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15/05/2021 Thomson Reuters ProView - Código de Processo Civil Comentado - Ed.

2021

Sem Nome

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TÍTULO IV. DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Lei 13.105, de 16 de março de 2015
Parte Geral.
Livro III. DOS SUJEITOS DO PROCESSO
TÍTULO IV. DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
TÍTULO IV. DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
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TÍTULO IV
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Capítulo I

DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

II - velar pela duração razoável do processo;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir


postulações meramente protelatórias;

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-


rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive
nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

* Sem correspondência no CPC/1973.

V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com


auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;

VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de


prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito;

* Sem correspondência no CPC/1973.

VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial,


além da segurança interna dos fóruns e tribunais;

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VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para


inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de
confesso;

IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de


outros vícios processuais;

* Sem correspondência no CPC/1973.

X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o


Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros
legitimados a que se referem o art. 5º da Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, e o
art. 82 da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva.

* Sem correspondência no CPC/1973.

Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser


determinada antes de encerrado o prazo regular.

* Sem correspondência no CPC/1973.

1. Direção do Processo. No Estado Constitucional, o direito processual civil assume


uma dimensão essencialmente democrática e deve ser pensado na perspectiva do
Estado Constitucional, constituindo um verdadeiro ponto de encontro de direitos
fundamentais. Ao juiz incumbe a direção do processo, dando-lhe impulso oficial (art. 2.º,
CPC), a fim de que se resolva com justiça o caso levado à apreciação jurisdicional. A
direção do processo pelo juiz no Estado Constitucional caracteriza-se por ser uma
direção que se pauta pela condução paritária do processo e pela assimétrica decisão da
causa. Vale dizer, o juiz está no mesmo nível das partes na condução da causa, tendo
ele mesmo de observar o contraditório como regra de conduta, alocando-se em uma
posição acima das partes apenas quando impõe a sua decisão. O juiz do processo civil
contemporâneo é paritário no diálogo e assimétrico na decisão da causa. É um juiz que
tem a sua atuação pautada pela regra da cooperação.

2. Deveres na Direção do Processo. Na direção do processo, cumpre ao órgão


jurisdicional assegurar às partes igualdade de tratamento, com o que vela pela paridade
de armas no processo civil (art. 5.º, I, CF), elemento indissociável de nosso processo
justo (art. 5.º, LIV, CF). Na esteira do direito fundamental à tutela jurisdicional adequada,
efetiva e prestada em tempo razoável (art. 5.º, XXXV e LXXVIII, CF), toca-lhe o dever de
dirigir o processo de modo que alcance solução do litígio em prazo razoável. Tem o juiz,
na condução do processo, o dever de interpretar a legislação processual civil em
conformidade com os direitos fundamentais processuais, preferindo para solução dos
casos o sentido legal que concretize de maneira ótima os direitos fundamentais.
Cumpre-lhe ainda prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça (arts.
80 e 772, CPC) e tentar conciliar as partes a qualquer tempo (arts. 334 e 359, CPC).

3. Técnica Executiva Atípica. O art. 139, IV, CPC, explicita os poderes de imperium
conferidos ao juiz para concretizar suas ordens. A regra se destina tanto a ordens
instrumentais (aquelas dadas pelo juiz no curso do processo, para permitir a decisão
final, a exemplo das ordens instrutórias no processo de conhecimento, ou das ordens
exibitórias na execução) como a ordens finais (consistentes nas técnicas empregadas
para a tutela da pretensão material deduzida). Há evidente excesso nas expressões
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empregadas (“medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias”), na


medida em que as medidas coercitivas são espécie de medidas indutivas (as medidas
indutivas podem ser de pressão positiva, quando se oferece uma vantagem para o
cumprimento da ordem judicial, ou coercitiva, quando se ameaça com um mal para a
obtenção da satisfação do comando). Há também confusão de categorias, já que o
efeito mandamental – ao lado do efeito executivo – é o efeito típico das ordens judiciais
(que veiculam medidas indutivas e sub-rogatórias). Essa falta de rigor técnico, porém,
não compromete a intenção do preceito, que é dotar o magistrado de amplo espectro de
instrumentos para o cumprimento das ordens judiciais, inclusive para a tutela de
prestações pecuniárias (art. 536, CPC). Com base no art. 139, IV, CPC, tem-se
discutido, por exemplo, se é cabível a título de coerção indireta a suspensão do direito
de dirigir (CNH), a apreensão de passaporte, o cancelamento de cartões de crédito e a
inscrição no SerasaJud.

