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Práticas Processo Penal

Fases do processo:

Inquérito – instrução – julgamento

O inquérito pode ter arquivamento ou acusação


A instrução começa com o RAI (arguido ou assistente)
Pode haver despacho de pronúncia (dá origem ao julgamento) ou de não pronúncia.

Parte estática – aplicam-se sempre (sujeitos, por exemplo) – até ao 262º.

Os autos são lavrados. Se um facto consta do auto, o facto está provado. Não tem a ver
com matéria de direito.

A invalidade regra é a irregularidade – 123º. Há nulidades, sendo taxativas. Quando não


há nulidade há irregularidade.

Livre apreciação em regra – 127º.

Em regra, tudo é recorrível, a não ser que expressamente diga.

Reclamação – órgão que proferiu o ato.


Recurso – entidade superior

Sujeitos processuais

a) Ministério público
b) Tribunal
c) Arguido
d) Assistente – 69º
e) Defensor

Os sujeitos processuais conseguem alterar a dinâmica do processo ou têm poderes de


confirmação da lide (podem determinar o fim do processo, por exemplo).
Em princípio o arguido prática atos através do defensor, mas nem sempre, por exemplo
quando responde a perguntas, atua diretamente.

Porque não se chamam partes?

Assistente – sujeito processual constituído como tal – sujeito processual. Titular da


legitimidade.
Vítima/ofendido/lesado – não têm os poderes d art 69º. A vítima está no 67º a). O
ofendido está no 68º/1 titular de interesses que a lei quis proteger.
Antes de requerer é ofendido, depois é assistente.
O lesado ou demandante – pessoa que sofreu um dano civil pela prática de um ilícito
criminal e que deduzir PIC.
Num model acusatório puro há partes. Num modelo acusatório mitigado pelo princípio
da investigação temos de dizer que são sujeitos. A entidade a quem compete a acusação,
pode e deve sair em defesa do arguido quando se justifique.
O ministério público pode sair em defesa do arguido!

Caso prático 1

A atribuição da titularidade da ação penal ao MP é constitucional? Considere na


sua resposta o teor do Acórdão do TC nº 7/1987

a) O artigo 177º/2

“Dispondo o nº2 do 34º da CRP que a entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua
vontade só pode ser ordenada pela autoridade judicial competente, ou seja, por um juiz,
votei a inconstitucionalidade total dessa norma (177º/2 CPP), que permite que em certos
casos as buscas domiciliárias sejam ordenadas pelo MP ou efetuadas por órgão de
polícia criminal.” – Mário de Brito.

b) O artigo 281º

“Pretendeu o Código, sem dúvida, consagrar a suspensão do processo, objeto deste


artigo (281º CPP), em toda a sua regulamentação, designadamente enquanto faculdade
do MP. Não se contendo essa faculdade nos poderes do MP (224º da CRP) e
traduzindo-se ela no exercício da função jurisdicional, que é da exclusiva competência
dos tribunais (206º CRP), a consequência não pode deixar de ser a
inconstitucionalidade de toda a norma.” – Mário de Brito.

O MP abstém-se de acusar, discricionariamente, podendo impor sanções ao arguido,


algumas delas consistindo em privações da liberdade. Para além disso, não há aqui
nenhuma intervenção do juiz. Pode o MP dispor discricionariamente do poder de
exercer ou não a ação penal, podendo deixar de exercê-la, apesar de ter recolhido
elementos bastantes para acusar o arguido de determinado crime. Não está aqui em
causa suspender o processo em determinadas condições, mas dar discricionariedade ao
MP para decidir quando o faz. Por outro lado, ao suspender o processo, mediante a
aplicação de injunções ou regras de conduta ao arguido, atribui-se ao MP uma função
verdadeiramente jurisdicional, a qual conduz à aplicação de verdadeiras sanções, na
base de um juízo sobre a responsabilidade criminal do arguido. Por último, algumas das
penas, designadamente as que constam do nº2 e) e f), consubstanciam verdadeiras
privações da liberdade (parciais) que a CRP apenas admite nos casos do artigo 27º, ou
seja, excetuados os casos do nº2, mediante condenação judicial – há, nos casos, uma
condenação não judicial. Coloca-se em causa a competência exclusiva dos tribunais
para julgar e a reserva do juiz para impor privações ou restrições à liberdade pessoal dos
cidadãos. – Vital Moreira

c) O artigo 263º

“Aquando da revisão constitucional de 1982, houve propostas no sentido de alterar


aquela regra constitucional (de que toda a instrução é competência de um juiz). Todavia,
tais ideias não lograram aprovação, e a única alteração consistiu em dispor que o juiz de
instrução pudesse delegar noutras entidades a prática de atos instrutórios, salvo dos que
se não prendam diretamente com os direitos fundamentais. Foi então afirmada a regra
do caráter jurisdicional da instrução.”

“Ora, o presente CPP procede de novo a uma cisão da instrução em duas fases; uma, a
que agora chama de “inquérito”, que é, de novo, confiada ao MP e retirada portanto da
competência judicial; outra, que agora detém em exclusivo o nome de instrução, que
continua confiada a um juiz.”

“Regressou-se a um sistema essencialmente idêntico àquele que a CRP quis abolir. Por
isso, não pode ser mais flagrante a infração à CRP que por essa via se efetua.”

Aula (correção)

1) Qual o problema
2) Como resolver

Problema da constitucionalidade tem que ver com a ideia de ter havido uma burla de
etiquetas – antes, o que agora é o inquérito, era a instrução preparatória e a instrução
contraditória. Como se fala em inquérito e não instrução, tudo o que não é instrução,
não tem que ser competência do juiz, assim o inquérito pode não pertencer ao juiz.
Figueiredo Dias afirma que tal não é verdade, porque houve um momento prévio à CRP
em que se introduziu o conceito de inquérito policial, não fugiu assim o CPC à CRP
pois o conceito é prévio à mesma.
Vital Moreira entende que o princípio da judicialidade implica que os atos de inquérito
sejam controlados e praticados pelo juiz. A lista não é suficiente para que a posição do
arguido é assegurada. O MP não é independente, não oferecendo as mesma garantias
que um juiz, sendo esta atribuição de competências inconstitucional.
O Professor Figueiredo Dias entende que a direção do inquérito por parte do MP não
dispensa o controlo do juiz. Ainda que implique atos de instrução, nem todos os atos de
instrução são potencialmente lesivos de direitos liberdades. Todos os atos que caibam
na previsão do 32º/4 são os que estão no 268º. A magistratura do ministério público é
autónoma. A instrução como fase facultativa é entendida pelo professor como não
impedindo a decisão do ministério público, pois o arguido pode sempre arguir o RAI.
Não queremos que a entidade que acusa seja a mesma que julga (268º e 269º).

Caso pratico 2

Violará o princípio da estrutura acusatória a promoção pelo MP nos termos do


artigo 16º/3 CPP? Estará o juiz vinculado a tal promoção? Considere o acórdão
TRL de 20/11/2007 e TC nº 265/95.

o Acórdão TRL 20/11/2007

32º/5 da CRP consagra que “o processo penal tem estrutura acusatória”.


Nulidade insanável do 119º e) do CPP (violação das regras de competência do tribunal),
em relação à acusação deduzida pelo MP. No caso concreto, o MP não poderia usar a
faculdade prevista no 16º/3 porque “em concreto, em cúmulo jurídico em caso de
eventual condenação, nunca poderá este Tribunal aplicar pena igual ou inferior a cinco
anos de prisão.”

Entendeu o tribunal que, na medida em que, em caso de concurso, o limite mínimo da


pena única corresponde à mais elevada das penas concretas (77º/2 CP), pena concreta
esta que resultará da pena abstrata que, no caso concreto é 2 anos, é manifesto que o
despacho do MP e a utilização do 16º/3 não padece de ilegalidade, na medida em que é
possível condenar em pena inferior a 5 anos.

o Acórdão 265/95

Pronúncia do Tribunal Constitucional pela não-inconstitucionalidade do 16º/3 CPC.

Declaração de voto – a norma, ao atribuir ao MP poder para determinar na acusação a


competência do tribunal em função de um juízo de prognose sobre a medida da pena
concretamente aplicável, vem condicionar o conteúdo da sentença através de critérios
que não são de estrita punibilidade do facto, na medida em que não houve ainda
produção de prova correspondente. Findo o inquérito, ainda só foram recolhidos
“indícios suficientes” de se ter verificado o crime. A possibilidade de o MP condicionar
a concretização da estatuição, independentemente da prova da gravidade do facto e da
culpa do agente é uma interferência na conexão entre preceito primário e secundário da
norma incriminadora.

É violado o 32º/1, na medida em que ao arguido não é reconhecido o direito de ser


julgado em tribunal coletivo, mesmo que o pretenda. O problema quanto a este tópico, é
que o 16º/3 impede que as garantias acrescidas do tribunal coletivo funcionem, naqueles
casos, por vontade exclusiva de um dos sujeitos processuais: o MP. O despacho acaba
por ter uma força jurídica superior à da própria sentença, na determinação da pena,
restringindo-se a garantia do acesso aos tribunais para a defesa dos direitos e interesses
legítimos do assistente – 20º/1 CRP – pois não há direito de oposição do assistente à
intervenção do tribunal singular. – Maria Fernanda Palma.

o Código anotado

A interpretação de que o 16º/3 do CPP, nos termos da qual o despacho do magistrado do


MP não é passível de reclamação hierárquica é inconstitucional, por violação do 20º/2,
32º/1, 219º/1 CRP. Pode o superior hierárquico ordenar a revogação do despacho.

A omissão de um controlo judicial da adequação da decisão do magistrado do MP que


aplica o 16º/3 não é inconstitucional, não violando o princípio da independência dos
tribunais, nem o princípio do juiz legal (Figueiredo Dias, Germano da Silva). O
magistrado pode violar o 16º/3. Nesse caso, o tribunal singular deve exercer o controlo
sobre o uso indevido desta faculdade e designadamente verificar se natureza do crime
imputado permite o uso da faculdade do artigo 16º/3.
Podemos dizer que o superior hierárquico do magistrado do MP pode controlar a
legalidade substantiva e processual do juízo do magistrado que fez uso da faculdade do
16º/3; o juiz apenas pode controlar a legalidade processual.

