéria de prova pericial 163/1, o juízo técnico, científico
ou artístico presume-se subtraído à livre apreciação do julgador
(abandonado a visão que o juiz é o perito dos peritos). Sem

26
prejuízo ao julgador o juízo jurídico e de manter a sua liberdade
de apreciação no que se refere à base de facto pressuposto pelo
perito.
d. Princípio in dubio pro reu (+ importante): o tribunal deve dar como provados os factos
favoráveis ao arguido, quando fica aquém da dúvida razoável, apesar de toda a prova
produzida- a dúvida que fique aquém da razoável deverá ser valorada de forma
favorável ao arguido, tanto mais que este se presume inocente até ao trânsito em
julgado da sentença de condenação. Encontra fundamento jurídico no 32/2 CRP, na
parte em que garante que todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em
julgado da sentença de condenação.
i. O princípio vale para toda a matéria de facto mas não para a de direito
(importante): Isto não obsta, porém, que o tribunal de recurso conheça da
violação do princípio quando o recurso interposto seja apenas de revista (para o
STJ, que é competente para questões de direito) – a violação do princípio in
dubio pro reu integra a matéria de direito, como qualquer outra violação de um
princípio jurídico, pelo que está no âmbito dos poderes de cognição do STJ, tal
como previstos no 434.
e. Princípio da publicidade (+ importante) 206 CRP: vale a regra da publicidade do
processo penal 86/1, a qual implica: assistência, pelo público em geral, à realização do
debate instrutório e dos atos processuais na fase de julgamento (86/6/a) e 321); entre
os restantes pontos do 86/6 e 90. Sofre limitações  ligados ao segredo de justiça
20/3 CRP
i. Os casos em que o próprio tribunal decide o contrário, em despacho
fundamentado, para salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública
ou para garantir o seu normal funcionamento.
ii. Na fase de inquérito, pode ser proferido despacho de sujeição do processo a
segredo de justiça, por decisão do juiz de instrução, quando entenda que a
publicidade prejudica os direitos do arguido, do assistente ou do ofendido, ou,
por despacho do MP (sujeito à validação do juiz da instrução). Sem prejuízo do
MP poder determinar, oficiosamente ou a requerimento, em qualquer
momento, o levantamento do segredo de justiça, ou de o juiz da instrução
determinar tal levantamento, se o MP não o fizer, quando lhe seja requerido
pelo arguido, pelo assistente ou pelo ofendido 86/4/5.
iii. Implicações do segredo de justiça no 86/8 e 89/1.
iv. O segredo de justiça vincula todos os sujeitos e participantes processuais, bem
como terceiros que, por qualquer título, tiverem tomado contato com o
processo ou conhecimento de elementos a ele pertencentes, enquanto durar o
inquérito, fazendo incorrer em responsabilidade criminal quem o infrinja, por
prática de crime de violação do segredo de justiça 86/2 e 8, 371/1 CP.
1. Findos os prazos do inquérito, o arguido, o assistente e o ofendido
podem consultar todos os elementos do processo que se encontrem em
segredo de justiça- cessa o segredo interno, salvo se o juiz da instrução
determinar, a requerimento do MP, que o acesso aos autos seja adiado
por um período máximo de 3 meses, prorrogável por uma só vez 89/6.
v. Outras limitações
1. 86/7 a publicidade não abrange os dados relativos à reserva da vida
privada que não constituam meios de prova.