4. STJ. “Subsidiariedade”. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, “a


adoção de meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando-se a existência de
indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas
de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada às
especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do
postulado da proporcionalidade” (STJ, 3ª Turma, REsp 1.788.950/MT, Rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 23.04.2019, DJe 26.04.2019).

5. Flexibilização Procedimental. É dever do juiz adequar o procedimento às


necessidades do conflito, para tutelar de modo mais efetivo a pretensão que é deduzida.
Esse dever, porém, não é amplo no CPC, estando limitado à dilatação de prazos
processuais e à alteração da ordem de produção das provas. A dilatação de prazos só
pode ocorrer antes de encerrado seu curso regular (art. 139, parágrafo único, CPC).
Outros tipos de adaptações só podem ser feitos pelas partes, e apenas quando o direito
admita autocomposição (art. 190, CPC).

6. Colheita do Interrogatório Livre. O art. 139, VIII alude ao chamado interrogatório


livre, figura que não se confunde com o depoimento da parte. O primeiro objetiva
apenas permitir ao juiz um melhor esclarecimento dos fatos, ao passo que o segundo,
muito embora também possa colaborar para tanto, visa, acima de tudo, à obtenção da
confissão. O juiz tem o poder de determinar, de ofício, a intimação de qualquer das
partes ou de ambas para que o litígio seja mais bem esclarecido. O depoimento da parte
deve ser requerido pela parte contrária. O interrogatório pode ocorrer a qualquer tempo
e pode ser único ou múltiplo. O depoimento da parte ocorre, como regra, na audiência
de instrução e julgamento e é sempre único. A determinação de interrogatório livre é
uma faculdade judicial (STJ, 3.ª Turma, REsp 11.602/RJ, rel. Min. Dias Trindade, j.
13.08.1991, DJ 09.09.1991, p. 12.202). É claro que, se o juiz possui esse poder, ele não
é orientado para formar prova em favor de qualquer das partes ou para obter a
confissão de qualquer delas. A providência é no interesse do processo justo. A parte,
chamada ao interrogatório livre, evidentemente tem o dever de dizer a verdade. Caso
não atenda ao chamado do juiz, não é possível extrair-se da sua omissão a confissão
ficta. Não obstante, o juiz poderá retirar do seu não comparecimento argumento de
prova.

7. Dever de Saneamento. Também é dever do juiz, ligado à instrumentalidade,


sempre que possível, evitar que o processo seja extinto sem resolução de mérito, por
falta de pressupostos processuais ou por vícios. Assim, sempre que perceber vício
sanável ou a ausência sanável de pressuposto processual, é dever do juiz determinar a
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correção do defeito, para o prosseguimento do processo. Consoante já entendeu o


Superior Tribunal de Justiça, “Não obstante devam ser observados, na direção do
processo, a igualdade de tratamento e o princípio da demanda, havendo expressa
disposição de lei, deve o magistrado tratar de determinadas questões,
independentemente de requerimento de qualquer uma das partes, não havendo que se
falar em parcialidade” (STJ, 1ª Seção. AgInt na AR 5.768/DF, rel. Min. Gurgel de Faria, j.
24.08.2016, DJe 21.09.2016).

8. Outros Deveres na Direção do Processo. Por força da regra da cooperação,


cuja base constitucional está no direito fundamental à participação no processo (art. 5.º,
LV, CF), o juiz tem outros deveres na condução do processo além daqueles enunciados
no art. 139, CPC. Haja vista o seu dever de conduzir o processo de maneira isonômica,
observando e fazendo observar o contraditório, tem os deveres de esclarecimento,
prevenção, consulta e auxílio para com os litigantes. O juiz tem o dever de esclarecer
com as partes eventuais dúvidas sobre as alegações e os pedidos formulados; tem o
dever de prevenir as partes a respeito da possibilidade de seus pedidos serem
frustrados pelo uso inadequado do processo; tem o dever de consultar as partes antes
de decidir sobre qualquer questão (fática, jurídica ou mista; material ou processual),
possibilitando antes que essas o influenciem a respeito do rumo a ser outorgado à
causa (STF, MS 25.787/DF, rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, Informativo 449/2006) e o
dever de auxiliar as partes na superação de eventuais dificuldades que impeçam ou
agravem o exercício de suas posições jurídicas.

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

1. Dever de Decidir. Uma vez proposta a ação, tem o juiz de prestar tutela
jurisdicional, respondendo ao pedido do demandante. Há dever de decidir, dele não se
eximindo o órgão jurisdicional alegando lacuna ou obscuridade do direito positivo. A
omissão legislativa não justifica a omissão jurisdicional (STJ, 1.ª Turma, REsp
426.431/SC, rel. Min. Garcia Vieira, j. 06.08.2002, DJ 30.09.2002, p. 203). O não
convencimento do órgão jurisdicional a respeito das alegações de fato das partes
também não elide o seu dever de decidir, tendo aí o juiz de julgar alçando mão das
normas sobre o ônus da prova (art. 373, CPC), que funcionam aí como regras de
julgamento.