Correção aula:

16º/3. Se a estrutura acusatória tem aquele modelo que a pessoa que julga não é a
mesma que acusa, o 16º/3 podia abrir portas a que o MP fizesse mais que acusar.
Isto viola a estrutura acusatória? Depende. Se o MP fizer isto e não houver nenhuma
consequência, está apenas a pronunciar-se sobre a sua acusação (os factos que
investigou redundam numa pena de x). O facto de haver vinculação do juiz (se a
houver) é que pode violar este princípio acusatório. O juiz está vinculado? 16º/4 diz que
não pode aplicar pena superior. O juiz tem que aceitar no sentido de que a pena só pode
ser até 5 anos? A partir do momento em que o juiz aceita a competência está vinculado,
se achar que não é competente, permanece no tribunal coletivo, e não está vinculado.

Caso pratico 1

Qualificar a natureza jurídica dos crimes e indicar os trâmites necessários para a


promoção do processo penal

A natureza do crime é uma norma que consta do CP e não do CPC.

131º - público
143º - semi-público – em princípio as agravações alteram a natureza do crime para
público
180º - particular – a norma sistematicamente considerada (188º/1) exige acusação
particular
328º/3 – público mas com regime atípico
203º - semi público
210º - público
203º + 207º - torna particular

Consequências processuais:
a) Determinação da natureza do crime. Ver no CP se há uma condição de
procedibilidade (queixa ou acusação particular)

1) Abertura do inquérito – 48º a 50º; 241º e ss; 262º/2; 113º e ss CP

i) Públicos = 48º - aquisição da notícia do crime + 241º + 262º/2


(princípio da oficialidade e da legalidade)

ii) Semi-públicos = 49º + 113º e ss CP (exceção ao princípio da


oficialidade e legalidade) + 241º + 242º/3 + 43º + 113º e ss CP +
262º/2. Situações especiais do 113º/2 e 3 (no homicídio não é o
morto que apresenta queixa, embora não seja bom exemplo por ser
um crime público, o que interessa é que nem sempre é o ofendido a
apresentar queixa). A natureza do crime na participação é semi-
publico (mas só pode ser apresentada por uma autoridade ou pessoa
coletiva). Regime atípico do 113º/5 e 6. 285º (acusação particular –
só depois do inquérito, não encerra o inquérito, mas é posterior).

iii) Particulares = 50º- é necessário queixa (50º/1 – regime da queixa +


246º/4) + 68º/2 (prazo para constituição como assistente) + 285º +
241º + 242º/3 (notícia do crime) + 113º a 116º CP ex vi 117º CP.

2) Encerramento do inquérito

i) Públicos + semi-públicos – pode haver acusação do MP (283º - ou


283º + 16º/3; 280º; 281º; 392º também podem levar ao encerramento)
ou arquivamento (277º). Na acusação o assistente também pode
deduzir uma acusação subordinada (284º) ou RAI (287º/1 b)) – se for
uma alteração substancial de factos tem de ser RAI, se não for
substancial pode ser através de acusação subordinada. O arguido
também pode apresentar RAI (287º/1 a)). No que toca ao
arquivamento – arguido (287º/1 a) pode requerer RAI - apenas Paulo
Sousa Mendes defende – se o arguido, mesmo em caso de
arquivamento, não puder querer a RAI não tem decisão que faça caso
julgado sobre o assunto). O assistente pode também ele apresentar
RAI (287º/1 b)); fazer intervenção hierárquica (278º).

ii) Particulares – MP notifica o assistente para deduzir acusação


particular (285º/1) e perante isto pode acontecer: assistente não deduz
acusação particular e o MP tem de arquivar (277º/1 in fine);
assistente deduz acusação particular e o MP pode acompanhar
(285º/4) ou não acompanha (continua na mesma). O arguido pode
pode apresentar RAI (287º/1 a))

3) Detenção em flagrante delito + 381º (processo sumário) + 119º/ f)

i. Públicos – detenção obrigatória por parte da autoridade judiciária ou


policial. Detenção facultativa e subsidiária para qualquer outra
pessoa1, podendo ter lugar quando a autoridade judiciária ou a
entidade policial não estiver presente nem puder ser chamada em
tempo útil2 + 256º + 259º

ii. Semi-públicos – detenção obrigatória por parte da autoridade


judiciária ou policial. Detenção facultativa por qualquer pessoa nos
mesmos termos previstos para os crimes públicos (a alínea b) do nº1

1
Não há autorização para utilizar armas, nem invadir o domicílio do suspeito ou de terceiros, embora possa ser
utilizada a força física e até instrumentos de imobilização, como cordas, ou encerrar o suspeito num espaço físico
fechado ou perseguir o suspeito com o automóvel na via pública, quando esta atuação seja necessária, proporcional
e não ponha em perigo o suspeito e terceiros (ROXIN). O particular pode incorrer em responsabilidade criminal se
não estiverem verificados os requisitos legais da detenção.
2
O art. 6º da Lei 9/2007, de 19/02, prevê que o secretário geral do Sistema de Informações da República
Portuguesa, os membros do seu Gabinete e os funcionários e agentes do SIED, do SIS e das estruturas comuns não
podem proceder à detenção de qualquer pessoa ou instruir inquéritos e processos penais. Esta proibição, contudo,
não inclui a faculdade de qualquer cidadão deter em flagrante delito se uma autoridade judiciária ou policial não
estiver presente nem puder ser chamada em tempo útil.
do 255º e nº3 do 255º não se restringe aos crimes públicos) + 256º +
259º

iii. Particulares – não há lugar a detenção em flagrante delito, mas


apenas à identificação do infrator – 255º/4.

4) Forma do processo

i. O processo sumário é aplicável - a todos os detidos em flagrante


delito, nos termos do 255º e 256º, por crime punível com pena de
prisão cujo limite máximo não seja superior a 5 anos, mesmo em
caso de concurso de infrações, pela autoridade judiciária ou policial e
ainda os detidos por qualquer pessoa se o detido for entregue no
prazo de 2 horas àquela autoridade ou entidade. Também são
julgados em processo sumário os detidos em flagrante delito por
crime punível com pena de prisão de limite máximo superior a 5 anos
quando o MP, na acusação, entender que não deve ser aplicada, em
concreto, pena de prisão superior a 5 anos. O incumprimento destes
requisitos gera nulidade insanável (119º/ f) + 53º + 386º).
Se for aplicada a forma de processo comum ou abreviado quando a
lei determinar a utilização da forma de processo sumário, verifica-se
a nulidade o art 120º/2 a), mas a arguição da nulidade só aproveita ao
interessado quando se verificar dentro do prazo de julgamento em
processo sumário.
Exceções ao processo sumário. Arguido detido em flagrante delito
por crime e injúria ao PR por entidade policial e apresentado
imediatamente a julgamento não pode ser julgado em processo
sumário, por o julgamento desse crime pertencer à competência
reservada do tribunal coletivo3 (14º/1 e 2 a)); esta forma de processo
também não é aplicável às pessoas coletivas (estas não podem ser
detidas em flagrante delito). Apenas crimes públicos e semi-públicos,
porque não há detenção em flagrante delito nos crimes particulares.

ii. O processo abreviado é aplicável – a crimes puníveis com pena de


multa ou com pena de prisão não superior a 5 anos, mesmo em caso
de concurso de infrações, havendo prova evidente de se terem
verificado o crime ou crimes e de quem foi o seu agente; crimes
puníveis com pena de multa ou prisão superior a 5 anos, mesmo em
caso e concurso de infrações, havendo prova evidente de se terem
verificado o crime ou crimes e de quem foi o seu agente, quando o
MP, na acusação, entender que não deve ser aplicada, em concreto,
pena de prisão superior a 5 anos. O emprego desta forma de processo
em violação dos requisitos essenciais constitui nulidade insanável
(119º f)). Se se empregar a forma de processo comum, a nulidade tem
de ser arguida até 5 dias após a notificação do despacho que designar
dia para a audiência na forma de processo comum (120º/2 a)). Nada
obsta ao julgamento de pessoa coletiva em processo abreviado,
devendo funcionar a regra da equiparação do art 90-B do CP.

3
Acórdão do TRL de 21/12/2000
iii. O processo sumaríssimo é aplicável – quando exista imputação da
prática de crimes puníveis com pena de prisão não superior a 5 anos,
sejam eles puníveis com esta pena apenas ou em alternativa com
pena de multa, quer ainda caso sejam cumulativamente aplicáveis,
quer por fim, seja punível com pena de multa; mesmo em caso de
concurso de infrações; sendo necessária audição previa do arguido
pelo MP salvo no caso de a aplicação desta forma de processo ter
sido por ele requerida (+395º/2), o MP tem de entender que ao caso
deve ser concretamente aplicada uma ou mais das seguintes penas ou
medidas não privativas da liberdade: multa (47º CP); suspensão da
execução da pena de prisão (50º CP); proibição do exercício de
profissão, função ou atividade (43º/3 CP); regime de permanência na
habitação (44º CP), prestação de trabalho (58º CP); admoestação (60º
CP); interdição de atividades (100º CP); cassação do título e
interdição da concessão de veículo com motor (101º CP); e no que
respeita às pessoas coletivas, penas principais de multa e dissolução
(90º-A CP) e admoestação (7º/1 a) do DL nº 28/84, de 20/01).
Nos crimes particulares, a forma de processo sumaríssimo apenas se
aplica havendo concordância do assistente, sendo esta concordância
total (deve também ser posterior à constituição como assistente, mas
anterior à acusação particular).

