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Direito

Disciplina: Fundamentos do Direito Processual


Profª. Mayelli Slongo

Material de Apoio

6.10 Colegialidade nos Tribunais

Trata‐se, segundo Scapinella Bueno de um princípio implícito.


Segundo este princípio em regra as decisões proferidas no âmbito dos tribunais
serão tomadas de colegiada, ou seja, as decisões dos tribunais devem ser tomadas de
maneira plural.
Em outras palavras no âmbito dos Tribunais o juiz natural é um órgão colegiado.
Importante: decisão colegiada não deve ser entendida como a tomada pela
totalidade de integrantes do tribunal ao mesmo tempo.
Os tribunais são divididos em diversos grupos menores chamados de Turmas
(Tribunais superiores e Tribunais Regionais Federais) e Câmaras (Tribunais de Justiça),
conforme determinam seus respectivos regimentos internos.
Assim, a colegialidade diz respeito a decisão tomada por esses órgãos
fracionados.
De todo modo, são admitidas as chamadas decisões monocráticas, que devem
ser vistas como antecipação do julgamento do colegiado.
Decisão monocrática: tomada por um único julgado em órgãos colegiados.
Decisão singular: tomada por um único juiz em primeira instância.

6.11 Isonomia

O princípio da isonomia está consagrado no caput e no inciso I do artigo 5º da


Constituição Federal.
Deve ser entendido o princípio da isonomia como a obrigatoriedade de o Estado‐
juiz tratar de forma igualitária os litigantes, concedendo igualdade de condições de
manifestação ao longo do processo e criando condições para que essa igualdade seja
efetivamente exercitada.
Assim, se os litigantes se acham em condições econômicas e técnicas
desniveladas, o tratamento igualitário dependerá de assistência judicial para primeiro,
colocar ambas as partes em situação paritária de armas e meios processuais de defesa.
Somente a partir desse equilíbrio processual é que se poderá pensar em tratamento
paritário no exercício dos poderes e faculdades pertinentes ao processo em curso.
Exemplos de medidas previstas no nosso ordenamento jurídico para concretizar
ou efetivar o princípio da isonomia: justiça gratuita, inversão do ônus da prova.
O Código de Processo Civil estabelece prerrogativas diferenciadas ao Estado
quando é parte de um processo, por exemplo: prazo em dobro, reexame necessário.
Neste contexto a doutrina discute se isso fere o princípio da isonomia.
Sendo que parcela entende que esses regras que beneficiam o Estado ferem o
princípio da isonomia e outra parcela entende que não, pois o Estado, segundo esta
parcela, representa interesses e direitos de uma coletividade.

6.12 Princípio da Publicidade

Está expresso no inciso LX do artigo 5º da CF: “a lei só poderá restringir a


publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem”.
Também está reproduzido no art. 93, IX e X da CF e no art. 11 do CPC que impõe
sejam públicos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade.
O princípio da publicidade possui duplo sentido. O primeiro no sentido de que
são proibidos julgamentos secretos, ou seja, é possível o acesso imediato ao Estado‐juiz
e o segundo no sentido de que todas as decisões para que possam ser entendidas como
decisões devem ser publicadas, ou seja, acessíveis ao público em geral.
Exemplos de concretização do princípio da publicidade: acesso ao prédios em
que atuam os juízes de primeiro grau de jurisdição (fóruns) ou os de segundo grau
(tribunais); possibilidade de exame dos autos no processo; publicação das decisões na
impressa oficial.

O inciso IX do artigo 93 da Constituição admite que o princípio da publicidade


possa sofrer restrições nos casos de preservação do direito à intimidade do interessado.
A exceção são os processos “em segredo de justiça” (artigo 189 CPC – rol não
taxativo), não o faz em caráter absoluto, visto que o sigilo não privará às partes e seus
advogados de acesso a todos os trâmites do processo.

6.13 Motivação das decisões

Também pode ser chamado de princípio da fundamentação.