27
2. O juiz pode, oficiosamente ou a requerimento do MP, do arguido ou do
assistente restringir a livre assistência do público ou que o ato, ou
parte dele, decorra com exclusão de publicidade, incluindo a audiência
de julgamento (com fundamento justificado) 206, parte final, 87/1/2
CRP e 321 CPP.
3. Existem mais casos espalhados pelo código 86 e seguintes.
f. Princípio da oralidade e da imediação: os atos processuais devem processar-se sob
forma oral, devendo a decisão ser proferido tendo por base uma a audiência oral-
ligações com o princípio da imediação, sem se confundir com este, pois este está mais
ligado a um contato imediato com os meios de prova em geral. Consagração
constitucional no 96/1. Não confundir com a oral de passagem ou de melhoria.
g. Princípio da concentração: aponta para uma prossecução processual unitária e
continuada de todos os termos e atos do processo, quer de um ponto de vista espacial
quer de um ponto de vista temporal 328/1
4. Alteração dos factos e alteração da qualificação jurídica (caso prático): segundo o modelo
acusatório, decorre para o tribunal de julgamento a sua vinculação temática: (1) à acusação do
MP ou à do assistente (para crimes particulares), se o processo tiver sido remetido para
julgamento sem ter havido instrução; (2) ao despacho de pronúncia, se esta fase tiver sido
requerida (a instrução) – sem prejuízo do legislador tem previsto um regime diferenciado,
consoante a alteração dos factos descritos na acusação ou na pronúncia, se a houver, seja
substancial ou não substancial:
a. A alteração substancial dos factos (aquela que tem por efeito a imputação ao arguido
de um crime diverso ou a agravação dos limites máximos das sanções aplicáveis) =
alteração substancial (mera agravação dos limites máximos das sanções aplicáveis,
tendo em vista o direito de defesa do arguido) + alteração dos factos (imputação do
arguido de um crime diverso).
i. Surge a problemática do objeto do processo
1. Este é fixado dom a dedução da acusação ou da pronúncia- delimitando
a extensão do caso julgado
a. O objeto do processo deve manter-se o mesmo desde que é
fixado e até ao trânsito em julgado da decisão;
b. O objeto do processo deve ser conhecido e julgado na sua
totalidade, ainda que não tenha sido conhecido e julgado na sua
totalidade, deve ter-se por conhecido e julgado, estendendo-se-
lhe o efeito caso julgado.
ii. Crime diverso significa que os novos factos conhecidos pelo tribunal vão além
do objeto do processo fixado pela acusação ou pela pronúncia- para nós
Figuei edoàDias oào jetoàdoàp o essoà àu à e o te,àu àpedaçoàdeàvida,àu à
o ju toàdeàfa tosàe à o ex oà atu al .
iii. Se houver uma alteração substancial dos factos descritos na acusação ou na
pronúncia?
1. Esta não pode ser tomada em conta pelo tribunal para efeitos de
condenação no processo em curso, sob pena da nulidade da sentença
1/f), 359/1 e 379/1/b)
a. Ressalvam-se as situações em que o MP, o assistente e o
arguido estejam de acordo com a continuação do julgamento
pelos novos factos, caso em que é dado ao arguido, se
requerido, prazo para preparação da sua defesa 359/3/4.

28
i. Note-se como há aqui um entorse ao princípio da
acusação, no sentido de ser uma entidade, o juiz de
julga e to,àaà i vestiga ,à aàa usa àeàaàjulga à osà
novos factos, o novo objeto do processo) – tal ocorre
em nome da celeridade e da economia processual, e em
geral, em uma ideia de abertura a soluções processuais
consensuais.
b. Na falta de acordo entre o MP, assistente e arguido, o que
fazemos com os factos novos 359/1? – o pode ser to ada
em conta pelo tribunal para o efeito da condenação no processo
e curso, e i plica a exti ç o da i st cia 2. O nº2 manda
que estes novos factos se comuniquem ao MP, sendo que esta
comunicação vale como denúncia, para que se proceda pelos
ovosàfa tos,à apenas se estes forem autonomizáveis em
elaç oàaoào jetoàdoàp o esso , caso contrário, chapéu, pois
o oà e o daàFiguei edoàDiasà ita doàaà o stituiç oà i gu à
pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo
i e à / àCRP.
b. Uma alteração não substancial dos factos descritos na acusação ou na pronúncia são
por isso aqueles que não levam a um crime diverso ou a uma agravação dos limites
máximos das sanções aplicáveis- tal alteração tem de ser comunicada ao arguido pelo
presidente do tribunal, que lhe concede o tempo estritamente necessário para a
preparação da defesa, se tal lhe for requerido 1/f) e 358/1/2 e, ainda, 424/3- com a
consequência de ser nula a sentença que condenar fora destas condições 379/1/b).
c. É distinta da questão da alteração dos factos a da alteração da qualificação jurídica dos
factos
i. Em primeiro lugar porque diz respeito aos factos produzidos na audiência de
julgamento 339/4
ii. Há alteração da qualificação jurídica dos factos quando os fatos se mantêm,
alterando-se somente a sua qualificação jurídica. A é acusado de homicídio
simples, por se ter entendido que a morte não foi produzida em circunstâncias
que relevassem uma especial censurabilidade do agente ou perversidade do
agente, e vem a ser condenado por crime de homicídio qualificado, por o
tribunal de julgamento, perante os mesmos fatos, ter concluído por uma
especial censurabilidade 131 e 132 CP.
iii. Sobre a alteração da qualificação jurídica dos factos dispõe o 358/3 e
remetendo para o nº1 deste artigo o legislador equiparou, tal como sucede na
fase de instrução, o regime da alteração da qualificação dos factos ao da
alteração não substancial dos factos- a única diferença é que não se considera
nula a sentença que condenar fora destas condições- se a alteração da
qualificação jurídica se puser em sede de recurso, também é dada ao arguido a
possibilidade de defesa, de acordo com o estatuído no 424/3.
5. Presença do arguido na audiência do julgamento:à áàp ese çaàdoàa guidoà a audiência de
discussão e julgamento não é, assim, tão só imposta por exigências de um direito de defesa
corolário do princípio do contraditório e, portanto, por um mero interesse do arguido: impõe-