2. Julgamento do Caso. No Estado Constitucional, o juiz tem o dever de decidir em


atenção à juridicidade estatal, atribuindo sentido ao caso concreto e conformando a
legislação a partir da supremacia da Constituição e dos direitos fundamentais. No que
agora interessa, a finalidade do processo civil é decidir com justiça o caso concreto, já
que a juridicidade estatal aponta automaticamente para a ideia de justiça, estando ao
alcance do órgão jurisdicional para consecução desse fim os princípios, as regras e os
postulados normativos (por exemplo, a proporcionalidade, a razoabilidade, a igualdade)
que constituem o nosso sistema jurídico.

3. Equidade. No Estado Legislativo, ao juiz só era dado decidir por equidade nos
casos previstos em lei. No Estado Constitucional, a equidade revela-se como algo
inerente ao ato de julgar. Trata-se de mais um elemento que deve ser considerado no
quando da conformação da lei para compreensão e decisão do caso concreto levado a
juízo. Assim como outras normas que têm a mesma função de disciplinar eventuais
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conflitos entre outras normas, como, por exemplo, a proporcionalidade, a concordância


prática, a equidade, aqui entendida como razoabilidade como equidade, é inerente ao
processo decisório no Estado Constitucional. É natural ao ato de julgar, no Estado
Constitucional, o julgar com coerência, proporcionalidade, razoabilidade, concordância
prática, ponderação e igualdade (STF, Pleno, ADPF 130/DF, rel. Min. Carlos Britto, j.
30.04.2009, DJe 05.11.2009, voto do Min. Celso de Mello).

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.

1. Princípio da Demanda. O princípio da demanda (ou dispositivo em sentido


material) concerne ao alcance da atividade jurisdicional, representando o maior limite a
essa atividade. O artigo em comento, como manifestação do princípio da demanda, visa
a responder sobre o que há de se pronunciar o juiz para que logre decidir a causa. A
decisão judicial que se pronuncia sobre fatos essenciais não levantados nos articulados
das partes (decisão com excesso de pronúncia), que não se pronuncia sobre os fatos
essenciais alegados pelas partes (decisão com deficiência de pronúncia) e que não se
limita a examinar o pedido tal como engendrado pela parte, julgando extra, ultra ou infra
petita, ofende o art. 141, CPC (STJ, 1.ª Turma, REsp 784.159/SC, rel. Min. Denise
Arruda, j. 17.10.2006, DJ 07.11.2006, p. 250). O STJ sumulou o entendimento no
sentido de que, “nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas” (Súmula 381). Há aí excesso de pronúncia.

2. Mérito Processual. Só interessa ao processo o litígio “nos limites em que foi


proposta”. Esse litígio processual, pois, não se confunde com eventual litígio social. O
juiz tem de decidir o litígio processual e é sobre essa que se projeta o resultado do
processo. Aquilo que, o campo social, não se qualificou como litígio processual, não
interessa ao processo. O litígio processual constitui, na linguagem do Código de
Processo Civil, o mérito da causa. Pertence às partes a formação do mérito da causa.

3. Questões Conhecíveis de Ofício. Em geral, a lei exige a iniciativa da parte para


que o órgão jurisdicional conheça dessa ou daquela questão. Todavia, havendo
disposição expressa em lei, pode o juiz conhecer de determinadas questões
independentemente de requerimento da parte. Exemplos: objeções de direito material
(pagamento, decadência, art. 210, CC etc.) e objeções de direito processual (coisa
julgada, art. 485, § 3.º, CPC etc.).

4. Quebra da Congruência entre Pedido e Tutela Jurisdicional. Os arts. 497, 498,


536, 537 e 538, CPC, possibilitam não só o emprego de técnicas processuais atípicas
para cumprimento das sentenças mandamentais e executivas (arts. 536 e 538, § 3.º,
CPC), quebrando assim o dogma da congruência entre pedido imediato e sentença,
mas quebram igualmente o dogma da congruência entre pedido mediato e sentença,
viabilizando não só a obtenção de tutela específica, mas também a prestação de tutela
pelo resultado prático equivalente de ofício pelo juiz (art. 497, caput, CPC). Apenas a
conversão da tutela específica ou da tutela pelo resultado prático equivalente em tutela
pelo equivalente monetário encontra-se abrigada pelo princípio da demanda, sendo
indispensável o pedido da parte (art. 499, CPC, excetuada a hipótese de impossibilidade
intransponível da tutela específica ou do resultado prático equivalente). Tais preceitos,
nesta linha, são exceções aos arts. 141 e 492, CPC.

