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ARA1238 TEO. GER. DO PROC E FASE DE CONHEC. NO PROC.

CIVIL
AULA 1: Fundamentos do Direito Processual
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Conceito: O Direito Processual Civil é o sistema de normas que regulam o funcionamento e o exercício
da jurisdição civil. É ramo do direito público, e o é porque regula a relação não somente das partes ou de
legiAmados, mas conta com a parAcipação efeAva do Estado-juiz na condição de exercente do poder
estatal que resolverá a questão.

Processo é caminho, é meio de se alcançar algo. É instrumento para o exercício de um direito ou poder.

O direito processual tem uma finalidade, que é disciplinar a forma pela qual o Estado presta a
a7vidade jurisdicional. O Estado presta a a7vidade jurisdicional por meio de um processo, o qual nasce a
par7r de uma provocação do exercício do direito de ação.
Os princípios são as regras que,
embora não estejam escritas,
servem como mandamentos que

PRINCÍPIOS informam e dão apoio ao direito,


u9lizados como base para a
criação e integração das normas
jurídicas, respalda- dos pelo ideal
de jus9ça.
Princípio do
devido
processo TRATA-SE DE UM DIREITO FUNDAMENTAL PREVISTO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM UMA CLÁUSULA GERAL (ART. 5O,

legal LIV DA CF), O QUAL SE REVELA POR MEIO DE UM CONJUNTO DE


NORMAS (REGRAS E PRINCÍPIOS) INSTITUIDORAS DE
GARANTIAS PROCESSUAIS E MATERIAIS, PERMITINDO QUE A
NORMA JURÍDICA INDIVIDUALIZADA A SER PRODUZIDA NO
PROCESSO SEJA MAIS JUSTA, TEMPESTIVA E EFETIVA POSSÍVEL.
Princípio da inércia da jurisdição e
Princípio do impulso oficial

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei.

Ambos os princípios são extraídos do mesmo dispositivo legal.

O princípio da inércia da jurisdição indica que somente a parte pode


iniciar o processo. Ou seja, o Poder Judiciário permanece inerte até ser provocado pela
parte, que apresenta sua pretensão para ser discutida em juízo.

O princípio do impulso oficial indica que o desenvolvimento do processo é


responsabilidade do juiz. Ele tem o dever de conduzir o processo até a
decisão final, resolvendo o conflito das partes.
Devido processo legal formal e
material
• dimensão formal se refere à observância das garanOas processuais,
ou seja, que dizem respeito ao procedimento (observância do juízo
natural, das regras de competência, conexão, conOnência etc.).

• dimensão material (ou substancial) representa um verdadeiro


controle, por parte do Poder Judiciário, de eventual aOvidade
legislaOva abusiva, desproporcional.

• Tal compreensão pode ser extraída do art. 8o do CPC/2015, in verbis:


Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais
e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
legalidade, a publicidade e a eficiência.
O princípio do contraditório é um direito
fundamental previsto em uma cláusula
geral (art. 5o, LV, da CF). Tal princípio
decorre da cláusula geral do devido
processo legal.

Princípio do O contraditório é direito de ambas as

contraditório
partes e não necessariamente do réu.

Ao falarmos em contraditório, devemos ter


em mente três importantes senOdos:
contraditório é reação, parQcipação e
influência.
Princípio do contraditório

Segundo o art. 9o do CPC/2015, nenhuma decisão pode ser proferida contra


uma parte sem que ela seja previamente ouvida. A prévia oiDva da parte serve
justamente para que ela possa buscar influir na decisão.

Segundo o art. 10o do CPC/2015, o juiz não pode decidir em grau algum de
jurisdição com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de o=cio.
Princípio da ampla
defesa

• é a concre(zação, do princípio do
contraditório. Portanto, sempre que houver,
na prá(ca, a efe(va par(cipação e o efe(vo
exercício do poder de influência pela parte,
diz-se, então, que a ampla defesa foi
exercida.
O referido princípio foi Processo devido é aquele que
insQtuído pela Emenda se desenvolve em tempo
ConsQtucional (EC) n.o 45/2004. razoável. O processo, portanto,
Princípio da Tal princípio tem expressa
previsão no art. 5o, LXXVIII, da
deve durar o tempo que for
necessário para a construção da

duração CF e no art. 4o do CPC. norma jurídica.