Encontra previsão nos incisos IX e X do art. 93 da CF.
Esse princípio consagra a motivação adequada, isto é, o juiz tem o dever de
justificar o motivo que o levou a adotar um posicionamento em detrimento do outro.
Em outras palavras o princípio da motivação trata‐se da necessidade de qualquer
decisão judicial ser explicada, fundamentada, justificada pelo magistrado que a
prolatou.
A motivação será completa quando analisar todos os documentos possíveis no
processo.
O art. 489 do CPC, que versa sobre os elementos essenciais da sentença, em seu
§ 1º, estabelece os requisitos em seus respectivos incisos de I – IV, os casos em que não
será considerada fundamentada qualquer decisão judicial, seja interlocutória, sentença
ou acórdão.
Conceitos provisórios:
1) Decisão interlocutória: decisão no curso do processo
2) Sentença: decisão que encerra o processo (fase de conhecimento)
3) Acórdão: decisão proferida por uma colegialidade (tribunais).
O princípio da motivação assegura transparência da atividade judiciária e,
principalmente, a possibilidade que seja exercitado o adequado controle de todas as
decisões jurisdicionais.
É uma garantia das partes, com vista à possibilidade de sua impugnação das
decisões judiciais, a fim de buscar sua reforma.
Pode‐se dizer que é por meio da motivação das decisões judiciais que o
magistrado presta contas do exercício de sua função jurisdicional ao jurisdicionado e a
toda a sociedade.

6.14 Assistência jurídica integral e gratuita

Consagrado no artigo 5º, LXXIV da CF com a seguinte redação: “O Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que com que comprovarem insuficiência de
recursos.”
A denominada “primeira onda de acesso à justiça” pelo estudioso do direito
Mauro Cappelletti, representa a preocupação dos juristas a partir da segunda metade
do século XX a respeito de assegurar o acesso à justiça aqueles que não tinham
condições suficientes para tanto.
Surge com a primeira onda de acesso à justiça a necessidade de assegurar não
apenas o acesso à justiça no sentido jurisdicional, ou seja, apenas a possiblidade de
promover uma determinada demanda.
A previsão constitucional vai muito além, pois assegura que é obrigação do
Estado não apenas a assistência judiciária integral e gratuita, abrangendo também a
assistência jurídica integral e gratuita.
Em outras palavras isso significa que o dever do Estado também está fora do
plano do processo, no sentido de que o Estado deve atuar em prol da conscientização
jurídica dos hipossuficientes economicamente, orientando‐os em relação aos seus
direitos.
Justifica‐se esse dever como forma de desenvolvimento e fortalecimento da
cidadania de um povo.
Pode‐se dizer que a previsão constitucional visa assegurar que o custo do
processo não seja um empecilho para o exercício jurisdicional de direitos.
Como forma de concretização deste princípio, assim como para o princípio do
acesso a justiça, a CF criou as defensorias pública (art. 134, CF), a possibilidade de justiça
gratuita, dentre outros.
6.15 Princípio da eficiência processual