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Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do


processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá
decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da
litigância de má-fé.

1. Uso Ilegal do Processo. Se demandante e demandado se servem do processo


para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, então há simulação e há
fraude à lei, havendo uso ilegal do processo. Os atos simulados e os atos em fraude à
lei são nulos (arts. 166, III, e 167, CC), tendo o juiz o dever de decretar de ofício a
invalidade dos atos processuais viciados por simulação ou por fraude à lei (STJ, 4.ª
Turma, REsp 62.145/SP, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 26.08.1997, DJ
29.09.1997, p. 48.210). Há simulação quando as partes vão a juízo afirmando um litígio
aparente, que na realidade não existe, a fim de conferir ou transmitir direitos
simuladamente; age com fraude à lei quem frustra o alcance da lei, visando a obter
aquilo que a legislação proíbe.

2. Circunstâncias da Causa. Servem ao convencimento do juiz as circunstâncias da


causa, aí compreendida igualmente a conduta das partes.

3. Extinção do Processo sem Resolução de Mérito. Convencendo-se o juiz que as


partes fizeram uso ilegal do processo, tem de prolatar decisão que obste aos seus
objetivos, extinguindo o processo sem resolução de mérito (art. 485, X, CPC).
Comprovado o uso ilegal do processo, tem de haver condenação das partes em
litigância de má-fé (art. 80, III, CPC), sem prejuízo de outras sanções eventualmente
cabíveis.

Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:

I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;

II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar
de ofício ou a requerimento da parte.

Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas


depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento
não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.

1. Responsabilidade Civil do Juiz. Responderá pessoalmente o juiz quando no


exercício de suas funções proceder com dolo ou fraude ou recusar, omitir ou retardar,
sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Faculta-se a parte acionar o Estado, em ação própria, podendo esse, acaso concorram
os requisitos de lei, acionar regressivamente o órgão jurisdicional. Também se admite
que se proponha ação diretamente contra o órgão jurisdicional.

2. Notificação ao Juiz. Só se configura a recusa, a omissão ou o retardamento, sem


justo motivo, se o juiz, em face de requerimento da parte nos autos, não examina o
pedido no prazo de 10 (dez) dias. O prévio requerimento específico é condição
essencial para incidência do art. 143, II, CPC.

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Art. 146.
Lei 13.105, de 16 de março de 2015
Parte Geral.
Livro III. DOS SUJEITOS DO PROCESSO
TÍTULO IV. DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Capítulo II. DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Art. 146.
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Capítulo II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

1. Imparcialidade. A imparcialidade é essencial à jurisdição. A Constituição visa a


resguardar a imparcialidade jurisdicional cercando os órgãos do Poder Judiciário de
garantias funcionais de independência (art. 95) e de imparcialidade (art. 95, parágrafo
único). Como direito constitucional aplicado que é, nosso Código de Processo Civil
prevê nessa mesma linha vedações ao exercício da jurisdição quando impedido (arts.
144 e 147) ou suspeito o juiz (art. 145), tudo com o desiderato de preservar a
imparcialidade jurisdicional. No direito brasileiro, como elemento essencial de nosso
processo justo (art. 5.º, LIV, CF), há direito fundamental ao juiz natural (art. 5.º, XXXVII e
LIII, CF), que é necessariamente juiz competente e imparcial.

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no


processo:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou


como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou


membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou


parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa


jurídica parte no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das


partes;
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VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

* Sem correspondência no CPC/1973.

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu


cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro
escritório;

* Sem correspondência no CPC/1973.

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

* Sem correspondência no CPC/1973.

§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor


público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo
antes do início da atividade judicante do juiz.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento


do juiz.

§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de


mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus
quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo
que não intervenha diretamente no processo.

* Sem correspondência no CPC/1973.

1. Impedimentos. Juiz impedido de julgar tem o dever de abster-se (art. 144, CPC).
As hipóteses de impedimento dão conta de situações em que se proíbe o juiz de atuar
no feito. Os impedimentos são de índole pessoal, no sentido de que afastam a pessoa
física do juiz do julgamento da causa, não tendo o condão de deslocar a competência
para outro órgão jurisdicional (STJ, 5.ª Turma, REsp 731.766/RJ, rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, j. 15.09.2005, DJ 10.10.2005, p. 425), e são objetivos, bastando a
configuração do caso para caracterização do impedimento (STJ, 5.ª Turma, REsp
298.439/RS, rel. Min. Gilson Dipp, j. 18.04.2002, DJ 10.06.2002, p. 244). Os atos
processuais praticados por juiz impedido são passíveis de invalidação (STJ, 4.ª Turma,
REsp 230.009/RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 08.02.2000, DJ 27.03.2000,
p. 113).