2
Terminologia jurídica para águas de bacalhau.

29
a,àa tes,àaàp óp iaà ausaàpú li a - esta obrigatoriedade que consta no nosso CPP do 332/1
sofre porém algumas especificações:
a. O arguido pode ser julgado na ausência se (especialmente 334)
i. Tendo sido regulamente notificado, não estiver presente na hora designada
para o início da audiência, depois de o presidente tomar as medidas necessárias
e legalmente admissíveis para obter a sua comparência, nomeadamente a sua
detenção 333/1 e 7, 116/2, 254/1/b)
1. Considera-se regulamente notificado do despacho que designa dia para
a audiência 313, o arguido/notificando que o tenha sido mediante
conato pessoal ou mediante via postal registada 113/1/a) e b)
a. Se o arguido tiver prestado termo de identidade e residência,
considera-se regularmente notificado mediante via postal
simples, por meio de carta ou aviso- como a autoridade
judiciária sujeita a termo de identidade e residência todo aquele
que for constituído arguido 196/1, garante-se facilmente a
regularidade da notificação.
2. Poderá ser julgado na ausência, a seu requerimento ou com o seu
consentimento, sempre que se encontrar praticamente impossibilitado
de comparecer, nomeadamente por: idade; doença grave ou residência
no estrangeiro- sem prejuízo de o tribunal poder ordenar a sua
presença, interrompendo ou adiando a audiência 333/4, 334/2 e 3.
3. Se ao caso couber processo sumaríssimo mas o procedimento tiver sido
reenviado para forma comum e se o arguido não poder ser notificado
do despacho ou faltar injustificadamente. Sem prejuízo de o tribunal
poder ordenar a sua presença, interrompendo ou adiando a audiência
117, 334/1 e 3, 398
ii. O critério para julgamento na ausência é a regularidade da notificação, não
distinguido, para este efeito, os casos em que o arguido falta justificadamente
ou injustificadamente 116, 117
iii. Sem prejuízo da audiência ser adiada se o tribunal considerar indispensável para
a descoberta da verdade material a sua presença desde o início da audiência
333/1.
iv. A tutela do direito de defesa do arguido impõe que nestes casos haja assistência
obrigatória do defensor 64/1/h), 333/7 e 334/4.
v. O prazo de interposição de recurso pelo arguido se conte a partir da notificação
da sentença, ressalvados os casos em que este requeira ou consinta que a
audiência tenha lugar na sua ausência 333/5/6/7.
b. Fora destes casos de ausência do 334: é notificado por editais para se apresentar num
prazo de 30 dias, sob pena de ser declarado contumaz- se não for possível contata-lo, se
não tiver prestado termo de identidade e residência seja possível executar a detenção
ou a prisão preventiva referida no 116/2 e 254 (embora esta norma só faça sentido se
entendermos que neste caso não valem os requisitos do 204) – será declarado
contumaz se não se apresentar em juízo no prazo fixado para este efeito 337/6
i. A declaração de contumácia: é um mecanismo de desmotivação da falta do
arguido à audiência de julgamento, por via de efeitos previstos no 337/1,2,3 
Além de implicar para o arguido a passagem imediata de mandado de detenção.
Os efeitos legais desta declaração são:

30
1. A anulabilidade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial que o
arguido haja celebrado após a declaração
2. A proibição de obter determinados documentos, certidões ou registos
junto de autoridades públicas
3. O arresto, na totalidade ou em parte, dos bens do arguido
ii. A declaração de contumácia caduca logo que o arguido se apresente ou seja
detido, sendo logo sujeito a termo de identidade e residência, momento a partir
do qual passará a poder ser notificado por via postal simples e ter-se por
regularmente notificado, com a consequência de poder ser julgado na ausência.
6. A sentença: o último ato do julgamento, seguindo-se imediatamente ao encerramento da
discussão 361/2 e 365/1. Esta é encerrada findas as alegações orais e produzidas as últimas
declarações do arguido, caso queira declarar a bem da defesa 360 e 361.
a. Toma forma de sentença quando proferido pelo tribunal singular ou de acórdão quando
proferido pelo tribunal coletivo ou de júri 97/1/a).
b. A sentença conhece decisões condenatórias ou absolutórias 374/3/b), 375/3, 376/3.
c. O tribunal tem de conhecer duas questões essenciais:
i. Questão da culpabilidade 368
ii. A questão da determinação da sanção 369- esta autonomização permite mesmo
a reabertura da audiência para este efeito, se o tribunal considerar que é
necessário produzir prova suplementar para determinação da espécie e da
medida sanção a aplicar 369/2 e 371.

Impugnação das decisões- reclamação e recursos: as decisões judiciais, que têm forma de despacho;
sentença ou acórdão 97/1/2 são passíveis de impugnação, por via de reclamação ou recurso. O recurso
é uma garantia de defesa do arguido- com isto queremos dizer que é constitucionalmente admissível,
não havendo qualquer violação do princípio da igualdade, que a matéria dos recursos seja regulada de
maneira diferente em relação ao arguido, por comparação com o assistente e o MP, designadamente
quando a recorribilidade das decisões sejam mais ampla relativamente ao primeiro.

1. Recursos ordinários: são da competência dos tribunais da relação ou do STJ 11/4/b), 12/3/b),
427 e 432- sendo propósito do legislador circunscrever a competência do STJ aos casos de maior
gravidade.
a. Princípios
i. O princípio geral da recorribilidade das decisões 399: segundo o qual é
permitido recorrer dos acórdãos, das sentenças e dos despachos cuja
irrecorribilidade não esteja prevista na lei- casos do 400, 36/2, 89/2, 291/2,
285/4, 310/1/2.
ii. O princípio da proibição da reformatio in pejus: consta integralmente do 409. É
de salientar que a agravação não se aplica, porém, à agravação da quantia
fixada para cada dia de multa, se a situação económica e financeira do arguido
tiver entretanto melhorado de forma sensível.
1. O princípio estende-se também aos recursos extraordinários, face ao
estabelecido no 443/3, 463/2
2. Este princípio é uma garantia do arguido, uma modificação para pior da
sanção aplicada na decisão recorrida, constituiria um contra motivo
sério para o recorrente.
iii. O princípio da tramitação unitária (tendencialmente unitária)
iv. O princípio do duplo grau de recurso: de acordo com o qual ainda é admissível
recurso da decisão proferida em recurso, com a consequência de haver um tripo