5) Prazo de constituição como assistente + 268º

O juiz tem competência exclusiva para admitir a constituição como


assistente, independentemente da fase processual em que ela seja requerida.

i. Públicos – os assistentes podem intervir em qualquer altura do


processo, aceitando-o no estado em que se encontrar, desde que
requeiram ao juiz até 5 dias antes da exposição sumária do juiz no
início do debate instrutório ou do início da produção da prova na
audiência de julgamento (Ac. TRL de 5/07/1995). A circunstância de
o ofendido não ter requerido a constituição como assistente antes do
debate instrutório não obsta a que o faça antes da produção de prova
na audiência de julgamento (Ac. TRP e 26/10/1994 e TRP de
21/01/2004), mas obsta a que o ofendido recorda do despacho de não
pronúncia ( Ac. TRP de 17/04/1991 eTRP de 19/06/2002). Se o MP
arquivar o processo, o ofendido pode requerer a abertura da instrução
e a sua constituição como assistente na mesma peça processual. (Ac.
TER de 26/01/1999). 68º/3 c)

ii. Semi-públicos – os assistentes podem intervir em qualquer altura do


processo, aceitando-o no estado em que se encontrar, desde que
requeiram ao juiz até 5 dias antes da exposição sumária do juiz no
início do debate instrutório ou do início da produção da prova na
audiência de julgamento (Ac. TRL de 5/07/1995). A circunstância de
o ofendido não ter requerido a constituição como assistente antes do
debate instrutório não obsta a que o faça antes da produção de prova
na audiência de julgamento (Ac. TRP e 26/10/1994 e TRP de
21/01/2004), mas obsta a que o ofendido recorda do despacho de não
pronúncia ( Ac. TRP de 17/04/1991 eTRP de 19/06/2002). Se o MP
arquivar o processo, o ofendido pode requerer a abertura da instrução
e a sua constituição como assistente na mesma peça processual. (Ac.
TER de 26/01/1999). 68º/3 c)

iii. Particulares – o ofendido deve ser advertido expressamente da


obrigatoriedade de constituição como assistente e dos procedimentos
a observar, quer isto dizer que tem 10 dias contados da advertência
para requerer a sua constituição como assistente. Se nada fizer depois
de legalmente advertido, fica precludido o direito de se constituir
como assistente, uma vez que o legislador propositadamente omitiu
uma disposição que permitisse a “repropositura da ação penal” pelo
mesmo facto. Se o órgão de polícia criminal não proceder à
advertência, o pedido de constituição como assistente pode ser
apresentado até ao termo do prazo para dedução de queixa (Ac. TRP
de 15/03/2006). 246º/4 + 68º/2

Caso prático 2

Considerando, como ponto de partida, o furto de coisa (móvel e alheia), qualifique


a natureza jurídica dos seguintes crimes.

O furto encontra-se consagrado no art 203º do CP. Sendo que no nº3 se dispõe eu o
procedimento criminal depende de queixa, estamos perante um crime semi-público.

Uma unidade de conta é igual a 102€, nos termos do art. 5/2 do Regulamento das Custas
Processuais.

Art 202º “Definições legais”.


a) Valor elevado – aquele que exceder 50 unidades de conta (5.100€)
b) Valor consideravelmente elevado – aquele que exceder 200 unidades de conta
(20.400€)
c) Valor diminuto – aquele que não exceder uma unidade de conta (102€)

a) No valor de 100 euros


Nos termos do artigo 202º c) do CP juntamente com o artigo 5º/2 do RCP,
estamos perante um valor diminuto pois não excede uma unidade de conta
(102€). Nos termos do artigo 204º/4, não há qualificação se a coisa ou animal
furtados forem de diminuto valor. Assim, estamos perante um furto simples, nos
termos do artigo 203º.
Sendo que nos termos do nº3 deste artigo o procedimento criminal depende de
queixa, estamos perante um crime semi-público, dependente de queixa.
207º/1 b) dá? Depende da coisa. Se estiver verificado é particular, senão é semi-
público.

b) No valor de 5.000 euros


Nos termos do artigo 202º a) e 5º/2 do RCP, estamos perante um valor elevado
quando exceder 50 unidades de conta, ou seja, 5.100€. Sendo que não excede,
não estamos perante um furto de coisa de valor elevado, não há elemento
qualificador do crime, pelo que estamos perante um furto simples, que segue o
regime do art. 203º. Sendo que o nº3 desse artigo refere que o procedimento
criminal depende de queixa, estamos perante um crime semi-público.

c) Na estação de metro da Cidade Universitária, no valor de 20.000 euros


Nos termos do artigo 202º b) e 5º/2 do RCP, o valor da coisa é
consideravelmente elevado quando ceda 200 unidades de conta, ou seja,
20.400€. Sendo que não excede esse valor, mas excede o valor de 5.100€
correspondentes a 50 unidades de conta, estamos perante um furto de uma coisa
de valor elevado, nos termos do artigo 202º a).
Assim, estamos perante um furto qualificado, nos termos do art. 204º/1 a) e b).
Nos termos do nº3, se na mesma conduta concorrerem mais do que um dos
requisitos referidos nos números anteriores, como sucede, só é considerado para
efeito de determinação da pena aplicável o que tiver efeito agravante mais forte,
sendo o outro ou outros valorados na medida da pena.
Sendo que o artigo 204º nada refere quanto ao procedimento criminal, estamos
perante um crime público.
Art 206º/1 não altera a natureza do crime, mas extingue a responsabilidade
criminal quando haja restituição.

d) Na estação de metro da Cidade Universitária, no valor de 70 euros


Nos termos do artigo 202º c) e 5º/2 do RCP estamos perante um furto de coisa
de diminuto valor, na medida em que não excede uma unidade de conta, que são
102€.
No entanto, a alínea b) do artigo 204º encontra-se preenchida, na medida em que
o furto ocorreu na estação de metro da Cidade Universitária.
Há que ter em atenção o artigo 204º/4 na medida em que não há lugar à
qualificação se a coisa ou animal furtados forem de diminuto valor, como
sucede.
Estamos então perante ausência de elemento qualificador, seguido assim este
furto o regime do artigo 203º. Estamos perante um crime semi-público, nos
termos do artigo 203º/3.
Talvez haja lugar à aplicação do 207º/1 b) – diminuto valor. Mas temos de saber
se a coisa é indispensável à satisfação de uma necessidade do agente ou outra
pessoa da alínea a) – não sabemos esta parte, se se verificar, o crime depende de
acusação particular.

e) Perpetrado pelo irmão da vítima, no valor de 1.000 euros


Sendo que o valor da coisa furtada não excede 5.100€, não estamos perante uma
coisa de valor elevado, nos termos do art. 202º a) + 5º/2 do RCP.
Não há qualquer elemento qualificador do furto, pelo que este segue o regime
previsto no art. 203º - furto simples. No entanto, nos termos do art 207º a), o
procedimento criminal depende de acusação particular, na medida em que o
agente é parente até ao 2º grau da vitima.
Estamos então perante um crime particular.

f) Perpetrado pelo irmão da vítima, no valor de 6.000 euros


Nos termos do artigo 202º a) e 5º/2 do RCP, estamos perante um furto de coisa
de valor elevado na medida em que excede 50 unidades de conta (5.100€).
Está então preenchida a alínea a) do art. 204º/1.
Não se aplica o art 207º pelo que estamos perante um furto qualificado, sendo
que este é um crime público.

Caso prático 3

A matou o pai quando este, tal como era do seu hábito desde há anos, espancava
violentamente e ameaçava de morte a sua mãe.
A mãe de A dirige-se em desespero ao MP, implorando-lhe que não abra inquérito
contra o filho, uma vez que este agiu “apenas em defesa da própria mãe e é bom
rapaz e bom estudante”, ameaçando suicidar-se se lhe tirarem o filho. O que deve
o MP fazer?

Estamos perante um crime previsto e punido pelo art. 132º/1 e 2 a) do CP – homicídio


qualificado ou privilegiado. Sendo que o artigo nada refere quanto ao procedimento
criminal, estamos perante um crime público.

Públicos = 48º (legitimidade do MP para promover o processo penal) - aquisição da


notícia do crime (241º) + 262º/2 (princípio da oficialidade e da legalidade – salvas
exceções, a notícia de um crime dá sempre lugar à abertura de inquérito.)

O inquérito compreende o conjunto de diligências que visam investigar a existência de


um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade deles e descobrir e recolher
as provas, em ordem à decisão sobre a acusação – 262º/1.

119º/d) 1º parte- nulidade insanável

Princípio da oportunidade e da legalidade – qual deles deve prevalecer? Certos autores


defendem ser o princípio da legalidade, outros que deve ser o princípio da oportunidade.

1) Identificação do crime de homicídio


2) Natureza pública do crime
3) Dever do MP promover a ação penal nos crimes públicos – princípio da
legalidade e oportunidade
4) Relação entre o princípio da oportunidade e legalidade – prevalência deste pela
natureza do crime em concreto
Caso prático 1

O princípio geral em processo penal é o princípio tempos regia actum, em que a lei
processual penal é de aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos realizados
na vigência da lei anterior, nos termos do art 5º/1.

Em primeiro lugar há que fazer uma distinção entre normas processuais penais strict
sensu e normas processuais penais materiais.
Enquanto que as primeiras são normas que regulam o modo de proceder dos tribunais na
definição concreta do direito penal, ou seja, são normas meramente técnicas (MFP), as
segundas são normas que condicionam a efetivação da responsabilidade penal ou
contendem diretamente com os direitos do arguido ou recluso (ATC) ou, numa outra
formulação, aquelas que têm efeitos sobre a penalidade concreta aplicável ao arguido
(GMS).

Às normas processuais penais materiais aplica-se o seguinte regime:


i. Aplicação do art 29º/4 da CRP, nos termos do qual ninguém pode sofrer pena ou
medida de segurança mais graves do que as previstas no momento da
correspondente conduta ou da verificação dos respetivos pressupostos,
aplicando-se retroativamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao
arguido (PPA); OU
ii. Aplicação exclusiva do 29º/4 da CRP e 2º/4 CP, seguindo o princípio da
proibição da retroatividade da lei penal desfavorável e da imposição de
retroatividade da lei penal favorável (ATC); OU
iii. Aplicação do art 5º/2 a) do CPP, por aplicação do princípio constitucional da
legalidade em matéria penal – 29º/1 CRP – (GMS); OU
iv. Aplicação do art 5º/2 a) CPP para afastamento da aplicação imediata da LN

Maria Fernanda Palma – dois limites à aplicabilidade da LPP: proibição de


retroatividade e outro limite decorrente do subprincípio do 5º/2 CPP

Resolução (ATC):

1) A norma de 2007 tem reflexos na responsabilidade penal, contendendo com o


direito de liberdade do arguido, na medida em que a duração máxima da prisão
preventiva foi aumentada
2) O termo de referência para aferir da sucessão de normas processuais de normas
processuais materiais é o da data dos factos (julho de 2004).
3) O art 29º/4 da CRP proíbe que se aplique retroativamente normas processuais
materiais menos favoráveis ao arguido.
4) Quando as normas processuais materiais vigentes no momento da prática do
facto punível forem diferentes das estabelecidas em leis posteriores, é sempre
aplicável o regime que concretamente se mostrar mais favorável ao agente
(analogia do art 2º/4 do CP)
5) Aplica-se os 15 meses previstos na lei à data da prática do facto criminoso por
proibição de retroatividade das leis posteriores, porque são mais desfavoráveis.
Regra: aplicação imediata – seria 24 meses. 24 meses não é o prazo mais baixo,
podemos ter alguma das exceções do 5º/2. Escolhermos uma posição. Aplicamos o 5º/2
a) (diz nos que não aplicamos a lei que está em vigor, há quem vá ao 29º/4 e 2º/4; ou há
uma lacuna vamos ao art 4º - normas penais materiais).