Encontra previsão também constitucional no artigo 5º, LXXXVIII, in verbis: “A


todos no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Consequências do princípio da eficiência processual são os princípios da
economia processual ou celeridade e, ainda, o princípio da razoável duração do
processo.
A doutrina moderna ao explicar o princípio da eficiência processual ensina que
significa que a atividade jurisdicional deve ser prestada com o objetivo de produzir o
máximo de resultado com o mínimo de despesas, de modo que não deve recair nas
ideias de economia ou celeridade processual, como a doutrina mais tradicional explica.
A duração razoável do processo ou como chamado por alguns doutrinadores o
princípio da tempestividade da tutela jurisdicional, depende de cada caso concreto, uma
vez que devido as particularidades de cada processo, as especificidades, dificuldades e
até mesmo o comportamento dos próprios litigantes, a duração do processo será
diferente.
Processualmente a duração razoável é vista em abstrato, já que o que é cabível
é identificar ou estabelecer as técnicas para buscar um julgamento mais célere possível
dentro das possibilidades de cada processo.
Discute‐se a possibilidade de o Estado diante da não observância do princípio da
duração razoável do processo ser condenado ao pagamento de indenização.
Segundo Scarpinella Bueno o que o princípio previsto no inciso LXXVIII do artigo
5º quer dizer é que a atividade jurisdicional e os métodos empregados por ela sejam
racionalizados, otimizados e tornados eficientes.
Em outras palavras explica o doutrinador:
Eficiente, neste contexto, quer significar os necessários esforços de
racionalização da estrutura judiaria de forma a viabilizar que a sua atuação – e
amplamente: o método de sua atuação – seja, a um só tempo, célere e seguro: que
produza o máximo de resultados ótimos com o mínimo de esforços e gastos.
Cabe destacar que não se pode analisar o dispositivo constitucional apenas e tão
somente como a busca por julgamentos céleres, posto que de forma generalizada pode
colocar em risco o ideal de segurança jurídica que o princípio do devido processo
constitucional e do contraditório impõe.
Em outras palavras pode‐se dizer que a ênfase do princípio consagrado no inciso
LXXVIII do art. 5º da CF não recai apenas e tão somente no tempo necessário o
desenvolvimento do processo, mas sim principalmente da otimização da prestação
jurisdicional, inclusive do ponto de vista econômico, administrativo e até mesmo
burocrático, conforme explica Scarpinella Bueno.
Pode‐se dizer que de acordo com o princípio em estudo o objetivo é chegar ao
resultado do processo com o menor número de atos processuais. Consequência direta
da efetividade é a celeridade. Assim, a depender da complexidade da causa, o processo
poderá demorar mais ou menos tempo, mas não pode perdurar mais do que o razoável.
Prevê o art. 4ª, do CPC: “Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.”

6.16 Princípio da Primazia do julgamento de mérito

A condução do processo deve ser destinada à finalidade do processo, que é a


decisão de mérito (decisão que resolve o conflito – que aplica o direito material –
conhecido como princípio da primazia do mérito).
O juiz deve, após todo o trâmite processual, prestar a tutela jurisdicional,
decidindo efetivamente sobre o conflito. Evidentemente que em determinadas
situações não será possível atingir o mérito. Mas, se o vício no processo for sanável
(corrigível), é dever do magistrado possibilitar a parte que o retifique para que tenhamos
a decisão final de mérito.
O princípio da primazia da decisão de mérito está previsto no artigo 488 do CPC.
Segundo este princípio o juiz tem o dever de examinar o mérito da causa, só não o
fazendo quando houver obstáculo intransponível. Mesmo diante da falta de um
requisito processual de validade, pode o magistrado ignorá‐lo, não havendo prejuízo,
para avançar e resolver o mérito da causa, desde que a decisão for favorável a parte a
quem aproveita eventual extinção sem resolução do mérito, conforme dispõe o artigo
488 do
6.17 Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade é visto sob a ótica Constitucional de que o Estado é


regido por uma constituição, e, portanto, configura‐se como a garantia fundamental de
que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”. (CF, art.5° II).

O CPC atribua ao juiz o dever de “aplicar o ordenamento jurídico”, deixando


expresso que a atuação do Poder Judiciário, no desempenho da função jurisdicional,
tem de observar o princípio da legalidade.
Para o art. 8º do CPC, a aplicação do ordenamento jurídico, para atender aos fins
sociais e às exigências do bem comum, deverá resguardar e promover a dignidade da
pessoa humana, um dos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito (CF,
art. 1º, III). E ocorrendo conflito entre os elementos importantes para a configuração
dos fins sociais e das exigências do bem comum, deverão ser observados, para a
respectiva superação, os critérios hermenêuticos da proporcionalidade e da
razoabilidade.
Esses critérios interpretativos não autorizam, todavia, a pura e simples recusa de
observância de regra legal emanada do Poder Legislativo, com conteúdo e objetivo
claros e induvidosos.
Somente em juízo adequado de inconstitucionalidade se mostra possível
providência radical e extrema, como a de rebelar o Poder Judiciário contra a vontade
normativa legítima manifestada pelo legislativo.
Enfim, conforme explica o doutrinador Luiz Rodrigues Wambier, em respeito ao
princípio da legalidade, um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito e um
dos direitos fundamentais assegurados pela Constituição, e ainda em razão da garantia
de segurança jurídica, impõe‐se concluir que, sem que se tenha regularmente declarado
a inconstitucionalidade, não podem os julgadores “substituir o claro texto da lei
expressa, produto do debate e da votação em processo legislativo constitucional”, por
opinação a lattere, “por mais respeitável que seja”. A lei, em princípio, se revoga pelo
processo legislativo, e não pelo “entendimento pessoal do julgador”
6.18 Princípio da Boa‐fé

