Você está na página 1de 4

INTRODUÇÃO

RECURSOS

Os recursos no processo penal são de fundamental importância no nosso sistema


processual.
Isso porque, em matéria penal, vamos além de mera compensação financeira,
como ocorre no processo civil, estamos diante da liberdade de cada indivíduo.
Pergunte para quem está preso qual seria o valor da sua liberdade. Pergunte o
que ele estaria disposto a dar para que a sua liberdade fosse devolvida.
Aliado a isso, sabemos que o magistrado que profere uma sentença é um ser
humano, um ser falível, logo a falibilidade humana, por mais preparado que o julgador
esteja, jamais poderá sair do campo de visão de todos os envolvidos no processo penal.
Tendo esta falibilidade em vista, indispensável é que o seja dado ao acusado
em processo penal uma segunda chance, mais uma oportunidade de ver a sua
condenação revisada por outro órgão.
Além de uma segunda chance ao acusado, de certa forma, também é dado ao
julgador uma chance de errar e ver a sua decisão revisada por um órgão julgador.
Imagine quanto complicada seria a vida dos magistrados caso não tivessem a
possibilidade de errar?
Tanto tem a possibilidade de errar como também de ver as suas decisões
corrigidas.
Além da falha humana, outro fundamento para os recursos é a própria chance
em si do acusado em ver a sua condenação revista por outro julgador ou grupo de
julgadores.
É o direito ao inconformismo com aquela decisão proferida no seu processo e,
que muitas vezes, acaba atingindo a sua liberdade.
Nesse sentido, segundo doutrina Aury Lopes Junior*, “o fundamento do sistema
recursal gira em torno de dois argumentos: falibilidade humana e inconformidade do
prejudicado (até porque, consciente da falibilidade do julgador)”.
Assim, o fundamento dos recursos estão amparados nessas duas bases: a)
falibilidade humana; e, b) inconformidade do acusado.
NATUREZA JURÍDICA DOS RECURSOS

a natureza jurídica dos recursos nada mais é do que uma continuidade do


processo.
A interposição de um recurso tanto pela defesa como pela acusação, não
inaugura um novo processo, mas sim, uma continuidade do mesmo processo.
Por isso que as ações autônomas como a revisão criminal e o habeas corpus,
em que pese alocados pelo legislador como recurso, não os são, pois, estas são ações
autônomas e próprias, iniciando uma nova relação processual.
Os recursos são um desdobramento do processo já existente, não um novo
processo em si.
Desta forma, podemos afirmar que o recurso é um desdobramento do processo
principal, em que se busca uma revisão da decisão atacada, isso em razão de uma
possível falha do julgador ou mesmo por mero inconformismo da pessoa que
sofreu um gravame da sua situação processual.

AGRAVO EM EXECUÇÃO

O Agravo é o recurso previsto na Lei de Execuções Penais (art. 197 da Lei


7.210/84), cabível de toda e qualquer decisão do Juiz da Execução.

Em outras palavras, em se tratando de uma decisão proferida pelo juízo


responsável pela execução da pena ou da medida de segurança, o recurso cabível será
chamado de Agravo ou Agravo em Execução, com fundamento no art. 197 da LEP.

Muito embora a Lei 7.210/84 não apresente qualquer procedimento para o


referido recurso, sabemos que muitas das decisões possíveis no curso da execução
encontravam-se previstas no art. 581 do CPP, hipóteses estas derrogadas pela LEP.
Desta forma, sempre que uma decisão prevista formalmente no rol do artigo 582 do
CPP for proferida pelo Juiz da Execução, não há de se falar do cabimento do recurso em
sentido estrito, mas sim do agravo em execução.

Por esse motivo, prevalece o entendimento de que devemos adotar, para o


Agravo em Execução, o mesmo procedimento adotado para o Recurso em Sentido
Estrito.
PRAZO DO AGRAVO EM EXECUÇÃO E ESTRUTURA

Assim, o prazo de interposição do Agravo da LEP será de 5 (cinco) dias para


razões e 2 (dois) dias para contrarrazões e haverá juízo de retratação, na forma do art.
589 do CPP.

Vale lembrar que a estrutura básica do agravo em execução é a mesma dos


outros recursos como apelação e recurso em sentido estrito, ou seja, petição bipartida
composta por:

 petição de interposição, onde deve ser requerida a admissão do recurso,


com a submissão ao juízo de retratação (art. 589 do CPP) e a remessa ao Tribunal para
fins de processamento e julgamento.
 razões do agravo em execução, composta pelos fatos, fundamentos
jurídicos e os pedidos.

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL

É o instituto processual pelo qual se busca preservar a competência do Supremo


Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, assim como garantir a autoridade
das decisões emanadas por estes. Visa também proteger a devida aplicação das Súmulas
Vinculantes. De acordo o artigo 988 do CPC, a reclamação constitucional tem por
objetivo preservar a competência do Tribunal, garantir a autoridade das suas decisões,
garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo
Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade e garantir a
observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de competência; admitindo-se, também, contra
ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, conforme artigo 103-A, § 3º, da CF e artigo 7º, da Lei nº
11.417/06.

RECURSOS DIANTE DA LEI 9.9099/95

A Lei 9099/05 é um instrumento normativo que institui e disciplina o


funcionamento dos Juizados Cíveis e Criminais na esfera Estadual da Justiça
brasileira. Estes são órgãos do poder Judiciário que se constituem em um verdadeiro
microssistema e possuem a finalidade de processar e julgar questões de menor
complexidade.

A criação desses Juizados tem previsão Constitucional nos termos do artigo 98, I
da Constituição Federal de 1988. Entretanto, eles foram efetivamente implantados após
a vigência da Lei 9099.

COMPETÊNCIA

A primeira semelhança que se pode pontuar entre os Juizados Cíveis e Criminais


é que ambos têm competência para processamento, julgamento e conciliação,
respectivamente, de causas e crimes cujo potencial é de menor complexidade.

Os Juizados Criminais processam e julgam infrações penais de menor potencial


ofensivo, que são crimes e contravenções a que a lei não comina pena superior a dois
anos, cumulada ou não com multa. Está previsto no art. 61, caput, lei 9.099/95.

Portanto, os Juizados Cíveis têm competência para conciliar, processar e julgar


as causas cíveis de menor complexidade. A princípio, para que a causa seja submetida
ao Juizado Cível, o seu valor econômico não pode ultrapassar 40 salários mínimos.

Você também pode gostar