Escolher uma e aplicar.

Segunda pergunta

15 meses da mesma, porque 18 meses continua a ser mais desfavorável.

Caso prático 2

Embora a norma não condicione a responsabilidade penal, contende com o direito de


defesa do arguido em certo aspecto, na medida em que estamos perante uma alteração
dos pressupostos da recorribilidade.

Ac. STJ 25/06/2008

A lei processual que retira o direito a um dos graus de recurso constitui um agravamento
sensível e ainda evitável da situação processual do arguido, nomeadamente uma
limitação do seu direito de defesa.
É recorrível para o STJ a decisão proferida pela Relação já depois da entrada em vigor
da nova lei de processo que não reconheça esse grau de recurso, se a lei que vigorava ao
tempo da decisão da 1º instância o mandasse admitir.
É aplicável a nova lei processual à recorribilidade de uma decisão, que na 1º instancia já
tenha sido proferida depois da entrada em vigor dessa lei, independentemente do
momento em que se iniciou o respetivo processo.

Ac. STJ 4/2009 – Ac. De fixação de jurisprudência

Uma vez que, conquanto a lei processual penal seja, em matéria de recursos, de
aplicação imediata (5º/1 CPC), a aplicação da lei nova no caso vertente iria limitar os
direitos de defesa dos arguidos, visto retirar-lhes um grau de jurisdição.
Considerando que, tratando-se de acórdão condenatório proferido em recurso, pela
Relação, que confirmou decisão de 1º instância e aplicou pena de prisão não superior a
8 anos, com a entrada em vigor da lei nº 48/2007, de 29 de Agosto, o STJ perdeu
competência para conhecer de tais recursos.
Visto que a supressão de um grau de recurso quando já se iniciara a respectiva fase,
comprometendo as legítimas expectativas quanto ao direito a dele fazer uso, representa
um agravamento sensível e ainda evitável da situação processual do arguido,
nomeadamente uma restrição do seu direito de defesa.
É assim recorrível para o STJ a decisão proferida pela Relação já depois da entrada em
vigor da nova lei de processo que não reconhece esse grau de recurso, se a lei em vigor
à data da prolação da sentença em primeira instância o admitia.
Só há direito ao recurso após a decisão da instância.

Acórdão TRL 20/11/2007


32º/5 da CRP consagra que “o processo penal tem estrutura acusatória”.

Nulidade insanável do 119º e) do CPP (violação das regras de competência do tribunal),


em relação à acusação deduzida pelo MP. No caso concreto, o MP não poderia usar a
faculdade prevista no 16º/3 porque “em concreto, em cúmulo jurídico em caso de
eventual condenação, nunca poderá este Tribunal aplicar pena igual ou inferior a cinco
anos de prisão.”

Entendeu o tribunal que, na medida em que, em caso de concurso, o limite mínimo da


pena única corresponde à mais elevada das penas concretas (77º/2 CP), pena concreta
esta que resultará da pena abstrata que, no caso concreto é 2 anos, é manifesto que o
despacho do MP e a utilização do 16º/3 não padece de ilegalidade, na medida em que é
possível condenar em pena inferior a 5 anos.

Acórdão 265/95

Pronúncia do Tribunal Constitucional pela não-inconstitucionalidade do 16º/3 CPC.

Declaração de voto – a norma, ao atribuir ao MP poder para determinar na acusação a


competência do tribunal em função de um juízo de prognose sobre a medida da pena
concretamente aplicável, vem condicionar o conteúdo da sentença através de critérios
que não são de estrita punibilidade do facto, na medida em que não houve ainda
produção de prova correspondente. Findo o inquérito, ainda só foram recolhidos
“indícios suficientes” de se ter verificado o crime. A possibilidade de o MP condicionar
a concretização da estatuição, independentemente da prova da gravidade do facto e da
culpa do agente é uma interferência na conexão entre preceito primário e secundário da
norma incriminadora.

É violado o 32º/1, na medida em que ao arguido não é reconhecido o direito de ser


julgado em tribunal coletivo, mesmo que o pretenda. O problema quanto a este tópico, é
que o 16º/3 impede que as garantias acrescidas do tribunal coletivo funcionem, naqueles
casos, por vontade exclusiva de um dos sujeitos processuais: o MP. O despacho acaba
por ter uma força jurídica superior à da própria sentença, na determinação da pena,
restringindo-se a garantia do acesso ao direito e aos tribunais para a defesa dos direitos e
interesses legítimos do assistente – 20º/1 CRP – pois não há direito de oposição do
assistente à intervenção do tribunal singular. – Maria Fernanda Palma.

A interpretação de que o 16º/3 do CPP, nos termos da qual o despacho do magistrado do


MP não é passível de reclamação hierárquica é inconstitucional, por violação do 20º/2,
32º/1, 219º/1 CRP. Pode o superior hierárquico ordenar a revogação do despacho.

A omissão de um controlo judicial da adequação da decisão do magistrado do MP que


aplica o 16º/3 não é inconstitucional, não violando o princípio da independência dos
tribunais, nem o princípio do juiz legal (Figueiredo Dias, Germano da Silva). O
magistrado pode violar o 16º/3. Nesse caso, o tribunal singular deve exercer o controlo
sobre o uso indevido desta faculdade e designadamente verificar se natureza do crime
imputado permite o uso da faculdade do artigo 16º/3.
Podemos dizer que o superior hierárquico do magistrado do MP pode controlar a
legalidade substantiva e processual do juízo do magistrado que fez uso da faculdade do
16º/3; o juiz apenas pode controlar a legalidade processual.

B - Caso 1

A, B e C evadiram-se do Estabelecimento Prisional de Alcoentre. Durante a fuga,


na Roliça, A, B e C aproveitaram a “oportunidade” para, em conjugação de
esforços, matar o guarda prisional (D) daquele estabelecimento com quem tinham
uma “longa história em comum”. D foi assistido no local, contudo veio a falecer
poucos dias depois no Hospital Santa Maria (em Lisboa) para onde tinha sido
transferido. Admitindo que A, B e C foram, de seguida, detidos na Foz do Arelho,
e posteriormente foram acusados da prática do crime de evasão (p. e p. no art.º
352º/1 do CP), em autorias paralelas, bem como da prática (como co-autores) do
crime de homicídio (p. e p. no art.º 131º do CP), qual o tribunal material, funcional
e territorialmente competente para o julgamento dos processos?

FD (sujeitos processuais) : aqueles participantes a quem pertencem “direitos (que


surgem muitas vezes sob a forma de poderes-deveres ou de ofícios de direito público)
autónomos de conformação da concreta tramitação do processo como um todo, em vista
da sua decisão final”. São, para além do tribunal, MP e arguido, o defensor e o
assistente.

Estamos perante um caso em que é necessário apurar qual o tribunal material, funcional
e territorialmente para julgar os processos em causa.

Há certas regras relativas à competência que têm de ser observadas. Em primeiro lugar,
apenas os tribunais comuns, ou judiciais, têm jurisdição em matéria penal, nos termos
do art.º 211º da CRP. Dentro desta jurisdição, há posteriormente uma repartição em
função de critérios de competência. Há então que analisar 3 aspetos no caso:

1) Competência em razão da fase do processo (competência funcional) – têm de


intervir no processo pelo menos 2 juízes, um para a fase de investigação e outro para a
fase de julgamento, de modo a garantir o princípio da independência judicial – art.º
40º/1 b) CPP. Um juiz que presidiu ao debate instrutório na 1ª instância está impedido
de julgar também um recurso interposto no mesmo processo de uma decisão de rejeição
da constituição como assistente ou de intervenção de parte civil.

2) Competência em razão da espécie ou gravidade do crime, ou então da qualidade do


arguido (competência material) – divide-se em 2 vertentes: a competência em razão da
hierarquia e em razão da estrutura do tribunal. Não estamos perante casos que sejam da
competência do STJ em primeira instância (11º), nem da Relação /12º), nem do tribunal
do júri (13º).
Estamos perante competência do tribunal coletivo, nos termos do art.º 14º/2 a), no que
toca ao crime p. e p. pelo art.º 131º do CP, pelo facto de ser um crime doloso em que o
elemento do tipo é a morte de uma pessoa, afastando a aplicação do art.º 16º
(competência do tribunal singular). A lei estabelece uma distribuição de competências
entre o tribunal coletivo e o juiz presidente na audiência de julgamento. Ao juiz
presidente cabe decidir sobre a disciplina, direção e organização da audiência (322º/1 e
323º).
Quanto ao crime p. e p. pelo art.º 352º/1, este é da competência do tribunal singular, nos
termos do art.º 16º/2 b), na medida em que a pena máxima abstratamente aplicável é
inferior a 5 anos de prisão.

3) Competência em razão do lugar (competência territorial) – quanto à competência


territorial, o critério geral aponta para o lugar do delito. Quanto ao crime p. e p. pelo
art.º 131º do CP, há que aplicar o art.º 19º/2. É competente o tribunal em cuja área o
agente atuou ou, em caso de omissão, deveria ter atuado. Os agentes atuaram em
Alcoentre, logo será o tribunal coletivo dessa área, concretamente competente.
Quanto ao crime p. e p. pelo art.º 352º/1, é competente o tribunal aplica-se a regra do
art.º 19º/1, sendo competente o tribunal (singular) em cuja área se tiver verificado a
consumação – Alcoentre.

Competência por conexão: nos termos do art.º 24º/1 c) há conexão de processos quando
o mesmo crime tiver sido cometido por vários agentes em comparticipação. No crime de
homicídio os agentes são co-autores, pelo que tem sentido haver processamento
conjunto: economia de obtenção de prova; previne-se contradição de julgados; facilita-
se a atribuição de uma pena única ao mesmo agente nas situações de concurso de
crimes; etc.