31
grau de jurisdição, ainda que restrito à matéria de direito. Este princípio sofre
porém extensas limitações no direito vigente, devendo acentuar-se que a
tendência do legislador tem sido a de restringir sucessivamente o tripo grau de
jurisdição, rese va doàoà“TJàpa aà asosàdeà aio à e e i e toàpe al - pode
mesmo defender-se que, com algumas exceções, o princípio regra é, em bom
rigor, o do grau único de recurso. Segundo o 400/1 não há duplo grau de
recurso em todos aqueles casos elencados (não vou elencar, é ler e comer).
b. Poderes de cognição: variam consoante este seja interposto junto do tribunal da
relação ou do STJ.
i. Os tribunais da relação conhecem de facto e de direito 428- recurso de
apelação
1. Não obstante esta repartição, o recurso para a relação pode visar
exclusivamente matéria de direito, uma vez que não é só o objeto do
recurso que determina a competência do tribunal para dele conhecer.
Assim independentemente do tribunal recorrido ter sido singular,
coletivo ou de júri, o recurso interpõe-se para a relação, ainda que vise
exclusivamente matéria de direito, se a pena aplicada em 1ª instância
não for superior a 5 anos 427 e 432/1.
ii. O STJ visa o reexame da matéria de direito 434- recurso de revista
1. Não obstante o recurso para o STJ ser de revista, pode ter como
fundamentos os indicados no 410/2- o que faz do recurso interposto
para o STJ um recurso de revista ampliada ou alargada (aos vícios
atinentes à matéria de facto previsto nesta disposição legal).
iii. O princípio do duplo grau de jurisdição estende-se hoje também às decisões
proferidas pelo tribunal de júri- pode apelar-se primeiro para a relação e
recorrer depois, em matéria de direito, para o STJ. Porém esta extensão
questiona-nos sobre a conformidade constitucional de alguns pontos do regime
legal do 207 CRP: a questão não estará propriamente na admissibilidade de
recurso em matéria de facto, mas antes na modificabilidade da matéria de facto
por um tribunal de recurso cuja composição não é integrada por jurados. Estes
juízes leigos têm competência decisória, pelo menos, quanto à matéria de facto
e de competir aos jurados não apenas a primeira palavra, mas também a última
palavra quanto à decisão da matéria de facto, esta garantia constitucional não é
respeitada quando um tribunal de recurso, composto exclusivamente por juízes
de direito, modifique, além do previsto no 410/2, a matéria de facto fixada
também pelo júri quando proferiu a última palavra.
2. Recursos extraordinários
a. Fixação da ju isp udê ia 7 e ss’s: é da competência do pleno das secções criminais
11/3/c) e 437/1
i. Tem lugar quando
1. No domínio da mesma legislação, o STJ proferir dois acórdãos que,
relativamente à mesma questão de direito, assentem em soluções
opostas; ou;
2. Também no domínio da mesma legislação, um tribunal da relação
proferir acórdão que esteja em oposição com outro, da mesma ou de
diferente relação, ou do STJ, e dele não for admissível recurso ordinário.
ii. Os acórdãos consideram-se proferidos no domínio da mesma legislação
quando, durante o intervalo da sua prolação, não tiver ocorrido modificação

32
legislativa que interfira, direta ou indiretamente, na resolução da questão de
direito controvertida 437/1, 2 e 3.
iii. O recurso é interposto por meio de requerimento 437/1 sendo que o
recorrente, ao pedir a resolução do conflito 445/1 não tem de indicar o sentido
em que deve fixar-se a jurisprudência 442/2.
iv. A decisão que resolver o conflito tem eficácia somente no processo em que o
recurso foi interposto e nos processos cuja tramitação tiver sido suspensa nos
termos do 441/2  Não constitui jurisprudência obrigatória para os tribunais
judiciais 445/1,2 e 3, porém estes tribunais, devem fundamentar as
divergências relativas à jurisprudência fixada sendo diretamente recorrível para
o STJ qualquer decisão proferida contra esta jurisprudência 445/3 parte final,
446/1/2.
b. Revisão 9 e ss’s: compete às secções criminais do STJ 11/4/d), 455, 456, 457
i. Fundamentos regulados no 449: resumem-se na ideia que é admissível revisão
da sentença condenatória, transitada em julgado, quando resultarem grandes
dúvidas sobre a justiça da condenação (como será o caso de provas proibidas
que serviram de fundamento à condenação nos termos do 126/1,2,3;
inconstitucionalidade com força obrigatória geral de norma de conteúdo menos
favorável ao arguido; uma sentença vinculativa do estado português proferida
por uma instância internacional, for inconciliável com a condenação ou suscitar
graves dúvidas sobre a sua justiça, etc.)
ii. Ao conhecimento do pedido de revisão corresponderá uma decisão de
negação ou autorização da mesma, neste último caso, há reenvio do processo
ao tribunal de categoria e composição idêntica às do tribunal que proferiu a
decisão rever que se encontrar mais próximo 455/2, 456, 457/1.

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