2. Hipóteses. Os motivos de impedimento dizem respeito à vida pessoal do


magistrado (art. 144, I, II, V, VI, VII e IX, CPC) ou ao fato de funcionarem no processo
seu cônjuge, companheiro, companheira ou seus parentes (arts. 144, III, IV e VIII, e 147,
CPC). Se o juiz é parte no processo, obviamente não pode julgar a causa (nemo iudex
in causa propria). Igualmente não pode fazê-lo se interveio no processo como
mandatário de alguma das partes, se oficiou como perito, funcionou como órgão do
Ministério Público ou colaborou como testemunha. É impedido o juiz que conheceu da
causa em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão. Já se
decidiu que não configura hipótese de impedimento a prática de atos de impulso oficial
pelo magistrado no primeiro grau de jurisdição (STJ, 4.ª Turma, REsp 649.062/ES, rel.
Min. Cesar Asfor Rocha, j. 28.06.2005, DJ 10.10.2005, p. 379), que a participação
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anterior do magistrado na causa na esfera administrativa não constitui causa de


impedimento (STJ, 1.ª Turma, RMS 18.923/PR, rel. Min. Teori Zavascki, j. 27.03.2007,
DJ 12.04.2007, p. 210), salvo se atuou como mandatário ou no interesse de alguma das
partes, e que “na ação rescisória, não estão impedidos juízes que participaram do
julgamento rescindendo” (Súmula 252, STF). É impedido o juiz quando na causa estiver
postulando, como advogado da parte, seu cônjuge, companheira ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o terceiro grau. É vedado
o ingresso superveniente no feito de advogado capaz de gerar o impedimento do juiz.
Também está impedido o juiz se cônjuge, companheira, parente, consanguíneo ou afim,
de alguma das partes, em linha reta, ou, na colateral, até o terceiro grau, ou se é órgão
de direção ou administração de pessoa jurídica que é parte na causa.

3. Alegação de Impedimento. As partes podem alegar impedimento e suspeição do


juiz por petição própria (art. 146, CPC). Podem fazê-lo ainda, a qualquer tempo, por
requerimento nos autos, não estando a alegação de impedimento sujeita à preclusão.
Se o impedimento é causa suficiente para ação rescisória (art. 966, II, CPC), com maior
razão pode ser examinada a matéria quando em curso o processo em que se aponta a
atuação de juiz impedido. O Ministério Público, participando do processo como custos
legis, tem legitimidade para alegar impedimento do juiz em face de uma das partes,
porquanto o direito fundamental ao processo justo é indisponível (STJ, 1.ª Turma, REsp
498.280/CE, rel. Min. Luiz Fux, j. 09.09.2003, DJ 29.09.2003, p. 159; contra, STJ, 2.ª
Turma, REsp 516.487/CE, rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 15.02.2007, DJ
11.05.2007, p. 387).

Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou


depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto
da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem


necessidade de declarar suas razões.

§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:

* Sem correspondência no CPC/1973.

I - houver sido provocada por quem a alega;

* Sem correspondência no CPC/1973.

II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação
do arguido.

* Sem correspondência no CPC/1973.

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1. Suspeições. Juiz suspeito tem o dever de abster-se do julgamento da causa.


Verificando-se quaisquer das hipóteses de suspeição, está o órgão jurisdicional proibido
de participar do processo. Os motivos de suspeição são de índole pessoal, no sentido
de que afastam a pessoa física do juiz do julgamento da causa, não tendo o condão de
deslocar a competência para outro órgão jurisdicional (STJ, 5.ª Turma, REsp
731.766/RJ, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 15.09.2005, DJ 10.10.2005, p. 425). O
interessado tem de alegar e provar a hipótese de suspeição do magistrado (STJ, 1.ª
Seção, AgRg na ExSusp 19/PR, rel. Min. Teori Zavascki, j. 09.06.2004, DJ 28.06.2004,
p. 176). Admite-se prova em contrário da suspeita de parcialidade em face da
suspeição. Reconhecida a suspeição do magistrado, nulos são os atos decisórios por
ele praticados no processo.