Caso 5
5 .- cabe ao MP exercer a ação penal nos termos do art 219º CRP e 48º CPP, sendo que,
por força do art 53º/2/b) + 263º cabe-lhe dirigir o inquérito.
De acordo com o art 262º, o inquérito é dirigido para investir a existência de um crime,
recolher provas em visão de uma acusação ou arquivamento. O MP está adstrito a
deveres de legalidade e objetividade, pelo que as sua atuação se deve basear nesses
princípios.
Deve dirigir o inquérito de forma autonoma.
Nos termos do art 61/1/g), o arguido tem o direito de intervir no processo, apresentando
provas. Contudo, o MP não está vinculado às mesmas, sendo que pode indeferir o
requerimento probatório do arguido. Neste caso, o arguido não pode requer a intervenao
do juiz de instrução pois isso torna-lo-ia no “senhor do inquérito” (TC já se
pronunciou), sendo que o arguido apenas pode requerer a intervenção do superior
hierárquico do MP.
O único recurso é o Rai se tiverem verificados. Isto não é um problema pq as provas são
produzidas na audiência de julgamento. Não há um recurso verdadeiro!!!
Se o MP estivesse vinculado aos requerimentos probatórios das partes, então seriam as
partes a dirigir o inquérito.
Há algum ato obrigatório no inquerio?? Sim 272/1

Caso 7

Quem pode constituir-se como assistente?


C – pessoa com quem viveu em situação análoga à dos cônjuges
B – cônjuge (nada é dito que se separam) mas declarou que não o queria fazer
E – irmão
O art 68/1 refere que se pode constituir como assistente. Em primeiro lugar, isto direito
cabe ao ofendido. O ofendido (pessoa que a incriminação pretende proteger), neste caso,
morreu, portanto cabe atendermos à aliena c).
1º problema: este é um crime público (131), e a alínea c) fala nos casos em que o
ofendido morreu sem renunciar ao dto de queixa, por isso parece que se refere apenas
aos crimes semi públicos e particular. Mas nesse entendimento, os crimes públicos
ficavam sem regulação, por isso deve-se fazer uma interpretação ab-rogante desta
norma no sentido de se entender que se refere apenas aos crimes públicos, pois em
relação aos outros basta aplicarmos a alínea b) + 113º/2.
A aliena c) divide em 2 categorias quem se pode constituir como assistente: cônjuge ou
situação análoga e descendentes/ascendentes, e os irmaos e seus descendentes. No
entendimento de PPA, entre sim as categorias têm uma hierarquia, mas não dentro
delas.
Neste caso, se entendermos que não há hierarquia, não precisa de haver alguém que se
constituiu primeiro pq pode haver mais que 1 assistente!
C ainda vivia em situação análoga à dos cônjuges. Aí, visto não haver hierarquia dentro
da primeira categoria de representantes do ofendido, C poderia se constituir assistente
independentemente da vontade de B, e aí o irmão já não poderia pois este só o seria
subsidiariamente.
E quanto ao E: não podia se se C se constituísse por causa da hierarquia entre o primeiro
e o segundo grupo. E se C não se tivesse constituído? Discute se se é a falta física ou a
falta de exercício, pq se for a primeira não pode ser assistente.

Se o irmão se constituir e depois mais tarde o cônjuge também, MM entende que se


cumulam os dois! Pq não faz sentido precludir o dto do irmão pq se constituiu no prazo.
Mas como o prazo é tão grande, parece que o código faz referencia a falta física, e não
admite a recusa (mas faz sentido que se admita esta recusa, só que depois vai se a falta
de exercício novamente). A falta de exercício quase que anula a hierárquica pq depois
podem acabar os dois.

7.1 – nesse caso tínhamos a pratica de 2 crimes: 131 homicídio + injuria.


O crime de injuria é um crime particular (188º CP), por isso temos que ver quem são os
titulares da queixa nos termos do art 113/2 CP, e vemos que o critério é exatamente o
mesmo do art 68º.
Portanto, a resposta seria igual, a única diferença é que a constituição de assistente para
este crime seria obrigatória (50/1). + prazo seria diferente
Diferenças: 10 dias a contar da advertência do 246/4

Uniformização STJ: ~
- 1/2011- em processo dependente de acusação particular preclude o dto a se constituir
como assistente depois de passar o prazo
- 5/2011- público ou semi publico, pode o assistente recorrer da não pronuncia mesmo
que não tenha pedido RAI nem dito nada? Pode
- 12/2016 - antes de haver a aliena C) 68/3, a pessoa não se podia constituir como
assistente para recorrer, agora já pode

Caso prático 13
Poderia o MP confrontar o Arguido com as declarações prestadas por este durante
a fase de inquérito? E se tivessem sido prestadas na fase de instrução?

357º/1 b) – PSM inconstitucional. Direito ao silêncio, igualdade de armas, inquérito?


Oralidade e imediação. Nemo tenetur se ipsum accusare.
Autoridade judiciária – 1º/b)
Defensor – 64º/1 b)
141º/4 b), 143º, 143º/2

Se for um interrogatório feito nos termos do 143, em abstrato o 357 tem aplicação? 141
é diferente de 143. Arguido prestou declarações na instrução, juiz quer usar – PPA 357º
é excecional, quando o arguido não pede, só pode ser no 141, o debate instrutório não
está no 141º, significa então que o arguido que prestou declarações no debate
instrutório, e agora não quer que sejam reproduzidas no julgamento, não pode ver as
declarações reproduzidas.
141º/4 b) – juiz – 268.º e 269.º. O juiz é a única entidade que nos dá garantias, pela
função que tem no inquérito, que o arguido não se vai auto-incriminar sem saber. O juiz
tem a obrigação de dizer que as declarações são incriminatórias. O processo penal
exige, no inquérito, intervenção do juiz, em tudo o que seja perigoso.
A razão de estar o 141.º ali, é para incumbir esta obrigação na instrução.
Se for nos termos do 143, os requisitos do 357 estão aplicados? Se se aplicar. Podem
trazer as declarações?

Caso 15

Se o tribunal se tivesse convencido de que o arguido mentiu (deliberada e


descaradamente) ao longo do processo, poderia valorar na sentença tal
comportamento como agravante da pena?

Art 4º CPP – não há um dever de colaboração do arguido com o tribunal ou MP com


vista à descoberta da verdade material e à boa decisão da causa – nemu tenetur se ipsum
accusare – dado o seu direito constitucional ao silêncio – 32º/1 CRP. Do silêncio não se
pode presumir que o arguido se conforma com o facto ou que não está arrependido,
portanto a pena não pode ser agravada.
A pena do arguido não pode ser agravada por ele imputar os factos a outra pessoa,
mesmo que se venha a apurar que essa pessoa nenhuma responsabilidade tem. O
arguido tem o direito a expor quaisquer factos em sua defesa e não pode ser censurado
por a sua defesa ter sido julgada como não provada.
Em 2008, o Supremo Tribunal de Justiça clarificou assim o problema: "Inexiste no
nosso ordenamento jurídico um direito a mentir; a lei admite, simplesmente, ser
inexigível dos arguidos o cumprimento do dever de verdade. Contudo, uma coisa é a
inexigibilidade do cumprimento do dever de verdade e outra é a inscrição de um direito
do arguido a mentir, inadmissível num Estado de direito."
"O arguido apenas está obrigado a responder com verdade às perguntas que lhe forem
colocadas quanto à sua identificação pessoal; quanto ao mais, o arguido pode remeter-se
ao silêncio e até faltar à verdade sem qualquer sanção legal".

As declarações do arguido seguem o regime do 127.º CPP – livre apreciação da prova


em processo penal, já devido a esta conjuntura.
Art.º 348º-A? Falsas declarações??

Caso 16

Depois de exercido o direito de queixa num crime de injúrias, será possível ao


queixoso, enquanto lesado, intentar uma ação civil autónoma pedindo uma
indemnização civil fundada nos mesmos factos?
Ver assento STJ nº 5/200

O lesado, enquanto tal, nunca pode constituir-se assistente, mas apenas parte civil para
efeitos de dedução de pedido de indemnização. Pode suceder que o lesado, enquanto
aquele que sofreu danos com o crime, coincida com o ofendido e, por isso, pode, nesta
situação, constituir-se assistentes, não por ser lesado, mas por ser ofendido.
Pode, enquanto lesado, intervir no próprio processo como parte civil, no pedido de
indemnização.
O pedido de indemnização civil é deduzido pelo lesado contra quaisquer pessoas com
responsabilidade civil fundada na prática do crime que é objeto do processo crime a que
a ação civil adere.
Portanto a legitimidade para deduzir pedido de indemnização civil fundado na prática de
um crime é deduzido pelo lesado, entendendo-se como tal a pessoa que sofreu danos
ocasionados pelo crime, ainda que se não se tenha constituído ou não possa constituir-se
assistente – art. 74.º/1. Em síntese, autores do pedido civil podem ser todos os que
sejam partes legítimas segundo as normas do processo civil.

Pic - injúrias - 181 e 188 CP - crime particular.


Qual a regra em processo penal em relação ao PIC? 71 CPP deve ser deduzida na
acusação - princípio da adesão
Art 72/1 c)- possibilidade de pedir em separado nos crimes particulares. Sendo um
crime de injúria poderia ser pedido em separado.
Primeiro - queixa
Segundo - PIC
Isto é diferente de (art 72/2)
Primeiro - PIC
Segundo - queixa - renunciou à queixa (?)
Remissão do 75/2 para o 77/2

Flagrante delito (importante para teste de amanhã)

255.º (remissão para 381.º; nº 4 remissão para o 250º/1; remissão do 256º para o 22º do
CP – flagrante delito sricto sensu; “acabou de cometer” – quase flagrante delito; nº 2 do
256º - presunção de flagrante delito)

A) Flagrante delito stricto sensu


B) Quase flagrante delito
C) Presunção de flagrante delito

OPC – 248º
- começar pelo flagrante delito – ver se há, ou se há apenas detenção, mas fora de
flagrante delito – 257.º
- se há detenção aplicamos o 254.º - finalidades da detenção (temos sempre de referir as
finalidades). 254º/1 a) – remissão para 141.º - primeiro interrogatório judicial.
- 254º/1 b) – a pessoa pode ser detida para assegurar a presença imediata, sem nunca
exceder as 24h
- só pode ser lavrado um auto de notícia, nos termos do 243.º, quando a autoridade
judiciária ou outras entidades mencionadas, presenciarem o que aconteceu. Só há auto
de notícia quando é flagrante delito em sentido estrito.

 .

Caso 17

Confissão integral e sem reservas

Uma confissão integral e sem reservas nem sempre dá lugar aos efeitos o nº2 do 344.º.
Há que atender ao nº4 do mesmo artigo.

Diz que o arguido confessou o crime. Não se pode confessar crimes, mas apenas factos
que constituem a prática de um ilícito- 344.º.