Dispõe o art. 5º do CPC que “aquele que de qualquer forma participa do processo
deve comportar‐se de acordo com a boa‐fé”.
A má‐fé subjetiva (conduta dolosa, com o propósito de lesar a outrem) sempre
foi severamente punida, tanto no âmbito do direito público como no privado.
O princípio da boa‐fé objetiva impõe às partes, uma atuação pautada nos
deveres de honestidade, lealdade e informação. Com isso, confere‐se segurança às
relações jurídicas, permitindo‐se aos respectivos sujeitos confiar nos seus efeitos
programados e esperados.

6.19 Princípio da Cooperação

Trata‐se de um desdobramento do princípio moderno do contraditório


assegurado constitucionalmente, e de igual forma uma consequência do princípio da
boa‐fé objetiva.
Quando o artigo 6º estabelece que todos os sujeitos devem cooperar entre si,
está se referindo não apenas as partes, mas também ao juiz.
O princípio da cooperação postula por um equilíbrio, sem preponderância das
partes ou do magistrado.
Na realidade, todos os envolvidos no processo (partes, juiz, testemunhas,
peritos, servidores, advogados) devem atuar de forma cooperativa, em respeito s regras
de lealdade.
Segundo Donizetti Elpídio (2016, p. 42‐43):
O dever de cooperação, entretanto, encontra limites na
natureza da atuação de cada uma das partes. O juiz atua com a
marca da equidistância e da imparcialidade, a qual não pode ser
comprometida por qualquer promiscuidade com as partes. Por
outro lado, o dever do advogado é a defesa do seu constituinte.
A rigor, não tem ele compromisso com a realização da justiça.
Ele deverá empregar toda a técnica para que as postulações do
seu cliente sejam aceitas pelo julgador. Essa é a baliza que deve
conduzir o seu agir cooperativo. Em sendo assim, meu caro
leitor, retire da cabeça aquela imagem – falsamente assimilada
por alguns com o advento do novo CPC – de juiz, autor e réu
andando de mãos dadas pelas ruas e advogado solicitando
orientação ao juiz para redigir as peças processuais. Não
obstante a apregoada cooperação, no fundo, será cada um por
si, o que não impede que a lealdade e a boa‐fé imperem nas
relações processuais.”

Tem‐se, portanto, que ao se falar em cooperação que todos os envolvidos no


processo atuem com observância aos deveres de boa‐fé.

6.20 Princípio Dispositivo

O princípio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução da


causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que se fundamentará
a decisão.
A doutrina afirma que fundamento do princípio dispositivo é a necessidade de
salvaguardar a imparcialidade do juiz.
O artigo 371 do CPC permite que o juiz determine de ofício a produção de provas.
Ada Pelegrini explica que no processo civil o princípio dispositivo foi aos poucos
se mitigando, a ponto de permitir‐se ao juiz uma ampla gama de atividades instrutórias
de ofício.
Parcela de juristas e doutrinadores criticam a possibilidade de produção de
provas de ofício pelo juiz.

6.21 Princípio da persuasão racional (ou do convencimento motivado)

Segundo este princípio o juiz tem liberdade na apreciação da prova. Todavia,


deve fundamentar, com base nos elementos instrutórios reunidos no processo, o
resultado a que chegou. Em outros termos, o juiz é livre no seu convencimento, desde
que justifique o resultado a que chegou.
Parcela de juristas e doutrinadores criticam referido princípio.