2. Hipóteses. Se o juiz é amigo íntimo ou inimigo de qualquer as partes ou de seu


advogado. A amizade ou a inimizado, especialmente em relação ao advogado, deve ser
significativa, a ponto de abalar a imparcialidade do magistrado. Não basta, por isso, que
o juiz conheça a parte ou o seu advogado (fato até corriqueiro especialmente em
cidades do interior). O fundamental é o grau de parcialidade que essa amizade ou
inimizado opera no julgador. É suspeito o juiz se alguma das partes for credora ou
devedora sua, de seu cônjuge ou companheira ou de parentes seu ou de seu cônjuge
ou companheira. Se o juiz recebe presentes, lembranças ou homenagens de uma das
partes, ou de quem tenha interesse na causa, pode ser considerado suspeito. É de se
reconhecer a sua suspeição, ainda, se recebeu doação de alguma das partes, pura ou
gravada por encargo, porquanto uma e outra são feitas por liberalidade (art. 539, CC),
ou se o juiz, seu cônjuge ou companheira empregam a parte. Diga-se o mesmo se
aconselha uma das partes a respeito de sua situação jurídica. O conselho dado a ambas
as partes, em audiência, todavia, não caracteriza a suspeição do juiz (STJ, 3.ª Turma,
REsp 307.045/MT, rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. 25.11.2003, DJ 19.12.2003, p.
451). Também não caracteriza a sua suspeição se o juiz responde determinada questão
jurídica em abstrato, sem qualquer referência à situação concreta da parte, em
palestras, aulas, entrevistas ou se, doutrinariamente, manifesta-se sobre determinado
problema jurídico em tese. Considera-se suspeito o juiz se subministrou meios à parte
para atender às despesas do litígio. Considera-se igualmente suspeito, se tem interesse
no julgamento da causa a favor de alguma das partes, qualquer que seja o interesse. Já
se decidiu, por exemplo, que é suspeito o juiz se é parte em demanda idêntica à outra
que lhe foi distribuída, cessando a sua suspeição, porém, se o processo em que figura
como parte foi extinto sem resolução de mérito (STJ, 1.ª Turma, REsp 23.007/DF, rel.
Min. Demócrito Reinaldo, j. 05.05.1993, DJ 28.06.1993, p. 12.859). Pode o juiz,
ademais, declarar-se suspeito por motivo íntimo, sem qualquer necessidade de
motivação, haja vista a proteção que se despende à sua intimidade e vida privada (art.
5.º, X, CF). As causas de suspeição deixam de incidir se forem provocadas por quem as
alega ou se a parte que as invoca houver praticado ato que implique aceitação do juiz
suspeito (art. 145, § 2.º, CPC).

3. Alegação de Suspeição. As partes podem arguir a suspeição do juiz por


alegação própria (art. 146, CPC). Não alegando no prazo legal, preclui a possibilidade
de fazê-lo. O Ministério Público, participando do processo como custos legis, tem
legitimidade para alegar suspeição do juiz em face de uma das partes, porquanto o
direito fundamental ao processo justo é indisponível (STJ, 1.ª Turma, REsp 498.280/CE,
rel. Min. Luiz Fux, j. 09.09.2003, DJ 29.09.2003, p. 159; contra, STJ, 2.ª Turma, REsp
516.487/CE, rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 15.02.2007, DJ 11.05.2007, p. 387).

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4. Suspeição por Motivo Superveniente. A autodeclaração de suspeição realizada


por magistrado em virtude de motivo superveniente não importa em nulidade dos atos
processuais praticados em momento anterior ao fato ensejador da suspeição (STJ, 1.ª
Seção, Pet no REsp 1.339.313/RJ, rel. Min. Sérgio Kukina, rel. para acórdão Min.
Assusete Magalhães, j. 13.04.2016, DJe 09.08.2016).

Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte


alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do
processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos
em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.

§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz


ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário,
determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias,
apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas,
se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.

§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que,


se o incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

* Sem correspondência no CPC/1973.

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento


do incidente.

* Sem correspondência no CPC/1973.

§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou


quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida
ao substituto legal.

* Sem correspondência no CPC/1973.

§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é


improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.

§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta


suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu
substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.

§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a


partir do qual o juiz não poderia ter atuado.

* Sem correspondência no CPC/1973.

§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já


presente o motivo de impedimento ou de suspeição.

* Sem correspondência no CPC/1973.

1. Alegação de Impedimento. Podem as partes arguir, por petição própria, os


motivos de impedimento do órgão jurisdicional arrolados na legislação processual (arts.
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144 e 147, CPC). Trata-se de matéria intimamente ligada ao direito fundamental ao juízo
natural (art. 5.º, XXXVII e LIII, CF), haja vista que a sua alegação concerne à
imparcialidade judicial. A não alegação de impedimento no prazo de quinze dias, na
forma do art. 146, contudo, não faz precluir a faculdade da parte de levantá-lo a
qualquer tempo e grau de jurisdição, porque, sendo possível propor até mesmo ação
rescisória por conta de eventual alegação de decisão prolatada por juiz impedido (art.
966, II, CPC), tem-se de admitir, naturalmente, a arguição da matéria enquanto em
curso o processo em que se verificou o impedimento judicial (contra, entendendo que a
alegação de impedimento de membro de Tribunal só pode ser levantada até o início do
julgamento da causa, sob pena de preclusão, STJ, 2.ª Turma, REsp 520.026/CE, rel.
Min. Francisco Peçanha Martins, j. 09.11.2004, DJ 01.02.2005, p. 481).