Confissão integral – todos os factos


Sem reserva – sem condições

Confissão penal – 344.º/2 e 3. Se perguntarem como é que a confissão é apreciada,


temos de dizer que é através da livre convicção do juiz – nº4. Permite que haja uma
limitação aos efeitos relativos à produção de prova. Os efeitos da confissão não são
plenos.
A confissão penal pode valer como confissão civil? 3 opções: se é eficaz num processo,
é no outro (responsabilidade penal é mais grave, o facto que levou à indemnização é o
facto ilícito penal) ; não se pode aproveitar tudo, mas apenas os factos que constituem a
ação tipicamente relevante/causa de pedir, consoante seja processo penal ou direito
civil, no que se puder aproveitar; não se aproveita nada.
A primeira visão é pouco defensável: os pressupostos são diferentes, a forma de avaliar
os que são iguais também é diferente (factos – livre apreciação, em civil tem valor
probatório específico9; a ação penal não é disponível, a civil é princípio do dispositivo);
temos de perguntar se a pessoa quer confessar também para efeitos civis (principio da
economia processual e celeridade).

Caso 17.2

Em princípio sim, pode utilizar-se o 82-A-. Não foi deduzido pedido de indemnização
civil, se a condição da vítima exigir, sim.
PPA – só pode haver lugar a esta reparação nos termos do 82-A quando a não dedução
do pedido civil não se deva a “culpa” da vítima. Exemplo: não foi notificado. Não é
negligencia, e podemos arbitrar a reparação nos termos do 82-A. Exemplo: ainda não
estão apurados todos os elementos para que se possa concluir pelo direito existente de
indemnização civil.
Art 77.º/3 – não notificação.
Nos casos em que não há pedido de indemnização, ainda se exige a indemnização.

Caso 17.3

O que é que abrange esta indemnização nos termos do 82-A.?

Apenas os danos emergentes e não os lucros cessantes, quando se refere a prejuízos.

A indemnização por perdas e danos emergentes do crime é regulada pela lei civil.
Estamos a ressarcir apenas o que foi lesado no bem jurídico e não como é que o bem
jurídico estaria se não tivesse sido lesado.

Aplica-se mais em casos de violência doméstica – despesa por ter saído de casa,
despesas hospitalares, etc.
Há uma presunção de que a situação da vitima impõe tal indemnização.

Caso 1 (pg 232)

A era casado com B desde 1990 (tendo dessa relação nascido dois filhos: um com
15 anos e outro com 14 anos). Em janeiro de 2008, A começou a viver, em situação
análoga á dos cônjuges, com C – quando resolveu abandonar o lar.
A 10 de outubro de 2008, D, depois de ruidosa discussão com A, com quem
mantinha uma relação sentimental nos últimos meses, disparou sobre este,
provocando-lhe morte imediata.
A PSP compareceu no local do crime, após ter sido alertada pelos vizinhos, que
tinham estranhado os ruídos provocados pela referida discussão. Os agentes da
PSP viram que D ainda possuía uma pistola na mão. Por conseguinte, os agentes
da PSP procederam à imediata detenção de D.

Quais os procedimentos que os agentes da PSP deveriam ter adotado perante os


factos acima descritos?

Os OPC são todas as entidades e agentes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer
actos ordenados por uma autoridade judiciária ou determinados por este Código - define
o artigo 1.º/c).
Nos termos do artigo 3.º da Lei 49/2008, a PSP é um OPC.

A aquisição da notícia do crime, que dá início ao processo, pode ser feita de 3 formas
nos termos do artigo 241.º. Teriam que elaborar um auto de denúncia - 242.º/1/a) e 99.º.

Nos termos do art. 242.º, a denúncia é obrigatória para as entidades policiais quanto a
todos os crimes públicos (homicídio é crime público – 131.º e ss CP) de que tiveram
conhecimento ulterior, ou seja, cujo cometimento não presenciaram. Assim sendo, a
PSP tem de fazer uma denúncia do sucedido. Assim também o art. 259.º.
Em síntese, os deveres de atuação das entidades policiais, quando não presencia o crime
são:
- se a entidade policial não presencia um crime público, mas tem dele conhecimento
ulterior, deve denunciar ao MP. Nos crimes semi-públicos, pode apresentar queixa, se
for cometido contra si. Nos crimes semi-públicos e particulares contra terceiros, deve
elaborar denúncia se o terceiro apresentar queixa ou, no caso de crime particular, o
terceiro deve declarar, na denúncia, que se quer constituir como assistente.

Está aqui em causa uma situação de flagrante delito – 256.º/2 – em concreto, estamos
perante uma presunção de flagrante delito. Não pode fazer auto de notícia pois não
presenciou o cometimento do crime – 241.º e 243.º - ou seja, não estamos perante um
caso de flagrante delito stricto sensu. 196.º e 151.º, 58.º, 254.º1 a) e 259.º/b); 248.º e ss.
+ 178.º/1 e 2, 196.º e 250.º. A pessoa tem de ser constituída como arguido.

Os OPC devem praticar todos os atos cautelares necessários e urgentes para preservar os
meios de prova, mesmo antes de receberem ordem da autoridade judiciária competente,
nos termos do artigo 249.º, nº1.
Estes atos só serão integrados no processo mediante validação da autoridade judiciária
competente. Podem igualmente ter a necessidade de proceder à identificação de pessoas
nos termos do art. 250.º.

Mais, podem proceder por sua iniciativa a revistas e a buscas, em caso de urgência
(251.º), assim como a buscas domiciliárias por sua iniciativa aquando da detenção em
flagrante por crime a que corresponda pena de prisão (art.º 174, nº5, c)).

Além de que podem ordenar a suspensão da remessa de qualquer correspondência nas


estações de correios e de telecomunicações (art. 252.º, nº3).

Tendo D sido detido em flagrante delito pela PSP (nos termos do artigo 255.º e 256.º),
tem ainda o dever de comunicar ao MP essa mesma detenção nos termos do artigo
259.º/b).

58.º/1 + 196.º - constituição como arguido e prestação de TIR. Auto – 99.º. Valor
probatório dos autos – 169.º
250.º antes da constituição como arguido.

Caso 2

O OPC poderia interrogar D?

141 e 143.º interrogatório judicial e não judicial.


144.º/2 – outros interrogatórios. Em fase de inquérito, os interrogatórios subsequentes
do arguido preso e os interrogatórios do arguido em liberdade podem ser feitos pelo MP
ou pelo órgão de polícia criminal no qual o MP tenha delegado a sua realização.
270.º/2 e 3 – regras apertadas impostas pelo CPP quanto à delegação destas
competências nos OPC.
Na instrução e no julgamento, os interrogatórios do arguido apenas podem ser feitos
pelo juiz, não sendo admissível a delegação da sua realização no órgão de polícia
criminal.
Art. 250.º!!
Não pode no primeiro interrogatório pois tem de ser dadas as informações presentes no
141.º;
355, 356, 357
250º/8

Caso 3

Considerando que o MP acusou D da prática do crime de homicídio privilegiado


(p.e p no art. 133.º do CP), poderia ter promovido o julgamento sob a forma de
processo sumário?

O D foi detido – presunção de flagrante delito – um dos pressupostos para correr em


processo sumário – 256.º/2 + 381.º.
Processo sumário: não pode ser julgado por homicídio em processo sumário, antes
podia.
Houve uma alteração – declaração de inconstitucionalidade – em 2013 a norma não
tinha o limite máximo dos 5 anos (qualquer tipo de homicídio). O D não podia ser
julgado em processo sumário. Se fosse, o que acontecida? Ver acórdãos que a
professora vai enviar.
Acusação – 133.º CP. MP (283.º/1 CPP).
Não há instrução nos processos especiais.
Ir sempre ao 16.º/3 – só fala do 14.º/2 b).
E se fosse para o processo sumário? Nulidade 119.º f)- nulidade insanável.
Conhecimento oficioso – a qualquer momento. É de conhecimento oficioso porque é
insanável.

Caso 4

Poderia o MP decidir-se, no final do inquérito, pelo arquivamento em caso de


dispensa de pena?

O arquivamento em caso de dispensa de pena, no art. 280.º, é um mecanismo alternativo


à acusação, que permite a conclusão pura e simples do processo penal nos casos em que
poderia ter lugar a dispensa de pena.
Pressupostos:
- haver indícios suficientes da prática de um crime público ou semi-público. Se não
houver indícios suficientes o MP deve arquivar pelo art 277.º/1.
- haver possibilidade legal da dispensa de pena se o procedimento chegar à fase de
julgamento
- MP tem de obter a concordância do juiz de instrução.

O homicídio não prevê dispensa de pena, logo falha o requisito da possibilidade legal da
dispensa da pena – pena superior a 6 meses – 74.º

280.º é para o procedimento comum.


384.º para o processo sumário.

4.1

Em alternativa, poderia o MP decidir-se, no final do inquérito, pela suspensão


provisória do processo?
A suspensão provisória do processo é um arquivamento contra injunções e regras de
conduta.
É pressuposto da suspensão provisória do processo que o crime seja de pequena ou
média gravidade. Conforme o art. 281.º/1, é preciso que o crime seja punido com pena
de prisão máxima não superior a 5 anos, em termos de medida legal da pena, ou com
sanção diferente da prisão.
Este é um poder dever do MP: verificados os pressupostos de aplicação do instituto, o
MP deve determinar a suspensão do processo. Para a suspensão devem verificar-se os
seguintes pressupostos:
- indícios suficientes da prática de crime punível com pena de prisão não superior a 5
anos ou com sanção diferente da prisão, mesmo em caso de concurso de crimes
- concordância do juiz de instrução
- concordância do arguido e do assistente
- ausência de condenação anterior por crime da mesma natureza e de aplicação anterior
de suspensão provisória do processo crime da mesma natureza
- não haver lugar de medida de segurança de internamento
- ausência de um grau de culpa elevado
- imposição de injunções e regras de conduta que não ofendam a dignidade do arguido e
a sua subsistência
- ser de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta responda
suficientemente às exigências de prevenção que no caso se façam sentir.

Qual, em concreto, substitui o objetivo da pena de prisão nos casos de homicídio?


384.º. Ver 281.º/6
Fixação jurisprudência do 281.º/1 – STJ 16/2009 de 24 de dezembro

Caso 9

Admitindo que C se constitui Assistente no âmbito do processo-crime referido em


7.1, poderá requerer a abertura da instrução no âmbito do mesmo por se ter
esquecido de um facto essencial para a imputação ao Arguido do respetivo crime?

181.º + 188.º = particular.