6.22 Princípio da Oralidade

Esse princípio enfatiza a importância da manifestação oral das partes no


processo e, ainda, das provas elaboradas oralmente para a composição da convicção do
juiz.
Contudo, há casos em que a oralidade não pode predominar à escrita, como nos
casos de documentos indispensáveis como a prova documental e o registro dos atos
processuais.
A oralidade tem como subprincípios: a prevalência da oralidade sobre a escritura,
a imediatidade (as provas são produzidas na frente do juiz), a identidade física do juiz, a
irrecorribilidade das decisões interlocutórias, a concentração dos atos em uma só
audiência, a vedação à devolução ao órgão hierarquicamente superior da matéria fática
debatida na causa e documentação dos atos praticados oralmente. Esse princípio
possibilita um maior contato das pessoas com o juiz e esse contato assegura uma maior
ampla defesa.
O Código de Processo Civil atualmente em vigor apresenta característica
procedimental essencialmente escrita.
Contudo, isso não significa que deixou completamente de lado o procedimento
oral, dada sua já consagrada importância.
Humberto Theodoro Junior (2015, p. 61‐62), explica que a oralidade no CPC de
2015 foi mitgada, vejamos:
A oralidade, em nosso Código, foi adotada com mitigação, em
face das peculiaridades da realidade brasileira e das restrições
doutrinárias feitas ao rigorismo do princípio. A identidade física
do juiz, que era restrita no Código anterior, nem sequer foi
conservada pelo Código atual. Quanto ao julgamento da causa
em audiência, o Código o adota como regra do procedimento
comum, mas prevê casos em que, por economia processual, o
julgamento se faz antecipadamente, sem necessidade sequer da
audiência de instrução e julgamento (art. 355). Quanto à
irrecorribilidade das decisões interlocutórias, a orientação do
Código foi totalmente contrária ao princípio da oralidade pura,
pois admite o agravo de grande número de decisões proferidas
ao longo do curso do processo (art. 1.015).
A oralidade recebe, com o advento do Código novo, um incremento, visto que o
caráter cooperativo entre as partes e o juiz se transformou em norma fundamental do
processo justo (art. 6º), e nada contribui mais para a eficiência dessa cooperação do que
o contato verbal e direto entre os sujeitos do processo, ou seja, entre partes, seus
advogados e o julgador.
Exemplo de utilização do princípio da oralidade: audiência preliminar de
conciliação e mediação e a sustentação oral, perante os tribunais.

6.23 Princípio da efetividade do processo


Possui fundamentação no art. 5º, XXXV, da CF da mesma forma que o princípio
do acesso à justiça.
Explica Scarpinella Bueno que enquanto os princípios do acesso a justiça e o do
devido processo constitucional (legal) voltam‐se a criação de condições efetivas de
provocação do Poder Judiciário e de obtenção da tutela jurisdicional, por meio de uma
devida participação ao longo processo, com reconhecimento do direito de alguém pelo
Estado‐juiz, o princípio da efetividade do processo volta‐se aos resultados práticos desse
reconhecimento do direito.
Afirma, ainda, que a efetividade do processo deve ser compreendida no sentido
de concretização prática do quanto decidido sobre a lesão ou ameaça a direito no
âmbito do processo.
A visão moderna do direito processual, segundo esse princípio, reconhece que o
direito processual deve gerar resultados práticos e concretos aos que procuram a
jurisdição para resolução de seus conflitos.
Segundo o processualista Cândido Rangel Dinamarco:
A força das tendências metodológicas do direito processual na
atualidade dirige‐se com grande intensidade para a efetividade
o processo, a qual constitui expressão resumida da ideia de que
o processo deve ser apto a cumprir integralmente toda a sua
função socio‐política‐jurídica, atingindo em toda a plenitude
todos os seus escopos institucionais.
A efetividade, trata‐se, portanto do desempenho concreto da função social do
direito.
Em outras palavras representa a materialização no mundo dos fatos dos
preceitos legais e simboliza a aproximação, na medida do possível, entre o dever‐ser
normativo e o ser da realidade social.

Referências
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de Direito Processual Civil,
volume 1. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO,
Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª ed. São Paulo:
Atlas, 2016
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 10. Ed. São Paulo: Atlas,
2009.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 56ª
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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