2. Alegação de Suspeição. As partes podem arguir por meio de petição própria os


motivos de suspeição do magistrado (art. 145, CPC). O assunto liga-se igualmente à
imparcialidade judicial e, daí, ao direito fundamental ao juízo natural (art. 5.º, XXXVII e
LIII, CF). Diferentemente do que ocorre quanto aos motivos de impedimento, contudo, a
não alegação pela parte dos motivos de suspeição no prazo legal (art. 146, CPC) gera
preclusão temporal, não podendo a parte alegá-la em momento posterior. Note-se que a
decisão prolatada por juiz suspeito, ao contrário do que se passa com aquela prolatada
por juiz impedido, não dá lugar à ação rescisória. Segue-se, portanto, quanto ao regime
de alegação, a regra geral do art. 146, CPC, com o prazo de quinze dias do
conhecimento do fato para a alegação da suspeição, sob pena de preclusão.

3. Legitimidade. Ambas as partes têm legitimidade para arguir o impedimento e a


suspeição. O assistente litisconsorcial (art. 124, CPC), porque se trata em realidade de
verdadeiro litisconsorte da parte, igualmente pode fazê-lo. O assistente simples (art.
121, CPC) poderá também apontar o vício desde que não haja inequívoca manifestação
de vontade do assistido em sentido contrário (arts. 121-122, CPC). O Ministério Público,
quer atue como parte, quer atue como fiscal da lei, pode arguir o impedimento ou a
suspeição (STJ, Corte Especial, AgRg no EDiv no REsp 223.142/MG, rel. Min. Eliana
Calmon, j. 01.02.2001, DJ 04.02.20002, p. 251).

4. Prazo. A parte dispõe do prazo de 15 (quinze) dias para alegar o impedimento ou


a suspeição. O prazo para arguição flui do conhecimento do fato que motivou a causa
de parcialidade, sendo contado a partir do primeiro dia útil subsequente (art. 224, § 3.º,
CPC). Se a parte só tomar ciência do fato em momento posterior àquele em que
ocorreu, o prazo só começa a correr a partir daí, do dia em que se deu a ciência pela
parte, contando-se igualmente a partir do primeiro dia útil subsequente (art. 224, § 3.º,
CPC).

5. Qualquer Tempo e Grau de Jurisdição. O motivo de suspeição pode acontecer a


qualquer tempo e grau de jurisdição; acontecendo e dele tendo ciência a parte, flui o
prazo para a alegação do defeito, contando-se a partir do primeiro dia útil subsequente.
Escoado o prazo dá-se a preclusão e a parte resta impedida de alegar a matéria em
momento posterior. Rigorosamente, só se pode alegar em qualquer tempo e grau de
jurisdição a ocorrência de impedimento judicial, seja porque o motivo de impedimento
pode ocorrer a qualquer tempo, seja porque é lícita a sua alegação a qualquer tempo e
grau de jurisdição (contra, registre-se novamente, entendendo que a alegação de
impedimento de membro de Tribunal só pode ser levantada até o início do julgamento
da causa, sob pena de preclusão, STJ, 2.ª Turma, REsp 520.026/CE, rel. Min. Francisco
Peçanha Martins, j. 09.11.2004, DJ 01.02.2005, p. 481).

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6. Juiz do Processo. A alegação de impedimento e suspeição é feita diretamente ao


juiz do processo. Se esse reconhece sua parcialidade, deve afastar-se do processo e
remeter os autos ao seu substituto legal. Do contrário, determinará a autuação em
apartado da alegação de impedimento ou suspeição, apresentará suas razões em
quinze dias – instruídas com documentos e rol de testemunhas que entenda cabíveis –
e determinará a remessa do incidente ao tribunal, que julgará a questão.