287.º/1 b) CPP: RAI assistente (não pode) – 285.º


Inadmissibilidade legal da instrução

9.1 – E o tribunal poderia suprir tal deficiência em nome da descoberta da verdade


material? E poderia remeter o processo para a fase de inquérito, para o MP suprir
nulidades do inquérito? Na resposta atenda ao AC STJ de 27 de abril de 2006,
processo nº 06P1403.

O juiz e instrução não pode receber ordens do MP.


Princípio da investigação – 340.º 288º/4 – tribunal pode investigar autonomamente —
291.º/1. Ordenar diligências probatórias.

O juiz pode convidar o assistente a suprir a deficiência da acusação particular? Princípio


da igualdade de armas. Diria ao assistente que teria um prazo superior. A partir do
momento em que acaba o inquérito quem tem o domínio da lide é o juiz de instrução.
Seria uma analogia desfavorável ao arguido. Se uma acusação particular está mal feita,
em julgamento esta pode cair. O assistente teria maneira de melhorar a sua acusação.

Pode remeter ao MP?

9.2 – Poderia o MP acrescentar, na acusação subordinada, a menção ao elemento


subjetivo do tipo de crime não mencionado na acusação particular (principal)?

Crime particular – injúria – 181.º + 188.º.


Final do inquérito: acusação particular do 285.º + acusação subordinada do MP do
285.º/4.
Mesmos factos: integralmente – acusa integralmente pelos mesmos factos; pode
também acusar parcialmente pelos mesmos factos – temos de ver o que aconteceu ao
resto dos factos que o MP não usou. Se acrescentar factos novos, é ou não uma alteração
substancial dos factos?

Factos novos? Teorias:

1- Naturalistas
2- Normativistas
3- Castanheira neves
4- Frederico Isasca + Paulo Sousa Mendes – é um pedaço da vida, real ou
hipotético que se destaca da realidade e se submete a apreciação judicial.

Factos novos?
Sim:
- são totalmente independentes? São quando não estabelece nenhuma relação com os
factos anteriores verificados no processo. Se é totalmente independente há um novo
processo. Pode não haver conexão entre os dois pois já estão em fases diferentes.
- Podem não ser totalmente independentes – houve uma alteração dos factos presentes
no processo. Há uma alteração substancial de factos ou não substancial de factos? 1.º/ f)
- Alteração substancial: critério quantitativo e critério qualitativo. Se o quantitativo se
verificar é uma alteração substancial de factos – aumento da pena máxima. Quanto ao
critério qualitativo tem que ver com estar perante um crime diverso. O que é isso? Tipo
diferente? Bem jurídico diferente? Estratégia de defesa? Antes: quando havia alteração
do tipo de crime (Eduardo Correia); Augusto Silva dias – tem de ter impacto na
estratégia de defesa do arguido; Germano Marques da Silva – juízo de ilicitude diferente
que tem implicações na estratégia de defesa. Teresa Beleza e Souto Moura – mesmo
bem jurídico ou diferente?
Temos de saber se são autonomizáveis.
Depois temos de saber em que fase processual estamos.

9.3 – E poderia o tribunal convidar o Assistente a aperfeiçoar a acusação


particular? A sua resposta mudaria caso se tratasse do convite ao aperfeiçoamento
de abertura da instrução imperfeito (no âmbito de um crime público ou semi-
público)? Atente ao AC fixação de jurisprudência do STJ nº 7/2005.
O assistente pode requerer RAI quando é um crime público ou semi público em caso de
arquivamento ou em caso de acusação do MP quando tenha factos a acrescentar que
consubstanciem uma alteração substancial – temos de no caso ver se constitui ou não
uma alteração substancial. Se não – acusação subordinada.
Não se pode mandar aperfeiçoar um RAI do assistente – 287.º/1 b), violação do
princípio da igualdade das partes e do acusatório.
E se for um RAI imperfeito do arguido? Quando pode? 287.º/1 a) – em princípio,
quanto a factos que constem da acusação (MP ou assistente). Discute-se se pode
aperfeiçoar, mas entendemos que pode- se for um arguido que é mau a fazer o RAI pode
o tribunal mandar a aperfeiçoar? Sim.
Regente: RAI para apenas discutir direito, o regente entende que pode. A maioria da
doutrina não – 287.º/1 a). Porquê? O assistente pode; como a instrução é praticamente
um recurso, não tem sentido não poder; é diferente ter um arquivamento ou um
despacho de não pronúncia. O valor destes é diferente. A própria submissão a
julgamento pode ser, materialmente, uma pena.

Caso 6

Poderia D ter requerido a abertura da instrução apenas para que fosse inquirida
uma testemunha que o MP ignorava existir?

RAI do arguido:
- narração de factos que fundamentam a não aplicação de uma pena ou uma medida de
segurança
- razões de direito de discordância relativamente à acusação
- indicação dos aos de instrução que o requerente pretende que o juiz leve a cabo
- meios de prova que não tenham sido considerados no inquérito.

O juiz deve mandar completar o requerimento se nele faltarem algum ou alguns


elementos que deviam constar. A não concessão de prazo requerido pelo arguido para
completar o requerimento de abertura de instrução constitui uma irregularidade, uma
vez que não se trata de ato obrigatório do processo

O rol de testemunhas tem o limite de 20 testemunhas, não podendo nenhuma das


testemunhas ser arrolada para depor apenas sobre os aspetos referidos no 128º/2.

Os casos de indeferimento para o requerimento de abertura de instrução são:


- extemporaneidade (20 dias a contar da notificação da acusação ou do arquivamento)
- incompetência do juiz
- inadmissibilidade legal da instrução – 286º - não se encontra inadmissibilidade do
nosso caso concreto. Sem ser inadmissibilidade especialmente dirigidas ao assistente,
apenas se refere que não pode ser aceite RAI apenas para modificação da qualificação
jurídica.

Correção:
O que é juridicamente trazer uma testemunha? É facto ou direito?
A testemunha vai trazer factos. Normalmente provam-se factos. O arguido quer requerer
RAI apenas para inquirir a testemunha, em princípio constitui uma tentativa de o
arguido trazer novos factos ao processo – 287.º. Se a testemunha se vem pronunciar
sobre os factos que estão na acusação do MP, a testemunha é admissível. Tem de se
dizer sobre que factos vem a testemunha depor.
Não podia ser um caso em que não há factos – inadmissibilidade legal da instrução –
286.º.

Temos sempre de dizer os requisitos do RAI quando fazem perguntas sobre isso –
prazo, legitimidade e pagamento da taxa de justiça.

6.1 – a sua resposta mudaria se tal inquirição tivesse sido requerida por D ao MP
durante a fase de inquérito?

Nada nos diz se houve ou não inquirição da testemunha. Foi ou não inquirida? Temos
de abrir os dois cenários. A inquirição de uma testemunha é uma questão de facto, tinha
de dizer sobre que factos a testemunha ia depor.
A testemunha já foi ouvida: sobre os mesmos factos ou sobre outros factos? Se já foi
ouvida sobre os mesmos factos e o RAI só pretende fazer isso, é quase como se fosse
supérfluo.
O juiz não ia ter fundamento para indeferir o RAI, mas nos termos do 291.º/1 conjugado
com o 286.º/1 e 287.º/2, o juiz só vai ordenar a produção de prova necessária à
descoberta da verdade material. O 28.º/2 fala sobre meios de prova que já tenham sido
considerados no inquérito – 291.º/3 (quando são repetidos).
O juiz vai indeferir o requerimento probatório que está dentro do RAI, não podendo
indeferir o RAI pois não é um desses casos.

D requerer, MP deferiu, mas MP vai falar sobre outros factos


D requereu, MP indeferiu

Caso 11

Caso o MP tivesse acusado D pelos factos supra descritos, imputando-lhe o crime


de homicídio privilegiado, e o JIC tivesse pronunciado o arguido pelo crime de
homicídio qualificado, modificação que substancia alteração substancial dos factos,
nos termos do 1º f) CPP, poderia D impugnar de algum modo a decisão?

Nos termos do art. 308.º/1, se, até ao encerramento da instrução, tiverem sido recolhidos
indícios suficientes de se terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação
ao arguido de uma pena ou medida de segurança, o juiz, por espaço, pronuncia o
arguido pelos factos respetivos.

Tendo-o feito, resta saber se D, arguido, pode impugnar esta decisão do JIC, que se
pronunciou pelo crime de homicídio qualificado e não por homicídio privilegiado, como
constava da acusação do MP.

Nos termos do art. 309.º, com a epígrafe “nulidade da decisão instrutória”, no nº1
estipula-se que a decisão instrutória é nula na parte em que pronunciar o arguido por
factos que constituam alteração substancial dos descritos na acusação do MP ou do
assistente ou no RAI.
Esta nulidade é, no entanto, sanável. Cabe recurso do despacho judicial que indefira a
nulidade – 310.º/3.

Nos termos do nº2 do art. 309.º, a nulidade é arguida no prazo de 8 dias contados da
data da notificação da decisão.

Caso 19

Qual a duração máxima da segunda prorrogação do prazo de ação máxima do


segredo de justiça nos termos do 89.º/6, in fine CPP?

19.1 – o arguido pode ter acesso a alguma parte do processo-crime feito em segredo
de justiça?

19.2 – e quando o processo se tornar público, o arguido poderá aceder a todo o


processo-crime?
Na resposta atenda ao acórdão TC nº 428/2008

19.3 – qualquer pessoa pode assistir ao debate instrutório de um processo-crime?

Caso 18

Poderá o juiz (do julgamento) de um processo sob a forma sumária remeter o


processo para a forma de processo comum (nos termos do artigo390.º a) CPP) pelo
facto de o auto de notícia não conter qualquer elemento subjetivo do tipo de ilícito?
AC- TC nº 121/2008

Tema VI

Caso 2

Estamos perante um problema relacionado com o objeto do processo.


Depois de fixado o objeto do processo, podem aparecer factos novos.
Estes factos novos podem ser factos totalmente independentes o que dá lugar a um
concurso real de infrações com o objeto do processo em curso – aplicamos o 262.º/2
CPP – o MP abre novo inquérito quanto aos factos totalmente novos.
O problema aqui é a variação na descrição dos mesmos factos, a chamada alteração de
factos. Se houver alteração de factos, podemos estar perante uma alteração substancial
de factos ou não. O conceito está presente no art. 1º f).
Em síntese:

Estamos perante factos novos? Sim! Há um pedaço de vida, real ou hipotético que se
destaca da realidade e se submete a apreciação judicial.