razoável do
processo O princípio da razoável duração
do processo se dirige a todos os
Em relação ao juiz, cabe a ele,
nos termos do art. 139, II, do
CPC, velar pela razoável
atores do processo.
duração do processo.
Princípio da publicidade dos autos processuais

• O princípio da publicidade dos atos processuais decorre de uma imposição cons8tucional (art. 93,
IX, da CF).
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
inAmidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

• Art. 11 do CPC: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. Tal princípio também é reafirmado pelo art.
8o do CPC.

• Dupla garan8a: a) garan8a de controle e fiscalização da sociedade em geral em relação aos atos do
poder público, em especial da a8vidade jurisdicional; b) garan8a de imparcialidade do julgador.
Princípio da publicidade dos autos processuais

• É importante registrar que este princípio não é absoluto, comportando, pois, miQgações, as quais constam do
art. 189 do CPC, in verbis:

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de jusOça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda
de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito consOtucional à inOmidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade
esOpulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

• Art. 367, §§ 5o e 6o, do CPC, admite que a audiência seja integralmente gravada em imagem e em áudio, em
meio digital ou analógico, desde que seja assegurado o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores,
independentemente de autorização judicial.
Princípio da mo-vação (ou fundamentação)
das decisões judiciais
• Decorre de uma imposição consQtucional (art. 93, IX, da CF).
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à inOmidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação.

• O inciso X do art. 93 da CF/88 também traz previsão expressa quanto à observância do dever de moQvação das
decisões administraQvas dos tribunais: “ as decisões administraQvas dos tribunais serão moQvadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”.

• Art. 11 do CPC “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade”.

• Dupla garanQa: a) garanQa de fiscalização da sociedade em geral; b) permite que as partes conheçam as razões
que levaram o órgão julgador a decidir em determinado senQdo.
Princípio da
isonomia O PRINCÍPIO DA ISONOMIA ESTÁ
PREVISTO NO ARTIGO 7O DO CPC. O ART.
“TRATAR OS IGUAIS DE FORMA IGUAL E
OS DESIGUAIS DE FORMA DESIGUAL NA
139, INCISO I, DO CPC DIRIGE UMA MEDIDA DE SUAS DESIGUALDADES.
OBRIGAÇÃO AO JUIZ, UMA VEZ QUE ELE BUSCA-SE A CHAMADA “PARIDADE DE
DEVE VELAR PELO TRATAMENTO ARMAS”.
IGUALITÁRIO DAS PARTES. ESTE
PRINCÍPIO DECORRE DO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE, PREVISTO NO ART. 5O,
CAPUT, DA CF.
Princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário (princípio
do acesso à jus8ça)

• Tal princípio está consagrado no inciso XXXV do art. 5o da CF, segundo o qual
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”.

• O acesso à jus9ça é um direito fundamental, sendo, portanto,


incons9tucionais eventuais barreiras a esse acesso.

O art. 3o do CPC, por sua vez, reproduziu o comando cons9tucional,
dispondo que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito”.
Flexibilização do Princípio da inafastabilidade do Poder
Judiciário

• Lides desporQvas: para se ajuizar uma ação envolvendo lide desporOva, é necessário o esgotamento da via
administraOva (desporOva), nos termos do art. 217, § 1o da CF;

• Habeas data: nos termos do art. 8o, parágrafo único, da Lei n.o 9.507/1997, a peOção inicial deverá ser instruída
com a prova: I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de 10 (dez) dias sem qualquer decisão
sobre tal pedido; II - da recusa em fazer a reOficação ou transcurso de mais de 15 (quinze) dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer a anotação a que se refere o § 2o do art. 4o ou do decurso de mais de 15 (quinze) dias
sem decisão. É importante destacar que no caso do habeas data, não se exige o esgotamento da via
administraOva, mas tão somente a demonstração de tais requisitos na peOção;