7. Suspensão. O incidente de suspeição ou de impedimento – quando a alegação


não for aceita pelo juiz arguido e a matéria deva ser decidida pelo tribunal – pode ou não
gerar a suspensão do processo enquanto tramita. Caberá ao relator do incidente decidir
sobre se concede ou não esse efeito suspensivo (art. 146, § 2.º, CPC). Suspenso o
processo, suspende--se igualmente eventual prazo em curso (art. 221, CPC). Durante a
suspensão do processo é vedada a prática de atos processuais, salvo os urgentes (art.
314, CPC). Enquanto o relator não declare os efeitos em que recebe o incidente, ou
depois de recebido o incidente no efeito suspensivo, eventual pedido de tutela de
urgência deve ser requerido ao substituto legal do juiz arguido. Decidido o incidente e
acolhida a alegação, os autos serão encaminhados ao substituto legal, devendo o
tribunal fixar o momento a partir do qual o juiz não deveria ter atuado no processo e
decretar a nulidade dos atos por ele praticados a partir daquele instante. Chegando os
autos ao substituto, eventual prazo antes iniciado volta a contar pelo restante ao que
faltava para sua complementação (STJ, 4.ª Turma, REsp 111.404/ES, rel. Min. Cesar
Asfor Rocha, j. 17.09.2002, DJ 18.11.2002, p. 218).

Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do
processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará,
remetendo os autos ao seu substituto legal.

1. Impedimento no Tribunal. O art. 147, CPC, é causa de impedimento que tende a


não ocorrer, por conta do que prevê o art. 128 da Lei Orgânica da Magistratura (LC 35,
de 1979): “Nos Tribunais, não poderão ter assento na mesma Turma, Câmara ou Seção,
cônjuges e parentes consanguíneos ou afins em linha reta, bem como em linha colateral
até o terceiro grau”. No parágrafo único, diz-se que “nas sessões do Tribunal Pleno ou
órgão que o substituir, onde houver, o primeiro dos membros mutuamente impedidos,
que votar, excluirá a participação do outro no julgamento”. Nesse caso, o segundo tem
de remeter os autos para o seu substituto legal. Nada impede que dois irmãos, pai e
filho, sobrinho e tio ou marido e mulher tenham assento no mesmo tribunal: o que se
veda é que participem do mesmo órgão fracionário. De todo modo, se ocorrer a situação
de dois juízes parentes comporem o mesmo quórum, a participação do primeiro impede
a do outro, que deverá remeter os autos ao seu substituto legal.

Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:

I - ao membro do Ministério Público;

II - aos auxiliares da justiça;

III - aos demais sujeitos imparciais do processo.

§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em


petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que
lhe couber falar nos autos.

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§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do


processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção
de prova, quando necessária.

§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo


regimento interno.

* Sem correspondência no CPC/1973.

§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de


suspeição de testemunha.

* Sem correspondência no CPC/1973.

1. Extensão de Impedimentos e Suspeições. Os motivos de impedimentos e


suspeições aplicam-se também ao Ministério Público, ao auxiliar da justiça e a qualquer
outro sujeito imparcial do processo.

2. Perito e Intérprete. Ao perito e ao intérprete aplicam-se os motivos de


impedimento e suspeição. Ao assistente técnico da parte não. O fato de o perito ter
posicionamento conhecido e favorável à tese de uma das partes não caracteriza a sua
parcialidade (STJ, 4.ª Turma, REsp 571.669/PR, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j.
14.09.2006, DJ 25.09.2006). Já se decidiu que, à vista da taxatividade das hipóteses de
impedimento e suspeição, não se pode considerar o perito suspeito por simplesmente já
ter trabalhado, em época anterior, para uma das partes do processo (STJ, 1.ª Turma, Ag
430.547/PR, rel. Min. Luiz Fux, j. 09.05.2002, DJ 23.05.2002).

3. Procedimento. A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição


em requerimento fundamentado e devidamente instruído na primeira oportunidade em
que lhe couber falar nos autos, dentro do prazo de 15 (quinze) dias (STJ, 2.ª Turma,
REsp 539.595/RJ, rel. Min. Eliana Calmon, j. 21.06.2005, DJ 30.06.2005). O incidente
será autuado em separado e não suspenderá o processo. O impugnado terá o prazo de
15 (quinze) dias para se manifestar, facultando-se a admissão de prova quando
necessária ao julgamento do requerimento (art. 148, § 1.º, CPC). A decisão que encerra
o incidente é interlocutória e, embora dela não caiba agravo de instrumento (art. 1.015),
a matéria pode ser discutida em preliminar da apelação (art. 1.009, § 1.º, CPC).

4. Procedimento nos Tribunais. Nos tribunais, cabe ao regimento interno a


disciplina deste incidente, em relação a esses sujeitos imparciais.

5. Impedimento e Suspeição da Testemunha. Eventuais vícios de impedimento e


suspeição da testemunha sujeitam-se ao regime da contradita (art. 457, § 1.º, CPC), e
não ao incidente descrito pelo art. 148, CPC.

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