Esses factos:
- são totalmente independentes? São quando não estabelece nenhuma relação com os
factos anteriores verificados no processo. Se é totalmente independente há um novo
processo.
- Podem não ser totalmente independentes – houve uma alteração dos factos presentes
no processo. No nosso caso estamos perante factos não totalmente independentes.

Estamos perante:
Alteração substancial: critério quantitativo e critério qualitativo. Critério quantitativo,
aplica-se, há uma agravação dos limites.

Havendo acordo entre o MP, arguido e assistente, há a continuação do julgamento com


os factos novos, caso não determinem a incompetência do juiz – 359/3 CPP no
julgamento por analogia com a instrução.
Não havendo acordo, temos de definir se são autonomizáveis ou não.
Autonomizáveis – originam a abertura de novo inquérito, desde que não violem o
princípio do ne bis in idem.
Estamos perante factos não autonomizáveis – são insuscetíveis de valoração jurídico
penal separados do processo penal em que foram descobertos (GMS). Os factos novos
não podem ser tomados em conta para efeitos de condenação, nem implica a extinção da
instância. A sentença seria nula – 379º/1 b).

Quatro teses sobre o que acontece ao processo:

1- Tese da continuação do processo, com preterição absoluta de conhecimento –


PSM - prossegue-se os trâmites do processo ignorando-se os factos novos,
sacrificando-se assim, e de forma parcial, o conhecimento da verdade material
2- Tese da organização de um novo processo com todos os factos – absolvição da
instância – Silva Dias – CPC, absolvição da instância art 4º e 288º CPC, por de
considerar a existência de uma exceção dilatória inominada escudo à falta de
pressuposto processual – 289º, 493º/2 e 494º CPC + 303º/3.
3- Tese da repetição do inquérito – Francisco Isasca – suspensão da instância art
276º/1 c) e 279º/1 CPC + 4º.
4- Tese da anulação do processo – Jorge Noronha Silveira – na falta de caso
análogo dever-se-ia recorrer à norma que o próprio intérprete criaria, se
houvesse de legislar dentro do espírito do sistema – 10º/3 CC – nulidade
insanável 119º/d) ou dependente de arguição 120º/2 d)

TC: tal como refere o tribunal, o crime de furto qualificado é punível com uma
penalidade mais gravosa nos seus limites mínimo e máximo do que a penalidade
prevista para o crime de furto de que o arguido está acusado. Havendo alteração
substancial de factos, comunica-se ao arguido para que o mesmo diga se se opõe ou se
autoriza a que o tribunal conheça dos novos factos.
Art 359.º - tendo em conta que a nova factualidade não é autonomizável em relação ao
objeto do processo e uma vez que a instância não pode ser extinta nem dela o tribunal
conhecer salvo acordo do arguido, MP e assistente, deixa a conduta indiciada e privada
de ser punível.
Não dando o arguido o seu acordo – apenas pode o facto valer como circunstância geral
agravante. O legislador optou por conferi mais intensa realização do princípio do
acusatório, com possível sacrifício da verdade material e da legalidade. Não pode isto
significar desproteção penal dos correspondentes bens jurídicos. Não se tratam de factos
suscetíveis de, por si só, fundamentar uma incriminação autónoma em face do objeto do
processo. Estes factos formam uma unidade que não permite autonomização. Tal
significa que os bens jurídicos nucleares suscetíveis de justificar a incriminação
encontram ainda o mínimo de proteção legal.

Caso 3

- o JIC está vinculado pelo conteúdo factual da acusação e pelo requerimento para
abertura de instrução. Deve emitir despacho de pronúncia nos termos do 307.º/1, ou de
não pronúncia. Neste caso não parece haver elementos suficientes para o JIC se
pronunciar. Neste caso, o JIC não conseguiu provar a subtração, por isso, abre a
hipótese de abuso de confiança do 205.º CP.
O crime de abuso de confiança tem como bem jurídico a propriedade alheia, num
contexto de uma relação de fidúcia entre o agente e o proprietário, inscrevendo-se a sua
essência típica do ilícito na inversão do título da posse, o que acontece quando o agente
adquire por título não translativo da propriedade uma relação fáctica de domínio sobre a
coisa para lhe dar um certo destino mas dá-lhe outro, passado a comportar-se como seu
proprietário, agindo com animus domini.

Há factos novos? Pedaço da vida, real ou hipotético, que se destaca da realidade e se


submete a apreciação judicial? Não.
Aplicamos o regime da alteração não substancial e factos. Os factos mantêm-se, ou seja,
são o mesmos, o que muda é a sua valoração jurídico penal (qualificação).
Germano Marques da Silva: a qualificação jurídica dada aos factos na acusação fixa o
limite quantitativo da pena a aplicar no processo, não podendo o tribunal aplicar pena
mais grave do que aquela que resultaria se a qualificação na acusação fosse correta.

- a instrução é encerrada por um despacho de pronúncia ou de não pronúncia, não


havendo lugar a recurso – 307.º/1.º.
O despacho é nulo quando o JIC, nos termos do 309.º/1, lavra um despacho de
pronúncia em que inclui factos que constituem uma alteração substancial do objeto do
processo. É sanável, podendo ser arguida no prazo de 8 dias. Ou seja, o despacho não é
recorrível, mas reclamável, e a reclamação é feita para a própria entidade que proferiu a
decisão.
O despacho de pronúncia é válido, quando pronunciar o arguido por factos que constem
do objeto do processo, em que não há uma pronúncia sobre factos que constituam uma
alteração substancial. Para ser válido, tem de incidir sobre os factos constantes da
acusação, factos constantes do RAI que não constem da acusação do MP, ou sobre
factos que constituam uma alteração do objeto, mas não uma alteração substancial.

É irregular o despacho de pronúncia por factos que constituam uma alteração não
substancial dos descritos na acusação do MP, ou na acusação do assistente, no caso de
instrução requerida pelo arguido, ou dos descritos no requerimento de abertura de
instrução do assistente, no caso de arquivamento do inquérito pelo MP, se o juiz não
deu cumprimento ao disposto no 303º/1.
É também irregular o despacho de pronúncia que modifica a qualificação jurídica da
acusação do MP ou na acusação do assistente, no caso de instrução requerida pelo
arguido ou do requerimento de abertura de instrução do assistente, no caso de
arquivamento do inquérito pelo MP, se 9 juiz não deu cumprimento ao disposto no
303º/5.

O assistente pode requerer a abertura da instrução se o procedimento criminal não


depender de acusação particular, relativamente a factos pelos quais o ministério público
não tiver deduzido acusação, nos termos da alínea b) do nº1 do 287.º CPP.

Caso 4

1- Homicídio negligente 137º CP


2- Homicídio doloso 131º CP pelos mesmos factos

Alteração da qualificação jurídica – 358º/1 e 3. Porque na há factos novos. O


arguido já podia ter preparado a sua defesa naquele sentido.
16/2 b) + 14/2 a).
Declarava-se incompetente e remetia para o tribunal coletivo.
E se passar de doloso para negligente? Não há factos novos. Alteração da
qualificação jurídica. Alteração não substancial de factos. Prazo para defesa do
homicídio negligente. Se era pelo 131 era pelo coletivo. Se é negligente, passa para
o singular. Não se justifica a incompetência do tribunal coletivo pois o objetivo é
defender o arguido. Ele já está no tribunal coletivo mas podia estar no tribunal
singular. Não se justifica incompetência para depois se passar para o tribunal
singular, não há uma afetação das competências do arguido.
O que significa ser tratado como uma alteração substancial de factos?

Caso 2 das medidas de coação e casos da prova.

Medidas de coação

Previstas no art 191º - princípio da legalidade. Não se podem inventar medidas de


coação. Apenas as previstas na lei podem ser aplicadas. Não posso cumular medidas
de coação.
192º - condições gerais de aplicação das medidas de coação. Tem de ser constituído
como arguido – 58º. Logo que a pessoa é constituída como arguida é aplicada o
TIR. Todas as medidas de coação são aplicadas por um juiz? O TIR pode ser
aplicada pelo juiz de instrução.

Em princípio a medida de coação é aplicada pelo juiz. O juiz de julgamento pode


aplicar uma medida de coação? Sim, pode sempre. Não é muito comum pois as
medidas de coação costumam ser aplicadas no inquérito pelo juiz de instrução a
requerimento do ministério público – 194º - para que o arguido compareça no
julgamento.

Pode o juiz aplicar medidas de coação oficiosamente – 194º.

Temos de dizer a fase de processo, quem pode requerer nessa fase a aplicação das
medidas? O MP, mas quem aplica é o juiz de instrução. Se o MP o decidir, por
exemplo, proibição de condutas, e e juiz de instrução achar que é insuficiente nos
termos o 204º, pode aplicar medida ais gravosa.

Prova

Regime da nulidade pode ser um pouco mais difícil.

Prova por reconhecimento:


1. Cabal
2. Por painel

Se acontecer no julgamento e o arguido chama uma testemunha e ela admite que foi o
arguido, que sim, ele estava lá. Se só está lá uma pessoa fica difícil, costumam estar
várias.
O problema é o 147/7 – não tem valor como meio de prova. É o que se discute nas
invalidades. O 126º diz que são nulas não podendo ser utilizadas certas provas. O que se
quer saber é qual é a invalidade e a consequência. Quanto ao reconhecimento PSM no
inquérito, no mínimo é uma nulidade do 120º/2, é uma nulidade dependente de arguição
– podia ser insuficiência do inquérito da alínea d). O 120º/2 não é taxativo. Pode haver
uma nulidade dependente de arguição que não esteja nestas alíneas.
126º sobrepõe-se sempre ao 120º. É a norma mais grave neste âmbito.
Se a prova não for admissível vamos logo ao 126 para ver se cabe no 126, se couber,
aplicamos. Se não couber de maneira nenhuma vemos se é uma nulidade do 120º/2.
Distinguir a nulidade absoluta e relativa do 126º.
No caso do reconhecimento podia ser o 126º/2 b).
Quando estamos no 126º, atenção ao 126º/3, que prevê a nulidade relativa. A prova só é
nula se não houver consentimento. Se houver, não vamos dizer que a prova obtida é
válida ou não, a discussão é outra.
Pode ser o 126º/2 que concretiza do 126º/1.
Qual o regime das nulidades do 126º? O 126 só diz que é nulo. Qual é o o regime
processual? Ou vamos para o 122º ou vamos para o 32º/8 da CRP como a professora
Helena Morão. Não precisamos de ter uma situação de efeito à distância para aplicar
este artigo.

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