• Ações previdenciárias: para o ajuizamento de uma ação objeOvando a concessão de benepcio previdenciário, é
necessário que tenha havido o prévio requerimento administraOvo, ainda que não haja decisão administraOva
definiOva junto ao respecOvo órgão.
Princípio do juízo natural
• O princípio do juízo natural impede a escolha casuís4ca
de juiz (ou juízo) para o processamento e julgamento de
determinada causa.
• É preciso que as regras de competência previstas na
Cons4tuição Federal e nas leis sejam anteriores ao fato,
sob pena de se criar, para o caso, um indevido juízo (ou
tribunal) de exceção.
• O princípio do juízo natural pode ser extraído dos incisos
XXXVII e LIII do art. 5o da CF. Vejamos:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção.
[...] LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
pela autoridade competente.
Princípio do duplo grau de
jurisdição

Tal princípio não possui previsão consOtucional e não se trata de um


direito fundamental previsto na CF.

O princípio do duplo grau de jurisdição garante que a parte não fique


vinculada apenas a uma única decisão.

O referido princípio evita a concentração do poder nas mãos de um


único órgão julgador e permite que a decisão seja revista por outro
órgão jurisdicional.

O princípio do duplo grau de jurisdição não impõe que qualquer


decisão seja susceqvel de recurso.
Nos termos do art. 5o do CPC, “aquele que de
qualquer forma par6cipa do processo deve
Princípio comportar-se de acordo com a boa-fé”.

da boa-fé
processual Tal princípio tem suas raízes na Cons6tuição
Federal, a saber: a) art. 1o, inciso III, da CF/88
(dignidade da pessoa humana); b) art. 3o,
inciso I, da CF/88 (solidariedade); c) art. 5o,
inciso LIV, da CF/88 (princípio do devido
processo legal).
Proibição de li,gância de má-fé

• Aquele que liQga de má-fé viola a boa-fé processual. Nos termos do art. 79 do CPC, “responde por perdas e danos
aquele que liQgar de má-fé como autor, réu ou interveniente”.

Art. 80. CPC. Considera-se liOgante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objeOvo ilegal;
IV - opuser resistência injusOficada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

• Art. 81 do CPC, “de oocio ou a requerimento, o juiz condenará o liQgante de má-fé a pagar multa, que deverá ser
superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos
prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocapcios e com todas as despesas que efetuou”.
Princípio da cooperação

• Nos termos do art. 6o do CPC, “todos os sujeitos do


processo devem cooperar entre si para que se obtenha,
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efeDva”.

• Quando falamos em princípio da cooperação, é


necessário compreender três Dpos de sistemas de
estruturação do processo.
Ordem cronológica
• De acordo com o art. 12 do CPC, os juízes e os
tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem
cronológica de conclusão para proferir sentença
ou acórdão.

• O princípio orientador e jusAficador desta regra é


o da isonomia, pois, na observância da ordem
cronológica de conclusão do processo, será
garanAdo o tratamento isonômico às partes,
evitando-se que seja escolhido o processo pela
capa.
Conclusão: é a fila em que os processos são inseridos para que a
sentença seja proferida. Essa norma é importante por conferir
publicidade e transparência no gerenciamento de processos.

A regra é simples: o juiz deve julgar os processos de acordo com a


ordem cronológica de conclusão. Existem algumas exceções em
que essa fila pode ser “furada”. São as hipóteses previstas no § 2º

Ordem
do art. 12, em que será elaborada uma lista própria (contendo
apenas as exceções).

cronológica Existem ainda as exceções das exceções, ou seja, os casos que são
julgados antes de qualquer outra situação. São as hipóteses do §
6º do art. 12.

Importante ressaltar ainda que eventuais requerimentos da parte,


quando o processo já esLver apto a julgamento, não irão reLrá-
lo da lista, exceto se, em razão desse requerimento, for necessária a
conversão da fase de julgamento para realização de diligência.
Estudo de Caso
• Durante o julgamento de uma causa, o juiz, de oHcio
e sem prévia manifestação das partes, decidiu pela
prescrição da pretensão do autor. O fundamento da
decisão limitou-se à reprodução de um disposi(vo legal,
bem como à invocação de um precedente, sem
iden(ficar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta ao
referido precedente. Analisando as condutas do juiz
neste processo, iden(fique e explique qual(is)
princípio(s) foi(ram) inobservado(s) pelo magistrado.

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